A intensidade luminosa de Marilia Kranz

28/fev

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a mostra que inicia o seu programa de 2023: “Marilia Kranz: relevos e pinturas”, com abertura no dia 09 de março, às 18h.

Marilia Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas.

Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marilia como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marilia Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marilia Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marilia Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

 

Até 29 de abril.

Carlos Zilio na Fundação Iberê Camargo

05/dez

 

Artista carioca celebra 60 anos de trajetória com exposição inédita na Fundação Iberê Camargo. Aluno de Iberê Camargo no Instituto de Belas Artes, “Carlos Zilio: Pinturas” constituiu uma importante oportunidade de tomarmos contato com a produção de um artista fundamental da arte brasileira que soube, como poucos, traçar com rigor e coerência os vínculos entre vida, arte e política no Brasil e, ao mesmo tempo, trazer uma significativa reflexão sobre as contradições e os dilemas da pintura contemporânea

 

Carlos Zilio e Ibere Camargo – Arquivo Pessoal

No dia 10 de dezembro, a Fundação IberêCamargo, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Carlos Zilio: Pinturas” que permanecerá em cartaz até 23 de fevereiro de 2023. Com reconhecimento no circuito nacional e internacional, Carlos Zilio teve sua pintura “Cerco e Morte” (1974) adquirida em 2014 para fazer parte do acervo do MoMA de Nova York. A obra integrou a exposição realizada pelo museu norte-americano Transmissions: Art in Eastern Europe and Latin America, 1960-1980, de setembro de 2015 a janeiro de 2016.

Com curadoria de Vanda Klabin, a mostra apresenta 33 trabalhos do acervo do próprio artista e de coleções particulares, que contextualizam e refletem sobre uma série de obras produzidas entre 1979 e 2022 com o propósito de discutir problemas específicos da própria pintura. Submete o seu olhar contemporâneo à diversidade da experiência cultural, a determinadas formulações plásticas e códigos visuais extraídos da iconografia histórica, realocando-os transfigurados em suas telas. Zilio reconfigura o passado recente fazendo uma espécie de arqueologia da memória da pintura universal e desestabiliza o olhar, pondo em xeque a linha evolutiva das imagens e, consequentemente, a história da arte, na mesma acepção proposta pelo filósofo francês Didi-Huberman, em “Devant le Temps”.

“Essa mostra revê a importante produção de Zilio ao longo de sua trajetória artística, que foi inicialmente marcada, nos anos 1960, pela investigação conceitual, pela experimentação e pela presença de objetos com contextualizações políticas. Após atravessar um longo período em que a sua arte engajada tinha como foco uma produção estética investida de um alto teor político, ele abandona o contexto experimental para se entregar ao exercício livre da pintura. O seu embate com a história da pintura como uma permanente indagação, com as suas tensões e contradições, fazem parte das questões fundamentais que delineiam o desenvolvimento interno de sua linguagem pictórica. A formação multidisciplinar com doutorado em arte na Universidade de Paris VIII, a fina erudição visual e o virtuosismo crítico consolidaram a sua efetiva presença na arte brasileira e fundamentaram conhecimento de um viés significativo no pensamento contemporâneo de arte no Brasil”, destaca Vanda Klabin, que por muitos anos trabalhou como coordenadora-adjunta de Carlos Zilio no curso de pós-graduação em História da Arte e Arquitetura na PUC-Rio.

Para Carlos Zilio, o que mais o atrai em seus antecessores é a maneira como eles captaram e sintetizaram toda a tradição da pintura universal: “Pintar passou a ser, para mim, pintar a pintura”. O gesto pulsante que emerge dessa pintura reflexiva confirma tanto a autonomia criativa quanto o amadurecimento de um pensamento lentamente gestado e exercitado pelo artista em seu ateliê no Cosme Velho, no Rio de Janeiro. Ele transita pela história da pintura, apropriando-se de códigos, estilos e gramáticas visuais que, por diversas razões, o instigam, como as cores orquestrais e elementos geometrizados de Tarsila do Amaral, Alfredo Volpi, Alberto da Veiga Guignard; as questões plásticas de Paul Cézanne e Jasper Johns, determinados arabescos de Henri Matisse; a disjunção da pintura frontal de Henri Rousseau; a pintura planar de Piet Mondrian; a organização espacial de Barnett Newman; o minimalismo de Robert Ryman; a exuberância cromática de Mark Rothko, entre tantos outros.

Seus trabalhos recentes têm como tema central e recorrente a figura do tamanduá. Por conta de uma história familiar, a figura do tamanduá, animal de estimação de seu pai quando criança, tem uma natureza intrínseca, pois sempre aparece em queda nas suas representações e adquiriu um aspecto vivencial que sublinha a afetividade e a nostalgia. Mas também, segundo explica o artista, o tamanduá carrega o sentimento abismal da história, ou seja, uma representação à queda da história, das utopias. Os tamanduás rothkianos destacam uma outra camada de passado que se torna presente nesta arqueologia pictórica, explica Carlos Zilio. São uma espécie de laços inconscientes que se manifestam espontaneamente, cúmplices daquilo que quer expressar: uma modesta tentativa de estabelecer algum contato com as pinturas de Mark Rothko.

