Uma Bienal é um grande desafio.

02/out

Quais são os rostos por trás das obras da 36ª Bienal?

Ministério da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas, Secretaria Municipal de Cultura e Economia Criativa da Cidade de São Paulo, Fundação Bienal de São Paulo e Itaú apresentam a 36ª Bienal Internacional de São Paulo até 11 de janeiro de 2026, no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera, Portão 3, São Paulo, SP.

A arte é um exercício coletivo. São necessárias muitas mãos para construir uma exposição. Você já se perguntou quem é o artista e quem são as pessoas que trabalharam em cada obra? Este ensaio explora a categoria do retrato, destacando artistas, equipes de montagem, curadores e funcionários da Fundação Bienal.

Montar uma exposição da dimensão de uma Bienal é um grande desafio. Para registrar esse processo de dois meses, convidamos três fotógrafos a captar detalhes, rostos e momentos de criação da 36ª Bienal de São Paulo – Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática.

A segunda parte desse ensaio visual, realizada entre 18 de agosto e 04 de setembro no Pavilhão da Bienal e em ateliês de artistas, é assinada por Fe Avila. 36ª Bienal de São Paulo – Nem todo viandante anda estradas – Da humanidade como prática.

Curador geral: Bonaventure Soh Bejeng Ndikung / Cocuradores: Alya Sebti, Anna Roberta Goetz, Thiago de Paula Souza / Cocuradora at large: Keyna Eleison / Consultora de comunicação e estratégia: Henriette Gallus / Cocuradores adjuntos: André Pitol, Leonardo Matsuhei.

 

Exibindo a arte da preservação e da cidadania.

26/set

nstituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP,  apresenta “A terra, o fogo, a água e os ventos – Por um Museu da Errância com Édouard Glissant”. A exposição reúne obras de 60 artistas das Américas, Caribe, Europa, África e Ásia, que conta com o patrocínio do Nubank, Mantenedor Institucional do Instituto Tomie Ohtake, da SKY, na cota Bronze, e da Fundação Norma y Leo Werthein, na cota Apoio. Concebida como um museu em movimento e dedicada à obra e ao pensamento do poeta, filósofo e ensaísta martinicano Édouard Glissant (1928–2011), a exposição integra a Temporada França-Brasil 2025 como um de seus principais destaques. A iniciativa de intercâmbio cultural é promovida pelo Instituto Francês e pelo Instituto Guimarães Rosa (Itamaraty), com o apoio de um comitê formado por 15 empresas: Engie, LVMH, ADEO, JCDecaux, Sanofi, Airbus, CMA CGM, CNP Seguradora, L’Oréal, TotalEnergies, Vinci, BNP Paribas, Carrefour, VICAT e SCOR. Com curadoria de Ana Roman e Paulo Miyada, a mostra é uma realização do Instituto Tomie Ohtake, correalização do Mémorial ACTe, do Édouard Glissant Art Fund e do Institut Tout-Monde, além de parceria com o CARA – Center for Art, Research and Alliances e apoio institucional do Institut Français.

Parte da pesquisa de longo prazo do Instituto Tomie Ohtake em torno da produção de memória, a exposição dá sequência a iniciativas recentes como a mostra Ensaios para o Museu das Origens (2023) e o seminário “Ensaios para o Museu das Origens – Políticas da memória” (2024), que reuniu representantes de museus, arquivos e comunidades em um intenso debate sobre preservação e cidadania. Com seu título inspirado na antologia poética La Terre, le feu, l’eau et les vents (2010), organizada pelo escritor martinicano, a mostra ensaia o que seria um “Museu da Errância”. 

