Ozi, 35 anos de Street Art

17/ago

 

 

 

Artista pioneiro do graffiti, Ozi expõe obras que remontam a história da Street Art no Brasil. O Ministério do Turismo, Secretaria Especial da Cultura, Governo do Estado de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e Museu da Cidade de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, apresentam “Ozi Stencil – 35 anos de Street Art”, sob a curadoria de Marco Antonio Teobaldo. Com mais de 100 trabalhos nos mais variados suportes – tapumes, telas, madeiras, metais, objetos de uso doméstico, latas de spray e outros itens – utilizados por Ozi em sua trajetória de décadas – pinturas, esculturas, readymades – a mostra preenche todos os espaços do casarão da Chácara Lane, à Rua da Consolação, 1024.

 

 

“A ocupação de cada andar do museu terá uma obra em grande formato, com o propósito de trazer o mesmo impacto que os trabalhos do artista causam nas ruas da cidade”, diz o curador.

 

 

A parceria de doze anos entre artista e curador torna possível apresentar um importante recorte de inventário de parte valiosa da história da Street Art brasileira, com documentos, registros fotográficos, documentários, estudos e obras de Ozi, que datam desde a década de 1980 até o período atual, com trabalhos mais recentes e inéditos.

 

 

“Esta exposição proporciona uma viagem nas mais de três décadas de trabalho do artista, na qual é possível perceber as variadas formas de aplicação do estêncil, sem deixar de se conectar diretamente com a sua atuação nas ruas”, explica Teobaldo.

 

 

Além desses trabalhos, com “Alices”, “Shirleys” e “Monalisas”, será exibido um conjunto de matrizes de estêncil dos itens mais emblemáticos da carreira do artista, criados entre 1984 e 2015. Estarão expostas matrizes originais dos trabalhos da série “Museu de Rua”, com referências a artistas como Anita Malfatti, Van Gogh, Di Cavalcanti, Roy Lichtenstein e Picasso. A biografia do artista é apresentada em dois vídeos que reúnem depoimentos do artista e de parceiros de trabalho. Do acervo de documentação pessoal, são exibidas imagens históricas dos primeiros grupos de grafiteiros e suas intervenções em São Paulo.

 

 

A Street Art no Brasil surgiu em meados dos anos de 1970, em São Paulo, durante o período da ditadura militar, com Alex Vallauri, que reuniu outros artistas como Carlos Matuck, Waldemar Zaidler e Hudinilson Jr., e posteriormente John Howard, Júlio Barreto, Ozi, Maurício Villaça e o Coletivo Tupy não Dá. Esse grupo trouxe a arte para as ruas e escreveram parte importante da história da cena urbana brasileira, dentre eles Ozi.

 

 

 “Inserido naquela atmosfera libertária e precursora, Ozi viu a oportunidade de criar livremente, lançando mão de recursos da sua formação publicitária para produzir um repertório fascinante, privilegiando a cultura Pop que desde então, não tem aliviado ninguém em suas críticas inteligentes e repletas de bom humor”, explica o curador.

 

 

Em 1984, Mauricio Villaça abriu as portas de sua casa, transformando-a na galeria Art Brut, que se constituiu em um espaço da cena underground da época e acolheu artistas visuais e performáticos, poetas e toda sorte de visitantes atraídos por aquela nova forma de pensamento artístico. Foi a partir do encontro destes artistas, que se iniciou uma série de intervenções e ações públicas na capital paulistana, que fariam história na constituição do graffiti brasileiro.

 

 

“Com essa mostra, será possível passar um olhar tanto na produção de estúdio, como em minha atuação pelos quatro cantos da cidade, como artista de arte urbana” define Ozi.

 

 

Sobre o artista

 

 

 Ozi, Ozéas Duarte nasceu em 1958, São Paulo, SP. Paulistano, faz parte da primeira geração do graffiti brasileiro, quando na década de 1980 iniciou suas primeiras intervenções urbanas, junto com Alex Vallauri e Maurício Villaça. Desde então, vem desenvolvendo sua pesquisa sobre a técnica de estêncil, criando suas obras a partir de uma estética Pop. Durante sua trajetória profissional, participou de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil e exterior. Seus trabalhos figuram em publicações nacionais e estrangeiras. O artista nunca parou de estudar e hoje é pós-graduado em História da Arte pela FAAP. A ligação de Ozi com Vallauri se transformou recentemente em uma homenagem, com o projeto MAR – Museu de Arte de Rua, da Secretaria Municipal de Cultura, com a pintura de mais de 30 metros de altura em uma empena de um prédio, na altura da Praça Princesa Isabel, com um dos personagens mais icônicos de Alex Vallauri, a “Rainha do Frango Assado”.

