A arte entre o sagrado e o profano

19/jul

 

 

A Galeria Evandro Carneiro Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, realiza a exposição “A arte entre o sagrado e o profano”, de 24 de julho a 31 de agosto. A curadoria é de Evandro Carneiro.

 

 

 Ao todo serão exibidas em torno de 140 obras, dentre pinturas e esculturas. Os artistas são diversos, da arte sacra à africana e chinesa, passando pela Escola de Potosi. Serão apresentados trabalhos de Helios Seelinger, Oscar Pereira da Silva, Emeric Marcier, Pedro Américo, Sigaud, Mario Cravo, Manuel Messias, Ceschiatti, Agostinelli, Brennand, Djanira, Rubem Valentim, Mestre Didi, PPL e os contemporâneos Mario Mendonça e Deborah Costa.

 

 

A mostra será aberta ao público SEM VERNISSAGE devido à pandemia, durante o horário de visitação da galeria, de segunda a sábado, das 10h às 19h. Durante o período das novas medidas restritivas na cidade sancionadas pela Prefeitura do Rio, a mostra será exibida ao público de forma on-line a partir de uma exposição virtual no website www.evandrocarneiroarte.com.br e nas redes sociais da galeria. A exposição será aberta ao público durante o horário de visitação da galeria, de segunda a sábado, das 10h às 19h.

 

 

O Shopping Gávea Trade Center, quando aberto, está funcionando com obrigatoriedade do uso de máscaras e fornece álcool em gel e medição de temperatura para quem entra. Não há necessidade de agendar a visita, pois o espaço é grande e sem aglomerações.

 

 

 A arte entre o sagrado e o profano

 

 

Entorno de fé, promessas, ritos e festas, mitos e lendas, medos, superstições e crenças, a arte sempre expressou a cultura humana, na linguagem própria de cada tempo e de cada espaço. Cabem neste cenário, tanto os aspectos sagrados quanto os profanos da vida. Mas o que os diferencia e aproxima? Para Mircea Eliade, “O sagrado manifesta-se sempre como uma realidade inteiramente diferente das realidades ‘naturais’. (…) Ora, a primeira definição que se pode dar ao sagrado é que ele se opõe ao profano.”  (“O Sagrado e o Profano”, Martins Fontes, 2020, p. 16-17)

 

 

Porém, para muitas culturas a natureza é sacralizada. Mitologias e cosmogonias diversas através da história da humanidade demonstram uma relação tão paradoxal quanto fundamental entre o sobrenatural e a natureza, deuses e homens, seres mágicos e hábitos profanos, bestiários e a floreta, bruxas e dragões, corpos e espíritos, Deus e o Diabo.

 

 

Longe de se desejar separar o supra-natural da natureza, ou dicotomizar o bem e o mal, mantemos aqui, por meio da ideia do paradoxo e da livre expressão, sempre possível através da arte, uma concepção de mundo em que cabem o bordel e o altar, o templo e o tempo, o pecado e a devoção mais pura, os ícones mais elevados das imagens sacras, mas também as fantasmagorias do maravilhoso pagão, em símbolos e alegorias expressas nas pinturas e nas esculturas que ora apresentamos.

 

 

Laura Olivieri Carneiro

 

Família Gomide no MAM-SP

15/jul

 

 

Encontra-se em cartaz no Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM, Ibirapuera, até o dia 15 de agosto a exposição “Desafios da modernidade – Família Gomide-Graz nas décadas de 1920 e 1930”.

 

 

A palavra da curadoria

 

 

Quando a canonização do movimento modernista tende a se fechar em torno de um número restrito de seus expoentes, é hora de alargar o campo de investigação e enveredar por sendas menos exploradas, em busca de artistas e modalidades diversos daqueles já consagrados.

