Ivan Serpa por Adriano de Aquino

08/mar

Ivan Serpa – Amantes, 1965

A Caixa Cultural, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Olhar de Artista: Adriano de Aquino lê Ivan Serpa”, trazendo a visão do pintor Adriano de Aquino sobre a trajetória de Ivan Serpa. Na curadoria, Aquino selecionou aproximadamente 80 trabalhos de Serpa, que revelam a pluralidade própria à obra do homenageado. Ao invés de privilegiar um período da carreira de Serpa ou uma linguagem com que tenha trabalhado, a mostra explora a multiplicidade de sua trajetória, tendo como ponto de partida o quadro da “Série Geomântica”, sem título, pintado em 1973. A obra não chegou a ser concluída pelo pintor e, em catálogo, ganhou a inscrição “Inacabado” entre as suas descrições técnicas. O quadro “Inacabado” aproxima duas figuras de referência para a história da pintura brasileira, Serpa e Aquino. As trajetórias de ambos ajudam a compreender as principais forças que mobilizaram o campo artístico em meados do século XX. Cada um à sua maneira, ambos são reconhecidos por sua forte sensibilidade crítica.

 

Sobre os artistas

 

Ivan Serpa, 1923-1973, nascido no Rio de Janeiro, além de pintor e desenhista, também é reconhecido pela diversidade de linguagens que experimentou em sua trajetória. Produziu colagens em papel, desenhos, guaches, híbridos de formas abstratas e figurativas. Foi celebrado como o melhor artista jovem, na I Bienal Internacional de São Paulo, em 1951, com uma pintura já concreta. Na década de 1960, esteve ligado ao movimento concretista, sendo considerado o pioneiro no Brasil. Em 1953, juntamente com Lygia Clark, Lygia Pape, Franz Weissmann, Abraham Palatinik, Hélio Oiticica e Aluísio Carvão, articulou a criação de um núcleo de arte chamado Grupo Frente.

 

Adriano Aquino, em 1973, viajou para Paris, após receber do governo francês uma bolsa de estudos, por sua participação na mostra “12 desenhistas do Rio”. Participou da exposição, “Geometria sensível”, em 1978, realizada no MAM-Rio, marco principal de sua volta ao Brasil. Há mais de 30 anos, atua como gestor e articulador de políticas públicas para a cultura. O pintor nasceu mais de 20 anos depois de Serpa, em 1946, porém compartilhou com ele muitas das inquietações que conduziam o ambiente artístico na década de 1960, quando começou a produzir.

 

Até 28 de abril.

Novo museu no Rio

06/mar

Tarsila do Amaral – Sol Poente, 1929

O Museu de Arte do Rio, MAR, Zona Portuária, Rio de Janeiro, RJ, abriu suas portas ao público. Após quase três anos em obra e com uma reforma com custo estimado em mais de 76 milhões de reais, o complexo na Zona Portuária do Rio de Janeiro soma 15 000 metros quadrados, divididos por dois edifícios: o Palacete Dom João VI, de estilo eclético, que exibirá todas as exposições de seu calendário, e o prédio modernista – onde funcionou um terminal rodoviário – abrigará o programa educativo da novíssima instituição. O curador do espaço é o experiente crítico de arte Paulo Herkenhoff.

 

Foram inauguradas quatro exposições com a abertura do museu. No térreo se encontra “O Abrigo e o Terreno – Arte de Sociedade no Brasil I”, um projeto que deve se estender pelos próximos cinco anos e que investiga questões ligadas à ocupação do espaço público e à dinâmica da sociedade. Entre os artistas reunidos estão Antônio Dias, Hélio Oiticica, Lygia Clark, Waltercio Caldas, Lygia Pape e Raul Mourão. A outra mostra “Rio de Imagens: uma Paisagem em Construção”, aborda a evolução da cidade ao longo de 400 anos. Com cerca de 400 peças, o acervo exibe nomes importantes da cena nacional como Lasar Segall e Ismael Nery. As outras duas mostras foram idealizadas a partir de acervos de colecionadores particulares. O marchand Jean Boghici cedeu 140 obras de artistas como Tarsila, Di Cavalcanti, Brecheret, Rubens Gerchman, Kandinsky e Morandi. Outro colecionador que cedeu obras foi Sérgio Fadel com mais de 200 obras de estilo concretista, assinadas por Amílcar de Castro, Willys de Castro, Barsotti, Carvão, entre outros.

