Longo Bahía na Argentina

08/ago

A artista brasileira Dora Longo Bahía está na Sala de Audiovisual do Parque de La Memória, pela Bienal Sur (Bienal Internacional de Arte Contemporáneo de América del Sur). Parque de la Memoria – Monumento a las Víctimas del Terrorismo de Estado, Av. Costanera Norte Rafael Obligado 6745, Adyacente a Ciudad Universitaria, Ciudad Autónoma de Buenos Aires, Argentina.

 

“Choque” leva o título da unidade antidistúrbios da polícia brasileira, também conhecida como “Tropa de Choque”, uma divisão treinada e equipada para reprimir multidões e protestos no espaço público. A videoinstalação de Dora Longo Bahía, de profunda potência visual, questiona criticamente os métodos que os poderes do Estado aplicam para suprimir as forças de resistência. Assim, longe de se estabelecer como símbolo de proteção, as forças policiais transmitem em “Choque”, uma filosofia do medo e, embora a obra ancore sua base conceitual na realidade histórico-política do Brasil contemporâneo, a narrativa visual implantada pela artista encontra ressonâncias semelhantes em várias cidades ao redor do planeta.

 

Sobre a artista

 

Dora Longo Bahía nasceu em São Paulo, 1961. Artista visual e doutora em Poéticas Visuais pela Universidade de São Paulo. Seus trabalhos são desenvolvidos em várias mídias, incluindo pintura, fotografia, vídeo, instalações sonoras e livros. Sua ligação com o punk rock dos anos 1980 levou-a a participar de diferentes bandas como Disk-Putas e Blah Blah Blah. Dora Longo Bahía se define como um produtor de imagens e suas obras tratam, sem buscas retóricas, da violência do mundo contemporâneo.

 

Até 13 de outubro.

 

Dois na Kogan Amaro

06/ago

A partir de 08 de agosto e até 06 de setembro, a Kogan Amarao, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exibe duas exposições: “A verdade está em tudo, mesmo no erro”, do multiartista Fabiano Rodrigues, que usa do ideário de Moholy Nagy para reunir colagens e fotomontagens a partir de negativos de até cem anos atrás e Felipe Góes, com “Cataclismo”, no mezanino da galeria, paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitando as telas do pintor abstrato-figurativo.

 

 Fabiano Rodrigues

 

A verdade está em tudo, mesmo no erro

 

“O inimigo da fotografia é a convenção, as regras fixas de “como fazer”. Sua salvação vem da experimentação. O artista experimental não tem ideias preconcebidas, não acredita que a fotografia seja somente como é conhecida hoje – exata repetição e representação da visão costumeira. Não pensa que os erros devam ser evitados. Ousa chamar de ‘fotografia’ todos os resultados alcançados pelos meios fotossensíveis, com câmera ou sem.”

 

O texto acima foi escrito na década de 20 pelo artista húngaro e professor da Escola Bauhaus László Moholy-Nagy (1895-1946), um experimentador incansável, dos exponentes do Modernismo europeu que ajudaram a mudar os rumos da arte. Quase um século depois, ainda revolucionário, serve agora de tripé ao fotógrafo Fabiano Rodrigues, 45.

 

Para criar sua mais recente série de trabalhos, ele deixa a câmera na gaveta. Resgata imagens de sebos e álbuns de família esquecidos pela História. Desdobra-se em colagens e fotomontagens a partir de 400 negativos das décadas de 50 e 60, quando as máquinas fotográficas caíram no gosto popular. Em suas experiências, não abre mão dos erros. Pelo contrário, põe-se a explorá-los, trazendo à luz uma outra realidade, mais plástica.

 

A ideia é dar aos registros uma nova interpretação, ressignificá-los de maneira irreverente. Após recortadas, as fotos integram montagens estranhas, meio surreais, meio fantasmagóricas. Homens e mulheres que têm seus rostos mutilados pelas lâminas precisas do artista. Despedaçados, reconfiguram-se de maneira invertida, bem ao estilo de Moholy-Nagy.

 

Numa delas, um evento social que reúne engravatados, Rodrigues segmenta as silhuetas masculinas e as ambienta em situações habituais, de comportamento e gestos masculinos, em fundo negro, infinito, como se estivessem flutuando no abismo profundo. Imagens antes abandonadas, jogadas ao anonimato. São mais de 60 ou 70 anos desde que foram captadas. Algumas até mais antigas, de 1915. Fotografia nostálgica, carregada de melancolia, que registra este fenômeno inexorável à passagem do tempo, espécie de congelamento no passado de pessoas que talvez nem mais existam, levando seus fragmentos até o presente de gente que sequer as conhece.

