Brasileiros & Portugueses

02/out

Natureza, paisagens urbanas, cenas do cotidiano, igualdades e desigualdades culturais e sociais são temas recorrentes nos trabalhos dos 12 fotógrafos reunidos na exposição 12/4, sob curadoria de Angela de Oliveira, que ocupará o espaço-conceito BeWe, em Cascais, a partir do dia 8 de outubro. 12/4 (Doze por quatro) reúne os registros de 12 fotógrafos brasileiros e portugueses: Adriano Bassegio, Alcina Morais, Ana Abrão, Ana Bianca Marin, Beto Machado, Carmen Paulino, Graziela Gilioli, Mario Chrispim, Marcelo Soares, Marcelo Horta – idealizador da mostra -, Paulo Carotini e Walter Macedo Filho. Cada um mostrará quatro fotografias, justificando a escolha do nome do projeto, que é assinado pela produtora InPort, dirigida por Marcelo Horta em parceria com Angela de Oliveira.
“12/4 surgiu no momento mais conturbado que o mundo já viveu neste século. Nossa ideia foi levar até o público a linguagem, o olhar e as visões particulares de fotógrafos brasileiros e portugueses, já que estará acessível tanto presencial quanto virtualmente. Em novembro lançaremos uma galeria utilizando a tecnologia de realidade aumentada”, afirma Marcelo Horta, fotógrafo e sócio da produtora InPort.

 

 Cada fotografia nos remete às diferentes possibilidades do fazer fotográfico contemporâneo, de forma técnica e aliado a um fluxo contínuo de sentimentos vivenciados com a intensidade inerente à sensibilidade artística de cada um. O universo individual enriquece o conjunto da Mostra pois as fotografias se fundem para atiçar a sintaxe que, de tempos em tempos, precisam ser renovadas”, avalia a curadora, Angela de Oliveira.

 Sobre os artistas

 

Adriano Bassegio

Adriano José Bassegio nasceu na cidade de Barão, no estado do Rio Grande do Sul, mas sua família se estabeleceu na cidade de São Sebastião do Cai, onde cresceu e atualmente reside em São Leopoldo. Iniciou na fotografia em 2008 desenvolvendo esta atividade como hobby e agora procura conciliar a fotografia com a sua profissão de Engenheiro de Produção, Mecânica e de Segurança. O Autodidata busca continuamente aprimorar sua técnica e refinar seu olho fotográfico. Atualmente expõe seu trabalho em galerias de arte no Brasil e em mostras ao redor do mundo.

Alcina Morais 

Natural de Minas Gerais.  Vive no Rio de Janeiro há mais de 40 anos. Publicou livro de poesia Olho d’água, em 2011, selecionado pela Academia de Letras de Goiás (ALG) como um dos cinco melhores na categoria poesia, neste mesmo ano. Publicado na França (edição bilíngue) em 2012 e Argentina, em 2014 (em espanhol). Publicou poemas em Antologias Brasileiras e Revistas Mexicanas. Atualmente se dedica à fotografia enfatizando temas abstrato-urbanos, sempre registrados nas grandes cidades. São apresentados em grandes formatos, impressos em papel-algodão. Participou da IV Bienal Internacional de Arte Contemporânea na Argentina – outubro/2018. Foi premiada em 2º lugar e Menção Honrosa – Categoria Fotografia. Participou de exposições individuais no RJ e coletivas no Brasil e no exterior.

Ana Abrão 

Ela mesma se define como ”A mulher atrás da câmera”. Mora na Costa Sul de Portugal. Embora viva neste mesmo local há quase duas décadas, Ana é de origem brasileira – país onde nasceu, estudou e seguiu carreira acadêmica. Especializou-se profissionalmente em fotografia publicitária e casamentos. Almeja viajar pelo mundo com a sua câmera, em busca de vivenciar pessoas de culturas diferentes através das lentes.

