José Bechara em “Fluxo Bruto”

20/jul

Exposição no Salão Monumental do MAM, Parque do Flamengo, Rio, com trabalhos inéditos, celebra os 60 anos do artista, e sua trajetória iniciada em 1992.  A exposição “Fluxo Bruto”, com abertura no dia 25, com trabalhos inéditos de José Bechara, celebra seus 60 anos e sua trajetória iniciada em 1992. A curadoria é de Beate Reifenscheid, curadora e diretora do Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha.

 

No próximo dia 27 de julho, das 15h às 18h, haverá uma conversa gratuita e aberta ao público, com o artista e os curadores Beate Reifenscheid, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do MAM Rio. A distribuição de senhas será feita a partir das 14h, na bilheteria do Museu. A palestra será ministrada em língua inglesa, sem tradução. Capacidade 50 pessoas.

 

A mostra reúne trabalhos tridimensionais em grande escala, realizados em alumínio, mármore, madeira e vidros planos, além de pinturas sobre lona. O conjunto é formado por trabalhos inéditos, alguns deles desenvolvidos a partir de obras anteriores, que ganharam “novas ativações, contaminados pelas demais peças e pelo espaço arquitetônico”, comenta o artista.

 

José Bechara diz que “Fluxo Bruto” propõe uma “mirada para trabalhos em permanente alteração. Em estado bruto, esses trabalhos movimentam-se no curso da produção, e devem se concluir na obra a seguir”. “Com exceção das pinturas, todos os demais trabalhos serão ‘construídos’ no espaço expositivo durante os dias de montagem, a partir de escolhas frente às relações espaciais e de vizinhança entre as obras”, explica o artista. Na grande parede branca do Salão Monumental, com trinta metros de comprimento, estarão três diferentes trabalhos com vidros planos, pertencentes ao que o artista chama de “pesquisa recente”.

 

Beate Reifenscheid afirma que “José Bechara é um dos artistas mais interessantes da cena de arte contemporânea brasileira. Iniciou a carreira como pintor, com uma forma de linguagem radicalmente reduzida, compromissada, ainda hoje, com a arte concreta no sentido mais amplo da palavra. São a sua noção e o seu entendimento profundos das estruturas construtivas que formam o esqueleto interno de suas pinturas, que modulam cores num tipo de espaço flutuante, ilimitado”. Ela observa que “fica claro também que o foco do artista está sempre em penetrar o espaço e compreender suas dimensões em percepção. O concreto e o não concreto estão fundamentados diretamente no nível das perspectivas possíveis”. A curadora destaca que “na arte contemporânea, o vidro é um material recém-explorado e artistas famosos, como Pierre Soulages, Gerhard Richter e Ai Weiwei, fizeram experiências com ele. As obras em vidro de José Bechara salientam a percepção conceitual do construtivismo brasileiro e a transferem para uma abordagem contemporânea”.

 

O primeiro, “Rabiscada”, utilizará cerca de dez placas – transparentes e leitosas – algumas suspensas e outras apoiadas no piso com cerca de 3,5m de altura e 10m de largura. Em meio às placas, uma linha geométrica formada por cerca de 20 varas finas, com 2m cada, na cor laranja percorrerá toda a extensão do trabalho desenhando por vezes à frente, por trás e também suspensas ou apoiadas na parede.

 

O segundo trabalho em vidro, “Sobre brancos”, abrange quatro placas de vidro suspensas contra a parede branca principal do Salão monumental. A obra contém outros elementos de “variados tons de branco, incluindo papel vegetal e finas lâmpadas brancas de neon também na cor branca”.

 

O terceiro trabalho em vidro, com o título provisório “ ngelas”, é o que exigirá maior logística na montagem, e demandará um guindaste para içar ao local expositivo três esferas maciças de diferentes mármores, pesando a maior cerca de 1,6 tonelada e as duas menores 250 kg cada, aproximadamente.  Todos os elementos (vidros e esferas) estarão suspensos a alturas entre 2 metros e 30 cm do piso.

 

Na grande parede de concreto, ao fundo do Salão monumental, estará uma nova versão da peça “Miss Lu Super-Super (2009-2017)”, que terá sua volumetria ampliada e ganhará elementos “intrusos” também em alumínio, chegando ao tamanho aproximado de 10m X 10m X 3m.

 

Na parede que faz face ao terraço, estarão três pinturas inéditas de aproximadamente 1,7m0 X 3,30m cada, além de um díptico “Visto de frente é infinito“, de cerca de 1,80m X 5m, pertencente à coleção Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz, e outras duas pinturas da coleção Gilberto Chateaubriand/MAM Rio.

 

Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, curadores do MAM, observam no texto que acompanha a exposição, que os trabalhos de José Bechara, em alumínio, mármore, madeira, placas de vidro, tinta e oxidação de emulsões de cobre e ferro, são “tridimensionais que se confundem com pinturas, bidimensionais que se aproximam de esculturas”. “Trabalhos inéditos por estarem, de fato, sendo vistos pela primeira vez ou por reunirem peças realizadas em anos anteriores em outros arranjos, como a ampliação da volumetria original ou a adição de elementos intrusos, pensados a partir da relação com o espaço arquitetônico ou do diálogo com o conjunto da exposição”, comentam.

 

 

Trajetória

 

José Bechara iniciou sua trajetória com uma exposição individual no Centro Cultural Candido Mendes, no Rio de Janeiro, em 1992, mesmo ano em que integrou as coletivas “Gravidade e Aparência”, e “Diferenças”, ambas no Museu Nacional de Belas Artes, e “9X6”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, todas no Rio de Janeiro.

 

“Só me lembro dessa coisa de 25 anos de trabalho quando alguém me pergunta. Como todos os dias acontece alguma coisa nova, tem sempre um ‘acidente’ novo no ateliê, eu não penso nisso. Dou mais atenção ao que pode acontecer do que o que aconteceu. Todo dia se parece com o primeiro dia. Quanto à idade, é a mesma coisa, já que todo dia tenho um novo plano. Estou sempre pensando em fazer alguma coisa que precisa de  tempo pra ser feita, então acho que não tenho muito interesse em idade. Tenho uma leve obsessão pelo porvir. Ainda”, diz o artista.