 

Em sua pesquisa, o artista topou com alguns filmes publicitários de máquinas fotográficas da época. E aproveitou para também transformá-los em colagens. Frames comerciais e imagens em movimento se misturam a trechos de músicas e sons aleatórios. O resultado é um vídeo estridente.

 

O artista de Santos (SP) já não era convencional antes, ao documentar o universo dos praticantes de skate – sua tribo, já que ele mesmo é skatista profissional. Em meio à adrenalina e durante saltos, piruetas e voos inacreditáveis, fotografava solto no ar ou em velocidade vertiginosa, dentro de museus e edifícios com arquitetura marcante, desafiando os limites institucionais. Disparava a distância um obturador remoto, o que exigia boas doses de precisão.

 

Nesta nova fase de sua obra, Fabiano arrisca-se na experimentação ao deixar a máquina fotográfica na gaveta, mais maduro pelo tempo, parte radicalmente para a pesquisa de imagens já existentes. Agora desenha recortando, cortando e colando. Junta essas fotografias e negativos de época e lhes dá sobrevida na contemporaneidade ao resgatá-los do passado. Cria assim, inusitadas imagens de segunda geração.

 

São estranhas, é o que poderia dizer no mínimo sobre essas imagens resultadas do gesto simples de recortar, colar e sobrepor partes da mesma fotografia.

 

Curadoria

Ricardo Resende

 

 

Felipe Góes

 

Também a partir de 08 de agosto, entra em cartaz a mostra individual de Felipe Góes, “Cataclismo”, no mezanino da Kogan Amaro. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam as telas do pintor abstrato-figurativo. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal”, conta o artista.

 

 

Cataclismo

 

No começo havia apenas a desordem. O único deus era o Caos, que reinava no nada e sozinho. Ele, então, decide criar Gaia, mãe-terra e força primordial do universo. Assim começa a origem do mundo na mitologia grega, de onde o cataclismo se ergue e a transformação impera. Paisagens surreais, em que lava e água coexistem e se confundem, habitam nosso imaginário e também as telas do artista plástico Felipe Góes.

 

Um entardecer onírico une as obras do paulistano, de 36 anos, todas compostas por intensas pinceladas que passeiam entre William Turner e Gerhard Richter, ora feitas em tinta acrílica, ora em guache. “Há quase um ano, tenho migrado meu trabalho para esse lugar imaginário, em um processo constante de renovação, que vai das formas à paleta, passando pelas dimensões das obras, que tomam cada vez mais corpo”, explica.

 

Se antes seguia campos de cor para dar ritmo ao trabalho – processo que reconhecemos na obra de artistas como Paulo Pasta (de cujo grupo de estudos Góes fez parte entre 2008 a 2012) –, agora, ele entrelaça tais tonalidades, deixando essas áreas mais mescladas e difusas. “Essa transformaçãoEnte recente coincide com o período mais intenso de interlocução com o artista Rubens Espírito Santo”, conta.

 

O figurativo é outro elemento que cresceu na produção do artista. Ligado a certo expressionismo na pincelada, mudou a incidência de luz e sombra em suas telas. Tais características fazem de Góes parte de uma nova geração de pintores abstrato-figurativos que tem alcançado êxito na cena artística, formada por nomes como Daniel Lannes, Marina Rheingantz, Bruno Dunley e Rodrigo Bivar. “Se alguns pintam a partir da fotografia de uma paisagem, e outros, da memória de tal lugar, me coloco em um terceiro círculo, misturando lembranças de vários destinos. Dessa forma, crio uma localização parcialmente irreal.”

 

A natureza exuberante permeia esses registros, como uma espécie de catalogação de lugares inexistentes – todos cobertos pela penumbra mágica das cores do nascer e do pôr do sol. Alguns deles sugerem a presença humana, seja em um farol, em uma ponte ou em uma construção não definida. Uma forma de fazer possível nossa passagem por esse mundo de cataclismos.

 

Curadora

Ana Carolina Ralston

 

 

 

 

Bate-papo na FIC

31/jul

No próximo sábado, 03 de agosto, a Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, promove um bate-papo com o artista Daniel Senise e a curadora Daniela Labra sobre a exposição “Antes da Palavra”, que inaugura no mesmo dia. O encontro ocorre às 16, no átrio da Fundação Iberê. Serão oferecidas 50 vagas, por ordem de chegada e a entrada é gratuita.

