Enigmas

03/mar

A Fundação Vera Chaves Barcellos e o Centro Municipal de Arte Hélio Oitica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresentam nas Galerias 1 e 2 (térreo), a exposição “Enigmas”, de Vera Chaves Barcellos. A abertura da mostra integra a programação do Tiradentes Cultural, iniciativa conjunta de espaços culturais situados no entorno da Praça Tiradentes.

 
Partindo de uma imagem fotográfica e com uma origem totalmente circunstancial, “Enigmas” surge de três fotografias de primatas do Zoológico de Barcelona que, manipuladas em laboratório, conformaram as três principais imagens da exposição. Em cada uma se propõe um conceito: o olhar ou atenção, a mão ou o gesto, a reflexão ou o pensamento. Destes conceitos, surgem outros elementos que resultam nessa instalação.

 
Construída como uma espécie de laboratório – composto por fotografias, imagens, fósseis, pedaços de pele e caixas de sal -, “Enigmas” lança o público em um universo tão familiar quanto intrigante, confrontando-o com o desconhecido mas também com o reconhecível. O projeto, financiado pela Rede FUNARTE, marcou a abertura da Fundação Vera Chaves Barcellos em 2005, em Porto Alegre. Ao completar 10 anos, a mostra chega ao Rio de Janeiro.

 
Para o curador Bernardo José de Souza, “Enigmas” resgata questões ontológicas que jamais deixaram de despertar a curiosidade do homem, e fazer avançar o conhecimento científico. “Vera Chaves Barcellos investiga a natureza humana e, por consequência, a origem da vida”.

 
“Fotografias de primatas contemplativos, aparentemente confortáveis em suas celas num zoológico, produzem um incômodo sentimento de empatia com esta espécie ancestral tão semelhante à nossa ao ponto de recuperarmos, ainda que inadvertidamente, a noção de sermos todos animais – muito embora nós dotados de uma inteligência transcendente”, revela o curador.

 
Está previsto um encontro entre a artista, o curador e Fernando Cochiaralle aberto ao público, e também haverá o lançamento do catálogo da exposição.

 

 
Texto do curador
Enigmas – por Bernardo José de Souza

 
A partir de uma série de elementos visuais que nos fornecem pistas sobre as questões ontológicas que jamais deixaram de despertar a curiosidade do homem, e fazer avançar o conhecimento científico, Vera Chaves Barcellos investiga a natureza humana e, por consequência, a origem da vida. Construída como uma espécie de laboratório, esta instalação composta por imagens, fósseis, pedaços de pele e caixas de sal, lança o público em um universo tão familiar quanto intrigante, confrontando-o com o desconhecido, mas também com o reconhecível.

 
Fotografias de primatas contemplativos, aparentemente confortáveis em suas celas num zoológico, produzem um incômodo sentimento de empatia com esta espécie ancestral tão semelhante à nossa ao ponto de recuperarmos, ainda que inadvertidamente, a noção de sermos todos animais – muito embora nós dotados de uma inteligência transcendente. Entretanto a faculdade de pensar que, em tese, nos permitiria compreender a complexidade do mundo e das coisas de maneira holística, aparta a humanidade dos demais seres vivos, gerando uma cisão entre cultura e natureza absolutamente deletéria à manutenção da vida; esta consiste em uma das principais questões a se impor à agenda contemporânea nesta era do antropoceno, quando o homem impacta o ecossistema de forma tão dramática ao ponto de rivalizar com as sucessivas mudanças de ordem natural e geológica ocorridas em nosso passado remoto.

 
Se a tipologia de peles de vison (caçados, abatidos?) dispostas na parede concorre com os resíduos de sal que formam um alfabeto grego nas caixas dispostas pelo chão, aludindo assim não só à selvageria de nossa relação com o reino animal, mas também à esfera do conhecimento acumulado ao longo da história, é, no entanto, a imagem de uma primata, vestindo véu e grinalda, que sintetiza a condição humana. Somos os mesmos, mas também somos o outro.

 
A relação com a alteridade segue profundamente mal resolvida em nossa espécie, em que pese nosso esforço coletivo para superar querelas filosóficas e científicas quanto à essência humana, quanto às faculdades humanistas e quanto a esta centelha criativa, por nós tão celebrada, que nos distingue no cosmos de toda e qualquer forma de vida da qual se tem notícia.

 
A imagem difusa da galáxia M100, registrada pelo telescópio Hubble, e publicada pela Associated Press, nos dá a dimensão do universo, mas também a escala e a estatura do homem. O céu seria o limite? Mas há limites para a engenhosidade humana, tanto na ciência quanto na ficção? Não seriam a vida e a própria ciência formas de ficção?

