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AGENDA CULTURAL

Tarsila em NY

08/fev

A exposição “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, cumprirá temporada no Museu de Arte Moderna de Nova Yorque, MoMA, de 11 de janeiro a 03 de julho.

Tarsila do Amaral (1886-1973) foi uma das figuras centrais no desenvolvimento da arte moderna do Brasil, e sua influência reverbera em toda a arte do século XX e XXI. Embora relativamente pouco conhecida fora da América Latina, suas pinturas e desenhos refletem suas ambições para sintetizar as correntes da arte de vanguarda e criar uma arte moderna original para seu país de origem. “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil”, é a primeira grande exposição de um museu na América do Norte dedicada a artista. A mostra, enfoca seu trabalho na década de 1920, quando viajou entre São Paulo e Paris, participando da vida criativa e social de ambas as cidades e forjando seu próprio estilo artístico, único.
A exposição começa em Paris com o que Tarsila, como ela é carinhosamente conhecida no Brasil, chamou seu serviço militar no cubismo. Seu rico envolvimento com o modernismo europeu incluiu associações com os artistas Fernand Léger e Constantin Brancusi, o marchand Ambroise Vollard e o poeta Blaise Cendrars. A apresentação segue suas viagens ao Rio de Janeiro e às cidades coloniais de Minas Gerais e mostra seu papel crescente e vital na cena artística emergente do Brasil e com sua comunidade de artistas e escritores, incluindo os poetas Oswald de Andrade e Mário de Andrade. Foi durante esse período que Tarsila começou a combinar a linguagem visual do modernismo com os temas e a paleta de sua pátria para produzir uma arte moderna fresca e única, brasileira.

 

A exposição celebra as obras mais ousadas de Tarsila e seu papel na fundação da Antropofagia – movimento de arte que promoveu a idéia de devorar, digerir e transformar as influências européias e outras artísticas para tornar algo completamente novo. As contribuições de Tarsila incluem o marco de 1928, o Abaporu, que foi a inspiração para o Manifesto Antropofágico e serviu como um emblema para o movimento. Apresentando mais de 120 pinturas, desenhos e documentos históricos relacionados à artista, “Tarsila do Amaral: Inventing Modern Art in Brazil” é uma rara oportunidade de conhecer o trabalho da artista, situado, principalmente, em coleções brasileiras.

Fotos na Galeria da Gávea

07/fev

A Galeria da Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou com a exposição “Vadios e Beatos”, a primeira de uma trilogia relacionada ao Carnaval brasileiro. Em cada ano galeria terá um curador convidado e a exposição será sempre inaugurada uma semana antes do sábado de Carnaval. A mostra “Vadios e beatos” reúne cerca de 47 obras, entres eles dois vídeos (Bárbara Wagner e Benjamim Búrca/ Karim Aïnouz e Marcelo Gomes), e 45 fotografias de tamanhos variados, em cor e em preto e branco, em impressões de papel algodão e cópias vintage em gelatina de prata (impressas pelo artista na época em que as imagens foram feitas). As obras abrangem o período dos anos de 1970 até 2018. Participam, Antonio Augusto Fontes, Arthur Scovino, Bina Fonyat, Bruno Veiga, Carlos Vergara, Celso Brandão, Cláudio Edinger, Evandro Teixeira, Guy Veloso, Miguel Rio Branco, Rafael Bqueer, Ricardo Azoury, Rogério Reis, Shinji Nagabe e Walter Carvalho.

 

A curadoria de Marcelo Campos tem como ponto de partida a afirmação de um dos primeiros teóricos da arte brasileira, Gonzaga Duque, do final do século XIX, que demonstrava desencantamento com o futuro para as artes no Brasil. O critico observava personagens sociais, capadócios de importância que viviam “à boêmia” , “tocando viola nos fados”, jogando capoeira. Assim, foi-se criando uma análise que, anos depois, configuraria uma das mais importantes compreensões sobre os modos como o Brasil lidava com ritos identitários, como o carnaval.

