Celebrando uma trajetória no MAR.

14/abr

O Museu de Arte do Rio (MAR), Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Dança Barbot!”, que celebra através de fotografias ilustrativas e vídeos, a trajetória do bailarino e coreógrafo Rubens Barbot (1949-2022).

A abertura acontece na terça-feira, dia 15 de abril, às 17 horas na galeria localizada no térreo do Pavilhão de Exposições do MAR. Às 18 horas haverá um coquetel para convidados.

A exposição “Dança Barbot!” apresenta a trajetória e as contribuições do bailarino e coreógrafo Rubens Barbot (1949-2022) para a dança contemporânea no Brasil. A exposição realizada em parceria com o Terreiro Contemporâneo é uma homenagem ao legado do renomado artista.

A curadoria é assinada por Marcelo Campos e Amanda Bonan, com os curadores assistentes Amanda Rezende, Thayná Trindade e Jean Carlos Azuos, além dos curadores convidados Gatto Larsen e Ricardo Brandão. Gatto Larsen foi parceiro de vida de Runens Barbot.

Nascido em Rio Grande (RS), Barbot iniciou seus estudos em dança com João Luiz Rolla, em Porto Alegre, em 1967. Com formação complementar na Escola de Ballet Contemporâneo de Buenos Aires, fundou no Rio de Janeiro, em 1990, a Cia. Rubens Barbot Teatro de Dança, a primeira companhia negra de dança contemporânea do país, voltada à valorização da cultura afro-brasileira.

A exposição apresenta fotografias, vídeos, figurinos e elementos cênicos que retratam os caminhos artísticos de Rubens Barbot. Entre os destaques estão registros de espetáculos, filmes e depoimentos de artistas que atuaram ao seu lado, além de imagens assinadas por fotógrafos como Renan Cepeda, Léo Aversa e Wilton Montenegro, que acompanharam sua trajetória.

“Dança Barbot!” ficará em cartaz no Museu de Arte do Rio de 15 de abril até 31 de agosto.

Raul Mourão em Salvador.

09/dez

O artista carioca inaugura sua terceira exposição individual na Alban Galeria, Ondina, Salvador, BA, nesta quinta-feira, 12 de dezembro, com um conjunto inédito de esculturas, pinturas e desenhos.

Conhecido por sua produção multimídia, Raul Mourão constrói suas obras a partir da observação da paisagem urbana e das relações entre indivíduo e coletividade. Desta vez, o artista elege elementos arquitetônicos de Salvador – como grades e janelas ornamentadas – como ponto de partida para refletir poeticamente sobre a cidade. A exposição poderá ser visitada até 08 de fevereiro.       

A exposição é acompanhada de uma entrevista do curador e crítico de arte Pablo León de la Barra, que conversou com Mourão sobre sua trajetória e a conexão do artista com a capital baiana, entre outros assuntos.  Volume Vivo começou começou a ser pensada em janeiro de 2023 em parceria com Cristina Alban, diretora da galeria, falecida recentemente, a quem Mourão dedica a mostra. Complementa a exposição um vídeo de 20 minutos em parceria com o jovem filmmaker e fotógrafo carioca Tchaca.

Sobre o artista

Raul Mourão nasceu no Rio de Janeiro, em 1967, onde vive e trabalha. Entre suas principais exposições individuais e projetos solo recentes, destacam-se: Cage Head, Americas Society for Arts (2023), Nova York, Estados Unidos; Empty Head, Galeria Nara Roesler (2021), Nova York, Estados Unidos; Fora/Dentro, Museu da República (2018), Rio de Janeiro, Brasil; Você está aqui, Museu Brasileiro de Ecologia e Escultura (MuBE) (2016), São Paulo, Brasil; Please Touch, Bronx Museum (2015), Nova York, Estados Unidos; Tração animal, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-Rio) (2012), Rio de Janeiro, Brasil; Toque devagar, Praça Tiradentes (2012), Rio de Janeiro, Brasil. Entre as coletivas recentes: Utopias e distopias, Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM-BA) (2022), Salvador, Brazil; Coleções no MuBE: Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz – Construções e geometrias, Museu de Ecologia e Escultura (MuBE) (2019), São Paulo, Brasil; Modos de ver o Brasil: Itaú Cultural 30 anos, Oca (2017), São Paulo, Brasil; Mana Seven, Mana Contemporary (2016), Miami, Estados Unidos; Brasil, Beleza?! Contemporary Brazilian Sculpture, Museum Beelden Aan Zee (2016), Haia, Países Baixos; Bienal de Vancouver 2014-2016, Vancouver, Canadá (2014). Seus trabalhos figuram em coleções de importantes instituições, tais como: ASU Art Museum, Tempe, Estados Unidos; Instituto Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC-Niterói), Niterói, Brasil; Museu de Arte do Rio (MAR), Rio de Janeiro, Brasil; e Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio), Rio de Janeiro, Brasil.

