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AGENDA CULTURAL

Sports for all

11/jul

No aquecimento para os Jogos Olímpicos e mostrando que o esporte pode contribuir na luta pela igualdade, o IBEU inaugura a exposição gratuita “Sports for All”, em parceria com o Consulado Geral dos Estados Unidos no Rio de Janeiro, no dia 19 de julho, às 18h30, na filial do curso em São Francisco, Niterói. A mostra conta com 15 pôsteres que apresentam um panorama da participação norte americana nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos nas últimas décadas. Entre os homenageados estão o nadador Michael Phelps, o atleta da NBA Steph Curry, a ginasta Simone Biles e o medalhista paralímpico Richard Brownes. “A exposição visa reafirmar o papel primordial do esporte na aproximação entre povos e nações, especialmente neste momento Olímpico, onde todos celebram valores como coragem, respeito e determinação”, afirma Lia Baêta, gerente do IBEU em São Francisco e Icaraí. Além dos pôsteres, a mostra conta com a exibição do documentário “Orgulho Olímpico/Preconceito Americano”, da diretora Deborah Riley Draper, que recupera a participação de 18 atletas afro-americanos nos Jogos Olímpicos de Berlim, em 1936, desafiando a teoria nazista da supremacia racial e a atmosfera de segregação racial nos EUA nessa época.

 

De 19 a 29 de julho.

Coletiva na SIM galeria

08/jul

Anna Maria Maiolino, Alice Miceli,  Daisy Xavier, Juliana Stein, Lais Myrrha, Laura Vinci, Leonilson, Luiza Baldan, Lygia Pape, Maria Laet, Marilá Dardot, Mira Schendel e Romy Pocztaruk  formam o grupo de artistas expositores reunidos sob a curadoria de Luisa Duarte para a mostra coletiva “Hiato”, em cartaz até o dia 13 de agosto na SIM galeria, Curitiba, PR.

 

 

 

A palavra da curadora

 

Hiato

 

Ao me convidar para realizar uma exposição que contasse somente com artistas mulheres, a SIM Galeria desejava incorporar à sua agenda um debate atual no Brasil. Tratava-se de tentar refletir um momento no qual os movimentos feministas e pós-feministas mobilizam de maneira candente o país.

 

Mas, aceito o convite, acabei por descartar os caminhos que me levariam a uma exposição sobre o feminismo, mas me comprometi a buscar uma pesquisa sobre traços que pudessem evocar aquilo que associamos ao registro feminino. Tratava-se de insistir numa chance de me ocupar de um universo que partisse da feminilidade sem cair num gesto ilustrativo.

 

Em meio a pesquisa leio uma entrevista da crítica e curadora Lisette Lagnado, cujo tema central era justamente o feminismo. Dessa fala sublinho o seguinte trecho:

 

Ao longo da sua carreira como curadora, você já organizou exposições que deram ênfase a artistas mulheres? E quanto a obras que exploram questões feministas?

 

Só fiz uma vez uma curadoria efetivamente voltada para descascar essa questão. Era o aniversário do livro de Simone de Beauvoir, O Segundo Sexo (1949). Clio, Pátria (Caderno Sesc-Videobrasil nº 5) foi um exercício muito especial para mim, porque percebi que eu falava do Leonilson quando era convidada a falar de feminismo…

 

Poderia citar alguns artistas e/ou obras que abordam essas questões e que considera bons?

 

Para mim, Leonilson contribuiu mais para me pensar como mulher do que Ana Maria Tavares, então não sei se consigo responder. A pergunta me parece machista. O que é “bom”? Que questões? Como já disse, o feminismo não se reduz a temas (violência doméstica, aborto, estupro, salários iguais etc.). As questões formais não devem ser menosprezadas. Eva Hesse era feminista? O que importa? Na minha percepção, o feminismo é um modo de estar no mundo, de se relacionar com o outro, de lidar com problemas econômicos, de fazer partilhas, de pensar ecologia, de resolver dívidas, de brigar e botar o pau na mesa, de ser generoso e não perder a ternura, tudo isso junto e muito mais.

