Retrospectiva de Vera Chaves Barcellos

26/abr

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 06 de maio a exposição “O estranho desaparecimento de Vera Chaves Barcellos”. A curadoria é de Raphael Fonseca.

No calendário de 2023, a artista é um dos grandes destaques da programação, e, também, a terceira mulher a ocupar mais de um andar da Fundação Iberê Camargo, depois de Regina Silveira (Mil e um dias e outros enigmas/2011) e Maria Lídia Magliani (Magliani/2022).

A exposição “O estranho desaparecimento de Vera Chaves Barcellos”, que até o dia 30 de julho ocupará três andares do centro cultural apresenta 59 obras, abrangendo trabalhos desde a década de 1960 – realizados a partir da experimentação com pintura e desenho, e, num segundo momento, com a xilogravura – até obras mais recentes, destacando seu longo diálogo com a Fotografia. A retrospectiva traz, ainda, livros de artista e vídeos.

A pesquisa de Vera Chaves Barcellos, 85 anos, tem como ponto de partida a relação entre o corpo e o tempo: interpretando personagens e narrativas do passado e do futuro, focando em histórias que ficaram de fora da historiografia, documentando e coletando materiais de arquivo de eventos locais ou da memória pessoal. A fotografia foi uma forma de trazer Vera Chaves Barcellos de volta ao real, um olho mais objetivo para olhar o mundo ao seu redor.

A artista já participou de diversas mostras individuais e coletivas no Brasil e no exterior. Possui obras em museus como MAM, São Paulo, MAR, Rio de Janeiro, Museo Reina Sofia, Madrid, e MACBA, Barcelona, e em coleções privadas nacionais e internacionais. Destaca-se também sua atuação cultural no meio artístico brasileiro. Na década de 1970, foi uma das fundadoras e integrantes do grupo Nervo Óptico (1976-1978), coletivo de artistas voltados ao debate e à produção de arte contemporânea. Além de seguir trabalhando como artista visual, ela realiza curadoria de exposições e atua como gestora da fundação que leva seu nome, localizada em Viamão, RS.

Para o curador Raphael Fonseca, a exposição é uma celebração à Vera Chaves Barcellos, uma “criadora de imagens”. “É importante observar o conjunto de obras desta exposição e refletir sobre alguns temas recorrentes ao seu campo semântico. O corpo humano – e seu interesse, como aqui dito, em fragmentá-lo – aparece recorrentemente em suas imagens; ele é pele, é enquadramento de retrato fotográfico, são as costas de um grupo de pessoas, são os Manequins de Düsseldorf. Este é um aspecto importante e talvez pouco comentado sobre a artista: seu interesse pelas imagens de grupos de pessoas e pela noção de massa. Isso se faz presente tanto pela literalidade com que os corpos surgem em suas obras, quanto pelas séries mais interessadas nas imagens de grandes cidades visivelmente afetadas pela ação humana”.

Aos 35 anos, Raphael Fonseca é Doutor em Crítica e História da Arte pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador nas áreas de História da Arte, crítica e educação, além de curador de arte latino-americana moderna e contemporânea no Denver Art Museum (EUA). Ele conheceu Vera Chaves Barcellos em 2017, durante a exposição da artista no Paço Imperial (RJ). Raphael escreveu sobre a mostra para a revista colombiana ArtNexus e, neste mesmo ano, incluiu dois trabalhos da artista, “Habitat” e “Pequena Estória de um Sorriso” (1975), na exposição “Mais do que araras”, no SESC Palladium (BH), em comemoração aos 50 anos da icônica obra “Tropicália”, de Hélio Oiticica, onde as obras de Vera Chaves Barcellos ali expostas abordavam aspectos da realidade brasileira, que, da época de sua produção até agora, pouco se alterou e até mesmo se agravou.

“O título desta mostra se apropria, com certa liberdade poética, do nome de um trabalho da artista datado de 1976: O estranho des-aparecimento de VCB. Naquele contexto histórico – o da ditadura militar no Brasil – essa frase poderia ser lida tanto como uma amarga memória às pessoas que desapareceram devido à violência estatal, quanto uma provocação em referência àqueles que tiveram de, momentaneamente, desaparecer do cenário brasileiro por perseguição política. (…) Por enquanto podemos rir do seu desaparecimento; ao mesmo tempo, melancolicamente, sabemos que um dia ele, assim como o de todos nós, chegará. (…) Enquanto tivermos sua obra e pesquisa perante os nossos olhos, VCB, felizmente, nunca desaparecerá”, afirma o curador.

 

