Olá, visitante

AGENDA CULTURAL

Evento no Hospital Matarazzo

26/set

A mostra que ocupa todos os espaços do Hospital Matarazzo, Bela Vista, São Paulo, SP, denominada “Made by… Feito por Brasileiros”, oferece, além da gama de obras de arte contemporânea, uma programação paralela com performances e exibição de filmes. O público tem a chance de conferir um trabalho artístico sem-igual e ainda presenciar uma intervenção ao vivo, tudo sem pagar nada. A curadoria é de Marc Pottier.Entre os brasileiros, estão Tunga, Henrique Oliveira, Márcia e Beatriz Milhazes, Iran do Espírito Santo, Nuno Ramos e Vik Muniz. Eles dividem espaço com Adel Abdessemed, Moataz Nasr, Jean-Michel Othoniel, Joana Vasconcelos, Francesca Woodman, Tony Oursler e Kenny Scharf, entre outros artistas estrangeiros. Um dos destaques é a obra Baba Antropofágica, de Lygia Clark, criada em 1973. Para os fashionistas, a curiosidade é ver as imagens e os vídeos feitos por Oskar Metsavaht, da Osklen. Algumas peças foram encomendadas e criadas especialmente para o espaço. Os organizadores também propuseram parcerias entre artistas estrangeiros e brasileiros, que foram instigados a elaborarem trabalhos conjuntos.

 

 

Performances e exibições de filmes

 

Márcia e Beatriz Milhazes

 

Nos dias 27 e 28 de setembro, no edifício que abrigava a seção de Maternidade, as irmãs Márcia e Beatriz Milhazes apresentam a performance de “Camélia”, uma dança do olhar, sem acomodações, através de múltiplos detalhes de formas geométricas articuladas e sobrepostas. Márcia fica à frente da coreografia com sua Companhia de Dança, enquanto que Beatriz assina a cenografia.Debruçados sobre a cena dourada, membros da Márcia Milhazes Companhia de Dança desenham com os seus corpos, gestos divididos em três interlúdios como sonetos sussurrados entre si.

 

 

Tunga

 

Os visitantes da exposição poderão também assistir no jardim do bloco A à performance de Tunga, diariamente em dois horários: das 10 às 13 e das 14 às 17 horas. Nessa performance de movimentos leves e calmos, o milho, que simboliza a fertilidade feminina, é debulhado com uma rapidez que entra em contraste com o movimento vagaroso de costurar as pérolas que representam o esperma solidificado.

 

 

Vídeos

 

Paralelamente a essas performances, a mostra conta com exibições permanentes de vídeos e filmes de artistas nacionais e internacionais no bloco E. A programação se divide em quatro projetos:

 

– Everything I Want, com curadoria de Nadja Romain;

– Cinema Yamanjá, com filmes da 3ª Bienal da Bahia;

– Mostra Vídeo Tal, de Gabriela Maciel & André Sheik;

– Com curadoria de Marc Pottier, os projetos “Espírito da Floresta”, de Amilton Pellegrino de Mattos e Ibã Huni Kuin; “Manifesto do Naturalismo Integral”, de Sepp Baendereck.

 

 

Até 12 de outubro.

A volta de Thomas Cohn

25/set

A Galeria Thomas Cohn, Jardim Paulistano, inicia outro ciclo de atividades com novo espaço e novo conceito. Com mais de 30 anos de experiência, o conhecido marchand pretende abrir um novo capítulo no cenário das artes visuais, inaugurando a primeira galeria de joias de arte no Brasil, com obras únicas ou pequenas edições assinadas por artistas contemporâneos internacionais. As exposições serão complementadas com programas educativos, que incluem palestras e workshops com algumas das maiores autoridades do universo da joalheria de arte internacional.

 

Intitulada “Colares Contemporâneos”, a mostra inaugural reúne joias de cerca de 30 artistas oriundos de 12 países como Alemanha, Holanda, Suécia, Noruega, Estônia, Taiwan e Coréia do Sul. Entre os participantes figuram artistas seminais do segmento, que se destacam em carreiras de sucesso, com exposições em museus e galerias, além de dirigirem academias e ministrarem em importantes escolas de arte da Europa, EUA e Austrália, como Annelies Planteijdt (Noruega), Bettina Speckner (Alemanha), Beppe Kessler (Holanda), Karin Johansson (Suécia), Mallory Weston (EUA), Liv Blavarp (Noruega), Kadri Mälk e Tanel Veenre (Estônia)Sara Borgegard (Suécia), Myung Urso (Coréia do Sul) e Phoebe Porter (Austrália), entre outros.