 
Representamos o mundo e, apenas assim, dele depreendemos sentido. Somente deste modo fomos capazes de articular a linguagem, ela própria um instrumento de limitado alcance face à complexidade do mundo.

 
Em seu processo de criação intuitivo, Vera Chaves Barcellos parece ignorar a busca pela resposta última, pelo elo perdido, assim descartando o evolucionismo e mesmo o misticismo para nos demandar ontologicamente, sempre a partir da linguagem: que coisa é essa que chamamos arte?

 

 
Sobre a artista

 
Vera Chaves Barcellos nasceu em Porto Alegre, RS, Brasil, em 1938. Nos anos 60, dedicou-se à gravura depois de estudos na Inglaterra e Holanda. Em 1975, foi bolsista do British Council, no Croydon College em Londres, estudando fotografia e sua aplicação em técnicas gráficas. Em 1976, participou da Bienal de Veneza com o trabalho Testarte. Está entre os fundadores do Nervo Óptico (1976-78) e do Espaço N.O. (1979-82), e também da galeria Obra Aberta (1999-2002), atuantes no sul do Brasil. Realizou inúmeras exposições individuais no Brasil e no exterior; participou de quatro Bienais de SP e exposições coletivas na América Latina, Alemanha, Bélgica, Coréia, França, Holanda, Inglaterra, Japão, Estados Unidos e Austrália. Como artista convidada, participou da exposição Cegueses no Museu de Arte de Girona e do Panorama de Arte Brasileira em SP (1997), do Salão Nacional do RJ e da exposição Pasaje de Ida, na Galeria Antonio de Barnola, Barcelona, Território Expandido no SESC Pompéia, SP (2000) e Sem Fronteiras, mostra de abertura do Santander Cultural, em Porto Alegre (2001), onde mostra sua instalação Visitant Genet. Entre suas exposições, a partir do ano 2000, individuais estão: Visitant Genet no Museu D´Art de Girona (2000) e Le Revers de Rêveur na Capela de San Roc, em Valls, (2003), ambas na Espanha, e Enigmas, FVCB, Porto Alegre, (2005). Em 2007, realizou uma grande mostra antológica – O Grão da Imagem – realizada no Santander Cultural, em Porto Alegre, Brasil. Essa mostra contou com curadoria triple de Agnaldo Farias, Fernando Cocchiarale e Moacir dos Anjos. Participou da V Bienal de Artes Visuais do Mercosul, Porto Alegre (2005) e da mostra MAM na Oca, Arte Brasileira do Acervo do MAM, São Paulo, (2006). Com curadoria de Glória Ferreira, faz uma grande mostra abrangente de sua trajetória denominada “Imagens em Migração”, no MASP, São Paulo, em 2009. No mesmo ano, publicou o livro “Vera Chaves Barcellos- Obras Incompletas”, Editora Zouk, sobre sua obra, analisada em detalhes num extenso texto do filósofo francês especializado no estudo da imagem fotográfica contemporânea, François Soulages. Desde a década de oitenta, realiza instalações multimídia, empregando, além da fotografia, outros meios. Instituiu uma fundação que leva seu nome, dedicada à divulgação da arte contemporânea (2004). Vive e trabalha em Viamão, RS, Brasil, mantendo também seu estúdio em Barcelona, Espanha, desde 1986.

 

 
De 07 de março até 23 de maio.

Debret nos Correios

Artista integrante da Missão Artística Francesa, movimento que revolucionou o panorama das belas-artes no Brasil no início do século XIX, Jean-Baptiste Debret (1768-1848) fez história ao registrar, com talento e minúcia, personagens e cenas do Brasil – notadamente do Rio, onde residiu entre 1816 e 1831. Paisagens, cenas urbanas, costumes sociais e transformações naquele período, tais como vistos pelo artista, estão em “O Rio de Janeiro de Debret”, em cartaz no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Com 120 obras pertencentes à Coleção Castro Maya (que reúne mais de 500 trabalhos de Debret, entre aquarelas e desenhos), a exposição engrossa a lista de comemorações pelos 450 anos da cidade.