Sobre a artista

Nascida em 1938, em Porto Alegre, Vera Chaves Barcelos formou-se em Música no Instituto de Belas Artes, em 1958. Nos anos 1960, estudou gravura e pintura na França, Holanda e Inglaterra, e viajou por vários países europeus, visitando museus e tendo contato com arte moderna e contemporânea. Nos anos seguintes, iniciou sua participação em salões nacionais e exposições internacionais de gravura. A partir de 1973, passou a utilizar a fotografia em sua obra. Dois anos depois, ganhou uma bolsa no Croydon College, em Londres, onde aperfeiçoou seus estudos em fotografia e técnicas gráficas. Em 1976, participou da 37ª Bienal de Veneza e, em 1977, da XIV Bienal de São Paulo com a série “Testarte”, ano em que integra o Nervo Óptico. Em 1979, com um grupo de outros artistas, criou o Espaço N.O., em Porto Alegre, dedicado a atividades artísticas e culturais multidisciplinares, ativo até o ano de 1982. Nos anos 1980, a artista realizou exposições individuais no Museo de Arte de Medellín, na Colômbia, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Paço das Artes, em São Paulo. Participou da I Bienal de Havana em 1984, ano em que expõe no Projeto ABC-Funarte, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP). A partir de 1986 passou a viver em Barcelona, dividindo sua atuação profissional entre Brasil e Espanha. No ano seguinte, mostrou “Cadernos para colorir I” na Galeria Art Ginesta, Castelldefels, Barcelona. Nos anos 1990, expõs individualmente na Galeria Artual, Barcelona: “Ornaments i altres coses” (1990), “Dones de la Vida” (1992), e “Enigmas” (1996). Em 1999, com Carlos Pasquetti, Patricio Farías e Nick Rands, fundou a galeria de arte contemporânea Obra Aberta, em Porto Alegre. No mesmo ano realizou a exposição individual “El cuerpo, la cultura, lo feminino y la memoria: juego y significado en la obra de Vera Chaves Barcellos”, nas Sales Municipals d’Exposició, em Girona. No Museu de Arte da mesma cidade apresentou, no ano 2000, a instalação “Visitant Genet”, exposta também na mostra “Sem Fronteiras”, que inaugurou o Santander Cultural, em Porto Alegre, em 2001. Em 2007 e 2009 realizou duas exposições panorâmicas, respectivamente, no Santander Cultural, em Porto Alegre, e no MASP, e, em 2010, “Per Gli Ucelli”, um site specific para o Projeto Octógono da Pinacoteca de São Paulo. Possui obras no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MAC de Curitiba, Museu de Arte Moderna e na Pinacoteca do Estado, em São Paulo, e em coleções privadas no Brasil e no exterior. Seu currículo conta com participação em quatro Bienais de São Paulo e mostras na América Latina, Alemanha, Bélgica, Coréia, Espanha, França, Holanda, Inglaterra e Japão. Em 2017, participou da mostra “Radical Women: Latin American Art 1960-1985″, no Hammer Museum, EUA, e no Brooklyn Museum, Nova York. Em 2020, o Museu Reina Sofia, de Madri, adquiriu obras da série “Epidermic Scapes” (1977) e a obra “Combinável I” (1969).

 

Até 30 de julho.

A Fundação Iberê tem o patrocínio do Grupo Gerdau, Grupo GPS, Itaú, Grupo Savar, Renner Coatings, Grupo IESA, CMPC, Perto, Ventos do Sul, DLL Group e da Renner, Dell Technologies, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização da Petrobras e Ministério da Cultura/ Governo Federal.

 

 

 

 

Paulo Monteiro no Instituto Ling

06/abr

 

A mostra “Paulo Monteiro: Linha do Corpo” fica em cartaz no Instituto Ling, Porto Alegre, RS, até 17 de junho, com visitas livres de segunda a sábado e a possibilidade de visitas com mediação para grupos, mediante agendamento prévio e sem custo pelo site. O público poderá conferir ao todo 67 obras, criadas de 1990 até 2022. Esta programação é uma realização do Instituto Ling e Ministério da Cultura / Governo Federal, com patrocínio da Crown Embalagens.

 

Paulo Monteiro: Linha do Corpo

Esta exposição traz trabalhos de um segmento decisivo na obra de Paulo Monteiro, subsequente a um período de imersão na pintura, no sentido extremo do Expressionismo Abstrato e da Transvanguarda a que aderiu nos anos 1980-90 com o grupo Casa 7, que agitou essas décadas. Já então, a afinidade com as “caricaturas pictóricas” de Philip Guston e sua produção de quadrinhos denunciava a paixão pelo traço. Esta série de desenhos em grafite, os guaches, as peças de parede, as esculturas e as “pinturinhas” recentes assinalam um deslocamento, partindo daquela urgência e excesso expressivo para uma meditação gráfica: um recuo abrupto ao silêncio da linha. O desenho, em sua nudez de efeitos, é aqui o meio para refazer uma gênese, uma decantação da forma como grafia do movimento. Um traço incerto, que ora desliza, ora resiste expondo rebarbas da fricção com o papel. Um passo aquém para ganhar distância, meditar aquele fazer, autenticá-lo. O empasto anterior se torna rarefeito; a efusão converte-se em absorção, a ponto de se reduzir a elementaridades. O papel branco e o grafite preto que o sulca; a massa de argila (depois fundida em metal) que se erige num breve movimento (achatar, cortar e torcer): um mesmo pequeno gesto. A arte torna-se sua reflexividade; desenho mental, percurso errático do desejo. Dobra-se sobre si mesma, abstrai, duplica-se e sonha outros espaços. Instável, volta a desmoronar na massa amorfa. Mas o traço deve conter-se, descolar dos contornos, abstrair para avançar no espaço e, então, aventurar-se. Foi preciso despir-se de toda “coloração”, concentrar-se no gesto elementar, para, enfim, acessar esse núcleo poético que, desde então, perpassa toda a obra. Uma tensão limite entre a mobilidade e a leveza da linha e o peso das massas escultóricas, que nunca se consolida em “boa forma”, mas se articula numa ambiguidade pulsante, esculpindo corpos nas superfícies.

 

Virginia H. A. Aita

 

Sobre o artista

Conhecido como um dos nomes expoentes da geração surgida nos anos 80 no Brasil e tendo participado do notório grupo Casa 7, Paulo Monteiro desenvolveu ao longo das últimas décadas um extenso, coeso e vibrante corpo de trabalho, marcado por uma vontade profundamente particular, mas cuja capacidade de articulação aspira à linguagem universal. Suas pinturas e esculturas atravessam as influências recolhidas da transição do expressionismo abstrato para o neoexpressionismo e do minimalismo para elaborar estados de espírito e situações radicais em suas manifestações mais espontâneas. Baseado na síntese, o núcleo de sua pesquisa se encontra na natureza da conformação da matéria, que se estica em linhas, esparrama-se em marcas gráficas, demarca relevos, cortes, torções, dobras e desmanches, sempre em exercícios marcados pela combinação de delicadeza e rigidez.