 

Diferente da joia clássica, afinal um produto industrial, a joia de arte é valorizada pela qualidade artística (mão de obra) e não pelos materiais usados. Propõe arte vestível que identifica o grau de cultura e bom gosto da pessoa ao invés do seu status socio-econômico.  Permite a quem a usa levar arte no corpo e do corpo à rua.

 

A joalheria contemporânea surgiu como especialidade a partir dos anos 1970, mas antes disso grandes artistas como Picasso, Man Ray, Salvador Dalí e Magritte criaram peças para serem usadas no corpo. É um nicho do mercado de arte inovador, que vem encontrando cada vez mais espaço com a colocação de novas galerias no mercado, com a institucionalização do setor por coleções de importantes museus (como o MoMA de Nova York e o Stedelijk, de Amsterdã), com o surgimento de feiras de arte especializadas (como as anuais Schmuck, em Munique; Sieraad, em Amsterdã; e Collect, em Londres), e com revistas com foco no assunto, como  Art Aurea (Alemanha) e a Current Obsession (Holanda).

 

 

Até 11 de outubro.

O livro de Celeida Tostes

24/set

Foi lançado no Rio de Janeiro e encontra-se em circulação o livro “Celeida Tostes”. Trata-se de obra de referência, organizada pelo curador e crítico de arte Marcus de Lontra Costa e pela jornalista Raquel Silva com a consultoria do artista Luiz Aquila, profissionais das artes visuais que em suas trajetórias realizaram trabalhos relevantes sobre a artista. É a primeira publicação sobre a artista, uma das mais produtivas dos anos 80, professora da EAV Parque Lage e da Escola de Belas Artes da UFRJ, marcou profundamente seus alunos e colegas e inspirou a geração de artistas que veio a público em meados da década de 1980, a chamada Geração 80. Textos inéditos, biografia, fotografias, críticas e inventário de obras fazem parte dos documentos visuais e textuais reunidos no livro dedicado a obra de Celeida Tostes. A obra tem o selo da editora Aeroplano, de Heloisa Buarque de Holanda e foi executada pela produtora Memória Visual.

Miguel Barceló no Rio

22/set

Chega ao Rio de Janeiro a exposição do prestigiado artista catalão Miquel Barceló, na Pinakotheke Cultural, Botafogo. Será apresentada sua obra recente, além de alguns trabalhos emblemáticos de sua produção, como o elefante de bronze apoiado pela tromba, que ocupou em 2011 a Union Square, em Nova York, e que está na frente da Pinakotheke Cultural, podendo ser visto por quem passa pela Rua São Clemente.

 

O artista é o pintor da aclamada cúpula da Câmara dos Direitos Humanos e Aliança das Civilizações, Organização das Nações Unidas (ONU), em Genebra, na Suíça, que tem aproximadamente 430 m², e na qual ele imprimiu o fundo do mar, usando 60 toneladas de tinta, em um trabalho que durou treze meses. A obra foi uma doação do governo espanhol para a ONU, em 2007. Outra grande obra do artista que merece destaque é a instalação executada durante um período de seis anos, entre 2000 e 2006, na Capela do Santíssimo na Catedral de Santa Maria, arquitetura do século XVI, em Palma de Maiorca, na Espanha. A Capela foi revestida com imensos painéis contínuos de cerâmica policromada (300m²) e cinco vitrais de 12 metros de altura.

 

Com capacidade de trabalho surpreendente e atuando em múltiplos suportes – pintura, escultura, murais, cerâmica, desenho, ilustração de livros – Barceló se divide entre os seus ateliês de Paris, o de cerâmica em Palma de Mallorca, sua terra natal, e o de Mali, na África. Foi o artista mais jovem a se apresentar no Museu do Louvre e esteve presente na Bienal de Veneza, na Bienal de São Paulo, e na Documenta de Kassel, na Alemanha. Realizou retrospectivas em instituições de renome, como o Centro Pompidou, em Paris; o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri; o Museu Rufino Tamayo, no México e o Museu Guggenheim Bilbao, na Espanha.

