Paço Imperial exibe Amélia Toledo

08/jan

O Paço Imperial, Centro, Praça XV, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Forma fluida”, primeira grande mostra panorâmica dedicada à obra de Amelia Toledo na cidade. A exposição reúne cerca de 60 obras – entre objetos, esculturas, pinturas e obras interativas – da artista paulista que, aos 89 anos, continua em atividade e é considerada um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira. Para comemorar seus 65 anos de atividade artística, os curadores Daniela Name e Marcus de Lontra Costa selecionaram trabalhos da década de 1950 até os dias atuais. Também será realizado um programa de arte educação e produzidos um livro-catálogo e uma série de pequenos documentários sobre a artista.

 

 

 

“O trabalho de Amélia Toledo é a entrega absoluta à pesquisa do material. Sua obra nos apresenta um fluxo que tende sempre ao infinito, um movimento que não cessa. É como se nos dissesse que a única coisa permanente é a transformação. Entre os destaques da mostra está A onda – A piscina refrescante pode ser um abismo, de 1969. É um cilindro de plástico maleável que contém água e óleos coloridos em seu interior. O movimento entre o azul e o verde simula a piscina e o abismo contidos no título. Esta é uma obra em que a vertigem está presente o tempo inteiro. Outra peça que deve mobilizar o público é o conjunto de objetos Bolas-Bolhas, uma área lotada com bolas transparentes com espuma dentro, que fazem alusão à espuma do mar, totalmente sensorial. Pode ser um ponto alto da exposição, principalmente para as crianças”, destaca a curadora Daniela Name.

 

 

 

Além de “A onda” e de “Bolas-bolhas”, fazem parte da mostra peças importantíssimas na história da artista, como “Medusa”. Nesta obra, líquidos coloridos se espalham por fios transparentes, aludindo à imensa cabeleira da personagem mitológica. O público manipula a obra, participando da reordenação de cores em seu interior. Outro ponto importante são os trabalhos da série Impulsos, em que a artista se apropria de pedras semipreciosas como jade e quartzo rosa praticamente em estado bruto para realizar esculturas.

 

 

O percurso expográfico proposto pelos curadores contempla o início da carreira da artista, trabalhos da época da ditadura – caso de “Pegada da onça” e “Faca de dois gumes”  e do livro-objeto “Divino maravilhoso” – para Caetano Veloso, de 1971. Um módulo é dedicado a joias criadas por ela, e outro à projetos públicos, como a intervenção cromática na estação Cardeal Arcoverde do Metrô Rio, de 1998.

 

 

 

 

Sobre a artista

 

 

 

Amélia Toledo nasceu em 1926, na cidade de Serra Negra, SP.  Em sua carreira, sempre utilizou materiais fluidos e em transformação, como líquidos, bolhas e corpos cheios de ar, que conferem à suas criações ares sinestésicos, que as aproximam de expoentes como Lygia Clark e Lygia Pape. A pesquisa da cor, própria de Hélio Oiticica, Aluisio Carvão e outros de seus contemporâneos, também é feita pela artista de modo muito peculiar, com materiais vazados e acrílicos. Outro ponto de distinção de sua trajetória é o uso de material orgânico – conchas e pedras – em uma relação entre corpo e paisagem, em trabalhos que resignificam a noção de escultura, tanto na escala pública quanto em ambientes internos. Hoje mora no bairro do Butantã, na capital paulista, e continua trabalhando em seu ateliê regularmente. Sua última exposição foi em 1999, uma retrospectiva na Galeria do Sesi, em São Paulo, e, em 2004, foi publicado o livro “Amélia Toledo: As Naturezas do Artifício”, de Agnaldo Farias.

 

 

 

Sobre os curadores

 

 

 

Daniela Name é crítica de arte. Mestre em História e Crítica da Arte pela EBA-UFRJ e doutoranda em Tecnologias da Estética pela ECO-UFRJ, tem graduação em jornalismo e escreveu no jornal O Globo sobre artes visuais entre 1998 e 2005. É autora dos livros “Almir Mavignier” (2013), “Quase/acervo – Ivan Grilo” (2013), “Norte Marcelo Moscheta” (2012) e “Espelho do Brasil – Arte popular vista por seus criadores” (2008). Trabalha como curadora independente e foi consultora em artes visuais do novo Museu da Imagem e do Som (MIS). É curadora-adjunta do Prêmio CNI Sesi Senai Marcantonio Vilaça.

 

 

 

Marcus de Lontra Costa foi o curador da histórica exposição Como vai você, Geração 80? (1984) e diretor de instituições como a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o Museu de Arte Moderna de Recife-PE. Foi curador de dezenas de mostras, entre elas as recentes Arte e política, inaugurada em 2013, Franz Weissmann – Síntese construtiva, Pop e popular e Espelho refletido, estas últimas realizadas em 2012. Ex-Secretário de Cultura de Nova Iguaçu, Lontra é sócio-diretor da MLC.

 

 

 

 

Até  10 de março de 2015.

Amilcar de Castro no MAM Rio

19/nov

O MAM-RIO, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, Petrobras, Bradesco Seguros, Light e

Organização Techint apresentam, a exposição “Amilcar de Castro”, uma grande retrospectiva

da obra do importante artista plástico mineiro, que nasceu em 1920 e faleceu em 2002. Com

curadoria de Paulo Sergio Duarte, a mostra ocupará o Salão Monumental, os Pilotis e os

Jardins do Museu, com 56 obras produzidas desde a década de 1960 até 2001.

 

Quatro esculturas, em grandes dimensões, feitas em aço cortén, estarão na área externa do

Museu. Duas delas, da década de 1990, estarão nos Pilotis: uma com mais de três metros de

comprimento, e cinco toneladas, e outra de 4,70 metros de comprimento por 2,40 metros de

altura, pesando três toneladas. A obra mais alta é da década de 1970, e estará nos Jardins do

Museu: quatro metros de altura por dois de largura, com quatro toneladas. Em frente ao lago,

estará uma escultura da década de 1980.

 

Nas esculturas é utilizada a técnica de “corte e dobra”, um dos traços marcantes da obra do

artista, como explica o curador: “Na escultura, são raríssimos os trabalhos em que se encontra

a solda. O método foi partir de um plano quadrado, retangular, de um quadrilátero irregular

ou circular, realizar um corte e a dobra, gerando não apenas a tridimensionalidade, mas,

sobretudo, uma nova experiência do espaço”.

