Obras retratam figuras históricas e contemporâneas.

06/nov

O MetrôRio inaugurou a exposição “Recortes de Memória”, da artista visual Fátima Farkas, na estação Central do Brasil, em homenagem ao Mês da Consciência Negra. A mostra, com curadoria de Vera Simões, reúne 11 obras que unem fotografia e pintura em uma linguagem contemporânea, propondo uma reflexão sobre a memória e a presença de personagens negros na história do Brasil. As obras retratam figuras históricas e contemporâneas que simbolizam resistência e protagonismo, como João Cândido Felisberto (o Almirante Negro), Rainha Nzinga, Benedito Meia Légua e o arquiteto Diébédo Francis Kéré. 

Fátima Farkas, que começou a carreira no design antes de se dedicar às artes visuais, tem sua produção voltada às questões étnicas e culturais brasileiras, especialmente as ligadas ao Recôncavo Baiano. Em trabalhos anteriores, ela já abordava o apagamento histórico e a valorização das trajetórias negras. A mostra pode ser visitada até 30 de novembro, no corredor de acesso B (Terminal Rodoviário) da estação Central do Brasil, no Centro do Rio, de segunda a sexta-feira, das 7h às 20h.

 

A cor como experiência sensorial.

Pinacoteca de São Paulo, museu da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, anuncia o lançamento de um programa anual de residência artística em parceria com a CHANEL, dedicado a fortalecer e impulsionar as trajetórias criativas de mulheres artistas.

Essa nova iniciativa estreou com a aclamada artista visual Juliana dos Santos (1987, São Paulo, Brasil), cujo trabalho inovador estabelece pontes entre arte e educação. Sua primeira exposição individual em uma instituição, intitulada “Temporã”, foi inaugurada na Galeria Praça, localizada no edifício da Pina Contemporânea, Luz, São Paulo, SP. Anualmente, a residência selecionará uma artista mulher de destaque – atuando em qualquer disciplina ou linguagem -, oferecendo mentoria especializada por meio da rede CHANEL Art Partners e uma plataforma para o desenvolvimento de sua prática artística. O programa inclui também uma exposição individual na Pinacoteca, promovendo visibilidade e apoio fundamentais às vozes criativas femininas.

A prática artística de Juliana dos Santos é marcada pela pesquisa do pigmento azul extraído da flor Clitoria ternatea, que a artista utiliza como lente poética para explorar a cor como experiência sensorial. Sua pesquisa transita entre arte, história e educação, com foco especial nas estratégias desenvolvidas por artistas negras para transpor os limites tradicionais da representação. Para sua exposição na Pinacoteca, Juliana dos Santos amplia sua investigação a outros pigmentos naturais, como a catuaba, a erva-mate e o pau-brasil, criando pinturas vibrantes e fluidas que convidam o público a experimentar a cor de maneira renovada.

“Juliana dos Santos explora os limites da abstração e do tempo. A partir do azul da flor, a artista ancora sua obra na impermanência: o pigmento natural oxida com o tempo, transformando-se diante dos olhos do público. Sua obra é, assim, dinâmica e performativa: ela semeia a cor sobre a superfície pictórica, que então segue seu próprio caminho imprevisível, como um rio que corre e deságua em um oceano de possibilidades”, explica a curadora Lorraine Mendes.

Este programa de residência reflete o compromisso compartilhado entre a Pinacoteca e a CHANEL em fomentar a expressão criativa e amplificar as vozes de mulheres artistas, no Brasil e além.

Até 08 de fevereiro de 2026.

 

Para lembrar da pintora Lucy Citti Ferreira.

A jornalista, pesquisadora e escritora Mazé Torquato Chotil, baseada em Paris, resgata a trajetória da artista plástica Lucy Citti Ferreira, brasileira de formação europeia, cuja obra transita entre São Paulo e a capital francesa. No livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo”, Mazé Torquato Chotil revela uma artista autônoma, sensível e injustamente apagada da História da Arte Brasileira.

