Visualidade afro-brasileira de Luiz Moreira

26/fev

A exposição “A luz da beleza”, de Luiz Moreira, com curadoria de Marcus de Lontra Costa, experiente curador e crítico de arte, que já esteve à frente do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, estará em cartaz até 07 de abril, na Biblioteca Mário de Andrade, São Paulo, SP. A mostra reúne 31 imagens em grande formato, vídeos da série visual do artista “Ayê e Orum” e “Oxum às margens do Rio da Barra”, além de adornos e objetos em colaboração com os artistas Diego Silf, Felipe Maltone e Victor Hugo Mattos. Em 2022, o projeto “A Luz da Beleza” passou pela Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro, atingindo recorde de público na instituição. Agora, na icônica biblioteca da capital paulista, a mostra traz imagens inéditas e uma nova expografia.

A palavra do curador

Nos tempos atuais, quando vemos parte significativa da população brasileira ocupando os espaços de ação que sempre lhe foram negados, jovens pretos ainda são assassinados e episódios de racismo se repetem. Existe, assim, um clamor por igualdade e inclusão, também presente no campo da afirmação estética, na valorização do universo da visualidade afro-brasileira…os trabalhos de Luiz Moreira se apropriam da extrema riqueza visual e dos ritos religiosos vindos da África, dando-lhes um sentido transformador, em diálogo com técnicas e materiais tecnológicos contemporâneos. É o “afrofuturismo” vindo à tona em cores chamativas e cheias de contrastes. As imagens vibram diante do nosso olhar e as personagens fotografadas caminham entre nós como num desfile de carnaval, combinando sedução e encantamento.

Sobre o artista

Dividindo-se entre Miami e o centro de São Paulo, Luiz Moreira nasceu na periferia da capital, no Jardim Ângela, onde morou até os 18 anos. Sua relação com a imagem é inspirada em sua própria experiência como morador de um bairro periférico. Começou a fotografar em projetos acadêmicos no curso de comunicação social e então passou a se dedicar à fotografia de rua em São Paulo e Nova York, explorando o cotidiano desses grandes centros. O trabalho estético e documental do fotógrafo combina uma afinidade com a cultura contemporânea com um interesse pelas perspectivas diaspóricas e o culto às orixalidades das religiões de matriz africana. Suas séries documentais como “Porta do Mar” e “Santo Negro” apareceram em importantes festivais e feiras nacionais e internacionais, como a Art Basel (edição de 2019, em Miami), o Festival AfroPunk (as edições que aconteceram em Johanesburgo, Atlanta e Salvador) e o Troy House Art Foundation London, em 2023.

Paço Imperial exibe Ana Holck

29/nov

Neste sábado, dia 02 de dezembro, o Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Entroncados, Enroscados e Estirados”, com obras inéditas da artista carioca Ana Holck, que marcam uma nova fase na sua reconhecida e destacada trajetória de 22 anos nas artes. Com curadoria de Felipe Scovino, serão apresentados oito trabalhos, pertencentes às três séries que dão nome à mostra. As obras, que foram produzidas este ano, em porcelana e aço inox – materiais até então nunca utilizados pela artista -, transitam entre a ideia de pintura e escultura.

“Os objetos criam uma situação transicional, variam entre serem bidimensionais e tridimensionais, colocando-se de maneira duplamente vetorizada, ou seja, tem uma proximidade com a pintura – não só pelo fato de estarem presos à parede, mas especialmente pela grafia destes trabalhos – e, ao mesmo tempo, não deixa de ser uma escultura”, afirma o curador Felipe Scovino.

Os novos trabalhos se aproximam muito dos temas sobre os quais a artista já vem se debruçando desde o início de sua trajetória: a cidade, o urbano, a arquitetura e a construção civil. No entanto, se nas obras anteriores Ana Holck utilizava materiais pré-fabricados, industrializados, como blocos de concreto, tijolos e vinis adesivos, nesta nova fase a artista resolveu experimentar, pela primeira vez, materiais mais maleáveis. “Não sou ceramista, a porcelana para mim é um meio a mais para fazer escultura e por isso mesmo sempre quis juntá-la com outros materiais”, conta a artista, que usa uma fita de aço inox maleável, com mola, para essa combinação com a porcelana. Formada em Arquitetura e Urbanismo, a artista utiliza em suas obras muitas questões ligadas a sua formação, mas de forma diferente. “Minha percepção do espaço com base na temporalidade da experiência vem da arquitetura, mas procuro desconstruir o que aprendi, aceitando o improviso, o acaso, o acidente”, diz. Apesar do encanto pelo novo material, Ana Holck encontrou na cerâmica um desafio às suas obras monumentais, que marcam sua trajetória. A solução para aumentar a escala veio a partir de peças que se encaixam, com módulos e repetições. O aço inox entrou como um elemento de ligação. “Este metal que utilizo tem uma mola, que dá estrutura, o que me atraiu bastante. Os “arranjos” dos tubos de porcelana geram um núcleo a partir do qual o metal se expande no espaço, gerando um desenho que não é muito controlado, no qual há um dado de surpresa”, conta a artista que, apesar de utilizar um material bruto e maleável, ela o subverte, transformando a porcelana em tubos de bitolas regulares, pré-estabelecidas, através de uma prensa chamada extrusora. “A passagem pelo equipamento apaga as digitais deixadas pela manipulação do barro, tornando-o impessoal, indo contra sua natureza moldável e imprimível”, ressalta. Além disso, os materiais são afastados de sua funcionalidade original: a cerâmica, que em seu uso cotidiano costuma conter algo, em potes, vasos e louças, aqui torna-se passagem para o metal, que cria desenhos no espaço.

Esses desenhos, por sua vez, criam um jogo de luz e sombra. “A incidência da luz sobre os trabalhos projeta uma sombra que, por sua vez, reforça a ideia de dinâmica e de velocidade das três séries e causa também uma sensação de prolongamento desta grafia no ambiente, criando desenhos no espaço”, afirma o curador Felipe Scovino, que destaca, ainda, que, apesar de não serem trabalhos cinéticos, a ideia de dinamismo e velocidade explora esse aspecto. Além disso, ele ressalta que há, nestes trabalhos, uma referência ao construtivismo russo e ao minimalismo norte-americano.

Séries em exposição

Na mostra serão apresentadas as séries: “Entroncados”, “Enroscados” e “Estirados”.

“Entroncados”, série composta por esculturas feitas a partir da junção aleatória de partes de tubos de porcelana, que são previamente produzidos pela artista. Em seguida, são passadas, por dentro deles, uma única fita de aço inox, gerando um inesperado desenho no espaço. “Antes frágil, a porcelana é agora testada pela força da mola da fita de inox, que percorre e tensiona o tubo de cerâmica, a parede, o ar. A passagem de uma única fita de metal que percorre os tubos gera um segundo desenho, não premeditado”, conta a artista, que vê neste título a questão urbana, sugerindo vias que se entroncam.