 

A exposição terá, também, esculturas menores, que ficarão no interior do Museu. Dentre os

destaques, está um conjunto composto por 140 esculturas em aço cortén, diferentes umas das

outras, que têm em comum o fato de terem, em ao menos um dos lados, 23 cm. A grande

maioria das esculturas foram feitas em aço cortén, na exposição também haverá obras em

mármore, granito, madeira e vidro. “Ao método de corte e dobra, a partir da década de 1980,

vem se somar o método da utilização de blocos de aço e madeira no qual serão realizados

apenas cortes que permitem, pelo deslocamento entre as partes, diversos exercícios de

experiência da escultura. Alguns desses trabalhos foram também realizados em mármore”,

ressalta o curador Paulo Sergio Duarte.

 

A mostra contará ainda com seis “desenhos” em tinta acrílica sobre tela, que é como Amilcar

de Castro chamava suas pinturas sobre tela e sobre papel, em que usa basicamente as cores

preto e branco, deixando rastros das cerdas do pincel nas telas.

 

 

IMPORTÂNCIA HISTÓRICA

 

Amilcar de Castro é um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros.

“Retrospectivamente, observando-se com a distância de várias décadas, a produção

escultórica desse período, tanto a europeia, a norte-americana, como a japonesa, tem-se a

ideia da dimensão da contribuição de Amilcar que se manifesta com destaque desde a 2ª

Bienal Internacional de São Paulo, em 1953. O poder da obra, sua potência poética, reside na

coerência do método, perseguido ao longo de toda a trajetória do trabalho”, afirma o curador.

Paulo Sergio Duarte também chama a atenção para o fato de ele ter sido um dos artistas que

assinaram o “Manifesto neoconcreto”, em 1959 – escrito pelo poeta e crítico Ferreira Gullar –

junto com Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape, Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis.

 

“Em um país que vivia o empenho do segundo governo Vargas e, logo depois, o Programa de

Metas de Juscelino Kubitschek com a construção de Brasília, era necessário que, além da

aventura arquitetônica, houvesse um conjunto de obras de arte significativo, ainda que de

circulação extremamente restrita pela ausência de um empenho efetivo na formação de

coleções públicas. Toda a rica reflexão crítica e teórica se fundava, sobretudo, numa produção

local. A obra de Amilcar de Castro é um dos pilares dessa produção. E não é exagerado dizer

que é um dos elevados momentos da arte da segunda metade do século 20”, diz o curador.

 

 

SOBRE O ARTISTA

 

Amilcar de Castro nasceu em 1920 em Paraisópolis, MG. Faleceu em Belo Horizonte, MG, em

2002. Escultor, gravador, desenhista, diagramador, cenógrafo, professor. Muda-se com a

família para Belo Horizonte em 1935, e estuda na Faculdade de Direito da Universidade

Federal de Minas Gerais – UFMG, de 1941 a 1945. A partir de 1944, frequenta curso livre de

desenho e pintura com Guignard (1896-1962), na Escola de Belas Artes de Belo Horizonte, e

estuda escultura figurativa com Franz Weissmann (1911-2005). Em 1940, em seus trabalhos,

dá-se a passagem do desenho para a tridimensionalidade. Em 1952, muda-se para o Rio de

Janeiro e trabalha como diagramador em diversos periódicos, destacando-se a reforma gráfica

que realizou no “Jornal do Brasil”. Depois de entrar em contato com a obra do suíço Max Bill

(1908-1994), realiza sua primeira escultura construtiva, exposta na Bienal Internacional de São

Paulo, em 1953. Participa de exposições do grupo concretista, no Rio de Janeiro e em São

Paulo, em 1956, e assina o “Manifesto Neoconcreto”, em 1959. No ano seguinte, participa em

Zurique da Mostra Internacional de Arte Concreta, organizada por Max Bill. Em 1968, vai para

os Estados Unidos, conjugando bolsa de estudo da Guggenheim Memorial Foundation com o

prêmio de viagem ao exterior obtido na edição de 1967 do Salão Nacional de Arte Moderna

(SNAM). De volta ao Brasil, em 1971, fixa residência em Belo Horizonte. Torna-se professor de

composição e escultura da Escola Guignard, na qual trabalha até 1977, inclusive como diretor.

Leciona na Faculdade de Belas Artes da UFMG, entre as décadas de 1970 e 1980. Em 1990,

aposenta-se da docência e passa a dedicar-se com exclusividade à atividade artística.

 

 

Texto do curador Paulo Sergio Duarte

 

Amílcar de Castro e a coerência do método

 

Estamos diante de um dos elevados momentos da arte da segunda metade do século XX: a

obra de Amílcar de Castro (Paraisópolis, 1920 – Belo Horizonte, 2002). Que essa obra tenha se

materializado num país de periferia, com mais da metade de sua população habitando a zona

rural na década de 1950 (segundo o censo de 2010, hoje, são um pouco menos de 16%), é um

dos problemas que críticos e historiadores da arte do Hemisfério Norte só agora começam a

tentar compreender. O Manifesto neoconcreto (1959), escrito pelo poeta e crítico Ferreira

Gullar e assinado pelo autor, por Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Lygia Clark, Lygia Pape,

Reynaldo Jardim e Theon Spanúdis; a Teoria do não objeto (1959), de Gullar, e um conjunto de

textos de Mário Pedrosa, escritos ao longo da década de 1950, testemunhavam sobre a

emancipação crítica e teórica sobre a arte no Brasil. O Manifesto neoconcreto é um momento

privilegiado dessa reflexão ao se opor ao positivismo naïve dos teóricos do concretismo e seu

“objetivismo”.

 

Para esse nível de compreensão da arte ser atingido, num país que vivia o empenho do

segundo governo Vargas e, logo depois, o Programa de Metas de Juscelino Kubitschek com a

construção de Brasília, era necessário que, além da aventura arquitetônica, houvesse um

conjunto de obras de arte significativo, ainda que de circulação extremamente restrita pela

ausência de um empenho efetivo na formação de coleções públicas. Toda a rica reflexão crítica

e teórica se fundava, sobretudo, numa produção local. A obra de Amílcar de Castro é um dos

pilares dessa produção. E não é exagerado dizer que é um dos elevados momentos da arte da

segunda metade do século XX.

