Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema

24/nov

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, abre no próximo dia 28 de novembro, às 19h, a exposição “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, marcando a inauguração de sua nova sede em prédio com projeto arquitetônico de Miguel Pinto Guimarães. Dirigida por Luiz Sève e sua filha Luciana Sève, a Galeria de Arte Ipanema passará a ocupar o andar térreo e metade do primeiro andar da construção com quatro andares e dois subsolos, que abriga ainda três unidades destinadas a escritórios empresariais. Ao longo do período de exposição será lançado o livro “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, pela Barléu, com texto do crítico Paulo Sergio Duarte, capa dura, formato de 21cm x 25cm, e 100 páginas. “Espero que um jovem que começa sua coleção, um jovem artista ou, mesmo, crítico possam ter uma ideia, embora tênue, do contexto em que nasce a Galeria de Arte Ipanema”, escreve Paulo Sergio Duarte. Para ele, o percurso de Luiz de Paula Sève no mercado de arte e de sua galeria é “coisa raríssima, para não dizer única no Brasil”.

 

Com atividades ininterruptas, a Galeria de Arte Ipanema volta assim ao seu tradicional endereço no número 27 da Aníbal de Mendonça, onde se instalou em 1972, e mostra nesta exposição inaugural de seu novo espaço sua íntima relação com a história da arte, e a força de seu acervo. Serão exibidas cerca de 60 obras de mais de 50 artistas de várias gerações e diferentes pesquisas, expoentes da Arte Contemporânea e do Modernismo, entre eles grandes mestres da Arte Cinética, do Concretismo e do Neoconcretismo. Junto a pesos-pesados da arte, a exposição também reunirá pinturas de artistas mais jovens, como a norte-americana Sarah Morris, conhecida por suas pinturas geométricas de cores vibrantes, inspiradas principalmente na arquitetura das grandes metrópoles – e os paulistanos Henrique Oliveira e Mariana Palma.

 

Em uma verdadeira festa para o olhar, a exposição se inicia com seis pinturas cinéticas da série “Physichromie” de Cruz-Diez – artista representado pela galeria -, que oferecem três diferentes conjuntos de cores de acordo com a posição do espectador: de frente, caminhando da esquerda para a direita, ou no sentido contrário. Esses trabalhos se juntam a outros grandes nomes da arte cinética, como um óleo sobre tela da década de 1970 e um móbile dos anos 1960 de Julio Le Parc; uma versão em formato de 55 cm da espetacular “Sphère Lutétia” , uma das três obras de Jesús Soto na mostra; uma pintura de mais de 1,60m da série “W” de Abraham Palatnik , entre trabalhos de outros cinéticos, como o relevo de quase três metros de largura de Luis Tomasello.

 

 

Construtivismo e Neoconcretismo

 

De Sérgio Camargo estarão três significativos relevos em madeira pintada, e um deles, “Relief 13-83”, participou da Bienal de Veneza em 1966, onde o artista tinha uma sala especial com 22 obras. De Waltercio Caldas, integrará a mostra a escultura “Fuga”, esmalte sobre aço inox e lã. Um núcleo da exposição é composto por uma gravura de Richard Serra, pela obra “Maquete para interior”, de Lygia Clark, uma escultura em aço pintado de Franz Weissmann, uma escultura e uma pintura de Amilcar de Castro, duas pinturas de Aluísio Carvão e dois trabalhos de Ivan Serpa. A “Pintura nº 355”, do argentino Juan Melé , também integrará a mostra.

 

 

Mais pinturas – Abstracionismo, Expressionismo, Nova Figuração

 

Quatro pinturas de Alfredo Volpi – uma dos anos 1960 e três da década seguinte – também estarão na exposição, bem como conjuntos das famosas séries “Ripa” e “Bambu”, dos anos 1970, de Ione Saldanha, em têmpera sobre madeira. “52 anos – Um raro percurso” mostrará óleos sobre tela dos anos 1960 e 1950 de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, dois artistas que participaram da exposição inaugural da Galeria Ipanema, em 1965. Arcangelo Ianelli, Abelardo Zaluar e Paulo Pasta também terão obras na mostra. A exposição apresentará pinturas de Iberê Camargo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Jorge Guinle e Beatriz Milhazes. Raymundo Colares, artista que fez sua primeira individual na Galeria de Arte Ipanema, estará representado pela pintura “Midnaite Rambler”, em tinta automotiva sobre madeira. Wesley Duke Lee terá na exposição três pinturas em nanquim, guache e xerox sobre papel: “Nike descansa ”, “O Alce (Sapato com fita amarrando), e “Os mascarados”. “Tô Fora SP”, de Rubens Gerchmann, e duas pinturas de Wanda Pimentel, das décadas de 1970 e 90, se somam a quatro obras de Paulo Roberto Leal, artista que também teve sua primeira individual realizada pela Galeria Ipanema. Outros grandes nomes da arte contemporânea que integrarão a mostra são Frans Krajcberg, Cildo Meireles, Nelson Félix, Antonio Manuel e Vik Muniz.

