Olhares atentos de diferentes geografias.

26/nov

Frank Walter

Luiz Zerbini

Observations: Luiz Zerbini in Conversation with Frank Walter

25 Nov 2025 – 7 Feb 2026

Observations: Luiz Zerbini in Conversation with Frank Walter, exposição inaugural do novo espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, Jardins, São Paulo, SP, dia 25 de novembro, com curadoria de Barbara Paca, apresenta um diálogo inédito entre pinturas de paisagem em pequeno formato dos artistas Luiz Zerbini e Frank Walter (Antígua, 1926-2009). Mestres da atmosfera em suas próprias linguagens, ambos revelam um profundo envolvimento com a memória, a percepção e as fronteiras porosas entre os mundos humano e não humano. Luz, cor e gesto se unem para articular tempo, lugar e visão, expandindo o vocabulário da paisagem para além de seus limites convencionais.

Para Frank Walter, a paisagem foi uma companheira constante em suas viagens por Antígua, pelo Caribe e pela Europa. Suas pinturas em pequena escala capturam as variações sutis de diferentes geografias, com um olhar atento tanto ao detalhe quanto à atmosfera. Ao filtrar essas experiências pela memória, suas obras condensam a essência dos lugares vividos, transformando-os em meditações sobre pertencimento e imaginação. Luiz Zerbini, por sua vez, apresenta um conjunto de aquarelas que retratam vistas do litoral brasileiro. Com delicadeza de gesto e paleta luminosa, suas obras capturam o jogo de luz sobre o mar e a vegetação, revelando as mudanças de atmosfera das paisagens costeiras com imediatismo e intimidade. Dispostas lado a lado, essas obras constroem um diálogo transatlântico em que Frank Walter e Luiz Zerbini exploram a relação entre visão e lugar, ordem e espontaneidade. Cada composição se torna ao mesmo tempo transcrição e invenção – um espaço onde sensação e estrutura se entrelaçam. Ao conectar o Caribe e o Brasil, a exposição evidencia uma sensibilidade compartilhada à luz, à cor e ao relevo, revelando como a pintura de paisagem pode refletir contextos culturais distintos e, ao mesmo tempo, abrir-se a uma experiência mais ampla e interconectada do mundo natural.

Luiz Zerbini também está em exibição no espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, na Barra Funda, com a exposição individual Vagarosa Luminescência Voadora.

Até 07 de fevereiro de 2026.

Luz e espiritualidade na obra de Leo Battistelli.

A Galatea apresenta Leo Battistelli: água viva, individual do artista argentino radicado no Rio de Janeiro, a ser inaugurada no dia 26 de novembro em sua unidade da rua Padre João Manuel, São Paulo, SP. A exposição conta com texto crítico do jornalista e curador Leonel Kaz e reúne esculturas e painéis que entrelaçam cerâmica, porcelana, vidro, metais e minerais, explorando a ligação entre matéria, luz e espiritualidade.

Vivendo e trabalhando em seu ateliê na Floresta da Tijuca, no coração da Mata Atlântica, Battistelli transforma elementos da natureza em peças que evocam organismos híbridos, como líquens, sementes, constelações e formas aquáticas, vinculando o gesto humano à continuidade do ciclo vital. Trabalhando com argilas da Patagônia, terras brasileiras e quartzos andinos, o artista recria processos ancestrais em composições que respiram, filtram e irradiam luz.

Entre as obras apresentadas estão Iemanjá (2025), feita de contas de cristal soprado; Sobrenatural (2015), inspirada em mitos amazônicos; Pôr do Sol (2025), painel de sete metros em cerâmica e cobre; Pepita (2022/2025), semente-luz em porcelana e prata; Respiro (2025), Hexagonoro (2019/2025), Coluna (2025), Orvalho (2025) e as séries de Líquens, em diferentes ligas e escalas.

“Leo é um ser aquático mergulhado, da água ao fogo, nos fazeres da cerâmica”, escreve Leonel Kaz. “Suas obras são vivências, não conceitos abstratos.”.

Até 17 de janeiro de 2026.

Exibição de Maria Klabin em São Paulo.

24/nov

Nara Roesler São Paulo, Jardim Europa, convida para a abertura, no dia 26 de novembro, às 18h, da exposição “Língua d’Água”, com mais de 80 obras inéditas e recentes de Maria Klabin (1978, Rio de Janeiro), em sua primeira exibição individual na cidade. A exposição estará em cartaz até fevereiro de 2026.