 

Até 07 de julho – Vontade Construtiva na Coleção Fadel

Até 14 de julho – O Abrigo e o Terreno – Arte de Sociedade no Brasil I

Até 28 de julho – Rio de Imagens: uma Paisagem em Construção

Até 01 de setembro – O Colecionador: Arte Brasileira e Internacional na Coleção Boghici

Marta Jourdan na Laura Alvim

05/mar

A Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de janeiro, RJ, inaugura a maior exposição da carreira da carioca Marta Jourdan, com esculturas e um filme, feitos entre 2008 e 2012. A artista apresenta esculturas cinéticas que dão forma a experiências sutis, como condensações, fusões e evaporações, para levar o espectador a perceber o acontecimento, às vezes, desprezível.

Na Laura Alvim, ela propõe um trajeto de situações ao visitante, começando por “Zona de lançamento”: uma pequena bomba envia água para a cabeça de um retroprojetor tradicional, modificado pela artista. Uma válvula acoplada ao aparelho faz pingar o líquido sobre a lente do retroprojetor, que agiganta e projeta as gotas nas paredes  ininterruptamente.

 

Na maior sala da exposição, estará o filme “Súbita matéria”, em que, com uma câmera de altíssima velocidade que registra até mil quadros por segundo, a artista filma a poesia das explosões. A captura mostra os movimentos no milésimo de segundo, revelando a delicadeza das partículas de uma explosão, a magia da água na luz,  a força de um jato que surpreende uma mulher pelas costas. Marta usou dinamites, canhão de ar e 30 mil litros de água para compor as cenas.

 

Em “InSólidos”, um dispositivo eletrônico aciona um ferro de solda que derrete barras de estanho. O estanho derretido pinga em um copo com água formando gotas sólidas.

 

No trabalho intitulado “Óleo”, a artista usa um recipiente com óleo, que espelha o ambiente. Ao se acionar um motor, o cilindro de alumínio gira em alta velocidade e desfaz a imagem refletida sobre o óleo, do ambiente e/ou do público. Quando o motor para, a imagem se recompõe. A operação dura 23 segundos.

 

“Líquidos perfeitos” é um conjunto de 11 esculturas, em que gotas d’água de recipientes de vidro pingam sobre chapas quentes de ferros industriais de passar roupa. Ao tocar a placa de 100º C, as gotas evaporam formando pequenas nuvens e produzindo um som de tzzzzziiii. Os ferros são instalados sobre bancos de madeira de diversas alturas.

 

No texto do folder, o crítico Fernando Cocchiarale diz que “Marta não quer dar forma permanente à matéria sólida. Ela cria, inversamente, máquinas voltadas não só para a alteração de estados físicos da matéria, sobretudo aqueles da transformação da solidez (condição permanente da matéria escultórica), em líquido (InSólidos) e deste, em gasoso (Líquidos perfeitos), como também para a alternância de movimento e repouso (Óleo).”

 

Sobre a artista

 

Marta Jourdan, nasceu no Rio de Janeiro, em 1972. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Graduada em Teatro pela Escola de Artes de Laranjeiras, RJ, em História pela PUC-Rio, a artista completou seus estudos em Cinema na Escola Jacques Le Coq, em Paris, onde desenvolveu técnicas de construção de objetos cênicos. Neste período trabalhou no acervo do Centro Georges Pompidou, Paris. Suas principais exposições individuais foram na Galeria Artur Fidalgo, RJ, 2012; Mercedes Viegas Arte Contemporânea, RJ, 2008 e na Fundação Eva Klabin, RJ, “Projeto Respiração”, 2007.

