A Nara Roesler São Paulo convida para a abertura da exposição “Ruído Estelar”, com 36 obras dos artistas Abraham Palatnik, Amelia Toledo, Artur Lescher, Brígida Baltar, Bruno Dunley, Cao Guimarães, Heinz Mack, Julio Le Parc, Laura Vinci, Mônica Ventura, Paulo Bruscky, Rodolpho Parigi, Tomás Saraceno e Tomie Ohtake. A abertura da exposição será no dia 7 de junho e ficará em cartaz até 16 de agosto.
Luis Pérez-Oramas, diretor artístico da galeria, e o Núcleo Curatorial Nara Roesler selecionaram 36 obras a partir da ideia do ruído das estrelas, identificado em 1932, e localizado em 1974, emitido a partir do centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário. Em 1974, se descobriu que a origem do ruído estelar era um gigantesco buraco negro, mais massivo 4,3 milhões de vezes do que o Sol, e resultado de um colapso estelar. A exposição sugere ao público uma metáfora em que o mundo das formas artísticas possa ser compreendido como campos de ressonância, em um constante exercício de tornar atual a energia figural que as constitui e que nunca cessa de se transformar, de se transfigurar.
O ponto de partida foi a “música das estrelas”, ouvida, identificada e registrada pela primeira vez em 16 de setembro de 1932, às 19h10, nos campos de Nova Jersey por Karl Jansky (1905-1950), físico e engenheiro especializado em ondas de rádio. Empregado pelos Laboratórios Bell Telephone, ele tinha a tarefa de estudar as fontes de interferência “estática” nas comunicações radiotelefônicas transatlânticas. Para fazer isso, Karl Jansky construiu um dispositivo receptor de ondas de rádio, e ao longo de três anos conseguiu definir três tipos de recepções estáticas: tempestades próximas, tempestades distantes e o que chamou de “um chiado persistente, também de origem estática, cuja fonte é desconhecida”. Com sua antena giratória, no entanto, Karl Jansky pôde identificar a direção de onde os sinais estavam vindo. O estranho chiado ocorria exatamente a cada 23 horas e 56 minutos – quatro minutos a menos que um dia solar – correspondendo assim à duração de um dia sideral. A maior intensidade registrada em 16 de setembro de 1932 permitiu-lhe sugerir que a origem do ruído não vinha do sistema solar, mas do centro da Via Láctea, na constelação de Sagitário. Alguns dias depois, Karl Jansky afirmou que as ondas de rádio que ele havia captado realmente vinham do “centro de gravidade da galáxia”. Anos depois, em 1974, no Observatório Nacional de Radioastronomia, Bruce Balick e Robert Brown descobriram o objeto no centro da Via Láctea de onde se originava o chiado que Karl Jansky havia registrado: Sagitário A*, o imenso buraco negro, 4,3 milhões de vezes mais massivo do que o sol, e resultado de um colapso estelar.
A partir das obras de Laura Vinci, Abraham Palatnik, Tomás Saraceno, Tomie Ohtake, Bruno Dunley, Monica Ventura, Artur Lescher, Cao Guimarães, Paulo Bruscky, Rodolpho Parigi e Julio Le Parc, a exposição busca sugerir uma cena análoga em que as obras de arte seriam objetos que, como as antenas de Karl Jansky, capturam ressonâncias de fundo de seus próprios campos figurais. Ou por imitarem a aparência de dispositivos técnicos (Saraceno, Vinci, Ventura, Lescher); ou por apresentarem composições semelhantes à representação e ao registro de ressonâncias cósmicas (Le Parc, Dunley, Palatnik, Ohtake, Parigi); ou por incluírem, com tons irônicos, referências a rádios e antenas de rádio (Guimarães, Bruscky).