 

José Bechara se programa para participar, em setembro, da Bienalsur, em Buenos Aires, em outubro, da Bienal de Beijing, e em dezembro apresentará uma individual na galeria norte-americana Diana Lowenstein, por ocasião da Art Basel Miami. Em fevereiro de 2018, fará um projeto especial para a galeria XF Projects, em Madri. O artista expôs este ano em Portugal, com curadoria de Miguel Sousa Ribeiro, no Espaço Adães Bermudes, em Alvito, no Centro de Artes e Cultura de Ponte de Sor, e no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra. Esteve presente na ARCO 2017 (Feira de Arte Contemporânea), em Madri, nos espaços da galeria espanhola XF Projects (Palma de Maiorca e Madri), e das galerias portuguesas Mario Sequeira, na cidade de Braga, e Carlos Carvalho, em Lisboa. Em 2016, integrou a exposição “(In) Mobiliario”, na Galeria Habana, em Havana; “The agony and the ecstasy – Latin American art in the collections of Mallorca; A review based on contemporaneity”, no Museo d’Art Modern i Contemporani de Palma, em Palma de Mallorca, Espanha; “Este lugar lembra-te algum sítio? – 1º momento”, no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitetura, Guimarães, Portugal; e a premiada “Em polvorosa – Panorama das Coleções MAM Rio”, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em novembro de 2015, o Ludwig Museum fez uma grande individual do artista, com curadoria de Beate Reifenscheid.

 

 

Minibio de José Bechara

 

José Bechara nasceu no Rio de Janeiro em 1957, onde trabalha e reside. Estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), localizada na mesma cidade. Participou da 25ª Bienal Internacional de São Paulo; 29ª Panorama da Arte Brasileira; 5ª Bienal Internacional do MERCOSUL; Trienal de Arquitetura de Lisboa de 2011 e das mostras “Caminhos do Contemporâneo” e “Os 90” no Paço Imperial – RJ. Realizou exposições individuais e coletivas em instituições como Fundação Eva Klabin–BR; Culturgest – PT; Instituto Figueiredo Ferraz–BR; Fundação Iberê Camargo – BR; MEIAC – ES; Instituto Valenciano de Arte Moderna – ES; MAM Rio de Janeiro – BR; MAC Paraná – BR; MAM Bahia – BR; MAC Niterói – BR; Instituto Tomie Ohtake – BR; Museu Vale – BR; Ludwig Museum (Koblenz) – DE; Haus der Kilturen der Welt – DE; Ludwig Forum Fur Intl Kunst – DE; Kunst Museum – DE; Museu Brasileiro da Escultura (MuBE) – BR; Centro Cultural São Paulo – BR; ASU Art Museum – USA; Museo Patio Herreriano (Museo de Arte Contemporáneo Español) – ES; MARCO de Vigo – ES; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma – ES; Carpe Diem Arte e Pesquisa – PT; CAAA – PT; Musee Bozar – BE; Museu Casa das Onze Janelas – BR; Casa de Vidro/Instituto Lina Bo e P.M. Bard –  BR; Museu Oscar Niemeyer – BR; Centro de Arte Contemporáneo de Málaga (CAC Málaga) – ES; Museu Casal Solleric – ES; Fundação Calouste Gulbenkian – PT; entre outras. Possui obras integrando coleções públicas e privadas, a exemplo de MAM Rio de Janeiro – coleção Gilberto Chateaubriand – BR; Pinacoteca do Estado de São Paulo – BR; Museu Oscar Niemeyer – BR; Centre Pompidou – FR; Es Baluard Museu d’Art Modern i Contemporani de Palma – ES; Instituto Figueiredo Ferraz – BR; MAC Niterói –  Coleção João Sattamini – BR; Instituto Itaú Cultural – BR; MAM Bahi – BR; MAC Paraná – BR; Ludwig Museum (Koblenz) – DE; Culturgest – PT; Benetton Foundation – IT; CAC Málaga – ES; ASU Art Museum USA; MOLAA – USA; Ella Fontanal Cisneros – USA; Universidade Cândido Mendes – BR; MARCO de Vigo – ES; Brasilea Stiftung – CH; Fundo BGA – BR.

 

 

Sobre Beate Reifenscheid  

 

Beate Reifenscheid é historiadora da arte, crítica de arte e curadora, especializada em Arte Contemporânea e Arte do século XX, relações artísticas entre Europa e China, e no papel dos museus e suas exposições. Estudou História da Arte, Estudos Alemães, Jornalismo e Comunicação na Ruhr-University, em Bochum, Alemanha, e na Universidade de Madri, Espanha. Em 1985 se tornou Mestre em Arte, e em 1988 recebeu seu PhD em História da Arte, pela Ruhr-University Bochum. Integrou de 1989 a 1991 a equipe do Saarland Museum, em Saarbrücken, Alemanha, onde chefiou, de 1991 a 1997, o Departamento de Pinturas e Desenhos, e também o de Departamento de Comunicação. Desde 1997 é diretora do Ludwig Museum, em Koblenz, Alemanha, e desde 2000 profere conferências em diversas instituições. É, desde 2013, professora honorária na Universidade de Koblenz-Landau, na Alemanha. Preside o ICOM (Comitê Internacional de Museus) da Alemanha.

 

 

 

De 26 de julho a 05 de novembro.

Gravuras na SP-Arte 2017

07/abr

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, oferece ao público durante a SP-Arte de 2017, de 06 a 09 de abril, na Área de Museus e Centros Culturais no Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão da Bienal), Parque Ibirapuera, Portão 3, a oportunidade única de aquisição de obras gráficas de artistas contemporâneos, pequenas coleções desdobradas a partir de diferentes aproximações, tanto temáticas quanto técnicas.

 

Na curadoria elaborada pelo artista Eduardo Haesbaert (coordenador do Acervo e Ateliê de Gravura da instituição), foram selecionadas 232 cópias de gravuras realizadas por 31 artistas, dentre eles Tomie Ohtake, León Ferrari e Waltercio Caldas. A seleção estabelece uma amostragem abrangente dos 15 anos de atividades do Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura. A ideia foi gerar conjuntos que exibissem a diversidade de linguagens e poéticas, assim como momentos distintos na carreira dos artistas selecionados.
Desde a sua criação, o Programa Artista Convidado do Ateliê de Gravura da Fundação Iberê Camargo recebeu 99 artistas e, na feira SP-Arte de 2017, promoverá, pela primeira vez, a exibição de nove conjuntos de gravuras do total produzido.

 

Dentre os nove conjuntos, três deles são compostos por obras de um único artista: o tríptico de Regina Silveira, uma seleção de três gravuras de Waltercio Caldas, e quatro trabalhos de Marcos Chaves que formam um obra única. Os demais grupos reúnem trabalhos de 5 artistas, entre eles Antonio Dias, Nuno Ramos, Shirley Paes Leme, Nelson Leirner e Paulo Bruscky, explorando diferentes aproximações temáticas, históricas e formais.

 

 

Conjunto 1:

 

Formado por três latino-americanos: León Ferrari, Jorge Macchi e Liliana Porter, o conjunto apresenta gravuras desenvolvidas no ateliê da FIC durante a participação desses artistas em distintas edições da Bienal de Artes Visuais do Mercosul. Reflete, mesmo que de forma sutil, o forte teor político que marca sua produção. León Ferrari, aliás, já havia trabalhado junto ao antigo ateliê de Iberê Camargo e acredita-se que esta seja a última gravura realizada pelo artista em vida.