 

 

Modernismo

 

Luiz Sève teve um contato privilegiado com grandes artistas, entre eles sem dúvida está Di Cavalcanti, de quem serão exibidas três óleos sobre tela. Outros grandes nomes do modernismo que estarão na exposição são Portinari, com a pintura “Favela”, Djanira, com “Sala de Leitura”, e Pancetti , com “Farol de Itapoan”.

 

 

Breve história de um raro percurso

 

A história da Galeria Ipanema se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e seu precioso acervo é fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes que marcaram sua trajetória. Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com a exposição de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, em 1972, passou por outros endereços, como o Hotel Leme Palace e a Rua Farme de Amoedo.

 

 

Presença em São Paulo

 

De 1967 a 2002, Frederico Sève – irmão de Luiz – foi sócio da Galeria Ipanema, onde idealizou e dirigiu de 1972 a 1989 uma expansão em São Paulo, inicialmente na Rua Oscar Freire, em uma casa construída e especialmente projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake. A Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou, entre outros, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti , realizando as primeiras exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares. Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na criação de uma galeria de arte. Na família amante de arte, outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula, médico de Pancetti, havia sido diretor do MAM. Luiz Sève destaca que é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado qualquer pessoa pela aparência”. “Há o componente sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso. A Galeria Ipanema mantém em sua clientela colecionadores no Brasil e no exterior, e já atendeu, entre muitas outras, personalidades como o mecenas da arte David Rockefeller, Robert McNamara – Secretário de Defesa do Governo Kennedy -, e o escritor Gabriel Garcia Marquez.

 

 

Até 23 de dezembro.

Modernismo Brasileiro em Portugal

20/out

O museu mais visitado de Portugal e um dos 100 mais visitados do mundo, segundo a The Art Newspaper, publicação internacional especializada em arte contemporânea, recebe exposição com 76 obras pertencentes à Coleção da Fundação Edson Queiroz, de Fortaleza, CE, de 27 de outubro de 2017 a 11 de fevereiro de 2018. O Museu Coleção Berardo, em Lisboa, apresentará seleção das mais expressivas obras criadas por artistas brasileiros entre as décadas de 1920 e 1960. Com curadoria de Regina Teixeira de Barros e projeto expográfico de Daniela Alcântara, a mostra “Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz” faz parte da itinerância com exposições já realizadas na Pinacoteca de São Paulo; na Casa Fiat, em Belo Horizonte; na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba; e na Casa França-Brasil, no Rio de Janeiro.

 

 

A coleção na mostra

 

Ao longo dos últimos 30 anos, a Fundação Edson Queiroz (FEQ), mantenedora da Universidade de Fortaleza (Unifor), constituiu uma das mais sólidas coleções de arte brasileira, que percorre cerca de quatrocentos anos de produção artística com obras significativas de todos os períodos. Em 2015, a FEQ começou exposição itinerante por todo o Brasil, passando por São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Rio de Janeiro. A exposição dá a oportunidade para que mais pessoas conheçam um dos acervos de artes visuais mais importantes do Brasil, uma forma de disseminar e democratizar o acesso às artes. O tema da exposição “Modernismo Brasileiro na Coleção da Fundação Edson Queiroz” proporciona uma aproximação com as diversas vertentes, influências e movimentos da arte brasileira do início do século XX. “O recorte escolhido pela curadora possibilita também fazer as mais diversas associações entre a trajetória de nossos artistas e o contexto histórico e artístico internacional. Essas foram décadas marcadas por profundas mudanças políticas, econômicas, sociais e culturais em todo mundo”, frisa o vice-reitor de extensão da Unifor, professor Randal Pompeu.

 

No Museu Coleção Berardo, um dos destaques será a obra “Duas Amigas”, de Lasar Segall, pintura referencial da fase expressionista do artista. Por um lado, Segall emprega cores não realistas, imbuídas de valor simbólico, por outro, lança mão de princípios cubistas, simplificando as figuras por meio de planos geometrizados. A exposição percorre também os chamados anos heroicos do modernismo brasileiro, apresentando obras de Anita Malfatti, Antônio Gomide, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.