Carlos Zilio teve uma proximidade e intensa convivência com Iberê Camargo. Foi seu aluno de pintura no antigo Instituto de Belas Artes da GB (atual Escola de Artes Visuais do Parque Lage) de 1962 a 1964. Após um período de produção marcado pela Nova Figuração e a arte conceitual, o reencontro de Zilio com a obra do Iberê só ocorreu ao ver a exposição deste em 1979 na Galerie Debret, em Paris. Esse fato coincidiu com a data em que retomou a pintura como questão central da sua produção. Mais tarde, declarou que “a força e a atualidade de Iberê residem no aprofundamento de um antigo saber: a pintura”. Ele manteve um contato permanente com o pintor gaúcho mesmo após o retorno definitivo deste para Porto Alegre e ficou trabalhando no ateliê de seu antigo mestre em Laranjeiras por mais de duas décadas.

Conversa sobre a exposição – Ainda no sábado (10), acontece uma conversa sobre “Carlos Zilio: Pinturas”, com o próprio artista, a curadora Vanda Klabin e Ronaldo Brito, crítico de arte e professor do Departamento de História da PUC-Rio. O bate-papo ocorre às 17h, no auditório da Fundação.

 

Sobre o Artista

Carlos Zilio nasceu no Rio de Janeiro, 1944, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Estudou pintura com Iberê Camargo e participou de algumas das principais exposições brasileiras da década de 1960, como Opinião 66 e Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, e de mostras com repercussão internacional, entre elas as edições de 1967, 1989 e 2010 da Bienal de São Paulo (9ª, 20ª e a 29ª), a 10ª Bienal de Paris (1977), a Bienal do Mercosul e a exposição Tropicália, apresentada em Chicago, Londres, Nova York e Rio de Janeiro, em 2005. Na década de 1970 morou na França. Em seu retorno ao Brasil, em 1980, participou de diversas mostras coletivas e individuais, entre as quais Arte e Política 1966-1976, nos Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de São Paulo e da Bahia (1996 e 1997); Carlos Zilio, no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000) e Pinturas sobre papel, no Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005) e na Estação Pinacoteca (São Paulo, 2006).

As mais recentes exposições coletivas que integrou foram Brazil Imagine, no Astrup Fearnley Museet, Oslo, MAC Lyon, na França, Qatar Museum, em Doha, e DHC/Art, Montreal, no Canadá, e Possibilities of the object – Experiments in modern and Contemporary Brazilian art, na The Fruit Market Gallery, em Edinburgh. Dentre as mais recentes exposições individuais estão as realizadas no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (Curitiba, 2010), no Centro Universitário Maria Antonia (São Paulo, 2010) e no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011). Em 2008, a editora Cosac Naify publicou o livro Carlos Zilio, organizado por Paulo Venâncio Filho. Possui trabalhos em acervos de prestigiosas instituições como MAC/USP, MAC/Paraná, MAC Niterói, MAM Rio de Janeiro, MAM São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo e MoMA de Nova York.

 

Sobre a Curadora

Vanda Klabin vive e trabalha no Rio de Janeiro. É graduada em Ciências Políticas e Sociais pela PUC-Rio (1967-1970) e em História da Arte pela Uerj (1975-1978) e pós-graduada em História da Arte e Arquitetura no Brasil pela PUC-Rio (1980-1981), onde atuou como coordenadora adjunta do curso (1983-1992) e editora da revista Gávea, do Departamento de História PUC-Rio (1983-2002). Foi diretora-geral do Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro (1996-2000), onde organizou diversas exposições de artistas brasileiros e estrangeiros, como Alberto Guignard, Angelo Venosa, Alferdo Volpi, Amilcar de Castro, Antonio Bokel, Antonio Dias, Antonio Manuel, Carlos Zilio, Daniel Feingold, Eduardo Sued, Guillermo Kuitca, Hélio Oiticica e a Cena Americana, Henrique Oliveira, Iberê Camargo, José Resende, Luciano Fabro, Mel Bochner, Mira Schendel, Nuno Ramos, René Machado, Richard Serra, entre outros. Também foi coordenadora adjunta da Mostra Nacional do Redescobrimento – Bienal 500 anos (São Paulo, 1999–2000) e curadora do módulo A vontade construtiva na arte brasileira, 1950/1960” e integrante da exposição Art in Brazil, no Festival Europalia, apresentada no Palais des Beaux Arts – Bozar (Bruxelas, 2011-2012).