 

 

Até 17 de abril. 

Bienal de Arte Digital

O Oi Futuro Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, sedia a primeira edição da Bienal de Arte Digital, que contará com exposições e performances de mais de 30 artistas de diferentes países, incluindo Brasil, Alemanha, Estados Unidos, Itália, Reino Unido, México e Suécia, explorando o tema “linguagens híbridas”. A proposta do evento é se tornar uma agenda nacional de arte digital e mostrar a cada dois anos obras e exposições que reflitam temáticas sociais importantes, evidenciando que a arte possibilita à tecnologia exibir suas experiências sociais. Entre os trabalhos, estão temas como o uso da tecnologia de célula de combustível microbiana para obter eletricidade de bactérias anaeróbicas e componentes orgânicos na água, experimento do cientista e artista brasileiro – radicado na Holanda – Ivan Henriques. Constam também na programação um simpósio internacional, com a presença do americano Joe Davis, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, além de oficinas e palestras. Depois do Rio, a Bienal seguirá para o Museu de Arte da Pampulha, em Belo Horizonte. Promoção: Festival de Arte Digital (FAD) e a idealização e curadoria é de  Tadeus Mucelli.

 

Terça a domingo, 11h às 20h | Térreo e Níveis 2, 4 e 5

Entrada franca | Classificação etária: livre

Importante:

*No dias 10 e 11 de fevereiro não haverá espetáculo

*Dia 17 de fevereiro, sábado, logo após o espetáculo, lançamento do livro “Isaac no mundo das partículas.

 

 

De 05 de fevereiro a 16 de março.

Individual na SIM, Curitiba

06/fev

Willian Santos, artista nascido e residente de Curitiba, PR, traz para sua primeira individual na SIM Galeria, o intrincamento entre encontros e re encontros com formas nativas de seu universo íntimo e de uma cronologia pictórica universal. Em “Recôndito Plasmado”, as pinturas, desenhos, objetos e esculturas do artista têm em comum a aura enigmática promovida por uma figuração inacabada, que se desmancha e se dilata, e que deixa sua catástase a cargo do público.

 

A partir da visitação à sua pesquisa da última década, o artista flagrou-se em uma recorrência imagética que transborda por toda a presente exibição, mas que ali se apresenta com o desafio plástico próprio do processo criativo de Willian Santos. Como, por exemplo, em suas grandes esculturas em fibra – material inédito em sua produção – em desenhos e pinturas. É justamente por saber do papel das relações inconscientes e individuais na elaboração e apreensão da linguagem artística que Willian Santos prima pela relação de presença e experiência do observador quando materializa sua obra. Fazendo-se, assim, essencial o encontro presencial do observador com seu trabalho para que as múltiplas relações sugeridas por suas obras, se materializem.

 

 

Sobre o artista

 

Willian formou-se em Artes Visuais com Ênfase em Computação pela Universidade Tuiuti do Paraná em 2009. Suas primeiras mostras individuais aconteceram em 2011, com a exposição “Campo Dilatado”, no SESC da Esquina, Curitiba-PR e em 2012 com as exposições “Desenhos”, no Museu de Arte de Joinville, e “Imanência”, na Finnacena Escritório de Arte – Curitiba-PR. A mais recente exposição do artista, “nem todo líquido se desmancha em ar” aconteceu na Galeria Casa da Imagem, em Curitiba-PR. Dentre suas muitas participações em mostras coletivas, destacam-se: em 2017, “QUEERMUSEU: Cartografias da diferença na arte brasileira”, no Santander Cultural, Porto Alegre-RS e “PINTURA (diálogo de artistas)”, na Caixa Cultural, Rio de Janeiro-RJ. E em 2016 o “19º Edital de Incentivo à Produção Chico Lisboa”, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS, Porto Alegre-RS.

 

 

De 23 de janeiro a 03 de março.