 

A segunda geração modernista, que desponta na década de 1930, está representada por artistas como Alberto da Veiga Guignard, Cândido Portinari, Ernesto De Fiori e Flávio de Carvalho. Deste período, merecem destaque as obras de Alfredo Volpi e José Pancetti que, além de comparecerem com um número significativo de obras na Coleção da FEQ, estabelecem uma transição entre a pintura figurativa e a abstração, apresentada na sequência.

 

O núcleo da exposição dedicado à abstração geométrica – tendência que desponta nos últimos anos da década de 1940 e se consolida na década de 1950 – abrange pintores do grupo Ruptura, de São Paulo, e artistas dos grupos Frente e Neoconcreto, ambos do Rio de Janeiro. Alguns dos nomes presentes nesse segmento são: Amilcar de Castro, Franz Weissmann, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Luiz Sacilotto, Lygia Clark e Willys de Castro, entre outros. Dois pioneiros da arte cinética participam deste segmento: Abraham Palatnik, com um objeto cinético, e Sérvulo Esmeraldo, com um “Excitável”.

 

Para a curadora Regina Teixeira de Barros, as histórias que delineiam a vizinhança física dos trabalhos artísticos das obras proporcionam diversas possibilidades, uma vez que muitas são as opções apresentadas a um só tempo. “O olhar pode vagar de uma pintura a outra, pendurada ao lado, instalada na parede oposta ou entrevista na sala seguinte. De uma única obra, podem-se desdobrar múltiplas narrativas, que se entrecruzam, se espelham, se confundem ou se confrontam à medida que o olhar avança, retrocede, salta ou recomeça”, ressalta.

 

A exposição encerra com a produção das décadas de 1950 e 1960, revelando uma diversidade de expressões artísticas, tão evidentes nas obras de Ivan Serpa, Tomie Ohtake e Iberê Camargo, quanto nas proposições radicais de artistas que haviam participado do movimento neoconcreto carioca. Trata-se do momento em que uma completa revisão de paradigmas se opera e a arte nacional toma novos rumos, aproximando-se da chamada arte conceitual. A exposição reúne ainda uma seleção de artistas que não aderiram a nenhum grupo da época, mas que adotaram uma linguagem abstrato-geométrica singular, mesclando-a com certo lirismo. Destacam-se, nessa seção, os pintores Antônio Bandeira, Maria Helena Vieira da Silva e Maria Leontina.

“Frauenpower”

12/set

A Galeria Houssein Jarouche, Jardim América, São Paulo, SP, exibe “Frauenpower”, com curadoria de Paulo Azeco e 32 obras de diversos artistas que estão relacionados ao universo da Pop Art, como Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Claudio Tozzi, Ivan Serpa, Marina Abramović, Nelson Leirner, entre outros. A mostra busca resgatar um percurso histórico das representações visuais da mulher, a partir das vanguardas da década de 1960, e discutir a idealização do corpo feminino, a criação de padrões estéticos, considerando os aspectos sociais e antropológicos dessas imagens.

 

Ao longo da década de 1970, a artista austríaca (radicada em NY) Kiki Kogelnik desenvolveu a série “Woman”, na qual formulava críticas sobre a imagem feminina tal qual era retratada na publicidade da época – ora frágil, ora sexualizada -, em trabalhos discretamente feministas, irônicos e com forte carga imagética Pop. Reconhecendo a arte como veículo de significação e comunicação visual, “Frauenpower” – expressão alemã utilizada para designar poder feminino – nasce de uma pesquisa sobre a produção desta artista, no intuito de investigar a figura da mulher e a influência da mídia na construção de um imaginário do corpo feminino.

 

Arquétipo da Vênus de Botticelli, o ideal de beleza e perfeição surge como referência para a construção dos processos de auto-imagem e consequente afirmação e negação. Este conceito é visto nos trabalhos de Marina Abramović, Sandra Gamarra e Lenora de Barros, os quais depositam, na figura da musa, seu contraponto. Além da imagem, o consumo também é abordado, no que se refere à objetivação dos corpos, sexualização e misoginia, além da influência imagética feminina sobre a figura masculina, levando à transcendência de limitações de gênero – como se observa também nas obras de Vânia Toledo, Nan Goldin e Carlos Vergara.

 

Nas palavras do curador Paulo Azeco: “Por fim, não se trata de uma mostra com cunho feminista, e sim uma celebração da força visual da mulher. Entender o encantamento que fez dessa figuração um dos principais temas de toda a História da Arte, analisando um espectro mais profundo que apenas a beleza do retrato”.

 

Artistas: Alex Katz, Allan D’Arcangelo, Andy Warhol, Anna Maria Maiolino, Barbara Wagner, Bob Wolfenson, Carlos Dadorian, Carlos Vergara, Cibelle Cavalli Bastos, Claudia Guimarães, Claudio Tozzi, Delima Medeiros, Ivan Serpa, Kiki Kogelnik, Lenora de Barros, Marina Abramović, Mel Ramos, Nan Goldin, Nelson Leirner, Russel Young, Tracey Emin e Vânia Toledo.