A simplicidade de seus gestos não reduz o disparo de múltiplas experiências. Muito pelo contrário, aponta para uma ambiguidade, tão determinada quanto bem-humorada. Sua obra pode ser encarada a partir de aspectos do pensamento metafísico, mas também em diálogo com noções de coreografia e dança, ventilando questões a respeito do deslocamento, das medidas de distância e dos limites que delineiam o que entendemos como dentro e o que especulamos como fora. São manifestações que lidam, sobretudo, com o estado contínuo de transformação das coisas; e com a consciência que nos permite manter-nos sempre abertos para a chegada de novas imaginações. Seu trabalho integra inúmeras coleções permanentes, incluindo: MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), MAM-SP (Museu de Arte Moderna de São Paulo), Pinacoteca do Estado de São Paulo, MAC-SP (Museu de Arte Contemporânea de São Paulo), MAM-RJ (Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro) e Museu de Arte Contemporânea de Niterói.

 

Sobre a curadoria

Virgina H. A. Aita, possui breve incursão pelas artes nos anos 1990 e mestrado e doutorado em Filosofia, especializou-se em filosofia moderna, estéticas anglo-americanas e Arthur C. Danto. Estudou Filosofia e História da Arte na Universidade de Columbia (Barnard College, NY), onde realizou seu pós-doutorado em Estética entre 2015 e 2016, e participou de cursos temporários na School of Visual Arts. Lecionou na UFRGS, na UFBA, na Casa do Saber (SP) e no Instituto Ling. Atuou como curadora na Fundação Iberê Camargo e em projetos independentes, produzindo textos na área de filosofia e crítica de arte. Recentemente coorganizou o IV Seminário Estética e Crítica de arte da FFLCH-USP (“Sentidos na Asfixia”), onde faz pós-doutorado e integra grupos de pesquisa em estética.

 

Metapaisagens inaugura no Paço Imperial

30/mar

 

Luiz Pizarro apresenta obras recentes inéditas, abrindo espaço para a representação do Cosmos e questionando o homem como centro do universo.

Nos trabalhos mostrados por Luiz Pizarro na individual no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, (de 04 de março até 28 de abril), há uma notória preocupação do artista em expressar uma visão holística sobre os elementos, tirando a figura humana do centro das atenções para dar lugar ao todo, quer seja a natureza, a organicidade ou a harmonia universal. É disso que se trata “Metapaisagens”, que ocupa uma sala de 300m² com 18 telas de grandes formatos (medindo de 1,70m a 2,25m), produzidas entre o início de 2022 e 2023 em tinta acrílica, tendo as cores como elemento fundamental, uma forte característica em suas obras. No fundo do espaço, será apresentado o “Cubo Mágico”, – ou “Cubo dos Desejos” -, onde cada visitante é convidado a escolher uma cor nos novelos disponíveis, perpassando o total das letras do seu nome por pontos dentro da instalação interativa, “mentalizando desejos”. A figura geométrica também se faz presente em cubos brancos nas próprias telas, chamados por Pizarro de cubos de cristal. Esta é sua quarta mostra no Paço Imperial, onde já expôs, além de pinturas, gravuras e trabalhos em parafina.

“Estes trabalhos foram formulados em cima do conceito da colaboração, da interligação dos elementos. Já trabalhei muito a figura humana, desde o início da minha carreira. Desta vez, quis tirar isso das telas. Nossa contemporaneidade foi gerando uma centralidade que acabou sendo egocêntrica e egóica. Em “Metapaisagens”, o planeta Terra está representado por uma bola repleta de pontinhos que são a nossa imagem. Não somos mais do que pequenos pontinhos nesse planeta, planeta esse que também está inserido nesse espaço cósmico e sideral que, metaforicamente, é a tela como um todo, com plantas e flores, em um espaço aberto, o Cosmos”, diz Luiz Pizarro.

 

Sobre o artista

Luiz Pizarro nasceu em 1958, no Rio de Janeiro, residindo em Colônia, na Alemanha, de 1992 a 1998. Contemplado com a Bolsa Icatu de Artes, residiu e trabalhou em Paris, na Cité des Arts, entre março e agosto de 2006.  Formado em Engenharia de Produção pela UFRJ e em Administração Pública pela EBAP – FGV, concluiu sua formação artística no Parque Lage, de 1981 a 1983. Pintor e arte-educador, possui experiência de quase 30 anos em atividades educacionais e socioeducativas. Conhecido por integrar a chamada “Geração 80″ da arte brasileira, participou de duas edições da Bienal Internacional de São Paulo, lecionou com Beatriz Milhazes na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e coordenou projetos educacionais e sócio-interativos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e no Museu Nacional de Belas Artes. Dentro da programação da exposição, o artista pretende organizar visitas guiadas com grupos de moradores em situação de rua e jovens de abrigos. Atualmente é representado pela Galeria Patrícia Costa, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana.