 

“A exposição apresentada foi pensada, junto com o artista, com o objetivo de mostrar sua produção atual de pinturas e cerâmicas, complementada com uma seleção de suas mais importantes esculturas em bronze”, conta o curador Max Perlingeiro.

 

Na Pinakotheke Cultural serão apresentadas 20 obras, dentre pinturas e esculturas. A mostra também terá dois filmes: “Mar de Barceló”, especialmente produzido durante a execução da cúpula das nações da ONU, e “Paso Doble”, referência ao processo criativo das cerâmicas. Para compreender o processo do artista, foi montado um “gabinete de curiosidades”, com elementos e objetos pessoais caros à composição de sua obra e que nunca haviam saído de seu ateliê parisiense, portanto, inédito para o público. A exposição será acompanhada de um livro (Edições Pinakotheke), com 203 páginas, bilíngue, que reúne uma entrevista do artista ao crítico Adriano Pedrosa, textos do pensador espanhol Enrique Juncosa e imagens da coleção, além de uma cronologia sobre a vida e a obra de Miquel Barceló.

 

Dentre as pinturas apresentadas na exposição estarão os quadros brancos, feitos somente com esta cor, mas com texturas diferentes, que formam diversos desenhos. “Como se pode ver, cada nova camada apaga, mas também deixa uma transparência. Estes quadros são cada vez mais sintéticos, cada vez há menos coisas, e estão mais apagados. Há muitas camadas de pintura, tornando-se espesso no centro, tudo acontece por baixo, é quase invisível, conta o artista em entrevista a Adriano Pedrosa.

 

O crítico de arte espanhol Enrique Juncosa afirma, no livro que acompanha a exposição, que a cor branca sempre esteve presente no trabalho de Barceló. Sobre a origem dos quadros totalmente brancos ele diz: “No Pavilhão Espanhol da Bienal de Veneza de 2009, Barceló apresentou, entre outros, dois quadros brancos de grande formato, Mare tranquilitas e Mare nectaris, 2008, de novo sobre o ritmo e a forma das ondas admiradas de uma praia. O tema das ondas e da espuma do mar, iniciado nas Canárias, e depois com esses dois grandes quadros exibidos em Veneza, é o ponto de partida dos últimos quadros brancos que Barceló pintou desde 2012, tal como os apresentados aqui”.

 

Além dos quadros brancos, também serão apresentadas pinturas de frutas, como tomates partidos. “Como um contraponto à ‘série branca’, ‘os frutos’, obras de grande formato com tomates e figos que explodem no meio da tela. Suas telas brancas persistem há mais de duas décadas. Quando regressou de uma longa temporada na África, em 1988, sua pintura antes densa e cheia de referências culturais e autobiográficas, transforma-se em enormes extensões de paisagens brancas. Um branco que não significa ausência”, afirma Max Perlingeiro.

 

“A exposição inclui também alguns quadros de frutas e tomates partidos, que contrastam com os quadros brancos por sua intensidade cromática, pois são em sua maioria vermelhos. Em um desses quadros, o intitulado Tomate- Mars, 2013, um jogo com o nome que se dá ao planeta vermelho, Marte, a metade do tomate que vemos tem algo de planeta habitável, com um interior que sugere movimento perpétuo, como uma caldeira em ebulição”, ressalta o crítico espanhol Enrique Juncosa no livro que acompanha a mostra.

 

As cerâmicas são outro destaque da trajetória do artista. Se a experiência com a pintura está presente desde o início de sua obra, o interesse pela cerâmica começa em Mali, em 1995. Desde então, o artista dedicou-se a aprender técnicas em Maiorca, França e Itália e a cerâmica tornou-se um dos suportes fundamentais de sua produção. Para a exposição, foram selecionadas cerâmicas no seu ateliê em Vilafranca de Bonany (pequeno vilarejo em Maiorca) instalado numa antiga fábrica de artefatos de cerâmica. “O artista trabalha com a imperfeição da matéria. É um trabalho solitário e bruto onde ele não admite colaboração. São obras autorais. Uma luta incessante entre o homem e a matéria. O artista explora ao máximo o imprevisível e depois recobre com desenhos ou fuligem do resíduo das chaminés, onde um novo processo se inicia”, diz Max Perlingeiro.