 

 

De 16 de setembro a 18 de novembro

Coleção Fundação Edson Queiroz

24/mar

A Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “VIRAGENS: arte brasileira em outros diálogos na coleção da Fundação Edson Queiroz”. Construída há mais de três décadas com obras de variados períodos da arte brasileira, esta coleção caracteriza-se por ser uma das mais importantes do país, e encontra-se sediada na Universidade de Fortaleza, no Ceará. Curadoria de João Paulo Quintella, Laura Consendey, Marcelo Campos e Pollyana Quintella e expografia de Helio Eichbauer.

 

A proposta é construir diálogos múltiplos que perpassam alguns capítulos da arte brasileira com obras desde 1913, como a emblemática pintura de Lasar Segall, “Duas amigas”, até os anos 1980. A exposição é constituída por núcleos que apresentam abordagens mais amplas do que os convencionais movimentos e cronologias da história da arte, identificando obras que se relacionam às discussões da forma, aos referenciais da cultura, aos interesses psicológicos e a outros atravessamentos possíveis, observando não só a influência de um artista sobre seus sucessores, mas, antes, as evidências de que arte e sociedade são indissociáveis.

 

Dentre os 43 artistas participantes, constam nomes como Abraham Palatnik, Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Anita Malfatti, Antonio Bandeira, Antonio Gomide, Bruno Giorgi, Candido Portinari, Cícero Dias, Danilo Di Prete, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto de Fiori, Flávio de Carvalho, Frans Krajcberg, Franz Weissmann, Guignard, Hélio Oiticica, Hercules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Iberê Camargo, Ione Saldanha, Ismael Nery, Ivan Serpa, José Pancetti, Judith Lauand, Lasar Segall, Lothar Charoux, Luiz Sacilotto, Lygia Clark, Maria H. Vieira da Silva, Maria Leontina, Maria Martins, Maurício Nogueira de Lima, Milton Dacosta, Mira Schendel, Rubem Valentim, Samson Flexor, Sérgio Camargo, Sérvulo Esmeraldo, Tomie Ohtake, Vicente do Rego Monteiro, Victor Brecheret e Willys de Castro.

 

A exposição também prevê um ciclo de falas com pesquisadores voltados para as questões da arte moderna brasileira.

 

 

De 25 de março a 25 de junho.

Ricardo Nauenberg | Entre Terra

16/dez

Fotografia
Curadoria Marc Pottier

 

Centro Cultural Correios RJ

 

Abertura: terça, 20 de dezembro, 19h
Aventura visual

 

Imagens de um subterrâneo urbano desaparecido

 

Ricardo Nauenberg tem um extenso currículo em TV, cinema e design, mas no começo de sua formação artística a fotografia foi seu principal instrumento de trabalho. Em maio de 2015, ele decidiu voltar ao imediatismo do clique.O cenário escolhido foi o subterrâneo da construção da Linha 4 do metrô carioca, inaugurada em agosto desse ano para a Olimpíada: uma paisagem à qual o público não teve acesso e desapareceu definitivamente quando a obra ficou pronta.Entre milhares de cliques, Nauenberg e o curador Marc Pottier escolheram 89 para compor a mostra “Entre Terra”, que abreem 20 de dezembro no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ, ocupando 600 metros quadrados de área expositiva. Acrescido de mais imagens, esse conjunto renderá também um livro a ser lançado no ano que vem.

 

As fotografias em cor e preto e branco não são sobre a obra de engenharia, mas sobre a capacidade de o homem interferir no meio ambiente. Nauenberg conta: “Decidi mergulhar em um ensaio sobre o tema e durante um ano fotografei essas interferências, procurando focar se eram cicatrizes (se mal feitas) ou tatuagens (se bem planejadas)… uma ação forte do homem no meio ambiente, com imagens e formas que surpreendem e que desapareceram, pois o processo se completaria em aproximadamente um ano”.

 

“Entre Terra” é um registro estético, distante do fotojornalismo. O que interessa a Nauenberg é, por exemplo, documentar uma paisagem transitória que ninguém captou, uma “Serra Pelada” submersa, como ele descreve. A lente de 600 mm, que achata planos, e a 7 mm, que distancia e cria linhas e perspectivas, foram sua escolha para se afastar do enfoque documental, jornalístico. Afinal, o que mais o atrai é a “interpretação do real” e não o factual.