 
Parte significativa das imagens retrata questões oriundas da polarização entre homens livres e escravos no país, tema caro ao artista. Em uma aquarela, por exemplo, vê-se uma senhora indo à missa em sua cadeira carregada por homens negros. Outro trabalho, de aparente simplicidade, exibe um rico registro da época: reúne no mesmo quadro uma loja de barbeiro, profissional então dedicado a variadas funções, um amolador de facas e uma vendedora de tabuleiro na mão. O Rio de Janeiro da época – então com cerca de 100.000 habitantes – foi retratado por Debret com grande minúcia e intimidade, ao ponto de tornar sua obra um catálogo de porm­enores da vida na cidade, ressaltando-se, principalmente, as questões sobrevindas da polarização da sociedade entre homens livres e escravos, um aspecto nitidam­ente exótico e chocante para os olhos europeus.

 
Debret não poderia ficar de fora das comemorações dos 450 anos do Rio de Janeiro: a iconografia do Brasil no período de transição de um modo de vida colonial para o de Nação independente ficou monopolizada pelo retrato criado por Jean-Baptiste Debret através dos desenhos e aquarelas produ­zidos durante sua estada na Corte.

 
Segundo a curadora da mostra, Anna Paola Baptista, “Debret é o cronista maior da vida do Brasil na primeira metade do século XIX. Ele acompanhou e documentou visualmente o início do Brasil como Nação independente, especialmente no Rio de Janeiro que agora comemora 450 anos”.

 

 
Até 03 de maio.

Esculturas de Roberto Hötte

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, apresenta um dos novos nomes das artes plásticas brasileiras com a exposição “Roberto Hötte – Um Escultor de Art Brut”. A mostra é composta por 24 esculturas inspiradas no poema “Os Peixes” da norte-americana Marianne Moore, uma das mais importantes poetisas do século XX.

 
O termo francês art brut (arte bruta, em tradução literal) identifica a produção artística de criadores livres de qualquer influência de estilos oficiais, incluindo as diversas vanguardas, ou das imposições do mercado de arte. Criada em 1945, a expressão é de autoria do pintor Jean Dubuffet.

 
“Com esta exposição o Museu Afro Brasil segue com o propósito de trazer ao público a nova leva de artistas do país”, afirma Emanoel Araujo, diretor curatorial do Museu Afro Brasil. Entre as artistas da nova geração, o museu apresentou a exposição “Horizonte Daqui”, de Carolina Caliento, no ano passado. Atualmente está em cartaz “O Banzo, o Amor e a Cozinha de Casa”, de Sidney Amaral, vencedor do Prêmio Funarte de Arte Negra 2012. “A obra de Hötte faz a sua imaginação viajar por caminhos vários: ora popular; ora erudito; ora artesanal na sua feitura; ora se expressa com uma erudição e sabedoria na organicidade de planos cheios e vazios; ora a cor aparece e se repete como um tecido maleável; ora se organiza como textura rígida que forma uma rigidez à procura do espaço, como se quebrasse seus limites nesse mesmo espaço”, afirma Emanoel Araujo.

 
A exposição de Roberto Hötte é composta por 24 esculturas, realizadas na técnica de acrílica sobre tecido, resina e papel. “Eu trabalho também com técnicas de pinturas e colagem”, explica Hötte. A concepção das obras revela um diálogo direto com trabalhos de arte popular, de origem indígena e africana.

 

 
Sobre o artista

 
Nascido em Curitiba em 1963, mas radicado na cidade de São Paulo, o artista plástico Roberto Hötte realiza sua primeira exposição individual. Ele é formado em design gráfico pela Faap. “O propósito inicial era desenhos para estamparia. Jamais me passou pela cabeça que a coisa tomaria o rumo que tomou. Mas havia algo que me fez continuar. A leitura do poema de Marianne Moore aconteceu nessa época e ele retrata em palavras questões que me são caras: vida, morte, destruição, regeneração e beleza”, afirma Hötte sobre a concepção das esculturas. “O poema foi tão impactante para mim que eu não consegui verbalizar minhas impressões. A forma que encontrei para interpretá-lo foi transformar aqueles desenhos de estamparia nestas esculturas”, acrescenta.

 

 

Até 10 de maio.

Guilherme Maranhão: Livro e exposição

02/mar

O fotógrafo Guilherme Maranhão inaugura a exposição “Travessia” e lança seu livro homônimo, na Casa da Imagem/Museu da Cidade de São Paulo, Centro, São Paulo, SP. Para a mostra, o curador Fausto Chermont selecionou 31 imagens, as quais foram feitas com filmes preto e branco, fora da data de validade há 20 anos – expostos, neste período, à ação de fungos e outros agentes deteriorantes. O trabalho fala sobre um percurso, um aprender, que acontecem tanto ao viajar como também com o passar do tempo em nossa vida e em nosso trabalho diário. O projeto “Travessia” foi vencedor do Prêmio Marc Ferrez Funarte 2014, o que possibilitou a realização do livro e da exposição.