A Fundação Iberê tem o patrocínio de Crown Brand-Building Packaging, Grupo Gerdau, Renner Coatings, Grupo Iesa, Grupo Savar, Grupo GPS, Itaú, CEEE Grupo Equatorial, DLL Group, Lojas Renner, Sulgás e Unifertil, e apoio de Instituto Ling, Ventos do Sul Energia, Dell Technologies, Digicon/Perto, Hilton Hotéis, Laghetto Hotéis, Coasa Auditoria, Syscom e Isend, com realização e financiamento da Secretaria Estadual de Cultura/ Pró-Cultura RS, Petrobras Cultural Múltiplas Expressões e da Secretaria Especial da Cultura – Ministério da Cidadania / Governo Federal.

Galatea representará a obra de Marília Kranz

28/out

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia a representação do espólio da artista Marília Kranz (1937-2017). Marília Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Marilia Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas

Marilia Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marília Kranz como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Marilia Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marília Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marília Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marília Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

É com grande entusiasmo, portanto, que assumimos a missão de representar e difundir a obra de Marília Kranz e o seu legado para a arte brasileira. Iniciaremos esse trabalho com uma individual da artista em março de 2023, abrindo o programa de exposições do próximo ano.

 

 

Nova exposição do MAM Rio

01/set

 

 

O MAM Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, abre exposição sob curadoria de Beatriz Lemos, Keyna Eleison, Pablo Lafuente e Thiago de Paula Souza. Vem aí a partir de 17  de setembro “Atos de revolta: outros imaginários sobre independência”, a nova exposição do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A mostra permanecerá em cartaz até 26 de fevereiro de 2023.

 

O bicentenário da Independência do Brasil oportuniza repensar esse processo histórico. Atos de revolta foca em uma série de levantes, motins e insurreições que antecederam aquele momento ou que ocorreram nas décadas subsequentes, durante o Primeiro e o Segundo Reinado e o período regencial.

 

Com o objetivo de abordar os diversos imaginários de país então esboçados, a mostra faz referência à Guerra Guaranítica (1753-56), à Inconfidência Mineira (1789), à Revolução Pernambucana (1817), à Independência da Bahia (1822), à Cabanagem (1835-40), à Revolução Farroupilha (1835-45), à Revolta de Vassouras (1839) e à Balaiada (1838-41), entre outras.

 

Artistas brasileiros, de gerações e geografias diversas, foram convidados a pensar sobre essas narrativas. Ao abordar os conflitos do sistema colonial, a exposição revela as contradições da historiografia brasileira, que produziu apagamentos de personagens determinantes, sobretudo de populações negras, indígenas e mulheres.

 

Os trabalhos apresentados respondem a cinco eixos conceituais que oferecem chaves de leitura para determinados acontecimentos: a figura do herói e a posição de liderança política; as construções simbólicas (bandeiras, hinos, brasões); os modos de organização e sua relação com sistemas de direitos, a definição de territórios e os processos de produção e circulação de valor.

 

As obras contemporâneas são apresentadas em diálogo com uma seleção de objetos e fragmentos dos séculos 18 e 19 (pórticos, colunas, maçanetas, frisos e outras estruturas) do acervo do Museu da Inconfidência, do Museu Histórico Nacional e do Convento Santo Antônio, no Rio de Janeiro, sinalizando conceitualmente os resquícios e descontinuidades de uma época que se mantém presente no cotidiano do país.

 

Completam a mostra oito pinturas de Glauco Rodrigues, pertencentes ao acervo do MAM Rio.

 

“Atos de revolta” tem o patrocínio da Livelo e acontece em colaboração com o Museu da Inconfidência de Ouro Preto (MG).

 

Artistas participantes

 

Ana Lira (Recife, Pernambuco), Arissana Pataxó (Porto Seguro, Bahia), Arjan Martins (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Elian Almeida (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Gê Viana (São Luís, Maranhão), Giseli Vasconcelos (Belém, Pará), Pedro Victor Brandão (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro), Glauco Rodrigues (Bagé, Rio Grande do Sul), Glicéria Tupinambá (Ilhéus, Bahia), Gustavo Caboco Wapichana (Curitiba, Paraná), Roseane Cadete Wapichana (Boa Vista, Roraima), Luana Vitra (Belo Horizonte, Minas Gerais), Marcela Cantuária (Rio de Janeiro, RJ) em colaboração com a Frente de Mulheres Brigadistas, Paulo Nazareth (Belo Horizonte, Minas Gerais), Thiago Martins de Melo (São Luís, Maranhão) e Tiago Sant’Ana (Salvador, Bahia).

 

Instituições e Coleções

Acervo do Convento Santo Antônio do RJ, Acervo Museu Histórico Nacional / Ibram / MTur, Acervo do Museu da Inconfidência / Ibram / MTur.

Patrocínio Estratégico: Instituto Cultural Vale, Ternium, Petrobras

Patrocínio Master: Eletrobras Furnas, Livelo

Realização: Secretaria Especial da Cultura e Ministério do Turismo.

 

Parceria para exibir Zaluar

25/ago

 

 

Em uma parceria inédita a galeria Arte132, Moema, São Paulo, SP, apresenta, no piso superior da galeria, a exposição individual “Abelardo Zaluar: Rigor e Emoção”, realizada junto à Danielian Galeria de Arte (Gávea, RJ). Em cartaz até 24 de setembro, e com curadoria de Denise Mattar, exibe “… a singularidade do artista, que abraçou o abstracionismo geométrico de forma muito particular, incorporando linhas do barroco à geometria, beirando a sensualidade”.