A artista plástica Lucy Citti Ferreira viveu entre dois mundos, o Brasil e a França, e construiu uma trajetória singular no Modernismo brasileiro. Nascida em São Paulo, em maio de 1911, passou parte da infância e juventude na Europa, especialmente na França e na Itália, o que influenciou profundamente sua formação estética. Estudou nas escolas de belas-artes francesas e desenvolveu uma produção marcada pela sensibilidade, pelo rigor técnico e por um diálogo constante entre pintura e música.

Apesar de sua formação sólida e da atuação no cenário artístico paulista, foi, por décadas, relegada ao esquecimento. A jornalista e escritora Mazé Torquato Chotil, autora do livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo”, decidiu enfrentar esse apagamento histórico. “Ela era artista tal qual o Lasar Segall”, afirma Mazé Torquato Chotil, referindo-se ao pintor com quem Lucy Citti Ferreira manteve uma relação profissional e afetiva. “Segall dizia: “Ela não era minha aluna, era minha colega de trabalho”.”

Mazé Torquato Chotil explica que o desafio maior foi justamente falar de Lucy Citti Ferreira como artista autônoma, e não como musa ou sombra de Lasar Segall. “Quando ela volta ao Brasil, já era uma pintora formada, com diploma, com experiência europeia. Era uma profissional à part entière, como dizem os franceses.” A autora destaca que a pintura de Lucy Citti Ferreira e Lasar Segall compartilhava influências europeias e que foi (o escritor e figura-chave do Modernismo brasileiro) Mário de Andrade quem os apresentou, reconhecendo afinidades estéticas entre os dois.

A biografia escrita por Mazé Torquato Chotil é também um exercício de justiça histórica, especialmente no que diz respeito à invisibilização das mulheres artistas. “Como muitas outras, Lucy foi esquecida porque era mulher. Pintora, numa época em que isso não era permitido.” A autora lembra que mesmo nomes como Anita Malfatti e Tarsila do Amaral foram “desenterradas” apenas nos anos 1980, após décadas de apagamento.

O trabalho de pesquisa foi intenso. Mazé Torquato Chotil passou dias mergulhada no centro de documentação da Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde Lucy Citti Ferreira deixou um acervo valioso antes de morrer. “Ela fez um testamento do material que tinha – arquivos, cartas, muitas telas – e doou à APAC (Associação de Proteção e Apoio à Cultura), com a condição de que fossem distribuídas a outros museus.” Hoje, obras de Lucy Citti Ferreira estão presentes em instituições como o Museu de Arte Judaica de Paris, o MUnA em Minas Gerais, e até em cidades como Bauru, ampliando o acesso à sua produção.

Ao final da vida, Lucy Citti Ferreira fez questão de doar seu acervo, garantindo que sua obra fosse estudada e preservada. Para Mazé Torquato Chotil, esse gesto é um legado poderoso. “Ela queria que o público brasileiro tivesse acesso à sua arte. E hoje, graças a esse gesto e ao trabalho de pesquisadores, podemos finalmente reconhecer sua contribuição à história da arte brasileira do século 20.”

O livro “Lucy Citti Ferreira: a pintora esquecida do modernismo” se encontra disponível em Paris na Livraria Portuguesa e Brasileira, e no Brasil com distribuição da Editora Patuá.

Fonte: Márcia Bechara.

 

Relação subjetiva e corpórea com a natureza.

05/nov

A Galatea tem o prazer de anunciar a representação da artista Gabriella Marinho (1993, Niterói, RJ), cuja exposição “Gabriella Marinho: rastro luminoso” permanece em cartaz na Galatea Oscar Freire até o dia 08 de novembro. Nessa ocasião, acontecerá a finissage da mostra com uma visita guiada conduzida pela própria artista às 12h.

Gabriella Marinho vive e trabalha em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio de Janeiro e é formada em jornalismo com especialização em Literaturas Africanas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. A artista usa o barro, a argila e a terra como pontos de partida materiais e filosóficos para desenvolver o seu trabalho, mas na mostra em cartaz na Galatea, realiza um projeto centrado na porcelana pela primeira vez.