 

 

Sobre o curador

 

 

Marco Antonio Teobaldo nasceu em 1958, Curitiba, PR. Jornalista, curador e pesquisador. Mestre em Curadoria e Novas Tecnologias pela Universidad Ramón Llull, de Barcelona, Espanha. Desde 2007, vem trabalhando como pesquisador e curador de Artes Visuais, com especial atenção à Street Art. Junto com o artista visual Eduardo Denne, idealizou o Parede – Festival Internacional de Pôster Arte, em 2008 e 2010, no Rio de Janeiro, que reuniu em sua última edição 175 artistas de diferentes partes do mundo. Atualmente, Marco Antonio Teobaldo dirige a Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea (Região Portuária do Rio de Janeiro), situada em um dos mais importantes sítios arqueológicos da Rota dos Escravos (Unesco), onde realiza propostas curatoriais com artistas brasileiros, reunindo mídias tradicionais (pintura, desenho e escultura), fotografia, novas tecnologias (vídeo, arte sonora e arte digital), arte urbana e performance. É também curador residente do Museu Memorial Iyá Davina, na Baixada Fluminense, com exposição permanente sobre a história e memória do candomblé no Rio de Janeiro, por meio de uma rara coleção de objetos sagrados e documentos que datam desde o final do Século XIX, até a década de 1980.

 

 

O MCSP/Chácara Lane

 

 

O Museu da Cidade de São Paulo é um complexo cultural museológico, composto por uma rede de treze edificações históricas, construídas entre os séculos XII e XX, distribuídas nas várias regiões do território. Propõe por meio de seus acervos e exposições, se consolidar como um espaço de reflexão que tem como objeto permanente de estudo a cidade de São Paulo, no qual o indivíduo possa conhecer sobre a diversidade e especificidade da maior cidade do hemisfério sul.  A Chácara Lane é uma das edificações históricas e é remanescente de uma antiga chácara paulistana construída no final do século XIX e uma importante referência histórica para a memória dos assentamentos urbanos na cidade. Naquele final de século os moradores mais abastados possuíam, além da sua moradia no núcleo urbano central, chácaras localizadas em áreas próximas do centro da cidade ou nos seus arrabaldes para o lazer familiar. Desde 2012, abriga o programa curatorial Gabinete do Desenho, que busca apresentar o esboço como raciocínio criativo.

 

 

Produção Executiva: NU Projetos de Arte – Nathalia Ungarelli

Coordenação de produção: Heloisa Leite

Governo Federal, Prefeitura de São Paulo, Secretaria Municipal de Cultura – ProAC Expresso/Lei Aldir Blanc

 

 

De 21 de Agosto até 19 de Setembro.

 

O cigarro “Marca Diabo” em exposição

16/ago

 

 

Simões Lopes Neto e o cigarro “Marca Diabo” ganham exposição na Biblioteca Pública do Estado. Lançado em 1901, o cigarro é um dos empreendimentos mais originais do escritor. A Biblioteca Pública do Estado do Rio Grande do Sul (BPE), umas das instituições pertencentes à Secretaria de Estado da Cultura (Sedac), convida para a exposição “Simões & Cia.: os 120 anos do cigarro Marca Diabo”.

 

A mostra integra a programação comemorativa aos 150 anos da Biblioteca e pode ser vista até 27 de agosto, das 10h às 17h, com entrada franca. Faz parte da instalação a projeção do vídeo documentário “Diavolus Registrada: 120 anos da “marca diabo” de Simões Lopes Neto”, de autoria de Emerson Ferreira. Com curadoria de Cláudia Antunes – jornalista, pesquisadora e servidora da BPE, e vídeo documentário e design de Emerson Ferreira – artista visual e designer, o projeto conta a história deste que é um dos empreendimentos mais curiosos do escritor João Simões Lopes Neto (1865 – 1916): o cigarro Marca Diabo.