Ana Bianca Marin

Fotojornalista germânica-brasileira, viajou o mundo focando suas lentes em temas que vão além das notícias do dia. Seu trabalho foi destacado em meios de comunicação como: Times Magazine, The New York Times, Getty Imagens, Reuters, AP, AFP, CNN, Deutsche Welle, Estado de S.Paulo, Globo entre outros. Atualmente reside em Paraty, no Rio de Janeira, captando momentos que levam o expectador para dentro da imagem.

Beto Machado

O carioca Beto Machado é formado em jornalismo e exerce a fotografia de forma autodidata. Nascido no Rio de Janeiro, já morou em Nova Iorque, Campo Grande (MS) e atualmente reside em Brasília. Com um trabalho autoral, explora as possibilidades com uma câmera na mão e a sensibilidade nos olhos com interferências digitais. Capturando livremente imagens de paisagens e pessoas, gosta de trabalhar com a fotografia como uma arte maior. Nos seus trabalhos digitais, a foto pode ser alterada e manipulada para provocar os sentidos.

Carmen Paulino 

Portuguesa, natural de Ponta Delgada da ilha de São Miguel Açores, 44 anos. Atualmente reside em Cascais. Tem como hobby a fotografia e tudo começou há uns anos atrás, como assistente de um fotógrafo profissional. Estagiou no Museu do Palácio da Cidadela de Cascais e teve a oportunidade e o privilégio de contatar com diferentes artistas, de diversas áreas culturais nas várias exposições que ocorreram no museu. Nas viagens que faz, tenta captar através do seu olhar, sensibilidade e instinto, a essência de cada sítio, pessoas, culturas e paisagens e reter o momento através da fotografia. Esta é a primeira vez que participa de uma exposição.

Graziela Gilioli 

Fotógrafa brasileira de origem italiana, foi premiada na Bienal de Roma e vencedora do concurso Internacional Biancoscuro Art Magazine. Fotografou em 40 países nos quatro continentes, trazendo sempre um olhar humanista sobre a diversidade. Seus trabalhos já foram expostos na Suíça (MAG – Montreaux Art Gallery) e também na Itália (Roma, Padova e Parma). No Brasil, tem no currículo três exposições individuais, todas em São Paulo: “O olhar que transcende”, “Veneza Mágica” e “Mulheres”.

Mario Chrispim 

Sua história com a fotografia se iniciou na adolescência, quando foi trabalhar em uma loja do ramo. Certo dia, entre um atendimento e outro, caiu em suas mãos uma revista com fotos de Henri Cartier Bresson. Neste momento, aconteceu um caso de amor à primeira vista com a arte de registrar a luz. A vida o levou ao jornalismo voltado para a assessoria de comunicação, atividade que ainda exerce. No entanto, o flerte com a imagética nunca cessou. Foram anos apurando o olhar por meio da contemplação dos mestres das artes plásticas, vendo horas de filmes, escrevendo roteiros, dirigindo vídeos, e clicando.

Marcelo Soares 

 

Marcelo Soares é brasileiro, acadêmico e fotógrafo amador. Viajou pelo mundo registrando os seus deleites visuais em quase meia centena de países. Mora atualmente na China, onde dá aulas numa escola de design da província de Hunan. Considera-se um cidadão do mundo, tendo morado na Inglaterra e nos Estados Unidos. Suas fotos buscam a captura da serenidade e o olhar apaixonado de quem adora descobrir novas culturas, novos mundos e outras formas de viver.

 

Marcelo Horta 

 

A carreira de Marcelo Horta foi construída a partir de referências e vivências múltiplas relacionadas ao mundo das linguagens artísticas, transitando pelo campo da linguagem musical como DJ; no gerenciamento de eventos culturais; pelo campo da modalidade cênica de iluminação de grandes e renomados nomes da arte e cultura brasileira e internacional; em grandes projetos de Design. Como fotojornalista, trabalha com estilistas, artistas, cantores, bandas (…). Esta vivência tão plural trouxe a Marcelo Horta, como artista que é uma qualidade ímpar, que vem a ser a capacidade de filtrar, nos liames do cotidiano, através de suas lentes, recortes carregados de beleza e poesia.
Estabelece conexões estéticas com a busca de significação que traga ao olhar daquele que se entrega à apreciação de suas imagens, a profundidade que a abarca. Desnuda, a partir de sua escolha dos objetos a serem eternizados por sua lente, a realidade que lhe toca e nos convida a participar das possíveis descobertas de seus sentidos implícitos e explícitos.