 

O curador Marc Pottier diz que “[…] o que é essencial aqui é o que permanece invisível: a impressão, fotografia após fotografia, de um fascínio notável e imenso que vem da repetição e da revelação do poder de um artista que consegue impor a realidade a este mundo abarrotado com leis desconhecidas e a confirmação de que este trabalho é realmente o resultado de uma aventura espiritual profundamente vivida no limiar entre o consciente e o inconsciente. É a vitória do efêmero. Nas fotografias de Ricardo Nauenberg, o tempo parece já ter destruído a criação do homem.”Esse ensaio fotográfico sobre as variações humanas e geográficas foi realizado nas escavações do Itanhangá(Barra da Tijuca), da Antero de Quental e Igarapava (Leblon) e Praça Nossa Senhora da Paz (Ipanema).

 

 

Sobre o artista

 

Depois de uma rápida passagem pela pintura, estudando com Ivan Serpa, Ricardo Nauenberg se dedicou a colagens a partir de imagens reais. Na pesquisa por texturas e formas, passou, muitas vezes, a produzi-las com uma câmera fotográfica. Daí à fotografia pura foi um passo: estagiou no lendário estúdio Plug, de David Drew Zingg e Eduardo Clark, filho de Lygia Clark. Quem também trabalhava nesse estúdio como designer era um jovem alemão chamado Hans Donner, que acabou levando Nauenberg para a TV Globo, onde iniciou uma trajetória no design, na televisão e no cinema, seguida até hoje através de sua produtora de conteúdo Indústria imaginária.Durante dez anos na Globo, Nauenberg transitou do time de programação visual como diretor de arte a direção de Caso Verdade, Primo Basílio, de musicais como Free Jazz, Sting e Tina Turner e videoclips para o Fantástico. Deixou a TV Globo para se dedicar à montagem da TVA, primeira televisão a cabo no Brasil (do grupo Abril), e no desenvolvimento de série de ficção para a Rede Manchete.Com formação polivalente, em Design, Arquitetura e Economia, Nauenberg assina a criação e direção de séries de TV aberta e fechada sobre teatro, dança, meio ambiente e futebol; de espetáculos multimídias, de som e luz. É dele a criação e produção dos museus de Pierre Cardin na França, Japão, China e Austrália. Dirigiu o longa “O inventor de sonhos”, em 2013, com Sheron Menezes, Stenio Garcia, Icaro Silva, entre outros.Junto com a preparação da mostra Entre Terra, Ricardo dirige a série “Nas nuvens” (canal Arte 1), o doc “Cruzada São Sebastião” (Globo News) e a quarta temporada de “Audioretrato” (Music Box Brazil).“Nas nuvens” é sobre a feitura de super hits de Lulu Santos, Paralamas, Titãs, Paula Toller, Fernanda Abreu entre outros, nesse estúdio carioca histórico que dá nome ao programa. Em “Cruzada São Sebastião”, ele propõe uma radiografia humana desse “bairro” dentro do Leblon. “Audiorretrato”, já na quarta temporada, é um seriado sobre a “pessoa física” e não a jurídica de músicos brasileiros de tendências diversas.
De 21 de dezembro a 02 de março de 2017.

Doação histórica

24/out

O MoMA recebeu uma doação histórica de arte latino-americana da Coleção Cisneros. A colecionadora venezuelana Patricia Cisneros anunciou a doação de 102 obras ao Museu de Arte Moderna, MoMA, de Nova York. São pinturas, esculturas e outras peças de autoria de 37 artistas do Brasil, Venezuela, Argentina e Uruguai, criadas entre as décadas de 1940 e 1990. No total, Patricia Phelps de Cisneros doou 102 obras, de diversos formatos e técnicas, incluindo trabalhos de 64 de artistas brasileiros.

 

 

Artistas brasileiros

 

A doação inclui telas, esculturas e trabalhos sobre papel realizados entre 1940 e 1990 por 37 artistas trabalhando no Brasil, na Venezuela, na Argentina e no Uruguai. Entre os brasileiros, há obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Luiz Sacilotto, Ivan Serpa, Mira Schendel, Lygia Pape, Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Hercules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Aluisio Carvão, Willys de Castro, Rubem Valentim e Franz Weissmann.

 

 

Outros latinos

 

A doação inclui trabalhos dos venezuelanos Jesús Rafael Soto, Carlos Cruz-Díez e Alejandro Otero e do argentino Tomás Maldonado, entre outros. Patricia Cisneros faz parte do Conselho Diretivo do MoMA há varias décadas e participa de várias comissões de aquisição e gestão, incluindo o Fundo Latino-americano e Caribenho, do qual ela é presidente e fundadora.No últimos dezesseis anos, a Família Cisneros doou mais de quarenta obras ao museu.