Até 08 de fevereiro de 2025.

Doze trabalhos inéditos de Daniel Lannes.

05/nov

A Danielian Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a partir de 07 de novembro, a exposição “Daniel Lannes – Entre Poses”, com doze pinturas inéditas, nas quais o artista discute “…o constante paradoxo” do brasileiro em relação com o corpo: “Conviver com sua culpa cristã em relação à nudez, e ainda assim assumir o posto de símbolo sexual”. “O corpo no Brasil é algo proibido”, diz, acrescentando que “o fio dental é a deixa para tal conclusão”. Com o título da mostra retirado de sua prática de trabalho no ateliê, trabalhar com modelos vivos, Daniel Lannes se inspirou no universo criado pelo dramaturgo Nelson Rodrigues (1912-1980) para fazer as pinturas apresentadas.

Os curadores Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto escrevem no texto da exposição: “A partir de paixões, traições e moralismos, os personagens de Nelson Rodrigues viviam entre conflitos que revelavam os aspectos mais íntimos e profundos da natureza humana”.

Daniel Lannes diz que “…não há nudez absoluta que possa ser encarada sem desconforto e remorso”. “Pintar o nu se enquadra dentro das maiores tradições da pintura a óleo ocidental. Claro que entre uma Vênus de Urbino e uma Olympia certos paradigmas foram caindo pelo caminho”, diz. “No entanto, pintar um nu no Brasil é algo que extrapola os limites da história da arte dentro de nossa própria noção identitária. O que exportamos até hoje não reflete a essência do que somos, diriam os conservadores. Enquanto continuarmos negando nossa sensualidade, recusando o que temos de potência vernacular, e nos permitirmos assumir tais traços apenas durante uma semana de carnaval, o Brasil será sempre o país do futuro. Mas o corpo é agora”.

Sobre o artista

Daniel Lannes tem obras em diversas coleções, como Instituto Inhotim, em Brumadinho, MG; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro/Coleção Gilberto Chateaubriand; Pinacoteca do Estado de São Paulo; e Museu de Arte do Rio (MAR). Ganhou o 6º Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas (2016); integrou a exposição “100 Painters of Tomorrow” (Thames & Hudson, Londres, 2014); fez residências artísticas na LIA (Leipzig International Art Programm), na Alemanha, em 2015; Lille 3000 Art Festival, França; e Sommer Frische Kunst (2013), Bad Gastein, Áustria.

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Panmela Castro no MAR

06/ago

Panmela Castro abre exposição individual no Museu de Arte do Rio. Pela primeira vez, a artista apresentará exposição totalmente participativa, que se inicia em processo e, através de performances e ações, será construída com o público. A exposição “Ideias radicais sobre o amor”, da carioca Panmela Castro, será inaugurada no dia 09 de agosto. Com mais de 20 anos de trajetória, a artista apresentará uma exposição tendo como fio condutor a ideia da psicologia que fala sobre a necessidade de pertencimento como impulso vital dos seres humanos. Com curadoria de Daniela Labra e assistência curatorial de Maybel Sulamita, serão apresentadas 17 obras, sendo 10 inéditas, entre performances, fotografias, pinturas, esculturas e vídeos, que exploram questões como afetividade, solidão, visibilidade, empoderamento, autocuidado e memórias.

“Essa individual de Panmela Castro permite ao público conhecer muitas facetas de sua linguagem interdisciplinar. Seu trabalho navega por diferentes mídias e suportes de um modo único, reunindo questões estéticas, afetivas e ativistas em uma obra que é fundamentalmente performática e processual. A exposição no MAR traz obras inéditas e versões de outras já existentes, formando um ambiente lúdico, instigante e transformador”, afirma a curadora Daniela Labra.

A exposição irá se construir através de performances, ações e participações do público, que acontecerão ao longo do período da mostra. “Todas as obras de alguma forma precisam do outro para existir ou se completar, é uma exposição que começa em construção”, ressalta Panmela Castro. A exposição será inaugurada com três telas em branco da série “Vigília no Museu”, que serão pintadas quando o museu estiver fechado ao público. Em forma de vigílias dentro do MAR durante a noite, a artista se encontrará com pessoas para retratá-las. Um conjunto com 50 fotografias com registros da série “Vigília” também fará parte da mostra.

A exposição conta, ainda, com obras inéditas nas quais o público é convidado a participar. Na obra “Chá das Cinco”, por exemplo, o público é convidado a tomar um chá e compartilhar conselhos com outros visitantes da exposição através de bilhetes deixados debaixo do pires. Já em “Vestido Siamês”, duas pessoas poderão vestir, ao mesmo tempo, um grande vestido rosa feito em filó. Além disso, o público será convidado a trazer batons para a obra “Coleção de Batons” e objetos para deixar em um casulo, que serão transformados em esculturas pela artista. Esses objetos, que podem trazer memórias boas ou ruins, serão ressignificados e eternizados pela arte.