Paulo Carotini

 

Ítalo-brasileiro, 50 anos, começou a fotografar aos 12 anos de idade, com a câmera fotográfica do pai. Autodidata, faz uso da fotografia como forma de expressão. Em suas fotografias procura o contraste e a beleza do corpo feminino. Intensidade e força são características marcantes, presentes em seu portfólio nas tonalidades preto e branco.

 

Walter Macedo Filho 

 

Walter Macedo Filho é fotógrafo, dramaturgo, diretor de teatro, roteirista escritor e gestor cultural. Integrou o Círculo de Dramaturgia do Centro de Pesquisa Teatral, coordenado por Antunes Filho, e participou da primeira turma do Núcleo de Dramaturgia SESI-British Council. Em 2018, suas fotos integraram a Exposição de Arte Brasileira, na Arte Borgo Gallery, em Roma, e em 2019 participou das mostras AngelaOliveirArt Galeria, em Alphaville; Salão de Arte de Itapetininga, no Centro Cultural e Histórico de Itapetininga; Salon de Arte en Barcelona, na Arteria BCN, em Barcelona; Art Barcelona, na Nui Art Gallery, em Barcelona; Arte Brasileira em Roma, na AreaContesa Arte, em Roma; Vienna Das Meer undFarben, na Mi Barrio Gallery, em Viena.

Até 08 de Novembro.

 

Percursos Mediados

A partir da próxima segunda-feira, dia 05 de outubro, estreia a terceira temporada da série “Percursos Mediados”, baseada na exposição “Pardo é Papel”, individual de Maxwell Alexandre. A mostra, em cartaz no MAR, Museu de Arte do Rio, Centro, Rio de Janeiro, RJ, retrata uma poética urbana que passa pela construção de narrativas e cenas estruturadas a partir da vivência cotidiana do artista na cidade e na Rocinha, onde nasceu, trabalha e reside. Os vídeos serão publicados no canal do MAR no Youtube às segundas-feiras, até o início de novembro.

As duas primeiras temporadas completas da série “Percursos Mediados”, com cinco episódios cada, também estão disponíveis no Youtube. Inspirados nas exposições coletiva “O Rio dos Navegantes” e “Rua!”, os vídeos foram desenvolvidos a partir da prática pedagógica museal utilizada nas visitas presenciais oferecidas pelo museu.

 

Samico & Suassuna

25/set

A Galeria BASE, Jardim Paulista, São Paulo, SP, cumprindo todos os protocolos determinados pelas autoridades, exibe “Samico e Suassuna -Lunário Perpétuo” com, aproximadamente 39 obras, entre xilogravuras e iluminogravuras, de Gilvan Samico e Ariano Suassuna, complementadas por trabalhos de Ana Maria Maiolino, Derlon e Goeldi. O texto é assinado por Douglas de Freitas. A exposição marca a abertura da nova sede da galeria, em imóvel com projeto assinado por Isay Weinfeld, agora tendo à frente Daniel Maranhão, Leonardo Servolo e Cássia Malusardi.

“Lunário Perfeito”, de Jerônimo Côrtes, é um livro em forma de almanaque ilustrado, escrito em 1954 e ilustrado com xilogravuras, que serviu de inspiração ao movimento do Cordel no nordeste brasileiro. A exposição busca contextualizar o movimento, que teve início no século XVI, em Portugal, até o Movimento Armorial de 1970, cujo objetivo foi a criação de uma arte erudita fundada na arte popular nordestina, contemplando todos os tipos de manifestações artísticas.