Já “Enroscados” são caracterizados pela repetição de módulos curvos, onde a fita de metal completa os desenhos circulares sugeridos pelos tubos em porcelana. “Nesta série temos um movimento repetitivo e obsessivo do metal percorrendo os tubos como calhas, que cumpre este papel de errar, desviar, sair do eixo. Me interessa a repetição dos elementos e sua organização no espaço”, afirma Ana Holck.

A última série, “Estirados”, se relaciona com a primeira, mas é composta por elementos lineares, criando uma tensão maior entre a rigidez da cerâmica e a maleabilidade do metal. A mostra será acompanhada de um catálogo em formato e-book a ser lançado ao longo do período da exposição.

Sobre a artista

Ana Holck (Rio de Janeiro, 1977) é formada em Arquitetura e Urbanismo pela FAU/UFRJ (2000), com Mestrado em História pela PUC-Rio (2003) e Doutorado em Linguagens Visuais pela EBA-UFRJ (2011). Inicia sua trajetória nos anos 2000, com instalações de grande formato, entre as quais, Elevados, no Paço Imperial (2005), Bastidor, no CCBB RJ (2010) e Splash, no SESC Pinheiros (2010). Entre suas principais mostras individuais estão Perimetrais, MdM Gallery, Paris (2013); Perimetrais, Zipper Galeria, São Paulo (2012); Ensaios Não Destrutivos, Anita Schwartz Galeria, Rio de Janeiro (2012); Os Amigos da Gravura. Museu da Chácara do Céu (2010). Entre as coletivas estão: Coleção Edson Queiroz, Fortaleza (2016), Edital Arte e Patrimônio, Paço Imperial (2014), Mulheres nas coleções João Sattamini e MAC Niterói (2012)  Lost in Lace, no Birmingham Museum and Art Gallery, Inglaterra (2011); 1911-2011 Arte Brasileira e depois na Coleção Itaú Cultural. Paço Imperial (2011); AGORA simultâneo, instantâneo. Santander Cultural, Porto Alegre (2011); Trilhas do Desejo, Rumos Artes Visuais 2008/2009. Itaú Cultural (2009); Borderless Generation: Contemporary Art in Latin America. Korea Foundation, Coréia do Sul (2009); e NOVA ARTE NOVA. CCCBB RJ e SP (2008/2009). Possui obras nos acervos do Itaú Cultural, Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAM Rio, MAM São Paulo, MAC Niterói, entre outros. A artista está no recém-lançado livro “Remains – Tomorrow: Themes in Contemporary Latin American Abstraction”, organizado por Cecília Fajardo-Hill.

Sobre o curador

Felipe Scovino é professor Associado do Departamento de História e Teoria da Arte e do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da UFRJ. Foi curador de exposições como Lygia Clark: uma retrospectiva (cocuradoria com Paulo Sérgio Duarte, Itaú Cultural, São Paulo, 2012), Cao Guimarães: estética da gambiarra (Cavalariças, Parque Lage, Rio de Janeiro, 2012), Emmanuel Nassar: estes nortes (Centro de Arte Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2012), Barrão: Fora daqui (Casa França-Brasil, Rio de Janeiro, 2015), Narrativas em processo: Livros de artista na coleção Itaú Cultural (Palácio das Artes, Belo Horizonte, 2019), Franz Weissmann: o vazio como forma (Itaú Cultural, São Paulo, 2019) e Abraham Palatnik: a reinvenção da pintura (co-curadoria com Pieter Tjabbes, CCBB, Brasília, 2013; CCBB, Rio de Janeiro, 2017), que recebeu o prêmio de melhor exposição pela APCA em 2014. É organizador de diversos livros e ensaios sobre arte brasileira para catálogos e periódicos nacionais e internacionais. Foi professor visitante no Departamento de Artes da Universidad de Chile, em 2014, e da University of the Arts, Londres, em 2021. Escreve regularmente para Artforum desde 2017 e escreveu para a Folha de S. Paulo entre 2015 e 2016. Entre 2017 e 2020 foi curador do Clube de Gravura do MAM-SP.

Mulheres sul-americanas e suíças

29/set

 

Um grupo formado por artistas mulheres sul-americanas e suíças – entre elas duas brasileiras – vai ocupar neste sábado, dia 30 de setembro, das 11h às 19h, a Casa França-Brasil, no Centro do Rio, com entrada gratuita. Elas farão performances com música, vídeo, dança, em que abordam cenas cotidianas, questões de gênero e de desigualdade. O Rio foi o escolhido para sediar o terceiro encontro do grupo, que começou esta troca coletiva de práticas artísticas em 2018, em Buenos Aires, e depois em 2021, na cidade de Basel, na Suíça.

As artistas que estarão no Rio de Janeiro são: Andrea Saemann (1962, Basel, Suíça), Barbara Naegelin (1967, nasceu na Venezuela e cresceu na Suíça, e vive em Basel), Chris Regn (1964, Nuremberg, Alemanha, e vive entre Hamburgo e Basel), Cinthia Mendonça (1980, Minas, vive na Serrinha do Alambari, Serra da Mantiqueira), Dorothea Rust (1955, Zurique, Suíça), Gisela Hochuli (1969, Berna), Jazmín Saidman (1987, Buenos Aires), Maja Lascano (1971, Córdoba, Argentina), Nicole Boillat (1974, Biel, Suíça) e Paola Junqueira (1963, São Paulo, vive em Ribeirão Preto). A artista Luján Funes (1944, Tandil, Argentina) estará presente com um vídeo.

No Rio desde o dia 19, elas estão em uma residência artística na Vila Laurinda, em Santa Teresa, para troca de experiências e práticas artísticas. Elas quiseram absorver a atmosfera da cidade, do mar, da cultura carioca, suas cores e música, para criar novas abordagens de participação e colaboração para o público do espetáculo na Casa França-Brasil.

Franz Weissmann na Casa França-Brasil

22/set

Após onze anos sem uma individual no Rio de Janeiro um dos mais importantes nomes do movimento neoconcreto brasileiro ganha exposição inédita – até 19 de novembro – na Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Cumprindo um intervalo de 22 anos desde a última exposição individual de Franz Weismann (1911-2005), a Casa França-Brasil inaugura mostra inédita do renomado artista.

A exposição intitulada “Franz Weissmann: Ritmo e Movimento” oferece ao público carioca a oportunidade de contemplar 20 obras que ilustram diversos aspectos da trajetória desse multifacetado artista, que atuou como escultor, desenhista, pintor, professor e como escultor fundamentou as bases de um pensamento escultórico brasileiro. Com o patrocínio da Petrobras e curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, a mostra explora as íntimas  relações entre as obras de Franz Weissmann e a paisagem, ocupando o histórico prédio da Casa França-Brasil através de diálogos de formas e cores no espaço.  Além disso, os visitantes terão a chance de apreciar a diversidade dos procedimentos e manipulações presentes no processo criativo de Franz Weissmann, como as cisões, as dobras, as aglutinações e até mesmo o simples ato de amassar, incorporado pelo artista em obras dos anos 1970. A proposta da exposição é apresentar este importante nome da escultura brasileira para as novas gerações e também oferecer uma importante oportunidade de mergulhar em seu universo e explorar a riqueza de sua expressão artística.