Inspirada nos tradicionais jogos arcade (fliperama), a obra “Luta no Museu” será um jogo para o público, no qual os lutadores são os artistas Allan Weber, Anarkia Boladona, Elian Almeida, Priscila Rooxo, Vivian Caccuri e Rafa Bqueer. Os cenários retratados são o Museu de Arte do Rio, o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e a Escola de Artes Visuais do Parque Lage. A artista propõe o jogo como uma brincadeira de luta entre artistas, onde o vencedor expõe sua obra no museu. Completando as obras inéditas, estará o vídeo “Stories”, uma coleção de pequenos vídeos publicados no Instagram da artista (@panmelacastro), que convidam o público a fazer parte das diferentes situações de sua vida e de seu processo artístico.

Além dos trabalhos inéditos, obras icônicas da artista também farão parte da exposição, como “Biscoito da sorte” (2021), que traz os tradicionais biscoitos japoneses com mensagens feministas criadas pela artista; “Bíblia feminista” (2021), na qual o público poderá escrever ideias que guiem a emancipação e a luta por direitos das mulheres cis e trans, e “Consagrada” (2021), fotoperformance na qual a artista aparece com o peito rasgado com esta escarificação, fazendo uma crítica à forma como o mercado de arte elege seus personagens.

“Não surpreende que Panmela hoje seja respeitada internacionalmente, tanto pela inventividade de sua arte quanto pela postura em relação a assuntos como violência de gênero de diversos tipos. Esse tema há anos a estimula a criar ações artísticas, pinturas, objetos e também desenvolver um trabalho de cunho pedagógico e político através de sua organização que usa as artes para promover direitos, principalmente o enfrentamento à violência doméstica, a Rede NAMI”, diz a curadora Daniela Labra.

Completam a mostra, quatro performances que a artista fará ao longo do período da exposição. No dia 17 de agosto, será realizada “Culto contra os embustes” (2020), um ritual onde a autoestima e a energia vital são usadas para afastar indivíduos malévolos da vida de cada participante. No dia 28 de setembro, será a vez de “Honra ao mérito” (2023), realizada na I Bienal das Amazônias, que aborda a falta de reconhecimento das mulheres e propõe uma cerimônia onde medalhas são concedidas ao público feminino, como forma de valorizar seus talentos e ações dignas de destaque. “É uma reparação histórica”, afirma Panmela Castro. No dia 05 de outubro, será a vez da performance inédita “Revanche” (2019), na qual a artista confronta as imposições do feminino compulsório, convidando o público a apreciar o momento de um acerto de contas com o urso de 4 metros de altura que estará na mostra. Já no dia 12 de outubro, será realizada “Ruptura” (2015), na qual a artista se desfaz de uma espécie de “caricatura da feminilidade”, abrindo espaço para discussões mais amplas sobre gênero e alteridade. Todas as obras de performances serão registradas e terão seus vídeos exibidos na exposição.

Até 24 de novembro.

Sobre a artista

Panmela Castro vive e trabalha no Rio de Janeiro e em São Paulo. Artista visual cuja prática artística é movida por relações de afeto e alteridade. Com base na ideia de “Deriva Afetiva”, ela propõe o acaso como o sujeito de uma busca incessante por um sentido de pertencimento. A partir do pensamento da performance, a sua produção artística converge em trabalhos que permeiam a pintura, a escultura, a instalação, o vídeo e a fotografia. Panmela Castro é graduada em pintura pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (2007), possui mestrado em Processos Artísticos Contemporâneos pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (2011) e é pós-graduada em Direitos Humanos, Responsabilidade e Cidadania Global na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (2023). Seu trabalho faz parte de coleções internacionais, incluindo o Stedelijk Museum e o ICA Miami, assim como importantes coleções no Brasil, como o Instituto Inhotim, MASP, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes e Museu de Arte do Rio. Ativista social e protagonista da quarta onda feminista, segundo Heloisa Buarque de Holanda no seu livro “Explosão Feminista”, Panmela Castro é fundadora da organização sem fins lucrativos Rede NAMI. Desenvolve um trabalho de base na promoção dos direitos das mulheres e de enfrentamento à violência doméstica, tendo atingido mais de 200.000 pessoas na última década. Por seus esforços na área de direitos humanos, ela recebeu inúmeros prêmios, incluindo ser nomeada Jovem Líder Global pelo Fórum Econômico Mundial, o DVF Awards, e estar listada pela prestigiada revista americana Newsweek como uma das 150 mulheres corajosas que estão mudando o mundo.