“A obra de Samico tem como cerne a técnica de xilogravura, utilizada por artistas da Literatura de Cordel, como por exemplo o grande cordelista J. Borges. Brasões, insígnias, e diversos símbolos são vistos na produção do artista, que de maneira própria, constrói uma narrativa traduzida em imagens de contos, lendas, anedotas e histórias. Essa forma de compor pode ser vista também no próprio conjunto de Iluminogravuras produzidas por Ariano Suassuna” define Douglas de Freitas.

Os trabalhos de Samico, que abrangem o período das décadas de 1950 a 2012, são xilogravuras com técnica única, registram personagens bíblicos, animais fantásticos, histórias e lendas do romanceiro popular. Seu reconhecimento como artista atravessa fronteiras e compõe acervos de diversos museus e instituições internacionais. Além do MoMA/NY, o artista também possui em seu currículo participação nas Bienais Internacionais de Veneza e São Paulo. “Três Mulheres e a Lua”, de 1959, exposta ao lado da “Nuvem”, xilogravura de Goeldi, exibe um dos registros resultantes do período onde Samico estudou com o artista, em 1958, e se pode verificar a visceral influência em sua obra.

Ariano Suassuna, Imortal da Academia Brasileira de Letras, exibe sua pouco conhecida faceta de artista visual, com as iluminogravuras executadas na década de 1980, que compõe os álbuns “Dez sonetos com mote alheio” e “Sonetos de Albano Cervonegro”. Seus trabalhos têm inspiração nas iluminuras da idade média, quando os manuscritos eram ilustrados e pintados à mão. O neologismo iluminura + gravura dá nome a esta produção. “As iluminogravuras aliam poesia à pintura, onde se destacam imagens humanas, animais, brasões e insígnias, ao lado de textos literários, alguns escritos com um alfabeto criado por Suassuna, em total consonância ao que previa o Movimento Armorial, por ele proposto em 1970”, acrescenta  Daniel Maranhão.

Integram a mostra: a artista ítalo-brasileira Anna Maria Maiolino, que também estudou com Goeldi e produziu uma série de xilogravuras como “Glu Glu” e “Ecce Homo”, com o Cordel como tema; a obra do grafiteiro pernambucano Derlon, com trabalho fortemente impactado pelo Cordel e pelo Armorial, representa a contemporaneidade de tais linguagens; como também exemplares de livretos de cordel do artista J. Borges, capas de LP’s do Quinteto Armorial, algumas publicações literárias de Ariano Suassuna e vídeo com compilações que incluem algumas cenas de “Auto da Compadecida”, de Guel Arraes, parte de um show de Antonio Nobrega e um recorte de uma entrevista com Suassuna.

Até 14 de novembro.

 

Manifestações contemporâneas

O Goethe-Institut Porto Alegre fomenta, através de Concurso, manifestações de artistas contemporâneos no âmbito da gravura e suas extensões. Nesta 5ª edição do Concurso de Arte Impressa são apresentadas as produções artísticas de Leandro Machado, José Salvador, Bya de Paula e Guilherme Robaski através de vídeos, imagens, entrevistas e textos publicados em uma página especial no site do Instituto. O conteúdo foi produzido pelos artistas em parceria com as curadoras Izis Abreu e Mel Ferrari. A seleção apresenta tanto trabalhos em gravura quanto obras que colocam a arte impressa em diálogo com outras linguagens e formas de apresentação.

Live no MAS

23/set

O Museu de Arte Sacra de São Paulo anuncia a transmissão – pelo Instagram – da live entre a artista plástica e designer de joias Elisa Stecca e o artista plástico brasileiro, fotógrafo e multimídia Alex Flemming. A abordagem será nesta quinta-feira, dia 24 de setembro, às 17h30min, sob o tema “Conexões artísticas: São Paulo e Berlim”

Thomaz Rosa na Artsy

22/set

A Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP,  tem o prazer de apresentar obras do artista Thomaz Rosa na Latitude Art Fair, que acontece de 24 a 27 de setembro, na plataforma Artsy.

