Artistas de diversos estados no Memorial

01/mar

 

Abrindo o calendário de exposições de 2023 do Memorial Getúlio Vargas, Glória, Rio de Janeiro, RJ, a exposição coletiva “Memória do Futuro” apresenta no dia 04 de março, das 12h às 17h, e exibe até o dia 16 de abril, pinturas, instalações, fotografias, desenhos, esculturas e objetos de 23 artistas de diferentes estados do Brasil, que refletem o lastro temporal da memória como condutor de um futuro possível e de suas subjetividades.

Com curadoria de Shannon Botelho, “Memória do Futuro” tem a memória como construção de identidade, invenção de si, de coletividade, de singularidade e de sociedade. A mostra traz os artistas Consuelo Vezarro, Cristina Canepa, Danielle Cukierman, Débora Rayel Eva, Federico Guerreros, Gláucia Crispino, Leda Braga, Lili Buzolin, Lucy Copstein, Marcia Rosa, Michaela A F, Odette Boudet, Renata Carra, Riyosuke Komatsu, Rosa Hollmann, Rosana Spagnuolo, Rose Aguiar, Sandra Gonçalves, Sheila Riente, Suzana Barbosa, Tuca Chicalé Galvan, Vitória Kachar, Yohana Oizumi.

 

A intensidade luminosa de Marilia Kranz

28/fev

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a mostra que inicia o seu programa de 2023: “Marilia Kranz: relevos e pinturas”, com abertura no dia 09 de março, às 18h.

Marilia Kranz nasceu e viveu na cidade do Rio de Janeiro, cuja paisagem é assunto recorrente em sua obra. Desenhando desde a infância, inicia aos 17 anos seus estudos formais em arte, cursando pintura no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 1956, ingressa na Escola Nacional de Belas Artes, onde estuda durante três anos. Passa, ainda, pelos ateliês de Catarina Baratelli (pintura, 1963-66) e Eduardo Sued (gravura, 1971).

Em um primeiro momento de sua produção, até meados da década de 1960, Kranz se dedica ao desenho e ao estudo da pintura. Na sequência, começa a produzir relevos abstratos em gesso, papelão e madeira, que integraram a sua primeira exposição individual, em 1968, na Galeria Oca, no Rio de Janeiro. Em 1969, ao retornar de viagens que fez à Europa e aos Estados Unidos, passa a produzir os relevos a partir da técnica de moldagem a vácuo com poliuretano rígido, fibra de vidro, resina e esmaltes industriais; além das esculturas com acrílico cortado e polido, chamadas de Contraformas.

Kranz inova ao produzir quadros-objetos a partir da técnica de vacum forming, pouco difundida no Brasil naquela época, até mesmo no setor industrial. Além disso, o conteúdo dos trabalhos também guarda forte caráter experimental. Segundo o crítico de arte Frederico Morais, as formas abstratas e geométricas exploradas nestas obras e na produção de Marilia como um todo se aproximariam mais de artistas como Ben Nicholson, Auguste Herbin e Alberto Magnelli do que das vertentes construtivistas de destaque no Brasil, como o Concretismo e o Neoconcretismo.

A partir do ano de 1974, Kranz retoma a prática da pintura, trazendo para o centro da tela elementos constituintes das suas paisagens preferidas no Rio de Janeiro. Comparada a artistas como Giorgio de Chirico e Tarsila do Amaral, os seus cenários e figuras geometrizados, beirando a abstração, contêm solenidade e erotismo ao mesmo tempo. Os tons pasteis, por sua vez, tornam-se a sua marca. “A cor cede diante da intensidade luminosa”, diz Frederico Morais. Ao observarmos as flores e as frutas que protagonizam com grande sensualidade várias de suas pinturas, pensamos também em Georgia O’Keeffe, considerada por Kranz sua “irmã de alma”.

A artista carioca é também conhecida pela defesa da liberação sexual feminina e da liberdade política durante a ditadura militar no Brasil, além da luta pelas causas ambientais, atuando como uma das fundadoras do Partido Verde em 1986.