 

Tomando a colocação de Lisette Lagnado com uma posição com a qual me identifico, tendo sido Leonilson um leitmotiv de diversos textos meus até hoje publicados e de ao menos duas exposições, tomo o artista como ponto de partida para a exposição hoje apresentada. O título escolhido evoca o intervalo entre vogais. Hiato tem origem no termo Latim “hiatus”, cujo significado é “abertura, fenda, lacuna”. Assim, o título sinaliza para algumas características presentes no trabalho de Leonilson, quais sejam: o uso da palavra seguida por longos intervalos em branco; a capacidade de se fazer dizer justamente no intervalo, no não dito; o vazio como produtor de sentido; a ausência que caminha na contra mão do espetáculo.  Tais aspectos da obra de Leonsilson me levaram, por sua vez, a uma citação a respeito de Walter Benjamin que pode iluminar o caminho que pretendemos seguir, trazendo a tona a questão da mulher, e do feminino, de um modo singular:

 

 “O silêncio – tipificado como atitude da mulher – é o elemento decisivo para a compreensão, no texto, da natureza da conversa. A valorização do silêncio determina a grande diferença de sua compreensão em relação às teorizações filosóficas sobre o diálogo da tradição metafísica. Estas teorizações, privilegiando a dimensão comunicativa da conversa, detêm-se unicamente na fala, compreendendo o diálogo como uma troca verbal onde se produziria o sentido. A dialética aqui é simétrica, entre iguais – os dois falantes. Para Benjamin, a dialética da conversa é, ao contrário, assimétrica e se estabelece entre duas diferenças: a que fala, e a que escuta, ou seja, entre a fala e o silêncio, entre o homem e a mulher. Na conversa, silêncio e fala engendram-se mutuamente: se o silêncio é a fonte de sentido, a fala gera o silêncio. (…) É no vazio das palavras escutadas que o ouvinte apreende, com desenvoltura, a verdadeira natureza da linguagem – o som das palavras que lhe entra pelos ouvidos, a sua visibilidade nos esforços de expressão do rosto de quem fala. (…) As conversas dos homens são sempre ardilosas e Benjamin usa termos fortemente negativos para classificá-las: “jogos obscenos”, “paradoxos que violentam a grandeza da linguagem”. A cultura, onde a linguagem degradou-se ao interesses de poder e dominação é, para Benjamin, uma cultura masculina onde a mulher não pode existir sem também degradar-se. (…) Estes personagens, a mulher, o jovem, fornecem-lhe a diferença necessária para construir a sua crítica da cultura e a esperança de uma outra cultura apenas adivinhada, uma visão fugaz do paraíso. Como conversam entre si as mulheres que não perderam a alma no mundo das palavras masculino? pergunta-se Benjamin.”

 

Assim, em tempos nos quais somos todos chamados a guerrear por meio de palavras diariamente num Brasil imerso na polarização política, a presente exposição busca uma pausa reflexiva, um intervalo para pensarmos na importância do silêncio como formador de sentido, ou mesmo em uma outra forma de nomear e conversar que nos endereça a possibilidade de outras maneiras de se estar no mundo.

 

“Hiato” torna-se assim uma aposta no murmúrio em meio a cacofonia generalizada em que estamos imersos. Uma aposta na delicadeza, na falha, no momento em que a palavra nos falta, na permanência no vazio que gera tempo para algum tipo de elaboração. Ou seja, trata-se de recordar que é ali, no espaço em branco entre um verso e outro de um poema que encontra-se guardado o sentido daquilo que está sendo dito.

Luisa Duarte

 

 

 

 

 

Daniel Feingold no MON

O Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, PR, exibe a exposição “Acaso Controlado”, do artista carioca Daniel Feingold. A mostra ocupa a Sala 2, com cerca de 40 obras, dentre fotografias e pinturas. Com curadoria da cientista social, historiadora e curadora de arte Vanda Klabin, a exposição se divide em quatro ambientes. No primeiro, serão apresentados três obras históricas, entre elas, o tríptico “Grid# 02”, que fez parte da Bienal do Mercosul, seguidas de outras duas obras da série “Espaço Empenado”, dando um caráter retrospectivo da carreira de Feingold. Nas salas seguintes serão apresentados quatro pinturas da série “Estrutura” e cinco pinturas da série “Yahweh”.