 

Conjunto 2:

 

Numa seleção de quatro trabalhos que formam um obra única – quase um objeto – este conjunto representa a criação de Marcos Chaves a partir de sua ideia de sinalização. Artista reconhecido por suas obras em foto, vídeo e instalações, foi incitado a traduzir sua poética para a técnica da gravura de forma inédita.

 

Conjunto 3:

 

O tríptico de Regina Silveira aqui reunido funciona como um índice para nos aproximarmos de sua obra, que joga com as questões de luz, projeção e sombra. A artista, aluna de Iberê Camargo na década de 1960, produziu estas gravuras enquanto trabalhava em sua exposição solo “Mil e Um Dias e Outros Enigmas”, realizada especialmente para a Fundação Iberê Camargo, em 2011.

 

Conjunto 4:

 

Artista de reconhecimento internacional, Waltercio Caldas nos oferece, através desta seleção de três gravuras, uma entrada para sua trajetória, marcada pelo rigor estético no uso da palavra e da linha. O conjunto apresenta uma amostragem da produção deste autor, homenageado em exposição monográfica inédita realizada na Fundação Iberê Camargo, em 2012, sob o título “O Ar Mais Próximo e Outras Matérias”.

 

 

Conjunto 5:

 

O conjunto apresenta uma seleção de 5 artistas contemporâneas aqui reunidas tanto pela diversidade de suas poéticas quanto pela potência comum de seus trabalhos: Shirley Paes Lemes, Karin Lambrecht, Ana Maria Tavares, Célia Euvaldo e Germana Monte-Mór. As gravuras apresentam desde a linguagem marcada pela matéria pura, como em Célia Euvaldo à quase evanescência de Shirley Paes Leme, passando pela espiritualidade encarnada de Karin Lambrecht.

 

Conjunto 6:

 

Este grupo reúne trabalhos de cinco artistas não habituados à técnica da gravura e aponta justamente para a experimentação presente na trajetória de cada um. Antonio Dias, Nelson Félix, Jorge Menna Barreto, Ricardo Basbaum e Carlos Fajardo estabelecem, assim, um diálogo na matéria e no verbo, com obras que trazem tanto a organicidade e o corpo, como em Nelson Félix, quanto a pura racionalidade de Carlos Fajardo.

 

Conjunto 7:

 

José Resende, Nelson Leirner, Paulo Bruscky, Carlos Zilio e Eduardo Sued, todos artistas de grande renome nacional, são “filhos” de uma mesma geração. Em ação desde os anos 60, cada um a seu modo desenvolveu uma atuação estética com alta carga política. Nesta seleção, se encontram explorando uma técnica pouco utilizada em suas obras: a gravura em metal.

 

Conjunto 8:

 

Este conjunto lança gravuras de cinco artistas, todos integrantes do grupo Casa 7, atuante em São Paulo na década de 80: Rodrigo Andrade, Nuno Ramos, Carlito Carvalhosa, Fábio Miguez e Paulo Monteiro. Responsáveis por uma revolução na pintura brasileira daquela época, hoje com carreiras individuais, nos brindam com suas experimentações na técnica da gravura, embora não deixem de nos remeter ao legado pictórico presente em suas trajetórias tão diversas.

 

Conjunto 9:

 

Formado pelos artistas Tomie Ohtake, Arthur Luiz Piza, Daniel Acosta, Daniel Senise e Marcelo Solá, este conjunto traz a produção em gravura de cinco artistas com abordagens completamente diversas. Revela representantes de diferentes gerações e fases de carreira artística. São obras que se aproximam da gravura a partir da tradição, como em Tomie Ohtake, utilizando os parâmetros canônicos da técnica, ou a partir da experimentação e inovação, presentes na serigrafia de Daniel Acosta ou no chine collé de Marcelo Solá.

Arte, Valor e Mercado

21/out

Galeria Mamute promove no dia 27 de outubro, debate sobre arte e mercado de arte na Sala Multiuso Leste do Santander Cultural, Centro, Porto Alegre, RS. O curso oferece certificado de conclusão pelo PPGAV/UFRGS.O campo artístico tem tido dificuldade em compreender os processos de formação de valor da arte, considerando seus aspectos simbólicos e, principalmente, mercadológicos. Neste evento propomos abrir esta discussão a partir das pesquisas de duas especialistas focadas nestas problemáticas, no Brasil e no mundo, desde o início do século XX até a contemporaneidade. Um debate que diz respeito tanto a artistas, críticos, galeristas, produtores, colecionadores e demais interessados nas práticas artísticas.

 

 

A construção do valor na Arte Moderna e na Arte Contemporânea.

 

Com Maria Lucia Bueno – Mediação Maria Amélia Bulhões

Das 10h às 13h

 

A construção do valor na arte moderna e na contemporânea é um processo altamente complexo, que se desenvolve em diferentes escalas (local e transnacional) entre as instituições e o mercado, envolvendo uma constelação de agentes, eventos e operações. Nesta apresentação, embasada em pesquisas recentes e tendo como referências alguns casos exemplares, vamos abordar a questão a partir de três instâncias específicas:as coleções, as exposições e os arquivos.

 

 

Sobre a palestrante

 

Maria Lucia Bueno, é pesquisadora e professora da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde atua nos Programas de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens e  em Ciências Sociais. Realizou diversos estágios de pesquisa em nível depós doutorado no exterior, dos quais os mais recentes foram realizados no Institut d’études européennes (Université Paris 8, 2015-16) e no departamento de sociologia da New School for Social Research (New York, 2016), ambos financiados pela Capes. Com pesquisas nas áreas de sociologia da cultura e da arte, e história social da arte, publicou entre outros, Artes Plásticas no Século XX: Modernidade e Globalização (Campinas, São Paulo: Editora da Unicamp/IMESP/FAPESP, 2001 e em versão eletrônica em Houston, ICAA/MFAH, 2015) e Sociologia das Artes Visuais no Brasil (São Paulo: Editora do Senac, 2012).

 

 

 

O Mercado e o Sistema de Arte Contemporânea no Brasil

 

Com Ana Letícia Fialho – Mediação Niura Borges

Das 14h30 às 17h30

 

O sistema da arte contemporânea no Brasil viveu recentemente um período bastante positivo, de grande visibilidade, dinamismo, expansão e internacionalização. Nesse processo, o crescimento do mercado e os interesses mobilizados por seus agentes (artistas, galeristas e colecionadores) parecem ter sido determinantes. Atualmente, o contexto nacional já não é tão favorável, a instabilidade política e a estagnação da economia estão afetando o campo da cultura, e há fortes indícios de retração dos investimentos públicos e privados no campo da arte contemporânea, enquanto o processo de internacionalização da produção e do mercado parece prosseguir. A fim entender o impacto dessas mudanças recentes na (re)configuração do sistema da arte no Brasil, neste seminário retomaremos dados de pesquisas que apontam para um forte desequilíbrio entre a esfera de produção, o mercado e as instituições.

