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AGENDA CULTURAL

Luz de Pedra no MAM-Rio

12/nov

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Maria-Carmen Perlingeiro – Luz de Pedra”, com trabalhos da artista carioca que vive em Genebra, Suíça. A mostra reúne oito obras diferentes: “Dois irmãos”, “Corações”, “Solados”, “Hot Ice”, “A bela e a fera”, “Micas”, “As Horas” e “Os Cones”, cada uma delas composta por vários elementos, totalizando 79 peças. A artista retorna ao MAM 30 anos depois de sua exposição “Bicho de 7 cabeças”, realizada em 1982.

 

A exposição reúne obras produzidas nos últimos anos, várias inéditas. A curadoria é de Cristina Burlamaqui, que salienta o “caráter artesanal” das esculturas, “seu envolvimento espacial instigante, alcançado por meio da transparência das pedras esculpidas e perfuradas, numa diluição provocada pela luz”.

 

Para a historiadora e crítica de arte Lionnel Gras, que assina o texto de apresentação da exposição, o público verá um “…panorama ao mesmo tempo denso e preciso do trabalho prolífico desenvolvido há vários anos pela artista na área da escultura…Com uma coerência constante e um rigor absoluto, a artista pratica intuitiva e metodicamente seu ofício em Genebra há mais de vinte anos”.

 

Grande parte das obras é produzida em alabastro – pedra que a artista vem utilizando há bastante tempo em seu trabalho – e folha de ouro. Algumas obras têm, além desses elementos, pele de cabra. Também será apresentada uma série de trabalhos intitulada “Hot Ice”, com obras produzidas entre 2010 e 2011, em selenita e ouro. Na série “Hot Ice”, a artista fura e grava em ouro em uma alquimia de sintonia intuitiva. As peças materializam o vazio, e a luz perpassa a solidez da selenita como um Menir, monólito pré-histórico, que incorpora a escala monumental não pelo tamanho, mas pela sua translucidez, quando a peça se agiganta em uma efêmera experiência de tempo-espaço.

 

A instalação inédita “Cones”, de 2012, composta por 18 peças em alabastro, com medidas variadas, também fará parte da mostra. A exposição terá, ainda, trabalhos da série “As horas”, com esculturas feitas em alabastro e folhas de ouro que formam uma espécie de ponteiro que marca as horas.

 

A série de obras “Solado”, “estruturas que lembram pés descalços subindo os paredões crus de cimento do museu, tentando galgar o impossível”, como define Cristina Burlamaqui, estarão na entrada da exposição. Serão apresentados onze trabalhos dessa série, produzidos entre 2002 e 2012.

 

Também estarão na exposição sete painéis de acrílico, de 100cm x 70cm, com pedras Mica agrupadas. “

 

Sobre a artista

 

Nascida no Rio de Janeiro, 1952, vive e trabalha em Genebra, Suíça. Estudou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro e graduou-se na École Supérieure d’Art Visuel, onde mais tarde veio a lecionar. Na década de 1980 mudou-se para Nova York, onde estudou na Art Student’s League. Ao visitar o ateliê de Sergio Camargo em Carrara, Itália, apaixonou-se pela densidade, resistência e peso do mármore. Na década de 1990 descobriu o alabastro, em Volterra, na Toscana, cuja transparência e camadas onduladas dão origem a obras de séries como “Lunáticas”, “Montanhas” e “Piercings”.

 

Em 1996 conquistou o primeiro prêmio em concurso internacional para intervenção artística no prédio do UNI Dufour, em Genebra. Em 2000 recebeu o 1º Prêmio no concurso “Lausanne Jardins 2000”, com o projeto paisagístico “As Lanças de Uccello”. Em 2007, a editora suíça InFolio lançou um livro com textos de Ronaldo Brito e Michael Jakob, registrando a produção de Maria-Carmen desde a década de 1980.

 

Dentre as principais exposições individuais estão as mostras no Scantinatti della Pinacoteca Civica di Volterra e Artrium, em Genebra; Espace Topographie de l’art, Paris, e no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, ambas em 2007; no Paço Imperial, Rio de Janeiro, em 2006; Centro Cultural Banco do Brasil, em 1999; Château de Villa, Sierre, em 1991, entre outras.