“Weissmann é o escultor das linhas e dos vazios, as suas obras incorporam o espaço, dialogam com a paisagem e entre os grandes artistas marcados pelo concretismo e neoconcretismo Weissmann é essencialmente a voz do Rio de Janeiro, ele incorpora a paisagem luxuriante da cidade, suas formas, sua natureza, sua arquitetura e cria um diálogo permanente entre a arte e a natureza, entre a sensibilidade e a beleza, Weissmann  também dialoga com o espaço criativo  que é a Casa França-Brasil”, diz o curador Marcus de Lontra Costa

Franz Weissmann nasceu na Áustria em 1911 e chegou ao Brasil em 1921. Com ativa relação com o cenário cultural brasileiro, se tornou um dos mais importantes nomes dos movimentos artísticos que, nos anos 1950, transformaram o nosso ambiente artístico. Integrante do Grupo Frente (1955) e do movimento neoconcreto, suas obras sintetizam a proposta de associar o método construtivo à experiência lírica da criação artística, princípios teóricos do projeto neoconcreto carioca que alcançaram repercussão internacional pela profundidade de suas rupturas e por uma proposta de reconexão entre arte e vida.

“A trajetória de Weissmann é fundamental para entendermos a importância do salto que o movimento neoconcreto carioca dá em relação tanto ao objeto artístico como também ao papel da arte e do artista. Através de uma manipulação da geometria ele mantém a liberdade do fazer artístico como um processo de experimentar e não apenas como uma produção estritamente racional. Assim como Lygia Clark, Helio Oiticica, Aloisio Carvão e outros contemporâneos, Weissmann e sua obra representam uma trajetória de emancipação da arte que estrutura toda a produção brasileira, das gerações seguintes ao ambiente contemporâneo”, afirma o curador Rafael Fortes Peixoto.

Esta exposição, encerra o projeto “Paisagens Fluminenses”, que graças ao apoio da Petrobras através da Lei Estadual de incentivo à Cultura, permitiu à Casa França-Brasil revitalizar suas ações culturais ao longo deste ano. Com números de visitação expressivos, estas mostras reforçam a relevância deste espaço como importante equipamento da arte e da cultura fluminense.

“Weissmann constrói volumes que editam a paisagem através de um diálogo de imagens alternadas a partir do ponto de vista do espectador. A cor, como elemento fundamental do processo construtivo, define a obra como uma presença no espaço. Na síntese entre a clareza do método e a experiência barroca da forma, as esculturas de Weissmann habitam a malha urbana. Como elementos de surpresa e provocação do olhar, suas obras revelam ritmos inesperados e novas maneiras de se ver e apreender o mundo”, complementam os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto, no texto de abertura da exposição. “Franz Weissmann: Ritmo e Movimento” é a terceira de três exposições da série “Paisagens Fluminenses” que foram apresentadas ao longo de 2023 na Casa França-Brasil. Contemplada na chamada do Programa Petrobras Cultural Múltiplas Expressões, conta com o apoio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, e o patrocínio da Petrobras, através da Lei de Incentivo à Cultura, com o intuito de revitalizar o espaço, tomando como ponto de partida sua importância histórica, cultural e de valorização da produção artística brasileira.  A primeira da série, “Navegar é Preciso – paisagens fluminenses”,  ficou ambientada na Instituição com grande sucesso de público, a segunda foi “O real transfigurado | Diálogos com a Arte Povera | Coleção Sattamini/MAC-Niterói”, recebendo mais de 20 mil espectadores em menos de dois meses de exibição.

O fluxo de narrativas de José Rufino

18/set

Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa e Oi, através da Lei Estadual de Incentivo à Cultura, apresentam – até 29 de outubro – a exposição inédita de José Rufino que ocupa três andares do Futuros – Arte e Tecnologia sendo esta a 24ª individual do artista apresentando instalação criada especialmente para a ocupação, e integrou a programação paralela da ArtRio 2023.

Durante mais de 20 anos, José Rufino conciliou a carreira de geólogo e paleontólogo com a de artista visual, iniciada em 1984 – à qual se dedica integralmente há quase três décadas. A influência do trabalho científico em sua produção artística se iniciou de forma esporádica e instintiva, mas ganhou importância crescente em sua pesquisa ao longo do tempo. O “Projeto Fossilium” se propõe a ser um divisor de águas na trajetória do artista ao radicalizar de forma definitiva a junção entre os dois saberes, enquanto lados indissociáveis de sua obra poético-científica. A curadoria é de Franklin Espath Pedroso.

“Sempre disse que a arte tinha surgido para completar aquilo que a ciência e a paleontologia não me permitem ficcionar, subverter o estado das coisas da natureza. O paleontólogo só pode medir, comparar, dar nome científico, enfim, não pode inventar. E por isso vinha a arte, para completar esse outro lado”, explica José Rufino. Ao longo dos anos, compreendeu a ciência também com gosto do pesquisador e com mais sensibilidade. E por outro lado, foi entendendo que a arte também precisava de métodos. “Hoje entendo a arte como ciência da arte. Ela passou a ser encarada como área de conhecimento pelo CNPq desde os anos 80, então não tenho mais pudor de chamar hoje de Ciência da Arte, assim como existem as Ciências Humanas, Exatas e Naturais”, completa.

“Ao propor esse projeto percebi que Rufino já tinha claramente esses dois lados manifestos, que havia espaço para um aprofundamento mais contundente dessa pesquisa que ele vinha desenvolvendo, mas ainda não tão evidenciada em sua obra. Acredito que ele agora teve a ousadia necessária para estabelecer essa comunhão”, analisa Franklin Pedroso, curador da mostra.

“O Projeto Fossilium promove um fluxo de narrativas nas quais se misturam temporalidades, realidade e ficção em um trânsito entre arte, ciência, história e natureza. Esta abordagem de Rufino está em total sintonia com a proposta do nosso espaço”, destaca o diretor artístico do Futuros – Arte e Tecnologia, Felipe de Assis.

A ocupação do Futuros – Arte e Tecnologia começa no térreo, onde vídeos de making of de José Rufino em seu ateliê na Paraíba e uma videoarte produzida pelo artista serão exibidos nos três monitores próximos à escada e no videowall, respectivamente. Nos três andares seguintes, Fossilium recria o percurso do cientista – desde a pesquisa de campo, a coleta de materiais, passando pela catalogação e identificação até a exibição -, desta vez, no entanto, munido da fantasia, da abertura para a ficção próprias do fazer artístico.