São Paulo Cultural

05/fev

Inaugurado em 1947, oito anos – Centro, São Paulo, SP -, após o início de sua construção, o edifício Altino Arantes foi inspirado no famoso Empire State Building, de Nova Iorque. Mas sua aparência inicial não foi planejada assim. Aliás, o prédio teve três projetos antes de ganhar a estrutura e altura que vemos, de 161 metros. Na primeira sala, coberta do chão ao teto por vermelho, a cor do banco Santander, já é possível sentir que experiências diferentes aguardam à frente. Essa sensação, por sinal, se confirma. No próximo ambiente, retangular, só o que há são espelhos. Mas logo uma guia avisa: “Um vídeo de três minutos será exibido. Caso alguém se sinta mal, pode segui adiante, pela porta na outra extremidade”. Depois do alerta, quase não há tempo para a curiosidade florir e diversas imagens são exibidas por todos os cantos da sala, em várias direções. Com isso, o verdadeiro show se forma e os visitantes passam a conhecer um pouco mais sobre o icônico edifício Altino Arantes, e como ele se tornou um ícone para a cidade. É o novo espaço cultural do Santander onde funcionou o antigo Banco do Estado.

 

 

Vista 360° do 4, por Vik Muniz

 

No 4º andar, entre a antiga rotina bancária e o hall dos presidentes, está uma exposição fotográfica que é um verdadeiro presente, não só para o Edifício, pois se trata de uma mostra permanente, mas também para a cidade. Criadas por Vik Muniz, as fotos retratam uma vista 360º dos prédios de São Paulo, o que inclui o Farol Santander no centro, como painel principal. As imagens expostas representam a vista que o artista tinha, do entorno do prédio, quando ele era criança e caminhava pelo local, com sua mãe. Essa obra, porém, não é uma fotografia da cidade, nem uma pintura. Muniz é um artista plástico famoso por seu apelo sustentável e por produzir experimentos/esculturas com diversos tipos de materiais, de cabelo a alimentos. Para criar a “Vista 360º do 4″, o artista utilizou mais de 20 toneladas de sucatas retiradas da reforma que transformou o antigo Edifício Banespa no atual Farol Santander. Para perceber isso, no entanto, é preciso se aproximar bem dos quadros, dada a perfeição do que ele construiu.

 

 

 

Exposições itinerantes

 

Essa é uma das grandes novidades do Edifício. Agora, o 22º, 23º e 24º andar do antigo Banespão respiram arte! A ideia é que o 22º e o 23º abriguem instalações de artistas nacionais e internacionais, sempre sobre temas interligados. Durante os primeiros meses após a inauguração do Farol Santander, o destaque entre as exposições fica por conta de um coletivo russo, chamado Tundra, com “The Day We Left Field”, que em português significa “O dia em que Saímos do Campo”. Lá, a recomendação é clara: não use celular, deite-se em um dos puffs da sala escura e aproveite a instalação audiovisual, que transporta qualquer pessoa para um mundo fictício, repleto de lasers e paisagens sonoras. A experiência é única e incrível!

Bechara no MAM Rio

01/fev

 

A exposição “Fluxo Bruto”, no MAM Rio, com trabalhos inéditos do artista José Bechara foi prorrogada até o dia 06 de maio. A curadoria é de Beate Reifenscheid, diretora do Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha. A mostra reúne trabalhos tridimensionais inéditos do artista, em grande escala, finalizados no próprio local,  em diversos materiais: vidros planos, mármore maciço, alumínio e madeira. “Fluxo Bruto” tem ainda duas pinturas inéditas sobre lona, e outras três pinturas pertencentes às coleções Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz e Gilberto Chateaubriand/MAM Rio.