 

As principais exposições coletivas são: “Réflexion forme lumière”, na Galeria Denise René Paris, este ano; a mostra no Espace Topographie de l’art, em Paris, em 2011; na Fonte de San Felice, em Volterra, em 2005; no Museo Cantonale d’Arte, Lugano Art for the World, em 2002; no MAM São Paulo, em 2001; no Musée de la Croix Rouge, em Genebra, em 2000; no Musée Rath e no Musée d’art et d’histoire, ambos em Genebra, em 1999; no Palais de l’Athénée, em Genebra, em 1991; na Escola de artes visuais, Parque Lage, e 1978; XIV Bienal  International de São Paulo, em 1977, e XIII Bienal  International de São Paulo, em 1975, entre outras.

 

De 10 de novembro de 2012 a 13 de janeiro de 2013.

Nuno Ramos na Anita Schwartz

Nuno Ramos inaugura na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “O globo da morte de tudo”. A mostra recebeu o mesmo nome de um trabalho de Nuno Ramos e Eduardo Climachauska, dois dos mais inventivos e múltiplos artistas da cena contemporânea, amigos e parceiros de filmes e de canções. Este trabalho ocupará todo o grande espaço térreo da galeria, com 200 metros quadrados de chão e pé direito de mais de sete metros. No segundo andar expositivo, Nuno Ramos mostrará cinco desenhos inéditos da série “Schreber”, em tinta a óleo, folhas de ouro e prata, carvão e tecido sobre papel.

 

“O globo da morte de tudo” é um projeto que vem sendo pensado há dois anos, a partir do ritual da dádiva, da oferenda, existente em sociedades primitivas. O grande salão térreo da galeria abrigará dois globos da morte, em aço, comprados de um circo, e colocados de tal forma que haverá uma interseção de cerca de 60cm entre eles, “formando um oito tombado, o símbolo do infinito”, como explica Nuno Ramos. Estes globos estarão conectados a quatro paredes de prateleiras de aço, com seis metros de altura, onde serão depositados mais de 1.500 objetos, comprados e coletados nos últimos seis meses. Esses objetos serão agrupados em quatro categorias: “Cerveja”, que conterá objetos da vida mais imediata e cotidiana; “Nanquim”, objetos associados à morte; “Porcelana”, objetos ligados ao luxo; e “Cerâmica”, ligado a coisas arcaicas e ancestrais. Cada um desses grupos será perpassado – “atravessado”, como explica Nuno –, por um líquido próprio de cada categoria: cerveja (vida imediata), tinta nanquim preta (morte), uma mistura de talco branco e água (luxo), e barro diluído (vida arcaica).

 

Algumas semanas depois da abertura da exposição, em um evento fechado ao público, dois profissionais de circo acionarão as motocicletas dentro dos globos da morte. Com o ruído provocado pelos motores e a trepidação, os objetos despencarão parcialmente das prateleiras e se espatifarão no chão. A exposição terá então dois momentos: o antes e o depois da performance das motos.

 

De 13 de novembro de 2012 a fevereiro de 2013.

Na Galeria Laura Marsiaj

10/nov

O pintor Alan Fontes exibe suas versões de casa e cidades ideais na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. O artista apresenta duas pesquisas em pintura: uma sobre a paisagem urbana (a série “A Cidade”) e outra sobre ambientes privados, interiores de ambientes domésticos (a série “A Casa”). Natural de Ponte Nova, MG, as duas séries foram iniciadas entre 2004 e 2005, essas pesquisas partem do universo pessoal do artista. A série “A Cidade”, é composta de paisagens urbanas cujo início ocorreu através da experiência de Alan fontes andar pela cidade e coletar imagens para a produção de pinturas que estética e simbolicamente falam dessa experiência de ver e viver na cidade.

 

As pinturas desta série apresentam uma cidade afetiva, uma visão mais poética do que documental.  A gama de cores frias e uma pintura que caminhava para uma desconstrução da forma refletiam de algum modo a maneira como ele se encaixava no mundo. Uma cidade concreta, vazia, onde a expectativa de vida observada secretamente nas casas era seu objeto de interesse.  Experiência análoga a um exercício de voyeurismo.