 

Abelardo Zaluar

 

Rigor e Emoção

 

Nessa exposição a Arte132 une-se à Danielian Galeria de Arte, sediada no Rio de Janeiro, para trazer ao público paulista um conjunto de obras do fluminense Abelardo Zaluar. Uma parceria que é especialmente auspiciosa para o circuito cultural pelo fato das duas galerias desenvolverem um trabalho que transcende o aspecto comercial, realizado através de ações institucionais apoiadas em séria pesquisa.

 

Apesar de sempre ter participado ativamente do circuito cultural, Zaluar nunca se filiou a nenhuma corrente, e abraçou o abstracionismo geométrico de uma forma tão particular que tornou sua obra única. Entre as singularidades de seu trabalho está a incorporação das linhas do barroco à geometria, beirando a sensualidade.

 

O conjunto de obras aqui apresentadas evidencia o processo criativo do artista e a hibridação de técnicas que marca sua trajetória, na qual ele utilizava, sem hierarquia, giz de cera, óleo, acrílica e colagem. Sempre manteve intacta a presença do grafite e do traço, como um lastro – mesmo em meio à progressiva irrupção da cor.

 

A originalidade da produção de Abelardo Zaluar é, ao mesmo tempo, a sua maior qualidade e o motivo do seu apagamento. Sem nenhum par, sua obra não se encaixa nas gavetas da crítica de arte até agora disponíveis – mas oferece ao espectador uma dupla fruição: uma mescla rara de rigor e emoção.

 

Denise Mattar

 

Sobre o artista

 

Pintor, desenhista, gravador e professor. Nasceu em Niterói – RJ, em 1924 e faleceu em 1987, em um acidente de carro. Entre 1944 e 1948, frequenta as aulas da Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), no Rio de Janeiro. Na mesma década, cria, com outros colegas, a Escolinha de Arte do Brasil, tornando-se diretor-técnico da instituição carioca. Em 1959, conquista o primeiro lugar em desenho do Prêmio Leirner de Arte Contemporânea, na Galeria de Artes das Folhas, em São Paulo. Em 1967, ganha prêmio aquisição no 4º Salão de Arte Moderna do Distrito Federal e menção honrosa na 1ª Bienal Ibero-Americana de Pintura, na Cidade do México, em 1978. Participa de diversas mostras coletivas entre 1959 e 1987, como a Bienal Internacional de São Paulo, Panorama de Arte Atual Brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), e o Salão Nacional de Arte Moderna (SNAM), Rio de Janeiro, do qual recebe prêmio de viagem ao exterior em 1963. Em 1975 e 1979 expõe em retrospectivas no MAM/SP e no Museu de Arte Contemporânea do Paraná (MAC/PR), respectivamente. No ano seguinte apresenta trabalhos em outra retrospectiva, desta vez no Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs). Faz parte de comissões de seleção e premiação de salões, como o 7º Salão Nacional de Artes Plásticas, em 1984, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). Nos anos 1980, recebe título de professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Sua obra figura, também, em acervos de instituições como o MNBA-RJ, MAM-SP, MAC-Niterói e MASP-SP.

 

Chico da Silva

11/ago

 

 

Brazilian Mythologies (MitologiasBrasileiras)

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, anuncia sua participação na Independent 20th Century, no Battery Maritime Building, NY, dos dias 08 a 11 de setembro. O projeto “Chico da Silva: mitologias brasileiras” é uma exposição monográfica das obras de Chico da Silva (1910, Alto Tejo, Acre – 1985, Fortaleza, Ceará). Francisco Domingos da Silva é um artista brasileiro autodidata e de ascendência indígena, que lida com elementos, imagens e referências das culturas, cosmologias e mitologias indígenas e populares brasileiras.

 

Chico da Silva nasceu cercado pela floresta amazônica na região do Alto Tejo, mas ainda criança mudou-se para o Ceará, no Nordeste do Brasil, passando por algumas cidades do interior até se instalar em Fortaleza em 1935, onde viveu até sua morte. Foi pintando os muros caiados das casas de pescadores da Praia Formosa que começou sua produção artística. Da Silva dava forma e cor a seus desenhos com pedaços de carvão, tijolos, folhas e outros elementos encontrados ao seu redor.

 

Jean-Pierre Chabloz (1910, Lausanne, Suíça – 1984, Fortaleza, Ceará, Brasil), crítico e artista suíço que se mudou para o Brasil em 1940 devido à Segunda Guerra Mundial, viajou para Fortaleza a trabalho em 1943, onde conheceu os desenhos de Chico da Silva em uma visita à praia. Admirado, Chabloz incentivou-o e forneceu-lhe materiais para que se aprofundasse em sua pesquisa artística. Tal encontro teve grande relevância na consolidação e difusão do trabalho de Chico da Silva, abrindo portas para que circulasse nos principais centros urbanos do Brasil, como Rio de Janeiro e São Paulo, e pela Europa, em cidades como Genebra, Neuchâtel, Lausanne e Paris.