Experimentando texturas e técnicas que trazem uma bagagem relacionada à identidade afro-brasileira e afro-diaspórica, Gabriela Marinho explora formas orgânicas e abstratas tanto em suas obras escultóricas quanto na pintura que realiza com a terra. A artista combina, assim, uma relação subjetiva e corpórea com a natureza, que ela pesquisa e recolhe nos territórios por onde passa a fim de compor o seu trabalho.

Nos últimos dois anos, Gabriela Marinho participou da residência artística e exposição The Whisper Beneath, em Taipei Artist Village, Taiwan a convite da 01.01 ArtPlatform e da residência artística e open studio em Luanda, Angola, a convite da galeria MOVART. Foi selecionada como uma das dez artistas negras emergentes no Brasil pela MOOC100 e indicada ao Prêmio Pipa em 2023.

 

O tempo e sua presença nas artes visuais.

xposição coletiva com curadoria de Osvaldo Carvalho ocupa a Sala Antonio Berni, do Consulado Geral da Argentina no Rio de Janeiro até 28 de janeiro de 2026.

Pensadores como Santo Agostinho, Kant, Sartre, Einstein e Hans Belting, foram fonte de inspiração para a exposição “ATEMPORAL – como se fosse a primeira vez”, sob curadoria de Osvaldo Carvalho, que propõe uma reflexão poética e filosófica sobre a natureza do tempo e sua presença nas artes visuais contemporâneas.

A mostra reúne 33 artistas que exploram diferentes possibilidades de compreensão de um tempo não linear, mas cíclico – em diálogo com temas como identidade, corpo, território, meio ambiente, ancestralidade, silêncio, deslocamento e pertencimento. As obras refletem sobre singularidades culturais e potencialidades poéticas, evocando “o tempo que não corre debalde, nem passa inutilmente sobre nossos sentidos”, no dizer de Santo Agostinho, e se expande em espiral, interligando passado, presente e futuro, conforme os ensinamentos da própria natureza, ao mostrar que os acontecimentos se repetem, se renovam e se transformam em novas circunstâncias.

Participam da mostra os artistas: Ana Herter, Ana Pose, Carmen Givoni, Chris Jorge, Cris Cabus, Dorys Daher, Edson Landim, Eliana Tavares, Heloisa Alvim, Heloisa Madragoa, Jabim Nunes, Jorge Cupim, Laura Bonfá Burnier, Laura Figueiredo-Brandt, Leila Bokel, Leo Stuckert, Lígia Teixeira, Luís Teixeira, Luiz Badia, Luiz Bhering, Marcelo Rezende, Márcia Clayton, Mario Coutinho, Mario Camargo, Osvaldo Carvalho, Osvaldo Gaia, Priscilla Ramos, Raquel Saliba, Regina Hornung, robson mac3Do, Rosi Baetas, Sandra Gonçalves e Sandra Schechtman.

Os trabalhos selecionados abordam temas como identidade, corpo, território, ancestralidade, meio ambiente, silêncio, deslocamento e pertencimento, estabelecendo um diálogo sensível entre memória e atualidade. São obras que ultrapassam seu contexto histórico, preservando força estética e simbólica ao longo do tempo e comunicando-se com diferentes gerações e sensibilidades.

“O projeto parte da premissa de que o tempo, mais do que uma sequência cronológica, constitui uma dimensão de expansão e retorno – um campo em espiral onde passado, presente e futuro se entrelaçam continuamente. Nesse percurso, ATEMPORAL questiona a própria História da Arte, ecoando o pensamento de Hans Belting, que situa o museu de arte contemporânea como um espaço de disputas entre o passado e o porvir, onde se apresenta não apenas a arte de hoje, mas também as ideias que moldam nossa compreensão histórica”, afirma o curador Osvaldo Carvalho.