Livro de Wanda Pimentel

06/abr

Anita Schwartz Galeria de Arte lançará o livro “A coleção Wanda Pimentel”, Aprazível Edições, durante a SP Arte, que acontecerá entre os dias 7 e 10 de abril de 2016, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão da Bienal), em São Paulo. Com nove desenhos impressos sobre tela, onde a artista fez pequenas interferências de pintura em acrílico, cada um dos 36 exemplares torna-se único. Os desenhos foram feitos por Wanda Pimentel na década de 1960, e que ficaram guardados até agora. O livro traz ainda reproduções de todos os desenhos e um poema de Fernando Pessoa, impresso em fine art em papel de 300 gramas, com encadernação artesanal em tecido e couro.

 

“Imagine a década de 1960: o movimento pop em plena efervescência! Exatamente aí, Wanda Pimentel realiza uma série, hoje antológica, de desenhos a nanquim sobre papel. Esses nove desenhos se desdobrariam em pinturas a óleo sobre tela, atualmente disputadas pelas mais importantes coleções e museus”, ressalta Leonel Kaz, responsável pelo planejamento editorial e direção gráfica ao lado de Lucia Bertazzo.

 

Sobre a artista

 

Wanda Pimentel nasceu no Rio de Janeiro, em 1943. Estudou pintura com Ivan Serpa, no MAM Rio, em 1965. Dentre suas principais exposições individuais estão “Geometria/Flor”, na Anita Schwartz Galeria, em 2015; a exposição no MAM Rio, em 2004; no Paço Imperial, em 1999 e em 1997; no Centro Cultural Banco do Brasil, em 1994; entre outras. Dentre suas principais exposições coletivas estão: “Artevida Política”, no MAM Rio, em 2014; “Nova Figuração anos 1960-1970”, no MAM Rio, em 2009; “Panorama dos Panoramas”, no MAM São Paulo, em 2008; “Arte contemporânea e patrimônio”, no Paço Imperial, em 2008; “Arte Como Questão/Anos70”, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, em 2007; “Manobras Radicais”, no CCBB São Paulo, em 2006; “Um Século de Arte Brasileira – Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, na Pinacoteca do Estado de S.Paulo e no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, ambas em 2006; “Abrigo Poético – Diálogos com Lígia Clark”, no MAC de Niterói, em 2006; “Arte En América Latina (Coleccion Eduardo Constantini)”, no MALBA, em Buenos Aires, em 2001; entre outras. Participou, ainda, do Salão da Bússola (1969), no MAM Rio; Salão de Verão (1969), no MAM Rio; V Salão de Arte Contemporânea de Campinas (1969), no Museu de Arte Contemporânea de Campinas; XVIII Salão Nacional de Arte Moderna, no Ministério da Educação e Cultura- Rio de Janeiro/RJ (1969); II Salão Esso de Artistas Jovens (1968), no MAM Rio e Representação Brasileira à Bienal de Paris (1969), no MAM Rio.

 

Lançamento: A coleção Wanda Pimentel  – 7 a 10 de abril, Stand da Anita Schwartz Galeria (G8), SP Arte, Pavilhão Ciccillo Matarazzo (Pavilhão da Bienal), Parque do  birapuera, Portão 3.

Na Gustavo Rebello Arte

26/out

Gustavo Rebello Arte, situado no Copacabana Palace, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Desde Muito Antes”. A mostra reúne o lançamento de uma antologia crítica de textos sobre arte, escritos por Ferreira Gullar para o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, de 1956 a 1961, junto de uma exposição com 24 obras, do mesmo período, de artistas como Aluísio Carvão, Ivan Serpa, João José Costa, Amilcar de Castro, Lygia Pape, entre outros.

 

Resultado de ampla e cuidadosa pesquisa realizada no Centro de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil por Renato Rodrigues da Silva e Bruno Melo Monteiro, a antologia crítica de textos sobre arte, escritos por Ferreira Gullar para o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, de 1956 a 1961, publicada pela Contra Capa Editora, reúne mais de 100 contribuições de Gullar para a reflexão crítica acerca de um dos períodos mais significativos da arte brasileira do século XX.

 

O conjunto de artigos vai além do engajamento do autor nas questões que tanto consolidaram quanto opuseram o concretismo e o neoconcretismo no decorrer dos anos 1950. Há não apenas diversas resenhas de exposições individuais e coletivas visitadas por ele, entre as quais a Bienal de São Paulo e o Salão Moderno, como também importantes considerações sobre a arte moderna, o tachismo, o meio de arte no Brasil e as relações entre arte, técnica e ciência.