 

Imerso em um processo criativo inspirado nos ciclos da vida, nos caminhos e aprendizados, no percorrer do espaço e no movimento ininterrupto, Guilherme Maranhão encontrou diversos rolos de filmes preto e branco, cuja validade datava de 20 anos atrás. Depois de realizar testes, descobriu que os fungos ali presentes causavam modificações nas imagens, ao revelar os negativos. Sobre este passar do tempo, o fotógrafo diz: “Por trás dessas imagens, há uma relação entre os 20 anos que o filme vencido levou para ficar mofado desse jeito com os mesmos 20 anos em que eu descobri, vivi e aprendi a fotografia.”. A série “Travessia” surge quando o fotógrafo leva esses filmes para registrar uma viagem aos Estados Unidos (Nova York, São Francisco e Napa Valley), em 2011, dando origem a fotografias que misturam a cena real com figuras desformes e aleatórias, resultados da reação dos fungos. Neste contexto, foram escolhidas cenas que incluíam vegetação, edificações, ondas do mar e outras texturas que pudessem dialogar com os “defeitos” presentes no filme vencido. “As imagens que Guilherme Maranhão capta tem sua força própria, mas funcionam também como ferramentas de escavação: são elas que trazem à superfície as marcas que a película acumulou em sua espessura.”, comenta o fotógrafo e professor Ronaldo Entler.

 

Ao dar este passo em sua carreira, em mais uma mostra individual, Guilherme Maranhão se emociona com o lançamento de seu primeiro livro, que traz 63 fotografias desta série. De tudo que já fez, considera “Travessia”,  “o trabalho mais apaixonante”, pois reúne tudo que gosta no ato de fotografar: tema, técnica e a linguagem do registro analógico. Sobre este trabalho, o curador da mostra comenta: “É uma aparição, uma queda controlada no abismo. Mas longe do acaso. É uma imersão na ceva dos anos, indo buscar novos seres para povoar o nosso universo”.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1975, no Rio de Janeiro. Reside e atua em São Paulo. É bacharel em Fotografia pela Faculdade do Senac. Cria imagens sobre ciclos de vida, imperfeitos por natureza, cheios de ruídos, interferências e sujeitos ao acaso. Sua pesquisa imagética busca alterações no processo de formação das imagens técnicas e subversões das ferramentas produzidas pela indústria. Participou de diversas mostras coletivas e individuais. Possui fotografias em importantes coleções como MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo) e Coleção Itaú. Vencedor do Prêmio Porto Seguro de Fotografia 2007, na categoria Pesquisas Contemporâneas, e do Prêmio Marc Ferrez Funarte 2014, com o trabalho Travessia.

 

 

De 07 de março a 21 de junho.

Domingo no Parque Lage

27/fev

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, lança no próximo 1º de março sua campanha comemorativa de 40 anos de fundação, idealizada pelo artista Rubens Gerchman, em 1975. Profundamente integrada à vida da cidade, a EAV escolheu a data em que o Rio de Janeiro completa 450 anos para dar a partida no ano de comemorações, e o evento Domingo no Parque integra a programação oficial da cidade.

 

Para celebrar junto com o público o espaço nascido sob o signo da liberdade e experimentação, em pleno regime militar, serão apresentadas diversas atividades, para todos os públicos. Arte, música, oficinas para crianças, lançamento de catálogo e uma espetacular exibição de balões solares, sem uso do fogo, estão na programação.

 

Durante o evento, será lançado um selo especial comemorativo que acompanhará todas as ações da instituição ao longo do ano. A campanha comemorativa abrange ainda slogans poéticos, com frases criadas pelos poetas Pedro Rocha e Domingos Guimaraens, e também pesquisadas em cartazes e outros documentos do Memória Lage – projeto contemplado pelo edital de 2012 do programa Petrobras Cultural que vem catalogando e digitalizando o acervo de mais de doze mil documentos da instituição. Os slogans estarão em banners ao longo do muro do Parque, e também em cartazes, impressos na oficina gráfica da EAV, em suas prensas históricas. A área verde do Parque Lage terá uma sinalização também poética, ilustrada como os balões de pensamento das histórias em quadrinhos.

 

O Domingo no Parque se estenderá mensalmente até setembro, com uma programação de música, poesia, performances, espetáculos teatrais, atividades educativas, instalações sonoras, lançamentos de publicações, entre outras ações. Em setembro, haverá uma grande celebração de encerramento das festividades dos 40 anos da EAV Parque Lage.