Sobre o Museu de Arte do Rio

O MAR é um museu da Prefeitura do Rio e a sua concepção é fruto de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Cultura e a Fundação Roberto Marinho. Em janeiro de 2021, o Museu de Arte do Rio passou a ser gerido pela Organização de Estados Ibero-americanos (OEI) que, em cooperação com a Secretaria Municipal de Cultura, tem apoiado as programações expositivas e educativas do MAR por meio da realização de um conjunto amplo de atividades. A OEI é um organismo internacional de cooperação que tem na cultura, na educação e na ciência os seus mandatos institucionais. “O Museu de Arte do Rio, para a OEI, representa um espaço de fortalecimento do acesso à cultura, ao ensino e à pluralidade intimamente relacionado com o território ao qual está inserido. Além de contribuir para a formação nas artes e na educação, tendo no Rio de Janeiro, com sua história e suas expressões, a matéria-prima para o nosso trabalho”, comenta Leonardo Barchini, diretor da OEI no Brasil. Em 2024, a OEI e o Instituto Arte Cidadania (IAC) celebraram a parceria com o intuito de fortalecer as ações desenvolvidas no museu, conjugando esforços e revigorando o impacto cultural e educativo do MAR, a partir de quando o IAC passa a auxiliar na correalização da programação. O MAR tem o Instituto Cultural Vale como mantenedor, a Equinor e a Globo como patrocinadores master e o Itaú Unibanco como patrocinador. São os parceiros de mídia do MAR: a Globo e o Canal Curta. A Machado Meyer Advogados e a Wilson Sons também apoiam o MAR. O MAR conta ainda com o apoio da Prefeitura do Rio de Janeiro, do Governo do Estado do Rio de Janeiro, do Ministério da Cultura e do Governo Federal do Brasil, também via Lei Federal de Incentivo à Cultura.

A obra de Lucas Finonho no MAR

11/jul

Uma das grandes promessas do circuito carioca de arte, o artista plástico Lucas Finonho vem da Baixada Fluminense, de onde ele traz reflexões sobre as constantes fragmentações e reconstruções que enfrenta, sendo um jovem preto e gay de periferia. Nascido e criado em Duque de Caxias. Sua primeira exposição individual “Imagem e semelhança”, entra em cartaz no mais carioca dos museus: o Museu de Arte do Rio (MAR) e permanecerá em exibição até 03 de novembro.

Com curadoria de Mélanie Mozzer e Osmar Paulino, o projeto começou a ser gestado em julho de 2023. Composta por 12 obras inéditas, cada tela traz o olhar com mais sensibilidade para as relações cotidianas, onde a pintura não é apenas um meio de expressão visual, mas também um diálogo entre a suavidade dos traços e a aspereza das texturas de brita. A inserção da pedra brita em suas obras, com sua natureza fragmentada, oferece uma metáfora visual potente para as complexidades da experiência humana contemporânea.

“Ter minha primeira exposição solo no Museu de Arte do Rio é, antes de tudo, romper com todas as baixas expectativas que recebo pela minha cor e pelo lugar de onde eu venho. Poder apresentar meu trabalho nessa grande instituição que vem lançando e transformando a vida de diversos artistas, é pra mim o início de uma promissora trajetória de conquistas e grandes responsabilidades”, afirma o artista.

“Esta exposição é um testemunho do amadurecimento do artista através de um longo processo de pesquisa que foi bastante enriquecedor, visto que além de artista, Finonho é um pesquisador que já carrega um repertório profissional extenso. Se eu pudesse dar um conselho, indicaria que o público não perdesse a abertura da exposição para contemplar este momento definidor na carreira do artista que terá um longo caminho dentro da cena de Arte Contemporânea”, palavras de Mélanie Mozzer.

Em sua pesquisa, Lucas se conforta ao se entender semelhante às grandes e fortes rochas formadas por pequenos fragmentos, ao fabular sobre a divina fundição de seus destroços. Assim como a natureza, que mesmo ameaçada pela negligência e exploração exacerbada, o artista busca se reconstruir a todo custo. A utilização de pedras em suas obras, o faz olhar para os vales sedimentares, percebendo na natureza a possibilidade de ressignificar as erosões e depressões da vida.

“Me inspiro nas coisas que lutam por existir, nas histórias de superação, tecnologias periféricas de sobrevivência, nos testemunhos de intervenções divinas e nos ciclos que observo na natureza, com seu grande poder de defesa e regeneração frente às violências que sofre”, completa o artista.
“A exposição “Imagem e Semelhança” do Finonho é uma contribuição para a sociedade na medida que ela busca apresentar reflexões sobre os problemas subjetivos do ser a partir das diversas mazelas sociais, e sua capacidade de encontrar o bem-estar através da manifestação do divino que se dá ao mesmo tempo a partir das experiências endógenas e exógenas do próprio ser”, diz Osmar Paulino.