 

Fechando a exposição, serão apresentadas 32 fotografias da série "Homenagem ao Retângulo", feitas no Jardin des Plantes, em Paris. “A fotografia para Feingold é um modo de apreensão do real e o eixo condutor do seu aparelho sensível e perceptivo”, comenta a curadora.

 
A série negra, que o artista chama de Yahweh (Javé) leva o nome do Deus judaico do Antigo Testamento e é composta por telas pintadas em preto sobre branco, na posição vertical e, depois, unidas na horizontal, formando dípticos de grandes dimensões. Essa série marca um novo ciclo de trabalhos do artista.

 

Serão apresentadas ainda quatro pinturas medindo até dois metros e oitenta cada, da série “Estrutura”, são dípticos, em esmalte sintético, cada um com uma paleta reduzida de cores, enfatizando as questões: estrutura, plano e cromatismo. Pinturas de grande formato através do qual o espaço bidimensional da tela interage incisivamente com o observador.

 

A série fotográfica nomeada “Homenagem ao Retângulo” é composta por 32 imagens. As fotografias dessa série são abstrações geométricas feitas a partir de troncos de árvores secas do Jardin des Plantes, que o artista descreve como uma maneira de reestruturar o espaço, contradizendo a situação arquitetônica.

 

Processo de criação Daniel Feingold trabalha com esmalte sintético escorrido, e a pintura acontece neste processo, quando a geometria organiza o olhar na apreensão do movimento dos planos. A articulação da grade geométrica é atingida pela fluência do esmalte sintético escorrendo na tela sem que o artista interfira no seu movimento. O controle surge pela combinação da espessura da tinta com a precisão obtida pelo ritmo e quantidade despejada. Não há fitas separando os  campos de cor, não há pincel, rolo ou espátula. Feingold revela o seu enfrentamento direto com a pintura por meio da execução de unidades de grande escala. A exuberância da matéria combina um sistema pictórico com conceitos críticos, com o repensar a arte, seus limites, suas inquietações. O seu trabalho pulsa, irradia-se para as bordas e margens em formas ondulantes, fluidas, sempre materializando um novo gesto.

 

Sobre o artista

 

Nascido no Rio de Janeiro, em 1954, formou-se em Arquitetura na FAUSS, RJ 1983. Estudou História da Arte e Filosofia com o crítico de arte Ronaldo Brito, UNIRIO/PUC 1988-1992; Teoria da Arte & Pintura e Núcleo de Aprofundamento, EAV Parque Lage, RJ 1988-1991; Mestrado no Pratt Institute, NY 1997. O artista tem como trajetória exposições no Museu de Arte Moderna (MAM-RJ), 5° Bienal Mercosul e agora mostra suas obras no Museu Oscar Niemeyer.

 

 

Até 25 de setembro.

Exposição ImagineFrance

Em exibição no Saguão da Reitoria da UFRGS, Porto Alegre, RS, a Atout France, e seu Cluster de Turismo e Cultura, em parceria com o Instituto Francês e a Aliança Francesa, uniram-se para propor um novo olhar, – poético e peculiar – , sobre os castelos, museus e monumentos franceses para apresentar o talento da artista Maia Flore, fotógrafa da agência VU’, para, através da exposição, “ImagineFrance”, que permite a visão dos locais e eventos culturais através de um novo ângulo.

 

Para realizar essa série de fotografias, Maia Flores percorreu as estradas francesas entre julho e setembro de 2013, visitando 25 locais de interesse cultural que foram, em seguida, encenados conforme a inspiração transmitida por cada um deles. Seu viés era criar um personagem apropriado para cada um dos locais, para torná-los vívidos, expressivos e surpreendentes. Ora como ator da encenação, ora como espectador, este personagem recorrente desperta, vivifica e renova os patrimônios visitados.

Esse evento itinerante percorreu o mundo durante três anos e, em 2016, a Aliança Francesa de Porto Alegre e o Departamento de Difusão Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, em parceria, organizam a mostra.

 

Até 29 de julho.