 

Em seus guaches e pinturas, Chico da Silva representou sobretudo os seres da floresta, como os pássaros e peixes amazônicos, além de figuras fantasiosas, como dragões. Suas obras dão forma a histórias e mitologias da tradição oral da cultura do Norte do Brasil, em composições marcadas por uma rica policromia e pelo grafismo detalhado do desenho, composto por tramas e linhas coloridas. Acerca do seu universo e de seus procedimentos, Jean-Pierre Chabloz faz as seguintes considerações no texto “Un indien brésilien ré-invente la peinture” (Um indígena* brasileiro reinventa a pintura), originalmente publicado na revista francesa Cahier d’Art, em 1952:

 

“Por toda parte em que os guaches visionários do Pintor da Praia foram expostos, em Fortaleza mesmo, no Rio, em Genebra, em Lausanne, em Lisboa, encontraram-se destes bem-aventurados que souberam ver no maravilhoso universo de Francisco Silva, o índio, o que eu próprio tinha visto. Pois cada um de seus guaches contém e propõe um universo que ultrapassa muito o tema tratado. Lendas amazônicas, lembranças da infância, ritos e práticas mágicas, espetáculos naturais transpostos pela assunção poética, complexos psíquicos individuais e raciais exteriorizados através do símbolo, voluptuosidade (…) de linhas, de movimentos, de cores, formam o fundo extraordinariamente rico e sutil desse universo. Como se podia prever, ele atraiu as atenções mais diversas. Artistas e poetas, críticos de arte e jornalistas, etnógrafos e psicanalistas se entusiasmaram e se entusiasmarão ainda diante destas surpreendentes condensações coloridas em diversos planos, que revelam, em cada um, horizontes novos (…).”

 

Dada a originalidade do seu estilo e de suas composições, destacou-se no contexto da chamada arte popular brasileira e, além de experimentar bastante sucesso comercial em vida, atraiu grande interesse da crítica. Entre as principais exposições que participou, estão: Francisco da Silva, Galerie Pour L’Art, Lausanne, Suíça, em 1950; Exposition d‘Art Primitif et Moderne, Musée d‘Ethnographie, Neuchâtel, Suíça, em 1956; 8 Peintres Naïfs Brésiliens, Galerie Jacques Massol, Paris, France, em 1965; 9ª Bienal Internacional de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil, em 1967; Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras, Fundação Bienal de São Paulo, Brasil, em 1984. Além disso, recebeu, em 1966, o prêmio de Menção Honrosa por sua participação na 33ª Bienal de Veneza.

 

Convencido quanto à relevância da obra de Chico da Silva e o quanto ela agrega à arte brasileira, Chabloz projeta, ainda, a recepção que estaria à sua altura: “Agrada-me, às vezes, imaginar Francisco Silva decorando ministérios e palácios do governo, correios e telégrafos, bancos, escolas e ricas casas particulares. Uma vida inteira não seria suficiente. Mas, consagrando a sua vida a esta tarefa, o humilde pintor paradisíaco da praia cearense, através da radiosa proclamação de uma arte (…) autenticamente brasileira, redimiria sozinho seu País da desagradável e involuntária sabotagem que, outrora, privara-o de sua primavera pictórica.”

 

Embora tenha caído em certo esquecimento, por conta dos rumos que tomou ao fim de sua carreira, hoje o trabalho de Chico da Silva vem sendo retomado e atualizado com novas leituras e abordagens. Esse dado acompanha um crescente interesse contemporâneo pela arte produzida por artistas autodidatas, atuantes fora do sistema tradicional das artes, que criaram visões próprias e originais sobre suas culturas e sobre a sociedade em que viveram. Atualmente, seus trabalhos fazem parte de inúmeras coleções públicas, entre elas: Museo del Barrio, Nova York; Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; Museu de Arte do Rio de Janeiro – MAR; Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo – MAC USP; e Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand – MASP.

 

Apresentar, discutir e difundir a obra de Chico da Silva sob uma perspectiva contemporânea coloca em debate as diversas matrizes de conhecimento que constituem a cultura e a arte brasileira, escapando das perspectivas tradicionais e eurocêntricas que, por muito tempo, dominaram as narrativas da nossa produção artística e cultural.

 

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* Alguns termos usados no período em que Jean Pierre Chabloz escreveu seu texto caíram em desuso, de modo que os atualizamos para o contexto atual.

Chico da Silva: Brazilian Mythologies [Mitologias brasileiras]

Convidados [Preview]

Quinta-feira, 8 de Setembro | 10h às 20h – horário local

[Thursday, September 8 | 10AM-8PM – local time]

 

Oito artistas no Centro Cultural Correios

10/ago

 

“Os Seres do Mundo” inaugura no Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Elementos zoomórficos e extraídos da fauna e flora tropicais são destaques em exibição até 24 de setembro mostra coletiva sob curadoria de Marcus Lontra.