Batizado de Mente et Maleo – lema universal da Geologia que significa Mente e Martelo -, o espaço expositivo do primeiro andar, abrigará obras criadas a partir de objetos e impressões coletadas em expedições realizadas por José Rufino em regiões do Cariri, Sertão, Curimataú, Agreste, Seridó e litoral da Paraíba, estado natal do artista, formando uma espécie de reserva técnica,  como se um cientista tivesse acabado de chegar de suas expedições, desembalando os materiais de campo, para começar a classificá-los e apresentá-los ao público. Assim como o paleontólogo resgata histórias, fragmentadas em provas de vida condensadas pelo peso do tempo, José Rufino busca novas possibilidades de um resgate afetivo das memórias, estabelecendo narrativas que buscam unir passado e o presente, marca recorrente de sua trajetória artística.

O nome do segundo andar da mostra, De Natura Fossilium (Sobre a natureza dos fósseis, em latim), mote da exposição, repete o título de um dos livros do cientista alemão Georgius Agricola (1494-1555), considerado o “pai da mineralogia”: “Na época de Agricola, a palavra fóssil tinha um significado mais amplo e se referia a minerais, fósseis, tudo que era retirado do chão”, conta José Rufino. Nesse espaço, cria seu museu imaginário e expande a relação entre a arte e a ciência em peças onde os dois campos se fundem e confundem. Pedras, gesso, ferro, folhagens, areia, conchas, ossos, concreto e terra são alguns dos materiais que dão origem a fósseis quiméricos, mas cuja abstração não se desprende de todo a uma lógica científica, evidenciando a comunhão entre os dois saberes na obra do artista. Compõem ainda a mostra intervenções sobre fotografias e gravuras, algumas com mais de cem anos, que foram as primeiras representações de tempos passados, os paleoambientes.

José Rufino aproveita a ocasião para levantar uma questão que acredita ser fundamental – em nenhuma das obras são utilizados fósseis reais, fato que será sinalizado na exposição. Por seu valor histórico-científico, a legislação brasileira não permite o uso nem a posse particular desses materiais: “Acho pertinente e apropriado em uma mostra que fala sobre o assunto salientar esse fato para o público e alertar inclusive para o tráfico internacional de fósseis e a falta de cuidado com o patrimônio geológico-paleontológico”, destaca.

A última parte da mostra – cujo nome também se apropria do nome de um livro de Agricola, De re mettalica (Da questão dos metais) – ocupa o terceiro andar da instituição, onde José Rufino cria uma instalação site specific sobre a mineração. A obra versa sobre a relação do ser humano com a natureza, os bens minerais como fonte de lucro, o ciclo de decomposição das rochas e a evolução da vida. Blocos de basalto, tecidos com fotografias e desenhos, almofadas pneumáticas e pontas de perfuração usadas na mineração são algumas das peças que são ressignificadas pelo artista em um cenário cujo tom catastrófico convida o público a refletir sobre a urgência do assunto.

Depois de enfrentar, no início da carreira, certa resistência em relação à coexistência entre as duas atividades, José Rufino acredita ter hoje seus dois “eus” um pouco melhor compreendidos: “Havia uma espécie de limbo onde por vezes eu me sentia, como se cada lado me diminuísse em relação ao outro, como se fosse uma coexistência proibida, campos incompatíveis e inconciliáveis”, acredita. Hoje, se entende cada vez mais à vontade como produto desses dois saberes. “Essa mostra é como uma retomada de terreno, de pensamento. Por isso a considero a mais importante de todo o meu percurso artístico. É uma espécie de transe entre as epistemologias da geologia, paleontologia e arte. É um desafio enorme, como se eu estivesse tentando, de fato, propor uma área de atuação conjunta”.

Franklin Pedroso endossa o pensamento do artista e completa: “Ao percorrer a exposição, o visitante é instigado a questionar nossa história, a ciência e, sobretudo, o papel da arte. José Rufino assume o desafio de um grande artista, cujo trabalho transcende as fronteiras da arte e da ciência, deixando um legado de questionamentos sobre a preservação do patrimônio natural e reflexões sobre nosso passado, presente e futuro”.

Sobre o artista

José Rufino (José Augusto Costa de Almeida) nasceu em 1965, em João Pessoa, Paraíba, onde vive e trabalha. Artista e professor de Artes Visuais da Universidade Federal da Paraíba. Ao longo dos 35 anos de trajetória, participou de mais de 300 exposições no Brasil e exterior, entre individuais e coletivas. Desenvolveu sua jornada artística passando da poesia para a poesia-visual e, em seguida, para a arte-postal e desenhos, ainda nos anos 1980.  O universo do declínio das plantações de cana-de-açúcar no Brasil conduziu seu trabalho inicial em desenhos e instalações com mobiliário e documentos de família e institucionais. Nos anos 90, deu início a uma longa série de instalações, Respiratio, Lacrymatio, Plasmatio, Faustus, Ulysses, Divortium Aquarum, dentre outras, sempre vinculadas a questões sociais e políticas. Realizou grandes individuais, em espaços como Museu de Arte Contemporânea de Niterói; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba; Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro; Casa França Brasil, Rio de Janeiro; Museu Andy Warhol, Pittsburgh, USA; e Palácio das Artes, Porto, Portugal.  Participou de Bienais como a 25ª Bienal Internacional de São Paulo, e das Bienais de Havana, Venezuela, Mercosul, Curitiba e Bienal de Cerveira, em Portugal. Integrou em 2019, a Bienal Internacional de Gaia, também em Portugal. Em 2016 ganhou o prêmio Mário Pedrosa – Artista Contemporâneo, da Associação Brasileira de Críticos de Arte. Tem realizado incursões nas linguagens cinematográfica e literária, sendo autor do livro Afagos, editado pela Cosac e Naif, e do livro Desviver, ainda inédito, mas que ganhou o prêmio Bolsa de Criação Literária da Funarte. Produziu os livros de artista “Olholho” e “Mosto”, ambos com tiragem assinada de 100 exemplares. Diálogos dicotômicos entre memória e esquecimento, opulência e decadência ou público e privado contaminam sua produção por completo.

Sobre o curador

Franklin Espath Pedroso é arquiteto formado pela Universidade Santa Úrsula no Rio de Janeiro (1987), cursou o Mestrado em História e Crítica da Arte na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Especializou-se também em Art Administration pela New York University. Além de atuar como curador independente, ocupa-se da coordenação de montagens e produção de exposições. Foi professor adjunto no curso de Arquitetura das Faculdades Integradas Silva e Souza de 1988 a 1992. Foi curador-adjunto da IV Bienal do Mercosul. Foi curador-geral adjunto da Mostra do Redescobrimento em São Paulo e curador dos módulos Moderno e Contemporâneo. É membro do Conselho Curatorial do Instituto de Arte Contemporânea em São Paulo. Realizou também curadoria de mostras no Museo de Arte Moderno de Buenos Aires, CAPC de Bordeaux, National Museum of Women in the Arts em Washington, bem como coordenou diversas mostras como Body and Soul no Guggenheim Museum de Nova York, Museo de Bellas Artes em Santiago, Fundación PROA, Centro de Arte Recoleta e Museo de Bellas Artes, ambos em Buenos Aires. Realizou a curadoria da retrospectiva do artista Luis Felipe Noé para o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição da artista Silvia Rivas no Museo de Arte Latino Americano Eduardo Costantini em Buenos Aires e organizou o livro sobre o Palácio Pereda, também em Buenos Aires. Foi curador assistente da coleção do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, tendo experiência também no Museum of Modern Art de Nova York trabalhando na produção, organização e montagem de exposições. Realizou design e execução de montagem de outras exposições, além de ter coordenado a montagem das Salas Especiais da 23ª Bienal Internacional de São Paulo. Sua experiência internacional se estende à produção de exposições de arte em importantes instituições de Nova York, Washington, Chicago, Paris, Bordeaux, Glasgow, Colônia, Sevilla, Lisboa, Copenhagen, entre outras.