Design brasileiro em Paris

07/jul

Prezados amigos,

anunciamos – com o maior prazer – que o leilão “Design do Brasil” será realizado no próximo dia 07 de julho, em Paris, formando uma parceria com a casa de leilão PIASA, 118 rue du Faubourg Saint-Honoré.

 

Trata-se do primeiro evento de caráter internacional que promovemos contando com a equipe que formamos ao longo do tempo para ajudar na divulgação internacional do design brasileiro. Estamos certos que a união e o espírito de equipe que norteou esse trabalho, será nossa força tanto hoje como em futuros projetos. Entre os nomes anunciados, encontram-se peças assinadas dentre outros por por Oscar Niemayer, Roberto Burle Marx, Helio Oiticica, Lygia Clark, Abraham Palatnik, Lina Bo Bardi, Raymundo Colares, Jorge Zalszupin, Irmãos Campana, Joaquim Tenreiro, Zanine Caldas, Geraldo de Barros e Athos Bulcão.

 

Acreditando no grande valor do design brasileiro é que estimamos este momento como o de reconhecimento público – e internacional -, do qual é merecedor.

 

Fotos: Ruy Teixeira.

 

Acesse: http://www.piasa.fr/pdf/catalogue/Catalogue_%20DO_BRASIL.pdf

Arte contemporânea da Europa

A exposição “Fora da ordem – Obras da Coleção Helga de Alvear” apresenta 137 trabalhos quase todos inéditos no Brasil. A Coleção Helga de Alvear é hoje um dos mais importantes acervos de arte contemporânea da Europa, com base em Cáceres, na Espanha. Obras reunidas pela colecionadora alemã poderão ser vistas na Pinacoteca de São Paulo, Praça da Luz, Bom Retiro, São Paulo, SP. A mostra, denominada “Fora da ordem – Obras da Coleção Helga de Alvear”, patrocinada pelo Banco Bradesco, ficará no primeiro andar do museu com pinturas, esculturas, vídeos, instalações, desenhos e gravuras realizadas a partir da década de 1930, com ênfase na produção de meados da década de 1960 até os dias de hoje. A grande maioria dos trabalhos é inédita no Brasil e alguns artistas serão apresentados pela primeira vez no País.

 

As peças representam a obra de quase 70 artistas, incluindo nomes influentes da arte moderna, como Wassily Kandinsky, Marcel Duchamp e Josef Albers; artistas relacionados a algumas das principais vertentes do pós-guerra norte-americano, como Donald Judd, Dan Flavin, Bruce Nauman e Gordon Matta-Clark; importantes autores da produção contemporânea, a exemplo de Gerhard Richter, Cindy Sherman, Franz West, Jeff Wall e Thomas Ruff; e outros que começaram a sua trajetória nos últimos 30 anos, como Francis Alÿs, Pierre Huyghe, Mark Leckey, Martin Creed, Marcel Dzama e Chen Wei. Os brasileiros Jac Leirner, Iran do Espírito Santo e José Damasceno também participam da exposição.

 

Segundo os curadores – Ivo Mesquita, ex-diretor técnico da Pinacoteca, e José Augusto Ribeiro, do Núcleo de Pesquisa em História e Crítica de Arte – a mostra privilegia e justapõe duas vertentes de trabalhos predominantes na coleção, mas que normalmente são vistas como antagônicas na história da arte. “De um lado, obras de inclinação surrealista, com alta voltagem imaginativa, que sugerem situações fantasiosas. E de outro, peças de linguagem geométrica, com formas simples, seriais e autorreferentes, ligadas às vertentes construtivas, à pintura hard-edge, ao minimalismo norte-americano e a manifestações europeias do chamado pós-minimalismo”, explica Ivo Mesquita.

 

A intenção é marcar não só as diferenças entre essas duas vertentes, como apontar para pontos de conexão entre elas. “Fora da ordem” aponta para a intensidade enérgica de estruturas com lógica abstrata, frequentemente descritas como neutras, sóbrias ou discretas, e para o que há de cálculo, disciplina e construção em situações de contrassenso e absurdo”, complementa José Augusto Ribeiro.