 

Retrospectivamente, observando-se com a distância de várias décadas, a produção escultórica

desse período, tanto a europeia, a norte-americana, como a japonesa, tem-se a ideia da

dimensão da contribuição de Amílcar que se manifesta com destaque desde a 2ª Bienal

Internacional de São Paulo, em 1953. O poder da obra, sua potência poética, reside na

coerência do método, perseguido ao longo de toda a trajetória do trabalho. Na escultura, são

raríssimos os trabalhos em que se encontra a solda. O método foi partir de um plano

quadrado, retangular, de um quadrilátero irregular ou circular, realizar um corte e a dobra,

gerando não apenas a tridimensionalidade, mas, sobretudo, uma nova experiência do espaço.

As possibilidades desse método, ao visitante, estão demonstradas desde esculturas

monumentais no exterior do museu, nas de grande e pequeno porte, e nas 140 esculturas que

têm em comum não se repetir e ter ao menos em uma de suas dimensões 23 cm.

 

Ao método de corte e dobra, a partir da década de 1980, vem se somar o método da utilização

de blocos de aço e madeira no qual serão realizados apenas cortes que permitem, pelo

deslocamento entre as partes, diversos exercícios de experiência da escultura. Alguns desses

trabalhos foram também realizados em mármore.

 

A esses se juntam as experiências de escultura em vidro, raramente apreciadas, e os

magníficos “desenhos”, como Amílcar chamava suas pinturas sobre tela e sobre papel.

 

Espero que aquele que estiver aqui lendo esse texto volte a visitar essa magnífica lição sobre a

arte que é a obra de Amílcar de Castro.

 

 

De 26 de novembro a 08 de fevereiro de 2015.

Evento no Parque Lage

28/out

A Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Jardim Botâncio, Rio de Janeiro, RJ, inaugura no espaço das Cavalariças e Capela, no próximo dia 03 de novembro, a exposição “EAV 75.79 – um horizonte de eventos”, que reúne gravuras, objetos, fotografias, cartazes, filmes e documentos que abordam os anos 1975 a 1979, período inaugural da instituição, fundada e dirigida por Rubens Gerchman. A curadoria é de Helio Eichbauer, cenógrafo e colaborador essencial daquela gestão, criador das inovadoras oficinas do Corpo e Pluridimensional, e Marcelo Campos, professor da Escola e coordenador do Memória Lage. “Horizonte de eventos” é a expressão científica que significa a fronteira teórica ao redor de um buraco negro, e ao estar relacionada ao período de 1975-1979 da EAV, é o conceito norteador da exposição.

 

Marcelo Campos observa que passaram pelas dependências da EAV “artistas, críticos de arte, antropólogos, diretores de teatro, cenógrafos, poetas, músicos”. Aglutinados por Rubens Gerchman, colaboraram com a Escola Helio Eichbauer, Frederico Morais, Lygia Pape, Celeida Tostes, Gastão Manoel Henrique, Roberto Da Matta, Rosa Magalhães. “Além do cinema, a poesia tinha ampla difusão, nos eventos do Verão a 1000, coordenados por Chico Chaves”, lembra o curador. Em shows e noites festivas de lançamentos de “poema-processo” circulavam pelo pátio da piscina da EAV músicos e poetas como Chacal, Neide Sá, Falves Alves (Rio Grande do Norte), Almandrade (Bahia) e Paulo Brusky (Pernambuco), Luiz Melodia, Caetano Veloso e Jards Macalé.

 

“Horizonte de eventos” é a expressão científica que significa a fronteira teórica ao redor de um buraco negro, e ao estar relacionada ao período de 1975-1979 da EAV, é o conceito norteador da exposição. “Apresentamos uma possível iluminação sobre o sentido de arquivo, de memória. Ao mesmo tempo, todo o restante, o que compõe a escuridão, continua a existir como potência, mas não se deixa ver, por razões que a história brasileira ainda está a revelar”, diz Marcelo Campos

 

A diretora da EAV Parque Lage, Lisette Lagnado, observa que “em 1975, Gerchman assume a direção do então Instituto de Belas-Artes e logo chacoalha sua estrutura. Atualizar o ensino da arte no Brasil está na origem da EAV”. Para Marcio Botner, presidente da Oca Lage, organização social que administra a EAV e a Casa França-Brasil, “pensar a Escola de Artes Visuais do Parque Lage é pensar no Gerchman. Para ter arte tem que ter risco e liberdade. Ele abriu um espaço único de união das artes”.

 

 

Gravuras de 1976

 

A exposição ocupará as Cavalariças do Parque Lage e seu espaço contíguo, a Capela, com cenografia e móveis desenvolvidos por Helio Eichbauer, que criou dois biombos com quatro folhas cada, tendo como face quadros-negros sobre estruturas vazadas. Dispostos em ziguezague, eles exibirão reproduções de fotografias da época feitas por Celso Guimarães. O pensamento que norteava a prática exercida nas oficinas de Eichbauer emolduram os biombos, em frases-proposições como: Espaço topológico, Singularidade. Sincronicidade, A busca do espaço humano, Ritos de passagem, Encantaria.Pajelança, Sociologia da arte, Foto.síntese, Janelas dimensionais, Brasil.Idade, Espaço lúdico, Oficinas   Território tribal, Arte do fogo, Entropia e arte, Terra mater, Intuição e método.

 

Em uma das paredes estarão gravuras feitas em 1976, na EAV, pelos artistas Avatar Moraes (1933-2011), Dionísio Del Santo (1925-1999), Eduardo Sued (1925), Gastão Manoel Henrique (1933), Isabel Pons (1912-2002), Newton Cavalcanti (1930-2006), Roberto Magalhães (1940), Susan L’Engle (1944), e por Rubens Gerchman. Sobre um cubo, estará um trabalho recente e inédito do artista Thomas Jefferson (1978), estudante da EAV.