 

 

Revisão da obra de Aldir Mendes de Souza

24/mar

 

Com abertura em 24 de março, exposição “A Síntese das Coisas” conta com curadoria de Marcus de Lontra Costa e traz à luz 28 telas do artista plástico paulistano em primeira releitura póstuma de seu legado. Primeira exposição de 2023 – com visitação até 15 de abril – na Galeria Contempo, Jardim América, São Paulo, SP, “A Síntese das Coisas” reúne 28 obras de Aldir Mendes de Souza, pintor falecido em 2007. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra, traz uma seleção de trabalhos das mais de quatro décadas de produção do artista. De acordo com a galerista Monica Felmanas, que é sócia-proprietária da galeria ao lado de suas irmãs, Marcia e Marina, as telas – com dimensões variadas – impactam pela plasticidade cromática e precisão geométrica. “As obras do Aldir dialogam com o nosso acervo. Autodidata como artista e cirurgião plástico por profissão, ele substituía os bisturis por pincéis para se expressar, dando vazão a seus sentimentos e criatividade”, diz. Para Marcia, esta individual ainda se reveste de um outro significado. “Acreditamos nesse revival de seu nome, jogando uma luz merecida em seu trabalho”, afirma.

Opinião da galerista que também é compartilhada por Aldir Mendes de Souza Filho, um dos herdeiros do pintor. “Essa mostra é um renascimento do trabalho dele. Sua trajetória de 45 anos foi muito prolífica, fez par com os grandes artistas de sua geração, participou de cinco edições da Bienal de SP e colocou sua obra nos maiores museus do país. Após sua morte não houve oportunidade de lançar um olhar sobre seu trabalho e levar ao público uma sinopse de seu legado artístico, somos uma família pequena e nenhum de nós tem traquejo no mercado de arte. Após longos anos em que sua obra saiu do circuito das artes, poder ver sua obra exposta novamente em uma grande galeria e sob os cuidados do Marcus Lontra é um facho de luz”, contextualiza.

 

Regência geométrica

Em relação ao recorte escolhido para esta mostra, o curador afirma que foi feito a partir de um acervo preservado pelos familiares.  “Procuro apresentar um pequeno resumo de toda a trajetória do artista nesta exposição que deve ser vista não apenas como uma recolocação do Aldir no mercado de arte paulista e brasileiro, mas como um convite para que seja organizada uma exposição maior, com mais de 100 obras, numa grande retrospectiva, que ele certamente é merecedor”, avalia Marcus Lontra. Em sua análise, ele prossegue: “O Aldir é um artista muito interessante, porque ele tem uma trajetória que começa com uma pesquisa de vanguarda e num certo sentido vai se sedimentando como artista que busca uma relação entre essa estrutura geométrica oriunda dos movimentos modernistas e essa clareza gráfica pop. Um artista que vai pouco a pouco desprezando essa vertente modernista para se firmar como artista da tradição pictórica, pesquisando aspectos relacionados a espaço e, principalmente, cor. Tudo no Aldir se rege por uma geometria básica da composição, sobre a qual ele estabelece uma pesquisa sensível sobre a cor. Uma ideia de cor particular que dialogue com os aspectos populares e tropicais do Brasil, mas, ao mesmo tempo, que seja sofisticada e bem elaborada. Sem dúvida, é um artista que tem uma presença na construção da identidade diversificada da arte brasileira que merece ser lembrado e relembrado”, pontua.

Ainfda e conforme enfatiza em seu texto curatorial, Marcus Lontra afirma: “Entre a figuração e o abstrato, entre a composição racional e a liberdade cromática, a obra pictórica de Aldir Mendes de Souza recusa modismos e reafirma a sua atemporalidade. Tudo aqui conspira em busca da beleza essencial dos seres e das coisas da terra. A sua clareza gráfica e a definição de espaços a serem povoados pela cor identificam uma ação oriunda de uma racionalidade industrial que encontrou eco na pop internacional que transformou a utopia modernista em ruínas do passado. Ao mesmo tempo, corajosamente abraça a tradição e reafirma a autonomia da linguagem cromática que o aproxima de Tarsila, Volpi e Carvão, construtores de uma poética da cor que nasce da sensibilidade popular para se afirmar como estratégia de sofisticação artística. Assim, toda pintura de Aldir Mendes de Souza é a precisa síntese entre a tradição e o novo, entre a racionalidade e o mistério”.

 

Sobre o artista

Paulistano, nasceu em 17 de maio de 1941 e faleceu em 12 de fevereiro de 2007. Formou-se na Escola Paulista de Medicina (EPM) em 1964, especializando-se em cirurgia plástica. Autodidata em pintura, começou a expor em 1962 e desenvolveu pesquisa em vários setores da arte contemporânea, principalmente em pintura. Construiu uma carreira ao longo de 45 anos, atuando no cenário das artes plásticas do Brasil e do exterior. Nas décadas de 1960 e 1970 teve forte ligação com a arte de vanguarda, realizando performances e trabalhos desenvolvidos em técnica mista (tais como radiografias e termografias). Neste período, participou das Bienais Internacionais de São Paulo de 1967, 1969, 1971 e 1973. Em 1969, em contraposição aos trabalhos vanguardistas, passou também a executar pinturas em tinta óleo sobre tela. Neste mesmo ano obteve o 1º Prêmio Aquisição/Pintura do 26º Salão de Arte Paranaense, realizado pelo Museu de Arte Contemporânea (MAC) do Paraná. Na ocasião conheceu o também artista plástico paulistano Arcangelo Ianelli (1922-2009), então integrante da banca julgadora. De tal contato veio a influência para uma inversão em sua trajetória: as pesquisas ligadas às novas vertentes artísticas foram abandonadas e o artista passou a se dedicar exclusivamente à pintura de cavalete. Como elemento de pesquisa pictórica e cromática elegeu o cafeeiro, e o representou por uma figura circular de contornos sinuosos. A seriação da figura levou-o à perspectiva, e sua síntese formal à geometrização. Comemorou 40 anos de pintura em 2003 com uma exposição no MASP, em São Paulo. Três anos depois, em 2006, Aldir descobriu ser portador de leucemia. Ainda que debilitado, não deixou de produzir, utilizando-se inclusive da enfermidade como motivação e inspiração para suas obras através da série “Campos de Batalha”. Interrompido pelo agravamento de seu quadro clínico Aldir não chegou a expor a nova fase. Morreu aos 65 anos de idade após 15 meses de luta. O trabalho desenvolvido durante mais de quatro décadas de produção confere a ele figurar entre os grandes coloristas brasileiros.