 

No Centro Cultural dos Correios

31/jan

 

A arte ao alcance de todos. Seguindo este conceito, o Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição De Fotografia à Tactography, do fotógrafo Gabriel Bonfim. Unindo seu olhar único da fotografia à tecnologia de Tactography™, uma espécie de impressão em alto-relevo, o artista brasileiro radicado na Suíça assina essa mostra que pode ser apreciada tanto pelo público em geral como por pessoas com deficiência visual. Tecnologia suíça, a Tactography™ escaneia o objeto fotografado e mapeia as proporções e profundidade para criação de peças em 3D.

 

As obras desta exposição foram todas produzidas para serem “vistas” através do tato, com o toque das mãos. Para isso, logo na entrada do espaço, o público receberá vendas para cobrir os olhos. Assim, todos poderão ter a mesma experiência de visitação, e compreender também como os deficientes visuais fazem sua leitura do mundo e da arte.

 

“Meu intuito foi mostrar como uma mesma obra pode ser apreciada de formas diferentes – com a visão e com o tato. E como a acessibilidade, a interação e a leitura desta obra podem fazer com que todos os públicos tenham a oportunidade de interagir e dialogar com a arte”, indica Gabriel. “É importante destacar como a tecnologia, sem nenhuma interferência na visão no processo de criação artística, possibilita hoje essa grande transformação e quebra de barreiras”.

 

Para a visitação da mostra, serão possíveis dois movimentos diferentes, não convencionais para uma exposição tradicional de fotografias. Desta vez, os portadores de deficiência visual e os visitantes que optarem por vestir as vendas serão conduzidos por guias no chão para tocar as obras em Tactography™. As pessoas com visão que desejarem fazer a visita sem as vendas irão apreciar as obras um pouco mais de longe, como peças brancas em relevo, explica o artista.

 

A exposição foi dividida em duas séries. A primeira destaca o tenor italiano Andrea Bocelli, e a segunda sobre o jovem bailarino catarinense Denis Vieira, integrante do Ballet da Ópera de Zurique. Cada série apresenta sete imagens tridimensionais, num total de 14 obras.

 

“Nossa experiência com testes realizados em escolas de deficientes visuais de Zurique mostra que uma pessoa cega, com alguma prática, pode aprender a ler e a ver uma Tactography™ rapidamente”, afirma Gabriel Bonfim. “Um dos objetivos que motivou a realização dessa mostra é também motivar deficientes visuais a ler e, consequentemente, a vivenciar uma nova dimensão da percepção. A nova tecnologia de impressão de Tactography™ tridimensional cria uma oportunidade a mais para os deficientes visuais. Durante a exposição, iremos entrevistar visitantes cegos sobre suas experiências para melhorar ainda mais a técnica”, completa.

 

A exposição, que tem entrada gratuita, acontece de 25 de janeiro a 13 de março no Centro Cultural dos Correios, Centro do Rio de Janeiro.

 

 

Sobre o artista

 

Gabriel Bonfim nasceu em São Paulo em 1990. Desde cedo desenvolveu uma grande afeição pela arte. Depois de dedicar três anos à faculdade de Direito e de trabalhar em um escritório de advocacia, decidiu dedicar-se permanentemente à fotografia. Como fotógrafo de moda, desenvolveu sua habilidade profissional e técnica. Depois de anos de aprendizado e viagens pela Holanda, Alemanha e Bélgica, mudou-se para a Suíça, onde conheceu Thomas Kurer atualmente gerente de seu acervo.

 

 

Sobre a tecnologia Tactography™

 

Tomando como base o princípio da impressora 3D – a confecção de objetos tridimensionais por meio de um arquivo digital – Gabriel Bonfim chegou a dois processos que considerou satisfatórios: reproduzir suas obras com acessibilidade para deficientes visuais. O primeiro deles foi pensado para as fotografias que Bonfim já tinha em seu acervo. Neste processo, a imagem digital tradicional foi enviada a um software e um programador apontava para o computador estimativas de proporções e profundidades – um trabalho bastante minucioso de marcação de profundidades ponto a ponto. A partir dessa técnica, foram impressas 12 imagens de uma série especial captada por Bonfim com o grande tenor italiano Andrea Bocelli durante uma turnê na Turquia, em 2014, que revelam os principais momentos do astro, inclusive com sua família.