 

 

Sobre a palestrante

 

Ana Letícia Fialho é Doutora em ciências da arte e da linguagem pela Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris (EHESS) e bacharel em direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Atualmente é gerente executiva do Programa Cinema do Brasil e pesquisadora associada ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP). Com mais de quinze anos de experiência profissional nas áreas de ensino, pesquisa e gestão cultural, já atuou junto a organizações como a Associação Brasileira de Arte Contemporânea (ABACT), o Fórum Permanente, a Fundação Iberê Camargo, a Bienal do Mercosul, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía, o Ministério da Cultura, entre outras.É co-autora do livro O valor da obra de arte (Metalivros, 2014).

 

Inscrições na plataforma:  https://goo.gl/LclyMi

 

 

 

Dia 27 de outubro de 2016

 

– Das 10h às 13h– Palestra com Maria Lúcia Bueno, Mediação de Maria Amélia Bulhões, com Coffee break.

 

– Das 14h30 às 17h30 – Palestra com Ana Leticia Fialho, Mediação de Niura Borges, com Coffeebreak

Gonçalo Ivo no MON

20/out

A metáfora de um corpo ou mais especificamente de uma pele na obra de Gonçalo Ivo é o ponto central da mostra “Gonçalo Ivo: A Pele da Pintura”, que poderá ser visitada no Museu Oscar Niemeyer, MON, Curitiba, PR, a partir de 28 de outubro. Com curadoria do crítico Felipe Scovino, a exposição apresenta mais de 100 obras, entre aquarelas, objetos e pinturas, que percorrem a trajetória do artista nas duas últimas décadas. Sob coordenação e supervisão de Flávia Simões de Assis e Waldir Simões de Assis Filho, a exposição “Gonçalo Ivo: A pele da Pintura” teve sua produção realizada por Rafaela Tascae expografia assinada pelo escritório da arquiteta Fernanda Cassou.

 

Gonçalo Ivo é um dos mais destacados artistas brasileiros da geração 80. Radicado na Europa há 15 anos, possui ateliês em Paris e Madri, alternando-se em temporadas de trabalho com o Rio de Janeiro, onde mantém seu ateliê na serra de Teresópolis. Sua obra é reconhecida internacionalmente, sendo exposta em destacadas galerias e museus do Brasil e do exterior. Recentemente seus trabalhos foram apresentados em diversas instituições como o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Instituto Moreira Salles – São Paulo e Rio de Janeiro -, Espace Krajcberg, Paris e na Pinacoteca do Estado de São Paulo.

 

Para Juliana Vosnika, diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer, a mostra é um convite para um mergulho na arte em sua camada mais profunda, “Estamos sempre buscando trazer para o nosso visitante o que há de mais prestigiado no cenário nacional e internacional. Esta mostra que apresenta obras de Gonçalo Ivo nos últimos 20 anos é um convite para uma experiência intensa que passa pela excelência técnica e pela inspiração diversificada de um pintor cuja história transcende as fronteiras do Brasil”, relata Juliana.

 

Em “Gonçalo Ivo: A Pele da Pintura”, a curadoria propõe a metáfora da pele como ponto da trajetória do artista, “É uma cor-matéria que vibra incessantemente e também se adequa como uma fina camada epidérmica sobre a tela-corpo. A cor confunde-se com a pele podendo ser na obra de Gonçalo, rugosa, desigual, seca, vibrante.”, analisa Felipe Scovino que reforça também as qualidades harmônicas e musicais da obra de Gonçalo, expressas na escolha dos títulos de algumas de suas obras: como contraponto, acorde, variações para coral e prelúdio. “A qualidade intervalar, que é construída por meio dos módulos de cor, me leva a crer que suas pinturas, agrupadas em um conjunto, podem ser lidas também como uma partitura.”, analisa o curador.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nascido no dia 15 de agosto de 1958, na cidade do Rio de Janeiro, Gonçalo Ivo é filho do poeta Lêdo Ivo e da professora Maria Leda Sarmento de Medeiros Ivo. Levado por seus pais desde a infância, visitou, com assiduidade, os ateliers dos artistas Abelardo Zaluar, Augusto Rodrigues, Emeric Marcier e Iberê Camargo. Estudou pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM/RJ, em 1975, sob a orientação de Aluísio Carvão (1920 – 2001) e Sérgio Campos Melo. Arquiteto, formado pela Universidade Federal Fluminense – UFF, exerce atividades como professor do Departamento de Atividades Educativas do MAM/RJ, entre 1984 e 1986, e como professor visitante da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro – EBA/ UFRJ, em 1986. Trabalha também como ilustrador e programador visual para as editoras Global, Record e Pine Press. No decorrer de sua carreira, vem realizando diversas exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior. A partir do ano 2000 radicou-se em Paris, cidade que escolheu para se estabelecer com a família e montar atelier. Em 2013, instalou seu segundo atelier na Europa, situado em Madri, alternando períodos de trabalho entre França, Espanha e Brasil. Vários livros foram publicados enfocando sua obra, com textos de críticos brasileiros e internacionais. Gonçalo Ivo é representado em Curitiba, PR, pela Simões de Assis Galeria de Arte.

 

 

Sobre o curador

 

Felipe Scovino é crítico de arte e professor da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Possui pós-doutorado em Artes Visuais e História e Crítica de Arte pela UFRJ, onde é professor no Programa de Pós- Graduação em Artes Visuais. Seu foco de trabalho é a arte contemporânea e a produção artística brasileira das décadas de 1960 e 1970. Recentemente realizou a curadoria das exposições “Abraham Palatnik – A Reinvenção da Pintura”, apresentadas no CCBB de Brasília, Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Museu de Arte Moderna de São Paulo e na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS.

 

 

 

De 27 de outubro a 26 de fevereiro.

Evento

11/out

 

O evento “Diálogos com a obra de Maria Lucia Cattani” apresenta seminário, lançamento de publicações e recital no dia 11 de outubro, terça, no Instituto de Artes da UFRGS, Centro, Porto Alegre, RS, com entrada franca para todas as atividades.

 

 

Programação

 

Evento: “Diálogos com a obra de Maria Lucia Cattani”:15h30: Seminário “Múltiplos e Únicos”, com Carlos Martins, Jailton Moreira e Paulo Silveira; 18h: lançamento das publicações “Vaga-Lume: mostra de vídeo experimental (2002-2011)” e “A última parede”; 18h30: “Lecture-recital: “Scattered Loves”’, de Celso Loureiro Chaves, e ‘Um ponto ao Sul’, de Maria Lucia Cattani: intersecções composicionais”, com Celso Loureiro Chaves e vídeo de Marta Biavaschi.

 

Locais de realização dos eventos: Seminário e lançamento das publicações: Pinacoteca do IA/UFRGS (Rua Senhor dos Passos, 248, primeiro andar); recital: Auditorium Tasso Corrêa do IA/UFRGS.