 

Entre as coletivas das quais participou estão “Super 8″, Christopher Grimes Gallery, Los Angeles, 2011; “Nova Escultura Brasileira”, Caixa Cultural, RJ, 2011; “Projeto Coleções Instituto Inhotim”, BH, MG, 2010; Projeto “2 em 1” Cavalariças do Parque Laje, RJ, 2009; Instituto Goethe de Nova York, 2008; Festival Multiplicidade, Sesc Pompéia, SP, 2008; Jeu de Paume, Paris, 2007; Gandy Gallery, Bratislava, Eslováquia, 2007 e Kunstverein Hamburgo, Alemanha, 2001.

 

A curadoria da programação da Galeria Laura Alvim é do crítico carioca Fernando Cocchiarale, que se despede com a exposição de Marta Jourdan, depois de dois anos.

 

Até 28 de abril

Eduardo Berliner no CCBB/Rio

26/fev

O artista Eduardo Berliner é o único brasileiro com obra na Saatchi Collection de Londres, participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2012 e esta é a maior individuai de sua carreira. A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a maior exposição individual de Eduardo Berliner. São cerca de 30 trabalhos figurativos de dimensões variadas, desenhos e aquarelas, pinturas a óleo sobre tela, duas esculturas inéditas e dois vídeos que, pela primeira vez, ele inclui em uma mostra. Segundo Berliner, seu processo escultórico segue o mesmo raciocínio da pintura. Ele sempre trabalhou com esculturas. Algumas vezes, constrói objetos a serviço da pintura. “Faço objetos, aquarelas, desenhos e a pintura é a coluna vertebral. Um alimenta o outro” diz o artista. Um dos vídeos inéditos tem bonecos feitos de massinha como personagens.

 

A construção das cenas é baseada na observação direta, em memórias e situações imaginadas. Paisagem, arquitetura, resíduos da cultura e relações humanas são reconfigurados através de narrativas pessoais e pelo próprio processo de pintura. Quando está fora de seu ateliê, Berliner  desenha e faz anotações em cadernos, usa aquarela e registros fotográficos. Suas obras costumam mostrar narrativas que causam estranhamento, o que parece tangenciar o “surrealismo”. O artista, porém, não considera o termo adequado à sua produção. O desenho ou a pintura pode surgir de algo observado ou representar situações híbridas, afetadas por imagens mentais, de coisas mundanas.

 

A palavra do artista

 

Às vezes imagino cenas complexas e tento materializá-las parcialmente no mundo, articulando objetos, filmando a mim mesmo ou pedindo para alguém posar. Fotografo a cena e faço alguns desenhos para refletir sobre as possibilidades que aquela imagem me oferece como ponto de partida para uma pintura.  Ao tentar materializar essas imagens mentais, o acaso é incorporado ao processo narrativo. A medida que avanço na fatura da pintura, minhas ações passam a ser guiadas pela necessidade do quadro e meu raciocínio torna-se mais abstrato.

 

Associo o aspecto aparentemente fantástico do trabalho a uma tentativa de criar uma analogia visual próxima do arrebatamento que sinto diante do  que minha cabeça deforma e reordena minhas memórias e sua complexidade sensorial, ou como, às vezes, ao observar algo aparentemente banal, meus pensamentos são transportados para lugares estranhos sem que eu saiba o porquê.

 

Em meu trabalho, sou obrigado a confrontar com minhas ansiedades, medos e traumas. Este confronto converte adversidade em potência.  Os animais sempre fizeram parte da minha obra desde meu primeiro trabalho, pois ocupam papel importante em minha memória da infância. Eles não são o assunto, mas parte do meu vocabulário. Às vezes não consigo avaliar se lembro de fato do animal ou se a memória veio de uma foto antiga de um álbum de família, se um coelho era real ou da estampa em um pijama. Creio que, em meu trabalho, situações que envolvem figura humana e animal seja uma tentativa de construir metáforas sobre nossa vulnerabilidade.