 

A iniciativa de organizar para o lançamento do livro uma exposição abarcando o mesmo período dos textos de Ferreira Gullar, composta de obras de colecionadores privados e, sobretudo, do acervo da Gustavo Rebello Arte, tem como principal objetivo oferecer aos visitantes um panorama sucinto do contexto da produção artística sobre a qual eles foram escritos. Em sua reunião num único volume, nota-se rapidamente a preocupação do autor em tanto acompanhar quanto problematizar o que era feito pelos artistas, principalmente no eixo Rio-São Paulo.

 

Entre as obras expostas na galeria Gustavo Rebello Arte, destacam-se “amarelobranco”, de 1959, óleo sobre tela de Aluisio Carvão, reproduzido ao lado do texto “Pintura brasileira agora”, publicado no dia 26 de setembro de 1959; o óleo sobre tela Ideia desde muito antes”, de 1956/1995, de João José Costa, tema da capa do livro, e uma escultura de Amilcar de Castro, de 1959 e um conjunto de seis xilogravuras de Lygia Pape, ambos pertencentes, primeiramente, ao crítico de arte Mário Pedrosa.

 

A colaboração entre a Contra Capa e a Gustavo Rebello Arte oferece ao público, portanto, a possibilidade de, numa ida a Copacabana, retomar um fio que se vem tecendo há seis décadas na arte brasileira.

 

 

De 11 de novembro a 18 de dezembro.

MASP exibe Moda

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, inaugurou a exposição “Arte na moda: Coleção MASP Rhodia”, na qual apresenta o conjunto completo da Coleção MASP Rhodia, doada em 1972, e composta por 78 peças produzidas nos anos 1960. Assinam a curadoria da mostra o diretor artístico Adriano Pedrosa, a curadora adjunta Patrícia Carta e o curador Tomás Toledo.

 

A coleção foi doada pela empresa química francesa Rhodia, que lançava seus fios sintéticos no Brasil, e utilizava desfiles e coleções de moda como forma de divulgação de seus produtos. Essa estratégia foi concebida por Lívio Rangan, então gerente publicitário da Rhodia, responsável por coordenar a criação das coleções e organizar os desfiles onde as roupas eram divulgadas. Estes se aproximavam mais de um espetáculo que de uma divulgação comercial, reunindo profissionais do teatro, dança, música e das artes para sua realização.

 

O vestuário exposto tem estampas criadas por artistas brasileiros como Willys de Castro, Aldemir Martins,Hércules Barsotti, Carybé, Ivan Serpa, Nelson Leirner, Manabu Mabe, Alfredo Volpi, Lula Cardoso Ayres e Antonio Maluf, entre outros. As escolhas dos artistas revelavam o interesse em dialogar com a arte contemporânea do momento e refletiam as principais tendências estéticas e programas artísticos do período.

 

A abstração concreta está presente nas peças de Hércules Barsotti, Willys de Castro e Antonio Maluf. Já a abstração informal aparece nos vestidos de Manabu Mabe e Antonio Bandeira, e as referências ao pop, nas peças de Carlos Vergara, e Nelson Leirner.

 

Outra preocupação era trazer para a coleção a temática da cultura popular brasileira, parte importante da história do museu, além de assunto frequente nas pesquisas de Lina Bo Bardi. As estampas criadas por Aldemir Martins, Carybé, Francisco Brennand, Genaro de Carvalho, Lula Cardoso Ayres, Manezinho Araújo, Gilvan Samico e Carmélio Cruz refletem o tema.

 

A moda esteve presente no MASP em eventos e exposições realizadas no passado, como o desfile de vestidos de Christian Dior, em 1951; o desfile de moda brasileira, em 1952; e o Festival de Moda – I Exposição Retrospectiva da Moda Brasileira, de 1971, no qual foram exibidas algumas das peças que estão presentes nesta mostra. A expografia desenvolvida para a exposição é uma combinação monocromática de dois elementos: bases horizontais elevadas do chão para os manequins e cortinas que criam planos verticais de fundo para as peças. Distribuídos pelo espaço expositivo do segundo subsolo, criam um percurso de visitação: se vistos de cima, uma composição gráfica de curvas e retas. A opção pela predominância da cor preta nos elementos expográficos permite destacar as cores vibrantes das peças e, ao mesmo tempo, controlar melhor a intensidade da iluminação, para preservar as peças têxteis, bastante sensíveis.

 

No contexto da exposição, será vendido um catálogo inédito com reprodução das 78 peças. Além do texto curatorial, o catálogo contará com comentário crítico da especialista Patrícia Sant’Anna, cuja tese de doutorado realizado na Universidade Estadual de Campinas, Unicamp, abordou a coleção MASP-Rhodia.