 

 

Entre tantos aspectos da revolução cultural das primeiras décadas do século XX, aqui nos interessa a arte que informa o cotidiano e põe a vida doméstica em sintonia com a grande onda de modernização da sociedade. Vale lembrar que a criação de ambientes e objetos de linhas “modernas” iniciada nesse período está na origem do que hoje entendemos como “design de produtos”.

 

 

A partir do sucesso da Exposição de Artes Decorativas de Paris, em 1925, o art déco ganha repercussão internacional e chega ao Brasil. Antonio Gomide, sua irmã Regina e o marido dela, John Graz, seriam os arautos dessa tendência em São Paulo. Com obras taxadas de “decorativas”, os protagonistas dessa vertente do modernismo são vistos, muitas vezes, como artistas “menores”. No entanto, os três são modernistas de primeira geração. Graz participa da Semana de Arte Moderna a convite de Oswald de Andrade, entusiasmado com as telas que vê na mostra do pintor suíço recém-chegado a São Paulo. Na mesma exposição, as criações têxteis de Regina não chegam a impressionar o crítico. Essa indiferença revela a incompreensão da importância que a fusão de arte e artesanato teria na Europa do entreguerras. Por seu turno, Antonio Gomide, residente em Paris, traz, em 1926, um conjunto de pinturas de sua autoria para expor na capital paulista, provando ser um pintor maduro e familiarizado com o cubismo e a Escola de Paris.

 

Formados na Escola de Belas Artes de Genebra e com larga vivência da cultura europeia, eles se fixam em São Paulo, numa época em que a cidade passa por grandes transformações, sob o impacto da industrialização e da massa de imigrantes que aqui busca “fazer a América”. Diante de um mercado de arte restrito e conservador, Graz logo vê que não daria para viver de pintura. Procura então introduzir ambientes modernos em moradias da alta burguesia. Bem-sucedido, pauta seu trabalho pelo conceito de “arte total”. Em busca da unidade formal, tudo é desenhado por ele. No mobiliário, sobressai a dominância de formas geométricas, a adoção de materiais industrializados, como os tubos metálicos e a madeira folheada. Não se trata de produção em série, mas de fatura artesanal e exclusiva. Regina participa de seus projetos, com tapetes, tapeçarias, cortinas e almofadas. Versátil em várias técnicas, não é simples colaboradora – dá aulas em seu ateliê e funda a fábrica Tapetes Regina. Antonio Gomide também atua em várias frentes. Transita da pintura a óleo ao afresco, dos vitrais aos biombos e objetos decorativos, sempre com competência e buscando alguma estabilidade financeira.

 

A modernidade do trabalho desses artistas vem da dissolução de fronteiras e hierarquias entre modalidades artísticas e da atividade projetual dedicada à criação de murais, vitrais e tapeçarias, em diálogo com a arquitetura. Seu público: a elite simpatizante do modernismo, viajada e culta, de cafeicultores em decadência e industriais em ascensão.

 

 

Maria Alice Milliet

 

 

Hugo França, galeria em Trancoso

13/jul

 

 

Criada para receber exposições contemporâneas e de design, Galeria Hugo França, Trancoso, Bahia, será inaugurada no dia 15 de julho com mostra de obras inéditas do artista.

 

 

Ocupando 300 metros quadrados, em meio à Mata Atlântica, para viver, respirar e inspirar arte.  Hugo França abre suas portas recebendo a exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França”, onde dezenas de obras, com muitos pontos que as diferem, dialogam e refletem pontos divergentes e convergentes, sempre com a natureza viva como ponto de união.

 

 

O projeto é grandioso, como as obras do artista, e tem planos ainda maiores para o futuro. A Galeria Hugo França começou a sair do papel no último ano, quando a usual ponte aérea São Paulo-Trancoso deixou de ser parte da rotina e levou o artista a fazer do destino baiano sua morada. Quase como uma atividade terapêutica, a calmaria dos dias ensolarados ganhou agito com a idealização, detalhamentos e construção do espaço.