 

Sobre o artista

 

Eduardo Berliner nasceu, em 1978, no RJ, onde vive e trabalha. Sua formação em arte foi com Charles Watson, com quem estudou desenho e participou de seu grupo  de estudos. Paralelamente, graduou-se em Desenho Industrial e Comunicação Visual pela PUC, Rio, em 2000, e fez Mestrado em Tipografia na Universidade de Reading, Inglaterra, concluído em 2003. Berliner tem obras na Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Coleção Banco Itaú S.A., São Paulo; Coleção Saatchi, Inglaterra; Coleção Cisneros, Nova York-Caracas; Bob and Renee Drake Collection, Wassenaar, Holanda, entre outras. Esta é a quarta individual do artista. Em 2006 e 2012, participou da Bienal Internacional de São Paulo, foi finalista do “Prêmio Pipa 2011″ e foi agraciado com o “Prêmio CNI-SES/ Marcantonio Vilaça”, 2010. Sua obra fez parte de salões e coletivas em algumas capitais brasileiras e em Paris.

 

Até 31 de março.

Agnieszka Kurant no Brasil

22/fev

A galeria Fortes Vilaça, Vila madalena, São Paulo, SP, exibe a primeira exposição individual no Brasil, da artista polonesa Agnieszka Kurant apresentando uma série de trabalhos que tem como fio condutor o seu interesse por elementos fugazes ou imperceptíveis. Estes elementos norteiam as obras que tem suportes diversos e fazem referências à historia, à ciência e à literatura.

 

A idéia de um “capital fantasma” (Phantom Capital), que dá título à exposição, permeia todos os trabalhos na mostra. Este conceito se refere a uma troca de valores simbólicos, de forças intangíveis ou invisíveis que muitas vezes influenciam nossa sociedade sem que necessariamente tenhamos consciência disto.

 

Na obra “Phantom Library”, a artista produz livros imaginários, títulos que nunca foram escritos, lidos ou publicados mas que aparecem em livros reais de autores como Stanislaw Lem, Roberto Bolaño e Jorge Luis Borges, entre outros. Kurant os apresenta como objetos esculturais para os quais ela comprou números de ISBN e adquiriu códigos de barra dando-lhes assim um status no mundo material.

 

Já “MacGuffin” é uma escultura em forma de tapete que se move misteriosamente. O tapete é uma reprodução de um dos tapetes na sala da conferência de Yalta, onde os líderes mundiais definiram a divisão do mundo no pós guerra. O título da obra é um termo de técnica narrativa que define um objeto ou pessoa cuja importância não se define na trama, de certa forma como um fantasma.

 

Em88,2 mhz”, – o título da obra muda de acordo com a frequência de rádio utilizada na exposição -, um toca-fitas com um rádio transmissor, emite o som de pausas silenciosas extraídas de diferentes discursos políticos, intelectuais ou econômicos. O som é captado por uma antena que o retransmite para um rádio em um terceiro espaço da exposição. A fita com a compilação de silêncios é, por sua vez, a concretização de um trabalho fictício existente no conto de Heinrich Boll “Murke’s collected Silences” , de 1955.

 

A exposição também inclui um mapa-mundi retratando ilhas inexistentes, inventadas por exploradores do passado, impresso com tinta termo sensível que faz a imagem desaparecer conforme o calor. E “Uncertainty Principle”, uma escultura em forma de uma ilha que “magicamente” levita no ar, entre outros trabalhos na mostra, aos poucos revela o universo do desconhecido que alimenta a obra conceitual de Agnieszka.