 

Mais sobre Helga de Alvear

 

Nascida na Alemanha, em Kirn, em 1936, Helga de Alvear vive em Madri, na Espanha, desde 1957. Dez anos depois começa a formar sua coleção de arte.  A partir de 1980, começa sua atuação na Espanha, onde estimula a produção local e contribui para a criação da feira de arte Arco, em 1982. Já em 2006, cria o Centro de Artes Fundación Helga de Alvear, que contou com a contribuição do poder público da região espanhola de Extremadura. A instituição surge do compromisso de tornar pública a coleção da também galerista Helga de Alvear. Hoje, o acervo da fundação conta com cerca de 3 mil peças de linguagens, materialidades e conformações diversas, que variam, em dimensão física, da escala da mão à da arquitetura. Seus núcleos privilegiam os primórdios da fotografia na Europa, o minimalismo norte-americano e seus desdobramentos desde a década de 1970, a arte contemporânea espanhola, a fotografia alemã dos anos de 1980 e 1990, além de obras de dimensões grandes, especialmente ambientes e instalações desde 1990 aos dias atuais, e de outras comissionadas pela própria Helga de Alvear.

 

Até 26 de setembro.

Encontro de nacionalidades

06/jul

A exposição “Intersecções” que reúne obras, todas pertencentes ao acervo da Galeria Oscar Cruz, Itaim Bibi, São Paulo, SP, é composta por doze artistas de distintas gerações e nacionalidades, todos com destacadas posições na arte contemporânea nacional e internacional; dentre os quais, cinco brasileiros, quatro argentinos, uma americana, uma espanhola e um alemão, que abordam de modos distintos o emprego da fotografia. São eles: Alejandro Chaskielberg, Ananké Assef,Gustavo Speridião, Julio Grinblat, Lesley Dill, Lina Kim, Luiz Alphonsus, Marcos Chaves, Mauro Restife, Michael Wesely, Nicanor Aráoz e Sara Ramo.
 
Até 02 de setembro.

Carlos Scliar em panorâmica

A Caixa Cultural Rio de Janeiro, Centro, inaugura, no dia 05 de julho, às 19h, a exposição "Carlos Scliar, da reflexão à criação", sob a curadoria de Marcus de Lontra Costa. Será apresentado um panorama da obra de Carlos Scliar, com cerca de 150 trabalhos, entre pinturas, gravuras e desenhos, realizados ao longo de mais de seis décadas. A mostra marca os 15 anos de falecimento do artista e é patrocinada pela Caixa Econômica  Federal e Governo Federal.

 

A curadoria buscou selecionar imagens em consonância com o espírito de Scliar, sintetizando uma vida inteira dedicada à construção de uma iconografia nacional. As obras expostas integram, num mesmo espaço, a participação política e social coletiva em defesa dos verdadeiros ideais democráticos, a pureza das pequenas histórias e a beleza contida nas coisas simples, nos objetos e vivências cotidianas do ser humano: bules, lamparinas, velas, frutos e flores, documentos, bilhetes, lembranças, saudades, desejos, memórias, resíduos, ruídos, sussurros, silêncios.

 

“Em qualquer técnica, em qualquer período de sua vida, Carlos Scliar é o artista do método e da métrica. A linha é o elemento que organiza a sua aventura artística; a partir dela, de seus vetores, ele constrói formas, acrescenta cores, desenvolve a sua poética particular. Para ele, o Brasil é assunto permanente: em busca das névoas do passado, encontrou-as (e se encontrou) entre as montanhas”, comenta o curador Marcus de Lontra Costa.

 

Na mostra serão exibidas desde as primeiras pinturas de Scliar, dos anos 1940, até sua produção dos anos 2000, passando pelas gravuras gaúchas dos anos de 1950, pela série “Território Ocupado” até chegar ao impressionante álbum “Redescoberta do Brasil”, obra final e definitiva de Carlos Scliar.

 

O projeto conta o apoio do Instituto Cultural Carlos Scliar e a produção da exposição está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural, que já realizou importantes publicações e exposições itinerantes pelo Brasil, como Farnese de Andrade, Athos Bulcão, Milton Dacosta, Miguel Angel Rios, Raymundo Colares, Carlos Scliar, Debret, Aluísio Carvão, Henri Matisse, Bruno Miguel, Teresa Serrano, Regina de Paula, Nazareno, entre outros.

