O universo de Duval

14/out

A exposição “WASTHA – Universo imaginário de Fernando Duval” entra em cartaz – com curadoria geral de Antonio Torres Xavier – na Sala Multiuso do Marina Barra Clube, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. O artista que tem vida profissional com mais de cincoenta anos de atividades contínuas dentro e fora do país, é criador de incontáveis personagens que habitam um notável mundo paralelo contado através de inspiradas figuras que servem de imediata alusão à realidade cotidiana.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 1937, em Pelotas, RS, Fernando Duval estudou inicialmente na Escola de Belas Artes de Pelotas. Aos 19 anos, transferiu-se para o Rio de Janeiro onde ingressou na turma de alunos comandados pelo pintor Ivan Serpa no MAM-Rio que ainda encontrava-se em construção e travou conhecimento com Aluísio Carvão, Fayga Ostrower e Edith Behring. Quando as vanguardas abstratas tomaram a cena artística brasileira, dividindo cariocas e paulistas, geométricos e informais, Duval influenciou-se pelas diferentes orientações, refletidas em uma fase marcada pelo uso do preto e branco. A seguir, passou a trabalhar com cores primárias em trabalhos mais figurativos e logo começou desenvolver seu universo fantástico. Primeiramente, em livros de edição única que mostrava apenas aos amigos. Após ter participado da 9ª Bienal do Mercosul em 2013, o artista lança um livro ambientado em seu universo, o Wasthavastahunn no qual narra (e ilustra) a história do Bivar, um animal que nunca foi visto.

 

 

De 18 a 25 de outubro.

A cor fremente de Gonçalo Ivo

28/set

A Galeria Simões de Assis, Curitiba, PR, inaugura exposição individual de pinturas de Gonçalo Ivo. O catálogo desta nova exibição traz textos assinados pelo escritor angolano – também artista plástico – Valter Hugo Mãe e Felipe Scovino, crítico de arte e curador que responde pela apresentação do artista expositor.

 

 

Sobre o artista

 

Não apenas mais um colorista

Felipe Scovino

 

Duas pesquisas ou situações simbólicas me chamam a atenção na experiência de presenciar o trabalho de Gonçalo Ivo: a sua capacidade de criar módulos distintos de experiência cromática em suas telas e a abertura para a ideia de uma partitura na maneira como compõe, e aqui leiam com o duplo sentido que essa palavra pode ter (fazendo um enlace tanto com a composição de uma música quanto a ideia de criação que ela também possui), a aparição da linha.

 

E isso não é pouco. Imagino que o leitor desse texto deva estar cansado da quantidade de subterfúgios e pouca vitalidade que uma parcela da chamada pintura contemporânea possui. Gonçalo se mantém à parte disso. Sua obra transita entre dois mundos muito próprios da história da arte brasileira e mundial. Suas referências internacionais variam entre a delicadeza e o misterioso abstracionismo de Paul Klee, a experiência arrematadora do abstracionismo geométrico de Vieira da Silva, a cor-luz pulsante de Rothko e os color fields de Barnett Newman, para me ater a alguns. No campo brasileiro, sua pesquisa cria conexões com a passagem entre o moderno e o contemporâneo, o ponto paradigmático da experiência de maturidade da arte brasileira. Estou me atendo ao período de aparecimento, ransformação e quiçá diferença que as obras de matriz construtiva introduzem de forma ampla no país. É a geração de Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Ivan Serpa, Volpi e Willys de Castro.

 

Acredito que foram guias espirituais, mestres, que Gonçalo acompanhou atentamente e que deles, entre outros, extraiu a essência de suas pesquisas e simultaneamente criou, Gonçalo, a sua própria trajetória. Percebam a semelhança e ao mesmo tempo as marcas pessoais de Volpi e Gonçalo ao compararmos a série “Ogiva” do primeiro e o tríptico azul em madeira realizada pelo último e exposto nessa mostra. A imagem de uma arquitetura religiosa, a relação não fortuita entre espaço e plano e finalmente a tridimensionalidade da pintura são pontos em comum, além da experiência com a têmpera, técnica renascentista, artesanal, utilizada pelos dois pintores em suas obras. Contudo, penso que aqui Gonçalo cria o seu caminho próprio. É a experiência com a cor que traduz isso. O artista cria uma corporeidade para a cor; não da forma como Hélio Oiticica fez e relata em seus textos mas como uma cor que possui matéria e significativamente espessura, “odor”, pois ela é toda corpórea, física, maleável. Há um fascínio ou investimento para que o olhar se converta em algo tátil. E mesmo quando a expande para o espaço, com seus objetos em madeira, que por sua vez criam um diálogo interessante e consistente com arte africana, há um desejo de continuar falando sobre pintura e não exatamente sobre tridimensionalidade ou escultura.