 

Sobre a artista

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 na Polônia e vive e trabalha em Nova York. Representou seu país natal na Bienal de Veneza em 2010 com um trabalho em colaboração com a arquiteta Aleksandra Wasilkowska. Já participou de exposições individuais e coletivas tais como, CoCA, Torun, PL, 2012; Witte de With, Rotterdam, 2011; Performa Biennial, Nova York, 2009; Athens Biennale, Greece, 2009; Frieze Projects, London 2008, Moscow Biennale, 2007; Tate Modern, London, 2006; Mamco, Geneva, Italy, 2006 and Palais de Tokyo, Paris, 2004; entre outras. Foi artista residente na Location One, Nova York, 2011-2012; Paul Klee Center (Sommerakademie), Bern, 2009; ISCP, New York 2005; e Palais de Tokyo, Paris, 2004. Foi finalista, em 2009, do International Henkel Art Award, MUMOK, Vienna. Sua monografia “Unknown Unknown” foi publicada pela editora Sternberg Press,  2008.

 

Até 23 de março.

Esculturas de Toyota

Diferente de uma exposição tradicional, que mantém os visitantes a certa distância das obras de arte, a mostra “Sim, pode tocar!”, cartaz do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, convida o visitante a entrar em contato com as 18 esculturas de Yutaka Toyota não apenas pela visão, mas também pelo tato e pela audição. O público poderá ouvir a descrição das esculturas feita por um catálogo sonoro gravado em CD. As obras emitirão sons pela aproximação do espectador que, nesse ato, ativará sensores instalados em suas bases.

 

Além disso, o catálogo reproduz 10 obras em baixo relevo, para serem tocadas. O trabalho, desenvolvido principalmente para deficientes visuais, também desperta – através de texturas, formas e sons – os sentidos de quem possui visão normal. Segundo a curadora Cláudia Lopes, “as obras de Toyota são o que são, e são o que somos. Tal qual espelhos, nos incorpora e são por nós incorporados. Um reflete o outro”.

 

Sobre o artista

 

Yutaka Toyota nasceu em 1931 em Tendo, ao norte do Japão. Chegou ao Brasil em 1958 e montou, no bairro da Liberdade, uma pequena fábrica de artesanato e de móveis de charão, ou seja, móveis revestidos com um verniz negro ou vermelho que tem como base a laca. Paralelamente, montou um pequeno ateliê de pintura no qual utilizava tanto o óleo como a laca na realização de sua obra. Em 1961, foi convidado a expor em Buenos Aires, Argentina, na Galeria Velazquez. De volta a São Paulo, Toyota participou de numerosas exposições coletivas e individuais, em salões e galerias realizadas em São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro conquistando premiações importantes. Em 1965, mudou-se para a Itália, onde realizou várias individuais.

 

Na década de 1970, Toyota desenvolveu intensa atividade artística, com exposições individuais no Brasil, Colômbia, Estados Unidos e Japão, e numerosas coletivas no Brasil, Colômbia, Bélgica, Japão e Canadá. Nessa mesma década dedica-se à realização de esculturas monumentais para espaços públicos, no Brasil e no exterior. No Brasil cria e instala esculturas na Praça da Sé, Hotel Maksoud Plaza, Campus da Fundação Armando Alváres Penteado – FAAP, Aeroporto de Brasília, Hotel Mofarrej, Jardim da Luz, contíguo à Pinacoteca do Estado de São Paulo, Conselho Brasileiro Britânico, São Paulo. Em 1991 a APCA – Associação Paulista de Críticos de Arte – conferiu a Yutaka Toyota o prêmio de Melhor Escultor Nacional.

 

Até 17 de março.

Centenário de Tomie Ohtake

07/fev

Tomie Ohtake

A primeira das três exposições, “Tomie Ohtake – Correspondências”, que o Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, prepara para comemorar, em 2013, o centenário da artista que lhe dá o nome, estabelece relações de aproximação e contraposição entre a sua produção desde 1956 até 2013 e obras de artistas contemporâneos, de Mira Schendel e Hércules Barsotti a Lia Chaia e Camila Sposati, passando por Cildo Meireles e Nuno Ramos, entre outros.