O cerne do trabalho do Thomaz é a relação do pensamento e da prática. O pensamento da pintura e pensamento do pintor são elementos intrínsecos ao seu processo criativo, que perpassam as questões clássicas e atemporais da prática da pintura, mas que encontram significado na essência da execução.

 

Sobre o artista

Linhas, grafismos, gestos reflexivos, composições a partir de pontos e formas concretas, analogias verbais de imagens: marcas presentes na obra de Thomaz Rosa. Seus trabalhos são pensados como construções autônomas capazes de descrever a sensação do processo criativo – entre um idealismo romântico e um planejamento racional diante a tradição moderna. As obras de Rosa parecem sempre questionar sua inserção no mundo, de forma semiológica, onde a obra tenta de forma recíproca conviver com a história. A prática de Thomaz tenta re-processar, por meio de suas próprias línguas em prosa, as influências que, subjetivamente, ele escolhe como uma referência entre vários pintores-artistas, brasileiros ou não, em momentos específicos da própria produção. Essas escolhas mantêm um caráter transeunte com a coisa, uma caminhada que parte sem um objetivo claro, em que caminhar sem destino faz do eu um flâneur no meio dessas escolhas, intrincando uma interação entre matéria e significado. Assim, as discrepâncias entre singularidade e todo, indivíduo e história, experiência pessoal e significação, passam a assumir uma forma cristalina. A memória simbólica, sua força empírica e a vivência imediata do artista com a obra tomam corpo no projeto. O objetivo último de Rosa é mostrar uma pintura que fala de pintura; mostrar uma ou mais declinações de várias linguagens, porque a linguagem é fluida e mutável, e, assim como a arte de Thomaz, caminha em constante evolução. por Luiza Teixeira de Freitas

Thomaz Rosa (1989). Vive e trabalha em São Paulo. Em 2009, iniciou sua formação em Bacharelado e Licenciatura em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual de São Paulo – UNESP. Entre 2012 e 2013, fez residência na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto – FBAUP, em Portugal. Fez assistência para artistas como Lucas Arruda, Claudio Cretti, Caetano de Almeida, Marina Rheingantz, Paulo Monteiro e Sergio Sister. Em 2016, participou das exposições “Oito Artistas” na Galeria Mendes Wood DM, organizada pelos artistas Bruno Dunley e Lucas Arruda; “Circumscriptio, Compositio, Receptio Luminum” na BFA Boatos Fine Arts; “Um desassossego” na Galeria Estação; e a coletiva “Na soleira da noite” na Galeria Sancovski. Em 2017, realizou sua primeira individual “Unwelt” na BFA Boatos. No ano de 2018, fez residência artistica no PIVÔ. Em 2019, participou da exposição “Fevereiro” na Mendes Wood DM; e realizou sua segunda exposição individual e primeira na Europa “Intorno alla mia cattiva educazione” na galeria Castiglioni, em Milão. Também em 2019, organizou o projeto “Featuring” em parceria com os artistas Leandro Muniz e Marcelo Pacheco, e exposição no Ateliê Massapê. Em 2020, participou da coletiva Entre Bordas no SESC Santo André com curadoria de Paula Braga.

 

Incêndio florestal destrói troncos que iriam compor intervenção Tulio Dek. Abertura adiada para 25 outubro .

17/set

Exibição adiada

Um devastador incêndio florestal ocorrido no dia 12 de setembro, sábado, em Oliveira de Frades e na Serra dos Candeeiros, próximo a Lisboa, destruiu os 500 troncos de árvores que iriam esta semana para a montagem da intervenção do artista brasileiro Tulio Dek no Jardim do Torel, na capital portuguesa.  Cedidos pelo governo português, os troncos eram oriundos de incêndios anteriores no país. Consternados com a amplitude dos incêndios, que desde julho assolam a região central do país, os dirigentes da Junta de Freguesia de Santo Antonio – que administra o Jardim do Torel – prorrogaram a abertura da exposição para o próximo dia 25 de outubro.