Galerias

As galerias do centro cultural já foram ocupadas por expoentes internacionais de diversas vertentes, como Andy Warhol, Nam June Paik, Tony Oursler, Jean-Luc Godard, Pierre et Gilles, David Lachapelle, Chantal Akerman; e brasileiros como Luiz Zerbini, Rosângela Rennó, Daniel Senise, Lenora de Barros, Iran do Espírito Santo, Arthur Omar, Marcos Chaves e outros. Nas artes cênicas, o espaço foi palco de espetáculos inéditos e premiados de Felipe Hirsh, Gerald Thomas, Enrique Diaz, Antonio Abujamra, Denise Stoklos, Victor Garcia Peralta, Aderbal Freire, João Fonseca e outros. Com quase duas décadas de trajetória, Futuros – Arte e Tecnologia também sediou diversos eventos de destaque na cena cultural carioca, incluindo Festival do Rio, Panorama de Dança, FIL, Multiplicidade, Novas Frequências e Tempo_Festival, sendo os três últimos especialmente concebidos para a instituição.

Visita guiada e conversa com Nadam Guerra

16/jan

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, convida para a visita guiada da artista Liana Nigri em sua exposição “Gestos de Contato”, no dia 18 de janeiro, quarta-feira, às 18 horas.

A exposição reúne um conjunto de obras inéditas e recentes, em torno do gesto de modelar como ato escultórico, em que o corpo feminino é utilizado em contato direto com a matéria. “Gestos de Contato” abrange esculturas – em porcelana, terracota, metal, granito, mármore, desenhos a carvão, vídeo e fotografia.

Após a visita, Liana Nigri vai conversar com o artista e professor Nadam Guerra, que coordena o programa de residência para artistas da Ecovila Terra UNA, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, onde ela criou a série “Ovo-Mundo”, em 2019, que resultou em esculturas de terracota e um vídeo com 2’10, presentes na exposição.

A mostra “Gestos de Contato” fica em cartaz até 28 de janeiro.

 

Sobre a artista

Liana Nigri nasceu em 1984, no Rio de Janeiro. É artista visual baseada no Rio de Janeiro. Sua pesquisa chama a atenção para a presença do corpo da mulher, uma observação íntima de marcas que evidenciam traços de tempo, experiências, contatos ou traumas. Encontrando voz dentro do espaço vazio de dobras da pele. Anualmente participa de residências artísticas, como LabVerde na Amazônia, “From the Laboratory to the Studio”, em Nova York, “In Context”, na Romênia, Terra Una, na Serra da Mantiqueira, e Despina, no Rio de Janeiro. Em breve será mestre do curso de “Estudos Contemporâneos das Artes” pela UFF, onde investiga a ideia de “Gestos de contato: corpo-matéria”.

 

Sobre Nadam Guerra

Artista e doutor em artes com a tese “Como tornar-se um Artista Mago”, Nadam Guerra é professor na EAV Parque Lage e no Instituto de Artes da UERJ. Coordena o programa de residência para artistas da Ecovila Terra UMA, na Serra da Mantiqueira, em Minas Gerais, que desde 2007 já recebeu mais de 200 artistas para imersão em contexto rural e florestal. Fez as exposições individuais: Pintura da Lua (2020), Galeria Archidy Picado, em João Pessoa (2018); Paço Imperial, no Rio de Janeiro (2016); Galeria Luciana Caravello, Rio de Janeiro (2015); Centro Cultural Banco do Nordeste Fortaleza (2015); e Galeria do IBEU, Rio de Janeiro (2013). Tem obras em parceria com outros artistas como Michel Groisman (coletivo DESMAPAS) e Domingos Guimaraens, com quem criou em 2003 o Grupo UM, e o coletivo Opavivará!. Tem trabalhos nas coleções MAM Rio e Museu de Arte do Rio. Entre as exposições coletivas recentes, participou: SIART Bienal da Bolívia Literatura exposta, e Casa França Brasil, no Rio de Janeiro (2018); Alucinações à beira mar, MAM Rio (2017-19); Trust in Fiction, no CRAC Alsace (Centre art contemporain), em Altkirch, França, e Das Virgem em cardumes, no Museu Bispo do Rosário, Rio de Janeiro (2016); 1ª. Bienal do Barro, em Caruaru, Pernambuco; Colloque international Performances, no Musée d’Art Contemporain, Marselha, França; Arte Actual, México (2014). Foi curador de festivais e eventos de performance como Cinema Manual Convida (Espaço Sesc, 2003), Visor (vários locais, 2004 – 2005), V::E::R, (2005 – Parque Lage, 2011 – Terra UNA), Sara-há (Saracura, 2016), Panorama de Dança (2017) e Corpos Críticos (2018, 2019).

 