 

 

Instalado a 10 km do Quadrado, conhecido ponto da região, em uma área de 50 mil metros quadrados, dos quais 20 mil são de pura Mata Atlântica, a localização faz da visita à galeria um verdadeiro circuito turístico, já que fica situada exatamente entre Trancoso, Caraíva e Porto Seguro.

 

 

O projeto, concebido por Hugo França, foi pensado com estética brutalista e formas geométricas para estabelecer um pano de fundo, tanto para a área externa que é cercada por uma vegetação exuberante, como para garantir a neutralidade da área interna. Com pé direito de 9 metros, o local traz grandes vãos abertos, onde luz, ventilação e natureza interagem. Mas os planos vão ainda mais longe. Além de um formato independente de parcerias com outras galerias para receber mostras e artistas, futuramente, serão construídos chalés que servirão de abrigo para residências artísticas, tornando a Galeria Hugo França um hub de criação, arte e autoconhecimento. Algumas fronteiras separam. Outras funcionam como um diálogo que provoca uma reflexão sobre os dois lados. Em muitos casos, elas despertam o interesse pela busca por um ponto em comum e acabam evidenciando diferenças e similaridades que transformam muros em linhas tênues. Em meio às formas, utilidades claras e inutilidades propositais, a mostra é um convite ao diálogo.

 

 

A palavra do artista

 

 

Mais do que um local de exposição, idealizei a galeria como um convite para uma experiência de arte. De um lado, as obras, de outro, a natureza que tanto me inspira. Também é possível fazer uma visita ao meu atelier e acompanhar parte do processo de criação, além de conhecer o local onde ficam as madeiras com as quais trabalho, verdadeiras relíquias que resgatamos com muito respeito e cuidado. Essa exposição é uma oportunidade de colocar as pessoas frente a frente com esses dois universos criativos que estão muito presentes nas minhas obras. A funcionalidade de uma peça a torna um mobiliário, mas não a impede de protagonizar um ambiente com seu apelo escultórico. Uma escultura, aparentemente, não tem função, mas seria muita injustiça fazer essa afirmação, já que faz total diferença em uma ambientação.

 

 

Sobre o artista

 

 

Hugo França nasceu em Porto Alegre, RS, em 1954. Em busca de uma vida mais próxima da natureza, mudou-se para Trancoso, na Bahia, no início da década de 1980, onde viveu por 15 anos. Lá, percebeu o grau de desperdício na extração e uso da madeira, vivência que pautou seu trabalho. Artista muito requisitado, suas esculturas constam no acervo de grandes museus nacionais e internacionais.

 

 

Sobre a Exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França”

 

 

A inauguração da Galeria Hugo França e a visitação à exposição “A escultura e o mobiliário na produção de Hugo França” respeitarão as normas sanitárias e poderão ser feitas de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Em julho, mês inaugural, as visitas também poderão ser conduzidas pelo próprio Hugo França, mediante agendamento.

 

O Círculo e seus Significados

09/jul

 

 

Ecila Huste apresenta nova exposição, a partir de 15 de julho, na Sala Redonda do terceiro andar do Centro Cultural Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Ao receber o convite para expor nesta sala, a artista, que é representada pela Duetto Arts New York, resolveu criar um site specific, um painel feito de tiras de tecido de várias cores, previamente grafitadas e trançadas, formando uma pintura com relevo que vai abraçar o diâmetro do espaço e tem cerca de vinte metros de comprimento.

 

 

“É muito instigante criar uma obra para uma sala circular”, diz Ecila, “pois o círculo é uma forma geométrica muito bonita e, além de representar a unidade, é também símbolo de perfeição, inteireza, completude, a totalidade, o infinito.  Essa forma sempre existiu na natureza e está presente no miolo de uma flor, nos ninhos dos pássaros, em algumas espécies de frutos, na concha de um caracol, na íris dos olhos e também em cada movimento cíclico, como as estações do ano e o movimento do sol e da lua”.