Marilia Kranz expôs em galerias e instituições nacionais e internacionais e recebeu inúmeros prêmios pelas suas pinturas e esculturas, entre eles: o prêmio em escultura do 13º Panorama de Arte Atual Brasileira, em 1981, e o prêmio de aquisição do Salão de Artes Visuais do Estado do Rio, em 1973. Em 2007, contou com a exposição retrospectiva Marilia Kranz: relevos e esculturas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, ocasião em que foi lançada a monografia Marilia Kranz, escrita pelo crítico de arte Frederico Morais, que acompanhou a artista durante toda a sua carreira.

 

Até 29 de abril.

Walter Firmo faz palestra no CCBB RJ

 

O consagrado fotógrafo Walter Firmo fará uma palestra no dia 04 de março, sábado, às 15h, no Centro Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro, como parte da exposição “Walter Firmo no verbo do silêncio a síntese do grito”, em cartaz até o dia 27 de março. Gratuita e aberta ao público, a mesa de conversa “Carnaval, samba e encantamentos na obra do fotógrafo Walter Firmo” terá a participação de Firmo e dos curadores Sergio Burgi e Janaina Damaceno e da antropóloga Ana Paula Alves Ribeiro.

Os palestrantes debaterão com o público a obra de Firmo e o seu vínculo com o carnaval e o samba. A conversa será realizada no auditório do 4º andar do CCBB RJ, com 64 lugares disponíveis, além de três para pessoas com deficiência, e os ingressos poderão ser retirados até 1 hora antes do início do evento na bilheteria física ou pelo site do CCBB (bb.com.br/cultura).

A grande exposição retrospectiva “Walter Firmo: no verbo do silêncio a síntese do grito” apresenta um panorama dos mais de 70 anos de trajetória do fotógrafo carioca. Com curadoria de Sergio Burgi e Janaina Damaceno, são apresentadas 266 fotografias, produzidas desde 1950, no início da carreira de Firmo, até 2021. São imagens que retratam e exaltam a população e a cultura brasileira de diversas regiões do país, registrando ritos, festas populares e religiosas, além de cenas cotidianas. O conjunto destaca a poética do artista, associada à experimentação e à criação de imagens muitas vezes encenadas e dirigidas. “Acabei colocando os negros numa atitude de referência no meu trabalho, fotografando os músicos, os operários, as festas folclóricas, enfim, toda a gente. A vertigem é em cima deles. De colocá-los como honrados, totens, como homens que trabalham, que existem. Eles ajudaram a construir esse país para chegar aonde ele chegou.”, diz Walter Firmo.

O fotógrafo percorreu intensamente todo o país, mas sempre manteve um vínculo especial com o Rio de Janeiro, sua cidade natal, onde iniciou e construiu sua carreira e desenhou sua trajetória na fotografia, a partir da vivência de homem negro nascido e criado nos subúrbios e arrabaldes de Mesquita, Nilópolis, Marechal Hermes, Osvaldo Cruz, Vaz Lobo, Cordovil, Parada de Lucas, Vista Alegre e Irajá, territórios do samba de raiz e do permanente ronco da cuíca.

Dividida em núcleos temáticos, a mostra traz retratos memoráveis de grandes nomes da música brasileira, como Cartola, Clementina de Jesus e a icônica fotografia de Pixinguinha na cadeira de balanço, além de destacar a importante trajetória de Firmo como fotojornalista e de dedicar uma seção à fotografia em preto e branco do artista, pouco conhecida e, em grande parte, inédita.

A exposição é uma oportunidade para o público conhecer em profundidade a obra de um dos grandes fotógrafos do país, que até hoje mantém seu compromisso pelo fazer artístico: “Aí está o meu relato, a história de uma vida dedicada ao fazer fotográfico, dias encantados, anos dourados. Qual a minha melhor imagem? Certamente aquela que em vida ainda poderei fazer. Emoções, demais”, afirma o fotógrafo.