 

No espaço anexo da galeria, o artista mineiro expõe a obra “La Foule”, um projeto de uma instalação pictórica-sonora. O trabalho parte de uma relação poética com a música “La Foule”, de Edith Piaf, na qual uma metáfora entre o conceito de multidão e a narrativa de uma relação amorosa iniciada, vivida e findada num baile de carnaval é construída. A letra cria uma analogia entre uma história acontecida em um efêmero baile de carnaval para tratar da vida, do tempo, da impotência do homem em lidar com a imprevisibilidade dos acontecimentos.

 

 

A palavra do artista

 

“Observar a cidade do alto trazia de início uma experiência de deslocamento da paisagem, um afastamento reflexivo de onde o espectador consegue ver privilegiadamente a cidade. Ver a cidade por fora das casas e o que se encontra por dentro dos muros das casas. A ação de observar a cidade por cima permitia perceber a paisagem urbana, coletiva, pública e ao mesmo tempo micro paisagens onde cada indivíduo modifica e adapta o espaço às suas necessidades pessoais”.

 

“A casa nesse sentido representaria um auto-retrato em campo ampliado onde minhas questões pessoais e artísticas poderiam ser tratadas intrinsecamente. Falando inicialmente das imagens, comecei criando individualmente cada ambiente da casa. Cada cômodo possuía uma pintura principal em formato maior e os respectivos objetos e móveis reais pintados em cinza. Todo cômodo tinha uma referência principal que dava título à tela. Um artista, um filme ou uma personalidade dominante dentro do ambiente com coisas que eu tinha ou gostaria de ter. Também inclui imagens de trabalhos de artistas e obras que tenho como inspiração e por fim, me apropriava de tudo colocando em cada ambiente criado um auto-retrato”.

 

De 13 de novembro a 22 de dezembro

Maureen Bisilliat lança livro

09/nov

A consagrada Maureen Bisilliat lança, na Livraria Cultura, Conjunto Nacional, São Paulo, SP, pela editora Terra Virgem, o livro “Maureen Bisilliat”, contendo 50 imagens registradas ao longo de sua trajetória fotográfica. A origem desse trabalho remonta a cópias manuseadas pela autora há décadas, entre fotografias em branco e preto, coloridas,  tonalizadas, alteradas, interferidas e guardadas. Essas obras estão reproduzidas da maneira em que foram encontradas: ampliações dobradas, amassadas, manchadas e metamorfoseadas pelo esquecimento.

 

A seleção de imagens que compõem a publicação obedece a uma metodologia básica e intuitiva, que permitiu criar um fluxo abrangente, atemporal e descompromissado, diferente das cronologias anteriores que Bisilliat estabeleceu em seus projetos.

 

O livro “Maureen Bisilliat” apresenta fotografias já conhecidas do público, marcantes na carreira da fotógrafa, além de imagens inéditas e faz parte da coleção “Fotógrafos Viajantes”, da editora Terra Virgem, da qual já foram lançados exemplares de Pierre Verger, Cássio Vasconcellos, Pedro Martinelli e Loren McIntyre, sob a batuta do editor Roberto Linsker.

 

Sobre a artista

 

Fotógrafa e documentarista, Maureen Bisilliat foi bolsista da Fundação Guggenheim, do CNPq e da FAPESP. Nascida na Inglaterra, a artista vive no Brasil desde 1952, radicando-se no país. Iniciou na fotografia em 1962, tendo atuado por dez anos nas revistas Realidade e Quatro Rodas. Estas “andanças” resultaram na elaboração de um projeto traçando equivalências fotográficas dos mundos retratados por Euclides da Cunha, Guimarães Rosa, Jorge Amado, João Cabral de Melo Neto e Adélia Prado; publicou em livros os resultados desse traçado. De 1972 a 1977 visitou diversas vezes o Xingu. Em 1979, lançou, em coautoria com os irmãos Villas-Bôas, a publicação “Xingu / Terra” e participou com uma sala especial da XIII Bienal Internacional de São Paulo, 1975. Em 1988, foi convidada por Darcy Ribeiro para contribuir na criação de um acervo de arte popular latino-americana, do qual nasceu o Pavilhão da Criatividade no Memorial da América Latina. Foi diretora deste espaço de 1989 a 2010. Em 2003, o Instituto Moreira Salles adquiriu seu acervo fotográfico, publicando, em 2009, o livro “Fotografias / Maureen Bisilliat”. O interesse do Instituto Moreira Salles pela sua obra reavivou o interesse da própria autora pelos seus trabalhos, até então esquecidos nos armários do tempo. O “Prêmio Porto Seguro de Fotografia”, a Ordem do Ipiranga, a Ordem do Mérito Cultural e a Ordem do Mérito da Defesa, recebidos todos no ano de 2010, indicam a repercussão desta redescoberta.