A natureza poderosa e autônoma de Diambe

27/mai

A Simões de Assis, Jardins, apresenta a primeira individual de Diambe, intitulada “Sensação Térmica” em São Paulo. Ao redor do mundo dos sonhos e de possibilidades fabulativas de novos seres, dentre os dezenove trabalhos, dez pinturas manifestam escolhas cromáticas calorosas, e nove esculturas, feitas em bronze e alumínio com pátinas coloridas, discutem como culturas, em diversos contextos geográficos, consideram a temperatura local como fator determinante na escolha dos materiais a comporem seus objetos, endereçando a assimetria na reciprocidade de recepção sociocultural estabelecida pela diáspora africana no Brasil. As obras expostas foram produzidas em um momento crítico de temperatura ambiental no início de 2024, com sensação térmica maior que 60 graus Celsius em algumas cidades do sudeste brasileiro. Esse pensamento também está presente no projeto expográfico, com bases feitas de argila craquelada, compõem e refletem o uso de matérias vivas e elementos ornamentais da natureza. A artista possui obra em exibição na coleção permanente da Pinacoteca e seus trabalhos integram coleções de importantes instituições no Brasil, como o Museu de Arte de São Paulo (MASP), Pinacoteca de São Paulo e Museu de Arte do Rio (MAR).

Sensação térmica

A expandir sua poética através de fabulações de seres que podem ser assimilados como paisagens, figuras zoomórficas, alimentos, entidades trans-espécies e manifestações de uma memorabilia sonhada, Diambe (Rio de Janeiro, 1993) reverencia a inventividade efervescente que responde a máculas e muralhas impostas a corpos dissidentes na contemporaneidade. Em seu processo criativo, materializa criaturas que habitam uma natureza poderosa e autônoma, cujo poder sobrepuja o do ser humano e proporciona um escape de uma ilusória situação de dominação antropocêntrica. Paralelamente, na presente exposição, Diambe discute como culturas, em diversos contextos geográficos, consideram a temperatura local como fator determinante na escolha dos materiais a comporem seus objetos, endereçando a assimetria na reciprocidade de recepção sociocultural estabelecida pela diáspora africana no Brasil.

Em Sensação térmica, materialização de um sonho perpétuo ignizado por Diambe, apresentam-se pinturas que manifestam escolhas cromáticas calorosas, esculturas gotejadas em bronze com pátinas coloridas e bases de argila crua que racham em resposta ao tempo. As obras expostas nessa ocasião foram produzidas em um momento crítico de temperatura ambiental no início de 2024, com sensação térmica maior que 60 graus Celsius em algumas cidades do sudeste brasileiro. Ar e fogo confundiam-se. O calor alucinante atravessava não somente a matéria, mas a subjetividade posta em fogo no estabelecimento de uma poética do delírio. As gotas de suor que escorrem pelo corpo dançante. A saliva morna que recebe a água fresca. O suco da fruta mordida que colore o queixo e escorre pelo peito aberto. Nesse contexto de assombroso fervor, o transporte das esculturas em cera do ateliê de Diambe para a fundição em metal tornou-se crítico: os corpos derretiam, desmontavam, metamorfoseavam-se em resposta à fulminante onda de calor. Esse torpor também causa uma zona de descontrole, estabelecendo limites desobedientes sobre a manipulação da cera de abelha que molda as esculturas. Desse modo, Diambe não detém total autoridade plástica sobre a matéria, mas respeita sua própria agência, sua multiplicidade vital e suas delirantes possibilidades de comportamento. A partir de profunda intimidade com os elementos plásticos, congrega em torno do calor uma relação colaborativa com os materiais, sempre em trabalho sinérgico e ação mútua.