A exposição é uma parceria inédita entre o Instituto Moreira Salles de São Paulo (IMS Paulista) e o Centro Cultural Banco do Brasil. A mostra seguirá para o CCBB Brasília, com abertura prevista para 21 de abril, e posteriormente para o CCBB Belo Horizonte. O patrocínio é do Banco do Brasil.

 

Sobre os participantes:

Walter Firmo nasceu em 1937 no bairro do Irajá, no Rio de Janeiro, criado no subúrbio carioca, filho único de paraenses – seu pai, de família negra e ribeirinha do baixo Amazonas; sua mãe, de família branca portuguesa, nascida em Belém -, Firmo começou a fotografar cedo, após ganhar uma câmera de seu pai. Em 1955, então com 18 anos, passou a integrar a equipe do jornal Última Hora, após estudar na Associação Brasileira de Arte Fotográfica (Abaf), no Rio. Mais tarde, trabalharia no Jornal do Brasil e, em seguida, na revista Realidade, como um dos primeiros fotógrafos da revista. Em 1967, já trabalhando na revista Manchete, foi correspondente, durante cerca de seis meses, da Editora Bloch em Nova York. Neste período no exterior, o artista teve contato com o movimento Black is Beautiful e as discussões em torno dos direitos civis, que marcariam todo seu trabalho posterior. De volta ao Brasil, trabalhou em outros veículos da imprensa e começou a fotografar para a indústria fonográfica. Iniciou ainda sua pesquisa sobre as festas populares, sagradas e profanas, em todo o território brasileiro, em direção a uma produção cada vez mais autoral.

Sergio Burgi é coordenador de Fotografia do Instituto Moreira Salles desde 1999. Formado em Ciências Sociais na USP, tem mestrado em Conservação Fotográfica na School of Photographic Arts and Sciences, do Rochester Institute of Technology (EUA). Foi coordenador do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte entre 1984 e 1991.

Janaína Damaceno é professora da área de Cultura e História da Arte da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (Febf/ UERJ) é só Programa de Pós-graduação em Cultura e Territorialidades (PPCult/UFF). Coordena o Grupo de Pesquisas Afrovisualidades: estéticas e políticas da imagem negra. É uma das fundadoras do FICINE (Fórum Itinerante de Cinema Negro).

Ana Paula Alves Ribeiro é Antropóloga, Professora Adjunta da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense (FEBF – Pedagogia, Departamento de Formação de Professores/UERJ) e do Programa de Pós-Graduação em Culturas e Territorialidade (UFF).

Série inédita de Cildo Meireles

27/fev

 

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta até 18 de março – “Cildo Meireles: No Reino Da F*Da (1964-1987)” -, um conjunto raramente visto de desenhos e pinturas realizados durante os “anos de chumbo” e os anos de transição para a democracia, inédita série de trabalhos de Cildo Meireles.  De acordo com o curador Ricardo Sardenberg, os trabalhos “enfatizam o aspecto onírico-erótico da obra do artista, além do seu pendor em usar a velocidade e a urgência do desenho para criar uma das crônicas político-policial mais incisivas do período da ditadura militar”. Dois exemplares da série que dá nome a exposição “No reino da f*da (1965)”, em que personagens grotescos aparecem em cenas carregadas de violência e erotismo, estão presentes na galeria.

Novo espaço expositivo da Gomide&Co

 

A Gomide&Co tem a alegria de apresentar “Não vejo a hora”, mostra individual de Lenora de Barros. Com abertura marcada para o dia 08 de março, quarta-feira, das 18h às 22h. A exposição celebra também a inauguração do novo espaço expositivo da galeria, na Avenida Paulista, 2644, São Paulo, SP.

“Não vejo a hora” reúne um conjunto de trabalhos, em sua maioria inéditos, que têm como denominador comum uma elaboração sobre o tempo. Lenora de Barros sabe que diante das formas convencionais de medir o tempo, o tempo parece sempre ganhar de nós. Assim, a artista coloca em cena o seu repertório poético com vias a nos endereçar, aliando rigor e humor, formas de dilatar, desacelerar, quebrar e embaralhar o tempo.