Errância é uma vivência da Relação: recusa filiações únicas e propõe o museu como arquipélago – espaço de rupturas, apagamentos e reinvenções sem síntese forçada. Contra genealogias rígidas, propõe-se uma memória em trânsito, feita de alianças provisórias, traduções e tremores – um processo institucional movido pelo encontro entre tempos, territórios e linguagens. Ainda que Glissant tenha deixado fragmentos de sua visão para um museu do século 21, não chegou a concretizá-lo. A curadoria imagina como poderia ser esse Museu da Errância em uma mostra de múltiplas camadas e conexões inesperadas entre obras, documentos e paisagens. As duas ideias-chave da organização da montagem da exposição são a palavra da paisagem e a paisagem da palavra, concebidas a partir da concepção de Glissant de “parole du paysage”. Como apontam em texto, “No primeiro caso, o território infiltra-se na fala; no segundo, a linguagem se projeta no espaço, convertendo signos, letras e códigos em relevo, clima ou correnteza”. Para o poeta, a paisagem não é apenas cenário externo, mas força ativa que molda memórias, gestos e linguagens. Além disso, estão presentes em frases, manuscritos e entrevistas do autor outras ideias como Todo-mundo, crioulização, arquipélago, tremor, opacidade, palavra da paisagem e aqui-lá. Para a curadoria, que trabalhou em contínuo diálogo com Sylvie Séma Glissant, trata-se de um arco de assuntos interligados com profunda relevância no mundo contemporâneo, que mais uma vez se vê permeado por discursos e medidas de intolerância perante o diverso e incapaz de criar canais de escuta dos Elementos naturais e das paisagens ameaçados de destruição.

É nesse horizonte que se apresenta, pela primeira vez no Brasil, parte da coleção pessoal reunida por Glissant e atualmente preservada no Mémorial ACTe, em Guadalupe. O conjunto inclui pinturas, esculturas e gravuras de artistas com quem o pensador conviveu e sobre os quais escreveu, como Wifredo Lam, Roberto Matta, Agustín Cárdenas, Antonio Seguí, Enrique Zañartu, José Gamarra, Victor Brauner e Victor Anicet, entre outros. São artistas de crescente reconhecimento internacional, que viveram trajetórias de diáspora e imigração, e produziram em trânsito entre línguas, linguagens, paisagens e histórias múltiplas. Trata-se de um valioso recorte da produção artística da segunda metade do século 20, que lida com o imaginário, a figuração, a linguagem e as grafias como recursos carregados de traços de memória, identidade e invenção.

À coleção de obras somam-se documentos, cadernos, vídeos e fragmentos de textos e entrevistas de Glissant, igualmente inéditos. Entre eles, destaca-se o Caderno de uma viagem pelo Nilo (1988) – com notas e desenhos em fac-símile – que vai além do registro de viagem para se tornar um exercício poético-filosófico, no qual o autor questiona a ideia de uma origem única e propõe a noção de origens múltiplas. A mostra apresenta também trechos da extensa entrevista concedida em 2008 a Patrick Chamoiseau, escritor martinicano e parceiro intelectual de Glissant, da qual resultou o monumental Abécédaire. O público poderá conferir dezessete verbetes selecionados pela curadoria, exibidos em seis monitores distribuídos pela exposição. Esses materiais revelam como o poeta elaborava suas ideias no cruzamento entre escrita, oralidade e imagem. Este extenso e rico acervo é apresentado em diálogo com trabalhos de mais de 30 artistas contemporâneos das Américas, Caribe, África, Europa e Ásia – nomes como Chico Tabibuia, Emanoel Araújo, Federica Matta, Frank Walter, Julien Creuzet, Manthia Diawara, Melvin Edwards, Sheila Hicks, Rebeca Carapiá, Pol Taburet, Tiago Sant’Ana, entre outros – que convocam o público a experimentar, de forma sensorial, o entrelaçamento entre paisagem, linguagem e memória. Nas palavras dos curadores: “Entre as peças selecionadas há partituras visuais que serpenteiam pelas paredes como cordilheiras, vídeos em que frases viram espuma marítima e instalações sonoras que transformam poemas em ar e vibração”. Parte dessa proposta inclui ainda obras especialmente comissionadas para a exposição, realizadas por Aislan Pankararu, Pedro França e Rayana Rayo, do Brasil, e por Arébénor Basséne, Hamedine Kane, Nolan Oswald Dennis, Pol Taburet, Kelly Sinnapah Mary e Tarik Kiswanson, de diferentes contextos internacionais, ampliando as vozes e perspectivas que atravessam a mostra.