Tulio Dek, comenta o fato: “Fiquei muito triste ao saber do incêndio. Por outro lado, vejo isso como um sinal de que estamos no caminho certo, pois é exatamente este o tema abordado. A vida segue imitando a arte. Acho que quando nos propomos a fazer grandes projetos com o objetivo de mudar o mundo , o mundo também pede uma grande mudança dentro de nós. Remarcada para o dia 25 de outubro, tenho certeza de que a intervenção  terá um impacto ainda maior”.

Matrioshka, mostra coletiva

 

A Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, e o Projeto Vênus têm o prazer de apresentar a coletiva “Matrioshka”, com obras das artistas Flora Rebollo, Giulia Puntel, Janina McQuoid e Paula Scavazzini. A exposição acontece de 19 de setembro a 31 de outubro de 2020.

“Matrioshka” parte de um processo criativo coletivo através de encontros virtuais entre as artistas, o Projeto Vênus e a equipe da Bergamin & Gomide.

A exposição será em 3 atos porque serão 3 os momentos em que a montagem poderá ser reconfigurada, assim, constitui-se como impermanente, uma vez que o espaço expositivo estará suscetível a transformações conforme as obras vão sendo inseridas, reorganizadas ou retiradas.

Enquanto a exposição estiver em cartaz, o conteúdo de comunicação também seguirá o fluxo dessas novas inserções de obras e diálogos. O público poderá acompanhar simultaneamente nas nossas redes sociais as transições da exposição, bem como a imprensa, que terá acesso aos novos materiais produzidos até o encerramento da coletiva.

Visitação: Segunda a sexta-feira das 10 às 19 horas, sábados das 11 às 15 horas.

 *O uso de máscara é obrigatório em espaços de uso coletivo.