 

Lançamento: 13 de novembro.

Mostra de Eduardo Vieira da Cunha

Pintor, fotógrafo, desenhista e gravador, Eduardo Vieira da Cunha realiza exposição individual que integra uma série chamada “Percurso do Artista”, Sala João Fahrion, Reitoria da UFRGS, Porto Alegre, RS. A mostra é voltada para a idéia da viagem, do deslocamento, elementos sempre presentes na obra do artista. Essa exibição marca os 30 anos de uma carreira que começou com participações e premiações em salões na década de 1980 e mostras realizadas em Nova Iorque e Paris, cidades onde residiu.

 

São 32 pinturas, oito desenhos e cinco gravuras, além de fotografias e ilustrações escolhidas em torno da idéia de metáfora de viagem produtiva. O pintor recolhe exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da viagem: sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas que ajudam a pelo menos recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

 

A viagem imaginária começa com desenhos e fotos de um navio, navegando em um mar de areia, em um lugar qualquer no litoral do Rio Grande do Sul. O artista busca através de um personagem, um homem solitário que habitava o navio e que durante o dia se dedicava à infinita tarefa de pintar de preto o casco para evitar os danos da maresia. E que à noite, descia ao porão para revelar velhos negativos fotográficos. Esse homem que esperava remete à imagem representada pela ampulheta, aquele mar de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento.

 

Do litoral desértico do Rio Grande do Sul, Eduardo Vieira da Cunha buscou na animada, iluminada e extravagante cidade de Nova York dos  anos 80 e 90 resgatar imagens de sua autoria  que ilustraram frases da coluna “Diário da Corte”, do jornalista Paulo Francis  publicadas no jornal gaúcho Zero Hora até 1997. A cidade surge ali como um objeto de desejo, contraditória, ora como um firmamento, uma galáxia, um céu radiante, ora como um inferno. Esse estado de perpétua animação e crise da cidade-ilha é refletida nos textos de Francis.

 

A palavra do artista

 

À procura de uma sombra do viajante

 

“Odeio viagens e viajantes”. Com esta frase, um negativo da viagem, Claude Lévy-Strauss se vacinava logo ao abrir o grande poema que representa “Tristes Trópicos”. Um livro do deslocamento filosófico, da filosofia em negativo. O que talvez o etnólogo odiasse mesmo era o desafio de descobrir o noturno do trópico, em vencer seus desafios, penetrar no escuro da mata e passar necessidades, sede e fome. O ganho, entretanto, era a obra em se fazendo.

 

Viagem, ficção e filosofia. Percursos.  Já que outros filósofos pareciam incólumes a tais dissabores dos viajantes, como Platão e Pitágoras, e se entregavam com prazer às deambulações da viagem didática e de compartilhamento do conhecimento, um terceiro grupo onde incluo também homens de letras se aborrecia com as viagens e o trato com o estrangeiro. Isso porque talvez eles não precisassem procurar o desafio do desconhecido. Encontravam o fascínio da viagem ali mesmo, dentro da própria cidade: Sócrates, que preferia viajar pelas ruas e as praças de Atenas. E Machado de Assis e Mario Quintana, flâneurs do Rio de Janeiro e Porto Alegre, respectivamente.

 

…Escolho exemplos de outras áreas para falar da vasta questão do deslocamento e da  viagem. Se é muito difícil tratá-los em um texto, muito mais o seria em uma singela exposição. Em todo o caso, sonhos, fotos, papéis soltos, objetos, mapas, itinerários, planos, traduções, desenhos e pinturas ajudam a pelo menos recompor o itinerário de uma viagem produtiva, ociosa positiva e negativamente.