 
PERFORMANCE “LARGADA AO CÉU”, COM BALÕES SOLARES

 
Um dos destaques do Domingo no Parque será a performance “Largada ao céu”, com balões solares, que reunirá cinco esculturas infláveis de papel de seda de cores escuras, de até doze metros de altura, infladas pelo ar quente produzido por pequenas ventoinhas e o calor do sol.  A partir das 8h da manhã ao meio-dia, cada um dos balões será lançado ao ar, de hora em hora, no terraço do Palacete, com coordenação do mestre baloeiro Luciano Britto e da Sociedade de Amigos do Balão (SAB). O encontro de infláveis trará ao Parque Lage o ritual das Zonas Norte e Oeste do Rio em torno dessa prática, e cada balão levará uma bandeira de papel de seda com as logomarcas comemorativas dos 40 anos da EAV Parque Lage e dos 450 anos do Rio de Janeiro, e uma imagem da instituição. A performance será também uma homenagem a João Grijó (1949-2003), professor da EAV, que pesquisou os balões de papel e seu universo lúdico-tecnológico. Um júri formado pelos artistas Ernesto Neto e Paulo Paes, e o gerente de eventos da Oca Lage, Marcus Wagner, determinará a ordem de largada dos balões solares, que estará sujeita às condições meteorológicas. O balão solar usa o mesmo princípio do balão de fogo para subir: aquece o ar que guarda no seu bojo. Mas faz isso sem a utilização de fogo, e sim com o uso de ventoinhas, e  assim concentram calor com sua superfície escura exposta ao sol quente. Este tipo de balão vem sendo utilizado por baloeiros que desejam contornar os riscos incendiários dos balões tradicionais, sem que pra isso tenham que abandonar sua arte. Esses balões são biodegradáveis e seguem as determinações da lei municipal número 5.511, de 2012, que regulamenta a soltura do balão sem fogo no Rio de janeiro.

 

CHUVEIROS SONOROS

 

Será instalado na área verde do Parque o trabalho “Chuveiros sonoros”, do artista carioca Romano (1969), em que três chuveiros de banho em aço inoxidável, dispostos em cima de uma estrutura com azulejos, que acionados pelo espectador começam a “cantar”. O áudio de pessoas cantando e falando, colhido pelo artista, pode ser ouvido em caixas de som posicionadas na parte interna dos chuveiros, e o público pode regular o volume dos sons, mexendo nas torneiras dos chuveiros.

 

GRUPO DE CHORO PIXIN BODEGA

 

O grupo de choro Pixin Bodega, criado no final de 2010 na Praça General Glicério, em Laranjeiras, fará duas apresentações: com rabeca, das 10h às 12h, no Pátio da Piscina, no Palacete, das 13h às 15h, no Parquinho. O grupo, que tem o nome em homenagem a Pixinguinha e a Zé Bodega, saxofonista irmão do maestro Severino Araújo, é formado por sete músicos empenhados em manter a tradição dominical do choro na General Glicério, que passou a integrar a comemoração oficial dos 450 anos do Rio. Os músicos são Pedro Silva (clarineta e Saxofone), Jorge Mendes (violão de 7 cordas), Vinicius Santos (bandolim), Sérgio Zoroastro (cavaquinho), Luis Carlos Souza (percussão), Almir Bacana (percussão), e Lauro Mesquita (percussão).

 

POESIA SEM RABO PRESO

 

Os poetas Domingos Guimaraens, Pedro Rocha e o artista Cabelo farão a performance “Poesia sem rabo preso”, em que puxarão um carrinho tipo “burro sem rabo”, declamando poesias e convidando o público a participar.

 

CLINÂMEN – A BANDA DE UM DIA

 

A partir das 16h, e até as 21h, se apresentará na Gruta o grupo Clinâmen ou a Banda de um dia, formada pelos artistas plásticos, escritores, videastas, músicos e performers André Parente, Frederico Benevides, Jonnata Doll, Júlio Parente, Lucas Parente, Luísa Nóbrega, Solon Ribeiro, Uirá dos Reis e Yuri Firmeza, vindos de várias cidades, e que vão se reunir especialmente para o evento. Clinâmen é o “desvio de átomos em queda que se encontram no espaço para formar novas matérias”, explicam. “É o entrechoque em um espetáculo estrondoso que nos leva da exaustão (do excesso de barulho, imagem e duração) ao transe absoluto. Imagem e ruído se fundem atravessando a caverna artificial numa onda de espectros que desfaz todo limite entre mundos contíguos. Como dizia o poeta suicida e sem nação Ghérasim Luca (1913-1994), devemos abrir a palavra e a matéria como num acidente automobilístico, liberando o fluxo vital do seu casulo”.