Diplomacia Cultural e o Cinema Brasileiro

 

 

Por Instituto Ling

Quando e onde:

Data e hora: sex, 3 de março de 2023, 18:00 – 21:00

Instituto Ling João Caetano, 440 – Três Figueiras – Porto Alegre – RS – 90470260

 

Sobre este evento

O Curso de Relações Internacionais da ESPM-POA convida todos, em ritmo de aula inaugural, para celebrar, conhecer e debater o tema da Diplomacia Cultural, com a autora Manuela Fetter Nicoletti e sua convidada especial, a Cônsul da Áustria Dra. Kathrin Rosenfield.

18h: Sessão de autógrafos

19h: Brinde comemorativo

19h30: Apresentação e debate no Auditório

 

Sinopse do Livro:

Refletir sobre o tema da diplomacia cultural pode ser considerado tanto um grande desafio quanto um imenso deleite. De um lado, porque se trata de um termo pouco discutido no âmbito nacional, mesmo que amplamente abordado no meio internacional. E sob outro ponto de vista, também aborda um tópico paradoxalmente condicionado a abstração conceitual. É dizer, quanto mais tentamos definir ou delimitar esta atividade em teoria, menos a enxergamos na prática. Quando a diplomacia perde sua subjetividade para adquirir uma descrição objetiva, ela se torna política externa ou prática de desenvolvimento cultural. E é aqui que decidi inserir nosso caro cinema em perspectiva, para que através da observação da sua circulação internacional, ele nos evidencie as principais dinâmicas, os agentes protagonistas e principalmente, os caminhos da diplomacia cultural no Brasil. De maneira elíptica, este livro se posiciona na corda bamba do limiar técnico-interpretativo sobre as nuances diplomáticas e culturais. A parte desafiadora é dissolvida pelo lado técnico e a amplitude de interpretação é plano de fundo ao deleite de leitura.

 

Manuela Fetter Nicoletti – Autora

Formada em Relações Internacionais e Administração de Empresas, Manuela Fetter é fundadora da LORA, onde atua como curadora e internacionalista, propondo pontes e cruzamentos entre expressões artísticas culturais e o audiovisual. Mestre pela PUCRS, na área de comunicação social, em que pesquisou o papel ativador da diplomacia cultural na cadeia de valor cinematográfica. À frente da LORA, já promoveu mais de 50 eventos de cinema de rua na capital gaúcha, em centros culturais, museus e galerias, já trouxe para o Brasil mais de 90 filmes licenciados e legendados em português. Tem como missão expandir o alcance da diplomacia cultural nos estudos das Relações Internacionais e seus benefícios para outras áreas de pesquisa, promovendo assim uma maior interação acadêmica e profissional para o mercado cultural.

 

Sobre Kathrin Holzermayr Rosenfield

Austríaca de origem, fez sua formação nas universidades de Viena, Salzburg e em Paris: na Áustria, em Artes Cênicas e Literaturas alemã, francesa e anglo-americana; na Sorbonne (literatura e psicologia clínica); ela fez sua tese sob a direção de Jacques Le Goff, na École des Hautes Études/Paris (antropologia histórica). É professora titular no Depto. de Filosofia da UFRGS, e atua no PPG Letras e no PPG Filosofia da UFRGS. Também autora de vários livros sobre literatura e filosofia, arte, estética e psicanálise. Seus livros iluminam a partir de perspectivas interdisciplinares clássicos da filosofia e da literatura mundiais. Seu ensaio Desenveredando Rosa – a obra de J.G.Rosa ganhou o prêmio Mário de Andrade. Recentemente publicou a Introdução e os comentários para Antígona de Sófocles (trad. L.F. Pereira, Penguin-Cia.das Letras 2022); as traduções comentadas das novelas de Robert Musil, Uniões (Perspectiva, 2018) e R. Musil, Ensaios 1900-1919 (Perspectiva 2021); além do verbete “Inconsciente” (Palavras da Crítica, online). O segundo volume dos Ensaios 1919-1942 será lançado em 2023. Na chegada ao Brasil em 1984, Kathrin iniciou sua carreira em Porto Alegre como psicanalista e manteve o trabalho clínico até tornar-se professora adjunta na UFRGS. Dirige diversos projetos e grupos de pesquisa dentro e fora do âmbito da universidade, em particular, projetos vinculando a pesquisa acadêmica com eventos artísticos (exposições, podcasts e videocasts envolvendo artes plásticas e literatura; dramaturgia e produção de espetáculos como Antígone ou Hamlet (com Luciano Alabarse e tradução de L.F. Pereira). Atua também em programas de TV como “Direito e Literatura”, Canal 247, entre outros.