 

…A imagem desse homem que esperava, esperando talvez a oscilação improvável do corpo do navio enterrado na areia, começou a me perseguir em desenhos e pinturas, além das fotografias.  O emblema de Borges é a ampulheta, aquele rio de areia que pode ser tanto o esquecimento como o elogio ao desprendimento (da areia). Navegando na areia, o homem poderia ter como livro de cabeceira um livro de Borges com o poema Elogio das sombras: “(…) tantas coisas. Agora posso esquecê-las. Chego ao meu centro. À minha Álgebra, meu código. Ao meu espelho. Logo saberei quem sou.”

 

A fotografia é feita de reflexos, de espelhos e de sombras. Depois desse ocioso exílio do litoral desértico, passei a procurar em outras viagens, reflexos e sombras perdidos:  Busquei na animada, iluminada e extravagante Nova York do final dos  anos 80, e na Paris de matérias sombrias e opacas, cidade noturna dos flâneurs  surrealistas. Não achei nem no lado do otimismo tecnológico, nem no lado da inquietante estranheza. Por isso insisto tentando na pintura. E parafraseando Cortázar, adoto sua máxima: a obra talvez importe, mas não impede de andar.

 

 

Até maio de 2013.

Dois em Ribeirão Preto

José Carlos Machado

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP, apresenta as exposições de José Carlos Machado e Guto Lacaz. Os dois projetos são divididos em salas distintas: na sala 01 as esculturas produzidas desde a década de 80 por José Carlos Machado, cujos trabalhos são construídos em madeira, ferro, metal, imã e água. Em seus trabalhos há “… uma busca pela instabilidade do objeto, seja construindo peças onde o ponto de equilíbrio é a sutil ação de repulsa entre duas peças, seja pelo momento onde a água quase transborda de um espaço de contenção. As peças mantêm uma perspectiva formal que é desestabilizada pelos possíveis campos de energia”. Na sala 02, a galeria apresenta o recente trabalho de Guto Lacaz, que consiste em livros de sua biblioteca pessoal abertos em páginas onde aparecem personagens que são ícones das artes visuais e da ciência como Marcel Duchamp, Nam June Paik, Tesla e Rodchenko; neles são construídos mecanismos analógicos que ativam ações específicas em cada obra.

 

Sobre os artistas

 

José Carlos Machado vive e trabalha em São Paulo, SP. Graduado em arquitetura pela FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo – USP. Participou de diversas exposições coletivas a partir da década de 80 como o Projeto Macunaína, 19ª Bienal Internacional de São Paulo e outras.

 

Guto Lacaz vive e trabalha em São Paulo, SP. Graduado em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de São José dos Campos. Desde os anos 70 participa de exposição e bienais em diversas partes do mundo.

 

De 09 de novembro a 01 de dezembro.

 

Terranova, poesia em livro

29/out

Franco Terranova lança “Sombras”, novo livro com exposição no MAM, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. Poeta de mão cheia, com 13 livros publicados, Franco Terranova não desenha e nem pinta. Mas foi justamente dentro deste universo que ficou conhecido. Fundador da memorável Petite Galerie, a primeira galeria de arte moderna no Brasil, que funcionou de 1954 a 1988 no Rio de Janeiro, o eterno marchand está à frente de um projeto grandioso: a publicação de um livro de poesia ilustrado com obras de arte especialmente criadas por 73 artistas plásticos.

 

Artistas participantes: Abraham Palatnik, Adriano de Aquino, Alexandre da Costa, Amélia Toledo, Angelo de Aquino, Angelo Venosa, Ana Bella Geiger, Anna Letycia, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Antonio Henrique Amaral, Antonio Manuel, Artur Barrio, Ascânio MMM, Avatar Moraes, Barrão, Benevento, Carlos Fajardo, Carlos Vergara, Chica Granchi, Cildo Meireles, Cristina Salgado, Daniel Senise, Dileny Campos, Eduardo Sued, Enéas Valle, Ernesto Neto, Florian Raiss, Franco Terranova, Frans Krajcberg, Frida Baranek, Gastão Manoel Henrique, Gianguido Bonfanti, Hildebrando de Castro, Iole de Freitas, Ivald Granato, Jac Leirner, José Resende, José Roberto Aguilar, Leda Catunda, Lena Bergstein, Lu Rodrigues, Luiz Alphonsus, Luiz Aquila, Luiz Paulo Baravelli, Luiz Pizarro, Luiz Zerbini, Malu Fatorelli, Marcia Barrozo do Amaral, Marco Terranova, Maria Bonomi, Maria do Carmo Secco, Millôr Fernandes, Mo Toledo, Monica Barki, Myra Landau, Nelson Leirner, Paola Terranova, Roberto Magalhães, Rubem Grilo, Samico, Sergio Romagnolo, Serpa Coutinho, Sérvulo Esmeraldo, Siron Franco, Tino Stefanoni, Tomoshige Kusuno, Tunga, Urian, Victor Arruda, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, Wesley Duke Lee.