Resiliência/Mulheres

11/nov

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, recebe a mostra de fotos premiadas da World Press Photo sobre resiliência feminina. “Resiliência – Histórias de mulheres que inspiram mudanças” é uma exposição feita em parceria com a Fundação The World Press Photo e o Reino dos Países Baixos é gratuita e fica em cartaz até o dia 30 de novembro, Casa França-Brasil, no Rio.
“Resiliência – Histórias de mulheres que inspiram mudanças”, consiste numa seleção de histórias premiadas nos concursos da World Press Photo de 2000 a 2021, que salientam a resiliência e os desafios de mulheres, meninas e comunidades em todo o mundo. São retratos documentados por 17 fotógrafos, de 13 nacionalidades diferentes que expressam, por meio das fotografias, suas visões sobre questões como sexismo, violência de gênero, direitos reprodutivos e igualdade de gênero. A mostra seguirá para Belo Horizonte, Brasília e Porto Alegre.
Entre as fotografias em cartaz, Crying for Freedom, da iraniana Forough Alaei, que documentou torcedoras proibidas de entrar em estádios de futebol de seu país. Arriscando serem presas, as torcedoras se disfarçam de homens para entrar nos estádios. O retrato Finding Freedom in the Water, da fotógrafa Anna Boyiazis, compartilha a história de alunas da Escola Primária Kijini que aprendem a nadar e a realizar salvamentos, no Oceano Índico, na Praia de Muyuni, Zanzibar. Tradicionalmente, as meninas do Arquipélago de Zanzibar são dissuadidas de aprender a nadar, muito devido à falta de roupas de banho mais recatadas.
As narrativas, contadas por meio das fotografias premiadas, revelam como as questões de gênero evoluíram no século XXI e como o fotojornalismo progrediu em sua forma de retratar essas mulheres e suas histórias. A exposição inclui ainda fotografias de Finbarr O’Reilly, Maika Elan, Catalina Martin-Chico, Pablo Tosco, Olivia Harris, Terrell Groggins, Jonathan Bachman, Heba Khamis, Daniel Berehulak, Robin Hammond, Diana Markosian, Jan Grarup, Magnus Wennman, Irina Werning, and Fulvio Bugani. “A imagem icônica captura o instante de um acontecimento único e cria no interlocutor uma conexão emocional. É sempre um registro impactante, com viés político por trás. Com imagens assim, tocantes, a World Press Photo hoje é a maior e mais respeitada mostra de fotojornalismo no mundo.
Neste projeto especial chamado Resiliência, as fotos abordam uma temática ainda especial: o papel da mulher no protagonismo histórico. Para mim, a série de 2016, da fotógrafa Anna Boyiazis, sobre instrutoras de natação que ensinam mulheres a nadar e realizar salvamentos, em um esforço para reduzir as altas taxas de afogamento na Região de Zanzibar, no Oceano Índico, é icônica. Compila em um único ensaio aspectos culturais, estéticos, econômicos e comportamentais”. Flávia Moretti é produtora cultural e representa no Brasil as edições da exposição da World Press Photo.
A exposição demonstra a habilidade do fotojornalismo em visualizar o poder de mulheres ao redor do mundo, em redefinir suas realidades e vencer desafios. No contexto da liberdade de imprensa, e celebrando a excelência em fotojornalismo, o World Press Photo tem orgulho em trazer essas histórias para o público brasileiro”, explica Raphael Dias e Silva, gerente de projeto na Fundação. Esta exposição reflete o compromisso dos Países Baixos com os direitos das mulheres, a igualdade de gênero e a justiça, fundamentais na defesa de sociedades harmônicas.
Mulheres em todo o mundo enfrentam desigualdades profundamente arraigadas, que as mantém sub-representadas em papéis políticos e econômicos. “A exposição Resiliência-histórias de mulheres que inspiram mudanças” transmite o compromisso dos Países Baixos com os direitos das mulheres, a igualdade de gênero e a justiça. Vozes múltiplas, documentadas por 17 fotógrafos, oferecem uma maior compreensão sobre como as mulheres e os desafios relacionados ao gênero evoluíram no século 21. A violência contra as mulheres prevalece como uma grave questão global de saúde e proteção”, afirma, André Driessen, embaixador dos Países Baixos. Em 2021, em todo o mundo, as mulheres representavam apenas 26,1% de cerca de 35.500 bancadas parlamentares, apenas 22,6% de mais de 3.400 ministérios, e 27% de todas as posições de gerência. A violência contra as mulheres prevalece como uma grave ameaça global e um problema de segurança.

Sobre a Casa França-Brasil

Este prédio histórico, de estilo neoclássico, foi projetado pelo arquiteto francês Grandjean de Montigny, por encomenda de D. João VI, e inaugurado em 13 de maio de 1820, visando a instalação da Primeira Praça do Comércio da Cidade do Rio de Janeiro. Em 1824, o prédio passou a ser ocupado como sede da Alfândega, e desde então assumiu diversos usos e funções até ser transformado em Centro Cultural. Em 1983 o projeto de requalificação do edifício para fins culturais foi concebido por Darcy Ribeiro quando secretário de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, como se mantém até hoje, acolhendo as mais diversas manifestações artísticas e culturais.

Sobre a World Press Photo Foundation

Somos uma plataforma global que conecta fotojornalistas, fotógrafos documentais e nosso público mundial por meio de narrativas confiáveis. A World Press Photo foi fundada em 1955, quando um grupo de fotógrafos holandeses organizou um concurso (“World Press Photo”) para expor seu trabalho a um público internacional. Desde então, nossa missão se expandiu. Nossos concursos se tornaram uma das competições mais prestigiadas do mundo, premiando os melhores em fotojornalismo e fotografia documental. Por meio de nosso bem-sucedido programa de exposições em todo o mundo, apresentamos a milhões de pessoas as histórias que importam. A World Press Photo Foundation é uma organização criativa, independente e sem fins lucrativos, com sede em Amsterdã, na Holanda. Agradecemos o apoio de nosso parceiro global, a Dutch Postcode Lottery, e nosso parceiro, PwC.
Para mais informações, acesse worldpressphoto.org ou nos siga no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube.

Livro para a pintura de Lucia Laguna

08/abr

 

 

Lucia Laguna pinta a partir do entorno do subúrbio onde mora – o bairro do Rocha, no Rio de Janeiro – ao operar uma colagem de referências que passam pela história da arte, o jardim de seu ateliê e uma extensa vista da cidade. Entre a figuração e a abstração, as pinturas reunidas neste livro sussurram a insistência desordenada da vida a partir de flores, folhas e galhos de encontro às linhas urbanas: a linha do trem, a linha do mar, a Linha Vermelha, a Linha Amarela, a Avenida Brasil.

Com organização do curador Marcelo Campos, o volume traça um panorama da carreira da artista a partir de uma divisão em três partes que remetem às categorias – ou esferas de trabalho – que dão nome às séries de pinturas de Lucia Laguna: “Paisagem e arquitetura”, “Jardim e mundo” e “Estúdio e janela”.

A edição, bilíngue, conta ainda com três textos inéditos. Em “A artista de janelas abertas”, o escritor e historiador Luiz Antonio Simas discorre sobre a genealogia do bairro do Rocha e da influência do subúrbio, visto pelas janelas do ateliê, na obra de Laguna. Já em “Em busca do Jardim de Laguna”, a curadora Diane Lima se debruça sobre a relação da artista com os grandes mestres da pintura, assim como com seu próprio jardim, além de abordar seus procedimentos pictóricos. Marcelo Campos, organizador da publicação, constrói em “A travessia de mundos banais” um ensaio no qual articula elementos fundamentais para compreender a obra da pintora: a observação do cotidiano, a influência da geografia da cidade, o método, a disciplina e as referências à história da arte.

As correspondências são infinitas e o ato de escrever sobre a produção de Lucia Laguna nos coloca diante de um desfazer de enganos. Aproximar-se desta obra de mais de uma centena de pinturas é, também, viver a cidade, buscar nos quintais as reflexões, e, de outro modo, assumir a mobilidade que retira qualquer recalque antes estimulado por uma comparação entre nacionalismo e internacionalismo, figuração e abstração. Poder escrever sobre uma artista em consonância a sua vigorosa criação coetaneamente ao seu processo de produção nos faz rever os vícios históricos que deixavam a produção de mulheres artistas somente destinadas ao resgate. Aqui, vida e obra nos colocam diante de uma trajetória de conquistas aguçada pelo desejo de seguir adiante, permanecer, querer ser, escreviver, como nas palavras de Conceição Evaristo.