 

O segundo processo, em conjunto com o estúdio Digitalwerkstatt, dos alemães Claudio Kuenzler e Daniel Koelliker, Bonfim chegou a uma solução em que a captação da foto tradicional já gerava a obra em 3D. Foi, então, que convidou o jovem bailarino brasileiro Dênis Vieira, integrante do Ballet da Ópera de Zurique, na Suíça, para este desafio. A sessão de fotos teve dois momentos. Primeiro, Bonfim fotografava Vieira com uma câmera digital. Em seguida, um scanner 3D fazia a leitura das mesmas informações visuais, criando a modelagem digital do bailarino. Enviada à impressora 3D, a fotografia era impressa em alto-relevo. Com este processo, foram produzidas mais 12 obras.

 

 

 

 

Até 12 de março.

Tantão, Eu sou o Rio

No dia 02 de fevereiro, a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ, marca a sua reinauguração com a exposição “Eu sou o Rio”, do artista visual, músico e poeta Tantão. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo. A sua trajetória artística de Tantão começa pela criação do grupo pós-punk Black Future, que apresentava uma mistura de punk-rock, samba e os sons do sample. Desta forma eclética, apresentou mais tarde a música “Eu sou o Rio” e marcou um estilo que se tornou, sem exagero algum, referência para as gerações futuras. Desde então, a musicalidade veio pautando o seu trabalho como um todo, que envolveu os campos da poesia, performances e artes visuais.

 

O seu traçado lembra, por vezes, um plano geométrico e plantas baixas de algum projeto de engenharia, que não por acaso, vem de seus conhecimentos em estruturas navais adquiridos na escola técnica Henrique Lage, em Niterói e dos estaleiros por onde trabalhou. De acordo com o curador Marco Antonio Teobaldo, o artista cria seus próprios esquemas e metáforas, fruto de sua experiência como andarilho da cidade, tal qual fazia o novaiorquino Jean-Michel Basquiat, ao beber direto da fonte e ainda exercer um fascínio sobre os habitués da cena underground.

 

Materiais encontrados nas ruas ou doados por amigos se tornam terreno fértil para a criação do artista, que em alguns casos, ganham um “choro” com os desenhos e pinturas transpostas no verso das obras. Tido como artista marginal e provocador, Tantão é na verdade um pensador que está a dois passos a frente de seu tempo, cuja poesia visceral transborda em si mesma para diversas espécies de suportes.

 

A exposição “Eu sou o Rio” marca a nova fase de seu trabalho, realizado recentemente, que flerta com as composições de Piet Mondrian (cuja Fundação, em Amsterdã, acolheu Tantão duas vezes, em residências artísticas) e as pinceladas do uruguaio Joaquim Torres-García. O título da mostra é homônimo ao filme sobre a sua vida, que o levará para o 68º Festival de Berlim, no qual ele é anunciado como grande personagem da cena alternativa mundial.

 

 

Até 31 de março.

Individual de Diógenes Moura

O escritor, curador de fotografia e editor Diógenes Moura expõe “Livro de Rua (série fashion-abandono)”, na Galeria Utópica, Vila Madalena, São Paulo, SP. As 34 imagens inéditas que compõem a mostra foram clicadas pelo autor em seu celular, ao longo da pesquisa que vem realizando desde 2010, no bairro paulistano dos Campos Elísios – onde reside há 30 anos. O projeto versa sobre literatura, imagem e esquecimento.