 

O time de artistas que participa de “Sombras” é forte, artistas que aceitaram sem pestanejar o convite feito por Franco Terranova há quase 10 anos. O texto de abertura é do poeta e amigo de longa data, Ferreira Gullar.

 

A  obra será lançada junto com uma exposição dos trabalhos originais. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra apresenta as obras inéditas que estão no livro e cerca de 80 fotografias dos artistas e dos vernissages que aconteceram na Petite Galerie. “Este livro é dos artistas que, com sua generosidade, interviram em meu texto acreditando cegamente (ou quase) na qualidade dele. Muito devo aos que participaram deste projeto comigo e aos ausentes sempre presentes”, diz Franco.

 

Edição de luxo, o livro presta uma homenagem a um dos mais importantes marchands brasileiros. Os artistas utilizaram técnicas variadas sobre papel fabriano 300g. Dois filhos de Franco participam do projeto: a artista plástica Paola Terranova, responsável pela diagramação e arte final; e o fotógrafo Marco Terranova, que assina a imagem de capa da publicação. As poesias contidas em “Sombras”, segundo Franco, funcionam como uma “autobiografia inventada”, organizadas de acordo com suas lembranças afetivas. Entram flashes de sua vivência na Itália, do mundo das artes e das perdas de amigos como Millôr Fernandes, Mário Faustino, Iberê Camargo, Angelo de Aquino, Volpi, Pancetti, Avatar Moraes, Moriconi, Bruno Giorgi, Guignard, Maria Leontina e tantos outros.

 

Vindo da Itália em 1947, depois de lutar na Segunda Guerra Mundial, Terranova criou a Petite Galerie em um diminuto estabelecimento na Avenida Atlântica, em Copacabana. Seu último endereço, na Barão da Torre, fechou ao longo de três dias de 1988, num evento que Terranova batizou de “O eterno é efêmero”, com artistas criando obras nas paredes, em seguida pintadas de branco. A galeria foi berço para muitos dos principais artistas plásticos do Brasil contemporâneo. O marchand também é reconhecido por introduzir no mercado brasileiro técnicas atualizadas de marketing cultural, realizar os primeiros leilões de arte moderna e fomentar a produção cultural no país. Desde 1988, quando sua galeria fechou as portas por contingências do mercado, Terranova tem se dedicado de forma mais exclusiva a escrever poesias.

 

Até 11 de novembro.

Jaildo Marinho na Pinakotheke Cultural

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Jaildo Marinho – Le Vide Oblique”, com obras produzidas nos últimos dez anos pelo artista nascido em Pernambuco, em 1970, e radicado na França desde 1993. A curadoria é de Max Perlingeiro. “Jaildo Marinho – Le Vide Oblique” foi apresentada em Paris, de março a junho deste ano, na Maison da América Latina, com curadoria do crítico de arte francês Jacques Leenhardt e do diretor da Pinakotheke Cultural, Max Perlingeiro.

 

Serão apresentadas 39 obras, dentre pinturas e esculturas, produzidas entre 2002 e 2012, algumas inéditas. Jaildo Marinho faz um permanente diálogo com o construtivismo. Suas esculturas, em mármore branco de Carrara e de Thassos, têm formas geométricas, algumas com a utilização da cor em tinta acrílica. As pinturas são em tinta acrílica sobre madeira e fio de algodão.