 

 

A mostra foi pensada em dois ambientes: no primeiro haverá uma instalação de uma tabacaria do século XIX, com vários artigos de fumo e cigarros do Rio Grande do Sul, de 1900. Para isso, foi feita uma pesquisa sobre marcas de cigarros da época existentes em Porto Alegre, Rio Grande e Pelotas. As embalagens serão reproduzidas e expostas, assim como tudo que envolve o universo do “Diavolus”, descrito nos jornais da época. No segundo ambiente estarão as fontes originais, pertencentes a colecionadores particulares e aos acervos do Museus Julio de Castilhos e do Arquivo Histórico do Rio Grande do Sul, também pertencentes à SEDAC, em um exercício de transversalidade institucional. Morgana Marcon, diretora da Biblioteca, explica que “… a Biblioteca Pública possui no seu acervo os originais do teatro e as primeiras edições das obras de Simões. Esse projeto irá complementar a sua biografia, dando a oportunidade de mostrar ao público uma outra face do escritor, ainda desconhecida. Para a secretária da Cultura, Beatriz Araujo, “…a exposição é um exemplo de cooperação das instituições que integram a Sedac, no esforço de difundir a cultura do nosso Estado.”

 

 

Visitação

 

 

Para que o público possa aproveitar a exposição, além das práticas usuais de segurança, como uso de álcool gel, máscaras e distanciamento, a entrada será controlada para evitar aglomerações. Visitas guiadas podem ser agendadas pelo e-mail agendamento.bpe@gmail.com ou pelos telefones (51) 3224-5045 / 3225-9426 e WhatsApp: (51) 985949135. A Biblioteca Pública está localizada no Centro Histórico de Porto Alegre (Rua Riachuelo, 1190) e funciona de segunda a sexta, das 10h às 17h.

 

 

O cigarro Diavolus

 

 

Há exatamente 120 anos era anunciada na imprensa pelotense a venda dos cigarros Diavolus, da fábrica de fumo Simões & Cia. O cigarro trazia estampada a figura de um diabinho, em contraste com as marcas da concorrência, todas com nomes de santos. Em 1901, a firma Simões & Cia inaugurou a fábrica de fumos e cigarros Marca Diabo. A fábrica produzia os cigarros União Gaúcha, General Osório, Dr. Berchon, Clube Caixeiral, Macanudos, Coió e Mirim e anunciava “fumos crespos e caporais, em pacotinhos e frisos nos cabeços”, com reclames nos jornais de Pelotas. O cigarro durou apenas cinco anos. Mesmo com vida curta, a marca Diavolus participou de diversas exposições nacionais e estrangeiras, chegando a levar a medalha de prata, em 1904, na exposição internacional de Saint Louis, nos Estados Unidos. Quando o cigarro saiu de circulação, em 1906, o estoque de tabaco foi utilizado para desenvolver o carrapaticida Tabacina, que duraria até 1912. João Simões Lopes Neto é o escritor mais conhecido da literatura regionalista e é considerado um dos maiores autores do Rio Grande do Sul. Natural de Pelotas/RS, recebeu o reconhecimento da crítica e do público por sua obra literária, lembrada, principalmente, pelos livros “Contos gauchescos” (1912) e “Lendas do Sul” (1913). O que poucos sabem é que a criação literária só se manifestou nos seus últimos anos de vida. Antes disso, era conhecido na cidade pelos textos jornalísticos e teatrais e por seus vários projetos cívicos, comerciais, industriais e empresariais. A criação do cigarro Marca Diabo, em sintonia com a modernidade urbana do seu tempo, foi um empreendimento ousado e pitoresco da época que acabou se tornando parte do folclore do seu criador.

 

 

Carlos Mélo na Galeria Kogan Amaro

 

 

O artista multimídia Carlos Mélo reflete sobre o Nordeste em exposição inédita na Galeria Kogan Amaro. Obras em diferentes suportes utilizam-se de jogos de imagens e palavras para desmontar o estereótipo da região brasileira. As flexões semânticas são características marcantes no trabalho processual de Carlos Mélo. É a partir delas que o artista articula e ativa determinados assuntos, como a questão do lugar, especificamente o Agreste e o Nordeste, locais investigados pelo artista na exposição “Transes, rituais e substâncias”, cartaz da Galeria Kogan Amaro, Jardim Paulistano, São Paulo, SP.