 

Sobre o curador

Marcus de Lontra Costa nasceu no Rio de Janeiro e atualmente reside em São Paulo. Na década de 1970 trabalhou com Oscar Niemeyer em Paris e, regressando ao Brasil foi editor da revista Módulo, editada pelo arquiteto. Foi crítico de arte dos jornais O Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto É. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80″. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Implantou a Estação Cultural de Olímpia/SP. Como curador tem realizado diversas exposições coletivas e individuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Natal e Fortaleza

 

Sobre a galeria Contempo

“Filha” da ProArte Galeria, a Contempo foi idealizada pelas irmãs Monica, Marcia e Marina Felmanas e está no mercado desde 2013, com Marcia e Monica à  frente da curadoria dos artistas. Foi criada com o propósito de reunir o melhor da produção artística contemporânea brasileira, representando artistas emergentes, jovens e promissores talentos. Hoje, agrega a seu portfólio obras produzidas por experientes representantes das artes plásticas com carreiras consolidadas, como os pintores Rubens Ianelli e Aldir Mendes de Souza. Ao reunir distintas linguagens e estéticas, a galeria transita por diferentes universos, como a pintura, desenho, gravura, escultura, fotografia e da arte urbana.

 

 

A intensidade luminosa de Marilia Kranz

28/fev

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a mostra que inicia o seu programa de 2023: “Marilia Kranz: relevos e pinturas”, com abertura no dia 09 de março, às 18h.

Marilia Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas.

Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marilia como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marilia Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marilia Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marilia Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

 

Até 29 de abril.

Carlos Zilio na Fundação Iberê Camargo

05/dez

 

Artista carioca celebra 60 anos de trajetória com exposição inédita na Fundação Iberê Camargo. Aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes, “Carlos Zilio: Pinturas” constituiu uma importante oportunidade de tomarmos contato com a produção de um artista fundamental da arte brasileira que soube, como poucos, traçar com rigor e coerência os vínculos entre vida, arte e política no Brasil e, ao mesmo tempo, trazer uma significativa reflexão sobre as contradições e os dilemas da pintura contemporânea

 

Carlos Zilio e Ibere Camargo – Arquivo Pessoal

No dia 10 de dezembro, a Fundação IberêCamargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Carlos Zilio: Pinturas” que permanecerá em cartaz até 23 de fevereiro de 2023. Com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida em 2014 para fazer parte do acervo do MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra apresenta 33 trabalhos do acervo do próprio artista e de coleções particulares, que contextualizam e refletem sobre uma série de obras produzidas entre 1979 e 2022 com o propósito de discutir problemas específicos da própria pintura. Submete o seu olhar contemporâneo à diversidade da experiência cultural, a determinadas formulações plásticas e códigos visuais extraídos da iconografia histórica, realocando-os transfigurados em suas telas. Zilio reconfigura o passado recente fazendo uma espécie de arqueologia da memória da pintura universal e desestabiliza o olhar, pondo em xeque a linha evolutiva das imagens e, consequentemente, a história da arte, na mesma acepção proposta pelo filósofo francês Didi-Huberman, em “Devant le Temps”.

“Essa mostra revê a importante produção de Zilio ao longo de sua trajetória artística, que foi inicialmente marcada, nos anos 1960, pela investigação conceitual, pela experimentação e pela presença de objetos com contextualizações políticas. Após atravessar um longo período em que a sua arte engajada tinha como foco uma produção estética investida de um alto teor político, ele abandona o contexto experimental para se entregar ao exercício livre da pintura. O seu embate com a história da pintura como uma permanente indagação, com as suas tensões e contradições, fazem parte das questões fundamentais que delineiam o desenvolvimento interno de sua linguagem pictórica. A formação multidisciplinar com doutorado em arte na Universidade de Paris VIII, a fina erudição visual e o virtuosismo crítico consolidaram a sua efetiva presença na arte brasileira e fundamentaram conhecimento de um viés significativo no pensamento contemporâneo de arte no Brasil”, destaca Vanda Klabin, que por muitos anos trabalhou como coordenadora-adjunta de Carlos Zilio no curso de pós-graduação em História da Arte e Arquitetura na PUC-Rio.

Para Carlos Zilio, o que mais o atrai em seus antecessores é a maneira como eles captaram e sintetizaram toda a tradição da pintura universal: “Pintar passou a ser, para mim, pintar a pintura”. O gesto pulsante que emerge dessa pintura reflexiva confirma tanto a autonomia criativa quanto o amadurecimento de um pensamento lentamente gestado e exercitado pelo artista em seu ateliê no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele transita pela história da pintura, apropriando-se de códigos, estilos e gramáticas visuais que, por diversas razões, o instigam, como as cores orquestrais e elementos geometrizados de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard; as questões plásticas de Paul Cézanne e Jasper Johns, determinados arabescos de Henri Matisse; a disjunção da pintura frontal de Henri Rousseau; a pintura planar de Piet Mondrian; a organização espacial de Barnett Newman; o minimalismo de Robert Ryman; a exuberância cromática de Mark Rothko, entre tantos outros.