 

Na abertura da exposição será lançado um livro com a qualidade que marca a Editora Pinakotheke, com 157 páginas, trilíngue (português/inglês/francês), com textos do poeta Lêdo Ivo, do crítico de arte francês Jacques Leenhardt e do jornalista e escritor Mario Hélio Gomes, além do registro fotográfico das esculturas e pinturas realizadas nos últimos quinze anos.

 

Sobre o artista

 

Jaildo Marinho teve sua formação artística na Universidade Federal de Pernambuco.Viajou para Paris em 1993, onde trabalha e vive com a família. Em 1999, iniciou um trabalho como professor no ateliê de escultura e fundição da ADAC Ville de Paris. Na França, conheceu Carmelo ArdenQuin e passou a fazer parte do Grupo MADI. O reconhecimento pelo seu trabalho veio com o titulo de cidadão parisiense concedido pelo Governo francês em 2008.

 

Realizou exposições individuais nos seguintes espaços: Hungarian Academy of Sciences – Centre for Regional Studies, 2010; Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Galeria Manuel Bandeira – ABL, Rio de Janeiro, 2008; Espaço Cultural Marcantonio Vilaça, Brasília, DF, 2007; Palais Omnisports de Paris Bercy, Paris, 2006; Casa do Brasil,  Espanha, Bibliothèque Historique de la Ville de Paris, ambas em 2004; Centre Culturel Franco-Brésilien, 1999 e 2003 e Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, 2002, entre outras.

 

As principais exposições coletivas foram no Musée d’Art et d’Histoire de la Ville de Cholet, França, Palais de Glacê, Buenos Aires, em 2011; Castel  dell’Ovo, Itália, 2010;  Conservatoire des Arts Plastiques de Montigny-le-Bretonneux e no Grand Palais, Maison de L’Amérique Latine, França; Spazio Arte Pisanello, Itália, 2008; Satoru Sato Art Museum, Japão, 2007; Moscow Museum of Contemporary Art, Moscou; Ludwig Museum,  Alemanha, Fondation Nationale des Arts Graphiques et Plastiques, França, em 2001, entre outros.

 

Recebeu os seguintes prêmios: Medalha de Ouro do Festival Internacional de Mahares, Tunísa, em 1995, e 3º Prêmio em escultura da Bienal de Malta, em 1999.

 

De 30 de outubro a 08 de dezembro.

Itabirito na Kunsthalle

Dando continuidade à série “Processos”, a KUNSTHALLE São Paulo, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a primeira exposição individual de Ricardo Itabirito, com curadoria de Marina Coelho. Numa trajetória que se iniciou com o desenho industrial, o artista desenvolve seu trabalho dando ênfase ao processo de execução das obras, à relação com a matéria, ao ato de pintar, à gestualidade de cada pincelada e à escolha da paleta de cores. Tais questões são, para Itabirito, mais importantes do que a busca de um possível tema ou conteúdo conceitual. A KUNSTHALLE São Paulo, é um espaço dedicado à arte contemporânea. Abrigando exposições e projetos de artistas nacionais e internacionais, o espaço é caracterizado pela experimentação, formação de comunidade e criação de discussões em torno de temas atuais da sociedade e da arte contemporânea. Este conceito democrático busca proporcionar um ambiente informal, na tentativa de eliminar as hierarquias existentes nas relações entre artista, curador e público.

 

As obras de Itabirito apresentam figuras sem fundo, que rompem com o raciocínio renascentista, no qual se desenha delimitando com contornos, demarcando volumes, pensando na perspectiva e no fundo. Fundamental para o artista alcançar essa primitividade foi encontrar no suporte do papel a solução para a inexistência do fundo, pois, diferentemente de uma tela não pintada, que talvez tenha a conotação de uma obra inacabada, o papel em branco é um signo diferente que possibilita essa experiência. Os papéis estão fixados em bases de madeira apoiadas diretamente no chão, o que confere às obras uma presença volumétrica equivalente à de um corpo humano.

 

Para Itabirito o pintar e o repintar, com centenas de pinceladas, imprimem em suas obras uma força, uma presença energética, que podem ser visualizadas em cada uma de suas figuras. Apresentadas em escala humana, estas não têm rostos, olhos nem bocas, pois não estão ali para representar alguém, uma identidade, mas para tocar em questões universais da condição humana, questionar a representação do ser e, principalmente, criar uma comunicação que se dá através da sensação, e não pela palavra.