 

Três bancadas de madeira conterão originais de cartazes, publicações, documentos e fotografias da época pertencentes ao acervo da EAV, descobertas pelo projeto Memória Lage. Para dar ao público a noção do período, do contexto cultural e da abrangência de atividades realizadas pela instituição – que poderiam tanto ser discussões sobre feminismo, exibição de danças afro-brasileiras, sessões de cinema, ou incontáveis eventos de música e arte – esses documentos estão dispostos sob os temas Cultura popular, Cultura negra, Poesia, Cinema, Política cultural, Videoarte, Gravura, Escultura, Pintura, e Atmosfera. No centro do espaço, uma mesa giratória, como um moinho de quatro pás, conterá destaques dos registros dos eventos e atividades.

 

Na Capela, espaço contíguo à Cavalariça, será exibido um vídeo com depoimentos recentes e inéditos de Helio Eichbauer, dos artistas Roberto Magalhães e Xico Chaves, do editor Mário Margutti e do fotógrafo Celso Guimarães, que colaboraram com a gestão de Rubens Gerchman. Com cerca de uma hora de duração, o vídeo foi produzido por duas equipes da EAV – projeto Memória Lage, com entrevistas feitas por Juliana Rego e Thábata Castro, tendo à frente Marcelo Campos e Sandra Caleffi; e integrantes do Núcleo de Arte e Tecnologia, responsáveis pela filmagem e edição, em coordenação de Tina Velho.  Em um primeiro momento as entrevistas foram pensadas como forma de suprir uma lacuna documental do Memória Lage, mas o resultado rico e surpreendente foi determinante para que fosse inserido na exposição.

 

 

Intuição e Método

 

As famosas e criativas práticas realizadas por Helio Eichbauer entre 1975 e 1979 estavam fortemente embasadas em pensadores como Gilles Deleuze (1925-1995), Michel Foucault (1926-1984) e Félix Guattari (1930-1992). Frases como “A arte não reproduz o visível. Torna visível”, de Paul Klee (1879-1940), “Educação não é privilégio”, de Anísio Teixeira (1900-1971), e “Toda percepção é também pensamento. Todo processo de raciocínio é também intituivo. Toda observação é também invenção”, de Rudolf Arnheim (1904- 2007), também são referências para Eichbauer. Dentre as publicações que acompanharam o artista-professor estão “Os estados múltiplos do ser” (1932), de René Guénon (1886- 1951); “Abstração e empatia” de Wilhelm Worringer (1881-1965), “Escultura negra” (1915), de Carl Einstein (1885-1940), e o “Guia prático”, de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), que para ele traz “o mundo sonoro da infância”.

 

Lisette Lagnado, no texto que acompanha a exposição, cita a questão proposta por Gerchman em um poema escrito durante a estada do artista em Nova York, entre 1969 e 1971: “como conduzir um programa “não branco, não europeu, não colonial, não geográfico”, e onde fazer circular esta ideia de cultura”? Ela complementa: “Não há terreno mais fértil para tamanha ambição do que uma escola. Mais ainda, uma escola de arte”. A respeito do período inaugural da EAV Parque Lage, Marcio Botner exalta “as gerações de artistas que juntos aprenderam a misturar as artes e voar longe, do Parque Lage para o mundo”.

 

 

Até 11 de janeiro de 2015.

Papéis Avulsos na Galeria Movimento

21/ago

Quem conhece a obra de Paulo Vieira, sabe da paixão do artista pelo desenho. São muitos os cadernos onde ele inventa seu universo, sempre experimentando os limites do traço.  A linha como o tema principal. Os materiais variam de acordo com as intenções do artista: Paulo trabalha com grafite, guache, lápis de cor, carvão e aquarela. Esta é a sua terceira individual na Galeria Movimento, Copacabana, Rio de janeiro, RJ, que tem a frente o galerista Ricardo Kimaid e também representa os artistas Toz, Tinho,  Arthur Arnaud, Thais Beltrame entre outros.

 

A exposição intitulada “Papéis Avulsos” é composta por 12 desenhos onde o artista apresenta seus personagens, por vezes em grupo, ou desgarrados e isolados. A narrativa foge da linearidade e surpreende pela atmosfera própria do grafite aliada a economia no uso da cor, o resultado são desenhos com uma densidade surpreendente. O “Autorretrato de gravata” e “O Inquilino”, sozinhos em seus pensamentos, ocupam o primeiro plano e parecem avulsos, interagem apenas com os seus medos, seus fantasmas, suas fantasias.

 

As padronagens presentes em alguns trabalhos, criam um ritmo dinâmico.  Em  “A menina com fio de ouro”, elas surpreendem  pela beleza do traço em conjunto com a figura. São muitas, as possibilidades diante de imagens tão instigantes. Quem observa certamente se perderá pelos diversos caminhos que os desenhos podem levar.

 

Paulo vieira nos fala sutilmente de solidão, de vida interior, de se reinventar quando o equilíbrio muitas vezes desequilibra o olhar. Sua intuição, submetida à experiência evita as armadilhas da imagem. Ao espectador, depois da fruição, permanecerá uma história interior, às vezes, perturbadora como um conto de fadas. A curadoria é de Isabel Portella.

 

 

Sobre o artista

 

Mineiro de Manhuaçu-MG, 1966, morou em  Caratinga-MG desde a infância, época em que começou seu envolvimento com arte. Na década de 80 fez sua primeira individual na cidade e frequentou os ateliês de Gian Carlo Laghi e Josias Moreira. Também  participa do segundo salão de artes plásticas de Governador Valadares-MG neste período. Em 1991, frequenta a Escola de Belas Artes da UFRJ, onde estuda com Celeida Tostes e Lygia Pape e frequenta curso de pintura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage com Beatriz Milhazes. Em 2007, a convite do cartunista Ziraldo participa  do projeto Zeróis – Ziraldo na Tela Grande e retorna a EAV para o curso de desenho com Gianguido Bonfanti. Vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

 

De 04 a 27 de setembro.

artevida programação múltipla

16/jul

Com as três inaugurações de sábado, 19 de julho, a exposição “artevida” se completa. Ela tem quatro seções, sendo as principais “artevida” (corpo), na Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ, já em cartaz, e a do MAM-RIO, Parque do Flamengo, “artevida” (política). Este segmento é o mais pungente, com 160 trabalhos de 54 artistas. “artevida” é produzida pela ENDORA Arte Produções. Leia mais abaixo as informações gerais sobre esta segunda fase, com mais a instalação inédita de Georges Adéagbo, artista do Benin, premiado na Bienal de Veneza, no Parque Lage, e o Arquivo da argentina Graciela Carnevale, na Biblioteca Parque Estadual. Em cartaz até 21 de setembro, artevida é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro com patrocínio de Itaú e Petrobras. A curadoria é de Adriano Pedrosa e Rodrigo Moura

 

 

Aberturas da segunda fase: sábado,19 de julho
15h – artevida (arquivo) Arquivo Graciela Carnevale, na Biblioteca Parque Estadual
17h – artevida (política), coletiva com 54 artistas, no MAM Rio
19h – artevida (parque), instalação inédita do beninense Georges Adéagbo, nas Cavalariças do Parque Lage

 

A exposição artevida, sob curadoria de Adriano Pedrosa e Rodrigo Moura,  se completa sábado, 19 de julho, com a abertura de artevida (política) no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, do Arquivo Graciela Carnevale na Biblioteca Parque Estadual e da instalação inédita do artista do Benin Georges Adéagbo nas Cavalariças do Parque Lage.