Com curadoria de Galciani Neves, a mostra apresenta trabalhos criados principalmente ao longo do ano, pinturas e desenhos, em tamanhos variados, que vão dos grandes formatos, com três metros de comprimento, até os pequenos, em torno de vinte centímetros de altura. O público verá também os desenhos retirados dos cadernos da artista, esboços, anotações, para acompanhar seu processo criativo.

O título “Língua d’Água” foi retirado de uma frase dita por Maria Klabin à curadora: “O pincel é como uma língua que lambe a tela trazendo os ecos de algum lugar”.

“As pinturas de Maria nos colocam de maneira simples que não é necessário fincar os pés nos diversos problemas filosóficos submetidos ao exame da razão, mas apontam para algo que nos renderia um enorme efeito, se nos dedicássemos: o que aprenderíamos se repousássemos sobre os redemoinhos da percepção? Devaneando, devaneando…E se ao invés de controlarmos as coisas, habitássemos seus mistérios, olhando-as bem de perto e de distintas lonjuras?”, salienta Galciani Neves no texto que acompanha a exposição. “Em “Língua d’água”, o exercício poético da artista segue por esses caminhos: “A pintura inverte a ordem das coisas, muda o que vemos e como vemos”, destaca a curadora.

Nos trabalhos de Maria Klabin há paisagens, além de retratos. A artista comenta que usa “a paisagem pela qual eu estou cercada”, que tanto pode ser composta por objetos ou plantas, que para ela “são indivíduos”. “São as paisagens com que eu estou convivendo”. “Noto um conjunto de movimentos, de elementos, que eu posso usar na pintura, e acabam sendo um ponto de partida para falar sobre algo mais internalizado e intuitivo do que exteriorizado, como estaria implícito numa paisagem”, observa. Fotografias também são utilizadas, mas servem como pistas para ela “falar de coisas mais da pintura e de um estado de espírito”. “Às vezes eu incluo figuras, às vezes animais, e uma parte grande é de memória, ou (de bichos)”inventados”. É um exercício compositivo também, de movimento, de pintura. 

“Língua d’Água” terá mais de quarenta desenhos, em um trabalho de seleção de Galciani Neves entre os mais de trezentos da artista. Ela detalha que junto com a curadora decidiu incluir na exposição uma parede com desenhos, “em que há de todo tipo: arrancados do caderno, anotações, mais ou menos acabados”. A ideia é mostrar ao público esse processo, “porque eles (os desenhos) nasceram durante a construção dessas pinturas, e alguns são anteriores, mas também guardam uma relação com as obras mostradas”.

Estará na exposição a pintura “Gal” (2023), tinta óleo sobre linho, exibida antes apenas na individual da artista que a galeria Nara Roesler realizou na feira Frieze Los Angeles 2024. Maria Klabin conta que a pintura integra “Linha d’água” por ser a primeira em escala maior que fez “com elementos mais alegóricos, mais oníricos”. “As paisagens grandes já tinham esses elementos, mas isso ficou mais evidente na “Gal”, e esta é uma coisa que eu explorei com mais foco nessa exposição”, diz. “Durante a pandemia”, ela explica, “comecei a trabalhar muito de observação, sem sair da realidade dentro do possível, na pintura. E a “Gal” foi feita neste outro momento. Pintar dessa maneira foi o que fez sentido para mim. Parti da imagem dessa mulher grávida, que é minha cunhada, que estava grávida da minha sobrinha Gal”.

Estarão ainda três retratos pequenos que Maria Klabin fez de Giacometti (1901-1966). A artista viu um vídeo na internet com Giacometti esculpindo. Em um determinado momento, em que há um close do rosto do escultor, ela percebeu que era “justamente o instante em que o artista está nesse lugar mais exposto”.

Livro “Maria K.” (2025, Nara Roesler Books)

Em fevereiro de 2026, durante a exposição “Língua d’Água”, será lançado o primeiro livro dedicado à trajetória de Maria Klabin. O livro “Maria K.” terá 114 páginas, bilíngue (português e inglês), capa dura, com formato de 17,5 x 24,5 cm, e textos inéditos de Priscyla Gomes, Pollyana Quintella e apresentação de Luis Pérez-Oramas.

O legado de Emanoel Araújo.

21/nov

 

O Farol Santander São Paulo apresenta a exposição Emanoel Araújo – Embates Construtivos, em cartaz até 22 de fevereiro de 2026. A mostra reúne mais de 70 obras entre xilogravuras, esculturas, serigrafias e cartazes, incluindo criações inéditas que evidenciam a pluralidade e o rigor estético do artista baiano.