Marcelo Campos

 

Sobre a artista

Lucia Laguna nasceu em Campos dos Goytacazes em 1941. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Lucia ainda era professora de português quando fez experimentos à la Lygia Pape, sem ter a menor ideia de que já́ era uma artista: ela levava os alunos para uma sala escura, onde colocava potes com água, álcool, areia, sal, entre outros elementos. A ideia era fazê-los usar outros sentidos, que não a visão, para estimular a linguagem e, assim, incrementar as redações. Laguna vive e trabalha em São Francisco Xavier, RJ, mas sua mente e olhos vão e vem, miram o interior e o exterior. Muito além de uma busca formal ou social, as telas de Laguna são sobre diálogos visuais, entre seus gestos e os dos assistentes. Davi Baltar, Claudio Tobinaga e Thiago Pereira começam as narrativas para, em seguida, ela entrar numa dança de formas, cores e signos. Se o futuro é coletivo, ele está aqui. E se for possível resumir esses trabalhos em uma palavra, é “generosidade”.

 

Sobre o organizador

Marcelo Campos é carioca e vive e trabalha no Rio de Janeiro. É curador-chefe do Museu de Arte do Rio (MAR), diretor do Departamento Cultural da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e membro dos conselhos do Museu do Paço Imperial e do Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea. Desde 2004 curou diversas exposições como À Nordeste (SESC 24 de Maio, 2019); O Rio do Samba (Museu de Arte do Rio, 2018); Orixás (Casa França Brasil, 2016) e Bispo do Rosário, um Canto, Dois Sertões (Museu Bispo do Rosário de Arte Contemporânea, 2015). É doutor em Artes Visuais pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), professor do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ e da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Campos é autor de Escultura contemporânea no Brasil: Reflexões em dez percursos (2016) e possui textos publicados sobre arte brasileira em inúmeros livros, catálogos e periódicos nacionais e internacionais.

 

Sobre os autores

Diane Lima é baiana e vive entre São Paulo e Salvador. É curadora, escritora e pesquisadora. Mestra em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), é docente da Especialização em Gestão Cultural Contemporânea do Itaú Cultural e suas palestras, textos e participações já ressoaram em instituições como Museum of Modern Art (MoMA, NY), Pérez Art Museum Miami, Patricia Phelps de Cisneros Research Institute, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Museu de Arte de São Paulo (MASP) e outros. Seus projetos são marcados pelo pioneirismo no debate sobre práticas artísticas e curatoriais em perspectiva descolonial em instituições brasileiras. É ainda pesquisadora/curadora convidada do Programa de Curadoria Crítica e Estudos Decoloniais em Arte no acervo do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP) em parceria com a Getty Foundation.

 

Luiz Antonio Simas é carioca, vive e trabalha no Rio de Janeiro. É escritor, professor, historiador, educador e compositor. É autor e coautor de mais de vinte livros, além de ter uma centena de ensaios e artigos publicados sobre carnavais, folguedos populares, macumbas, futebol e culturas de rua. Foi colunista do jornal O Dia e jurado do Estandarte de Ouro, prêmio carnavalesco do jornal O Globo. Recebeu o Prêmio Jabuti de Livro de Não Ficção do ano de 2016, pelo Dicionário da história social do samba, escrito em parceria com Nei Lopes. Foi finalista do Prêmio Jabuti de 2018 e 2020, na categoria Crônica. Também ao lado de Nei Lopes, assinou a curadoria textual da mostra Semba/Samba: Corpos e Atravessamentos – Brasil e África (Museu do Samba, 2021).

 

Ficha Técnica

Título: “Lucia Laguna”

Autores: Marcelo Campos, Diane Lima, Luiz Antonio Simas

Organizador: Marcelo Campos

Idiomas: Português, Inglês

Número de páginas 224

ISBN 9786556910482

Editora Cobogó

Capa e projeto gráfico de miolo Bloco Gráfico

Encadernação Capa dura

Formato 21 x 26

Ano de publicação 2021

Lucia Laguna

Diane Lima

Luiz Antonio Simas

Lucia Laguna

Marcelo Campos (org.)

R$ 150,00

Reabertura da Galeria do Lago

06/dez

 

 

 

No dia 4 de dezembro, será reaberta a exposição da artista Patrizia D’Angello, na Galeria do Lago, no Museu da República, depois de quase dois anos fechada devido à pandemia de Covid-19. Rebatizada de “Jardim do Éden 1.2”, a exposição, que tem curadoria de Isabel Portella, será ampliada, com novas obras, que foram produzidas durante o período de isolamento, ganhando um novo significado. “A exposição reabre impactada pelo tempo passado”, afirma a artista, que lançará, no dia da abertura, o catálogo da primeira versão da mostra e estará aberta até 20 de fevereiro de 2022.

 

Das 25 pinturas que integravam a exposição original, 15 permanecem e outras 13 foram acrescidas, totalizando 28 obras. Os novos trabalhos foram produzidos no ateliê que a artista tem em casa e retratam a natureza. “Durante a quarentena, confinada em um apartamento super urbano, totalmente apartada do ar, da água, do mato, do céu e do sol, retomei uma série de pinturas já iniciada de lagos e vegetação de cores fluidas, lisérgicas e tempo suspenso, uma espécie de vertigem necessária onde é possível ver discos voadores flutuando na água e nenúfares no céu, um salvo conduto  para se passar os dias monocórdicos de um eterno presente sem sucumbir a loucura”, conta a artista.

 

Na primeira sala da exposição, estarão os novos trabalhos, produzidos durante o isolamento social. “É uma atmosfera onírica, tal qual um banquete de pratos flutuantes ofertando a natureza em consonância com o parque do Museu da República, que adentra pelas janelas e portas mediando, assim, a construção que se dá na segunda sala, onde novos trabalhos corroboram e se somam à narrativa já desenvolvida no primeiro momento da exposição”, ressalta a artista .

 

O conceito da mostra foi pensado a partir dos muitos banquetes realizados no Palácio do Catete, sede do Governo Federal entre 1896 e 1960 e que hoje abriga o Museu da República. Para realizar a primeira fase da exposição, a artista mergulhou no acervo do Museu, em documentos relacionados ao tema, como uma bela coleção de convites e menus das muitas recepções ocorridas ali, bem como fotos, vasos, pratarias, sancas e mobiliário pertencentes ao Palácio do Catete, que aparecem nas obras mesclados a seu repertório poético. “Numa narrativa bem humorada, mas repleta de sutis paralelos, a artista se debruça sobre os grandes temas da pintura figurativa, o retrato, a paisagem e a natureza morta. Em seus trabalhos, Patrizia procura discutir os limites do real, da mímesis e as implicações no mundo contemporâneo”, afirma a curadora Isabel Portella.