Seus trabalhos recentes têm como tema central e recorrente a figura do tamanduá. Por conta de uma história familiar, a figura do tamanduá, animal de estimação de seu pai quando criança, tem uma natureza intrínseca, pois sempre aparece em queda nas suas representações e adquiriu um aspecto vivencial que sublinha a afetividade e a nostalgia. Mas também, segundo explica o artista, o tamanduá carrega o sentimento abismal da história, ou seja, uma representação à queda da história, das utopias. Os tamanduás rothkianos destacam uma outra camada de passado que se torna presente nesta arqueologia pictórica, explica Carlos Zilio. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente, cúmplices daquilo que quer expressar: uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com as pinturas de Mark Rothko.

Carlos Zilio teve uma proximidade e intensa convivência com Iberê Camargo. Foi seu aluno de pintura no antigo Instituto de Belas Artes da GB (atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage) de 1962 a 1964. Após um período de produção marcado pela Nova Figuração e a arte conceitual, o reencontro de Zilio com a obra do Iberê só ocorreu ao ver a exposição deste em 1979 na Galerie Debret, em Paris. Esse fato coincidiu com a data em que retomou a pintura como questão central da sua produção. Mais tarde, declarou que “a força e a atualidade de Iberê residem no aprofundamento de um antigo saber: a pintura”. Ele manteve um contato permanente com o pintor gaúcho mesmo após o retorno definitivo deste para Porto Alegre e ficou trabalhando no ateliê de seu antigo mestre em Laranjeiras por mais de duas décadas.

Conversa sobre a exposição – Ainda no sábado (10), acontece uma conversa sobre “Carlos Zilio: Pinturas”, com o próprio artista, a curadora Vanda Klabin e Ronaldo Brito, crítico de arte e professor do Departamento de História da PUC-Rio. O bate-papo ocorre às 17h, no auditório da Fundação.

 

Sobre o Artista

Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro, 1944, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo e participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960, como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e de mostras com repercussão internacional, entre elas as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição Tropicália, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Em seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais Arte e Política 1966-1976, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997); Carlos Zilio, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas sobre papel, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).

As mais recentes exposições coletivas que integrou foram Brazil Imagine, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, e Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre as mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venâncio Filho. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

Sobre a Curadora

Vanda Klabin vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio (1967-1970) e em História da Arte pela Uerj (1975-1978) e pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (1980-1981), onde atuou como coordenadora adjunta do curso (1983-1992) e editora da revista Gávea, do Departamento de História PUC-Rio (1983-2002). Foi diretora-geral do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (1996-2000), onde organizou diversas exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, como Alberto Guignard, Angelo Venosa, Alferdo Volpi, Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Antonio Dias, Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Eduardo Sued, Guillermo Kuitca, Hélio Oiticica e a Cena Americana, Henrique Oliveira, Iberê Camargo, José Resende, Luciano Fabro, Mel Bochner, Mira Schendel, Nuno Ramos, René Machado, Richard Serra, entre outros. Também foi coordenadora adjunta da Mostra Nacional do Redescobrimento – Bienal 500 anos (São Paulo, 1999–2000) e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira, 1950/1960” e integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, apresentada no Palais des Beaux Arts – Bozar (Bruxelas, 2011-2012).

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, Itaú, CEEE Grupo Equatorial, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Petrobras Cultural Múltiplas Expressões e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

Galatea representará a obra de Marília Kranz

28/out

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia a representação do espólio da artista Marília Kranz (1937-2017). Marília Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Marilia Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas

Marilia Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marília Kranz como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Marilia Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marília Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marília Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marília Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

É com grande entusiasmo, portanto, que assumimos a missão de representar e difundir a obra de Marília Kranz e o seu legado para a arte brasileira. Iniciaremos esse trabalho com uma individual da artista em março de 2023, abrindo o programa de exposições do próximo ano.

 

 

Nova exposição do MAM Rio

01/set

 

 

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, abre exposição sob curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison, Pablo Lafuente e Thiago de Paula Souza. Vem aí a partir de 17  de setembro “Atos de revolta: outros imaginários sobre independência”, a nova exposição do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A mostra permanecerá em cartaz até 26 de fevereiro de 2023.

 

O bicentenário da Independência do Brasil oportuniza repensar esse processo histórico. Atos de revolta foca em uma série de levantes, motins e insurreições que antecederam aquele momento ou que ocorreram nas décadas subsequentes, durante o Primeiro e o Segundo Reinado e o período regencial.

 

Com o objetivo de abordar os diversos imaginários de país então esboçados, a mostra faz referência à Guerra Guaranítica (1753-56), à Inconfidência Mineira (1789), à Revolução Pernambucana (1817), à Independência da Bahia (1822), à Cabanagem (1835-40), à Revolução Farroupilha (1835-45), à Revolta de Vassouras (1839) e à Balaiada (1838-41), entre outras.

 

Artistas brasileiros, de gerações e geografias diversas, foram convidados a pensar sobre essas narrativas. Ao abordar os conflitos do sistema colonial, a exposição revela as contradições da historiografia brasileira, que produziu apagamentos de personagens determinantes, sobretudo de populações negras, indígenas e mulheres.

 

Os trabalhos apresentados respondem a cinco eixos conceituais que oferecem chaves de leitura para determinados acontecimentos: a figura do herói e a posição de liderança política; as construções simbólicas (bandeiras, hinos, brasões); os modos de organização e sua relação com sistemas de direitos, a definição de territórios e os processos de produção e circulação de valor.

 

As obras contemporâneas são apresentadas em diálogo com uma seleção de objetos e fragmentos dos séculos 18 e 19 (pórticos, colunas, maçanetas, frisos e outras estruturas) do acervo do Museu da Inconfidência, do Museu Histórico Nacional e do Convento Santo Antônio, no Rio de Janeiro, sinalizando conceitualmente os resquícios e descontinuidades de uma época que se mantém presente no cotidiano do país.