ATEMPORAL parte do princípio de que a arte tem o poder de transmitir emoções, provocar o espectador e nele ressoar profundamente – independentemente da época em que foi concebida. Ao tratar de temáticas e sentimentos humanos universais, reafirma o caráter duradouro e transformador da criação artística. Sua mensagem não se deixa afetar pela passagem dos anos: permanece viva, inspirando e sensibilizando o público. A cada novo encontro, renova-se o olhar e a experiência — como se fosse a primeira vez.

 

Recorte da produção da artista Silvia Mecozzi.

04/nov

Olsen K e Galeria Lica Pedrosa, Higienópolis, São Paulo, SP, convidam para um recorte da produção da artista Silvia Mecozzi no dia 06 de novembro das 14 às 20h. 

Silvia Mecozzi nasceu em 1956, São Paulo, SP. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Silvia Mecozzi é criadora de vários caminhos em sua produção artística. Explora variados suportes e técnicas que vão da gravura em metal, à escultura em pedra, até a vídeo-arte. Formada em artes visuais pela Faculdade Armando Álvares Penteado (FAAP) em 1981. Sua primeira individual, organizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1994, quando recebeu o prêmio Revelação de Pintura da APCA.

A artista se apossa de inúmeros materiais da indústria, como também de materiais naturais; peles, pedras, ossos, ouro, chumbo, cobre. Seu ponto de partida é o corpo, partes do corpo, fluxos do corpo, abstrações e proximidades. Ao longo do seu percurso, Silvia Mecozzi construiu uma trajetória focada nas raízes humanas e atualmente seu trabalho discute questões a respeito da emblemática relação entre a materialidade do corpo vivo e da terra.

Em 2005 apresentou “ouriças” na Estação Pinacoteca (São Paulo) e em 2007 realizou individual na Galerie Sycomore Art, em Paris. Em 2009 integrou a mostra “libérer l’horizon, reinventer l’espace” na Cité Internationale des Arts (Paris), e expôs  a vídeo-instalação “olódòdó”, no Museu de Arte Moderna da Bahia (Salvador).

Participou também de inúmeras  exposições coletivas desde a década de 1990 entre elas “O Traje como Objeto de Arte”, no Palácio das Artes em Belo Horizonte e na Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa, ambas em 1990; e “Viagens e Identidades” (United Artists V), na Casa das Rosas em 1999. Entre 2000 e 2008, além de exposições coletivas,  como “Ópera Aberta”, na Casa das Rosas em 2002, e “Natureza Morta/Still Life”, na Galeria de Arte do Sesi. Expos individualmente no Museu de Arte do Rio Grande do Sul, MARGS, em Porto Alegre, RS; e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, integrou “Arte Contemporânea, uma Historia em Aberto” em 2004, assim como as exposições “Transparências” em 2007 e “Entre o Plano e o Espaço” em 2008, organizadas pela Galeria Raquel Arnaud.

 

À sombra do pó das estrelas.

(Under the Shadow of the Dust of the Stars)

À sombra do pó das estrelas, individual de Amilcar de Castro inaugura no dia 08 de novembro na Almeida & Dale, Vila Madalena, São Paulo, SP. A natureza cósmica dos materiais que fundamentam a poética do artista, considerado um dos pilares da escultura contemporânea brasileira, guia a exposição curada por Cristiano Raimondi. Realizadas entre 1970 e 1990, as obras apresentadas revelam a multidisciplinaridade de Amilcar e a formação de seu universo criativo.

Conexões entre escultura, pintura e espectador são estabelecidas na mostra, que destaca a correlação entre os processos pictóricos e escultóricos do artista. Cristiano Raimondi convida o público a “interpretações alegóricas e filosóficas” da abstração e geometria características da obra de Amilcar de Castro, marcada pela presença do tempo como fenômeno visível e invisível.

Até 10 de janeiro. 

 

La sombra eléctrica de las cosas.