Está programado o lançamento de um catálogo, em português e em inglês – cuja edição em inglês está sendo coeditada pelo CARA – que reúne textos das instituições parceiras, ensaio curatorial de Ana Roman e Paulo Miyada, verbetes sobre os artistas participantes, além da transcrição de trechos do Abécédaire. O volume inclui também o manuscrito Caderno de uma viagem pelo Nilo, de Glissant, assim como legendas técnicas e ficha detalhada da exposição. Em novembro, no Instituto Tomie Ohtake, a programação se completa com um seminário com a participação de alguns dos artistas da exposição e com importantes intelectuais que dialogam com a obra de Glissant.

O projeto contemplou, ainda, uma residência artística na Martinica, realizada em agosto de 2025, com a participação de Rayana Rayo e Zé di Cabeça (José Eduardo Ferreira Santos). Os frutos dessa vivência, que conta com o apoio da Coleção Ivani e Jorge Yunes e do Instituto Guimarães Rosa, darão origem a intervenções em diálogo com a coleção de arte africana do MON – Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, PR. O evento também integra a Temporada França Brasil. No primeiro semestre de 2026, a exposição tem itinerância prevista para Nova York, no CARA – Center for Art, Research and Alliances.

Artistas participantes

Agustín Cárdenas, Aislan Pankararu, Amoedas Wani e Patrice Alexandre, Antonio Seguí, Arébénor Basséne, Cesare Peverelli, Chang Yuchen, Chico Tabibuia, Eduardo Zamora, Emanoel Araújo, Enrique Zañartu, Ernest Breleur, Etienne de France, Federica Matta, Flavio-Shiró, Florencia Rodriguez Giles, Frank Walter, Gabriela Morawetz, Geneviève Gallego, Gerardo Chávez, Hamedine Kane, Irving Petlin, Jean-Claude Garoute (Tiga), José Gamarra, Julien Creuzet, Kelly Sinnapah Mary, M. Emile, Manthia Diawara, Mélinda Fourn, Melvin Edwards, Minia Biabiany, Nolan Oswald Dennis, Öyvind Fahlström, Pancho Quilici, Paul Mayer, Pedro França, Pol Taburet, Raphaël Barontini, Rayana Rayo, Rebeca Carapiá, Roberto Matta, Serge Hélénon, Sheila Hicks, Sylvie Séma Glissant, Tarik Kiswanson, Tiago Sant’Ana, Victor Anicet, Victor Brauner, Wifredo Lam, Zé di Cabeça (José Eduardo Ferreira Santos). 

Até 25 de janeiro de 2026.

 

Panmela Castro na Temporada Brasil-França.

18/set

Exposição destaca protagonismo de mulheres negras na luta por direitos na triangulação Atlântica, Brasil, França e Senegal. A artista Panmela Castro inaugura a exposição “Retratos Relatos: Revisitando a História” no espaço cultural Les Jardiniers, em Montrouge, região metropolitana de Paris, França. Com curadoria de Maybel Sulamita, a mostra integra a programação oficial da Temporada Brasil-França 2025 e reúne 15 pinturas inéditas que contam a história de mulheres negras do Brasil, da França e do Senegal que lutaram pelo avanço dos direitos femininos.

Entre as figuras retratadas estão nomes como a intelectual brasileira Lélia González e a escritora brasileira Carolina Maria de Jesus; a cineasta senegalesa Safi Faye e a famosa cantora francófona Josephine Baker, cujas trajetórias são revisitadas e recontadas a partir de uma visão contemporânea. Dessa forma, a exposição propõe um exercício de reimaginação das narrativas sobre essas mulheres.