 

Com curadoria de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, a mostra aponta intersecções entre os campos de interesse do trabalho pictórico, como a cor, o gesto e a textura. Segundo os curadores, a partir destes núcleos revelam-se temas e sensações inesperados, tanto na obra de Tomie Ohtake, como na de seus interlocutores.
“Partindo do gesto, por exemplo, somos conduzidos pelas linhas curvas das esculturas de aço pintado de branco de Ohtake, que atravessam o espaço e lhe imprimem movimento, as quais se encontram com a linha inefável dos desenhos Waltercio Caldas e a linha espacial composta pelo acúmulo de notas de dinheiro de Jac Leirner”, explicam.

 

Ressalta também a dupla de curadores, que a curvatura do gesto das mãos de Tomie anuncia-se nos indícios da circularidade presentes em suas primeiras telas abstratas produzidas na década de 1950 e culmina no círculo completo e na espiral, formas recorrentes nas últimas três décadas de sua produção. Esse percurso é apresentado em companhia de obras que extravasam o interesse construtivo da forma circular, procurando relações com o corpo do artista e com estratégias de ocupação do espaço, como nas obras de Lia Chaia, Carla Chaim e Cadu.

 

Uma vez que se forma o círculo, discute-se a cor, pele que corporifica toda a produção de Tomie e fundamental aos artistas que são apresentados nesse grupo. “De contrastes improváveis a variáveis que demonstram a profundidade latente em um simples quadro monocromático, exemplos de pinturas dos anos 1970 figuram lado a lado com obras recentes de Tomie e com telas de especial sutileza na produção de artistas como Alfredo Volpi, Paulo Pasta e Dudi Maia Rosa”, destacam os curadores. Segundo eles, em Tomie, a cor é sempre realizada por meio da textura e da materialidade da imagem, que foi deixada a nu em suas “pinturas cegas” do final da década de 1950.

 

Completa o pensamento curatorial a tese de que há uma longa linha de experimentos que desfazem a ilusão da neutralidade do suporte da imagem pictórica, a qual se inicia muito antes das colagens cubistas e possui um momento decisivo nas iniciativas que ousaram liberar-se do verniz em parte de algumas pinturas realizadas no século XIX. “Essa linha de experimentos tem em Tomie uma pesquisadora aplicada, que pode reunir em torno de si figuras tão distintas como Flavio-Shiró, Arcangelo Ianelli, Nuno Ramos, Carlos Fajardo e José Resende”.

 

Em agosto, os estudos de Tomie – desenhos, projetos de esculturas, colagens etc – serão tema da próxima mostra comemorativa de seu centenário em 21 de novembro de 2013. Já no mês em que a artista completa 100 anos, o Instituto inaugura uma grande exposição, “Gesto e Razão Geométrica”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e lança um novo livro sobre a obra pública de Tomie.

 

No mês de fevereiro ainda será inaugurada no dia 23 de fevereiro ( com duração até 23 de março), na Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, exposição individual da artista, também com curadoria de Agnaldo Farias, apresentando esculturas recentes e sua nova série de pinturas 2012/2013. “Nossa grande artista apresenta duas sereis inéditas de pinturas monocromáticas, uma demonstração da sua maestria em expandir as cores trabalhando-as em profundidade, criando atmosferas luminosas ou ensombrecidas”, afirma o curador.

 

De 06 de fevereiro a 24 de março.

Gianotti: exposições, seminário e livro

30/jan

Na Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, o pintor Marco Giannotti apresenta “Penumbra”, exposição que reúne 14 telas de grandes e pequenos formatos feitas a base de têmpera, esmalte (spray) e óleo, realizadas em 2012, após sua estada de um ano em Kioto, Japão, em 2011.