03/nov

“Machintla, La Sombra Eléctrica de las Cosas”, é o título da primeira exposição individual de Abraham González Pacheco – nascido em San Simón el Alto, México, 1989 – no  Brasil. Em exibição na Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, reúne escultura, desenho e pintura em uma investigação sobre história material, arqueologia e transformação cultural. Ao reelaborar os códigos visuais e os signos sociais da história mexicana, a prática de González Pacheco desestabiliza a tradição – do muralismo e suas implicações políticas à iconografia pré-hispânica e suas associações rituais – abrindo caminhos para imaginários especulativos.

A mostra apresenta obras realizadas com materiais de construção, como concreto, sob imagens de seres híbridos, paisagens e ícones. O artista inicia o processo aplicando pigmentos sobre uma superfície plana para definir formas e contornos iniciais. Tampas de garrafa são então posicionadas ao redor da composição para sustentar uma grade metálica levemente elevada, criando um pequeno vão entre as duas camadas. O concreto é derramado nesse espaço e, ao endurecer, absorve os pigmentos e as formas subjacentes. O resultado não é uma pintura no sentido tradicional: as imagens emergem da interação material entre pigmento e concreto. Evocando pinturas murais antigas e, ao mesmo tempo, inserindo-se nas texturas urbanas contemporâneas, esses objetos enigmáticos – construídos com sucata metálica e ferragens industriais – ampliam o diálogo do artista com a matéria e a construção, revelando os entrelaçamentos entre ruína e possibilidade. Ao colocar monumento e precariedade em tensão constante, González Pacheco desenvolve uma linguagem formal que desafia narrativas canônicas e insiste em futuros alternativos. Sua obra reformula os resíduos da história não como relíquias estáticas, mas como agentes ativos na construção de sentido no presente. Dessa forma, a exposição articula uma visão artística profundamente enraizada no patrimônio cultural do México, ao mesmo tempo em que se engaja em conversas globais sobre memória, visualidade e identidade coletiva.

Entre as exposições recentes de González Pacheco estão Monopolítico Suspendido (Nuestras nuevas ruinas), Museo Experimental El Eco, Cidade do México, México (2024); La lumbre de las serpientes, Espacio Doble A, Toluca, México (2022); e Texcal, Machete Galería, Cidade do México, México (2022). O artista também participou das mostras coletivas Plaza pública, Centro de Creación Contemporánea de Andalucía (C3A), Córdoba, Espanha (2025); Otrs Munds, Museo Tamayo, Cidade do México, México (2025); Histórias Indígenas, Kode Bergen Art Museum, Bergen, Noruega (2024); e MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, São Paulo, Brasil (2023).

Até 24 de janeiro de 2026.

 

Artistas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage.

O Espaço de Arte Contemporânea Portão Vermelho, localizado na Fábrica Bhering, abrirá no sábado, dia 8 de novembro, a exposição “Pulsão /in/ Possível”. A mostra coletiva reúne obras de 22 artistas da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV): Ad Costa, Ana Júlia Rojas, Ana Regal, Benjamin Rothstein, Camila Tavares, Carlos Martelote, Fernanda Rosa, Jeff Seon, Karla Biery, Leo Stuckert, Luana Gomes, Moshe de Leon, Pedro Rangel, Peu Mello, Rodrigo Ajooz, Tatiana Coelho, Teka Mesquita, Thaís Ravicz, Tomie Savaget, Vitor Viana, Virna Santolia e Zilah Garcia.

As obras são multimeios, variando desde pinturas de menor porte para esculturas de tecido de tamanho significativo, a potência artística dessa exposição residindo na diferença entre trabalhos e sua variedade de suportes.

Com orientação de André Sheik e Daniele Machado e curadoria coletiva do corpo discente da instituição, a mostra explora o processo de pesquisa artística não somente enquanto objeto a ser discutido, mas como possibilidade no campo artístico, abrindo entrelugares e deslocando a ideia de genialidade do artista, da masterpiece: a experimentação abre uma fresta pela qual a pesquisa é não só parte, mas o trabalho em si. Esgarçando o conceito de liberdade, autonomia e a importância do espaço independente na crítica de Mário Pedrosa, a equipe de curadoria pensa essa exposição a partir do exercício de experimentação de liberdade dos artistas como Lugar.