 

JARDS MACALÉ

 

Em um espetáculo no Lago dos Patos, às 17h, Jards Macalé celebrará no Domingo no Parque seus 72 anos de intensa atividade de vida, junto com os 40 anos da EAV Parque Lage e os 450 anos da cidade do Rio de Janeiro. Compositor, intérprete, violonista, produtor e diretor musical, orquestrador e ator, Jards Macalé transita nas várias formas da arte, do cinema ao teatro, literatura e artes visuais. Um pouco da sua história está presente na Escola de Artes Visuais do Parque Lage.  No período de 1975 a 1979, na gestão inaugural de Rubens Gerchman, Macalé foi protagonista fundamental do evento Verão a 1000, idealizado e produzido por Xico Chaves, onde músicos atuavam ao lado de poetas e artistas. Aliado às novas gerações, Macalé está na música popular como na música erudita, do folclore à vanguarda.

 

XICO CHAVES E A POROMINA-MINARE, A INCORPORAÇÃO DE TIDO-MACUMBÊBÊ

 

O artista visual e poeta Xico Chaves fará, às 15h, na Piscina, a “performance poética antiantropofágica” referenciada no mito de Poromina-Minare, que tem origem na região amazônica do Uaupês, e em outras influências da Alquimia, Magia Branca e Candomblé. Xico Chaves teve atuação marcante na gestão de Rubens Gerchman, de 1975 a 1979.

 

OUTRAS ATIVIDADES

 

O Domingo no Parque terá ainda durante a manhã oficina para crianças com as professoras da EAV, percurso com mediadores pela mata, no Salão Nobre, às 16, haverá o lançamento do catálogo da exposição “Quinta Mostra EAV Parque Lage”, com a presença dos curadores-professores Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale e Marcelo Campos, e dos artistas participantes Ana Freitas, Ana Hortides, Bruno Drolshagen, Daniel Albuquerque, Felipe Abdala, Gustavo Torres, Jonas Arrabal, José Alejandro Lópes, Lin Lima, Louise Botkay, Lucio Salvatore, Mariana Smith, Maya Dikstein, Priscila Piantanida, Raquel Versieux, Rodrigo Martins, Sergio Arbusà, Thomas Jeferson e Tiago Cadete.

 

Serviço: Domingo no Parque – Dia festivo de lançamento dos 40 anos da EAV Parque Lage e comemoração dos 450 anos da cidade

 

Dia: 1º de março de 2015, das 8h às 21h

Os portões do parque fecham às 20h

Zerbini no Galpão Fortes Vilaça

Luiz Zerbini retorna a São Paulo para apresentar “Natureza Espiritual da Realidade”,  exposição individual no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. Através de uma grande instalação e de oito pinturas de grande e médio formato, o artista explora justaposições entre figuração e geometria, natureza e arquitetura. Essas temáticas, frequentes em sua trajetória, são apresentadas com uma complexidade inédita.

 
Em sua pintura, Zerbini parte de imagens fotográficas e as sobrepõe a outros elementos abstratos em uma complexa trama onde figura e fundo se confundem. O modo não-hierárquico como esses elementos são arranjados segue uma lógica interna do processo, em que uma imagem pede por outra sucessivamente, até que a composição se complete. Em Ilha da Maré, essa trama inclui um palco precário com uma galinha, caixas de som, siris, ladrilhos e, finalmente, o mar − ou sua visão particular da água do mar, que permeia ainda outros trabalhos da exposição. Buraco retrata uma caixa com padrões geométricos distintos que é encoberta pela maré. Uma Onda de aspecto ameaçador invade a  maior pintura da exposição, recortada por distúrbios que imprimem ainda mais velocidade à imagem. Em Cachoeira, faixas de cor cruzam a tela e são interrompidas por fragmentos de galhos e pedras, mesclando figuração e geometria de maneira ainda mais complexa.

 
Os trabalhos geométricos da mostra também estão associados à figuração. Algumas obras partem de uma imagem e se tornam totalmente abstratas; outras ganham referências a lugares e objetos em seus títulos. Efeitos óticos norteiam essas pinturas, assim como as experimentações com cor. Em Serra do Luar, uma grade prateada de losangos é sobreposta a outra de quadrados, com intrincado esquema de cores e degradês. Em Ultramarine, um azul denso e opaco  contrasta com as faixas de cores metálicas luminosas em primeiro plano. Os pequenos quadrados coloridos de Chuvisco, por sua vez, confundem o foco da visão e provocam a sensação de miopia.