Com curadoria de Fábio Magalhães, a exposição ocupa o 24º andar do centro cultural e propõe uma imersão no universo visual de Emanoel Araújo, marcado por formas geométricas, ancestralidade africana e cores intensas. As obras revelam o diálogo entre tradição e modernidade, reafirmando a importância do artista como referência na arte contemporânea brasileira.

Fundador do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo deixou um legado que celebra identidade, resistência e liberdade. A mostra é um tributo à sua trajetória e à potência da arte afro-brasileira no cenário nacional.

Revelando nuances das relações afetivas.

Sob o título “Men in Love”, realiza-se a exposição individual do artista Douglas de Souza (Blumenau, SC, 1984), na Claraboia, Jardim América, São Paulo, SP, reunindo um conjunto de pinturas recentes sob a curadoria de Domenico de Chirico e expografia de Alberto Rheingantz.

Nas obras, representações de bibelôs e simbolos kitsch, carregados de sensibilidade e sedução, servem de ponto de partida para refletir sobre masculinidade e seus estereótipos. São imagens de cavalos, cervos, cisnes, automóveis e arranjos florais associadas às iconografias dicotômicos de força e fragilidade, delicadeza e virilidade. Ao associar esses ícones às experiências masculinas, o artista revela nuances das relações afetivas vividas entre homens. 

“Enaltecendo o amor em sua forma mais pura, Douglas de Souza não se limita a retratar homens apaixonados: narra esse sentimento como um campo de tensões, um espaço de negociação entre estética e afeto, cultura e corporeidade, onde se entrelaçam as mais profundas contradições que marcam nosso presente”, comenta o curador. 

Para a mostra, o artista também apresenta inéditas pinturas de naturezas-mortas vigorosas. Em obras como It’s ok to cry e Magnolia, ambas de 2025, as pétalas de flores compõem verdadeiros campos cromáticos que se expandem radialmente pela tela, projetando brilho e nitidez que lembram imagens do campo digital. Douglas de Souza realiza pinturas em alta definição que simulam superfícies de objetos luminosos, como vidro, cristal, porcelana e metal polido. Sua pesquisa investiga estereótipos de masculinidade a partir de bibelôs e símbolos que negociam com a noção de fragilidade e com o gosto estético, dando vida a um léxico visual arraigado em identidade, desejo e pertencimento. Já realizou exposições individuais na Galeria Cavalo (São Paulo, Brasil, 2024); Kupfer Project (Londres, Reino Unido, 2024); Gruta (São Paulo, Brasil, 2023) Good Mother Gallery (Los Angeles, EUA, 2023); e na IRL Gallery (Nova York, EUA, 2022).

 Até 24 de janeiro de 2026.

Vibração de cores solares.

17/nov

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição Anísio O. Couto, individual do artista baiano radicado no Rio de Janeiro, com abertura no dia 26 de novembro.  Com texto crítico do curador Renato Menezes, a mostra reúne mais de 30 pinturas, produzidas entre 2022 e 2025, que se destacam pela representação de imagens cotidianas filtradas por uma dimensão ficcional.
Nascido na Bahia, Anísio O. Couto desenvolveu a maior parte de suas pinturas após se estabelecer no Rio de Janeiro. A cidade, que geralmente ocupa o lugar de cartão postal do país, aparece reinventada em seus trabalhos, seja por fragmentos da paisagem, seja pela desconstrução de clichês imagéticos associados ao seu território.

Desde o início, dedica-se à representação de animais, como borboletas, peixes, gatos e tucanos, mas também a objetos e situações do cotidiano, como utensílios de uma mesa de café da manhã. Nessas obras, embora salte aos olhos o diálogo com o gênero da natureza morta, as usuais paletas opacas e fechadas do gênero dão lugar à vibração de cores solares, como o amarelo, o laranja, o vermelho e o rosa, que realçam frutas tropicais e objetos.

A exposição conta também com a expografia da artista Dominique Gonzalez-Foerster, figura essencial na trajetória de Anísio. A mostra busca ressaltar o diálogo entre a força expressiva de Anísio e o contexto contemporâneo da arte brasileira.

Promoção de arte contemporânea.

Gomide&Co, Bela Vista, São Paulo, SP, apresenta Cipis na Black Friday, individual de Marcelo Cipis – uma verdadeira promoção da arte contemporânea! São 440 pinturas inéditas, cada uma por apenas R$ 3.999,99. Olhou, gostou, levou! Uma exposição sobre consumo, desejo e produção em série com a leveza, a ironia e aquele humor refinado que só o Cipis sabe fazer! Cipis na Black Friday, individual de Marcelo Cipis que acontece na galeria de 28 de novembro de 2025 a 22 de janeiro de 2026 – ou enquanto durarem os estoques! 