 

 

Ecila Huste vem desenvolvendo há vários anos um trabalho de pintura que ela chama de entrelaçamento – de cores, de formas, de fios, de gestos e de percursos.  Dentro deste conceito da não separação, que é milenar, tudo no universo está interligado, formando uma unidade.

 

 

A palavra do curador Ruy Sampaio

 

 

Sabem todos que, nas culturas orientais, as mandalas apontam para a perfeição, seja na tese do Eterno Retorno, do Vedanta, seja na diluição dos pares de opostos, que levaria ao sartori, dos budistas. Portanto, não é somente a bem achada maneira de vencer o desafio de um espaço circular pré-existente que leva Ecila Huste a conformar a ele esses relevos que agora o preenchem – a opção pelo círculo aqui diz mais. Ela o faz sob uma exigência estética irretocável, mas atenta a um rico feixe de significados que, histórica e antropologicamente, perpassam aquela metáfora milenar. E aqui transparece a Ecila também psicóloga de profissão. Ao vir da pintura plana para o universo tridimensional do relevo a artista guarda todos os valores de um desenho limpo e refinado que um dos seus mestres – ninguém menos que Aluisio Carvão – um dia chamou de precioso. Por entre suas tramas as cores amorosamente se enlaçam como aquelas do poema de Drummond, na continuidade fluente de um cromatismo único que já dantes nos seduzia em suas telas.  Deliberadamente os fios que enfeixam os diversos momentos dessa pintura tão integradamente objetual permanecem aparentes como se a artista os quisesse um testemunho da elaborada manualidade de sua artesania.

 

 

O processo de criação 

 

 

A princípio, Ecila Huste começou trabalhando com guache. Depois veio a aquarela, mais tarde a tinta acrílica, técnica mais explorada ultimamente. Ecila sempre foi atraída pelos grandes espaços, o que acabou influenciando o tamanho das telas, que foi pouco a pouco aumentando, até chegar a uma obra de dez metros de comprimento por um metro e sessenta de largura. Em sua pintura as cores e formas se entrelaçam o tempo todo, como uma teia, por toda a extensão de suas obras. O trabalho final é quase sempre exuberante em cor e tem um grau de movimentação incessante.

 

 

Sobre a artista

 

 

Artista visual carioca, Ecila Huste atua no campo das artes plásticas desde 1981. Sua formação artística passa pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV), Museu de Arte Moderna (MAM) e Centro de Arte Contemporânea, no Rio de Janeiro, Brasil. Participou de inúmeras exposições no Brasil e no exterior, com destaque para individuais realizadas no Centro Cultural Correios (2018), Casa de Cultura Laura Alvim (RJ-2003), Museu Nacional de Belas Artes (RJ-1997), Centro Cultural Candido Mendes (RJ-1994), Centro Cultural CEMIG (MG-1994), Universidade Federal de Viçosa (MG-1994), Museu do Telefone (RJ-1993), Palácio Barriga Verde (SC-1993), Sala Miguel Bakun (PR-1992) e Espaço Cultural Petrobrás (RJ-1985). Ecila Huste é artista da Duetto Arts New York e faz parte do coletivo Zagut no Rio de Janeiro. Trabalha com pintura, fotos, objetos e gravura digital. A artista trabalha e reside no Rio de Janeiro.

 

 

Até 28 de agosto.

 

Despedida (Farewell)

Depois de quase uma década como diretora da Bergamin & Gomide, anuncio que a partir de agosto não farei mais parte do quadro de sócios da galeria.

 

 

Foram anos de muita dedicação, trabalho e realizações dos quais me orgulho muito. Desde a concepção até a galeria tornar-se o que é hoje, organizamos inúmeras exposições, feiras e projetos, nacionais e internacionais, tudo com o intuito de contribuir e ajudar a desenvolver o nosso panorama cultural.