 

“No momento em que a discussão sobre a preservação da paisagem natural brasileira alcança dimensão internacional, é fundamental apresentar essa temática em todo o seu potencial, colaborando para a elaboração de propostas que tenham por objetivo integrar de maneira harmônica o homem e o seu meio ambiente”, afirma Marcus Lontra, o curador de “Os Seres do Mundo” que reúne artistas contemporâneos de diversos estados brasileiros, representados pela Dila Oliveira Galeria, de São Paulo: Alina Fonteneau, Claudio Cupertino, João di Souza, Lucas Elias, Raquel Saliba, Selma Parreira, Sérgio Helle e Weimar.

 

Esculturas, pinturas e desenhos se articulam na construção de cenários povoados por surpresa e encantamento. Ocupando três salas no Centro Cultural Correios RJ, a partir do dia 11 de agosto, a maior parte dessas obras possui grandes dimensões e dialoga com a arquitetura do prédio em estilo eclético. Marcus Lontra propõe a criação de um caminho expositivo variado e surpreendente, apontando vertentes da arte contemporânea produzida no Brasil.

 

“Nossa galeria define suas ações profissionais como uma ferramenta de integração entre o mercado e as instituições culturais, colaborando para a divulgação cada vez mais necessária da obra de importantes artistas nacionais…”, afirma Dila Oliveira.

 

Sobre os artistas

 

Alina Fonteneau nasceu em Cuba e viveu em Porto Rico, Venezuela e nos EUA antes de se mudar para o Brasil. Referências a flores, conchas e vida do oceano…um universo único de cor, formas e movimento, uma síntese do fantástico e do orgânico. Luas, sementes, estrelas, formas que se voltam e se abrem para o sol, ou que brilham do oceano ou do céu, encontram vida no infinito movimento em espiral da liberdade e criatividade da artista.

 

Claudio Cupertino nasceu em Minas Gerais, em 1980. Hoje é radicado em São Paulo. Começou a sua carreira no ano de 2011. Iniciou o processo de construção de sua identidade pictórica sobre papel e hoje pinta em tela, com a mesma poética. Após sua primeira Residência Artística em Athenas, Claudio Cupertino desenvolveu – em  2012 – uma técnica própria a partir de estudos sobre os princípios básicos da litografia.

 

João di Souza é natural de Itabuna, Bahia, sua produção artística atual apresenta paisagens tropicais fantásticas em telas de grandes dimensões, com um convite para que o olhar, desvendando os meandros entre o lúdico e o erótico. A juventude do artista é resgatada através destes trabalhos, em que memória e imaginação se mesclam em composições de atmosferas calorosas e úmidas. João di Souza aborda em sua produção a questão do tempo da observação, tão relevante à contemporaneidade.

 

Lucas Elias é graduando em Artes Visuais pela Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. Vive e trabalha em Sombrio, SC. Pesquisa por meio da pintura, do desenho e do bordado narrativas simbólicas sobre o processo pedagógico, questões ambientais através de uma visão afetiva e conceitos de nação. Em 2020 foi selecionado para o programa de mobilidade acadêmica na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, Portugal. Participou do 46° Salão de Arte Ribeirão Preto e do 17º Salão Ubatuba de Artes Visuais.

 

Raquel Saliba naceu em Itaúna, Minas Gerais. É artista plástica graduada em Psicologia, com formação em Psicanálise. Após morar em diferentes países, voltou a residir no Brasil em 2016. Desde 2010, tem se dedicado exclusivamente à arte, em especial às esculturas cerâmicas.

 

Selma Parreira nasceu em Buriti Alegre, Goiás, atualmente vive e trabalha em Goiânia/GO. Iniciou sua carreira nos anos 1980 com pintura, participou de vários salões de arte e mostras individuais e coletivas realizadas em várias capitais brasileiras e algumas no exterior. Selma Parreira é bacharel em Artes Visuais e possui pós- graduação em Arte e Cultura Visual pela Faculdade de Artes Visuais/UFG.

 

Sérgio Helle vive e trabalha em Fortaleza, Ceará. Desenvolve um trabalho no qual mescla ferramentas digitais com tradicionais técnicas de desenho e pintura. Com trinta e quatro anos de carreira, foi um dos primeiros artistas cearenses a utilizar o computador como instrumento artístico.

 

Weimar nasceu, vive e trabalha em Ribeirão Preto, São Paulo. Desde 2010 tem a sua produção artística acompanhada por Josué Mattos. Nas décadas de 1980/90 participou do ateliê de Pedro Manuel-Gismondi. Em 2019 foi premiada no 5º SAP – Salão de Aquarelas de Piracicaba, constando sua obra no acervo da Pinacoteca Municipal Miguel Dutra. Tem obras no acervo do MARCO, Campo Grande e do MARP, Ribeirão Preto. Participou do programa de Residência Artística na Casa do Sol, Instituto Hilda Hilst, Campinas. Foi premiada na mostra Artistas de Ribeirão (MARP, Ribeirão Preto, 2001) e no SARP – Salão de Arte de Ribeirão Preto (MARP, Ribeirão Preto, Prêmio Aquisição em 1984 e 1986).