 

Os “pacotes-existência”, como define o autor, estão aos nossos pés como resquícios de humanidades à beira do grande abismo que se tornou o mundo contemporâneo. Em “Livro de Rua (série fashion-abandono)”, uma poética da crueza toma forma de imagem para chamar atenção a uma discussão importante: os inúmeros indivíduos que passam a viver nas ruas da cidade em situação de abandono. “Pode doer, sim. Como doem e não doem os pacotes-existência que aqui estão e que se espalham (cada dia mais um, ou dois, ou três) pelas ruas do bairro, na região central de São Paulo depois de perderem o emprego, a casa, a família, a esperança, o amanhã dilacerado pelo que está por vir. Lá e aqui eles estão no silêncio e nos gritos da loucura coberta por fuligem: a segunda pele da imagem. São como nós. Estão aos nossos pés”, comenta.

 

Sobre a técnica, Diógenes Moura define: “Não são fotografias. São imagens feitas com um celular. Fotografia é abismo. Imagem feita com celular não possui segunda pele. Basta olhar e pronto. A diferença pertence a quem ver. O outro se incorpora ao primeiro plano e nada mais”. Mais que estética, a reflexão: “Fashion-abandono é um subtítulo perverso. Tem a ver com modismo, com a variação dos invólucros que protegem cada um desses personagens. (…) Na mesma cidade onde cachorros passeiam em carrinhos de bebê e são chamados pelos donos de ‘meu filhinho’. Na mesma cidade onde um homem, catador de papelão, é assassinado com uma flechada no pescoço em pleno Século XXI. As imagens de ‘Livro de Rua’ são o que me interessam na cidade onde vivo, entre violência e paixão. Meu por de sol é o Minhocão. Meu contraluz são as lanternas vermelhas dos automóveis no caos do trânsito interrompido. Minha poesia vem da voz da mulher belissimamente desvairada que corre em baixo do viaduto gritando que ‘a saudade é como um dia de Domingo, às 17h30′. Dói nela e dói em mim. Deus tomou Gardenal. Mas nada de tragédias. Aqui estamos e a cidade é um presépio. Tem alma. Pulsa e adormece. E cochicha bem baixinho nos ouvidos de cada um de nós: “Ou você me decifra ou te devoro em trinta segundos”.

 

 

Sobre o artista

 

Escritor, curador de fotografia, roteirista e editor independente. Nasceu em Recife, Pernambuco. Viveu durante 17 anos em Salvador, onde fez parte da equipe de criação da TV Educativa da Bahia. Vive em São Paulo desde 1989, no mesmo bairro, Campos Elísios. Premiado no Brasil e no exterior, foi Curador de Fotografia da Pinacoteca do Estado de São Paulo entre 1999 e 2013, onde realizou exposições, edições de livros e reflexões sobre o pensamento fotográfico tornando o acervo do museu um dos mais importantes da América Latina. Recebeu três vezes o Prêmio APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte) pelo seu trabalho como curador. Com Ficção Interrompida – Uma Caixa de Curtas, ganhou novamente o Prêmio APCA de melhor livro de contos/crônicas, em 2010. Com o mesmo título, foi finalista do Prêmio Jabuti de Literatura, em 2011. Tem publicados, entre outros, Elásticos Chineses – Poemas Sujos (Casa de Palavras/Fundação Casa de Jorge Amado, 1999), Drão de Roma – Dezembro Caiu (Casa de Palavras/Fundação Casa de Jorge Amado, 2006) e Fulana Despedaçou o Verso (Terra Virgem Editora, 2014). O Livro dos Monólogos – Recuperação para Ouvir Objetos, seu novo livro, será publicado pela Vento Leste Editora em maio de 2018.