“Retratos Relatos surgiu das histórias que as mulheres contavam para mim. Comecei a transformar esses relatos em retratos, e este foi um projeto que circulou por muitos lugares do Brasil. Para a Temporada Brasil-França, escolhemos mulheres que já não estão mais vivas para contar suas histórias, mas que ainda assim são importantes de serem contadas”, afirma a artista.

As pinturas expostas são acompanhadas de relatos biográficos com informações acessíveis sobre a vida, o legado e a relevância dessas mulheres. Durante a exposição, Panmela Castro participa de uma residência artística na instituição, com o objetivo de conviver com a comunidade local e promover o intercâmbio entre as culturas. Panmela Castro pretende desenvolver três novos retratos para a exposição: o da cientista da computação senegalesa Rose Dieng-Kuntz; o de Alice Mathieu-Dubois, primeira mulher negra francesa a se formar em Medicina; e o da defensora dos direitos humanos brasileira Alessandra Makkeda.

Até 31 de outubro.

Exposição resgata memórias da ditadura.

17/set

Exposição do fotógrafo Gustavo Germano homenageia desaparecidos políticos e propõe reflexão sobre os impactos da violência de Estado.

Até 08 de outubro, o Arquivo Histórico Municipal de São Paulo (AHM), Bom Retiro, exibe a exposição Ausências Brasil, do fotógrafo argentino Gustavo Germano. A mostra, realizada em parceria com o Núcleo de Preservação da Memória Política (NM), traz um olhar sensível e contundente sobre os desaparecidos políticos durante a ditadura civil-militar brasileira (1964–1985). A proposta é confrontar o público com a ausência transformada em imagem. As fotografias de Gustavo Germano recriam retratos familiares, justapondo cenas do passado a registros atuais marcados pelo vazio da pessoa que foi retirada pela violência do regime. O projeto nasceu na Argentina, a partir da história pessoal do autor: seu irmão, Eduardo Raúl Germano, foi sequestrado e desaparecido em 1976. Anos mais tarde, expandiu-se para outros países atingidos pela Operação Condor, até chegar ao Brasil, onde a versão atual reúne 12 histórias de desaparecidos políticos, de diferentes regiões do país.

Além das imagens, a exposição contará com visitas mediadas, rodas de conversa com ex-presos políticos e a exibição do documentário O Dia que Durou 21 Anos, de Camilo Tavares. Para a museóloga Kátia Felipini, diretora técnica do Núcleo Memória, a iniciativa é também um ato de reparação: “Cada vez que a gente apresenta essa exposição, é uma forma de reparar essas famílias”. O educador e historiador César Novelli ressalta em comunicado a atualidade da discussão: “A história do Brasil é pautada na violência. Os vínculos entre os crimes da ditadura e os desaparecimentos de hoje são sinais da impunidade permitida após a redemocratização”. A entrada é gratuita, e a programação completa inclui debates, formações para educadores e atividades culturais, sempre voltadas para fortalecer a memória democrática e refletir sobre as marcas da repressão no presente.

Por Felipe Sales Gomes.

O inesperado e o extraordinário na criação têxtil.

16/set

A exposição PLAY – FITE – Bienal Têxtil de Clermont-Ferrand edição 2024-2025 convida o público para desvendar no SESC Pinheiros, São Paulo, SP, até 25 de janeiro de 2026, as tramas de um instigante conjunto de obras e criações que propõe um diálogo entre as técnicas da produção têxtil e o universo lúdico dos jogos e das brincadeiras. A exposição chega ao Brasil após estreia, em 2024, no Museu Bargoin, em Clermont-Ferrand, na França, integrando a mais recente edição da FITE – Bienal Têxtil de Clermont-Ferrand, evento realizado desde 2012 com o objetivo de celebrar o inesperado e o extraordinário na criação têxtil e sua cadeia produtiva, promovendo encontros entre tradições, saberes e inovações.