 

Nesta terça-feira, 11 de outubro de 2016, acontecem no Instituto de Artes da UFRGS as atividades do evento “Diálogos com a obra de Maria Lucia Cattani”. Das 15h30 às 18h, será realizado na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo o Seminário “Múltiplos e Únicos” com Carlos Martins, Jailton Moreira e Paulo Silveira. O Seminário busca estabelecer um diálogo com a obra de Maria Lucia Cattani, em exposição na Pinacoteca do IA/UFRGS até o dia 27 de outubro.

 

Logo a seguir, às 18h, serão lançadas as publicações Vaga-Lume: mostra de vídeo experimental (2002-2011), com organização de Elaine Tedesco e Lu Rabello, e A última parede, com organização de Nick Rands, ainda na Pinacoteca Barão de Santo Ângelo do IA/UFRGS.

 

Finalmente, às 18h30, no Auditorium Tasso Corrêa do IA/UFRGS, haverá a “Lecture-recital: ‘Scattered Loves’, de Celso Loureiro Chaves, e ‘Um ponto ao Sul’, de Maria Lucia Cattani: intersecções composicionais”, com Celso Loureiro Chaves e vídeo de Marta Biavaschi.

 

A exposição “Maria Lucia Cattani: Gestos e Repetições” tem curadoria de Maristela Salvatori e Paulo Silveira e traz a público um panorama da obra Maria Lucia Cattani (1958 – 2015), importante artista que integrou uma geração que ganhou projeção a partir dos anos oitenta e atuou como pesquisadora e docente no IA/UFRGS, tendo integrado o corpo docente de seu Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais (PPGAV) de 1991 até sua aposentadoria, em 2013.

 

As atividades buscam preservar a memória e render homenagem à Maria Lucia Cattani. Tem entrada franca sem necessidade de inscrição prévia e fazem parte da programação comemorativa aos 25 anos do Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do IA/UFRGS. Promovidas pelo Grupo de Pesquisa Expressões do Múltiplo/CNPq, tem apoio da Pró-Reitoria de Extensão e da Pró-Reitoriade Pesquisa da UFRGS, da ADUFRGS Sindical e do Atelier de Massas.

 

 

Sobre os participantes do evento “Diálogos com a obra de Maria Lucia Cattani”.

 

Carlos Martins

 

Gravador, desenhista, museólogo, curador, professor. Na década de 1960, muda-se para São Paulo. Forma-se em arquitetura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1969. Três anos depois, estuda desenho e pintura na Escola Brasil. Entre 1973 e 1977, viaja para a Europa e frequenta cursos de gravura em metal na Chelsea School of Art, na Sir John Cass School of Arts e na Slade School of Arts, na Inglaterra. Na Itália, em Urbino, frequenta a Academia Raffaelo. De volta ao Brasil, em 1978, participa do 1º Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu Nacional de Belas Artes – MNBA. Expõe na 2ª Bienal Iberoamericana, realizada pelo Instituto Cultural Domecq, no México, em 1980. Recebe, em 1982, o prêmio de melhor gravador pela Associação Paulista de Críticos de Arte – APCA. Em 1986, viaja para Nova York para estudar monotipia. Ao retornar ao Brasil, leciona gravura na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC/RJ e no Museu Histórico do Ingá, em Niterói, Rio de Janeiro. Em 1984, funda o Gabinete de Gravura do Museu Nacional de Belas Artes e, entre 1991 e 1995, dirige os Museus Castro Maya, no Rio de Janeiro. Ao lado de Valéria Piccoli, torna-se curador da Coleção Brasiliana de Jacques Kugel, em 1996. Adquirida pela fundação inglesa Rank-Packard, essa coleção vem para o Brasil, em regime de comodato, sob responsabilidade da Fundação Estudar, e, em 2002, é doada em caráter definitivo. Em 2006, com Valéria Piccoli e EddyStols, publica o livro O Diplomata e Desenhista Benjamin Mary e as Relações da Bélgica com o Império do Brasil.

 

Jailton Moreira

Vive e trabalha em Porto Alegre. Bacharel em Artes Plásticas pelo Instituto de Artes da UFRGS. Como artista participou de várias exposições individuais e coletivas com destaque para “Trabalhos Insistentes” – Galeria Obra Aberta, Porto Alegre, RS (2002), III e V Bienal de Artes Visuais do Mercosul , Porto Alegre, RS (2001/2005),  Panorama de Arte Brasileira do MAM de São Paulo, São Paulo SP (2001/2003/2005), “Tropicália – A Revolution in Brazilian Culture” – MAC de Chicago e Barbican Gallery de Londres (2005), V e X Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE/INAP, Rio de Janeiro, RJ (1982/1988). Como curador destacam-se a participação no projeto Rumos Visuais Itaú Cultural (1999/2003), e a exposição Convivências – 10 Anos da Bolsa Iberê Camargo, Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre (2010/2011). Criador do Torreão (1993/2009), junto com Elida Tessler, espaço de reflexão e criação de arte contemporânea em Porto Alegre. Ministrou cursos de história da arte por várias cidades brasileiras.

 

Paulo Silveira

Professor no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atuando na graduação e na pós-graduação. Bacharel em Artes Plásticas (com habilitações em Desenho, 1986, e em Pintura, 1988) e em Comunicação Social (1980) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Mestre e Doutor em Artes Visuais pela UFRGS (1999 e 2008, ênfase em História, Teoria e Crítica da Arte), incluindo estágio de pesquisa junto a Université Paris 1, Panthéon-Sorbonne (2006). Pesquisador em história e teoria da arte, com ênfase no estudo da linguagem e contexto de obras e dispositivos instauradores da arte contemporânea, intermídia histórica, percepção da obra de arte, estética e retórica das publicações de artistas e metodologia da pesquisa. Membro do Comitê Brasileiro de História da Arte, CBHA, e da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas, ANPAP (comitê de História, Teoria e Crítica de Arte). Colaborador de instituições acadêmicas, grupos de pesquisa e publicações do Brasil e do exterior. Criador e coordenador do Fundar: grupo de pesquisa sobre instauradores da arte contemporânea (UFRGS/CNPq). Juntamente com Maria Lucia Cattani, colaborou com o projeto What will be the canon for the artist’s book in the 21st Century?, University of West of England, Bristol (2010).

 

Celso Loureiro Chaves

Compositor, pianista e arquiteto, ele é Doutor em Artes Musicais pela University of Illinois at Urbana-Champaign, nos Estados Unidos, e professor de História da Música e Composição Musical do Instituto de Artes da UFRGS, além de professor-orientador do Programa de Pós-Graduação em Música da Ufrgs. Atualmente é Pró-Reitor de Pós-Graduação na UFRGS. Como intérprete de piano é uma presença respeitada no circuito musical erudito da capital. Em 1994 gravou o CD Uma ideia de café, com a obra para piano de Armando Albuquerque, o qual foi lançado posteriormente em 2001. Seu livro Memórias do Pierrô Lunar foi lançado pela L&PM em 2006. Seu segundo CD, o primeiro com composições de sua autoria, “Balada para o avião que deixa um rastro de fumaça no céu”, foi lançado em 2013 no Salão de Atos da UFRGS, em Porto Alegre, com participação da pianista Luciane Cardassi e da Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, sob a regência de Antônio Carlos Borges Cunha. Por esse CD, Celso recebeu em 2014 o Prêmio Açorianos de Melhor Compositor Erudito.