 

É perspicaz o fato de que Gonçalo particulariza os módulos de cor em sua pintura. Faz uso de um vocabulário geométrico mas não é exatamente a forma abstrata, imagino, a sua real preocupação mas as (inúmeras) qualidades e aparições que a cor venha a possuir. Para cada campo que constrói a cor ganha um significado e uma aparição ao mundo muito própria: pode se exibir com uma matéria áspera, suave, delicada, retraída, pulsante. É a maneira como orienta as pinceladas e o número e a forma como realiza as investidas de tinta sobre a tela que fazem essa percepção de que a cor em Gonçalo seja sempre diferente.  Não há separação,também, entre tela e moldura, pois esta é criada à revelia pelo artista. É comum vermos linhas verticais pintadas lado a lado definindo o que seria o papel da moldura. É na aparição da linha, por sinal, que assistimos à gestualidade do artista e seu embate com um suposto entendimento de que a pintura geométrica é racional e rigorosa. Está lá, na pintura de Gonçalo, assim como em Mondrian, guardadas as devidas especificidades de cada obra, uma linha torta e assumidamente humana. Descrevendo outra qualidade da linha de Gonçalo, percebemos o quanto ela é harmônica e musical. Aliás, a aproximação entre música e pintura já fica evidente na escolha dos títulos das obras (contraponto, acorde, prelúdio, etc). A  qualidade intervalar que é construída por meio dos módulos de cor me leva a crer que suas pinturas, agrupadas em um conjunto, podem ser lidas também como uma partitura. As linhas como notas a serem lidas que logo reverberam uma melodia que atravessa o espaço em que essas obras estejam habitando. É algo mágico e inventivo perceber essas centelhas que têm uma função inacreditável: nos tornar mais sensíveis ao que nos cerca, percebermos um instante de crença no homem para além da barbárie que assistimos todos os dias. Claro, não há som mas a ideia de que possam ser percebidas para além de sua materialidade e possam, portanto, criar vida em um outro regime, agora de escuta, é sensacional. Ampliar essa capacidade da pintura é demonstrar que, a contragosto de alguns, a pintura não morreu. Pelo contrário, o artista nos ajuda a entender que há muitos caminhos, sentidos e existências para essa técnica milenar. Portanto, a obra de Gonçalo não se traduz como um exercício de persistência da geometria ou de balancear, contrapor e/ou associar cores mas fundamentalmente provocar um estado de inovação do campo pictórico e associá-lo às mais distintas imagens e qualidades. Repito: a fabricação dessa operação não é para muitos.

 

 

Cromatismo

Valter Hugo Mãe

 

Por vezes imagino que nos salvamos de toda a matéria e viramos apenas identidades que
habitam a cor. A cor é um substantivo da matéria. Tenho sempre a impressão de que se rebela contra adjetivá-la e se torna tudo, como um ser que espera. As cores esperam. Enquanto lemos a luz, a cor torna-se alguém. Sabe coisas e é alguém. Um dia, desintegrados, talvez sejamos esplendorosa e unicamente participações na luz. A pintura de Gonçalo Ivo é mais do que um estudo da cor, é uma escola para a cor. Ali, ela aprende. Amadurece, como animal efectivamente caçado, que não pode mais deixar de assumir sua evidência no mundo. Cada tela é uma classe, feita de superior mestria, onde a luz incide para se adorar já não enquanto acaso mas enquanto inteligência. É esta a diferença entre a cor por consciência e a casual. O trabalho de Gonçalo Ivo, cientista desta arte, é um modo de revelação, não enquanto delirante tentativa mas exatamente enquanto pronúncia de sábio que chega cada vez mais perto do que não se podia ver. As suas telas existem como provas de um gesto de luz semelhante ao gesto de Deus. A luz sabe o que faz. Nas telas de Gonçalo Ivo a luz aprende a fazer.

 

 
A arte deixa cair o figurativo porque a realidade exposta já não é suficiente, talvez nunca o
haja sido e a insatisfação dos artistas esteve sempre comprovada, até tragicamente. A
libertação da arte em relação à obrigação de representar, ou de apresentar cabalmente o seu significante, é fundamental para adentrar um espaço mental, que não deixa de ser também uma dimensão da realidade, caracterizado por uma imprecisa questão para uma ainda mais imprecisa resposta. Chegar à questão é o desafio, obter alguma resposta é a absoluta improbabilidade. O trabalho de Gonçalo Ivo pode ser a negação total da matéria para que a alma de cada coisa se liberte apenas no comportamento da luz. Neste sentido, faz-me sentir como a espiritualidade de tudo. Uma espiritualidade bastante que advém exclusivamente do poder da arte. Salvas da sua contingência material, todas as coisas se apresentam como atributos apenas mentalmente consideráveis, que é modo racional, pragmático, para se referir questões de alma. Gosto de pensar que as telas de Gonçalo Ivo são o despido dos corpos, corpos nenhuns, porque ainda assim se manifestam de modo fremente, o que comprova a sua intensa existência, como intensas podem existir outras realidades também insondáveis.

 

 
Aquém da transcendência, muitas coisas são suficientemente transcendentes, vulgo, coisas da arte. Aludindo à ideia de despir matéria, a pintura de Gonçalo Ivo lembra tecidos, isso que as manualidades inventaram para protecção e adorno e que se faz do intrincado de fios ínfimos. A ideia de intrincado interessa-me. Ainda que nos deparemos com a impressão de uma limpeza tremenda, o rigor da pintura de Ivo é uma forma de virtuosa ourivesaria da cor. Igual a facetar um diamante, o ofício deste pintor é o de depuração do comportamento da luz. Sim, como dizia, as suas telas são escolas para a cor. Ela, ali, aprende.