 

artevida, com 110 artistas e 350 obras do Brasil, Leste Europeu, Ásia, África, Oriente Médio e América Latina, é uma realização da Secretaria de Estado de Cultura do Rio de Janeiro, com patrocínio de Itaú e Petrobras.

 

artevida (política), no MAM Rio, reúne cerca de 160 obras de 54 artistas, feitas sob regimes autoritários ou em resistência a eles, organizadas em tópicos como feminismos e racismo, democracia e eleições, mapas e bandeiras, guerra e violência, greves e revoluções. Este é um dos eixos principais da mostra, ao lado de artevida (corpo), em cartaz desde 27 de junho, na Casa França-Brasil.

 

Pensando na vocação de cada espaço, os curadores pautaram para a seção artevida (arquivo) coleções de artistas como o de Paulo Bruscky, inaugurado em 27 de junho, e o da argentina Graciela Carnevale (1942), do Grupo de Arte de Vanguardia de Rosario, que abre ao público em 19 de julho. No arquivo da artista, fotografias, documentos e recortes de jornais registram a agitação da cena artística da avant-garde argentina nos anos 1960.

 

Nas cavalariças do Parque Lage, no segmento artevida (parque), o artista beninense Georges Adéagbo começou, na sexta-feira, a montagem de sua instalação com itens que trouxe e com o que está comprando em brechós cariocas. Ele escolheu para esta obra inédita refletir sobre a relação África-Brasil, o fotógrafo francês Pierre Verger e a documentação da diáspora africana.

 

No palacete do Parque Lage, já aberto ao público, estão a instalação “RED [Shape of Mosquito Net]”, de 1956, da japonesa Tsuruko Yamazaki (1925) suspensa à beira da piscina, e trabalhos de Martha Araújo – peças de vestuário em tecido e velcro que permitem interatividade quando vestidas, e fotos de registros de performances com as roupas, no início dos anos 1980. O público pode vestir macacões com velcro da artista e colar o corpo na rampa de carpete.

 

 

Artistas de artevida (política), por ordem alfabética:

 

Abdul Hay Mosallam, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino , Antonio Caro, Antonio Dias, Antonio Manuel, Aref Rayess, Artur Barrio, Beatriz González, Bhupen Khakhar, Birgit Jürgenssen, Carlos Ginzburg, Carlos Vergara, Carlos Zílio, Cecilia Vicuña , Cengiz Çekil, Cildo Meireles, Cláudio Tozzi, Clemente Padín, Emory Douglas, Gavin Jantjes, Goran Trbuljak, Gülsün Karamustafa, Hélio Oiticica, Horacio Zabala, Ion Grigorescu, Jo Spence, John Dugger, Juan Carlos Romero, Julio Plaza, Letícia Parente, Liliana Porter, Lotty Rosenfeld, Luis Camnitzer, Luis Fernando Pazos, Lygia Pape, Lynda Benglis, Margarita Paksa, Martha Rosler, Maurício Nogueira Lima, Mladen Stilinović, Nancy Spero, Nicola L., Nil Yalter, Oscar Bony, Paulo Bruscky, Rachid Koraïchi, Ricardo Carreira, Sanja Iveković, Sue Williamson, Teresa Burga, Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Wesley Duke Lee.

 

 

Locais

 

Biblioteca Parque Estadual
Av. Presidente Vargas 1261 | Centro – RJ

Terça a domingo,  10 às 20h. Grátis.

 

Casa França-Brasil

Rua Visconde de Itaboraí 78 | Centro – RJ |

Terça a domingo, 10 às 20h. Grátis.

 

Escola de Artes Visuais do Parque Lage
Rua Jardim Botânico 414 | Jardim Botânico – RJ
Palacete: Segunda a quinta, 9 às 19h; sexta a domingo, 9 às 17h. Grátis
Cavalariças: Diariamente, das 10h às 17h. Grátis.

 

 

Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Av. Infante Dom Henrique 85 | Parque do Flamengo – RJ
Terça a sexta, 12 às 18h. Sábados, domingos e feriados, 11h às 18h.
(a bilheteria fecha às 17h30). R$ 14

Prêmio Marcantônio Vilaça

13/jun

 

Edição especial do “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas” celebra os dez anos do projeto com a inauguração de duas mostras comemorativas no dia 29 de maio no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro. Na noite de abertura das exposições, “Inventário da paixão e Cor, luz e movimento”, também será dada a largada da 5ª edição do prêmio com a divulgação do novo regulamento para os próximos anos.

 

Entre as inovações que serão apresentadas pelo atual curador e coordenador geral, Marcus de Lontra Costa, está o aumento do valor da bolsa de pesquisa conferida a cada um dos cinco artistas vencedores, que passa de R$ 30 mil para R$ 40 mil; e a ampliação do sistema de premiação, se torna mais plural com a inclusão de curadorias regionais no júri de seleção e uma exposição com trabalhos com os 30 artistas pré-selecionados.

 

Além dessas novidades, uma inédita premiação para curadores emergentes passa a integrar o Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça, que se constitui uma das maiores ações de apoio do setor privado à arte brasileira. O novo formato propõe ainda ênfase especial aos processos pedagógicos que possibilitem a qualificação de trabalhadores, professores e estudantes por meio de ações que unam criatividade artística e pesquisa tecnológica.