É a sua oportunidade de ter um Cipis na casa, no escritório, na fazenda… ou onde você quiser (até numa casinha de sapê)! Cada tela por apenas R$ 3.999,99! É isso mesmo! Apenas R$ 3.999,99, além de condições de pagamento especiais. Olhou, gostou, comprou: Pague&Leve (levinho…) na hora! Cipis na Black Friday é concebida como um happening que articula instalação e ação performática com a intenção de refletir sobre o universo do consumo. A instalação reúne 440 pinturas em pequeno formato (40 x 30 cm) inéditas, subdivididas em 24 séries, que estarão dispostas lado a lado, em sequência, ocupando as paredes do salão expositivo da galeria no sentido de evocar a lógica das prateleiras de supermercado e da produção em série. Um “supermercado elegante”, nas palavras do artista; ou um “templo magistral de consumo”, na definição de Clotilde Perez em seu texto crítico para a exposição. Coisa de gente fina, elegante e sincera! 

Durante a inauguração, atendentes uniformizados realizarão uma performance de venda direta das obras, embalando e entregando as pinturas aos compradores, de modo que o espaço será gradualmente esvaziado: um gesto que transforma o ato de consumo em parte do próprio trabalho. Ao final, permanerão apenas etiquetas indicando o local das obras vendidas, convertendo o vazio em elemento integrante da exposição.

As 440 pinturas foram realizadas em 80 dias, em um ritmo fabril e calculado – “440 pinturas em 80 dias”, reforça o artista -, ecoando a tensão entre produção manual e reprodutibilidade mecânica. No entanto, apesar das repetições e variações cromáticas, cada pintura é única, o que resguarda uma espécie de “aura” singular. Marcelo Cipis descreve o conjunto como uma “constelação de imagens”: fragmentos de um universo imaginário que ganham sentido na relação entre si e com o público. Seu processo de trabalho remete à ideia de uma “fábrica de si mesmo”, em que a repetição é usada de forma crítica, questionando a noção de novidade permanente que regula o mercado da arte. A ideia retoma em certa medida a CIPIS TRANSWORLD Art Industry & Commerce, proposta de instalação e performance apresentada por Cipis na 21ª Bienal de São Paulo (1991).

 

O segundo ato da exposição coletiva.

14/nov

A Gentil Carioca, Higienópolis, apresenta em São Paulo “Concordar em Discordar”, segundo ato da exposição coletiva com curadoria de Matheus Morani, em cartaz simultaneamente nas duas sedes da galeria, no Rio de Janeiro e na capital paulista.

A mostra reúne obras de mais de vinte artistas, brasileiros e estrangeiros de diferentes gerações e regiões, para investigar a noção de diferença e suas relações com as formas pelas quais nos organizamos em comunidade.

Diante de um cenário político global marcado pela polarização e pela intensificação dos discursos de exclusão, “Concordar em Discordar” propõe um espaço de convivência e reflexão, no qual a discordância e a diversidade de perspectivas são compreendidas como princípios fundamentais para a construção da liberdade coletiva. Apresentada pelo curador como parte de uma investigação em processo, a exposição dialoga diretamente com as premissas fundadoras da Gentil Carioca, comprometida desde 2003 com a apresentação de um corpo diverso de artistas e com práticas experimentais que emergem de contextos coletivos. No encontro entre essas múltiplas pesquisas, a mostra propõe, nas duas sedes da galeria, uma reflexão sobre a importância do dissenso na formação de um corpo coletivo, bem como sobre o seu papel transformador na construção de novas formas de organização social.

Abertura São Paulo – Artistas:

Ana Neves, Anis Yaguar, Ayrson Heráclito, João Modé, Kelton Campos Fausto, Luisen Zela-Koort, Manoel Manoel, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Mariana Rocha, Noara Quintana, Novíssimo Edgar, Romain Dumesnil, Vivian Caccuri.

Em exibição:

Rio de Janeiro: até 24 de janeiro de 2026.

São Paulo: até 29 de janeiro de 2026.

 

A Suíte Tropical de Di Cavalacanti.