 

 

A Bergamin & Gomide é uma história que deu muito certo e que agora viverá um novo capítulo. As mudanças são parte da nossa trajetória, e a minha jornada na galeria foi excepcional, me trouxe até aqui, onde hoje fecho um ciclo para começar uma nova etapa.

 

Nada disso seria possível sem a colaboração de tantas pessoas, e por isso, quero agradecer: primeiramente a minha equipe, dos mais novos contratados aos que estão conosco desde o começo. Tive a sorte de sempre poder contar com pessoas mais do que competentes, que vestem a camisa e tanto acrescentam. O convívio diário com vocês me fez crescer e aprender muito com as nossas trocas. A todos que fazem e fizeram parte da história da galeria até aqui, o meu muito obrigada. E aos parceiros e clientes, sem os quais não teríamos chegado onde estamos hoje, meu reconhecimento. Serei sempre grata por todos esses momentos compartilhados com tanta gente querida.

 

 

Não poderia deixar de agradecer ao meu parceiro, Thiago. Sem o vigor que ele traz todos os dias, a galeria não teria chegado onde está. Hoje confio esse projeto de vida à custódia dele, com a segurança de que a galeria continuará inovando e apresentando projetos que têm a nossa cara. Mesmo de longe, continuo torcendo muito pelo seu sucesso.

 

 

Continuaremos próximos e estarei sempre disponível. Meu e-mail pessoal é aobergamin@gmail.com e meu celular +55 (11) 99269-6374. Me assegurei de que todos os assuntos em andamento estejam finalizados antes do meu desligamento completo.

 

 

Me disseram uma vez que “o que a vida precisa da gente é coragem”, e é com ela que pretendo encarar o futuro, cheia de projetos dos quais darei mais notícias em breve.

 

 

Obrigada, obrigada, obrigada!

 

 

Antonia

 
 

After nearly a decade as the director of Bergamin & Gomide, I announce that, as from August, I will no longer be part of the gallery’s board.

 

 

I am very proud of this years of dedication, work and achievements we accomplished together. From the gallery’s conception to what it has grown into, we have trailed a long path – organizing numerous exhibitions, fairs and national and international projects, all of which contributed and helped to foster Brazilian culture.

 

 

Bergamin & Gomide is a film with a happy ending that now enters a spinoff. Changes are part of our trajectory and my journey in the gallery was exceptional – it brought me here and today I close a cycle to start a new phase.

 

 

None of this would ever be possible without the collaboration of so many people and for all of them I am grateful: firstly to my team; from the newest members to those who have been with us since the beginning. I was lucky to always be able to count on competent people, who had so much to add. Our daily routine made me grow and I have learned a lot from our exchanges. To all who are and have been part of the gallery’s history, my appreciation. And to all of our colleagues and customers, without whom we would not be where we are, my acknowledgment. I will always cherish these moments shared with so many dear people.

 

 

I couldn’t, obviously, not mention my partner, Thiago. Without his day-in-day-out vigor the gallery would not have become what and where it is now. Today, I entrust this life project to his custody, with the certainty that the gallery will continue to innovate and present projects that have both our essence. From afar, I will continue to root for his success and the gallery’s.

 

 

We will remain in contact and I am always available. My personal email is aobergamin@gmail.com and my cell phone +55 (11) 99269-6374. We will make sure that all ongoing matters are finalized before I leave.

 

 

I was once told that “life requires courage” and I intend to face the future with it in mind – that and many projects, about which you will know more soon.

 

 

Long live Bergamin & Gomide!

 

 

Antonia

 

Série “Brujas” no Galpão

07/jul

 

A Fortes D’Aloia & Gabriel apresenta no Galpão, São Paulo, SP, “Brujas”, a nova exposição individual de Nuno Ramos. “Brujas” toma um único gesto repetido infinitas vezes como elemento central em trabalhos que mesclam conceitualmente desenho e monotipia. São 25 obras feitas com carvão, pigmento, grafite e tinta óleo sobre papel, que ocupam sequencialmente o espaço, como em uma galeria de retratos.