Catalogação da obra de Lorenzato

15/fev

 

Foi lançado no mês passado o Projeto Amadeo Luciano Lorenzato, que busca identificar e catalogar as obras do artista mineiro em uma plataforma digital, contínua e aberta. Com apoio do Itaú Cultural, a iniciativa partiu do galerista Thiago Gomide, mineiro como Lorenzato, e que tem o artista no elenco e de sua Gomide & Co.

Segundo o pesquisador Mateus Nunes, que coordena o projeto, Gomide “sempre foi atento à importância do artista, que tinha seus debates muito restritos a Minas Gerais” e ele sentia a necessidade de “enfatizar a presença de Lorenzato na história da arte em um panorama mais amplo”. Nunes é doutor em História da Arte pela Universidade de Lisboa, professor do MASP e pesquisador integrado do Instituto de História da Arte da Universidade de Lisboa.

“A submissão pelo formulário objetiva, sobretudo, alcançar uma capilaridade em que a pesquisa de campo que empreendemos não chega, como as coleções particulares de muitos colecionadores”, Mateus Nunes, coordenador geral do Projeto Lorenzato

Por ora, foram catalogadas em torno de 300 obras, e há cerca de outros 100 trabalhos submetidos pela plataforma do site. De acordo com Nunes, Gomide estima que Lorenzato tenha entre 3 mil e 4 mil obras espalhadas pelo mundo. A catalogação do Projeto Amadeo Luciano Lorenzato feita a partir da submissão dos formulários, conta ele, tem sido minoritária. Para o lançamento, foi formado um banco de dados de centenas de obras a partir de pesquisa de campo em galerias e instituições de arte, além de publicações, catálogos, exibições em exposições, etc.

“A submissão pelo formulário objetiva, sobretudo, alcançar uma capilaridade em que a pesquisa de campo que empreendemos não chega, como as coleções particulares de muitos colecionadores”, diz o pesquisador à arte!brasileiros, explicando que, além de três pessoas que trabalham diretamente na catalogação, as equipes das galerias e instituições de arte colaboradoras têm ajudado, cedendo imagens, fichas técnicas e pesquisas já presentes em seus próprios bancos de dados.

Nos próximos meses, será feita a primeira assembleia do Conselho Consultivo, presidido por Thiago Gomide, para a análise e deliberação do que vem sendo submetido por meio da plataforma. Entre os membros pesquisadores do Conselho estão Rodrigo Moura, autor de Lorenzato, livro publicado pela editora Ubu, e curador do El Museo del Barrio, em Nova York; Sabrina Sedlmayer, Laymert Garcia dos Santos e Luisa Duarte; os galeristas Vilma Eid, Pedro Mendes, Rodrigo Ratton e James Green; e Rui Terenzi Neuenschwander, colecionador de arte e primo de segundo grau do artista.