 

Até 07 de novembro de 2012.

Nove no CCBB-SP

26/out

O Centro Cultural Banco do Brasil, Centro, São Paulo, SP, apresenta “Planos de Fuga – uma exposição em obras”. Com curadoria de Rodrigo Moura, de Inhotim, e Jochen Volz, de Inhotim e curador-chefe da Serpentine Gallery, de Londres, a mostra apresenta trabalhos que dialogam com a arquitetura do prédio do CCBB-SP, incluindo instalações site-specific.

A mostra reúne trabalhos de nove artistas contemporâneos: Carla Zaccagnini, Cildo Meireles, Cristiano Rennó, Gabriel Sierra, Marcius Galan, Mauro Restiffe, Renata Lucas, Rivane Neuenschwander e Sara Ramo. Também estão na exposição obras de três artistas históricos: a suíça radicada no Brasil Claudia Andujar  e os americanos Gordon Matta-Clark e Robert Kinmont. As obras de Cildo Meireles e Rivane Neuenschwander são inéditas no Brasil.

 

Segundo os curadores “Planos de fuga é uma tentativa de se imaginar uma exposição como ato coletivo, no sentido que esta ocupação temporária específica do edifício gera uma co-habitação planejada, composta de múltiplas combinações. As obras do núcleo histórico entram como notas de referência, aludindo a estados de ânimo, lugares e operações distantes fisica e temporalmente do nosso contexto, mas a fins a ele por espírito”.

 

Sobre as obras

 

Entre os trabalhos apresentados em “Planos de Fuga” estão seis instalações site-specific criadas especialmente para o CCBB-SP. É o caso de “Cortina”, de Cristiano Rennó, que ocupará o vão central do edifício com centenas de faixas de plástico translúcido, vermelhas e amarelas, afixadas no terceiro andar do prédio e suspensas no vão. Também a instalação de Sara Ramo, montada no antigo cofre do banco, no piso subsolo. A artista desenvolveu um labirinto – mental, físico e emocional – tendo entre as referências a caixa forte do Tio Patinhas, os canteiros de obras da construção civil e a mineração de metais preciosos.  O fotógrafo Mauro Restiffe foi convidado para documentar o processo de criação da mostra, assim como o momento anterior à sua chegada ao espaço e o entorno do CCBB-SP. O resultado será fixado em um livro finalizado logo após a abertura da mostra e lançado com a exposição já inaugurada, sendo ao mesmo tempo obra e catálogo.  Entre os destaques da exposição, “Ocasião”, de Cildo Meireles, projeto de 1974 que foi construído em 2004,  na Alemanha. Um grande espelho espião conecta dois quartos independentes. No primeiro, há uma bacia cheia de dinheiro e espelhos nas paredes, fazendo o espectador se confrontar com sua imagem e o monte acessível de dinheiro. A segunda sala está vazia e escura, com o espelho espião funcionando como uma janela para a primeira sala. “A Conversação”, de Rivane Neuenschwander, foi exibida em 2010 no New Museum, de Nova York. É inspirada no filme homônimo de Francis Ford Coppola, de 1974, no qual um especialista em escutas acredita que está sendo observado, e traz dispositivos de vigilância instalados em pontos estratégicos de um museu. No núcleo histórico de “Planos de Fuga”, um conjunto de obras de artistas que ajudaram a criar referência nas relações entre arte e lugar. De Gordon Matta-Clark veremos “Coat Closet”, obra de 1973, que pertence à coleção de Inhotim e será exibida pela primeira vez no Brasil. Repórter fotográfica nos anos 1960, Claudia Andujar apresenta o trabalho inédito “São Paulo Através do Carro”, no qual fotografou a cidade enquanto uma amiga dirigia. E do experimentalista Robert Kinmont, as séries “My Favorite Dirt Roads”, de 1969, uma seleção das estradas de terra favoritas do artista, e “8 Natural Handstands”, de 1969/2009, que combina fotografia, escultura e performance e fala da  relação romântica do artista com o meio e sua presença na paisagem da Califórnia, onde ele nasceu, cresceu e trabalha até hoje.

 

De 27 de outubro de 2012 a 6 de janeiro de 2013.

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