Com ênfase no uso de elementos têxteis como suporte para a pluralidade criativa, a exposição PLAY reúne trabalhos de artistas brasileiros e estrangeiros, selecionados a partir de uma curadoria coletiva que reúne dez profissionais: Christine Athenor, Simon Njami, Thomas Leveugle e Nolwenn Pichodo, da HS_Projects; Christine Bouilloc, do Musée D’Art Roger-Quilliot; Charlotte Croissant, do Musée Bargoin; e Juliana Braga de Mattos, Carolina Barmell e Fabiana Delboni, do Sesc São Paulo.

Vindos de países como Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Marrocos, Holanda e Uzbequistão, o grupo internacional de artistas que integram a exposição é composto por: Awena Cozannet, Bas Kosters, Hannah Epstein, Mark Newport, Saïd Atabekov e Dilyara Kaipova.  A seleção inclui, ainda, obras de Sheryth Bronson, Donna Ferguson e Beryl Bell, que compõem o coletivo Tjanpi, e entre quimonos e leques japoneses, móbiles beduínos, fantasias de mascarados nigerianos e bolas de seda chinesas, um significativo conjunto de peças e objetos da coleção do Museu Bargoin. Seis artistas internacionais também compõem o programa de residência da mostra. São eles: Arnaud Cohen, Delphine Ciavaldini, Nikita Kravstov, Roméo Mivekannin e Sabrina Calvo.

Representando o Brasil, participam: Alexandre Heberte, Alex Flemming, Anna Mariah Comodos, Elen Braga, Felipe Barbosa, Gina Dinucci, Leda Catunda, Mestre Nato, Tales Frey e Ivan Cardoso, que apresenta seu curta metragem HO (1979), um documentário experimental com e sobre Hélio Oiticica. Parte destes artistas estarão representados por obras pertencentes ao Acervo Sesc de Arte, que foram apresentadas na edição francesa da mostra, em 2024 e retornam agora a São Paulo para compor esta relação entre coleções. Em diferentes suportes, a mostra reúne mais de 40 criações de artistas brasileiros e estrangeiros que, a partir de uma parceria com a cidade francesa de Clermont-Ferrand e a HS_ Projetcs, convidam o público a explorar fronteiras entre as tramas, tecidos, brinquedos e vestíveis, e a refletir sobre as regras, os desejos e os limites que constituem a vida cotidiana.

Exposição do artista português José Pedro Croft.

15/set

O Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro inaugura, no dia 24 de setembro, a grande exposição “José Pedro Croft: reflexos, enclaves, desvios”, com cerca de 170 obras. Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a mostra, que ocupará todo o primeiro andar e a rotunda do CCBB RJ, será composta, principalmente, por gravuras e desenhos, apresentando também esculturas e instalações, que ampliarão o entendimento sobre o conjunto da obra do artista e sobre os temas que vem trabalhando ao longo de sua trajetória, como o corpo, a escala e a arquitetura. Esta será uma oportunidade de o público ter contato com a obra do artista, que já realizou exposições individuais em importantes instituições, como no Pavilhão Português na 57ª Bienal de Veneza, Bienal de Arte Contemporânea de Coimbra, Capela do Morumbi, São Paulo, Paço Imperial e MAM Rio, entre muitas outras.

“José Pedro Croft é um dos principais artistas portugueses da geração que se formou logo após a Revolução dos Cravos (1974). Ou seja, teve sua trajetória artística toda vinculada aos ideais de liberdade, cosmopolitismo e experimentação. Trata-se de uma poética visual que se afirma no enfrentamento da própria materialidade das linguagens plásticas: a linha, o plano, a cor, o espaço. Sempre levando em conta sua expansão junto à arquitetura e ao corpo (inerente aos gestos do artista e à percepção do espectador)”, conta o curador Luiz Camillo Osorio.