 

O diretor de Operações do Serviço Social da Indústria (SESI), Marcos Tadeu de Siqueira, destacou a importância do Prêmio. “O investimento em artes contribui para uma interação entre as atividades culturais e o desenvolvimento econômico. Nenhum país pode se considerar desenvolvido, se não tiver um olhar para questões que envolvam cultura, educação e qualidade de vida do trabalhador”, disse.

 

 

Inventário da Paixão

 

As duas mostras comemorativas dessa edição especial reavivam as intenções que motivaram a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o SESI e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), a criarem o prêmio, em 2004. A panorâmica Inventário da paixão é uma homenagem ao galerista Marcantonio Vilaça, patrono do prêmio, que reúne 66 obras de 36 artistas surgidos a partir dos anos 80 e que tiveram mais projeção em suas trajetórias profissionais depois do trabalho em parceria com Marcantonio. Beatriz Milhazes, Adriana Varejão, Angelo Venosa, Luiz Zerbini e Cildo Meireles são alguns desses expoentes aliados a um expressivo núcleo de artistas internacionais, cujos trabalhos passaram a ser mais conhecidos no Brasil devido à ação de intercâmbio artístico realizada pelo galerista (veja lista completa abaixo). “A impactante presença dessas obras juntas em um mesmo espaço físico, com sua variedade de linguagens e propostas estéticas constitui um vibrante painel da arte no Brasil e no mundo e refletem a personalidade exuberante e inquieta daquele que empresta o seu nome à nossa iniciativa”, comenta Lontra.

 

 

Arte Indústria

 

As relações entre processos de criação artística e produção industrial são acentuadas no recém criado projeto Arte Indústria que acompanhará todas as edições do prêmio.  A série se inicia com a coletiva Cor, luz e movimento em homenagem a Abraham Palatnik. A partir de trabalhos deste pioneiro da arte cinética, diversos artistas estabelecem pontos de contato com o conjunto de sua obra. A mostra apresenta uma sala especial com oito trabalhos de Palatnik e 38 obras de 14 artistas que se relacionam com sua poética. Entre eles Ana Linnemann, Eduardo Coimbra, Deneir e Emygdio de Barros. (Veja a lista completa abaixo). Para o idealizador da exposição, o projeto parte do pressuposto de que o aspecto definidor da arte do século 20 está na instigante relação entre o artista e a máquina.

 

 

Novo Regulamento

 

A partir de sua quinta edição, o “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça” renova formato e regulamento de modo a se aproximar cada vez mais da investigação artística contemporânea, compreendida como ação fundamental para o desenvolvimento do conhecimento humano e da pesquisa tecnológica.  A iniciativa do Sistema Indústria criada em 2004, ao longo desse tempo, realizou quatro edições consecutivas. Recebeu 2532 propostas e premiou 20 artistas, que atuam em diferentes pontos do país, com bolsas de trabalho e acompanhamento dos projetos por curadores designados. Ao conceber as duas mostras da edição especial, os novos curadores revigoram a proposta do “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça” no cenário artístico brasileiro e afirmam sua presença como uma referência entre as principais premiações nacionais no gênero.

 

 

Quem foi Marcantônio Vilaça

 

Marcantonio Vilaça, falecido precocemente em 2000 aos 37 anos de idade, tem sua trajetória cultural iniciada em Recife, PE. Influenciado pelos pais, conheceu a arte popular da região e fez visitas rotineiras a museus, igrejas e conventos de todo o Nordeste. Aos 15 anos, adquiriu sua primeira obra de arte, uma gravura de Samico. No início dos anos 80, Marcantônio e a irmã Taciana Cecília abriram sua primeira galeria de arte, a Pasárgada, na Praia de Boa Viagem, em Recife. Em 1991, instalou-se em São Paulo e inaugurou a Galeria Camargo Vilaça, junto com a sócia Karla Camargo. Aos 35 anos, possuía cerca de 500 obras dos mais representativos artistas contemporâneos brasileiros. Em sua trajetória como marchand, ajudou a projetar novos talentos no mercado brasileiro e internacional e doou diversas obras de sua coleção particular para diversos museus, tanto instituições nacionais quanto internacionais.

 

 

Artistas participantes da exposição:

 

Adriana Varejão | Angelo Venosa | Beatriz Milhazes | Barrão (Plano B) | Cildo Meireles | Daniel Senise | Efrain Almeida | Ernesto Neto | Francis Allys | Gilvan Samico | Helio Oiticica | Hildebrando de Castro | Iran do Espírito Santo | Jac Leirner   | José Damasceno | José Resende | Leda Catunda | José Leonilson | Lia Menna Barreto | Luiz Zerbini | Lygia Pape | Maurício Ruiz | Mauro Piva | Nuno Ramos | Rivane Neuschwander | Rosangela Rennó | Valeska Soares | Vik Muniz | Anselm Kiefer (Alemanha) | Cindy Sherman (Estados Unidos) | Guillermo Kuitca (Argentina) | Julião Sarmento (Portugal) | Mona Hatoum (Líbano) | Antonio Hernández-Diez (Venezuela) | Pedro Croft (Portugal) | Pedro Cabrita Reis (Portugal)

 

FICHA TÉCNICA:

 

Coordenação Geral: Claudia Ramalho;

Curador: Marcus de Lontra Costa;

Curadora Adjunta: Daniela Name;

Produção: Maria Clara Rodrigues – Imago Escritório De Arte;

Produção Executiva: Andreia Alves | Marcia Lontra;

Expografia: Marcio Gobbi;

Identidade Visual: New 360;

Projeto Técnico Interativo: 32bits Criações Digitais;

Iluminação: Antonio Mendel;

Projeto Educativo: Rômulo Sales Arte Educação

 

 

De 30 de maio a 13 de julho.

Maio: Arte brasileira em Nova Iorque

09/mai

Com exposições individuais inauguradas em galerias do Chelsea, três dos maiores artistas contemporâneos brasileiros – Adriana Varejão, Tunga  e Vik Muniz – são celebrados no maior centro de arte do mundo, a cidade de Nova Iorque. O início ocorreu com a retrospectiva de Lygia Clark no MoMA, seguido Frieze (feira de arte), com stands das badaladas galerias A Gentil Carioca, Casa Triângulo, Fortes Vilaça, Jaqueline Martins, Mendes Wood e Vermelho.