 

O belo poeta Martin Lopez-Vega (no perfeitíssimo catálogo Contemplaciones, editado na
Espanha pela Papeles Mínimos) diz que nas telas de Gonçalo Ivo, profundamente planas, não há relevo, apenas geografia. Gosto muito. Tudo passa a ser sobretudo um lugar, como se pudéssemos efetivamente entrar num espaço sem, contudo, nada se definir por inteiro. Somos acolhidos, mas o que nos acolhe é a pura liberdade. Se as suas telas fossem tecidos, estaríamos sob eles ainda que o ato de observar nos crie a sensação de permanecermos sobre ou diante das coisas. Na arte, e porque é uma transcendência específica, o dentro e o fora, o cima e o baixo, podem simplesmente ser predicados inutilizados. Na arte, e porque provavelmente é a única transcendência existente, o dentro e o fora, o cima e o baixo, podem simplesmente ser predicados inutilizados. Tudo no trabalho de Gonçalo Ivo o explica. Essa convicção de que, na geografia, existe afinal caminho para o lado de lá da matéria, como aferição de uma alma, como passeio pela luz, colhendo cores igual a quem colhe um ramo generoso de rosas. Amo rosas.

Porto, 12 de abril de 2015.

 

 

De 01 a 31 de outubro.

“Opinião 65 – 50 anos depois”, no MAM Rio

14/set

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo,  inaugura, no próximo dia 19 de setembro de 2015, a exposição “Opinião 65 – 50 anos depois”, com 57 obras de artistas brasileiros que participaram da emblemática exposição em 1965, organizada por Ceres Franco e Jean Boghici (1928-2015), no MAM Rio. Dessas obras, três participaram da exposição original: as pinturas “Miss Brasil” (1965), de Rubens Gerchman, e “O artista chorando assina…” (1964), de Wesley Duke Lee, e um “Parangolé” de Hélio Oiticica, que apresentou seus Parangolés pela primeira vez ao público na exposição de 1965.

 
Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra terá ainda uma série de cartazes de filmes que estavam em exibição no período da exposição em agosto/setembro de 1965, documentos de época, críticas de jornal, uma série de fotografias dos artistas e da exposição em 1965, um vídeo de 1967, intitulado “Arte Pública”, e um novo feito para a exposição. A ideia é reconstituir a atmosfera do período e mostrar o quanto a exposição foi um momento importante de resistir ao golpe militar, juntando artistas de uma mesma geração que atualizavam o vocabulário plástico da arte brasileira pondo-a em contato com a energia da visualidade popular. A mostra é uma parceria com a Pinakotheke Cultural, que irá inaugurar na mesma data, em seu espaço em Botafogo, uma exposição com cerca de 70 obras, em que todos os trinta artistas participantes da montagem original estarão representados. Destas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra no MAM.

 
Os artistas que terão obras na exposição do MAM são: Adriano de Aquino,  Angelo de Aquino, Antonio Berni, Antonio Dias, Carlos Vergara, Flávio Império, Gastão Manoel Henrique, Hélio Oiticica, Ivan Freitas, Ivan Serpa, José Roberto Aguilar, Pedro Geraldo Escosteguy, Roberto Magalhães, Rubens Gerchman, Tomoshige Kusuno, Vilma Pasqualini e Wesley Duke Lee.

 

 

A palavra do curador

 

“A exposição Opinião 65 está no inconsciente coletivo da história cultural recente. Tentando recontar este capítulo de nossa história para as gerações mais novas, ao mesmo tempo em que homenageamos os curadores e artistas que fizeram parte daquele momento, o MAM Rio – palco dos acontecimentos – e a Pinakotheke Cultural resolveram juntar seus esforços nesta empreitada. Aqui no MAM, daremos foco aos artistas brasileiros que participaram da exposição, além de mostrar material de arquivo referente à mostra – críticas, iconografia, filmes e entrevistas”, afirma o curador Luiz Camillo Osorio.

 

 

De  19 de setembro a 28 de fevereiro de 2016.

Opinião 65: 50 anos depois

11/set

A Pinakotheke Cultural, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir de 17 de setembro a

exposição “Opinião 65: 50 anos depois”, com curadoria de Max Perlingeiro. É a comemoração

de meio século da histórica exposição realizada no MAM-Rio. Todos os trinta artistas

participantes da montagem original estarão representados, e das setenta obras que estarão

expostas, todas foram produzidas na época, e várias integraram a mostra do MAM.  Os artistas

são os brasileiros Antonio Dias, Ivan Serpa, Hélio Oiticica, Rubens Gerchaman, Ângelo de

Aquino, Adriano de Aquino, Pedro Geraldo Escosteguy, Gastão Manoel Henrique, Ivan Freitas,

Roberto Magalhães, Carlos Vergara, Vilma Pasqualini, Waldemar Cordeiro, Flávio Império, José

Roberto Aguilar, Tomoshige Kusuno e Wesley Duke Lee, e os estrangeiros Antonio Berni, Juan

Genovés, Roy Adzak, John Christoforou, Yannis Gaïtis,  José Vañarsky, Peter Foldès, José

Paredes Jardiel, Manuel Calvo, Alain Jacquet, Michel Macréau, Gerard Tisserant e Gianni

Bertini.

 

Para chegar ao resultado que idealizou, o de reproduzir “ao máximo possível” a montagem

original, o curador Max Perlingeiro fez uma longa e detalhada pesquisa durante um ano – que

lhe tomou “24 horas por dia”. Recorreu aos amigos Antonio Dias, Roberto Magalhães e Carlos

Vergara, e a uma edição de outubro de 1965 da revista “Manchete”, que trazia fotos da mostra

no MAM, para mapear as obras. As famílias dos artistas participantes aderiram de imediato ao

projeto, e um fator decisivo foi localizar a lendária colecionadora e crítica de arte Ceres Franco,

residente em Paris desde 1951, que organizou em 1965 a exposição idealizada pelo marchand

Jean Boghici (1928- 2015). Ambos serão homenageados na mostra. Residente em Carcassonne,

e com uma coleção de 1.500 obras em um espaço público em Montelieu, França, Ceres Franco

escreveu à mão um depoimento emocionado, que estará no livro que acompanhará na

exposição, tanto em fac-símile como transcrito.