 

A exposição “Antes da Palavra” apresenta 23 trabalhos de Daniel Senise, entre pinturas e objetos, articulados em torno da instalação monumental “1.587”, construída por duas grandes telas suspensas no átrio, postadas frente a frente. A ausência na presença é um paradoxo explorado nas obras do artista, assim como a reflexão sobre o tempo, a vaidade, a futilidades e a opulência.

 

Em diálogo com a exposição, Daniela Labra convidou seis artistas que pensam o som não em sua estrutura melódica, mas em proposições que indicam ausência, fisicalidade, espacialidade, interrupção, silêncio, tempos alongados e outros motes integrados às ideias primordiais presentes em “Antes da Palavra”. São eles: Marcelo Armani, Ricardo Carioba, Raquel Stolf, Pontogor, Tom Nóbrega e Felipe Vaz.

 

 

 

ArtRio 2019, programa SOLO

30/jul

A ArtRio 2019 apresenta Sandra Hegedüs como curadora do programa SOLO, destinado a projetos expositivos com foco em importantes coleções de arte. Brasileira, Sandra vive na França desde 1990, onde desenvolveu atividades de produção audiovisual e deu início à sua coleção particular.

 

Em 2009, buscando oferecer uma maior contribuição ao cenário artístico e também incentivar a formação e reconhecimento de novos nomes, Sandra criou o SAM Art Projects. Seu foco principal está na promoção e suporte a artistas contemporâneos de países não ocidentais, incluindo o estímulo a intercâmbios artísticos, além de apoiar projetos de artistas franceses que vivem e/ou trabalham em países estrangeiros (não europeu ou norte-americano). O projeto, que conta com residências artísticas e o Prêmio SAM para a Arte Contemporânea, realiza exposições regulares no Palais de Tokyo, em Paris.

 

Em 2013, o SAM Art Projects se tornou uma fundação sem fins lucrativos, e Sandra assumiu a posição de patrona. Atualmente, seu comitê é formado por Jean-Hubert Martin, Annabelle Ténèze, Sandra Hegedüs, Marie-Ann Yemsi, Jean de Loisy, Thierry Raspail, Myriam Ben Salah, Emma Lavigne e Nicolas Bourriaud.

 

Com os resultados do SAM Art Projects, Sandra Hegedüs é reconhecida como importante mecenas do cenário atual e também faz parte do círculo internacional do Centro Georges Pompidou, sendo responsável pela aquisição de artistas latino-americanos, e do Centro Nacional de Artes Plásticas, órgão do Ministério da Cultura francês.

 

Para o projeto SOLO, Sandra Hegedüs vai selecionar cerca de dez artistas e suas galerias, que exibirão, em seus estandes, somente trabalhos do artista indicado.

 

Data: 19 a 22 de setembro (quinta-feira a domingo)

 

Preview – 18 de setembro (quarta-feira)

 

Local: Marina da Glória – Av. Infante Dom Henrique, S/N- Glória, Rio de Janeiro, RJ.

 

 

Livro “Escultura, objeto, 3D”

29/jul

O MAM Rio lançou o livro “Escultura, objeto, 3D” (Editora Barléu, 14x21cm, 104 páginas, 1.500 exemplares), um ensaio inédito de Reynaldo Roels (1951-2009), organizado pela pesquisadora Rosana de Freitas. Intelectual refinado, Reynaldo Roels Jr. foi figura marcante e querida no universo da arte carioca, onde exerceu vários cargos, entre eles o de curador do MAM, de 2007 até a sua morte repentina em 2009, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, entre 2002 e 2006.

 

“O ensaio inédito deixado por Reynaldo Roels Jr. discorre sobre as mídias tridimensionais, desde os relevos narrativos do renascimento italiano até as ‘esculturas’ mais recentes, que programaticamente rejeitam tal rótulo. O silêncio historiográfico ao qual a escultura foi submetida, em favor de uma História da Arte eminentemente pictórica, é aqui, a um só tempo, analisado e rompido”, comenta Rosana de Freitas. O texto foi escrito por Reynaldo Roels Jr. inicialmente em 1992 para um curso no Solar do Barão, em Curitiba, depois atualizado por ele em 2003 para um curso que ministrou no Parque Lage.