A exposição é composta a partir da potência plástica das gravuras e dos desenhos que se articulam com a vertigem espacial das esculturas, com seus vazios e espelhos. As gravuras, suporte com o qual o artista trabalha desde a década de 1990, ocuparão a maior parte da exposição, incluindo obras em grandes escalas. “A gravura é um trabalho de grande ciência física e artesanal, com muito rigor e entrega. Não é algo secundário. Para mim, é uma âncora do meu trabalho. Há coisas que fiz em gravura, que vão me dar soluções para o meu trabalho em escultura”, afirma José Pedro Croft. Diversas séries, de anos distintos, sendo muitas feitas sobre a mesma chapa de metal, aguçarão a percepção do público. “Ver não é reconhecer. As muitas variações no interior das séries gráficas conduzem o olhar para dentro do processo em que repetição e diferença se potencializam. A atenção para o detalhe é uma convocação política em uma época de dispersão interessada”, diz o curador.

A gravura é tão importante na obra do artista que muitos desenhos que serão apresentados na mostra foram feitos sobre as provas das gravuras. “Eu as uso como uma memória e desenho por cima com linhas de nanquim super finas, com 0,25 milímetros cada, criando volumes. Faço os desenhos à mão, trazendo esse mundo de imagens de pixels para a nossa realidade, que é física ainda. É uma maneira de resistir a velocidade de estarmos sempre ligados a um excesso de estímulos”, ressalta José Pedro Croft.

Em cartaz até 17 de novembro.

Arte moderna e contemporânea brasileira.

10/set

A Galatea participa da 15ª edição da feira ArtRio, que ocorre entre 10 e 14 de setembro, na Marina da Glória, no Rio de Janeiro, RJ. A galeria apresenta uma seleção de obras composta por nomes fundamentais da arte moderna e contemporânea brasileira, além de artistas que exerceram influência na cena nacional ou que por ela foram influenciados, abarcando desde jovens talentos emergentes a nomes consolidados.

ArtRio 2025, Galatea | Estande B7.

A robusta lista de artistas reúne Alfredo Volpi, Allan Weber, Angelo de Aquino, Arnaldo Ferrari, Arthur Palhano, Ascânio MMM, Bruno Novelli, Carolina Cordeiro, Dani Cavalier, Edival Ramosa, Estela Sokol, Francisco Galeno, Franz Weissmann, Gabriel Branco, Gabriela Melzer, Georgete Melhem, Ione Saldanha, Israel Pedrosa, Joaquim Tenreiro, Julio Le Parc, Luiz Zerbini, Marilia Kranz, Max Bill, Mira Schendel, Montez Magno, Mucki Botkay, Raymundo Colares, Rubem Ludolf, Sarah Morris, Ubi Bava e Ygor Landarin.

O conjunto propõe um diálogo entre a arte contemporânea e vertentes de destaque na arte do século XX, como a arte concreta, o construtivismo geométrico, a abstração informal, a arte têxtil e a chamada arte popular. A amplitude temporal abarcada pela seleção de artistas reflete e articula os pilares conceituais do programa da Galatea: ser um ponto de fomento e convergência entre culturas, temporalidades, estilos e gêneros distintos, gerando uma rica fricção entre o antigo e o novo, o canônico e o não-canônico, o erudito e o informal.

Os caminhos da construção do racismo.

08/set

Exposição em cartaz no Paço Imperial, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a obra de Voluspa Jarpa. Em sete anos de pesquisas, a artista chilena reconstrói, a partir das exibições de zoológicos humanos, os caminhos da construção do racismo por meio de dispositivos coloniais e dominação cultural.

“Cartografia Incógnita” nos defronta com os zoológicos humanos que exibiram, entre 1858 e 1958, exemplares humanos de povos ditos “exóticos” em várias exposições, realizadas em capitais europeias e também em outras cidades do continente.

As célebres Exposições Internacionais tinham, por objetivo, anunciar o progresso da indústria de cada país. Em contraponto, ofereciam ao público o espetáculo dos chamados “zoológicos humanos”: pessoas de distintas origens e de pele escura ou amarela, que eram apresentadas em cenários compostos com animais e plantas nativas, de modo a emular o que era considerado “a vida selvagem”.