 

 Composições cromáticas, luminosidade e uma cadência na intensidade do gesto definem a identidade individual de cada trabalho e também sua filiação em subgrupos. As passagens gradativas fazem da instalação das 25 obras um conjunto cuidadosamente orquestrado. A prática da monotipia está no cerne da fatura, mas Ramos desenha no avesso do papel. A superfície é atravessada pela ponta que desenha e a matéria que se acumula. O pó interage e negocia seu espaço com os poros do papel determinando o resultado final, sem o total controle do artista. “A superfície do País está totalmente tomada pela discursividade fátua, maluca, louca, mentirosa, violenta, e parece que temos que atravessar essa camada e encontrar uma porosidade que permita pegar uma coisa mais verdadeira, mais amorosa, mais interessante”, diz o próprio.

 

 

 Bruxas – aqui em espanhol “Brujas” – faz referência ao pintor espanhol Francisco de Goya, que usou imagens de bruxas como uma crítica social contemporânea.  Em pinturas e gravuras, do final do século XVIII, os seus trabalhos ligados ao tema viam a bruxaria – a partir da Inquisição – como uma lembrança perene dos perigos e males da religiosidade extrema. Nas palavras de Nuno Ramos: “é uma evocação e um chamado de uma potência que não é dispensável agora. É como se a gente precisasse de forças para reagir e lutar de volta contra o que está acontecendo”. As obras que integram a mostra lidam com incertezas e uma necessidade incontestável de mudança.

 

 

 A exposição é acompanhada de um texto crítico do pesquisador, professor e curador Diego Matos.

 

 

Sobre o artista

 

Nuno Ramos nasceu em São Paulo em 1960, onde vive e trabalha. Suas exposições individuais recentes incluem: A extinção é para sempre, Sesc São Paulo (São Paulo, 2021); Sol a pino, Fortes D’Aloia & Gabriel | Galeria (São Paulo, 2019); O Direito à Preguiça, CCBB (Belo Horizonte, 2016); O Globo da Morte de Tudo, em parceria com Eduardo Climachauska, SESC Pompéia (São Paulo, 2016); HOUYHNHNMS, Estação Pinacoteca (São Paulo, 2015); Ensaio Sobre a Dádiva, Fundação Iberê Camargo (Porto Alegre, 2014); Anjo e Boneco, Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, 2013); Fruto Estranho, MAM Rio (Rio de Janeiro, 2010). Destacam-se ainda suas participações na Bienal de São Paulo (2010, 1994, 1989 e 1985) e na Bienal de Veneza (1995). Em 2019, a editora Todavia publicou “Verifique se o mesmo”, uma nova compilação que agrupa textos escritos entre 2008 e 2017, alguns já publicados em jornais e revistas, outros inéditos. Seu livro, “Junco”, lançado em 2011 pela editora Iluminuras, ganhou o Prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria Poesia. Em 2008, ganhou o Prêmio Portugal Telecom de melhor livro do ano com “Ó”, também publicado pela Iluminuras.

 

A arte urbana de Daniel Melim

05/jul

 

 

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, anuncia para o dia 07 de agosto, a exibição de “Reconstrução”, mostra do artista Daniel Melim. Com curadoria de Miguel Chaia e co-curadoria de Baixo Ribeiro e Laura Rago, a mostra apresentará doze trabalhos de sua mais recente produção, aliando obras de grandes formatos com outras menores, que tem como foco principal a pintura, oriunda da arte urbana, com o frescor de novas técnicas para uma linguagem artística tão consagrada.

 

 

“As obras buscam reorganizar o espaço pictórico através das diversas “fatias” colocadas lado a lado, compondo um campo dos mais variados contrastes, tendo como técnica principal o stencil (molde vazado), muito utilizado na arte urbana e tendo como principal expoente o artista Alex Vallauri”, diz o artista.