 

Coleção Fundação Edson Queiroz na FIC

23/jun

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, apresenta uma seleção de 76 das mais expressivas obras criadas por artistas brasileiros entre as décadas de 1920 e 1960. A exposição “Arte Moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz” ocupa o terceiro e o quarto andar da instituição com 19 obras a mais do que foi apresentado em São Paulo e Belo Horizonte. Da capital gaúcha, a mostra encerrará a sua itinerância no Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, onde permanecerá de 27 de outubro a 26 de fevereiro de 2017.

 

Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz, FEQ, sediada em Fortaleza, CE, constituiu uma das mais sólidas coleções de arte brasileira, que percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística com obras significativas de todos os períodos. Na Fundação Iberê Camargo – nesta etapa com curadoria da historiadora de arte Regina Teixeira de Barros -, o percurso inicia com “Duas Amigas”, pintura referencial de Lasar Segall, e exibe o modernismo brasileiro através de obras de Anita Malfatti, Antônio Gomide, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.

 

A segunda geração modernista, que desponta na década de 1930, está representada por Alberto da Veiga Guignard, Cândido Portinari, Ernesto De Fiori e Flávio de Carvalho. Deste período, destacam-se as obras de Volpi e Pancetti que, além de comparecerem com um número significativo de obras na Coleção da FEQ, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração, apresentada na sequência.

 

O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e se consolida na década de 1950 – abrange pintores do grupo “Ruptura”, de São Paulo, e artistas dos grupos “Frente” e “Neoconcreto”, ambos do Rio de Janeiro. Alguns dos nomes presentes nesse segmento são: Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Luiz Sacilotto, Lygia Clark e Willys de Castro, entre outros. Dois pioneiros da arte cinética participam deste segmento: Abraham Palatnik, com um objeto, e Sérvulo Esmeraldo, com um “Excitável”. A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não aderiram a nenhum grupo, mas que adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular. Destacam-se, nessa seção, os pintores Antonio Bandeira, Maria Helena Vieira da Silva e Maria Leontina.

 

A última sala da mostra é consagrada à abstração informal e encerra a exposição com a pintura “Vermelho e Preto”, assinada por Iberê Camargo em 1968, criando um vínculo entre “Arte moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz” e a Fundação Iberê Camargo.

 

 

 

A palavra da curadora

 

“Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz, sediada em Fortaleza, vem constituindo uma das mais sólidas coleções de arte brasileira do País. Das alegorias dos quatro continentes, pintadas no século XVII, à arte contemporânea, a coleção reunida pelo chanceler Airton Queiroz percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística com obras significativas de todos os períodos.
A exposição “Arte moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz” traz um recorte circunscrito no tempo desse precioso acervo, destacando um conjunto de obras produzidas entre 1920 e 1960 tanto por artistas brasileiros quanto por estrangeiros residentes no País. A mostra abre com Duas amigas, pintura referencial da fase expressionista de Lasar Segall e, em seguida, apresenta trabalhos dos chamados anos heroicos do modernismo brasileiro, em que as tentativas de renovação formal estão em pauta.
Paralelamente à modernização da linguagem, alguns artistas dessa geração também se interessaram pela busca de imagens que refletissem uma identidade do e para o Brasil. No século XX, o debate nacionalista girava em torno da recuperação de elementos nativos, anteriores à colonização europeia, somados à miscigenação racial, fator que passa a ser considerado decisivo na formação do povo brasileiro.
As décadas de 1930 e 1940 foram marcadas por uma acomodação das linguagens modernistas. As experimentações cedem lugar a um olhar para a arte do passado e, nesse momento, surgem “artistas-professores”, como Ernesto de Fiori, Alberto da Veiga Guignard e Alfredo Volpi, que se tornariam referenciais para seus contemporâneos e para gerações vindouras. Desse período, merecem destaque trabalhos de Alfredo Volpi e José Pancetti que, além de comparecerem com um número significativo de obras na Coleção da Fundação Edson Queiroz, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração, apresentada na sequência.
O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e se consolida na década de 1950 – abrange pintores do Grupo Ruptura, de São Paulo, e artistas dos Grupos Frente e Neoconcreto, ambos do Rio de Janeiro. A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não que aderiram a nenhum grupo, mas que adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular, mesclando-a com certo lirismo.
A última sala é consagrada à abstração informal, e a exposição se encerra com uma pintura de Iberê Camargo, criando mais um vínculo entre “Arte moderna na Coleção da Fundação Edson Queiroz” e a instituição que a abriga”.

Regina Teixeira de Barros

 

De 24 de junho a 16 de outubro.

Iole de Freitas na Bahia

10/mai

Uma das mais celebradas artistas da cena contemporânea ocupa com suas esculturas todo o espaço da Roberto Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA, apresenta a exposição “Iole de Freitas – A escrita do movimento”, com um site specific e 12 obras, entre inéditas e históricas, da artista mineira radicada no Rio, um dos expoentes do panorama contemporâneo. Com uma celebrada trajetória que inclui exposições no MoMA de Nova York, e na Documenta 12, em Kassel, Alemanha, Iole de Freitas ocupará todo o espaço da galeria, e criará no local um trabalho com 3,5 metros de diâmetro e seis metros de altura. Em junho, será lançado um livro-catálogo da exposição, com entrevista dada pela artista a Marc Pottier, curador da exposição, em design gráfico de Bitty Nascimento e Silva. A Roberto Alban Galeria representa Iole de Freitas na Bahia.

 

Além do site specific, estarão na Roberto Alban Galeria seis obras “Sem título” feitas este ano especialmente para esta mostra, em chapas de aço inox, como as duas esculturas com 2,20 metros e 2,45 metros, e outras quatro com dimensões que variam de 75cm a 40 centímetros. As obras recentes e inéditas mantêm a mesma investigação sobre a relação entre peso e leveza – “os grandes vôos e grandes escalas”, como observa Iole de Freitas – que a artista vem desenvolvendo desde 2000, e que passaram a ser feitas, desde 2013, com chapas de aço pesadas. Ela conta que esta investigação foi “radicalizada” na exposição realizada no Espaço Monumental do MAM Rio de Janeiro, entre julho de 2015 e abril último. E é o desdobramento deste trabalho, em outra escala, que será visto na Galeria Roberto Alban. “Esses trabalhos guardam a mesma tensão interna, e a investigação entre peso e leveza, já que trabalho com pesadas chapas de aço, e não com policarbonato”.