A mostra faz parte da BIENALSUR. As exposições abordam os temas mais urgentes do nosso tempo: meio ambiente, memória, direitos humanos, migrações, inteligência artificial e futuros possíveis. A Bienal renova, assim, seu compromisso com o desenvolvimento de um humanismo contemporâneo. É por isto mesmo que a realização da BIENALSUR 2025 tem o apoio oficial da UNESCO.

Até 16 de novembro.

Niki de Saint Phalle na Casa Fiat de Cultura.

05/set

Mostra é destaque na Temporada França Brasil 2025 e apresenta, ao  público brasileiro, obras originais e provocativas de uma das primeiras  mulheres a integrar a vanguarda artística do século XX.

Visionária, provocadora e profundamente engajada, Niki de Saint Phalle marcou a arte do século XX com obras que desafiam preconceitos, rompem silêncios e celebram a liberdade das mulheres. Até 02 de novembro, a Casa Fiat de Cultura, Belo Horizonte, MG, apresentará os trabalhos dessa artista franco-americana numa exposição inédita no Brasil, que revela a potência transformadora de sua criação. A mostra “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade” reúne 67 obras, sendo 66 do acervo do MAMAC(Museu de Arte Moderna e Arte Contemporânea de Nice), na França, e uma obra da Pinacoteca do Estado de São Paulo, que sai pela primeira vez do museu desde que foi adquirida, em 1997. O público poderá apreciar suas esculturas, assemblages e as icônicas “Nanas”, a maioria delas nunca exibidas no Brasil. A mostra conta com a parceria da Prefeitura de Nice e do MAMAC, e com a colaboração da Niki Charitable Art Foundation e do grupo 24 Ore Cultura, de Milão.

Com curadoria de Olivier Bergesi e Hélène Guenin, a exposição propõe um encontro com a narrativa poética de Niki de Saint Phalle (1930-2002). Sua produção potente e imaginativa continua a inspirar novas gerações, não apenas por sua estética ousada, mas pela capacidade de transformar sofrimento em beleza, denúncia em esperança, exclusão em potência. Suas obras são um hino à liberdade, à alegria e à diversidade, e, por isso, seguem tão atuais. “Ela aborda temas sociopolíticos “antigos”, como a violência sexual, a opressão das mulheres, a guerra e as relações de poder – assuntos ainda extremamente atuais”, como afirma o curador Olivier Bergesi, do MAMAC.

Em “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade na Casa Fiat de Cultura”, o público é convidado a percorrer diferentes momentos da vida e da obra da artista, desde seus primeiros experimentos artísticos até suas esculturas de grande porte, passando por fases marcadas por dor, experimentação, cura, celebração e engajamento social. A mostra combina obras históricas, registros audiovisuais e ambientações, que dialogam com a vibrante linguagem visual da artista.

A exposição “Niki de Saint Phalle. Sonhos de Liberdade” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Conta com o patrocínio da Stellantis, Fiat, copatrocínio da Stellantis Financiamentos, Banco Stellantis, Banco Safra e da Sada. A mostra  tem apoio institucional do Circuito Liberdade, além do apoio do Governo de Minas e do Programa Amigos da Casa.  Tem parceria internacional com o MAMAC (Museu de Arte Moderna e Contemporânea de Nice) e a Prefeitura de Nice, e com colaboração da 24 Ore Cultura (Milão) e da Niki Charitable Art Foundation.

Visita temática “Niki de Saint Phalle” | Das rosas, espinhos com amor.

20 e 21 de setembro, às 16h, na Casa Fiat de Cultura.

Entre cores intensas, formas monumentais e símbolos carregados de significado, a obra “Trilogia dos Obeliscos”, de Niki de Saint Phalle, surge como gesto de alerta, indignação e afeto. Criadas em um contexto marcado pela pandemia de HIV/Aids, as esculturas transformam dor, estigma e sofrimento em expressão artística, afirmando a força do cuidado e da solidariedade. Ao se aproximar das obras, o público será convidado a refletir sobre a fragilidade humana e perceber como cada detalhe traduz a importância da empatia e do afeto. Vagas limitadas, com inscrições na recepção da Casa Fiat de Cultura.