 

Dentre as obras da montagem original estarão “Parangolé Bandeira – P2 Bandeira 1” (1964),

de Hélio Oiticica, que apresentou seus “Parangolés” pela primeira vez no MAM junto com a

Escola de Samba da Mangueira, todos seguidos  por uma multidão aos pilotis do Museu após

terem sido expulsos do salão. Outras obras que estiveram na exposição “Opinião 65” e serão

vistas na Pinakotheke são a aquarela “Estados Desunidos do Brasil” (1965), de Roberto

Magalhães; a pintura “Diálogo” (1965), de José Roberto Aguillar; a colagem de papel e metal

sobre chapa de ferro “Campanha do ouro para o Bem do Brasil” (1964), de Wesley Duke Lee; a

impressão sobre papel “Dejeneur sur l’herbe”(1965), de Alain Jacquet; a obra “Vencedor”

(1964), de Antonio Dias, um cabide de pé com construção em madeira pintada, tecido

acolchoado e capacete militar; “Sin título (Ramona levantando pesas)”, de Antonio Berni; a

pintura “Crianças e pássaros”, de Yannis Gaitis; “Negative Objects” (1963), de Roy Adzak;

“Diálogo” (1965), de Jose Roberto Aguilar; “Fuga” (1965), de Juan Genovés; o guache sobre

papel “Sem título” (1965), de Gerard Tisserand; “Personnages” (1964), de Jack Vanarsky; “La

barbecue de Justine” (1962), de Gianni Bertini; a pintura “Sorcellerie” (1964), de John

Crhristophorou; “Na cidade do extermínio (Segundo poema de Bialik)”, de José Jardiel; “La

vierge et as mère” (1964), de Michel Macréau; “Dejeneur sur l’herbe” (1965), de Alain Jacquet;

“UDN (Respeitosamente) – o extinto era muito distinto…” (1965), de Flavio Império, e “Estória

(O fim da idade do chumbo)”, 1965, de Pedro Geraldo Escosteguy.

 

“Opinião 65: 50 anos depois” não obedecerá a uma ordem cronológica. “Como na montagem

original, será tudo junto e misturado”, avisa Max Perlingeiro. “Era uma mostra ultrassaturada,

com um fator muito forte: estavam todos contra o regime militar”, observa. As obras

pertencem a coleções públicas e privadas, como a de João Sattamini, Gilberto

Chateaubriand/MAM Rio, Jean Boghici, entre outras

 

 

Marco na História da Arte

 

“Opinião 65” foi um marco na história da arte. A polêmica exposição idealizada por Jean

Boghici e organizada por Ceres Franco mudou por completo o cenário das artes plásticas no

Brasil. A ideia era reunir no Rio os artistas internacionais que trabalhavam no Novo Realismo

europeu e os brasileiros que assumiram a Nova Figuração (e um pouco da Pop Art americana)

em oposição à exaurida Abstração. Para o artista Roberto Magalhães, “Opinião 65 foi o início

de tudo o que existe hoje na arte brasileira. Foi uma mudança radical”.

 

Os artistas eram todos muito jovens na época, como ressaltou Wilson Coutinho em 1995, na

exposição comemorativa que realizou junto com Cristina Aragão no CCBB Rio: “Para avaliar o

clima da exposição é preciso conferir a certidão de nascimento de alguns participantes. Aguilar

tinha 24 anos, Angelo de Aquino 20, Gerchman 23, Vergara 24, Roberto Magalhães 25 e

Antonio Dias apenas 21. Para se ter uma ideia deste ‘boom’ de jovens basta comparar com a

Semana de Arte Moderna de 22, quando Oswald de Andrade ao participar tinha 32 anos,

Mario de Andrade 29 e Tarsila do Amaral 36”.

 

O título “Opinião 65” fazia uma alusão direta ao espetáculo “Opinião”, com Zé Keti, João do

Vale e Nara Leão – depois substituída pela estreante Maria Bethânia – , dirigido por Augusto

Boal, e encenado no Teatro Opinião, em Copacabana.

 

Em 1966, o crítico de arte Mário Pedrosa escreveu no extinto jornal “Correio da Manhã”: “Em

1965, o calor comunicativo social da mostra, sobretudo da jovem equipe brasileira, era muito

mais efetivo. Havia ali uma resultante viva de graves acontecimentos que nos tocaram a todos,

artistas e não-artistas da coletividade consumidora cultural brasileira. Personagens sociais

foram, por exemplo, elevadas à categoria de representações coletivas míticas como o General,

a Miss etc., sem falar nas puras manifestações coletivas da comunidade urbana, como o

samba, o carnaval. Antes de o ser pelo conteúdo plástico das obras (muitas delas de alto valor)

ou pelo seu estilo ou proposições técnicas, eram elas por mais diferentes que fossem

individualmente, esteticamente, identificadas pela marca muito significativa de emergirem

todos os seus autores de um meio social comum, por igual convulsionado, por igual motivado.