 

 

Pinturas, fotografias, esculturas, desenhos e painel de neon são alguns dos suportes do conjunto de 16 obras inéditas exibidas na mostra. Em comum, elas buscam desfazer a ideia de nordeste, construindo um novo campo simbólico. “Todo meu trabalho artístico em torno das questões do nordeste tem como objetivo desmontar o estereótipo do Nordeste como o lugar com determinada comida, um sotaque determinado e com o chão rachado. A minha perspectiva é de uma região contemporânea, industrial e tecnológica, aonde as questões se dão a partir de uma realidade que não depende necessariamente da localização geográfica, mas sim de um campo simbólico.”, explica o artista.

 

 

Três esculturas têxtis da série “Overlock”, apontam para a forte produção da indústria de jeans no Agreste do Pernambuco. As obras são produzidas com diversos tecidos produzidos artesanalmente por uma cooperativa de costureiras que utilizam resíduos de fabricas de confecções. As esculturas criam uma forte referência às golas do maracatu, a mantos cerimoniais, e trazem uma reflexão em torno da modelagem e customização (paetês e spikes) das confecções de jeans na indústria no interior do estado.

 

 

Durante o período em que se aprofundava sobre a indústria têxtil, Carlos constatou o número crescente de motos com a finalidade de transporte de mercadoria, tanto no agreste, como no interior do Brasil, além do grande número de motoboys na cidade devido à pandemia. O resultado é a escultura com capacetes “Cascos”, produzidas com resíduos de capacetes em desuso pelos motoboys de Itu onde o artista residiu e coletou em cooperação com a Associação de Motoboys da cidade.

 

A série “Abismos” apresenta três autorretratos que carregam referências ao Nordeste. Em um deles, a figura com cabeça de carranca, cria uma forte relação com as mitologias do Rio São Francisco e seus projetos de transposição representado com a cabeça de uma carranca, em outro desenho o homem parece flutuar coberto de ossos bovinos carregando entres as mãos um ramalhete de flores, e a terceira imagem traz um corpo barroco onde é possível notar um conjunto de ossos, capacete e flores sobre parte do corpo vestido com uma calça jeans.

 

 

Uma série de fotografias e um backlight, advindos de uma performance de longa duração compõem a série “Sapukaia” (ave que grita ou galinha, no vocabulário tupi). Nela, o artista aparece vestido com um paletó em meio a uma paisagem com galinhas vivas sobre o seu corpo. “Os meus trabalhos artísticos ocorrem a partir do ritual e do transe. Eles surgem a partir da ativação deste lugar, deste território. No caso, este trabalho ativa novos campos simbolistas em meio ao impacto cultural e ambiental causado pela presença das indústrias na região.”, pontua Carlos Mélo.

 

 

Texto curatorial

 

 

Carlos Melo é uma invenção de si mesmo. Artista, humanista, escritor e poeta. Pernambucano, estudioso, de fala branda. Carlos é uma fera! Conquistou prêmios, bolsas e reconhecimentos públicos. Seu trabalho fala com as vísceras. Essa exposição revela uma parte da sua obra. Desenhos, pinturas, fotografias, esculturas, vídeos e performance. Tudo para nos fazer sentir o gosto da sua terra. Carlos incorpora mitos e tradições religiosas em sua poética visual. Retomando ritos e costumes dos povos originários. Carlos é um pesquisador e desbravador da nossa língua. Expandindo significados e interpretações. Carlos Melo é um artista completo. Dos pés a cabeça. Seu legado é uma esfinge. Tenho muito orgulho e admiração pelo seu trabalho e pela nossa amizade.

 

 

Marcos Amaro – julho de 2021

 

 

Sobre o artista

 

Riacho das Almas, Pernambuco – Brasil, 1969.
Carlos Mélo é um artista plástico brasileiro, nascido em Permanbuco, uma região formada por uma cultura complexa vista por várias nações africanas, algumas tribos indígenas e europeias de origem Moura. Seus trabalhos passam por vídeo, fotografia, desenhos, instalação, escultura e performance, em uma investigação do lugar que o corpo ocupa no mundo. Através de anagramas e ações de performance, o artista aborda imagens e palavras praticando o contorcionismo semântico. Busca convergir o corpo em situações de interação com o ambiente e imagens conceituais que sugerem que seja definido de forma relacional, operando simultaneamente um resgate de aspectos da formação cultural brasileira. Para Suely Rolnik, “a obra de Carlos demarca um território, ou melhor, o estabelece. Como nos animais, isso é feito por meio de dispositivos sempre ritualizados, que são, sobretudo, ritmos. No entanto, diferentemente dos animais. Aqui, o ritual e seu ritmo mudam constantemente; são inventados a cada vez, dependendo do ambiente em que são feitos e do campo problemático que procuram enfrentar, para isso o artista se instala na imanência do mundo, aos pés do real vivo, apenas apreensível pelo carinho.”