 

O curador Marc Pottier selecionou para “A escrita do movimento” dois trabalhos de 2013, em policarbonato e tubos de aço inox, que marcaram a produção desde 2000, um deles uma coluna vertical, com 2,70 metros. Estarão ainda na exposição outros quatro trabalhos emblemáticos feitos por Iole de Freitas em 1992 e recriados em 2013, em que utiliza telas metálicas em aço inox, latão e chapa de cobre. Na entrevista que estará no catálogo da exposição, o curador indaga à artista: “por que a palavra ‘dança’ surge tantas vezes quando estamos lendo os textos sobre seu trabalho?”, e pede para que ela comente o movimento que se vê em sua obra. “De fato a ideia  de movimento está impregnada tanto nas sequências fotográficas feitas a partir de fotogramas dos filmes Super 8 e 16 mm, nos anos 70, como nas grandes instalações realizadas em 2000 no Centro de Arte Hélio Oiticica, na Documenta de Kassel em 2007 e no MAM Rio em 2015/16. Ela percorre diversos e contínuos momentos da minha linguagem até hoje”, responde Iole.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1945, em Belo Horizonte, Iole de Freitas vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou na Escola Superior de Desenho Industrial no Rio de Janeiro (ESDI), em 1964 e 1965. De 1970 a 1978 viveu em Milão, Itália, onde trabalhou como designer no Corporate Image Studio da Olivetti. A partir de 1973 produz e expõe seu trabalho artístico. Entre as diversas exposições individuais e coletivas em todo o mundo destacam-se: 9a Bienal de Paris (1975); 15a Bienal Internacional de São Paulo (1981); exposição itinerante “Cartographies” (1993), na Biblioteca Luis Ángel Aranjo (Bogotá, Colômbia), no Museo de Artes Visuales Alejandro Otero (Caracas, Venezuela), na National Gallery (Ottawa, Canadá), no Bronx Museum (Nova York, EUA) e na La Caixa (Madri, Espanha); Bienal Brasil Século XX (São Paulo, 1994); a individual “O corpo da escultura: a obra de Iole de Freitas”, curada por Paulo Venancio Filho, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Paço Imperial do Rio de Janeiro (1997);  Projeto de instalações permanentes do Museu do Açude, no Rio de Janeiro (1999); individual no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), “Iole de Freitas”, no Museu Vale (Vila Velha, 2004), e “Iole de Freitas”, no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, 2005), todas com curadoria de Sônia Salzstein; 5ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005). Em 2007 Iole foi convidada para realizar um projeto específico para a Documenta 12, de Kassel, Alemanha, e em 2008 apresentou seu trabalho na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre. Em 2009/2010 expôs na Casa França-Brasil (Rio de Janeiro) e na Pinacoteca do Estado de São Paulo, e participou da mostra “O Desejo da Forma” na Akademie der Kunst, em Berlim, Alemanha. De julho de 2015 a abril último, Iole de Freitas ocupou o Espaço Monumental do MAM Rio de Janeiro com obras de sua nova pesquisa escultórica. Sua trajetória encontra-se documentada em vários textos e publicações de renomados críticos de arte. É representada pela Galeria Raquel Arnaud desde 1988.

 

 

De 18 de maio a 19 de julho.

Obras de Sergio Camargo

01/mar

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, e o Itaú Cultural (São Paulo) reafirmam sua parceria levando ao público mais uma exposição de grande relevância no cenário artístico nacional. A instituição em Porto Alegre inaugura exposição “Sergio Camargo: Luz e Matéria” com trabalhos de um dos mais importantes nomes das artes visuais do século XX no Brasil. Com curadoria de Paulo Sergio Duarte e Cauê Alves, reúne mais de 60 obras cedidas por colecionadores privados e outras integrantes do espólio do artista.

 

A exposição é um novo recorte da versão exibida no Itaú Cultural em São Paulo, entre novembro de 2015 e fevereiro de 2016, e Porto Alegre é a primeira cidade a recebê-la, após seu encerramento na capital paulista. Na Fundação Iberê Camargo, ocupará dois andares com trabalhos de grande formato e em menor dimensão; torres e relevos em formas que jogam com a luz e a sombra, esculpidos em mármore de Carrara branco ou em mármore negro belga, datadas entre as décadas de 1960 e 1980. O conjunto faz uma síntese das sucessivas experiências de Sergio Camargo, nascido em 1930 e falecido em 1990.
A itinerância de “Sergio Camargo: Luz e Matéria” para a Fundação Iberê Camargo é marcada ainda com o lançamento de um catálogo inédito publicado pela instituição gaúcha, contendo um registro fotográfico das montagens em Porto Alegre e em São Paulo. A publicação conta a trajetória do artista e apresenta imagens das obras expostas nas instituições, incluindo uma reprodução do último ateliê que pertenceu ao artista, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

 

 

A palavra da curadoria

 
Estamos, nesta exposição, no interior de um capítulo da história dos relevos e da escultura, na segunda metade do século XX, que revela a produção de um dos maiores artistas contemporâneos de matriz construtiva. A partir de 1963, depois das primeiras experiências figurativas, a obra de Sergio Camargo (Rio de Janeiro, 1930-1990) toma forma com a criação dos primeiros relevos brancos em madeira. O jogo das seções de cilindros, dispostos sobre a superfície plana, oferece uma experiência inédita entre luz e matéria. A composição faz com que cada forma adquira uma fisionomia diferente ao longo do dia, quando exposta ao ar livre, por exemplo – distante da iluminação fixa de museus e salas de exposição.

 

Uma observação atenta nos leva a perceber que nem todos os relevos estão submetidos à ordem caótica da aleatoriedade. Em alguns, o projeto anterior à disposição dos “tocos” – como o artista os chamava – se manifesta com clareza, e é possível notar os desenhos. No entanto, a certeza de ordem também se encontra nos relevos aleatórios, já que neles os mesmos módulos se repetem numa lógica recursiva. Esses elementos podem tomar grandes dimensões, sendo dispostos aos pares sobre a superfície, como se amplificassem a potência dos relevos. São as chamadas “trombas”.

 

Simultaneamente à criação dos relevos, o artista se dedicou à elaboração das esculturas em mármore de Carrara, às quais, no início da década de 1980, foi incorporada a produção em mármore preto, o negro belga. A matriz cilíndrica permanece presente em parte dessas esculturas, que agora são submetidas a diferentes investigações de ângulos de corte, de contração e de dilatação. Surgem também as seções de cubos e de paralelepípedos, cortados em ângulos e justapostos numa ordem que se impõe de modo incomum e original.