 

Sobre as cerâmicas, Enrique Juncosa escreve: “As cerâmicas mais inovadoras que apresentamos aqui, neste livro são pretas. Foram produzidas a partir de uma forma inventada pelo artista. Uma vez cozidas, foram colocadas nas chaminés do forno e ficaram cobertas da fuligem proveniente da fumaça. Depois, fixou a fuligem com um fixador transparente, mas o aspecto continua sendo frágil, como se fosse desprender se alguém as sustentasse com a mão o tentasse limpá-las com um pano”.

 

 

De 23 de setembro a 09 de novembro.

Os Amigos da Gravura

19/set

Claudia Bakker é a artista convidada para exibir seus trabalhos no  Museu da Chácara do Céu, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, em nova edição do projeto “Os Amigos da Gravura”. A convidada exibe fotogravura “Escreve na memória”, na qual une imagens de duas instalações realizadas no Museu do Açude, em 1994 e em 1996.A imagem é composta por duas instalações que ocuparam a mesma fonte do Açude. No entanto se diferenciam pelo uso do material, numa delas a fonte foi preenchida com 900 maçãs (1994) e uma placa de acrílico submersa com inscrições sobre  mitologia e  medicina, e que podia ser visualizada através da transparência da água, enquanto as maçãs se moviam delicadamente pelo espaço, e  na outra foram 3.000 litros de  tinta branca (1996) mais bolas de latex também brancas, que amarradas a pequenas pedras se moviam ao sabor do vento. Esses trabalhos  são fortes referências na carreira da artista ao longo destes 20 anos.  Uma obra que se mostra e se esconde, segundo Claudia, “ é permeada pela dicotomia entre o efêmero e o permanente”.  Maçãs e mármores, filmes e  fotografias, fazem parte do repertório de materiais usados pela artista.

 

Para Claudia Bakker sua produção é pontuada com “com pausas de silêncio, para que essa mesma produção, possa se realimentar de uma forma muito pessoal de construção. Acredito na experiência sensível da vida e foi isso que me moveu a fazer essas instalações, que se apresentaram a princípio efêmeras, mas que restam eternas numa imagem atemporal, como um espelho infinito da memória – assim como é o princípio mesmo da fotografia e da documentação.” Além da tradicional imagem inédita para “Os Amigos da Gravura”, a artista irá ocupar as duas salas expositivas do terceiro andar com uma exposição de trabalhos realizados a partir da década de 1990.

 

Em referência a obra de Claudia Bakker o crítico de arte Luiz Camilo Osório, destacou: “As centenas de maçãs pintadas pelo grande mestre francês [Cézanne] criaram e revelaram o que parecia impossível: a maçã numa migração da natureza para a pintura. Basta olhar para crer. A questão é sempre a mesma as maçãs e o tempo. Seja através das fotos e do texto (utilizados na exposição), ou do vídeo e da instalação (em outras ocasiões), o que está em jogo são os modos de permanência que as coisas (a maçã e a arte) têm, expostos a consumação do tempo. A maçã, como metáfora da arte e da vida, só existe pela morte. O paradoxo é este: sem morte não há vida. Suas fotos misturam os tempos, ou melhor, elas querem ser tempo: da escrita, da arte, da fruta e do feminino. Todos os tempos num só, que parece retornar sempre novo.” (O Globo, 10/09/1998).

 

As duas instalações inspiradoras no trabalho de Claudia Bakker, “O jardim do Éden e o Sangue da Górgona”, 1994/95, e “A via Láctea”, 1996, possuem, para o crítico Adolfo Montejo Navas, “uma duração que não é platônica, que continua nestes registros mostrados como documento de artista que nos revela um caráter íntimo, de bastidor. Para documentar isto nada melhor que o exercício e o auxílio da fotografia, pois como se sabe, ela reescreve a própria imagem já vivida, naquela memória que é a vida do perdido”.

 

 

Sobre a artista

 

Claudia Bakker é artista plástica carioca, conhecida por suas grandes instalações com maçãs. Desde o início dos anos 1990, cria sensíveis trabalhos, que falam da dicotomia entre o efêmero e o permanente, misturando materiais, como maçãs e mármore, além de filmes e fotografias. Recentemente, voltou a se dedicar a experiências com a pintura.