Depois de confeccionados os moldes, receptáculos que transfeririam suas formas e entidades ao bronze incandescente, os seres em cera retornavam da oficina de fundição a Diambe em pedaços, logo derretidos novamente para corporificar outras subjetividades e produzir novas esculturas com o mesmo material, já impregnado de tantos ciclos de vida e morte. No décimo primeiro andar de um edifício no centro de São Paulo – repleto de frutos, vegetais e raízes colhidas na Mata Atlântica, na floresta amazônica ou negociadas em mercados no Benin -, o aroma que exalava da cera de abelha reaquecida por Diambe atraía frequentemente um pequeno enxame que retornava, em transe, ciclicamente à matéria que havia criado. A preparação de novos corpos desencadeava um chamado aos seres que produziram aquela massa plástica, em um reencontro no momento da transformação material. Esse ecológico fluxo cíclico sugere, inclusive, uma postura harmônica e sustentável de lidar com a matéria, em constante mutação. Apesar das potências poéticas do calor, Diambe também alerta para os exílios climáticos e o racismo ambiental, a denunciar que as mudanças causadas pelo aquecimento global afetam de forma mais voraz pessoas com corpos dissidentes e grupos sociais marginalizados. Sua prática artística é perpassada pela temperatura desde quando ateava fogo em monumentos públicos que reverenciam ícones totalitaristas que, mesmo estáticos, continuam a violentar corpos e corroer histórias. O calor, por outro lado, também serve como analogia à entropia social causada pelos sistemas que mantêm predatórias dinâmicas colonialistas e imperialistas. Ao fundir corpos de diferentes âmbitos biológicos e espirituais, Diambe incorpora entidades híbridas que desafiam categorizações e encorajam relações mais respeitosas em uma natureza que pode ser aplicada às esferas sociais. Sendo pessoa negra, desobediente da binariedade de gênero, Diambe entende o corpo como lugar e o lugar como corpo, em uma espelhada geografia sempre política: “o assentamento (também chamado de ibá) no candomblé é, ao mesmo tempo, a morada do orixá, o próprio orixá materializado e o local onde a relação entre pessoa e orixá se faz”. Suas pinturas em têmpera de ovo retomam a origem da técnica milenar originária do nordeste africano, encontrando-se na indeterminação entre paisagens figurativas, seres surrealistas, abstrações cromáticas e outras miríades de possibilidades de existência. Seus trabalhos acontecem propositalmente em uma zona limiar, inegociavelmente híbrida, a amalgamar reinos naturais e metafísicos. Em respeito à individualidade dos seres que cria e põe no universo, Diambe escolhe que suas esculturas em bronze fundido sejam únicas, sem outras edições. Dessa forma, obedece a epistemologias ancestrais que entendem a criação – artística, nesse caso, mas também de qualquer outra natureza – como provedora de agência, dotando um ser de corpo e integrando-o em dinâmicas naturais como indivíduos que, embora autônomos, não existem sem comunidades harmônicas de cooperação. Através de sistemas de saberes da diáspora africana e de tradições amefricanas, as criações e corporificações de Diambe se relacionam com a noção de alimento, de oferenda, como combustível do corpo e da alma. Comer é, portanto, exercer a sua própria divindade e a do alimento, irradiando energia, prazer, felicidade e alegria de viver. Oferendar isso ao mundo abarca noções dilatadas de tempo ao criar entidades que, postas nesse banquete-encruzilhada, vão durar muito mais tempo que seu próprio corpo, que os vegetais moldados que constituem partes das esculturas e que o ovo utilizado na conservação da vivacidade dos pigmentos na têmpera. Ao reconhecer a perecibilidade do próprio corpo, Diambe sonha em direção a uma oferenda mais duradoura em temporalidades que extrapolam certas noções de vida.

Mateus Nunes

Exposição no Sesc Pinheiros

19/abr

O livro “Um Defeito de Cor”, escrito por Ana Maria Gonçalves e lançado em 2006, tornou-se uma das principais obras da literatura brasileira contemporânea sobre a escravidão no Brasil e todas as mazelas advindas disso. Após ser homenageado pela escola de samba Portela, que fez da obra o seu samba-enredo de 2024, a publicação ganha uma exposição no Sesc Pinheiros, em São Paulo.

A mostra, que recebe o nome do livro – “Um Defeito de Cor” – é fruto de uma parceria entre o Sesc São Paulo e a Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), com a concepção original do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR). Por sua vez, a curadoria da exposição é da autora do livro, Ana Maria Gonçalves, em parceria com os pesquisadores Marcelo Campos e Amanda Bonan.

Brasil colônia

Por meio de obras de arte, a exposição faz alusão ao período do Brasil Império (1822-1889) para discutir os contextos sociais, culturais, econômicos e políticos do século 19 e seus desdobramentos em elementos contemporâneos. Ao todo, 372 peças entre arte têxtil, fotografias, instalações, cartazes, pinturas e esculturas de autoria de artistas do Brasil, da África e das Américas interpretam “Um defeito de cor”, ganhador do prêmio Casa de las Américas e considerado um dos mais importantes clássicos da literatura afro-feminista e nacional. Assim como o livro, a exposição faz um enfrentamento às lacunas e ao apagamento da história da população negra ao contar a jornada de uma mulher africana nascida no início do século 19, escravizada no Brasil, e sua busca por um filho perdido.

Na exposição em São Paulo, estarão presentes os figurinos e croquis das fantasias do Grêmio Recreativo Escola de Samba Portela, assinados pelo artista e carnavalesco Antônio Gonzaga, que se inspirou no livro de Ana Maria para desenvolver o samba-enredo do Carnaval 2024, no Rio de Janeiro. O desfile impulsionou a procura em livrarias físicas e digitais e elevou “Um defeito de cor” para a categoria de mais vendidos do Brasil. Além disso, estarão em exibição, pela primeira vez, um “Retrato de Ana Maria”, quadro de Panmela Castro; “Bori – filha de Oxum”, do artista e babalorixá Moisés Patrício, e “romaria”, mural que será pintado por Emerson Rocha na entrada do Sesc Pinheiros, além de uma programação integrada, com ações educativas divulgadas ao longo do período expositivo.