 

A palavra do curador

 

A paisagem sempre foi a principal referência da identidade nacional, desde Franz Post e as suas primeiras imagens do continente americano representando a várzea pernambucana. Durante o século XIX, a paisagem é um instrumento da brasilidade e o modernismo dela se apropria registrando ao longo das décadas as mudanças de um país agrícola e rural para um país industrial e urbano. A mostra “Os Seres do Mundo” reúne um grupo de artistas contemporâneos que apresentam as várias realidades paisagísticas do Brasil de hoje. Ela é um painel sintético da capacidade criativa da arte e da diversidade étnica e cultural que formam a nação brasileira.

 

Sobre Marcus Lontra

 

Marcus de Lontra Costa nasceu no Rio de Janeiro. Nos anos 1970 morou em Paris onde conviveu e trabalhou com Oscar Niemeyer, então marido de sua mãe. Trabalhou com o casal na revista Módulo. Foi crítico de arte do Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto é. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80?”. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Atualmente coordena a implantação da Estação Cultural de Olímpia, SP.

 

Daniel Lannes no Paço Imperial

22/jul

 

 

O Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Jaula”, individual do artista carioca Daniel Lannes, com curadoria e texto crítico de Lilia Schwarcz, que acontece até o dia 23 de outubro. A exposição conta com a produção recente do artista, marcada por pinturas a óleo que retratam hipóteses históricas do Brasil através de uma perspectiva subjetiva e transfigurada. Daniel Lannes foi vencedor do Prêmio Marcantonio Vilaça, o mais importante prêmio de Artes Visuais do país e teve uma tela adquirida para o acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo neste ano.

 

Sobre o artista

 

Daniel Lannes nasceu em Niterói em 1981, e vive e trabalha em São Paulo. O artista é mestre em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012) e Bacharel em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006). Daniel Lannes protagonizou exposições em grandes instituições nacionais e internacionais como as individuais ‘Pernoite’ na Galeria Kogan Amaro, São Paulo (2020), ‘A luz do fogo’ na Magic Beans Gallery, Berlim (2017), ‘Republica’ no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2011) e ‘Midnight Paintings’ no Centro Cultural São Paulo (2007). Suas obras integram importantes coleções como do Museu de Arte do Rio de Janeiro (MAR), Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM), Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, entre outros.

 

Ascânio MMM no MON

04/jul

 

 

A partir de 07 de julho, “Grid”, é a exposição em cartaz na Sala 01 do MON, Museu Oscar Niemayer, Curitiba, PR, sob curadoria assinada por Felipe Scovino, que apresenta os últimos 25 anos de trabalho de Ascânio MMM (1941-) e sua relação particular com a grade, signo marcante para artistas, como Ascânio, que ajudaram a repensar as bases do pensamento abstrato-geométrico no Brasil. A grade ou grid, com a grafia em língua inglesa mesmo, como muitas vezes é pronunciada no vocabulário das artes, representa também o diálogo que mantém, desde o início da sua trajetória nos anos 1960, com a escultura e a arquitetura.

 

A forma como essas obras mantém um balanço entre o material, invariavelmente o metal, e a sua capacidade orgânica é um ponto nodal da exposição. Percebe-se que há um convite ao toque que elabora uma circunstância de pele mesmo a essas formas industriais.

 

As obras oscilam entre um estado de equilíbrio e ordem, de um lado, e instabilidade e organicidade, por outro. São arquiteturas que exploram a memória e a afetividade de um espaço da cidade. Revelam simultaneamente tramas e cobogós, levando a nossa imaginação para tempos e lugares distintos, e revivendo em nossas memórias, formas que fazem parte da nossa própria história.

 

O grid também é um propositor de lugares. A figura de uma malha vazada faz com que o olhar “fure” o volume, promovendo não só um diálogo incessante entre arte e arquitetura, mas também nos movendo para outras culturas, como a associação que realiza com as tradições mouras e o legado que o muxarabi trouxe para a contemporaneidade.

 

Nesse emaranhado de estruturas metálicas, o grid se torna uma estrutura ilusória, mole e participativa, provocando sensibilidades e afetos àquilo que costumeiramente é identificado como da ordem da construção objetiva.