 

 

Sobre o projeto Os Amigos da Gravura

 

Raymundo de Castro Maya criou a Sociedade dos Amigos da Gravura no Rio de Janeiro em 1948. Na década de 1950 vivenciava-se um grande entusiasmo pelas iniciativas de democratização e popularização da arte, sendo a gravura encarada como peça fundamental a serviço da comunicação pela imagem. Ela estava ligada também à valorização da ilustração que agora deixava um patamar de expressão banal para alcançar status de obra de arte. A associação dos Amigos da Gravura, idealizada por Castro Maya, funcionou entre os anos 1953-1957. Os artistas selecionados eram convidados a criar uma obra inédita com tiragem limitada a 100 exemplares, distribuídos entre os sócios subscritores e algumas instituições interessadas. Na época foram editadas gravuras de Henrique Oswald, Fayga Ostrower, Enrico Bianco, Oswaldo Goeldi, Percy Lau, Darel Valença Lins, entre outros.

 

Em 1992 os Museus Castro Maya retomaram a iniciativa de seu patrono e passaram a imprimir pranchas inéditas de artistas contemporâneos, resgatando assim a proposta inicial de estímulo e valorização da produção artística brasileira e da técnica da gravura. Este desafio enriqueceu sua programação cultural e possibilitou a incorporação da arte brasileira contemporânea às coleções deixadas por seu idealizador. A cada ano, três artistas plásticos são convidados a participar do projeto com uma gravura inédita. A matriz e um exemplar são incorporados ao acervo dos Museus e a tiragem de cada gravura é limitada a 50 exemplares. A gravura é lançada na ocasião da inauguração de uma exposição temporária do artista no Museu da Chácara do Céu. Neste período já participaram 44 artistas, entre eles Iberê Camargo, Roberto Magalhães, Antonio Dias, Tomie Ohtake, Daniel Senise, Emmanuel Nassar, Carlos Zílio, Beatriz Milhazes e Waltercio Caldas.

 

 

Até 26 de janeiro de 2015.

​No Museu Afro-Brasil

18/set

A serpente sempre capturou a atenção do homem. Poucos animais possuem uma iconografia tão rica, com a presença de arquétipos contrapostos: o bem e o mal; conhecimento e desrazão; a vida e a morte. O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, envereda pelos caminhos sinuosos das representações artísticas do ofídio, em duas novas exposições simultâneas: “José de Guimarães – O Ritual da Serpente: 10 Guaches inspirados na obra de Aby Warburg” e “A Serpente no Imaginário Artístico”.

 

Na data de abertura, o Museu Afro Brasil lançou seu aplicativo para dispositivos móveis, disponível para Android e IOS, com download gratuito na Google Play e App Store. O aplicativo traz informações sobre o Museu, o Diretor-Curador Emanoel Araujo, seu Acervo, disponibilidade de programação cultural atualizada (exposições temporárias e eventos educativos), geolocalização e funcionalidades de audioguia.

 

 

Sobre a individual de José de Guimarães

 

Um dos mais importantes, entre os atuais artistas plásticos de Portugal, conhecido pelo uso rigoroso das cores, José de Guimarães apresenta seu mais recente trabalho, realizado especialmente para as comemorações dos dez anos do Museu Afro Brasil. Os dez guaches espelham sua interpretação pictórica da obra do historiador da arte Aby Warburg (1866-1929). O estudioso alemão esteve na América do Norte, no final do século XIX, para pesquisar sobre o “Ritual da Serpente” dos índios hopis.

 

“A arte de José de Guimarães é ao mesmo tempo una e múltipla, como o próprio artista que, ao deixar-se contaminar por uma diversidade de culturas, cria uma comunicação e uma identidade mestiças, regenerando padrões e singularidades”, afirma Emanoel Araujo. Ele também assina a curadoria das duas exposições. Essa é a segunda exposição dos trabalhos de Guimarães no Museu Afro Brasil. Em 2006, ele realizou a exposição “África e Africanias”.

 

 

Sobre mostra coletiva

 

Já a mostra “A Serpente no Imaginário Artístico” capta toda a extensa simbologia da serpente nas artes. Ela é encontrada nas máscaras gueledé, e nas variegadas garrafas e bandeiras do vodu haitiano, que integram a mostra. Suas formas tortuosas inspiraram a visão dos artistas: ela se esgueira na escultura de Mestre Didi, e do beninense Kifouli, reverbera na tela de Siron Franco, e se incrusta na gravura de Gilvan Samico. Estarão expostas também obras de Carybé, Juarez Paraíso, Francisco Graciano, Noemisa Batista dos Santos, além de trabalhos do Benim e Haiti. As obras dessa mostra pertencem ao acervo do Museu Afro Brasil.