 

 

Idealizou e realizou a 1ª Bienal do Barro do Brasil, Caruaru (2014). Participou de exposições coletivas como a 3ª Bienal da Bahia, Salvador (2014); No Krannert Art Museum, Universidade de Illinois, Champaign, EUA. (2013); No Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães, Recife (2010 e 1999); No Itaú Cultural, São Paulo (2008, 2005, 2002 e 1999); Entre outras. Exposições individuais foram realizadas na Galeria 3 + 1, Lisboa, Portugal (2010); No Paço das Artes, São Paulo (2004); E na Fundação Joaquim Nabuco (Recife, Brasil, 2000). Foi vencedor do Prêmio CNI SESI Marcantonio Vilaça de Artes Plásticas (2006). Vive e trabalha em Recife.

 

 

Arte andina

13/ago

 

 

A exibição de “Nosso Norte é o Sul” tem como ponto de partida peças têxteis produzidas pelas culturas Inca, Huari e Nazca, na região dos Andes – que hoje abrange os territórios do Equador, Peru, Bolívia e Chile – relacionando-as à experimentação de formas geométricas das vanguardas do século XX e por diversos artistas contemporâneos na América Latina. São têxteis andinos, além de cerca de 30 artistas, que exploram a relação entre arte e ofício, apresentando um panorama da arte em nosso continente desde o período pré-colombiano até os dias de hoje. A coletiva apresenta textos críticos de Paul Hughes e Tiago Mesquita, e acontece de 21 de agosto a 23 de outubro de 2021, na galeria Bergamin & Gomide, localizada à Rua Oscar Freire, Jardins, São Paulo.

 

 

Na Casa Flávio de Carvalho

 

A mostra “Maria Lira Marques: Obras recentes”, com texto crítico do curador Rodrigo Moura, apresenta pinturas em que a artista utiliza o barro como matéria prima, criando um imaginário próprio da fauna e flora sertaneja; o resultado são obras que se destacam pela textura orgânica, cuja paleta de cores remete às técnicas desenvolvidas ao longo de gerações no Vale do Jequitinhonha, local onde nasceu e vive até hoje. A exposição acontece de 21 de agosto a 23 de outubro, na Casa Flávio de Carvalho, Alameda Ministro Rocha Azevedo, 1052, Jardins, São Paulo, SP.

 

Os “Portais do Ser” de Rosa de Jesus

 

 

Aos 92 anos, a poética visual de Rosa de Jesus, mostra-se pela maneira como a artista lida com as cores para instaurar percepções cromáticas e existenciais. Em “Portais do Ser”, individual que apresenta, a partir do dia 26 de agosto, no Centro Cultural Correios RJ, as tonalidades e as formas apontam para um mundo com um equilíbrio próprio. A curadoria é de Elizabete Motta.

 

 

Cerca de 35 obras de médios e grandes formatos, utilizando técnica mista, foram reunidas em três séries, acentuando a importância de cada imagem individualmente e o diálogo entre elas. A série “Portais”, com a predominância do branco, passa a sensação constante da possibilidade real da arte conduzir através de novos mundos. A tinta parece abrir caminhos para outra dimensão. Em “Blue”, naturalmente, é o azul que predomina, mas ele não se apresenta plácido. Surge com toda força e energia de maneira dinâmica, em explosões de cor e movimento, algumas vezes mesclado com outras como o vermelho que surge com intensidade plena na série “Red”.

 

 

“Minha percepção ultrapassa o cotidiano e ganha uma dimensão existencial. Aquilo que parece arder é a nossa própria jornada vivencial. Cada um está marcado pela sua própria dificuldade de existir. Assim, vou erguendo minha ‘escrita plástica’, analisa a artista.