 

Além do MoMA, outras instituições, como o Godwin-Ternbach Museum of Queens College exibe 40 fotos – em grande escala – de Abdias Nascimento. O Bronx Museum inaugurou a exposição coletiva “Beyond the Supersquare”, nela participando, dentre outros, André Komatsu e Mauro Restiffe. O Institute of Fine Arts da New York University será o anfitrião de Regina Silveira para um diálogo entre as pessoas interessadas. Caio Reisewitz inaugura no dia 16 uma grande individual no International Center of Photography (ICP), que abrigará ainda a coletiva “Urbes Mutantes: Latin American Photography 1941-2013”.
Mas também encontram-se em cartaz, em centros culturais da cidade a seguinte programação: no The Jewish Museum, “Other primary structures” com obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Sérgio Camargo e Willys de Castro. Já Rivane Neuenschwander apresenta-se com “Thanks for writing” no 601 ArtSpace. E no International Print Center NY, a “Contemporary Brazilian printmaking”, com 22 nomes, dentre os quais Sheila Goloborotko e Mônica Barki.

 

Mais brasileiros: Carlito Carvalhosa, em mostra individual na Sonnabend, na Broadway 1602, a coletiva “Ultrapassado part I” reunindo obras assinadas por Lygia Pape, Lenora de Barros, Lydia Okumura e Paloma Bosque. A Tierney Gardarin exibirá “Geraldo de Barros: The purity of form”,  e a Hauser & Wirth do Upper East Side com uma panorâmica de Anna Maria Maiolino e o coletivo assume vivid astro focus (avaf), criado por Eli Sudbrack, inaugura a mostra de pinturas “Adderall Valium Ativan Focalin (Cantilevering me)” na Suzanne Geiss. E a marchande Luciana Brito fez uma seleção de trabalhos de seus artistas para mostrar na Espasso.

Lygia Clark no MoMA, NY

28/abr

O MoMA, Museum of Modern Arts, Manhattan, Nova Iorque, EEUU, anuncia “Lygia Clark, The Abandonment of Art, 1948-1988″, a grandiosa retrospectiva de Lygia Clark; a primeira e maior exibição abrangendo aproximadamente 300 trabalhos, concebidos entre o inicio dos anos 50 até  meados dos 80 quando a artista faleceu. Os visitantes poderão apreciar desenhos, pinturas, esculturas, objetos e trabalhos conceituais e participativos realizados por uma das artistas mais celebradas do Brasil. A obra de Lygia Clark vem despertando  – cada vez mais – a admiração e o devido reconhecimento internacional dando um conceito significante a uma constelação de trabalhos que definem cada degrau de sua carreira.

 

Concebida de coleções públicas e privadas, “Lygia Clark” apresenta um conjunto impressionante que tem o objetivo de re-instalar o trabalho conceituado aos novos rumos da arte contemporânea, sua participação e prática de arte terapêutica. A exibição vem acompanhada de um catalogo inteiramente ilustrado com ensaios de Sergio Bessa, Connie Butler, Eleonora Fabião e outros. Juntamente com a exibição, o MoMA abriga também a mostra “On The Edge: Brazilian Film Experiments of the 1960s and Early 1970s”, de 10 de Maio á 27 de Julho, uma vasta seleção de curtas e longa-metragens experimentais, realizados por artistas daquele período de transformação politica e social, com foco no trabalho participativo de Lygia Clark, e outros como Hélio Oiticica, Glauber Rocha, o poeta Raimundo Amado e a artista Lygia Pape. A seleção apresenta desde a estética B de José Mojica Marins, até os protestos na voz de Caetano Veloso. Alguns títulos populares como “Deus e o diabo na Terra do Sol” e “Bandido da Luz Vermelha” também estão na programação.

 

A exposição de Lygia Clark conta com o apoio de Ricardo e Susana Steinbruch, The Modern Women’s Fund, Patricia Phelps de Cisneros, Jerry I. Speyer e Katherine G. Farley, Vicky e Joseph Safra Foundation, mais The International Council of The Museum of Modern Art, Johanna Stein-Birman e Alexandre Birman, Consulado Gearl do Brasil em Nova Iorque, Patricia Fossati Druck, Roberto e Aimée Servitje, Frances Reynolds, The Junior Associates of The Museum of Modern Art, Fogo de Chão, the MoMA Annual Exhibition Fund,Patricia Cisneros Travel Fund for Latin America e Richard I. Kandel.

 

 

De 10 de maio a 24 de agosto.

Fonte: MoMA, Roger Costa – Brazilian Press

Correspondências. Mostra inaugural

23/ago

Com a exibição da mostra coletiva “Correspondências”, a Galeria Bergamin, realiza sua estreia no circuito de arte contemporânea. O espaço situa-se à rua Oscar Freire, 379, loja 01, Jardins, São Paulo, SP. A mostra é apresentada por Felipe Scovino. Para o evento inaugural foi selecionado expressivo elenco de nomes pontuais da arte brasileira. Entre os participantes da exposição constam obras em técnicas diversificadas como pinturas, objetos, esculturas e fotografias, assinadas por Adriana Varejão, Alair Gomes, Cildo Meireles, Emanuel Nassar, German Lorca, Hélio Oiticica e Neville D’Almeida, José Bento, José Resende, Lygia Pape, Mauro Restiffe, Miguel Rio Branco, Montez Magno, Nelson Leirner, Paulo Roberto Leal, Raymundo Colares, Sérgio Camargo, Thiago Rocha Pitta, Vik Muniz, Waltercio Caldas, Wanda Pimentel, Luciano Figueiredo e Marcelo Cidade.

 

 

 

Texto de Felipe Scovino

 

Nessa exposição, que inaugura o novo espaço e momento da Galeria Bergamin, o que se apresenta são estratégias de correspondência. Para além da heterogeneidade de discursos, propostas e suportes, estão diante de nós diálogos, associações e afinidades. Em alguns casos, regidos por uma ironia (como nas obras de Emmanuel Nassar e Nelson Leirner) ou associações livres e poéticas que nos fazem pensar na ampliação do suporte feito por quem homenageia (como são os casos das obras de German Lorca, Miguel Rio Branco e Thiago Rocha Pitta, nas quais a fotografia transita em direção a pintura, ganhando texturas, luz, elementos táteis, pulsantes que a faz estar em uma situação fronteiriça). As oposições também existem, seja através das formas, técnicas, linguagens e assuntos, sem, entretanto, formar um sentido geral definitivo ou hierarquizá-los prematuramente, isto porque a abrangente condição artística na sua atualidade não se fixa em parâmetros históricos e critérios artísticos precisos e definitivos. As homenagens a Lucio Fontana são um exemplo disso. O seu romântico corte abrupto, seco e libertador sobre a tela transforma-se na obra de Leirner em um abrir e fechar zíperes. Passamos a rasgar o tecido numa atitude explicitamente dadá. Por outro lado, na obra de Adriana Varejão a tela se transforma numa epiderme na qual os azulejos se revelam como um corpo violentado.