13/nov

A Galeria Mayer Mizrahi, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura exposição marcando o lançamento da série Suíte Tropical, uma seleção de dez obras de Di Cavalcanti realizadas em serigrafias certificadas pela filha do artista Elisabeth di Cavalcanti, reunidas com o propósito de ampliar o acesso à visualidade intensa e calorosa de um dos grandes nomes da arte brasileira. O conjunto se organiza em torno de temas recorrentes na obra de Di Cavalcanti: o corpo, a festa, o cotidiano, as mulheres, os ritmos da cor e da vida. O título suíte é uma referência à forma musical que evoca uma sequência de movimentos harmônicos, mas também uma expressão que dialoga com a tradição de grandes séries gráficas da arte.

Além de apresentar as serigrafias, a exposição, com curadoria de Denise Mattar, traz textos do artista, uma cronologia ilustrada, vídeo e legendas comentadas que contextualizam as obras selecionadas. Assim o que se oferece ao espectador é uma suíte brasileira, ou melhor, tropical, na qual cada imagem carrega a pulsação de um país reinventado por traço e cor.  Suas figuras não são apenas personagens: são paisagens humanas, sínteses do trópico em sua plenitude sensual e simbólica. A curadora destaca que a exposição proporciona uma experiência de leitura sensível, revelando dimensões da obra do artista ainda pouco acessíveis ao grande público.

Até 13 de dezembro.

 

Dinâmicas do Invisível em Bernardo Mora.

12/nov

Com texto da curadora Denise Mattar, a exposição individual do artista Bernardo Mora será inaugurada na Sergio Gonçalves Galeria, Jardim América, São Paulo, no dia 18 de novembro e permanecerá em cartaz até 06 de dezembro. 

Legitimando a arte óptica e cinética no DNA de sua trajetória como artista visual, Bernardo Mora apresenta um recorte com obras de produção recente, na Sergio Gonçalves Galeria. Suas abstrações rompem com as relações conservadoras existentes e criam novas perspectivas através de texturas, estados ópticos e movimentos, uma exploração da abstração através de ensaios permanentes de movimentos visuais de cor, padrões geométricos, progressões cromáticas, musicalidade rítmica e contrastes.

Arquiteto colombiano formado pela École d’Architecture Paris Val-de-Marne, Bernardo Mora vive e trabalha em Curitiba. Após anos na Europa, retomou a produção artística no Brasil, onde desenvolveu um extenso acervo. Suas experiências em cidades como Caracas, Nova York, Paris e Barcelona ajudaram a aguçar seu olhar. Desde 2015, dedica-se integralmente à arte. A mostra reúne cerca de 15 trabalhos em acrílica sobre tela, sendo alguns polípticos, entre médios e grandes formatos. 

O texto curatorial é assinado por Denise Mattar:

A obra de Bernardo Mora insere-se numa linhagem que pulsa com o desejo de expandir a visão – não apenas como ato de ver, mas como vivência sensível, ativa e transformadora. Formado em Arquitetura pela École d’Architecture Paris Val-de-Marne, Mora migra do projeto construtivo para uma arquitetura de sensações, onde a tela se transforma em campo vibrátil, pulsante, inquieto. Seu vocabulário é marcado por aquilo que ele denomina “abstractocromia lírica”, uma síntese entre racionalidade geométrica e expressão sensível da cor em movimento. Sua poética encontra ressonância na Op-Art, que emergiu com força nas décadas de 1950 e 60, com artistas como Le Parc, Vasarely, Agam e Bridget Riley. O movimento, ao contrário das tradições pictóricas anteriores, que exigiam contemplação passiva, era um convite à participação do espectador, através do uso de  deslocamentos rítmicos, tensões entre figura e fundo e efeitos visuais. Mora herda esse ímpeto de envolver o público, mas vai além: ele musicaliza a geometria, cromatiza o ritmo e oferece à visão uma dança em múltiplas direções. As composições mais recentes do artista, datadas de 2025, como “Geometrias em mutação”, “Tessituras acústicas” e “Vibrações atemporais”, trazem à tona uma maturidade de linguagem e uma pulsação quase transcendentes. A cor não é preenchimento, mas substância viva; a linha não limita, mas vibra; a estrutura não se fecha, mas sugere abertura. São paisagens interiores que se desdobram diante do olhar, como partituras óticas que convocam a uma sinfonia visual. Bernardo Mora, portanto, não apenas habita o território da arte ótica – ele o ressignifica com lirismo, emoção e arquitetura sensorial. Suas obras pedem tempo, presença e entrega. Não se revelam de imediato, mas seduzem pela maestria. Como espelhos do invisível, propõem uma experiência na qual o olho vê, mas também sente. Onde a cor vibra, mas também fala. E onde a geometria deixa de ser cálculo para tornar-se poesia.