Daí vermos a arte altamente interiorizada de símbolos (corações, falos, sexos) e que se

distribuem, rigorosamente, num esquema formal simétrico que lembra o da arte bizantina; de

cores, (vermelhos, pretos etc.) que obedecem antes de tudo a representações litúrgicas de um

Antônio Dias, ao lado da arte essencialmente dinâmica de um Roberto Magalhães, cuja

irresistível força expressiva do desenho é assim vencida ou dominada pela extraordinária

clareza predicativa do seu esquema formal”, escreveu.

 

 

Catálogo

 

A exposição será acompanhada de uma bem-cuidada publicação, com 160 páginas, bilíngue

(português/inglês), formato 22cm X 27cm, texto de Frederico Morais e excertos de Ferreira

Gullar, Ceres Franco e Mario Pedrosa.

 

 

De 17 de setembro a 31 de outubro.

Galeria Ipanema : 50 anos

27/ago

A Galeria de Arte Ipanema, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, comemora 50 anos de atividades, e irá

celebrar a data com as exposições “50 anos de arte: Parte I” e “50 anos de arte: Parte II”. Para

a exposição “50 anos de arte: Parte I”, a galeria irá homenagear os artistas Tomie Ohtake e

Hélio Oiticica, com uma seleção de dez obras de cada um, feitas nas décadas de 1950 e 1960,

pertencentes a acervos particulares e ao Projeto Hélio Oiticica. Os dois artistas, de grande

importância na história da arte brasileira, integraram exposições ao longo da trajetória da

Galeria.

O estande da Galeria Ipanemana ArtRio também comemorará os 50 anos de atividade,e  terá

trabalhos do venezuelano Carlos Cruz-Diez, um dos grandes nomes da arte cinética, artista

representado pela Galeria, além de obras de Jesús Rafael Soto, Victor Vasarely, Sérgio

Camargo, Lygia Pape, Maria Leontina, Milton Dacosta, Portinari,  José Panceti e Tomie Ohtake.

 

 

A fundação da galeria Ipanema

 

Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em

novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com uma exposição com

obras de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de

Mendonça, em Ipanema, passou ainda por outros endereços, como o Hotel Leme Palace, no

Leme, e a Rua Farme de Amoedo, já em Ipanema. Paralelamente a sua ação no Rio, manteve

entre 1972 e 1987 um espaço na Rua Oscar Freire, em São Paulo, projetado por Ruy Ohtake. A

Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou por

muitos anos, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti, e realizou as primeiras

exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares.

 

 

Arte Moderna e Contemporânea

 

Sua história se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e um

dos mais importantes artistas cinéticos, o venezuelano Cruz-Diez, é representado pela galeria,

que mantém um precioso acervo, fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes

como Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Jesús Soto, Mira Schendel,

Guignard, Pancetti, Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Lygia

Pape, Amelia Toledo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Dionísio del Santo, Antônio Bandeira,

Heitor dos Prazeres, Vasarely, Rubens Gerchmann, Nelson Leirner, Waltercio Caldas, Franz

Weissmann, Ângelo de Aquino, Geraldo de Barros,  Heitor dos Prazeres, Joaquim Tenreiro e

Frans Krajcberg. Dos artistas trabalhados pela galeria, apenas Portinari e Guignard já haviam

falecido antes de sua inauguração.

 

 

A palavra do fundador: Fonte de prazer

 

Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de

engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na

criação de uma galeria de arte. Outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula (1907-1990),

médico de Guignard, havia sido diretor do MAM, no final da década de 1950. Com a ajuda de

Luiz Eduardo Guinle e de sua mãe, dona Mariazinha, a Galeria de Arte Ipanema instalou-se em

1965 em um dos salões do Hotel Copacabana Palace, passando depois para o térreo, na

Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Ainda jovem, passou a trabalhar no mercado

financeiro, mas é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua

atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado ninguém pela aparência”. São

várias as histórias de pessoas que pedem para entrar e apreciar o acervo, e estão vestidos de

maneira simples ou até desleixadas, e acabam “comprando muita coisa”. “Há o componente

sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso.

Dentre seus clientes, passaram pela galeria também figuras poderosas como o banqueiro e

mecenas da arte David Rockefeller, e Robert McNamara, secretário de defesa do governo

Kennedy.

 

Atualmente Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua

Aníbal de Mendonça, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico

assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2016, no endereço original que ocupou

desde 1972, na quadra da praia da mesma rua.

 

Abertura: 02 de setembro, às 19h

Exposição: 03 de setembro a 17 de outubro.

Na ArtRio

 

 

De 09 a 13 de setembro.

Presença de Jean Boghici

09/jun

Nome fundamental do mercado de arte brasileiro, Jean Boghici, nascido em 1928, na Romênia, chegou ao Brasil em 1948 fugindo da Segunda Guerra na Europa, clandestino em um navio francês, após em anos em fuga ao lado de amigos judeus.  Iniciou suas atividades nos anos 1960, quando abriu, no Rio de Janeiro, a galeria Relevo. Jean Boghici, foi um dos maiores colecionadores de arte do país e pioneiro no mercado de arte brasileiro. Ao longo do tempo colecionou obras de artistas como Volpi, Guignard e Di Cavalcanti, mas também investiu em nomes como Antonio Dias, Ivan Serpa, Vegara e Rubens Gerchman. À frente da galeria que leva seu nome, em Ipanema, Boghici tinha um rico acervo, com trabalhos de Modigliani, Lucio Fontana, Rodin, Alexander Calder e Maria Martins, entre outros. Ajudou a formar duas das maiores coleções de arte brasileira, como as de Gilberto Chateaubriand e Sergio Fadel, e trouxe ao país obras de artistas internacionais como Corneille. O MAR, Museu de Arte do Rio, homenageou-o com a exposição intitulada “O Colecionador”, com quadros representativos do modernismo, do surrealismo, da pintura primitiva, da abstração informal, da abstração construtiva, da nova figuração e da pintura russa; sendo estes os maiores interesses de Boghici em termos de movimentos artísticos. Com 136 obras, de nomes como Tarsila, Lygia Clark, Di Cavalcanti, Brecheret, Kandinsky e Rodin, entre outros grandes artistas dos últimos séculos, a mostra recebeu 258 mil pessoas de março a setembro de 2013.