 

As correspondências não estão somente apresentadas nas homenagens feitas pelos artistas a seus colegas, mas conseguimos perceber nessa correspondência livre e direta, as predileções, argumentos e diálogos que acontecem entre homenageado e quem homenageia.  A diversidade e heterogeneidade não estão só nos temas, assuntos ou conteúdos, mas também – e aqui é outro ponto de qualidade da exposição, a sua capacidade de revelar a multiplicidade de pesquisas na contemporaneidade – nas linguagens e nas mídias nas quais as obras podem aparecer ora como pintura, escultura ou fotografia, ou ainda como algo de indefinida e incerta sistematização.

 

 

De 08 de agosto a 28 de setembro.

Dois livros de arte

Marta Martins: Narrativas ficcionais de Tunga

 

O lançamento do livro da Marta Martins, lançamento da Editora Apicuri, será lançado com palestra da autora no Salão Nobre do Parque Lage, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, às 18 horas do dia 06 de setembro.

 

O livro “Narrativas ficcionais de Tunga” é adaptação da tese de Marta Martins, professora de desenho, artista, teórica e crítica, e, mais recentemente, fotógrafa. Marta se debruça sobre as obras de Tunga, artista que “mantém um alto nível de qualidade formal em seus trabalhos, não importando a natureza dos materiais utilizados, e (que) conquistou amplo espaço de atuação, tornando-se um dos nomes mais reconhecidos da arte brasileira no exterior”. A proposta da autora “ao incursionar por suas obras de distintos modos” é mostrar que o trabalho do artista, por meio de diversas experimentações estéticas, gera toda sorte de enigmas, introduzindo-se também noutras instâncias teóricas, como a psicanálise e as ciências sociais. Suas esculturas, instalações, vídeos, textos, desenhos, fotografias e até as pessoas utilizadas como mais um material de trabalho em suas instaurações, permitem configurações abertas em cada montagem. O espaço de tensão formal relacionado com questões próprias das artes visuais abriga ao mesmo tempo, em sua obra, uma série de desvios e licenças de cunho alegórico e ficcional, além de um explícito hibridismo nas suas formas e conceitos. Assim, materiais como seda, lâmpadas, cobras, metais, ossos e agulhas, somados a corpos humanos, textos e filmes, formam o vertiginoso e mutante universo narrativo do artista. Nada parece ser definitivo, nem mesmo neutro ou vazio, pois a peculiar rasura com a qual a natureza da linguagem se constitui é dobrada e disposta em camadas ao longo de seu inesgotável processo. Precisão teórica, abordagem aguçada e, principalmente, admiração pela produção de Tunga se combinam e nos proporcionam, por meio de um texto inteligente, uma reflexão perspicaz e apaixonada a respeito das “narrativas ficcionais” do artista plástico.

 
Sobre a autora

 

Marta Martins é ensaísta e fotógrafa. Nasceu em Santana do Livramento, RS, em 1962, vive e trabalha desde 1983 em Florianópolis, SC. Possui graduação em Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade do Estado de Santa Catarina (1988), mestrado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1995) e doutorado em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (2005). Atualmente é professora–titular da Universidade do Estado de Santa Catarina. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Artes Plásticas, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenho, Teoria da Modernidade, Literatura, Arte Contemporânea, Teoria da Imagem, História e Crítica da Arte, e Fotografia.

 

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Lygia Pape e Hélio Oiticica por Fernanda Pequeno

 

A curadora e crítica de arte Fernanda Pequeno lança no dia 07 de setembro, no Armazén 1, Pier Mauá, Praça Mauá, Rio de Janeiro, RJ, livro com o selo da Editora Apicuri sobr a obra dos artistas Lygia Pape e Hélio Oiticica.

 

Fernanda Pequeno parte de conversações e fricções entre as poéticas dos artistas Hélio Oiticica e de Lygia Pape para frisar semelhanças, acentuar diferenças e apontar aproximações e divergências entre as duas linguagens. Uma das questões que permearam toda a análise foi a existência de conflitos políticos e sociais — por conta do momento político dos anos 1960-70 no país — que inter­feriram e nortearam a produção de ambos os artistas, que introjetaram certa contradição ou ambiguidade. Pape e Oiticica optaram por um viés de produção altamente experimental, e seu caráter político e trans­gressor configurou-se pela negação do que estava instituído e por uma confiança no engajamento da jovialidade brasileira abrindo possibilidades de escrita de uma ou mais histórias, mesmo que fosse necessário herdar e deglutir influências estrangeiras.

 

A própria autora atribui a sua escolha por Lygia Pape e Hélio Oiticica quase que como uma intuição, espécie de “afinidades eletivas”. Apesar de Hélio e Pape já terem sido muito revistos pela história da arte moderna, não deixa de ser legítimo buscar possibilidades de novas leituras, principalmente na obra do Hélio. E foi isto que Fernanda conseguiu, ao rever a produção dos dois artistas.

 

Sobre a autora

 

Fernanda Pequeno é curadora, crítica de arte e professora de Artes Visuais e História da Arte do Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira (CAp/Universidade do Estado do Rio de Janeiro — Uerj). Doutoranda em Artes Visuais, na linha de pesquisa História e Crítica da Arte, pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Escola de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde foi bolsista Capes/UFRJ. Realizou estágio de doutorado (bolsa-sanduíche Faperj) no Research Centre for Transnational Art, Identity and Nation (TrAIN — Chelsea College of Art & Design, Londres). É mestre em Artes pelo Programa de Pós-Graduação em Artes da Uerj. Vem realizando curadorias e publicando textos em revistas acadêmicas, magazines, folders e catálogos de exposições desde 2002.