 

 

A palavra da curadora

 

 

“A artista oferece, tanto nas formas diluídas, quanto na intensidade das cores, uma expressão visual própria. Cada obra traz um repertório que inclui as experiências anteriores e a busca interna por novas respostas. Isso inclui o desenvolvimento da própria técnica e a construção de visões internamente coerentes. O que elas possuem em comum é a expressividade na forma de lidar com a existência”.

 

 

Sobre a artista

 

 

Rosa de Jesus nasceu em Portugal, na cidade do Porto, no ano de 1929, formou-se em design de moda, e imigrou com a família para o Brasil em 1957, fixando residência no estado do Rio de Janeiro. Em 1981, mudou-se para a cidade de Niterói. Na juventude, dedicou-se ao desenho de moda, até que sua inquietude e sensibilidade levaram-na aos caminhos da pintura como forma de expressar seus sentimentos. Tece estruturas sobre as quais se expande a imaginação. Ponto de encontro e tensão são ambos compatíveis com a atitude solitária e reflexiva da artista.

 

 

Até 09 de Outubro.

 

Coletiva de Arte naïf

11/ago

 

A Galeria BASE, São Paulo, SP, abre a exposição “Eles já estavam aqui”, com curadoria de Paulo Azeco e coordenação artística de Daniel Maranhão, exibindo, aproximadamente, 50 obras. Os trabalhos apresentados possuem um pluralismo de cores e formas, composições e olhares de artistas nativos dos mais distintos cenários brasileiros. “Sem nos atermos às discussões de nomenclaturas da Arte “dita” popular, como ingênua, espontânea, naïf ou não erudita, nos apraz apresentar um conjunto potente, extenso e, sobretudo, plural”, explica Daniel Maranhão.

 

 

Os artistas selecionados

 

 

“são indivíduos cuja criatividade espelha um viver assumido, onde a imaginação reintegra e reinventa os objetos do existir. (…..) O fazer artístico, como processo vital ligado a condição humana, encontra nos artistas dessa exposição seus canais amplificadores, onde a partir da sabedoria e das experiências herdadas, transcendem o ato do simples fazer alcançando o “Sonho”, como na frase de Ferreira Gullar (‘a arte existe porque a realidade não basta… O que eu quero é sonho’)”, define o curador.

 

Foram reunidas obras importantes, entre pinturas e esculturas, de nomes como Agnaldo dos Santos, Artur Pereira, Conceição dos Bruges, Chico da Silva, GTO, José Antônio da Silva, José Bezerra, Lorenzato, Maria Auxiliadora, Mestre Guarany, Mestre Nuca, Mirian, Nino, Nhô Caboclo, Poteiro, Ranchinho, Véio, acrescido de Rubem Valentim, que representam o que há de maior destaque.

 

 

Como um presente adicional ao público, a mostra apresenta um recorte de uma valiosa coleção particular, resultante de décadas de aquisições feitas sob o olhar apurado de seu proprietário, cujo projeto é criar um museu para receber o conjunto completo. Possivelmente, essa será uma das últimas oportunidades de se admirar essas obras antes que elas sejam alocadas no novo espaço.

 

 

Em relação aos artistas da mostra

 

 

“São subversores inconscientes de um padrão tanto de processo quanto de criação e por isso sua potência merece ser vista e pensada como força motriz essencial para a formação de uma identidade cultural verdadeiramente Brasileira”, conclui Paulo Azeco.

 

A Galeria BASE cumpre todos os protocolos sanitários determinados pelas autoridades competentes referentes a COVID 19.

 

 

Até 18 de Setembro.

 

 

Exposição virtual de Floriano Romano

 

 

 

Foi inaugurada no dia 10 de agosto a exposição virtual “Cidade Labirinto”, com obras inéditas do artista Floriano Romano, pioneiro na criação de trabalhos que combinam instalação, performance e som. Totalmente digital, a mostra será apresentada na plataforma www.cidadelabirinto.art, de fácil navegação e inteiramente acessível a deficientes visuais e auditivos. A exposição é apresentada pelo Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro, Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc.

 

 

“’Cidade Labirinto’ é sobre construir uma cidade imaginária a partir da escuta e da memória coletiva das ruas. Quantos são os inúmeros mapas afetivos que existem na cidade, que estão contidos em sua extensão? Quem são as pessoas que vivem ali e quais suas histórias? Quais são os territórios demarcados por suas escolhas e quem os construiu? Escutar a cidade nos faz enxergar o outro. Suas ruas e becos nos levam a locais de encontro onde convivemos com a diferença”, diz o artista Floriano Romano.