Decio Vieira livro e exposição no MAR

03/jun

A FGV Projetos lançou o livro “Decio Vieira”, primeira publicação sobre a vida e obra do importante artista neoconcretista brasileiro, idealizada pelo diretor Cesar Cunha Campos. O lançamento foi realizado no MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, junto à inauguração da exposição com obras do pintor, organizada por Paulo Herkenhoff. A partir de uma pesquisa desenvolvida ao longo de dois anos, “Decio Vieira” reúne 200 imagens e apresenta as diversas fases e experiências do artista, incluindo suas primeiras exposições, as amizades, leituras e influências, com destaque para Ivan Serpa e Alfredo Volpi. A obra também valoriza a iniciativa da Fundação Getulio Vargas, que na década de 1940 formou uma geração de artistas por meio do Curso de Desenho de Propaganda e de Artes Gráficas, onde em 1946, Decio Vieira iniciou sua carreira artística.
A publicação, a primeira sobre o artista, tem textos assinados por Paulo Herkenhoff, diretor cultural do MAR, e colaboração de Frederico Morais, e é um percurso pela vida e obra do artista, por meio de suas diversas experiências e formas de expressão. Com 428 páginas e mais de 200 fotos, o livro apresenta as suas diversas fases e contextualiza as primeiras exposições, amizades, leituras e influências, com especial destaque para Ivan Serpa. Apresenta também a colaboração de Alfredo Volpi, a partir da parceria que estabeleceram ao trabalhar juntos no painel Dom Bosco, no Palácio dos Arcos, em Brasília, em 1966. Além disso, inclui o artigo inédito “Decio Vieira e o neoconcretismo: vigor e lirismo”, escrito pelo crítico de arte Frederico Morais, coordenador dos cursos do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro enquanto Decio lecionava na instituição, nos anos 1970.
“O parco conhecimento do significado histórico da trajetória de Decio Vieira revela as dificuldades de se mapear o projeto construtivo em profundidade e o apego aos principais nomes já consagrados pelo sistema da arte. Espera-se, com essa publicação e a mostra, que a produção do artista venha a ser melhor conhecida e que novos estudos de sua obra possam ser estimulados”, afirma Paulo Herkenhoff.

 

 

Sobre o artista

 

Ainda na década de 1950, Decio Vieira participou do movimento neoconcreto e assumiu a liderança do Grupo Frente, considerado um marco no movimento construtivo das artes plásticas no Brasil e composto por nomes como Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape e Antonio Bandeira. A partir da segunda metade dos anos 1960 o artista viu sua carreira se consolidar com uma exposição individual no Hotel Copacabana Palace e o trabalho com Volpi no afresco Dom Bosco, para o Palácio dos Arcos, em Brasília. Já na década de 1970, Decio criou um projeto de educação artística para crianças na Rocinha e começou a lecionar no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, nos cursos coordenados pelo crítico de arte Frederico Morais, autor de “Decio Vieira e o neoconcretismo: vigor e lirismo”, artigo inédito a ser lançado como um dos capítulos da publicação da FGV Projetos.  Decio Vieira esteve entre os artistas que, na década de 1950, estavam ligados aos movimentos concreto e neoconcreto, especialmente em São Paulo e no Rio de Janeiro. Esteve ao lado de Alfredo Volpi, Antonio Bandeira, Aluísio Carvão, Lygia Clark, Anna Bella Geiger, Fayga Ostrower, Abraham Palatnik e Ivan Serpa, que lideraram o Grupo Frente, considerado um marco no movimento construtivo das artes plásticas no Brasil.

 

 

Até 09 de agosto.

Op-Art em São Paulo

15/abr

O Museu da Casa Brasileira, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, Jardim Paulistano, São Paulo, SP, apresenta, até 01 de junho, a exposição “Op-Art – Ilusões do Olhar”, um vasto panorama da optical art, ou arte ótica, e sua influência no Design, Arquitetura, Mobiliário, Moda, Cinema e Publicidade. Com curadoria de Denise Mattar, a mostra foi idealizada pela Fundação Oftalmológica Dr. Rubem Cunha, e tem patrocínio da Allergan do Brasil e Acuvue.

 
“Op-Art – Ilusões do Olhar” é a primeira mostra abrangente, realizada no Brasil, sobre esse movimento, surgido no final da década de 1950. A exposição conta com mais de 200 itens, que estarão divididos em três módulos temáticos: 1. Design gráfico, mobiliário e objetos; 2. Obras de arte; e 3. Moda, cinema e publicidade. A lista de artistas participantes inclui alguns dos mais importantes e expressivos representantes do movimento no Brasil e no exterior, dos concretistas aos contemporâneos, mostrando como, na era digital, a Op-Art voltou a ser uma referência. Estarão em exposição, por exemplo, trabalhos dos designers Alexandre Wollner, Almir Mavignier e Antonio Maluf; dos estilistas: Alceu Penna, Versace, Gareth Pugh, Martha Medeiros e Sandro Barrros; além dos artistas plásticos Abraham Palatnik, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Luiz Sacillotto, Angelo Venosa, Hilal Sami Hilal, Julio Le Parc, Victor Vasarely e Carlos Cruz-Diez.