 

 

 

Até 21 de agosto.

Volpi no MAM SP

04/jul

Mostrar uma faceta diferente de um artista tão aclamado e reconhecido como grande mestre da pintura brasileira do século XX: esse é um dos objetivos da mostra “Volpi – pequenos formatos”, em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP. São exibidas 74 obras de Alfredo Volpi (1896-1988), entre telas e desenhos sobre papel e azulejos feitos em menores dimensões, que serviam como estudo antes que pintasse as telas maiores. Todos os trabalhos pertencem ao colecionador Ladí Biezus, que coleciona pinturas de todas as fases da carreira do artista.

 

Com curadoria de Aracy Amaral e assistência de Paulo Portella Filho, a exposição abrange pinturas realizadas desde os anos 1930 até o final da década de 1970, passando pelo período impressionista inicial, da fase dos casarios, pelo período do abstracionismo geométrico das fachadas até chegar as fases finais como das bandeirinhas e das ogivas. “Toda a riqueza de estudos cromáticos de Volpi aparece na seleção como uma faceta nem sempre acessível ao olhar de interessados das novas gerações, que poderão apreciar um pouco da intimidade do processo de trabalho do grande pintor, ” afirma a curadora.

 

Segundo Paulo Portella Filho, as obras são expostas com orientação cronológica para favorecer a compreensão do desenvolvimento temporal da linguagem do artista. “A produção de Volpi tem referenciais temáticos distintos com a passagem do tempo. Obedecendo a essa sequência natural, primeiro são apresentados os trabalhos da juventude do artista, com cenas do cotidiano urbano do bairro Cambuci, em São Paulo, obras que já sinalizam compromisso com a cor e a organização espacial”, explica o curador. “Também pode-se notar que a figura humana, presente nesse período, aos poucos desaparece da produção”.

 

Na sequência, são exibidas as obras dos anos 40 que se caracterizam pelas paisagens urbanas e marinhas das cidades de Mogi das Cruzes e Itanhaém (locais importantes para o artista), além de crianças e imagens de caráter religioso. Continuando o fluxo do percurso, as décadas de 50, 60 e 70 focam em obras de caráter não figurativo e geometrizante. “É neste segmento que se encontram as famosas pinturas de casarios e fachadas arquitetônicas que sinalizam a redução à essencialidade formal e nada realista, ” complementa Paulo Portela Filho.

 

Concebido pelo arquiteto Vasco Caldeira, o ambiente expográfico da Sala Paulo Figueiredo dá destaque as obras com a proposta de privilegiar o rigor e a simplicidade. Apresentados em pequenos grupos, intercalados com textos da curadoria, há trabalhos em têmpera sobre papel, cartão e tela; óleos sobre madeira e sobre cartão; guouache sobre papel; desenho sobre cartão; pastel sobre cartão, pintura sobre azulejo e óleo sobre tela colado em cartão. As pinturas são acondicionadas em molduras e os desenhos ocupam uma vitrine junto com o conjunto de azulejos. A exposição tem patrocínio do Banco Bradesco.

 

 

Destaques diferenciais

 

Entre as obras apresentadas, destacam-se os oito desenhos a grafite, que, segundo o colecionador Ladí Biezus, serviam inegavelmente como estudos antes de fazer um quadro. “Esse rascunho ficava tão bom que as pessoas imploravam para comprar. Eu mesmo adquiri alguns no mercado, mas como eles foram feitos com lápis a grafite, infelizmente, o desenho se sublima, então eles vão desaparecendo, o que é uma grande pena porque são lindíssimos”, explana o colecionador. Os desenhos exibidos pertencem a décadas distintas, sendo um dos anos 40 – que é um estudo para azulejo-, além de três da década de 50; mais três dos anos 60 e, por fim, dois da década de 70.