 

A exposição apresenta uma experiência sonora para o público, através de obras inéditas, produzidas este ano. “Tablado número 30” é uma instalação sonora composta por um grande tablado amarelo, com diversas caixas de som e um grande nicho preto redondo no centro, de onde é possível ouvir gravações de sons das ruas do Rio de Janeiro. A fim de ser documentada para a exposição digital “Cidade Labirinto”, a obra foi montada no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica em maio deste ano e será apresentada pela primeira vez. No vídeo, Floriano Romano interage com o trabalho, deitando na obra, entrando no nicho e vestindo uma máscara de gás, que possui uma caixa de som no bocal. O público poderá acompanhar essa experiência, vendo o artista vivenciar a obra e ouvindo os sons, que são mesclados com um áudio no qual Romano declama um texto de sua autoria sobre a cidade.

 

 

Já a obra “Cidade Sensível” será inteiramente sonora e estará dividida em três partes. Com microfones acoplados ao corpo, de forma invisível para não chamar a atenção, o artista percorreu três locais históricos da cidade do Rio de Janeiro: a Praça Mauá, a Cinelândia e a Pedra do Sal, gravando os sons ambientes, que são sobrepostos a uma narrativa ficcional em que o artista reflete enquanto caminha pelas ruas vazias do centro da cidade durante a pandemia da Covid-19. Para vivenciar esta obra sonora, Romano sugere que se feche os olhos e coloque um fone de ouvido, para que se possa imergir na obra, absorvendo de forma total os sons gravados nestes três locais.

 

 

Além de estarem acessíveis na plataforma da exposição, as três partes da obra “Cidade Sensível” também estarão disponíveis em formato podcast nas maiores plataformas de streaming de música. “A cidade tem camadas: sonoras, históricas, de experiência vivida. Caminhar pelas ruas é o exercício de absorver essas camadas pela escuta e imaginar a cidade que queremos, conhecer nosso passado e nos engajarmos em um presente melhor”, ressalta o artista.

 

 

Além da exposição

 

 

A mostra será acompanhada de um catálogo bilíngue (português e inglês), também digital, que poderá ser baixado gratuitamente na plataforma da exposição. Com 23 páginas, ele trará imagens e áudios das obras “Tablado número 30” e das três partes de “Cidade Sensível” – Praça Mauá, Cinelândia e Pedra do Sal -, que compõem a exposição, além de textos informativos sobre os trabalhos.

 

A fim de enriquecer a experiência e traçar um panorama da trajetória de Floriano Romano e de suas obras sonoras, também integram o catálogo informações sobre outras três mostras de destaque da trajetória do artista: “Muro de Som” (2016), no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas; “Errância” (2016), no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro e “Sonar” (2013), na Casa de Cultura Laura Alvim, acompanhados de textos dos curadores Guilherme Bueno, João Paulo Quintella e Gloria Ferreira, respectivamente.

 

 

Também está prevista uma live, aberta ao público, com o artista em setembro, na qual ele falará sobre o projeto, sobre as obras apresentadas e sobre o seu percurso na arte.

 

 

Sobre o artista

 

 

Floriano Romano nasceu no Rio de Janeiro, 1969. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, artista e radioartista contemporâneo que utiliza o som em suas instalações, objetos e ações urbanas desde 2002. Sua produção parte do imaginário e do texto para diversas abordagens sobre o som nas artes visuais. Seus trabalhos abrangem a radioarte, a poesia sonora e a performance. A cidade e a memória são recorrentes na sua obra assim como o ato de caminhar e sua experiência sensível. Produz programas de rádio como esculturas sonoras no espaço urbano desde o ano de 2002. Ganhou, entre outros, o Prêmio CCBB Arte Contemporânea, Prêmio Marcantonio Vilaça, da Fundação Nacional de Artes, com a obra “Chuveiros Sonoros”, realizada para a 9ª Bienal do Mercosul/Grito e Escuta e o Prêmio Projéteis de Arte Contemporânea, com a exposição “A Cidade Sonora”. Foi artista residente no “Programa dos Ateliers da Lada”, na Cidade do Porto, em Portugal, e na Residência HOBRA, Brasil-Holanda. É professor do curso de Artes Visuais da Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

 

 

Até 10 de Outubro.