“O meio século de vida da EAV é resultado sempre do futuro, do respeito ao lugar sagrado da autonomia, da experiência e do aprendizado ante qualquer papel, que sempre retornaram para construir a História. Os curadores e artistas aqui reunidos, junto ao Portão Vermelho, manifestam a liberdade, sem a qual a arte não pode existir. Fiquem de olho nesses nomes.” Daniele Machado.

“Para nós, o processo de pesquisa é muito mais interessante que a ideia de produto final, pois é no processo que reside o território de experimentação, da tentativa e erro e todos esses fatores sendo abraçados e convergidos em obra. Juntamente da discussão sobre os próprios trabalhos, a ideia de Pulsão /in/ Possível reflete também o valor da troca durante as trajetórias dos artistas”.

Debora Pitasse, Fernanda Rosa, Guilherme Santana, Lua C, Souza Teodoro – Equipe Curatorial.

 

Curadoria de Paulo Herkenhoff e Ailton Krenak.

A FGV Arte, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição”Adiar o fim do mundo”, com curadoria de Paulo Herkenhoff e Ailton Krenak, pensador indígena, escritor e ativista ambiental, membro da Academia Brasileira de Letras e uma das vozes mais influentes do pensamento contracolonial contemporâneo. Coincidindo com o período da COP 30, a mostra articula arte, ecologia e filosofia emtorno de um enunciado que é, ao mesmo tempo, uma advertência e um convite: adiar o fim do mundo é reinventar o presente.
Inspirada na produção e no pensamento de Ailton Krenak, a exposição reúne mais de 100 obras de diferentes períodos e contextos culturais, com técnicas e suportes que abordam as urgências da crise ambiental, o legado do colonialismo, o racismo estrutural e os modos de resistência dos povos originários e das comunidades tradicionais. Mais do que uma metáfora, “Adiar o fim do mundo” é uma proposição estética e política que entende a arte como instrumento de reencantamento do mundo e de reconstrução das relações entre humanos e natureza.
“Não se trata de uma exposição sobre o fim, mas sobre a continuidade da vida”, afirma Paulo Herkenhoff. “A arte aqui é compreendida como um território de insurgência e imaginação, capaz de propor novas alianças entre corpo, natureza e espírito. O diálogo com Krenak nos convida a repensar o lugar da arte dentro de uma ecologia da existência.”. “Enquanto insistirmos em olhar o planeta como um objeto a ser explorado, seguiremos acelerando o colapso. A arte, ao contrário, nos chama a ouvir a Terra e a reconhecer que ela também sonha, sente e fala.”
Entre os nomes reunidos pelos curadores estão Adriana Varejão, Alberto da Veiga Guignard, Aluísio Carvão, Anna Maria Maiolino, Anna Bella Geyger, André Venzon, Ayrson Heráclito, Berna Reale, Camille Kachani, Cildo Meireles, Claudia Andujar, Evandro Teixeira, Fernando Lindote, Hélio Oiticica, Ivan Grillo, Jaider Esbell, Jaime Lauriano, Marcos Chaves, Nádia Taquary, Niura Bellavinha, pajé Manoel Vandique Kaxinawá Dua Buse, Rodrigo Braga, Romy Pocstaruck,  Sandra Cinto, Sebastião Salgado, Siron Franco, Thiago Martins de Melo, Tunga e muitos outros. A coletiva inclui também 11 obras comissionadas, concebidas especialmente para a mostra, dos artistas Cabelo, Cristiano Lenhardt, Daniel Murgel, Ernesto Neto, Hugo França, Keyla Sobral, Rosana Palazyan, Rodrigo Bueno, Souza Hilo e do coletivo de artistas indígenas Apinajé.
A mostra permanecerá em cartaz até 21 de março 2026.