 
Natureza Espiritual da Realidade − trabalho que dá nome a exposição − é uma instalação composta por dez mesas de madeira, configuradas como vitrines museológicas. O trabalho ganhou sua primeira forma em 2012 quando Zerbini o incluiu na mostra Amor no MAM Rio e, em 2014, recebeu nova composição em Pinturas na Casa Daros, também no Rio de Janeiro. A cada exposição a ordenação das mesas e de seus elementos é alterada, dando ao trabalho um dinamismo constante. Divididas em quadrados, as mesas incluem objetos curiosos recolhidos pelo artista, achados a esmo em viagens ou colecionados por razões pessoais. Conchas, pedras, tijolos, ladrilhos, troncos, plantas, redes de pesca e até mesmo uma nota de dez reais se organizam ora como naturezas mortas, ora como composições abstratas. O tampo de vidro também recebe interferências do artista com grafismos e gelatina colorida, causando alterações na incidência de cor e luz sobre os elementos.

 
Ao estabelecer um diálogo direto com as obras na parede, a instalação pode ser lida como a organização sistemática das referências presentes nas pinturas − um inventário do universo particular do artista. No entanto, é possível também fazer o raciocínio inverso e entendê-la como uma tradução tridimensional do processo pictórico de Zerbini − em especial o modo como organiza elementos tão díspares através de cor e geometria. Natureza Espiritual da Realidade é, portanto, ponto de partida da sua pesquisa, mas ao mesmo tempo o campo de atração de todo o seu trabalho, para o qual todas as coisas parecem convergir.

 

 
Sobre o artista

 
Luiz Zerbini nasceu em 1959, em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1982. Sua obra foi tema de grandes exposições individuais nos últimos anos, entre as quais: Pinturas, Casa Daros (Rio de Janeiro, 2014); amor lugar comum, Inhotim (Brumadinho, 2013); Amor, MAM (Rio de Janeiro, 2012). Sua obra está presente em diversas coleções públicas, entre as quais: Inhotim Centro de Arte Contemporânea (Brumadinho); Instituto Itaú Cultural (São Paulo); Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro; e Museu de Arte Moderna de São Paulo. Paralelamente, Zerbini ainda integra desde 1995 o coletivo Chelpa Ferro, com Barrão e Sérgio Mekler, que explora as relações entre as artes visuais e a música.

 

 

De 28 de fevereiro até 28 de março.

Karin Lambrecht no Instituto Ling

26/fev

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, apresenta em sua galeria, a exposição “Pintura e Desenho”, individual de Karin Lambrecht.  A mostra traz três grandes obras – duas pinturas e uma instalação, composta por desenhos e materiais diversos. O texto de apresentação é de Glória Ferreira e a museografia ficou a cargo de Ceres Storchi.

 
Trabalhando no campo expandido da pintura e da escultura, Karin Lambrecht usa sucatas e objetos variados, além de pigmentos de cores vibrantes que produz e materiais orgânicos, como sangue animal, carvão, água da chuva e terra. Elementos recorrentes em sua obra como as cruzes, o corpo humano e palavras enigmáticas escritas à mão ou carimbadas, emergem das camadas de tinta e sugerem temas como doença, morte e cura.

 
A instalação “Eu sou tu” – uma tenda de voile na qual é possível deitar-se – é inspirada no capítulo “Neve”, do romance “A Montanha Mágica”, de Thomas Mann, e representa um lugar de cura.

 
Já as pinturas “Encontro” e “Schattenwelt” (mundo das sombras), em acrílico sobre tela, apresentam grandes campos de cor e trazem a cruz como elemento principal, tratando de seu anseio por retomar a dignidade espiritual e simbólica da arte, o retorno ao mundo natural, à religiosidade e à transcendência.

 
Nos desenhos apresentados, como os da série “Perdão”, Karin Lambrecht  incorpora pedaços de tijolos de barro tradicionais, feitos de argila. Elemento comum em sua pintura, a artista emprega este material pela primeira vez em seus desenhos.

 

 

Até 10 de maio.

Beatriz Milhazes em Fortaleza

25/fev

A Universidade de Fortaleza, da Fundação Edson Queiroz, inaugura, no dia 26 de fevereiro, no Espaço Cultural Unifor, Fortaleza, CE, a exposição “Coleção de Motivos”, de Beatriz Milhazes, com curadoria de Luiza Interlenghi. A mostra, inédita, reúne cerca de 50 obras, entre pinturas, colagens e gravuras, contemplando as questões manifestas nos diferentes momentos da produção da artista. As obras pertencem ao acervo da artista, à coleção da Fundação Edson Queiroz e a coleções particulares e públicas.