 

 

 

Até 07 de dezembro.

A Natureza em Camille Kachani

A relação entre a natureza e a arte, revelada em inusitadas esculturas, encontra-se em  “Transigências”, exposição individual de Camille Kachani, na Galeria Murilo Castro, Savasi, Belo Horizonte, MG. O orgânico e o inorgânico, o natural e o manual se misturam e se transformam um no outro quando, de uma gaveta, brotam galhos e folhas. Ou de um toco de madeira, surge um martelo. Trata-se de uma aproximação entre potência inventiva da natureza e os objetos da cultura. A natureza se revela artificial e o material transformado, a madeira, natural.

 

“Há ainda uma dimensão de sentidos nesses trabalhos ligada à memória subjetiva. A gaveta e as maletas são recipientes facilmente associados às lembranças, guardados e recordações. Entretanto, o fazer e a ação de executar o trabalho possuem algo de conceitual. Muitos dos instrumentos usados para construir o trabalho são também constituintes dele. Além de serem instrumentos de fácil manuseio, sua presença parece ser uma volta autorreflexiva do trabalho sobre si mesmo. É a obra que aborda seu próprio processo de construção ao se referir a objetos tão usados no ateliê, como o martelo”, comenta o crítico Cauê Alves.

 

Ao mesmo tempo em que algumas esculturas instigam o toque, feitos ergonomicamente para encaixarem às mãos, como a foice, a tesoura, a faca, os cabos de utensílios domésticos ou puxadores, outros trabalhos se situam entre o equilíbrio e o desequilíbrio e possuem as extremidades pontiagudas e cortantes, afastando o contato. Nestes objetos, há um abismo entre seu uso cotidiano e a configuração da peça final.

 

“São arranjos aparentemente instáveis, mas que possuem apoios firmes no chão: com três ou quatro pés, as peças se sustentam pela soma de instrumentos diversos. Elas parecem dançar uma música sem qualquer coreografia. Uma escada improvável se ergue cambaleante a partir de instrumentos que se transformam em degraus e laterais. A peça, que não aguenta o peso de um humano, repele o toque do visitante também com a ameaça dos utensílios cortantes e pontiagudos que a formam (…). No trabalho de Camille Kachani, natureza x arte ou natural x manual, ao invés de oposições, são unidades indissociáveis.”, finaliza Cauê Alves.

 

 

Sobre o artista:

 

Camille Kachani, Beirute, Líbano, 1963, destaca-se no atual panorama da arte contemporânea brasileira por suas obras tridimensionais. Desde 2012, vem desenvolvendo um processo inventivo de possibilidades relacionadas à transformação da natureza. Como exposições mais recentes, estão: individual na Zipper Galeria, no Rio de Janeiro, em 2014; individual na FUNARTE São Paulo, em 2008; e nas galerias Anna Maria Niemeyer, no Rio de Janeiro, e Galeria Thomas Cohn, em São Paulo, em 2010. Participou também das exposições coletivas: Annamaria Niemeyer: um caminho, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, Espelho Refletido, no Centro Cultural Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 05+50 MARP 20 Anos, no Museu de Arte de Ribeirão Preto, e Panorama Terra, pela RIO+20, todas durante o ano de 2012.

 

 

Até 04 de outubro.

Lothar Charoux no IAC

O IAC – Instituto de Arte Contemporânea, Vila Mariana, São Paulo, SP, com “Lothar Charoux – Razão e Sensibilidade” segue seu programa de exposições que, por meio de seu acervo – arquivo pessoal de artistas entre os quais Amilcar de Castro, Sergio Camargo, Sérvulo Esmeraldo, Willys de Castro -, cria novas proposições acerca de importantes produções.

 

“Lothar Charoux – Razão e Sensibilidade”, com curadoria da historiadora e crítica de arte Maria Alice Milliet, reúne cerca de 75 obras, algumas inéditas. Dos desenhos em nanquim e guache da década de 1950 a pinturas de 1980, passando pelos projetos para painéis de 1960, alguns executados de 1970, bem como as serigrafias e os trabalhos em acrílica sobre papel do mesmo período, a exposição traz ainda esculturas, objetos, azulejos e até cartões de natal que compuseram o pensamento e o processo artístico de Lothar Charoux.