 

Movida por um humor dionisíaco e tendo como norte a Pop Art e a Tropicália, os trabalhos de Patrizia D’Angello estão sempre reverberando questões do feminino/feminismo. Em uma operação ambivalente de afirmação e crítica, a artista desloca sentidos e, com humor, joga luz sobre a pretensa “normalidade” do  patriarcado e suas práticas predatórias. “A abordagem desse espaço tão representativo do poder, do patriarcado, da ordem vigente, se dá através do campo relegado desde sempre ao domínio das mulheres, a cozinha, a mesa, a decoração, o enfeite, o bordado, o doce, o belo… Um universo, segundo essa lógica dominante, menor, secundário, fútil e frívolo, por isso mesmo entregue de bom grado às mãos que vieram pra servir”, ressalta a artista.

 

O pensamento crítico aparece sempre de forma sutil, quando a sobreposição do título à imagem produz um ruído desconsertante. “O título dos trabalhos é parte indissociável da obra, pois é através do deslocamento de sentido engendradado nessa operação de nomear que desenvolvo a narrativa que me interessa explorar”, conta Patrizia D’Angello. “Se o feminismo, a sensualidade erótico-sensorial, o patriarcado, a exploração são questões que interessam à artista explorar, ela o faz com humor, numa crítica que expõe engrenagens perversas e desnuda atitudes machistas, sem perder a doçura”, afirma a curadora Isabel Portella. “Retrato mulheres insurgentes e empoderadas a debochar desse mundo constituído sob valores alheios e desfavoráveis, piqueniques, mesas, comidas, doces, vasos e ornamentos onde tudo parece estar onde deveria estar exceto pelo fato de que essa afirmação resvala numa bem humorada crítica”, diz a artista.

 

 

Sobre a artista

 

Patrizia D’Angello nasceu em São Paulo, mas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Artes Cênicas pela Uni-Rio e em Moda pela Candido Mendes, a partir de 2008, cessou todas as atividades em outras áreas pra se dedicar exclusivamente à arte. Desde então, desenvolve uma poética que, através de artifícios da narrativa do cotidiano, incorpora e comenta a vida em suas grandezas e pequenesas, em seus potenciais de estranhamento e em suas banalidades, espelhando e refletindo aquilo que diz respeito à vida. Transita pela produção de objetos, performance, fotografia, video e, mais assiduamente, pela pintura. Frequentou a Escola de Artes Visuais no Parque Lage, onde cursou diversos cursos. De setembro de 2014 a Março de 2015 esteve no programa de bolsa residência-intercâmbio com a École Nationale Superieure des Beaux Arts de Paris. Foi indicada ao prêmio PIPA em 2012. Dentre suas principais exposições individuais estão: “Lush”, 2018, Centro Cultural Municipal Sergio Porto, Rio de Janeiro; “Assim é se lhe parece – Casa, Comida e Roupa Lavada”, 2016, Centro Cultural da Justiça Federal, Rio de Janeiro; “Kitinete”, 2016, Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro; “No Embalo das Minhas Paixões”, Galeria de Arte IBEU; Banquete Babilônia, Galeria Amarelonegro, Rio de Janeiro, entre outras. Dentre suas últimas exposições coletivas estão: Casa Carioca, MAR; Cada Um Grita Como Quiser, Galpão Dama; Baguncinha, Casa de Pedra; Galeria Gema, todas  este ano, ”Signo Traço Atração”, Galeria Evoé, 2020; “Primeiro salão de Arte Degenerada”, Ateliê Sanitário, 2019; “Rios do Rio”, Museu Histórico Nacional, 2019; “Passeata”, Galeria Simone Cadinelli, 2019; “My Way”, Casa França-Brasil, 2019, no Rio de Janeiro; “Futebol Meta Linguagem”, Centro de Artes Calouste Gulbenkian, 2018, Rio de Janeiro; “Poesia do Dia a Dia”, Centro Cultural Sergio Porto, 2017, Rio de Janeiro; “Quero que Você me Aqueça nesse Inverno”, Centro Cultural Elefente, 2016, Brasília; “Attentif Ensemble”, Jour et Nuit Culture, 2015, Paris; “Portage”, ENSBA, 2014, Paris; “Como Se Não Houvesse Espera”, Centro Cultural da Justiça Federal, 2014, Rio de Janeiro, entre outras.

 

Sobre a Galeria do Lago

 

A Galeria do Lago apresenta programas contínuos de exposições de arte contemporânea, que visam a discutir aspectos da produção da arte atual, com obras que de alguma maneira se relacionem com o Museu da República.

 

A Natureza na Arte na Casa França-Brasil

17/nov

 

 

 

Os finlandeses estão chegando: 5ª edição da Bela Bienal Europeia e Latino Americana reúne artistas daFinlândiae da Itália, propondo diálogo entre arte e sustentabilidade.

 

A arte como agente de reflexão sobre sustentabilidade e questões ambientais. Este é o mote da Bela Bienal Europeia e Latino Americana de Arte Contemporânea, que chega à sua 5ª edição com o tema “A Natureza na Arte”. Evento itinerante que este ano já esteve na Finlândia e aportou no Brasil com agenda em importantes cidades, como Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo, chega à Casa França-Brasil em curta temporada. No dia da abertura, 19 de novembro, contará com a presença do embaixador da Finlândia Jouko Leinonen.

 

Sob curadoria do finlandês Jari Järnström e do brasileiro Edson Cardoso – proprietário da AVA Galleria, na Finlândia – a mostra reúne 30 artistas finlandeses, além de italianos. Todos possuem em comum a proposta de promover um diálogo consistente através da exposição de suas obras, manifestadas através de pinturas e esculturas de bronze. “Promovendo esse diálogo intercultural, mostramos ao público em geral o que artistas de diferentes culturas estão desenvolvendo na arte contemporânea, unificando as distâncias continentais através de seus olhares sobre um único tema. Desejamos evidenciar a importância destas obras como agentes de reflexão sobre a preservação ambiental, bem como de suas raízes e tradições”, afirma um dos curadores, Edson Cardoso, que já realizou exposições nas principais cidades do mundo (Sede da ONU em Nova Iorque, Museu do Louvre em Paris, Prefeitura de Osaka, no Japão, Museu de Braga, em Portugal) e em outros espaços importantes no Brasil – Museu Oscar Niemeyer, MAM do Rio, MuBe Museu de Esculturas e Museu Histórico Nacional).

 

Relação dos artistas convidados

 

Finlândia: Anna Emilia Järvinen, Annukka Visapää, Antti Raitala, Bela Czitrom, Dan Palmgren, Elisa Daart, Hanna Uggla, Hanna Varis, Hannele Haatainen, Iria Ciekca Schmidt, Jari Järnström, Kristina Elo, Laura Pohjonen, Maaria Märkälä. Maj-Lis Tanner, Marko Viljakka, Merja Hujo, Mona Hoel, Nonna-Nina Mäki, Paula Mikkilä, Piippa Mutikainen, Päivi Kukkasniemi, Päivyt Niemeläinen, Raija Kuisma, Seppo Lagom, Sirkka Laakkonen, Sirpa Heikkinen, Ulla Remes, Ulla-Maija Vaittinen, Ursula Kianto.

 

Itália: Alda Picone, Judith Paone, Mauro Trincanato.

 

De 20 de novembro a 12 de dezembro.