 

Essa obra, que conviveu com tantas transformações na arte, manteve-se fiel à herança moderna. Segundo Charles Rosen – pianista e um dos mais relevantes musicólogos do século XX –, o que caracteriza o estilo clássico na música é a coerência e a unidade de sua linguagem. Num exercício de transposição para as artes visuais, podemos dizer que, ao entrar em contato com o trabalho de Sergio Camargo, estamos diante de um clássico contemporâneo.

 

 

De 03 de março a 12 de junho.

Do arcaísmo ao fim da forma na Pinacoteca

21/ago

A Pinacoteca do Estado, Luz, São Paulo, SP, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São

Paulo, exibe até 27 de setembro a exposição “Marino Marini: do arcaísmo ao fim da forma”.

Com curadoria de Alberto Salvadori, diretor do Museo Marino Marini em Florença, a exposição

é a primeira retrospectiva no Brasil do artista italiano reconhecido mundialmente por suas

esculturas em bronze, e um dos nomes fundamentais da arte moderna italiana.

 

A mostra proporciona ao público uma visão ampla e generosa da produção artística de Marini,

expondo 68 peças, entre esculturas, pinturas e desenhos, de distintos períodos de sua carreira

e reúne obras das duas importantes instituições dedicadas à obra do artista na Itália, o Museo

Marino Marini de Florença e da Fondazione Marino Marini de Pistoia – cidade natal de Marini.

 

A exposição “Marino Marini: do arcaísmo ao fim da forma”, tem patrocínio da Pirelli e apoio do

Istituto Italiano di Cultura di San Paolo. Esta iniciativa faz parte do “Ano da Itália na América

Latina” promovido pelo Ministério das Relações Exteriores e da Cooperação Internacional da

Itália e já foi apresentada na Fundação Iberê Camargo em Porto Alegre.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Pistoia (1901 – 1980), na região da Toscana, Marini cresceu cercado pelas

influências da vizinha Florença, nutrindo uma forte ligação com a arte etrusca e com a arte

egípcia pertencente aos museus da região, desenvolvendo em sua obra quatro temáticas em

particular: o retrato, a Pomona – a encarnação do eterno feminino –, os cavalos e os cavaleiros

e o circo. Por este último era extremamente fascinado, sentindo-se intrigado pela natureza do

ofício do malabarista, do palhaço e dos acrobatas. “A relevância de Marino Marini foi de um

artista que não se comportou como um filólogo, não aceitou os dados históricos consumidos

pelo estudo e pela interpretação antropomorfa do sujeito, mas revelou, no seu trabalho, uma

dimensão de atualidade da matéria numa relação direta entre homem e sujeito”, destaca

Alberto Salvadori.

Palatnik em Porto Alegre

07/jul

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, exibe a retrospectiva itinerante do mestre

internacional da arte cinética Abraham Palatnik, com curadoria assinada por Pieter Tjabbes e

Felipe Scovino. “A Reinvenção da Pintura” apresenta 78 obras produzidas entre os anos de

1940 e 2000. A exposição composta por pinturas, desenhos, esculturas, móveis, objetos e

estudos do artista brasileiro conhecido por obras que combinam luz e movimento e, em

muitos caso, utilizam instalações elétricas.

 

“A obra de Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só observar as

passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer uma das

primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais presente a

partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura

modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos cinecromáticos, nos

Objetos cinéticos e em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam

uma nova consciência do corpo”, pontuam os curadores no texto de abertura do catálogo da

exposição.

 

Segundo os curadores, a singular contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá

apenas por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética — caracterizada

pelo uso da energia, presente em motores e luzes —, mas também pela leitura particular que

faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação:

“Seu lado ‘inventor’ está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em

seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo e não pelas tintas,

imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga

já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik pintava com a luz”.

 

“Palatnik dinamizou a arte concreta expandindo-a para além de seu campo usual e integrou-a

à vida cotidiana por intermédio do design. Ao longo de sua trajetória, o artista produziu

cadeiras, poltronas, ferramentas, jogos e sofás, entre outros objetos. Sua obra habita o mundo

de distintas maneiras, apontando para uma formação incessante de novas paisagens e leituras

à medida que diminui, desacelera e molda o tempo. Nesta exposição reunimos todos esses

momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik. Uma obra que oferece ao público

experiências marcantes e solicita, em troca, uma entrega total”, concluem os curadores.

 

 

A palavra da curadoria

 

A obra de Abraham Palatnik (1928) caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só

observar as passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer

uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais

presente a partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da

escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos

Cinecromáticos, nos Objetos Cinéticos e em suas pinturas.

 

A retrospectiva  Abraham Palatnik — A Reinvenção da Pintura começa pelas obras nas quais se

vê a técnica acadêmica com a qual ele romperia no final da década de 1940 para dedicar-se à

arte cinética, caracterizada pelo uso da energia, presente em motores e luzes, com as séries

Aparelhos Cinecromáticos e Objetos Cinéticos.

 

Essa mudança de rumos na produção de Palatnik ocorreu em um momento decisivo para a

arte nacional. Nascia a Bienal de São Paulo, um dos marcos na entrada do país no circuito da

arte internacional. Palatnik participou da Bienal de 1951 com um Aparelho Cinecromático, uma

invenção — tão artesanal quanto engenhosa — de uma pintura feita de luz e movimento.

 

Se os Aparelhos Cinecromáticos criaram uma nova forma de pintar, os Objetos Cinéticos

podem ser vistos como uma renovação na forma de ocupar o espaço. No lugar dos volumes da

escultura, esses aparelhos lúdicos, coloridos e quase sempre motorizados ocupam o espaço

com movimento, aproximando a pesquisa de Palatnik das proposições de Alexander Calder e

Soto. Palatnik foi um dos precursores da arte cinética e da arte concreta. Mas também

dinamizou a arte concreta, expandindo-a para além de seu campo usual, e integrou-a à vida

cotidiana por intermédio do design. O experimentalismo e a organicidade sobrevoam a sua

trajetória — em particular na série de obras que utilizam a madeira como suporte e meio,

aproveitando os desenhos naturais dos veios dos troncos de jacarandá.

 

Na década de 1980, o artista inicia outra pesquisa com cor: a criação de telas com cordas

coladas para dar volume, e novamente a exploração das cores com a tinta. Na série W, o

artista estuda os jogos óticos resultantes do corte (que hoje realiza com laser) e subsequente

reagrupamento de tiras de madeira pintada, técnica que teve origem na série Relevos

Progressivos (feitos com papel cartão) iniciada na década de 1960. Palatnik movimenta as

varetas do ‘quadro fatiado’ no sentido vertical, ‘desenhando’ o futuro trabalho, construindo

um ritmo progressivo da forma, conjugando expansão e dinâmica visual e “explorando o

potencial expressivo de cada material”. A produção de Palatnik, apresentada nesta

retrospectiva em todas as suas facetas, intriga e encanta: suas obras vão construindo uma

narrativa visual marcante e profundamente elaborada sobre os horizontes alargados por ele.

 

 

Até 25 de novembro.