Turbulências Cerâmicas 

14/set

A Galeria Simões de Assis, Jardins, São Paulo, SP, apresenta entre os dias 19 de setembro e 31 de outubro, a exposição “Turbulências Cerâmicas” individual de Juan Parada na qual explora uma via escultural inteiramente diferente. Seus relevos, nascem da alquimia da cerâmica e de seu lento processo – orquestrado pela mão e pelo calor do fogo – que leva do “húmus” da terra ao “lápis-lazúli” da pedra. No entanto, diferentemente da cerâmica milenar, essa transmutação não para na queima, mas se estende pelo aspecto versátil das obras e pelas suas muitas ressonâncias com a vida.
As turbulências cerâmicas de Juan Parada
Na era atual das impressoras 3D que expelem vagarosamente um fio de plástico derretido para materializar uma sequência digital de abscissas e ordenadas, Juan Parada (nascido em Curitiba, em 1979, atualmente vivendo e trabalhando em São Paulo) explora uma via escultural inteiramente diferente. Seus relevos, dos quais trataremos aqui, nascem da alquimia da cerâmica e de seu lento processo – orquestrado pela mão e pelo calor do fogo – que leva do “húmus” da terra ao “lápis-lazúli” da pedra. No entanto, diferentemente da cerâmica milenar, essa transmutação não para na queima, mas se estende pelo aspecto versátil das obras e pelas suas muitas ressonâncias com a vida.
Com efeito, o processo de realização dessas pinturas em relevo mostra-se livre de nostalgia do artesanal, na qual Last tweaks Os diversos micro-padrões e modulações luminosos revelam-se apenas ao observador atento, como em Estratificação Geométrica (2019), na qual a forma facetada de cada módulo produz um jogo de luz e sombra, dando a impressão de cores e tons instáveis. A cerâmica é considerada por Parada um “meio elástico”, de “natureza mais subversiva”, ao contrário das limitações impostas pelo seu uso tradicional. Assim moldada e harmonizada na sua composição, cada obra surge como um labirinto dotado de mil entradas e saídas, através do qual o olhar – canalizado, pois submetido a esta condução hipnótica – retorna constantemente em seu caminho. As correntes e ondas petrificadas, como que interrompidas em seu movimento, tal qual fragmentos congelados de um continuum, retêm o olhar –  tem-se aqui em mente The Great Wave off the Coast of Kanagawa, a famosa gravura de Hokusai (1830).
A complexa geometria ondulatória que norteia principalmente os patterns óticos de Estranhos Atratores I e II é herdada de artistas do neoconcretismo. Podemos citar, por exemplo, Lygia Clark. Seu primeiro Bicho, em 1960, já aliava o rigor geométrico à variabilidade dos seres vivos, e foi dado a Sérgio Camargo, cujos relevos monocromáticos, povoados por pequenos cilindros cortados, eram igualmente ambíguos. Além dessa referência óbvia, Parada também toma emprestado o movimento característico de seus patterns da arte cinética dos anos 1960 e 1970, como de Bridget Riley, Enrico Castellani e Abraham Palatnik. No entanto, seus relevos, como Linhas de Força (2016), remetem a elementos biológicos – como teias de aranha e a carapaça ou pele de certos répteis – pois Juan Parada apresenta acima de tudo uma estética naturalista, orgânica (mesmo visceral). Pequenas ondas de areia criadas pelas correntes marítimas lhe servirão, por exemplo, de ponto de partida para os relevos da série Elogio à Água (2018), cujos moldes foram confeccionados diretamente nas praias de Superagui (especialmente preservadas da presença humana).
Uma história naturalista, até mesmo ecológica, se revela igualmente nas primeiras esculturas de vidro transparente em forma de colmeia e com conteúdos vegetais diversos (Série Invólucros, 2013-15), destinadas a serem inseridas nos relevos arquitetônicos. Já os Volumes Simbióticos (2011-12) evocam as formas básicas da Minimal Art – como os L-Beams (1965) de Robert Morris –, mas com uma das superfícies, externa ou interna,  dotada de abundante vegetação. Essas formas por vezes chegam a envolver o observador – à maneira de Anish Kapoor –, mas em uma matriz muito densa, constituída de plantas e flores (Memória da Matéria, Museu da Gravura, Curitiba, 2012). Aliás, somente em 2018 esse tipo de ambiente foi mineralizado, com a obra Glaciares, que incorpora uma superfície all-over em cerâmica monocromática. Trata-se de um quadro panorâmico de imersão, evocando a curva panorâmica das Nymphéas, de Claude Monet, no Museu Orangerie em Paris (1915-26).
Mesmo que a forma em tondo (circular) de certos relevos ecoe a história da shaped canvas, Parada direciona o espectador ao interior do padrão visual, em vez de lhe oferecer um objeto de estudo a ser observado à distância, friamente (temos aqui em mente Mark Rothko ou Barnett Newman, que preconizavam uma distância reduzida entre suas obras e os espectadores, no intuito de aumentar a sensação de imersão). Esse tropismo de absorção – tanto do olhar como do corpo – é essencial nas pinturas em relevo. Tal prática é, aliás, um paradoxo em Parada: faz coexistir, e isso não é simples, o caráter ondulatório e fenomênico da vida com a invariável dureza do “lápis-lazúli”, o rigor geométrico do pattern e a materialidade curvilínea dos relevos, cujas saliências e reentrâncias evocam as do corpo humano. Um relevo recente, Cascata Invertida (2020), apresenta claramente um motivo de onda, é verdade, porém voltada para cima, invertendo o sentido da gravidade. Várias excrescências, ora orgânicas, remetendo a vísceras, ora geológicas,  evocando rochas, emergem dessas ondas verticais. A sua estranheza, podendo despertar certa aversão, refuta o registo ornamental ao qual se poderia erroneamente associar o artista. Essa prática, que se desenvolve há cerca de dez anos, por mais singular e promissora que seja, insere-se em uma perspectiva histórica mais ampla.
O fazer artístico de Parada tem suas raízes nos anos do pós-guerra, quando se misturam arte abstrata e psicologia da percepção, régua óptica e traço manual, cinetismo e neoconcretismo, geometria e psicodelia. Entre os atores de vanguarda, o alemão Heinz Mack, – fundador do grupo ZERO, em 1957, com as obras intituladas Metallreliefs ou Lichtreliefs – estabelece um diálogo constante, importante para Juan Parada, entre ordem e caos,  matéria e luz. Embora abstratas, suas duas obras evocam a ação de elementos naturais – luz do sol, vento e chuva em superfícies aquáticas ou desérticas –, cuja aparência não deve nada ao acaso, mas surge da ação de forças fluidas sobre um material maleável – sem  desconsiderar, ao mesmo tempo, a rigorosa economia de meios visuais de Lee Ufan (dando simples toques de tinta em relevo em telas imaculadas). O resultado geral desse processo evoca, naturalmente, os tecidos plissados e recobertos com caulim branco de Piero Manzoni, para sua série de “Achromes”. Porém, enquanto o trabalho do italiano lembra as dobras das esculturas da Antiguidade, as obras de Mack e de Parada distinguem-se por seu eco natural e sua dinâmica perceptiva.
Heinz Mack expressou do seguinte modo esse desejo de separar a parte fenomênica e perceptiva da obra de seu suporte estritamente material: “Eu não enxergava mais um relevo de metal, mas uma estrutura vibrante e pulsante, feita de luz. Minha impressão era de que a estrutura pairava sobre o relevo de metal, dele se separando, como o reflexo da luz no mar que começa a vibrar sob o sol intenso, assumindo a aparência de um tapete de luz feito de reflexos de uma luz dançante”[1]. Com outros termos estéticos e materiais, Juan Parada pretende, através de uma matriz material e tangível, tornar-nos conscientes da natureza ondulatória, rítmica e corporificada da vida, como resistência última ao devir digital do mundo.
Prof. Dr. Matthieu Poirier