 

Trajetória

Amadeu Luciano Lorenzato (1900-1995) nasceu e morreu em Belo Horizonte, capital mineira. Ao longo de sua trajetória, atuou como pintor e escultor. Mudou-se com a família em 1920 para Arsiero (Itália), onde trabalhou como pintor de paredes. Estudou na Reale Accademia delle Arti, em Vicenza. Em 1926, foi para Roma, onde ficou dois anos em companhia do pintor e cartazista holandês Cornelius Keesman, com quem desenhava nos fins de semana. Em 1928, ambos iniciaram uma viagem de bicicleta ao leste europeu, passando por Áustria, Eslováquia, Hungria, Bulgária e Turquia. Em Paris, participou da montagem dos pavilhões da Exposição Internacional Colonial. No início da década de 1930, voltou para a Itália, onde permaneceu até 1948, quando retornou ao Brasil. Em BH, retomou o ofício de pintor de paredes até meados dos anos 1950, quando, devido a um acidente, passou a se dedicar apenas à pintura. No comunicado de lançamento do projeto, Mateus Nunes ressalta que Lorenzato “é um artista que não obedece a moldes historiográficos usuais, como enquadramento em estilos, foi fora do eixo Rio-SP e utilizava técnicas não usuais”. O texto salienta ainda aspectos em oposição na produção de Lorenzato: figurativo versus abstrato, estética brasileira versus internacional, imaginário versus autêntico. Para Nunes, Lorenzato era o próprio denominador comum de sua obra.

“Ele fazia congregar esses opostos de maneira híbrida, erudita e intuitiva, ao ponto de manipular ferramentas visuais, como a perspectiva, por exemplo, para a criação de uma atmosfera nostálgica. O Projeto Amadeo Luciano Lorenzato refrisa o aspecto autobiográfico na produção do artista”, diz.

O pesquisador destaca também que a prática de Lorenzato, iniciada na década de 1920, percorreu um longo caminho até 1964 – as pinturas anteriores a 1948, ano em que retornou ao Brasil, foram destruídas durante a Segunda Guerra, conta ele -, quando apresentou alguns trabalhos aos críticos de arte Sérgio Maldonado e Palhano Júnior, responsáveis pela organização de suas primeiras mostras individuais. Ainda em vida, no início dos anos 1970, Lorenzato participou de exposições internacionais, na antiga Checoslováquia e na França.

“(O trabalho de Lorenzato) ficou por mais de 40 anos sendo exposto apenas no Brasil, com quase todas as mostras sendo feitas em Minas Gerais. Os debates foram reavivados há cinco anos, quando Lorenzato foi reinserido no panorama de discussão global, com exposições em Londres e em Nova York”, Mateus Nunes, coordenador geral do Projeto Lorenzato

“Depois dessas participações, seu trabalho ficou por mais de 40 anos sendo exposto apenas no Brasil, com quase todas as mostras sendo feitas em Minas Gerais. Os debates foram reavivados há cinco anos, quando Lorenzato foi reinserido no panorama de discussão global, com exposições em Londres e em Nova York. O objetivo do projeto é que, por meio da catalogação, Lorenzato tenha uma repercussão digna ao tamanho de sua obra tanto no Brasil quando no exterior”, afirma Nunes.

 

Obra dispersa

Um dos principais desafios do Projeto é saber que se trata de um arquivo em constante expansão. O pesquisador lembra também que a obra de Lorenzato é bastante dispersa. Por exemplo, foram identificados indícios da presença de um trabalho feito pelo artista no período em que colaborou com Cornelius Keesman, “mas ainda sem grandes descobertas”, segundo Nunes, que considera as obras feitas à época na Itália “de muito difícil rastreamento”. Daí a necessidade de que os processos do Projeto ocorram em parte online:

“Ele pede uma plataforma aberta, que solicite aos colecionadores e pesquisadores o envio de obras para análise e catalogação. Há peculiaridades menos específicas, como acontece na catalogação das obras muitos artistas, como imprecisão de datas, falta de registros fotográficos que sigam um certo padrão de qualidade para um banco de dados padronizado e pouquíssima bibliografia acerca de Lorenzato”, explica. “A catalogação geral deve durar alguns anos e ficar sempre aberta a novas análises. É possível que, no futuro, exposições e publicações sejam fomentadas a partir do Projeto, mas não há planos para desenvolvê-los em um futuro próximo”.