 

Estarão contemplados na publicação e na exposição os artistas Aldemir Martins, Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Antonio Maluf, Carlos Vergara, Carmélio Cruz, Carybé, Danilo Di Prete, Fernando Lemos, Fernando Martins, Francisco Brennand, Genaro de Carvalho, Gilvan Samico, Glauco Rodrigues, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Isabel Pons, Ivan Serpa, João Suzuki, José Carlos Marques, Kenishi Kaneko, Licínio de Almeida, Lívio Abramo, Luigi Zanotto, Lula Cardoso Ayres, Manabu Mabe, Manezinho Araújo, Moacyr Rocha, Nelson Leirner, Tikashi Fukushima, Tomoshigue Kusuno, Waldemar Cordeiro e Willys de Castro.

 

 

O conceito da curadora adjunta

 

Para Patrícia Carta, o acervo único reúne a riqueza de um momento histórico marcado pela ascensão do prêt-à-porter e pela crescente industrialização do país. “A importância desta exposição, além de trazer a estética e a plasticidade da época, é aproximar a arte de outras áreas, como moda e design, e é um bom exemplo de dessacralização do espaço museológico.”

 

 

Sobre Patrícia Carta

 

É curadora adjunta de vestuário e moda do MASP, diretora da Carta Editorial, que publica Harper’s Bazaar e a revista Iguatemi, entre outros títulos. Foi diretora das publicações da Condé Nast, como a Revista Vogue, de 2003 a 2010. Na Folha de S.Paulo, foi editora de moda de 1992 a 1997.

 

 

Curso Arte, Moda e Museu

 

O Museu de Arte de São Paulo – MASP oferece, por meio do MASP Escola, uma grade abrangente se cursos livres voltados para interessados em artes — temas como fotografia, história da arte e moda são destaques. Desde o dia 21 de outubro, o museu oferece o curso “Arte, Moda e Museu”, ministrado por Lorenzo Merlino, que se propõe a localizar e relacionar características cruciais da história da moda, iniciando pela pré-história e as primeiras vestimentas, passando pela diferenciação por gênero da Idade Média, e chegando ao contexto recente da globalização expressa pelo Ready-to-Wear e o Fast Fashion. Os movimentos de vestuário serão apresentados de maneira cronológica com viés crítico e inter-relacional ao longo de oito aulas.

 

Lorenzo Merlino tem 20 anos de experiência no mundo da moda, professor titular da cadeira de Estilo no curso de moda da Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP desde 2010 e Pós-Graduado com nota máxima em História da Arte pela mesma instituição em 2013. Professor colaborador na Escola São Paulo, na Casa do Saber, no Senac e nas Faculdades Rio Branco. Desde abril é o novo figurinista-residente do Theatro Municipal de São Paulo.

 

 

Até 14 de fevereiro de 2016.

Serpa + Zalszupin

19/out

A galeria Bergamin&Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição Serpa + Zalszupin. O carioca Serpa e o paulista de origem polonesa, Zalszupin, até onde se sabe não se conheciam, mas é surpreendente a simetria no trabalho de ambos. Enquanto Serpa recortava a tela em tiras e quadrados, Zalszupin recortava as folhas de jacarandá baiano para construir tampos de mesas executados para a L’Atelier. O período coberto pela obra de Zalszupin se inicia nos anos 1950, período de glória da arquitetura brasileira.

 

A paleta de cores encontrada em estudos de Serpa, da década de 1950 e 1960, parece ter sido transferida para os revestimentos escolhidos por Zalszupin para seus estofados. Até os tampos em mármore bege Bahia, o preferido de Zalszupin, se assemelham a pintura livre e mais abstrata desenvolvida por Serpa no início dos anos 1960.

 

A intenção da mostra é expor as semelhanças entre o desenho industrial do designer Jorge Zalszupin e a prática artistica de Ivan Serpa, durante os anos mais prolíficos de suas carreiras, entre as décadas de 1950 e 1970.

 

Pretendemos também com essa mostra, elevar o design a condição de arte. Exibindo um artista que nos anos 1950 criou o Grupo Frente, e teve como pupílos nomes como Lygia Clark, Lygia Pape e Helio Oiticica, ao lado de um dos maiores nomes do desenho nacional, pioneiro na utilização de compensado curvado no Brasil, demonstra a genialidade alcançada por estes mestres.

 

A galeria pretende apresentar uma integração despretensiosa entre o trabalho de cada artista. Em suas paredes, estarão cerca de 25 trabalhos de Ivan Serpa, entre pinturas e desenhos, produzidos entre os anos 1950 e 1970. As 17 peças de mobiliário serão ambientadas informalmente, como dispostas em uma residência.

 

 

De 24 de outubro a 04 de dezembro.