[1] Heinz Mack, citado por Yvonne Schwarzer [tradução nossa], Das Paradies auf Erden schon zu Lebzeiten betreten. Ein Gespräch mit dem Maler und Bildhauer Heinz Mack, Witten, ars momentum Kunstverlag GmbH, 2005, p. 15.

 

A Gentil Carioca, ano 17

09/set

17 Anos A Gentil Carioca [17 Years A Gentil Carioca]

No dia 06 de setembro seria o 17º aniversário Gentil, gostaríamos muito de celebrar na Encruzilhada, mas nesse ano atípico, nossos planos precisaram ser adiados. Apesar da distância, seguimos fortes e unidxs por essa magia que só a arte é capaz de conjurar. Sobretudo, queremos enfatizar nosso amor e gratidão a cada um que segue apoiando, acreditando, vivendo e escrevendo conosco tantas histórias incríveis. Sejam vocês amigxs, artistas, curadores, críticos, colecionadores, equipe, colaboradores, visitantes, simpatizantes, vizinhança do Saara, ou pessoas que simplesmente circulam pelas redondezas e buscam refúgio em nossos corações. É essa mistura gostosa que faz a Gentil ser A Gentil Carioca!

Os espaços internos da galeria seguem fechados, mas estamos a todo vapor com novos projetos e uma programação que pode ser acompanhada de forma online. Atualmente, na área externa, está em atividade a 36º PAREDE GENTIL realizada pelo coletivo água de beber em parceria com Mais Amor Menos Capital e Taboa Engenharia e o Gentil Apoio da 342 Artes. Você pode ver o projeto, em tempo real, através de nosso site.

Muito obrigado!

 

Equipe A Gentil Carioca

 

Se precisar de mais informações entre em contato pelo correio@agentilcarioca.com.br