 

 

Daniel Melim é considerado um dos nomes mais importantes no cenário da street art. Um dos seus trabalhos, a grande pintura da moça loira que ocupa a lateral de um prédio perto da Pinacoteca de São Paulo, na avenida Prestes Maia, foi eleito, em 2013, como o mural representativo da cidade.

 

 

Dos quadrinhos para o mundo

 

 

Nascido e criado em São Bernardo do Campo, filho de pai metalúrgico da Volkswagen e de mãe professora primária, desde muito cedo, Daniel Melim teve acesso aos livros, e foram as ilustrações que sempre lhe chamaram a atenção. Aos 13 anos, começou a frequentar a primeira pista de skate da cidade, que tinha visual estético marcado pelo pixo e pelo grafite. Foi ali que conheceu o estêncil, técnica da arte de rua que predominava naquele espaço. As intervenções eram feitas por nomes que ficaram muito conhecidos na cena urbana do ABC, como Jorge Tavares, Job Leocadio, Marcio Fidelis e Vado do Cachimbo.

 

 

Fascinado por aqueles desenhos que valorizavam a repetição e a ilustração, ele começou a tentar reproduzir por conta própria. Resgatou traços da linguagem de quadrinhos para ilustrar sua primeira personagem, uma figura de uma mulher chorando. Na sequência, fez um homem gritando.

 

 

No ano 2000, conheceu Rodrigo Souto, também chamado de Maionese, e, ao lado dos grafiteiros Ignore, Sapo e Tomate, criou a Crew Ducontra. “A gente tinha de ser  “du contra”: se o lance era fazer letra, íamos e fazíamos algo diferente”, lembra. Ali surgia a técnica da tinta escorrida, um olhar mais aprofundado para as texturas, que ele leva até hoje para seu trabalho.

 

 

Foi aí que Daniel Melim resolveu se apropriar da técnica do estêncil tornando-a sistematicamente a linguagem principal do seu trabalho e gerando, assim, o DNA de sua obra. Além da arte de rua, sua pintura já foi apresentada em galerias e museus no Brasil, Alemanha, França, Suíça, Espanha, Inglaterra e Austrália.

 

Emanoel Araújo em Curitiba

01/jul

 

 

 “Construção Simbólica” é a primeira grande mostra de Emanoel Araújo na Simões de Assis em Curitiba, PR. A exposição tem início ainda do lado de fora, na fachada da galeria – é impossível não arrebatar-se com a escultura sem título que abre a mostra como uma espécie de ponte entre a rua e o espaço expositivo, revelando a dimensão pública e monumental da obra do artista. Essa monumentalidade, aliás, se reitera de imediato na primeira sala: ao adentrá-la, deparamo-nos com trabalhos que residem numa escala mais imponente – ainda que, de maneira muito singular e paradoxal, também relacionem-se com nossa escala de corpo, afirma Julia Lima.

 

 

Até 28 de agosto.

 

Individual de Victor Arruda

 

 

A exposição “TEMPORAL” exibição individual de pinturas e desenhos de Victor Arruda é o próximo cartaz do Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria é assinada por Adolfo Montejo Navas, autor de livro já editado sobre o artista.

 

 

De 08 de julho a 26 de setembro. 2021.

 

Catálogo de obras do MACRS

30/jun

 

 

Ficou pronto e já foi lançado o Catálogo Geral de Obras do Acervo do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul (MACRS). O projeto Arte Contemporânea RS, responsável por esta ação fundamental no campo das artes visuais, direcionou seu olhar para a catalogação do acervo do MACRS, resultando em uma publicação em formato impresso e digital. O cuidadoso trabalho desenvolvido pela equipe de pesquisa, coordenado pela gestora e produtora cultural Vera Pellin, e orientado pela pesquisadora e curadora do projeto Maria Amélia Bulhões, catalogou 1813 obras de 921 artistas.