Primeira individual na Austrália.

03/set

O escultor Leo Stockinger vai apresentar pela primeira vez sua exposição “Vísceras – Corpo e Existência”, em Sydney, na Austrália, país onde vive desde 2005. A mostra seráinaugurada no próximo dia 26 de setembro na Scratch Art Space (Sydenham Rd, Marrickville). As obras poderão ser visitadas até o dia 05 de outubro. O artista já participou de mostras coletivas em Brasília e Paraty, e esteve em cartaz no início do ano com sua primeira mostra individual no Brasil, durante a Bienal do Mercosul. Estudou escultura na National Art School de Sydney e, incorporou influências diversas à sua produção, que reflete uma vivência multicultural e a busca por novas formas de expressão, sem perder a conexão com a tradição da escultura: “Expandi minha visão sobre a arte, absorvendo referências que vão da tradição indígena australiana à arte asiática e ocidental contemporânea”.

“Vísceras – Corpo e Existência” ganhou vida quando Leo Stockinger  encontrou um material vermelho de aspecto molhado e surpreendente plasticidade – um adesivo que evocava a matéria viva da carne e das vísceras. “Busquei corpos fossilizados nos troncos de árvores mortas na praia. Eram vestígios do tempo, restos esquecidos que carregavam histórias em suas fibras secas”, revela.

Da fusão desses elementos nasceram corpos escultóricos únicos, onde madeira e adesivo se incorporam em diferentes formas e tamanhos, ressignificando a matéria e transformando-a em arte. Onde o espectador é convidado a sentir o que só a alma é capaz de enxergar: “A carne agora pulsa novamente – não mais inerte, mas víscera viva, reconfigurada pela arte”, complementa o artista. Há beleza e desconforto. Atração e repúdio. Tesão e medo. Instigados pela profunda estranheza das vísceras expostas e em constante busca de padrões pré-estabelecidos, o espectador impacta-se diante do que cada corpo deseja comunicar. Gestos, sensações e formas fundidas em matéria e dúvida. As esculturas de Leo Stockinger ultrapassam a beleza plástica e nos fazem perguntas. Sobre gênero, energia sexual, culpa, posse, raiva, vergonha, relações e desejo. Corpo e mente cúmplices em cada peça do artista e naqueles que são tocados pela sua criação. Carne, signo, desejo, símbolo.

Textos assinados pelo crítico de arte Jacob Klintowitz e pelo artista Tom Isaacs, de Sydney, refletem sobre a poética e o impacto do trabalho de Leo Stockinger.

Sobre o artista

crítico de arte Jacob Klintowitz e pelo artista Tom Isaacs, de Sydney, refletem sobre a poética e o impacto do trabalho de Leo Stockinger, em Sydney, Austrália. Nascido em Porto Alegre, RS, Brasil, em 1980, radicou-se na Austrália há duas décadas, onde vive e trabalha. Leo Syockinger cresceu literalmente no meio da arte. Sua herança começa na família, com seu avô, Francisco (Xico) Stockinger, reconhecido escultor, que exerceu uma influência fundamental em sua vida. Desde menino, frequentava o ateliê e, imerso naquele ambiente mágico, via formas surgindo do gesso, do barro, do metal e da madeira. Aprendeu os fundamentos da escultura e, ainda jovem, estudou também desenho com o pintor Danúbio Gonçalves, consolidando seu olhar sobre traços e sombras. Embora tenha iniciado sua trajetória acadêmica estudando Direito no Brasil, Leo Stockinger optou por seguir seu verdadeiro chamado, dedicando-se integralmente às artes. Sua formação na National Art School consolidou sua pesquisa escultórica, permitindo-lhe aprofundar a exploração da forma e da matéria. Em abril de 2025, trouxe para Porto Alegre-RS, Brasil, dentro do Projeto Portas Abertas – Fundação Bienal do Mercosul, a exposição “Vísceras-Corpo e Existência”, uma  realização da Galeria de Arte Stockinger.