 

“Penumbra” é o ponto de transição entre a luz e sombra, trata-se de uma área iluminada a meia-luz. O artista retoma questões presentes já no seu mestrado em filosofia em 1993, quando traduziu parcialmente a “Doutrina das Cores” de Goethe. Na introdução do livro, o autor nos diz que as cores “são ações e paixões da luz”, ou seja,  a cor nasce do embate entre luz e escuridão. Ao retomar uma concepção clássica, Goethe inaugura, por outro lado, uma interpretação fisiológica da cor, que passa a ter uma importância enorme para os pintores a partir do impressionismo. De fato, a teoria física sobre o fenômeno cromático não trata propriamente da percepção da cor, fundamental para a pintura.

 

Ao término da exposição, dia 9 de março, na galeria, o livro será lançado em sua terceira edição pela editora Nova Alexandria, desta vez com ilustrações coloridas, celebrando os vinte anos de sua primeira publicação aqui no Brasil.

 

Além da obra de Goethe, outro ponto de partida para esta exposição é “Em louvor da sombra”, de Junichiro Tanizaki, célebre escritor japonês do século XX. Nesta obra, o autor afirma que o aposento japonês é comparável a uma pintura monocromática a sumi, (tinta a base de nanquim em gradações de preto e branco) em que os painéis (shoji) correspondem a tonalidade mais clara e o nicho (tokonoma) à mais escura. Ele lamenta a introdução da luz elétrica no Japão, analisando como mais um elemento ocidental exógeno que vem a desconfigurar a cultura Japonesa.

 

Por fim, outra referência importante que deve ser levada em consideração é a obra “Shadows” de Andy Warhol, feita em homenagem ao pintor metafísico Giorgio de Chirico após sua morte em 1978 e atualmente presente no Dia Art Foundation. Trata-se talvez da obra menos pop do artista, que flerta com a abstração e uma dimensão mais metafisica da pintura.

 

A exposição de certa forma representa também uma síntese de duas exposições anteriores do artista “Passagens” realizada em 2007 na Pinacoteca do Estado e “Contraluz”, feita em 2009, no Gabinete de Arte Raquel Arnaud.

 

De 02 de fevereiro a 09 de março.

 

 

Gianotti: livro e exposição 

 

Paralelamente à sua exposição de pinturas na Galeria Raquel Arnaud, será lançado no Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, juntamente com uma exposição, o caderno de viagem de Giannotti, concebido durante a sua permanência em Kioto, em 2011. Ao longo do período em que ministrou aulas de cultura brasileira na Universidade de Estudos Estrangeiros de Kioto, o artista e professor escreveu uma série de artigos para o jornal O Estado de S.Paulo. Esses textos e as obras – colagens e fotografias – produzidas a partir desta experiência no Japão estão reunidos em “Diário de Kioto”, editado pela WMF Martins Fontes.

 

O livro traz as impressões poéticas, plásticas, intelectuais e afetivas de Giannotti sobre suas visitas a templos budistas e xintoístas, a vilas, como a Katsura, bem como a museus contemporâneos, como o Benesse Art Site, em Naoshima, projeto de Tadao Ando, ou o Museu Miho, feito pelo arquiteto I. M. Pei. O dia-a-dia de Kioto e as inúmeras cerimônias e rituais que demarcam a passagem das estações são também observados pelo autor.

 

De 21 de fevereiro a 21 de abril.

 

 

Gianotti : seminário

 

Em março, Marco Giannotti promove um Seminário internacional sobre a Cor, no Centro Universitário Maria Antonia, Consolação, São Paulo, SP, contando com a participação de professores e curadores como David Anfam (editor da Phaidon Press, premiado pelo catálogo raisonné de Rothko), Takashi Suzuki (curador do museu Kawamura em Chiba, Japão) e, Toshya Echizen (professor de estética da universidade Doshisha, em Kioto) e Ana Magalhães, curadora do MAC de São Paulo (Centro Universitário Maria Antonia).

 

Dias 03 e 04 de março.