Em edição trilíngue (português, espanhol e inglês), o catálogo também é apresentado em versão online gratuita para download no site www.acervomacrs.com.  A versão impressa é composta de 304 páginas e tem tiragem de 1.200 exemplares, a distribuição será administrada pela Associação de Amigos do MACRS (AAMACRS).

 

 

O processo de trabalho, realizado pelo conjunto de profissionais e colaboradores, incluiu as etapas de pesquisa, documentação, digitalização, edição e impressão, demandando intensa dedicação, atenção e aprendizado. Entre os possíveis desdobramentos do projeto está a difusão e divulgação em diferentes mídias deste acervo de arte contemporânea que vem se constituindo ao longo de quase três décadas. Diferentes visões de mundo e expressões a respeito do nosso tempo disponíveis a partir de agora em condição permanente. A partir do olhar desta geração de artistas se manifesta a história da arte contemporânea no Rio Grande do Sul, sendo o MACRS o principal Museu do estado focado nas atividades de preservação e conservação desta memória para as gerações futuras.

 

 

“A edição do Catálogo do Acervo do MACRS, com 1813 obras de 921 artistas, tem caráter inédito e viabilizará à comunidade artística a promoção, difusão, preservação e acesso à informação deste valioso patrimônio cultural, além de fonte de pesquisa ao público especializado e interessado. Sua edição impressa e digital possibilitará a emersão de novos processos de leitura e significação da arte ao conhecer, de forma ampliada, todas as obras que compõem este valioso acervo, suas linguagens, diversidade de técnicas e práticas artísticas”, afirma Vera Pellin.

 

 

Para o diretor do MACRS, André Venzon, a publicação é um forte indício da consistência desse caminho do Museu, de resgate da biografia desses artistas, doadores, gestores, servidores, estagiários e colaboradores que apontaram essa história, do seu início até hoje, para as novas gerações. “Trata-se de uma publicação indispensável para todos que desejam conhecer mais sobre arte contemporânea, com toda a força e pluralidade que a sua produção representa.”

 

 

“Compartilho de uma emoção coletiva ao finalizar o projeto Arte Contemporânea RS, destinado à catalogação do acervo do MACRS, que foi um grande desafio para todos os colaboradores e uma realização pessoal e institucional”, afirma a curadora Maria Amélia Bulhões. Para a professora e pesquisadora da UFRGS, “agora é possível olhar a totalidade do trabalho desenvolvido e perceber a amplitude e diversidade desse acervo, ondem se destacam obras em fotografia (469) e gravura (422), seguidas de pintura (236), desenho (167) e escultura (126), além de categorias mais recentes como vídeo (82) e livros de artistas (30), entre outras”.

 

 

A leitura da publicação, assim como da exposição, propõe um exercício experimental de compreensão, que amplia significados sem criar categorias ou estereótipos, destacando obras que marcam significativamente mudanças de perspectiva na produção artística da contemporaneidade, por suas estratégias, seus recursos materiais, formais ou de conteúdo. “Certas obras investigam os universos não hegemônicos, como o feminino, o negro, o indígena ou o marginal, procurando instaurar no sistema da arte a crítica e os debates de gênero, etnias e relações sociais conflitantes. O corpo é forte presença, colocando em pauta aspectos reprimidos da sexualidade. A relação com todas essas problemáticas tem espaço no conjunto da coleção”, complementa a curadora.

 

 

O projeto ainda contempla uma significativa exposição do acervo no MACRS, que pode ser conferida até 22 de agosto, com curadoria de Maria Amélia Bulhões, nas galerias Sotero Cosme e Xico Stockinger, além do espaço Vasco Prado, no 6º andar da Casa de Cultura Mário Quintana. De forma presencial e também virtual, o público pode conferir mais de setenta obras em diferentes suportes, marcando a multiplicidade e representatividade desse acervo.