 

Com foco na linha, forma e cor e fiel aos questionamentos concretistas, o artista dedicou-se à exploração dos efeitos visuais, criando espaços nos quais as formas interagiam constantemente com o olhar do público. “Asséptico nos recursos empregados, tudo o que criava vinha da paixão pela exploração das possibilidades da linha sobre o plano”, ressalta Maria Alice Milliet.

 

Integrante do grupo concretista Ruptura – liderado pelo artista Waldemar Cordeiro, que além de estudar o abstracionismo, discutia os novos caminhos da arte, da arquitetura e do design – Charoux fez parte da primeira exposição do movimento no MAM-SP em 1952, quando o grupo lançava o manifesto contra toda e qualquer forma de pintura naturalista, propondo a renovação de valores essenciais da arte visual e em cujo verso vinha escrito em vermelho: “a obra de arte não contém uma ideia, é ela mesma uma ideia.”

 

Segundo a curadora, esse postulado, ao negar a arte-cópia da realidade em favor da arte concreta, produz um corte radical em relação à tradição figurativa. “Na prática, a introdução dos princípios construtivos na arte brasileira constitui uma revolução estética cujos efeitos chegam até nossos dias nos produtos gráficos tais como jornais, revistas, cartazes, livros etc. e no design de móveis, luminárias e objetos em geral.”

 

 

Sobre o artista

 

Iniciando-se nas artes com seu tio, o escultor Siegfried Charoux, Lothar Charoux (Viena, 1923 – São Paulo, 1987) emigrou para o Brasil em 1928. Fixou-se em São Paulo e estudou no Liceu de Artes e Ofícios. Conheceu Waldemar Cordeiro, com quem estudou pintura na década de 1940. Foi professor de desenho no Liceu de Artes e Ofícios e no Senai, realizando sua primeira individual em 1947. Junto com Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Anatol Wladyslaw e outros artistas, foi um dos fundadores do Grupo Ruptura, em 1952. Em 1963 criou a Associação de Artes Visuais Novas Tendências, com Fiaminghi e Sacilotto. Foi eleito pela Associação Paulista dos Críticos de Arte o melhor desenhista de 1972. No ano seguinte, integrou a sala especial Arte Construída, na Bienal Internacional de São Paulo.

 

 

Sobre o IAC

 

O Instituto de Arte Contemporânea – IAC, entidade cultural sem fins lucrativos, foi criado com a finalidade principal de preservar documentos e difundir a obra de artistas brasileiros de tendência construtiva. Os arquivos destes artistas, entre eles Willys de Castro, Sérgio Camargo, Amilcar de Castro (em parceria com o Instituto Amilcar de Castro) e mais recentemente o de Sérvulo Esmeraldo, têm na instituição um espaço próprio para a exposição e pesquisa com documentação arquivística, bibliográfica e museológica, armazenada em banco de dados específico. Os acervos têm finalidade de pesquisa e divulgação da obra do artista por meio do trabalho com seus documentos preparatórios (cartas, agendas, esboços etc..). Assim, podem ser usados em exposições internas ou cedidos a outras instituições, em publicações, em estudos acadêmicos e quaisquer outros usos de caráter cultural e/ou acadêmico. O IAC pesquisa, busca, organiza e disponibiliza quaisquer fontes de informação sobre os artistas relacionados em seu acervo e, através de uma interface online, permite que pesquisadores de qualquer parte do mundo acessem seu banco de dados. Promover ações educativas e intercâmbios culturais com museus e instituições com a mesma linguagem em outros países também estão entre os objetivos da instituição. Desde julho de 2011, o IAC funciona no primeiro andar do Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, na Vila Mariana.

 

 

De 24 de setembro a 06 de dezembro.

A imaginação de Andrey Rossi

16/set

Quem olha Andrey Rossi, jovem de 26 anos, de fala tranquila e com um leve sotaque interiorano, nem imagina todas as ideias que inspiram seus trabalhos. Ele que tem obras em acervos institucionais como o do MAM-Rio, e em importantes coleções particulares como a coleção Gilberto Chateaubriand, e a coleção Coleccion Gomez Porsche, em Buenos Aires, Argentina, chega à região do ABC com a exposição “Laboratório Clandestino”, na OMA | Galeria, São Bernardo do Campo, São Paulo, SP. “Essa mostra tem uma sequência que vai desde os estudos, a “cobaia”, ao produto final. Quis ressaltar um processo que valorizasse a ação do tempo e o que é o essencial com um ar de ilegal, de algo provisório, de passagem”, conta o artista.