Fialdini na Raquel Arnaud

Um dos principais fotógrafos brasileiros, Romulo Fialdini, nesta sua primeira individual na Galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, São Paulo, SP, revela a sua poética singular ao apresentar 24 fotografias autorais. A exposição “Pensei que fosse só eu”, reúne imagens selecionadas pela curadora Galciani Neves, que fazem parte de um livro de mesmo nome, que será lançado pela editora Superbacana +, na abertura da exposição, com cerca de 100 fotografias, em preto e branco, concebidas ao longo da extensa carreira do fotógrafo.

 

Para a exposição, a curadora destaca as imagens que evidenciam a singularidade das composições do fotógrafo a partir de seu olhar sobre a arquitetura e os espaços urbanos. Para o livro a curadora pesquisou o arquivo autoral de Romulo Fialdini que contém mais de 8 mil fotos. As obras selecionadas “são recortes de tempo distanciadas do fluxo da vida, como uma pausa ao ritmo do consumo das imagens rápidas atadas aos apelos artificiais”.

 

Depois de 12 anos dedicados ao design, o estúdio Superbacana ampliou a sua atuação ao criar a editora Superbacana +, com a proposta de desenvolver projetos culturais que conjuguem a produção de livros-objeto com exposições das obras publicadas. “Pensei que fosse só eu”, de Romulo Fialdini, é o projeto de estreia da editora, com tiragem inicial de 1500 exemplares, sendo 100 em formato de livros-objeto, em caixa acrílica, numerados, assinados e acompanhados de jogo da memória baseado nas fotos do livro.

 

Sobre o artista

 

Rômulo Fialdini foi fotógrafo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand de 1971 a 1974, onde produziu imagens para catálogos, livros de Pietro Maria Bardi e para o arquivo de documentos de Lina Bo Bardi. Essa experiência repercutiu em sua carreira e até hoje destaca-se como fotógrafo especialista na reprodução de obras de arte. Desde 1975 trabalha como fotógrafo independente, atuando também no campo editorial e de publicidade. Em paralelo, dedica-se à fotografia urbana e de arquitetura, realizando ensaios em preto e banco sobre cidades como Nova Iorque, Chicago e Montevidéu.

 

De 02 de fevereiro a 09 de março.

Geraldo de Barros em Londres

23/jan

A exposição “Geraldo de Barros | What Remains” organizada pela The Photographers’ Gallery, 16-18 Ramilies Street, Londres, Inglaterra, visa prestar uma homenagem ao talento de Geraldo de Barros. A mostra é uma tentativa de “diálogo” entre duas séries fotográficas criadas pelo artista, a saber: “Fotoformas” e “Sobras”. Estas séries pertencem aos anos de 1941 a 1946, e de 1996 a 1998. Artista múltiplo, Geraldo de Barros nasceu em São Paulo em 1923, e sua obra estende-se à pintura e ao design.

 

Pautado pelo experimentalismo em tudo que criou, Geraldo de Barros é reconhecidamente como um dos nomes precursores da fotografia moderna brasileira. Como membro ativo do Clube Bandeirantes, e influenciado por teorias psicanalíticas, acabou criando sua própria identidade visual. Como desbravador usou de técnicas e recursos inesperados para aquele período: ângulos e perspectivas inesperados, que geram formas abstratas. Mas também múltiplas exposições, filtros caseiros, justaposição de luz e sombra, rabiscos e desenhos sobre os negativos. Muitos desses elementos fazem parte de diversas composições na série “Fotoformas”.

 

Já a série “Sobras” localiza-se na parte final de sua vida. Motivado pela criatividade costumeira, o artista resolveu revigorar, através de experimentos, seu arquivo fotográfico e passa a utilizar de colagens feitas a partir de recortes e desenhos sobre negativos antigos, colados em placas de vidro que ganham novos significados através de lapsos, com cortes vazados que revelam fundos vazios.

 

Até 07 de abril.