 

Fonte: por Eduardo Simões em arte!brasileiros

Mariana Manhães em cartaz no Oi Futuro

Mariana Manhães inaugura a obra “Prenúncio da saliva”, produzida especialmente para o projeto Ressonâncias, no Centro Cultural Oi Futuro, Rio de Janeiro. A convite da curadora Fernanda Vogas, a artista ocupou uma das galerias do Centro com equipamentos eletrônicos, espuma expansível, plástico, ventiladores industriais e outros materiais, integrando-os à arquitetura do espaço expositivo. “A obra de Mariana Manhães desconstrói formalidades, reorganiza materiais, objetos e o próprio espaço de uma forma inovadora”, afirma a curadora.

 

A exposição “Prenúncio da saliva” pode ser visitada até 26 de março.

 

Novo espaço expositivo da Gomide&Co

 

A Gomide&Co tem a alegria de apresentar “Não vejo a hora”, mostra individual de Lenora de Barros. Com abertura marcada para o dia 08 de março, quarta-feira, das 18h às 22h. A exposição celebra também a inauguração do novo espaço expositivo da galeria, na Avenida Paulista, 2644, São Paulo, SP.

“Não vejo a hora” reúne um conjunto de trabalhos, em sua maioria inéditos, que têm como denominador comum uma elaboração sobre o tempo. Lenora de Barros sabe que diante das formas convencionais de medir o tempo, o tempo parece sempre ganhar de nós. Assim, a artista coloca em cena o seu repertório poético com vias a nos endereçar, aliando rigor e humor, formas de dilatar, desacelerar, quebrar e embaralhar o tempo.

Manifestações divinas e profanas

14/fev

 

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta de 02 de março até 15 de abril, a exposição “Dialetos do Firmamento”. A artista belga de origem turca Shen Özdemir traz em sua primeira viagem ao Brasil seu universo particular de carnaval, em que cria esculturas que nos lembram os bonecos de Olinda. Para abrir a mostra coletiva em que estará junto com os artistas Bonikta, Ivan Grilo, Jeane Terra, Rochelle Costi, Thiago Costa, e Zé Tepedino.

Shen Özdemir fará um cortejo com seus estandartes, e seis músicos integrantes do Céu na Terra, que percorrerá as ruas do bairro da Gávea até a Anita Schwartz. A exposição discute as diferentes cosmovisões, mundos inventados, o encantamento e os mistérios que transitam entre o céu e a terra.

A exposição será aberta por um cortejo/performance com oito bandeiras desenhadas e confeccionadas pela artista belga de origem turca Shen Özdemir, em sua primeira visita ao Brasil, e a participação de seis músicos integrantes do tradicional Céu na Terra. A concentração será a partir das 18h30, na Praça Santos Dumont, na Gávea, e o cortejo percorrerá algumas ruas do bairro até a Anita Schwartz, na Rua José Roberto Macedo Soares, 30. Por meio de suas linguagens e modos sensíveis de compreensão, os trabalhos dos artistas de “Dialetos do Firmamento” constelam imaginários, desenhando novas direções para modos plurais da existência, integrada à imensidão dos poderes ocultos do universo.

A exposição inaugura o programa de 2023 da galeria e convida o público a imaginar novas possibilidades de cuidar de um futuro ancestral, em conexão com o campo da arte e da espiritualidade, construindo percursos e diálogos entre manifestações divinas e profanas. O projeto de um Brasil inventado é revisto pelas potências do intangível, as expressões primárias e as subjetividades da memória, atravessando o tempo e o espaço visível/invisível do mundo moderno organizado pela racionalidade.