 
Com expografia de Guilherme Isnard, que utilizará efeitos de luz e profundidade para acentuar as características da mostra, OP-Art terá um espaço interno para a Fundação Oftalmológica Rubem Cunha que realizará, durante o período expositivo, a medição da acuidade visual a estudantes atendidos pelo Educativo MCB. “O desconhecimento de problemas visuais é um dos principais elementos responsáveis pela evasão escolar no Brasil”, afirma o Dr. Marcelo Cunha, da Fundação Rubem Cunha. “Dessa forma, a exposição Op-Art – Ilusões do Olhar cria um evento único, associando design, arte e moda a uma causa social”, conclui o médico.

 

 
Conteúdos da exposição por módulos:

 
1: Op-art no Design gráfico, mobiliário e objetos

 
Cartazes originais de Rubem Ludolf, Alexandre Wollner e Antonio Maluf; design gráfico da Tricot-lã, década de 1960, Adolpho Leirner;  cerca de 50 objetos entre pratos, canecas, xícaras, luminárias, mouse-pads, skates, almofadas e relógios de parede de designers brasileiros e estrangeiros; mobiliário de Zanine Caldas, Abraham Palatnik e Julien Pecquart;  exemplos de arquitetura Op-Art no Brasil e no mundo, em projeções; projeto original de Raymundo Colares para pintura em prédio no Rio de Janeiro.

 
2 : Arte

 
Cerca de 30 trabalhos, entre pinturas, esculturas e objetos de artistas brasileiros, pinturas de Lygia Clark, Hélio Oiticica, Aluísio Carvão, Luiz Sacillotto, Mauricio Nogueira Lima, Hércules Barsotti, Hermelindo Fiaminghi, Geraldo de Barros, Lothar Charoux, Ivan Serpa, Ubi Bava, Hilal Sami Hilal, entre outros; esculturas e objetos de Abraham Palatnik, Mary Vieira, Raymundo Colares, Paulo Roberto Leal, Angelo Venosa, entre outros. Artistas estrangeiros: Julio Le Parc, Victor Vasarely, Carlos Cruz-Diez, entre outros.

 
3: Moda, Cinema e Publicidade

 
Vestido de noite de Alceu Penna e Hercules Barsotti, 1960; vestidos criados especialmente para a mostra pelos estilistas Sandro Barros e Martha Medeiros; roupas vintage como capa de chuva em vinil, vestidos curtos, blusa Versace; projeção com fotos de roupas de época e dos desfiles de Givenchy (2010),Louis Vuitton (2013), Mark Jacobs (2013), Gareth Pugh (2014), entre outros; acessórios vintage e contemporâneos: bolsas, óculos, sapatos, lenços etc.; publicidade: Pond’s, Ferrari, Avon, entre outras, apresentados em vídeo;  cinema: “The Responsive Eye”, de Brian de Palma e “Anémic Cinema”, de Marcel Duchamp.

 

 
Sobre a OP-Art

 
A Op-Art surgiu no final da década de 1950, e despontou internacionalmente a partir da exposição “The Responsive Eye”, organizada pelo MoMA, de Nova York, em 1965. Descendente de movimentos como o Suprematismo, Construtivismo e Concretismo, seus trabalhos têm como principais características a repetição de formas simples, o uso do preto e branco, os contrastes de cores vibrantes e as luzes e sombras acentuadas. A ambiguidade entre primeiro plano e fundo gera ilusões de movimento e profundidade. As obras da Op-Art criam um espaço tridimensional, que não existe, mas parece tornar-se real. Tais efeitos despertaram uma nova relação com a obra de arte, exigindo do público uma verdadeira participação.

 

 
Sobre a curadoria

 
Denise Mattar é uma das mais conhecidas e premiadas curadoras do Brasil. Em instituições trabalhou no Museu da Casa Brasileira, SP (1985-1987), MAM-SP (1987-1989) e MAM-RJ (1990-1997). Como curadora independente realizou de 1997 a 2014 mostras retrospectivas de Di Cavalcanti, Flávio de Carvalho (Premio APCA), Ismael Nery (Prêmios APCA e ABCA), Pancetti, Anita Malfatti, Samson Flexor (Prêmio APCA), Frans Krajcberg, Mary Vieira, Maria Tomaselli, Aluísio Carvão, Abelardo Zaluar, Raymundo Colares, Hildebrando de Castro, Norberto Nicola, Aldo Bonadei, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard. E as mostras temáticas (2004/14): “Traço, Humor e Cia”, “O Olhar Modernista de JK”, “O Preço da Sedução”, “O’ Brasil”, “Homo Ludens”, “Nippon”, “Brasília- Síntese das Artes”, “Tékhne” e “Memórias Reveladas”( prêmio ABCA), “Pierre Cardin”, “Mário de Andrade – Cartas do Modernismo”, “Projeto Sombras”, “No Balanço da Rede” e “Duplo Olhar”.