 

Completam a mostra oito pinturas de Glauco Rodrigues, pertencentes ao acervo do MAM Rio.

 

“Atos de revolta” tem o patrocínio da Livelo e acontece em colaboração com o Museu da Inconfidência de Ouro Preto (MG).

 

Artistas participantes

 

Ana Lira (Recife, Pernambuco), Arissana Pataxó (Porto Seguro, Bahia), Arjan Martins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Elian Almeida (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Gê Viana (São Luís, Maranhão), Giseli Vasconcelos (Belém, Pará), Pedro Victor Brandão (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Glauco Rodrigues (Bagé, Rio Grande do Sul), Glicéria Tupinambá (Ilhéus, Bahia), Gustavo Caboco Wapichana (Curitiba, Paraná), Roseane Cadete Wapichana (Boa Vista, Roraima), Luana Vitra (Belo Horizonte, Minas Gerais), Marcela Cantuária (Rio de Janeiro, RJ) em colaboração com a Frente de Mulheres Brigadistas, Paulo Nazareth (Belo Horizonte, Minas Gerais), Thiago Martins de Melo (São Luís, Maranhão) e Tiago Sant’Ana (Salvador, Bahia).

 

Instituições e Coleções

Acervo do Convento Santo Antônio do RJ, Acervo Museu Histórico Nacional / Ibram / MTur, Acervo do Museu da Inconfidência / Ibram / MTur.

Patrocínio Estratégico: Instituto Cultural Vale, Ternium, Petrobras

Patrocínio Master: Eletrobras Furnas, Livelo

Realização: Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo.

 

Parceria para exibir Zaluar

25/ago

 

 

Em uma parceria inédita a galeria Arte132, Moema, São Paulo, SP, apresenta, no piso superior da galeria, a exposição individual “Abelardo Zaluar: Rigor e Emoção”, realizada junto à Danielian Galeria de Arte (Gávea, RJ). Em cartaz até 24 de setembro, e com curadoria de Denise Mattar, exibe “… a singularidade do artista, que abraçou o abstracionismo geométrico de forma muito particular, incorporando linhas do barroco à geometria, beirando a sensualidade”.

 

Abelardo Zaluar

 

Rigor e Emoção

 

Nessa exposição a Arte132 une-se à Danielian Galeria de Arte, sediada no Rio de Janeiro, para trazer ao público paulista um conjunto de obras do fluminense Abelardo Zaluar. Uma parceria que é especialmente auspiciosa para o circuito cultural pelo fato das duas galerias desenvolverem um trabalho que transcende o aspecto comercial, realizado através de ações institucionais apoiadas em séria pesquisa.

 

Apesar de sempre ter participado ativamente do circuito cultural, Zaluar nunca se filiou a nenhuma corrente, e abraçou o abstracionismo geométrico de uma forma tão particular que tornou sua obra única. Entre as singularidades de seu trabalho está a incorporação das linhas do barroco à geometria, beirando a sensualidade.

 

O conjunto de obras aqui apresentadas evidencia o processo criativo do artista e a hibridação de técnicas que marca sua trajetória, na qual ele utilizava, sem hierarquia, giz de cera, óleo, acrílica e colagem. Sempre manteve intacta a presença do grafite e do traço, como um lastro – mesmo em meio à progressiva irrupção da cor.

 

A originalidade da produção de Abelardo Zaluar é, ao mesmo tempo, a sua maior qualidade e o motivo do seu apagamento. Sem nenhum par, sua obra não se encaixa nas gavetas da crítica de arte até agora disponíveis – mas oferece ao espectador uma dupla fruição: uma mescla rara de rigor e emoção.

 

Denise Mattar

 

Sobre o artista

 

Pintor, desenhista, gravador e professor. Nasceu em Niterói – RJ, em 1924 e faleceu em 1987, em um acidente de carro. Entre 1944 e 1948, frequenta as aulas da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), no Rio de Janeiro. Na mesma década, cria, com outros colegas, a Escolinha de Arte do Brasil, tornando-se diretor-técnico da instituição carioca. Em 1959, conquista o primeiro lugar em desenho do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Artes das Folhas, em São Paulo. Em 1967, ganha prêmio aquisição no 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal e menção honrosa na 1ª Bienal Ibero-Americana de Pintura, na Cidade do México, em 1978. Participa de diversas mostras coletivas entre 1959 e 1987, como a Bienal Internacional de São Paulo, Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e o Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), Rio de Janeiro, do qual recebe prêmio de viagem ao exterior em 1963. Em 1975 e 1979 expõe em retrospectivas no MAM/SP e no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR), respectivamente. No ano seguinte apresenta trabalhos em outra retrospectiva, desta vez no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Faz parte de comissões de seleção e premiação de salões, como o 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, em 1984, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Nos anos 1980, recebe título de professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua obra figura, também, em acervos de instituições como o MNBA-RJ, MAM-SP, MAC-Niterói e MASP-SP.

 

Chico da Silva

11/ago

 

 

Brazilian Mythologies (MitologiasBrasileiras)

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia sua participação na Independent 20th Century, no Battery Maritime Building, NY, dos dias 08 a 11 de setembro. O projeto “Chico da Silva: mitologias brasileiras” é uma exposição monográfica das obras de Chico da Silva (1910, Alto Tejo, Acre – 1985, Fortaleza, Ceará). Francisco Domingos da Silva é um artista brasileiro autodidata e de ascendência indígena, que lida com elementos, imagens e referências das culturas, cosmologias e mitologias indígenas e populares brasileiras.