 

Sobre o Artista

 

Nasceu em Fão, Portugal, em 1941, vive e trabalha no Rio de Janeiro desde 1959. Sua formação inclui passagem pela Escola Nacional de Belas Artes entre 1963 e 1964, e pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (FAU/UFRJ), entre 1965 e 1969, onde se graduou. Atuou como arquiteto até 1976. Começou a desenvolver seu trabalho artístico a partir de 1966 ainda na FAU e posteriormente em paralelo com a prática de arquiteto. Neste mesmo ano, exibiu pela primeira vez seus trabalhos ao público, no I Salão de Abril no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. São deste período as caixas, cubos de madeira sobre as quais o espectador pode movimentar quadrados de diferentes tamanhos, formando desenhos variados. A relação entre escultura, arquitetura, matemática e filosofia fixou-se como questão central do seu trabalho durante toda a década de 1970. Neste período, a partir de módulos de ripas de madeira pintadas de branco e um eixo, desenvolveu progressões em torções verticais e horizontais, explorando a questão da luz e sombra. Na década de 1980, com os relevos e esculturas Fitangulares, interessou-se pela madeira crua, passando a explorar as cores naturais da madeira de diferentes espécies (cedro, mogno, pau marfim, ipê, freijó, etc). Já no final dos anos 1980 surgiram as primeiras Piramidais de madeira. Nos anos 1990, a questão das grandes dimensões e o espaço público tornaram-se uma preocupação central para Ascânio e as pesquisas com perfis de alumínio se intensificaram. O alumínio tornou-se então a base para a criação de novos trabalhos, sempre utilizando o módulo. As esculturas desta fase caracterizam-se pelos tubos retangulares de alumínio cortados, que geram esculturas de grandes dimensões com vazios internos e sucessões de transparências e opacidades, tornando-as quase imateriais conforme a posição do espectador. Nos anos 2000, desenvolve os Flexos e Qualas. Nos primeiros, os parafusos que eram usados nas Piramidais foram substituídos por arames de aço inoxidável amarrando os tubos quadrados cortados com um centímetro, e gerando tramas flexíveis. Nos Qualas, a amarração de arame foi substituída por argolas, resultando em uma trama “que se atravessa pelo olhar, pela luz e pelo vento”. Na década 2010, com os Quasos, mantém seu interesse pelas possibilidades do alumínio, e passa a inverter a lógica convencional do uso dos parafusos de tamanhos variados. Estes trabalhos oferecem torções e flexões resultantes da desconstrução da malha geométrica construída, introduzindo a questão da imprevisibilidade nos seus trabalhos. A cor voltou a ser usada mas de forma sutil. A produção artística de Ascânio foi objeto de estudo e análise crítica por Paulo Herkenhoff no livro Ascânio MMM: Poética da Razão (BE? Editora, 2012). Em 2005 foi publicado o livro Ascânio MMM (Editora Andrea Jakobsson, 2005), com textos de Paulo Sergio Duarte, Lauro Cavalcanti, Fernando Cocchiarale e Marcio Doctors.

 

 

Gerchman em documentário no mam

22/jun

 

 

Exibição do documentário “Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto”

Data: 25 de junho, 2022 – Horário: 16h

Local: Auditório do mam, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

Um país não é construído apenas com indústrias, ferrovias e um plano econômico. Um país se constrói também com imagens. O artista plástico Rubens Gerchman entendeu isso muito bem e criou uma série de ícones e cenas que falam da realidade brasileira, fazendo da nossa precariedade um valor. Compreendido entre os anos de 1963 e 1978, o documentário “Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto” retrata a criação artística e a atuação política de uma geração que soube criar imagens daquele Brasil que se tornava urbano e experimentava os mais duros anos da sua vida política.

Rubens Gerchman: O Rei do Mau Gosto

Direção: Pedro Rossi

Produção: Isabel Joffily

Roteiro: Bianca Oliveira, Isabel Joffily e Pedro Rossi

Montagem: Bianca Oliveira e Pedro Rossi

Fotografia: Bernardo Pinheiro e Pedro Rossi

Edição de som: Guilherme Farkas

Finalização de imagem: Bernardo Neder

Consultoria: Clara Gerchman

Duração: 01h20min

Sobre o artista

Rubens Gerchman realizou, ao longo de 50 anos de trajetória, diversos projetos entre os mais vastos segmentos culturais. Teve seu trabalho reconhecido como pintor, escultor, fotógrafo, desenhista, gravador, cineasta, cenógrafo e escritor. Utilizou ícones do futebol, do carnaval e da política em suas obras. É possível ter uma pequena noção da sua importância para a cultura nacional e a projeção de seus trabalhos no exterior, elevando e ratificando o nome do país e de seus artistas internacionalmente, fortalecendo a cultura brasileira pelo mundo. Faleceu em 2008 em São Paulo. Durante sua carreira, participou de diversas exposições nacionais e internacionais e, em 2010, foi fundado o Instituto Rubens Gerchman, responsável pela salvaguarda da memória e dos trabalhos do artista. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas e privadas nacionais e internacionais, como Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Coleção Tuiuiu, Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia (Madrid, Espanha) ESCALA-Essex Collection of Art from Latin America (Colchester, UK) , Museo de Arte Latino Americano de Buenos Aires (Buenos Aires, Argentina), Museo Alejandro Otero (Caracas, Venezuela), Blanton Museum of Art (Texas, EUA), entre outros.