 

Outro diferencial da mostra é a exibição de quatro pinturas sobre azulejos que Volpi produziu, nos anos 40, para a Osirarte, empresa de azulejaria de Paulo Rossi Osir, que executava encomendas para arquitetos e artistas. Para dar conta dos pedidos e ampliar o mercado, Osir contou com a colaboração de experientes no trabalho artesanal. Mario Zanini é o primeiro a integrar a equipe, seguido por Alfredo Volpi, que transformou-se numa espécie de “chefe” do ateliê-oficina ao solucionar problemas plásticos e técnicos. Na época, o processo utilizado era a do baixo esmalte, em que a pintura era feita sobre o azulejo não esmaltado. Depois, o desenho era feito sobre a superfície porosa, que absorvia a tinta com extrema rapidez e exigia elevada exatidão do traço. Um fato importante é que Volpi não datava os trabalhos, mas sua produção tem períodos específicos bem distintos. Assim, os especialistas referem-se a eles como oriundos de décadas. “Os estudiosos debruçam-se sobre a obra do mestre para tentar datar, todavia, é muito complexa essa identificação porque Volpi recorria frequentemente a temas já estudados deslocando-os temporalmente. Assim é comum ver as distinções como “produção de início dos anos 60″, ou “meados dos anos 50″ e ainda “fim da década de 70”, declara Paulo Portella Filho.

 

 

Coleção Ladí Biezus

 

O colecionador, engenheiro de formação, iniciou o acervo quando montou um apartamento e optou pela decoração com obras de estilo arquitetônico. Assim, num evento em homenagem a Tarsila do Amaral, conheceu Volpi e começou a frequentar o ateliê do artista. O acervo, então, começou com a aquisição de um quadro de uma marina. Depois, foi uma tela de bandeirinhas em tons de roxo e preto até chegar a grande quantidade de obras que possui hoje, que são de todas as épocas da produção do artista, de pequenas e de grandes dimensões, expostas lado a lado pelas paredes da casa do colecionador.

 

No início, a preferência de Ladí Biezus era pelos quadros feitos no final dos anos 1940, em que eram retratadas as marinas. Depois, as fachadas foram o ponto alto da coleção, pelo lado metafísico, quase sombrio, e com poucas cores e formas. As bandeirinhas, da década de 60, passaram a ser as favoritas por serem mais coloridas e infantis. Hoje, o colecionador considera-se aficionado pelos pequenos estudos por retratarem a inocência e a livre tentativa de acerto. “Foi uma atração irresistível porque as telas menores comunicam um momento de criação e de total espontaneidade, sem nenhuma solenidade, onde predomina a inocência e um Volpi mais brincalhão” relembra.

 

Ladí Biezus ainda relembra que nunca pressionou Volpi para pintar alguma coisa específica ou sob encomenda. Por isso, a maioria dos quadros que possui não veio diretamente do artista e sim comprados no mercado, inclusive os estudos que são o foco desta exposição.  “O Volpi era extremamente pressionado pelos marchands e colecionadores, mas ele tinha uma autonomia enorme, pintava para quem quisesse e como quisesse, com aquele rigor pessoal e explosão de cores que só ele tinha”, relembra.

 

 

Até 18 de dezembro.

Siron Franco no RS

01/jul

O celebrado pintor Siron Franco retorna ao estado do Rio Grande do Sul – após 17 anos de sua última mostra – com uma individual inédita de pinturas sobre papel realizadas entre os anos de 1996 e 2016. Esta é a segunda exposição nesta técnica na carreira do artista e, pela primeira vez, em Gramado, na serra gaúcha. Com curadoria de Cézar Prestes, que foi pessoalmente ao atelier do artista abrir as gavetas de guardados. As obras – que serão exibidas com exclusividade na Galeria da Villa -, localizada no complexo de arte, decoração e gastronomia na Villa Sergio Bertti. Esta seleção retrata e documenta a trajetória do artista nos últimos 20 anos.

 
Foram selecionadas previamente 36 obras que compõem esse período, nas diversas técnicas dentro da pintura sobre papel, proporcionando a oportunidade de uma aproximação com um dos maiores artistas contemporâneos da arte brasileira, sempre  atento aos problemas sociais e ambientais do país.

 

De 02 de julho a 04 de setembro.

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