 

 
Sobre a Fundação Dr. Rubem Cunha

 
A Fundação Oftalmológica Dr. Rubem Cunha é uma entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo prevenir e tratar doenças oculares da população de baixa renda. Em 2007, foi reconhecida como entidade filantrópica OSCIP, faz parte da associação GIFE e do Instituto Azzi. Os recursos levantados pela Fundação, por meio de eventos socioculturais, subsidiam os custos relacionados aos exames e consultas, proporcionando aos pacientes armações e lentes de óculos, medicamentos e tratamento cirúrgico. A Fundação trabalha com os projetos: Boa Visão, Boa Educação, voltado às crianças em idade escolar; Nosso Olhar, vinculado à APAE, e Senhor Olhar, para a terceira idade, além de projetos especiais como Olhar do Sertão, realizado recentemente no interior de Alagoas. A mostra Op-Art – Ilusões do Olhar comemora os dez anos de trabalho filantrópico prestado a crianças e idosos carentes pela entidade criada pelos Drs. Rosana e Marcelo Cunha.

 

 
Até 31 de maio.

Paiva Brasil exibe Tangentes

25/mar

A Galeria Mercedes Viegas, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição de pinturas de Paiva Brasil intitulada “Tangentes”, com curadoria do colecionador Luiz Chrysostomo de Oliveira Filho. A mostra é constituída de 12 quadros-objeto, recentes e inéditos, realizados em módulos de madeira, revestidos de tela e tinta acrílica. Estas obras ocuparão os espaços maiores da galeria. Na sala menor serão apresentadas cerca de sete obras datadas das décadas de 50, 70 e 80, com o objetivo de mostrar o percurso do artista e a coerência entre as suas diferentes fases.

 

 
Sobre o artista

 
Paiva Brasil iniciou seus estudos em arte no antigo Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro na década de 50, logo em seguida frequentou, no MAM RJ, o curso de Desenho Estrutural e Composição com Santa Rosa. Mais tarde, no mesmo museu foi aluno de pintura com Sansom Flexor.

 
Paiva Brasil faz parte de um importante grupo de artistas, como Ivan Serpa, Décio Vieira, Ubi Bava e Rubem Ludolf. Embora não tenha participado diretamente das manifestações concretistas da década de 50, está alinhado a este movimento.

 
Ao longo de seis décadas, Paiva Brasil vem desenvolvendo trabalhos enraizados na experiência construtivista, de caráter abstrato-geométrico, aliados ao lúdico, em que a estrutura formal se desenvolve na busca de envolver o olhar em uma leitura dinamizada da forma e da cor no espaço. Uma obra rica visualmente, que, mesmo sendo simples e sóbria, não elimina a intensidade e o encantamento silencioso do olhar.

 

 
Até 18 de abril.

Conchas, caramujos e caracóis

10/nov

Anna Letycia, um dos grandes expoentes da gravura brasileira, acaba de finalizar a nova produção de trabalhos que serão expostos na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, na mostra “Arte em Papel”. São dez gravuras inéditas em técnica mista e colagens; uma nova versão do seu universo de conchas, caramujos e caracóis. Nessa mostra, Anna Letycia exibe peças únicas, já que os diversos elementos têm formas e cores variadas e maneiras distintas de apresentação.

 

 

Sobre a artista

 

Anna Letycia moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, apresentando-se em técnicas diversas como ponta seca, água forte, água tinta, açúcar com guache mas também é conhecida por suas pinturas. Começou estudando pintura com Anna Letycia moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, apresentando-se em técnicas diversas como ponta seca, água forte, água tinta, açúcar com guache mas também é conhecida por suas pinturas. Começou estudando pintura com Bustamante Sá e mais tarde, pintura com Ivan Serpa. Participou de cursos de gravura com Goeldi, Iberê Camargo e Darel. Sua gravura passou pelas fases dos caramujos, formigas, verduras e frutas, pássaros, tatus, caixas, caracóis geométricos, até chegar á novas imagens.Sua gravura passou pelas fases dos caramujos, formigas, verduras e frutas, pássaros, tatus, caixas, caracóis geométricos, até chegar á novas imagens.

 

Artista militante e vencedora, Anna Letycia foi premiada na Bienal dos Jovens de Paris, na Bienal de Pequim e no Salão Nacional de Arte Moderna, entre outros eventos. Já realizou mais de 15 mostras individuais e participou de coletivas, como as bienais internacionais de Veneza, Tóquio e Florença, dentre outras no Brasil e no exterior. Em seu longo percurso, ela foi cenógrafa e figurinista do Teatro Tablado, tendo sido parceira da amiga Maria Clara Machado em peças como “O cavalinho azul” e “A bruxinha que era boa”, e trabalhou com Jorge Amado no jornal “Paratodos”. Em 1975, fundou, juntamente com Aloísio Magalhães, Thereza Miranda, Márcia Barroso do Amaral, Bárbara Sparvoli, Dadá Carvalho Brito e Haroldo Barroso, a galeria de arte Gravura Brasileira, em Copacabana, a primeira – no Rio de Janeiro – dedicada à comercialização de gravura e desenho. Também fez a curadoria da exposição “Os inumeráveis estados do ser”, em 1997, para celebrar o Museu de Imagens do Inconsciente, de Nise da Silveira, Anna Letycia chegou a ser presidente da sociedade de amigos do museu. Ainda atuou como carnavalesca da União de Jacarepaguá, onde criou um enredo sobre Mestre Valentim, em 1963; e criou, em 1977, a Oficina de Gravura do Museu do Ingá, em Niterói, RJ.

 

 

De 04 a 20 de dezembro.