 

Chico da Silva nasceu cercado pela floresta amazônica na região do Alto Tejo, mas ainda criança mudou-se para o Ceará, no Nordeste do Brasil, passando por algumas cidades do interior até se instalar em Fortaleza em 1935, onde viveu até sua morte. Foi pintando os muros caiados das casas de pescadores da Praia Formosa que começou sua produção artística. Da Silva dava forma e cor a seus desenhos com pedaços de carvão, tijolos, folhas e outros elementos encontrados ao seu redor.

 

Jean-Pierre Chabloz (1910, Lausanne, Suíça – 1984, Fortaleza, Ceará, Brasil), crítico e artista suíço que se mudou para o Brasil em 1940 devido à Segunda Guerra Mundial, viajou para Fortaleza a trabalho em 1943, onde conheceu os desenhos de Chico da Silva em uma visita à praia. Admirado, Chabloz incentivou-o e forneceu-lhe materiais para que se aprofundasse em sua pesquisa artística. Tal encontro teve grande relevância na consolidação e difusão do trabalho de Chico da Silva, abrindo portas para que circulasse nos principais centros urbanos do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, e pela Europa, em cidades como Genebra, Neuchâtel, Lausanne e Paris.

 

Em seus guaches e pinturas, Chico da Silva representou sobretudo os seres da floresta, como os pássaros e peixes amazônicos, além de figuras fantasiosas, como dragões. Suas obras dão forma a histórias e mitologias da tradição oral da cultura do Norte do Brasil, em composições marcadas por uma rica policromia e pelo grafismo detalhado do desenho, composto por tramas e linhas coloridas. Acerca do seu universo e de seus procedimentos, Jean-Pierre Chabloz faz as seguintes considerações no texto “Un indien brésilien ré-invente la peinture” (Um indígena* brasileiro reinventa a pintura), originalmente publicado na revista francesa Cahier d’Art, em 1952:

 

“Por toda parte em que os guaches visionários do Pintor da Praia foram expostos, em Fortaleza mesmo, no Rio, em Genebra, em Lausanne, em Lisboa, encontraram-se destes bem-aventurados que souberam ver no maravilhoso universo de Francisco Silva, o índio, o que eu próprio tinha visto. Pois cada um de seus guaches contém e propõe um universo que ultrapassa muito o tema tratado. Lendas amazônicas, lembranças da infância, ritos e práticas mágicas, espetáculos naturais transpostos pela assunção poética, complexos psíquicos individuais e raciais exteriorizados através do símbolo, voluptuosidade (…) de linhas, de movimentos, de cores, formam o fundo extraordinariamente rico e sutil desse universo. Como se podia prever, ele atraiu as atenções mais diversas. Artistas e poetas, críticos de arte e jornalistas, etnógrafos e psicanalistas se entusiasmaram e se entusiasmarão ainda diante destas surpreendentes condensações coloridas em diversos planos, que revelam, em cada um, horizontes novos (…).”

 

Dada a originalidade do seu estilo e de suas composições, destacou-se no contexto da chamada arte popular brasileira e, além de experimentar bastante sucesso comercial em vida, atraiu grande interesse da crítica. Entre as principais exposições que participou, estão: Francisco da Silva, Galerie Pour L’Art, Lausanne, Suíça, em 1950; Exposition d‘Art Primitif et Moderne, Musée d‘Ethnographie, Neuchâtel, Suíça, em 1956; 8 Peintres Naïfs Brésiliens, Galerie Jacques Massol, Paris, France, em 1965; 9ª Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, em 1967; Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras, Fundação Bienal de São Paulo, Brasil, em 1984. Além disso, recebeu, em 1966, o prêmio de Menção Honrosa por sua participação na 33ª Bienal de Veneza.

 

Convencido quanto à relevância da obra de Chico da Silva e o quanto ela agrega à arte brasileira, Chabloz projeta, ainda, a recepção que estaria à sua altura: “Agrada-me, às vezes, imaginar Francisco Silva decorando ministérios e palácios do governo, correios e telégrafos, bancos, escolas e ricas casas particulares. Uma vida inteira não seria suficiente. Mas, consagrando a sua vida a esta tarefa, o humilde pintor paradisíaco da praia cearense, através da radiosa proclamação de uma arte (…) autenticamente brasileira, redimiria sozinho seu País da desagradável e involuntária sabotagem que, outrora, privara-o de sua primavera pictórica.”

 

Embora tenha caído em certo esquecimento, por conta dos rumos que tomou ao fim de sua carreira, hoje o trabalho de Chico da Silva vem sendo retomado e atualizado com novas leituras e abordagens. Esse dado acompanha um crescente interesse contemporâneo pela arte produzida por artistas autodidatas, atuantes fora do sistema tradicional das artes, que criaram visões próprias e originais sobre suas culturas e sobre a sociedade em que viveram. Atualmente, seus trabalhos fazem parte de inúmeras coleções públicas, entre elas: Museo del Barrio, Nova York; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; Museu de Arte do Rio de Janeiro – MAR; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP.

 

Apresentar, discutir e difundir a obra de Chico da Silva sob uma perspectiva contemporânea coloca em debate as diversas matrizes de conhecimento que constituem a cultura e a arte brasileira, escapando das perspectivas tradicionais e eurocêntricas que, por muito tempo, dominaram as narrativas da nossa produção artística e cultural.

 

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* Alguns termos usados no período em que Jean Pierre Chabloz escreveu seu texto caíram em desuso, de modo que os atualizamos para o contexto atual.

Chico da Silva: Brazilian Mythologies [Mitologias brasileiras]

Convidados [Preview]

Quinta-feira, 8 de Setembro | 10h às 20h – horário local

[Thursday, September 8 | 10AM-8PM – local time]