 

 

Galeria Utópica

 

Em 2017 a FASS, pioneira na apresentação de fotografias do início do século 20 no mercado brasileiro, comemorou 10 anos de existência e passou a chamar-se Utópica. Pesquisamos e mostramos a fotografia moderna, a ligação entre fotografia e literatura, o fotojornalismo e vários outros assuntos atiçados pela curiosidade e as contribuições de nossos colaboradores e parceiros, aos quais devemos grande parte de nosso prestígio. Sediada em São Paulo, a Utópica representa as obras de 17 fotógrafos. São eles: Wagner Almeida, Rogério Assis, Luiz Carlos Barreto, Aracy Esteve Gomes, Fernando Lemos, German Lorca, Juca Martins, Beth Moon, Carlos Moreira, Monica Piloni, Rogério Reis, Felipe Russo, Guillermo Srodek-Hart, Evandro Teixeira e Valdir Zwetsch, e os acervos dos fotógrafos Annemarie Heinrich e Martín Chambi. Além desses nomes, a Galeria conta em seu acervo com obras de mais cerca de 30 fotógrafos consagrados, como o brasileiro Carlos Bippus (primeira metade do séc. 20), o húngaro Lászlo Moholy-Nagy e o alemão Heinz Hajek-Halke (1898 – 1983).

 

 

De 03 de fevereiro a 03 de março.

Basquiat em São Paulo

29/jan

“Eu sei desenhar, mas não quero”, costumava dizer Jean-Michel Basquiat (1960-1988), conhecido por pinturas que lembram grafites e traços robustos que se assemelham a desenhos infantis. Nos anos 1970, o artista negro começou a ganhar popularidade ao pichar muros em Nova York com a assinatura de “SAMO” (“same old shit”, ou “mesma merda de sempre”) passando depois ao suporte convencional das telas.

 

“Ele queria ser visto, por isso grafitava em lugares que chamassem a atenção”, diz Pieter Tjabbes, que assina a curadoria da primeira retrospectiva do artista no Brasil.

 

A mostra, no CCBB São Paulo, Centro, São Paulo, SP, conta com cerca de 80 obras do artista do acervo do israelense Jose Mugrabi. Considerado o maior colecionador de Basquiat no mundo – embora não revele quantas peças do artista possui, nem o valor pelo qual cedeu as obras ao CCBB – Mugrabi tem ainda em seu acervo peças de Andy Warhol.

 

Segundo o curador da mostra, foi por colecionar trabalhos de Warhol que Mugrabi conheceu Basquiat. Warhol foi um grande colega de Basquiat e calcula-se que tenham produzido cerca de cem telas juntos.

 

No CCBB, estarão expostas três telas da dupla. “Eles tinham uma relação muito intensa”, explica o curador, frisando que, no entanto, o cunho não era sexual. Além de telas, há na exposição desenhos e objetos – caso da porta de um apartamento em que o artista morou com uma namorada e traz escritos como “famous negro athlets” (famosos atletas negros), um aceno crítico de Basquiat ao fato de que, na época, negros só atingiam a fama se fossem jogadores de basquete ou cantores de jazz.

 

Fora de museus

 

Calcula-se que mais de 80% dos trabalhos de Basquiat estejam na mão de colecionadores, e não de museus. Ao morrer precocemente – Basquiat teve overdose de ecstasy e cocaína aos 27 anos – ele tinha produzido, em sete anos, cerca de 2.000 peças. Os preços das obras do artista subiram exponencialmente após a sua morte, e os museus não conseguiram acompanhar suas vendas.

 

Além disso, instituições não costumavam comprar obras de iniciantes. “Hoje os museus não têm fundos para comprar mais as obras de Basquiat”, diz o curador. Por exemplo, em 2017, uma obra do neoexpressionista bateu recorde em vendas de artistas americanos em leilão ao ser arrematada por US$ 110 milhões em Nova York.

 

Marcus Bastos, professor do departamento de artes plásticas da USP, acredita que a crise econômica dos anos 1970 tenha ajudado na ascensão de Basquiat. Para Bastos, a crise possibilitou que artistas vivessem em Manhattan, e não na periferia de Nova York, então “uma cidade com clima underground”. Quando a situação econômica melhorou, nos anos 1980, eles estavam bem posicionados e “estouraram”.

Fonte: Touch of class

 

 

Até 07 de abril.

 

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