 

A curadoria é assinada por Douglas Negrisolli e conta com 29 obras. Dessas, 24 são inéditas e estão divididas em quatro assemblages (diferentes materiais incorporados em uma peça, criando um novo conjunto sem desconstruir o sentido original), 12 pinturas e 13 desenhos (ambas com técnicas diversas). Para Thomaz Pacheco, galerista da OMA | Galeria, receber as obras de um artista em ascensão reforça o crescimento do espaço dentro do cenário da arte paulista. “Essa mostra é resultado de uma parceria com a Galeria QAZ e estamos muito felizes por fazer um intercâmbio cultural. Promover um artista como ele em nossa região é uma honra”, afirma.

 

 

 A palavra do artista

 

“Cresci em uma família de marceneiros e sempre fui incentivado a explorar esse material e a exercer minha criatividade. Lembro de explorar locais abandonados só para perceber como o tempo age. Acho que essa ação também é um dos temas recorrentes em minhas obras”, conta Andrey Rossi.

 

 

 A palavra do curador

 

“O Andrey é muito criativo e, de certa forma, ele “brinca de ser Deus” quando mistura humanos com animais e ao transparecer um fascínio misturado com estranheza ao executar isso. Essa é uma mostra em que a transformação do Ser e a metamorfose são os temas que instigam os visitantes”, explica Douglas Negrisolli.

 

 

 Sobre o artista

 

Andrey Rossi nasceu e reside em Porto Ferreira, interior de São Paulo. Para ele, a infância na pequena cidade e a profissão do pai (marceneiro) são algumas das principais influências de sua arte. É licenciado em Educação Artística, com Habilitação em Artes Plásticas, pela UNESP, Universidade Estadual Paulista. Seu início profissional foi em 2008, em Bauru, SP, com a produção da obra “Aborto em 2º Grau”. No ano passado, pós graduou-se em Discurso e Leitura de Imagem na UFSCAR, Universidade Federal de São Carlos.

 

 

 Sobre a OMA | Galeria

 

Primeira galeria de Artes Visuais no ABC, também conta com espaço cultural para a realização de encontros, workshops e debates. Localizada no centro de São Bernardo do Campo, uma das principais cidades da Grande São Paulo, a OMA | Galeria, que está sob os cuidados dos galeristas Thomaz Pacheco (artista e executivo) e Gisele Pacheco (premiada arquiteta e designer), se destaca pelo foco no trabalho de arquitetos, designers de interiores e decoradores, oferecendo obras de arte exclusivas para aqueles que buscam agregar valor aos projetos desenvolvidos, e vem se consolidando como referência em artes visuais na região.

 

 

 De 19 de setembro a 25 de outubro.

Programação #31Bienal

Programa no Tempo, ativação de obras, performances, atividades educativas, no Parque Ibirapuera, São Paulo, SP.

 

10 set • 19h • Pavilhão Bienal • área Parque • térreo – no Tempo | Sarau Kambinda

 

O sarau pretende promover a poesia e o encontro de poetas e artistas que fazem parte do movimento cultural periférico e de matriz africana.

 

14 set • 16h • Pavilhão Bienal • área Parque • térreo – no Tempo | O Menor Sarau do Mundo

 

Intervenção poética em que participam o poeta Giovani Baffô e um público de até três pessoas sob um guarda-chuva. Com duração de um minuto e vinte segundos, o poeta
decla­mará três poemas curtos autorais de alto teor de entorpecimento.

 

17 set • 15h • Parque do Ibirapuera • portão 5 – Ativação de obra | “… – OHPERA – MUDA – …”, por Alejandra Riera e UEINZZ

 

O encontro acontece ao lado do atual Centro de Convivência e Cooperativa (CECCO), antigo armazém convertido em refúgio provisório das atividades da Cinemateca Brasileira – entre as quais um cineclube – depois do incêndio de 1957.  Ali, grupo monta um cinema provisório para a exibição do filme “… – OHPERA – MUDA…”

 

17 set • 19h • Pavilhão Bienal • área Parque • térreo – Educativo | Encontro Oba Inã + Mcs

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