 
Na obra de Beatriz Milhazes, a coleção de motivos, formada por flores, fios de pérolas, alvos, rendas, listras e cajus, é a base de desenvolvimento de sua linguagem plástica, com a qual se posiciona frente aos desafios da pintura contemporânea. “Observando o ritmo das composições e o jogo, sempre diferente, de repetições de motivos – florais, listras, arabescos – a mostra Coleção de Motivos reúne referências marcantes nas grandes linhas poéticas da artista”, afirma a curadora Luiza Interlenghi.

 
“A arte moderna no Brasil, em especial na pintura de Tarsila do Amaral, e seus cruzamentos com o modernismo europeu, em que se destaca a cor em Matisse, são linhas de força que pautam a produção de Milhazes. Mas é na prática de ateliê e a partir de um método de trabalho que joga com uma coleção de motivos que a artista estabelece uma convergência entre o caráter artesanal da pintura e a imagem industrial, reproduzida e veiculada na cultura de massa – um aspecto central da arte no limiar da modernidade”, analisa ainda Luiza Interlenghi.

 
Na década de 80, os trabalhos da artista estabeleciam padrões de repetição a partir de recortes e remontagens de tecidos, que reorganizavam os florais da estamparia popular. Em sua pesquisa plástica, Milhazes decidiu desenvolver seus próprios motivos, que convivem com muitos outros apropriados da cultura popular, do design e de símbolos da cultura de massa. Esta exposição destaca a importância e o experimentalismo destes processos seriais de reutilização e criação de padrões em todo o percurso da artista.

 
Aderindo ao processo de trabalho da artista, em que cada composição resulta de um jogo inédito de cores e motivos, o projeto curatorial propõe uma seleção de trabalhos guiada pelas linhagens desses motivos e que segue a pauta do ritmo intenso de suas cores. “A exposição tem o objetivo de rastrear o curso mais profundo das repetições e diferenças que brilham na tensa superfície de suas pinturas, colagens e gravuras”, finaliza a curadora.

 
No andar térreo do Espaço Cultural Unifor, haverá um espaço educativo com oficinas de arte para crianças e uma sala ocupada por fotos, cronologia e outros dados sobre a artista. Já as obras estarão presentes no segundo piso do Espaço Cultural.
No dia 26 de fevereiro, dia da abertura da exposição, acontece, a partir das 9h, uma conversa entre Beatriz Milhazes e Luiza Interlenghi no Teatro Celina Queiroz, campus da Universidade de Fortaleza.

 

 

 
De 26 de fevereiro a 24 de maio.

Mostra no MAM-Rio

Neste sábado, dia 28 de fevereiro, o MAM Rio, Parque do Flamengo, inaugura a exposição “Ações, estratégias e situações nas coleções do MAM”, com cerca de 40 obras, pertencentes às coleções do MAM Rio, com curadoria de Marta Mestre. A mostra apresenta trabalhos realizados fora dos suportes tradicionais de arte, de 16 artistas, entre eles os brasileiros Artur Barrio, Marcia X, Marcius Galan, Cildo Meireles, Lygia Clark, entre outros. “O objetivo é mostrar o comprometimento do MAM Rio com propostas experimentais desde a década de 1960”, afirma a curadora. Fazem parte da mostra trabalhos de artistas brasileiros, alemães, americanos e de um taiwanês: Antonio Dias, Artur Barrio, Bené Fonteles, Bernd e Hilla Becher, Cildo Meireles, Dennis Oppenheim, Fabiano Gonper, José Damasceno, Joseph Beuys, Luiz Alphonsus, Lygia Clark, Marcius Galan, Moebius Jürgen, Tehching Hsieh, Waltercio Caldas e Wolf Vostell.

 

 

Até 03 de maio.

Catálogo para José Damasceno

24/fev

Neste sábado, dia 21 de fevereiro, às 17h, a Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, lança o catálogo da exposição “Cirandar Todos”, de José Damasceno, com uma mesa-redonda com o artista, a curadora Ligia Canongia e o filósofo José Thomaz Brum. “Cirandar Todos” traz com quatro instalações inéditas de José Damasceno, destacado artista da cena contemporânea. Com curadoria de Ligia Canongia, as obras têm em comum o diálogo com a arquitetura do espaço.
A mostra pode ser vista até este domingo,  dia 22 de fevereiro.