Bonikta (Caio Aguiar), nascido em 1996, em Ourém, Pará, e radicado em Salvador, estará na exposição com as fotografias “Kurumins do Rio” (2023) e “Ygarapé das Bestas” (2023), cada um medindo 45 x 60 cm. Sua produção que desenha um universo encantado inspirado no imaginário ribeirinho amazônico, reflexos de vivências que traçam travessias entre o interior e a cidade, entre a rua e a floresta. Bonitka se dedica a processos de criações e encantarias em diversas linguagens e tecnologias, do grafite, lambe-lambe, ilustrações, pinturas, fotografias, vídeos, animações, tatuagens, máscaras a desenhos digitais, entre outros. Bonikta é bicho que vira gente e gente que vira bicho. Atualmente ele é estudante do Bacharelado Interdisciplinar em Artes na UFSB (Universidade Federal do Sul da Bahia).

Ivan Grilo (1986, São Paulo) mora em Itatiba, São Paulo, e tem sua produção reconhecida no circuito da arte a partir de seu interesse em investigar tradições orais, ou pesquisar história brasileira a partir de arquivos públicos. A escrita é um elemento importante em seu trabalho, de várias maneiras, e na exposição a obra “Fazer juntos um trecho de céu no chão” (2022) traz a frase entre linhas, em bronze, medindo 8cm x116cm.

O tríptico “Santuário do Sertão” (2022), uma monotipia feita sobre pele de tinta – material desenvolvido pela própria artista – foi criado a partir da vivência de Jeane Terra no final de 2021 nas cidades baianas inundadas pelo Rio São Francisco em 1970, para a criação da represa de Sobradinho. A obra retrata, a partir de um registro fotográfico feito pela artista, a Igreja de Santo Antônio, do século XVIII, na margem do rio em Pilão Arcado. Jeane Terra nasceu em 1975 em Minas, e é radicada no Rio de Janeiro.

Rochelle Costi (1961-2022), artista atuante em exposições no Brasil e no exterior, deixou um legado poético de sua coleção amorosa de registros do que a cercava – objetos, paisagens, cenas do cotidiano. Sua obra que integra a exposição “Escada Palavrada – Céu” (2014), em jato de tinta sobre papel de algodão, de 105cm x 70cm, é também uma homenagem a ela.

A artista belga de origem turca Shen Özdemir (1996) criou um universo de carnaval a partir das lendas de gigantes, na Bélgica, e das marionetes da Turquia. Na série de trabalhos Karnavalo, sua intenção é criar uma comunidade humana internacional através do sincretismo cultural. Seu carnaval é composto por uma multidão de trupes, concebidas como núcleos familiares, ressaltando a ideia de parentalidade, e seguindo a tradição das alegorias dos desfiles de carnaval. Suas “cabeças” nos lembram, entre outros personagens de festas populares, os tradicionais Bonecos de Olinda. Criadas com espuma, papel, tinta acrílica, gesso e tecido, e medindo aproximadamente 90cm x 90cm, duas obras “Cabeças” (2023), que representam metaforicamente dois membros de uma mesma família, sem definição de gênero ou faixa etária. Com a participação de integrantes do Céu da Terra, será a primeira vez que os desfiles feitos por Shen Özdemir com seu carnaval imaginário terão música. O conjunto de bandeiras do cortejo integrará a exposição.

As esculturas-ferramentas “Exercícios para suspensão” (2022) – solda sobre vergalhão, com 50cm x 20cm cada – do paraibano Thiago Costa (1994, Bananeiras, residente em João Pessoa), faz parte de sua pesquisa da escrita em relação com a imagem a partir das filosofias Bantu e Yorubá. “O gesto de assentar e seus métodos fazem parte de saberes milenares onde se acessa as temporalidades do que é intencionado, que possibilita comunicação e relação da forma com o corpo”, diz. Ele investiga a relação das formas com as corporações e incorporações.

Na instalação “Sem título” (2023), em madeira, nylon, tecido, areia e pedra, o artista carioca Zé Tepedino (1990) dá seguimento à sua série “Vários verões”, em que objetos de praia são destituídos de sua função original, e ao serem desmembrados e rearranjados são pensados a partir de cor e forma.