A exposição “Um Defeito de Cor” está dividida em dez núcleos não-lineares, que se espelham nos dez capítulos do livro, a exposição não é cronológica nem explicativa. O objetivo é trazer uma visão do Brasil com momentos históricos e recortes sociais transmitidos por meio de uma produção intelectual e de imagem presentes na arte contemporânea. Dessa maneira, a mostra faz um mergulho na essência de temas como os levantes negros, o empreendedorismo, o protagonismo feminino, o culto aos ancestrais e a África Contemporânea, que reexaminam os caminhos da população afro-brasileira desde os tempos de escravidão até os dias atuais, e fazem uma interpretação dos conceitos apresentados no romance, principalmente as origens e as identidades africanas que constituem a população, das quais ainda pouco se sabe.

Até 1º de dezembro.

Por dentro dos Museus

26/fev

A Lustinha, novo selo na Luste, Ateliê Editorial & Multimídia de Marcel Mariano, chega ao circuito editorial e cultural para apresentar sua primeira publicação: “Por dentro dos Museus”. Um box acondiciona livros com narrativas, curiosidades e explicações de museus selecionados em três estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. “Uma série informativa, didática, porém leve e divertida que vai se infiltrar nos museus com os olhos de criança. Tudo para tornar essa experiência muito mais gostosa e divertida”, explica Lica Barros que idealizou o projeto e assina alguns textos em parceria com Monica Figueiredo, responsável pela concepção.

Ciente da importância dos museus para formação cultural de um país, a Lustinha traduz este conceito da conexão entre o passado, presente e futuro em uma linguagem acessível incluindo curiosidades e detalhes da arquitetura e das obras além de explicar termos próprios do segmento como acervo, técnicas, expografia e nomes dos principais artistas e profissionais envolvidos tanto em sua construção como criação. Com a série, que vai abarcar outras praças e instituições pelo Brasil e pelo mundo, coloca leveza na definição de que ao olhar para o passado pode-se conhecer o que foi feito para aprimorar mecanismos que podem influenciar o presente para que novos conhecimentos e técnicas sejam disponibilizadas para a sustentabilidade e informações das futuras gerações.

“Por dentro dos Museus” registra nove instituições em quatro cidades diferentes e, em cada uma, destaca 10 artistas que servem como introdução a um primeiro contato com sua coleção. Em São Paulo, tem-se o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP) e Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM). No Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã, Museu de Arte Moderna do Río de Janeiro (MAM-Rio) e Museu de Arte do Rio (MAR). Em Belo Horizonte, o Museu de Arte da Pampulha (MAP) e em Brumadinho, o Instituto Inhotim.

Todas estas instituições – museus – estão a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, abertas a todos os públicos, que também funcionam como centros culturais reunindo atividades como música, dança, teatro, fotografia, literatura, gastronomia e todo tipo de arte. Suas funções primordiais incluem as de conservar, investigar, comunicar e expor o patrimônio material e imaterial da humanidade e do seu meio envolvente com fins de educação, estudo e encanto. São estas histórias que a Lustinha, de Lica Barros, quer apresentar e aproximar de seu público!

O evento

Lançamento do box “Por dentro dos Museus”, Editora Lustinha, em 03 de março, domingo, das 15 às 18hs na Livraria da Travessa, Rua dos Pinheiros, 513, Pinheiros, São Paulo, SP. Idealização de Lica Barros, concepção de Monica Figueiredo com pesquisa e textos de Lica Barros, Carolina Porne e Beatriz Alves com patrocínio de Machado & Meyer Advogados.

Pinturas de Cristina Canale por Daniela Labra

19/fev

O Instituto Ling, Três Figueiras, Porto Alegre, RS, tem o prazer de abrir no dia 27 de fevereiro a mostra individual “Cristina Canale – A Casa e o Sopro”, apresentando obras inéditas da artista carioca, estabelecida na Alemanha desde 1993. Sob a curadoria de Daniela Labra, a exposição apresenta mais de vinte obras, criadas entre 1992 e 2023. Na seleção, pinturas a óleo sobre linho ou tela e desenhos em aquarela e técnica mista. No dia da abertura, às 19h, acontecerá uma conversa aberta ao público, com participação de Cristina Canale e Daniela Labra. O bate-papo poderá ser acompanhado presencialmente, com entrada franca, no auditório do Instituto Ling. Na ocasião, será lançado o catálogo com distribuição gratuita a todos os participantes. Terá a duração de 60min. com 80 assentos disponíveis. A mostra permanecerá em cartaz até 01 de junho, com visitas livres de segunda a sábado, das 10h30 às 20h, e a possibilidade de visitas com mediação para grupos, mediante agendamento prévio e sem custo pelo site.