 

 

Gabriel Chaim na Zipper Galeria

09/ago

 

 

 

Neste momento, não podemos fazer uma exposição romântica”. Com esta frase o curador Marcello Dantas definiu a tonalidade da segunda mostra individual de Gabriel Chaim, “Devolvo Ouro”, cartaz da Zipper Galeria, Jardim América, São Paulo, SP.

 

 

A exposição reúne fotografias produzidas pelo artista na Terra Indígena Yanomami, na fronteira entre os estados de Roraima e Amazonas, regiões de Surucucu e Palimiu. Gabriel Chaim acompanhou durante dois meses a ação do Exército e da Polícia Federal contra o garimpo ilegal naquele lugar. Lá, as condições geológicas justificam a presença do ouro. Já o garimpo ilegal e os sistemáticos ataques aos povos Yanomami são justificados por omissões políticas, em curso há décadas.

 

 

Por isso, o lastro para precificação dos trabalhos presentes na exposição é o grama do ouro. A mostra destinará os recursos arrecadados com a comercialização das obras ao Conselho distrital de saúde indígena yanomami e Ye’kuana.

 

 

“O povo Yanomami vem sendo recentemente massacrado por uma sucessão de eventos originados pelo garimpo ilegal em suas terras. Essa exposição do fotógrafo Gabriel Chaim aborda as recentes condições e imagens capturadas naquele território. Diante da sequência de injustiças e ilegalidades que contornam o comércio do ouro ilegal no Brasil, estamos propondo uma nova situação onde as coisas devem ser devolvidas ao seu lugar de direito”, afirma o curador Marcello Dantas.

 

 

Reconhecido pelas investigações visuais em áreas de conflito, crise e outras situações extremas, o artista Gabriel Chaim especializou-se na cobertura de guerra e confrontos por território. Desde 2013, cobre conflitos no Oriente Médio, o que deu origem à sua primeira exposição individual na Zipper Galeria: “Filhos da Guerra: o custo humanitário de um conflito ignorado” (2015). Agora, a galeria encampou o primeiro projeto do artista realizado dentro do Brasil.

 

 

“Infelizmente, as políticas atuais têm encorajado as organizações criminosas que atuam na Amazônia. É urgente o combate ao garimpo ilegal, a redução da impunidade e a proteção dos direitos dos povos indígenas e outros defensores da floresta”, afirma Anna Livia Arida, diretora adjunta da Human Rights Watch.

 

 

Até 28 de agosto.

 

 

 

A Gentil Carioca em São Paulo

 

No ano em que completa 18 anos, A Gentil Carioca expande suas atividades para São Paulo e inaugurou seu novo espaço expositivo numa charmosa vila localizada na Travessa Dona Paula, 108, Higienópolis.

 

 

A galeria chega na capital paulista com a coletiva Bum bum Paticundum Prugurundum, com Aleta Valente, Ana Linnemann, Arjan Martins, Cabelo, Ernesto Neto, Jarbas Lopes, João Modé, José Bento, Laura Lima, Marcela Cantuária, Maria Laet, Maria Nepomuceno, Maxwell Alexandre, OPAVIVARÁ!, Renata Lucas, Rodrigo Torres e Vivian Caccuri.

 

 

Bum bum Paticumbum Prugurundum é no corpo/espírito, no balanço, no equilíbrio. As obras dispostas no espaço de exposição entram numa rítmica temperança, distraem-se no espaço, sem um logos analítico, levadas na subjetividade do som do tambor que o título traz. Bum bum, a subjetividade dos sons, pa ti cum, o ritmo no entendimento do corpo/coração que bate tum tum, cum bum… gera temperança, ou excitação, acalma, serena, levanta, trabalha a alma, cura, repensa prugurundum.

 

“Bum bum Paticumbum Prugurundum

O nosso samba minha gente é isso aí, é isso aí” – Bum Bum Paticundum Prugurundum – Beto Sem Braço e Aluízio Machado

A exposição acontece no espaço físico da galeria com visitação de 10 de agosto a 09 de outubro.

 

Agende sua visita pelo email sampa@agentilcarioca.com.br
De terça à sexta, das 10h às 19h e sábado das 10h às 18h.