Sobre a artista

Cristina Canale nasceu em 1961 no Rio de Janeiro e, atualmente, vive em Berlim, Alemanha. Iniciou seus estudos na EAV Parque Lage, Rio de Janeiro, na década de 1980. Após firmar-se na cena brasileira como parte da Geração 80, recebeu em 1993 uma bolsa atelier-residência do Estado de Brandemburgo, na Alemanha, e outra bolsa de estudos do Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico (DAAD) na Academia de Artes de Düsseldorf. Expôs na 21ª Bienal de São Paulo (1991) e na 6ª Bienal de Curitiba (2011). Entre as suas exposições recentes, estão Entremundos, Paço Imperial, RJ (2014); The Encounter, Galeria Nara Roesler, Nova York (2021); Memento Vivere, Galeria Nara Roesler, SP (2023); e as coletivas Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos, OCA, SP (2017), Xenia: Crossroads in Portrait Painting, Marianne Boesky Gallery, Nova York (2020); e Crônicas Cariocas, MAR, RJ (2021)

Sobre a curadora

Daniela Labra é curadora, professora e vive entre o Rio de Janeiro e Berlim. Doutora em História e Crítica da Arte pela Escola de Belas Artes da UFRJ, atua nos temas: arte brasileira, cultura visual latino-americana, performance, arte e política. Curadorias selecionadas: Frestas – Trienal de Artes, SESC Sorocaba, SP (2017); museo de la democracia, nGbK, Berlim (2021); Ana Mendieta: Silhueta em Fogo, SESC Pompeia, SP (2023); Lygia Clark & Franz Ehrard Walther: Action as Sculpture, FEW Villa, Fulda, Alemanha (2024). Também colabora com organizações e instituições no Brasil e na Europa.

A Casa e o Sopro

Cristina Canale é mestra da cor. Carioca estabelecida na Alemanha desde 1993, participou da icônica exposição coletiva Como vai você Geração 80? em 1984, na Escola de Artes do Parque Lage, Rio de Janeiro. Naquele período, a tendência na pintura era o neoexpressionismo abstrato, mas Cristina interessava-se por figuras e paisagens. Desde então, explora o vocabulário da pintura investigando texturas rasas, formas blocadas, campos cromáticos, nuances, sutilezas e contrastes entre porções de áreas de cor densas-sólidas e outras líquidas-transparentes. A Casa e o Sopro traz vinte e duas obras com elementos antropomorfos, orgânicos e botânicos, em pinturas a óleo sobre linho ou tela, e desenhos em aquarela e técnica mista. A pintura “Branco de Medo” (1992) abre a visita. Com paleta de cor baixa e figuras de contornos difusos, pertence a uma fase de investigação em modulação cromática. Seu tema e atmosfera remetem às paisagens sem céu sobre blocos de cor do impressionista Claude Monet (1840-1926) e já contêm alguns antecedentes formais, de composição e texturas, de trabalhos como a “A casa e os sonhos” (2021) e “Sopro” (2023). Zonas densas de pigmento, presentes nessas e demais obras, mostram-se como ilhas de matéria e massas de cor formando figuras ambíguas ou híbridas que se transmutam em flores, folhas, gotas, nuvens, pernas, mãos, rostos…ou o que a imaginação quiser, pois a figuração de Cristina Canale não é literal. Aproveitando a maleabilidade da tinta a óleo, a artista compõe múltiplos significantes instáveis. Sua pincelada preenche, cobre e rasura campos cromáticos atravessados por diversos elementos justapostos, criando cenas, rostos, objetos cotidianos ou situações oníricas-lisérgicas em uma linguagem visual própria. O título A Casa e o Sopro remete à presença de elementos “sólidos” ou “gasosos” contrastantes. Ele alude às mitologias do sopro que dá vida ao barro, ou mesmo ao vidro – material rígido translúcido resultante da transmutação de massa liquefeita soprada. Examinando a relação entre opacidade e transparência, a casa como signo de solidez contrasta com a imaterialidade do ar/sopro, cuja força pode tanto destruir como servir de alento, regeneração ou agente polinizador.

Daniela Labra/Curadora

Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

As formas expansivas de Diambe

08/dez

A Simões de Assis, São Paulo, Curitiba, anuncia a representação de Diambe (Rio de Janeiro, 1993). Sua prática expande as noções de coreografia e escultura, desdobrando em instalações que também incorporam pinturas, filmes, têxteis e performances. Diambe explora possibilidades fabulativas de novos seres, elevando aspectos estéticos e ornamentais da natureza. Trata da materialidade ao lidar com o bronze e com formas reconhecíveis de povos diaspóricos, agora em novos arranjos, mimetizando outros seres ou criando novos integrantes de seu ambiente criado. Seu trabalho faz parte de relevantes coleções particulares e figura no acervo de importantes instituições, como: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte do Rio (MAR), entre outros.