 

A trajetória profissional de Reynaldo Roels Jr. se entrecruza com diversos momentos da história recente do MAM Rio, de onde foi curador de 2007 até a sua morte súbita em 2009, e coordenador do Núcleo de Pesquisa do Museu de 1991 a 1992. Foi ainda curador da Coleção Gilberto Chateaubriand de 1997 a 2000, e diretor da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage entre 2002 e 2006, e crítico de arte do “Jornal do Brasil”, de 1985 a 1990.

 

Opiniões

 

“Reynaldo Roels Jr. exercia a curadoria como um permanente exercício de zelo e de amor à arte. Catalogou, desenvolveu o banco de dados e foi curador da Coleção Gilberto Chateaubriand por três anos.” Carlos Alberto Chateaubriand

 

“Dono de vasta cultura, Reynaldo foi um intelectual completo. Transitava com desenvoltura entre a música, a literatura e as artes plásticas, cuja prática dominava, o que veio enriquecer seu trabalho crítico.” Helio Portocarrero

 

“Professor e crítico de arte admirável, suas aulas e seus artigos levaram informação e inspiração a gerações de artistas, estudantes e amantes das artes.” Nelson Eizirik

 

Sobre a oganizadora

Rosana Pereira de Freitas. Historiadora da Arte, professora da Escola de Belas Artes da UFRJ, atuando junto ao bacharelado em História da Arte e ao PPGAV/Progarama de Pós-graduação em Artes Visuais.

 

 

Instalação de Daniel Senise

25/jul

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, inaugura no dia0 3 de agosto a exposição “Antes da Palavra”, exibição individual de Daniel Senise. A abertura ocorre às 14h e pode ser visitada até 29 de setembro, no Átrio e 2º e 3º andares.

 

Com curadoria de Daniela Labra, a mostra apresenta 23 trabalhos de Senise, entre pinturas e objetos, articulados em torno da instalação monumental “1.587”, constituída por duas grandes telas suspensas no Átrio, postadas frente a frente, cujas lonas são lençóis usados em um motel carioca e no INCA – Instituto Nacional do Câncer, no Rio de Janeiro. “As marcas e manchas visíveis nas superfícies das peças são prova de um tempo transcorrido que é protagonista. Nesse lugar, essa representação – como numa natureza-morta, é substituída pela temporalidade de fato, palpável, a qual exacerba um segundo paradoxo, o da representação/real, contido na obra de arte contemporânea”, explica a curadora.

 

O título da obra decorre do cálculo de pessoas que passaram por esses lençóis ao longo de seis meses. Senise pouco interferiu na maculada imensidão branca, de onde saltam imagens mentais de estórias pessoais desconhecidas. Os números das presenças/ausências, registros, lembranças, momentos de muito amor, mas também de muita dor, impregnados nos tecidos foram alcançados com a ajuda de um matemático e nomeiam cada face da instalação: “Branco 237″ refere-se à movimentação no hospital, enquanto “Branco 1.350″, no motel.

 

Somadas, essas cifram atingem 1.587 dramas e êxtases de desconhecidos amalgamados nesta obra de aspecto solene e vertiginoso. Em Porto Alegre, por questões de adequação ao espaço, esta é uma versão reduzida do trabalho original, intitulado “2.892”, criado no final da década de 1990 e exibido apenas em 2011, na Casa França-Brasil, Rio.

 

Em diálogo com a exposição, Daniela Labra convidou seis artistas que pensam o som não em sua estrutura melódica, mas em proposições que indicam ausência, fisicalidade, espacialidade, interrupção, silêncio, tempos alongados e outros motes integrados às ideias primordiais presentes em “Antes da Palavra”. São eles: Marcelo Armani, Ricardo Carioba, Raquel Stolf, Pontogor, Tom Nóbrega e Felipe Vaz.

 

Outra novidade da mostra é a joia feita com exclusividade por Daniel Senise para a Fundação Iberê Camargo, à venda na loja do espaço cultural. “A peça corresponde ao inverso dos nichos das placas de concreto aparente presentes na fachada da Fundação. O objeto foi moldado em um nicho próximo à entrada da arquitetura de Álvaro Siza e se encaixará perfeitamente, funcionando como uma “chave de acesso” ao prédio”, diz o artista.

 

60 anos de arte na TNT

TNT Arte Galeria, Fashion Mall, São Conrado, Rio de janeiro, RJ, apresenta a exposição a exposição “Pietrina Checcacci – pasmo essencial”, um recorte da produção da artista e trabalhos inéditos. Nascida em Taranto, sul da Itália, em 1941, radicou-se no Rio de Janeiro, onde vive e trabalha. Em exposição mais de 30 obras dentre elas: pinturas, esculturas e objetos de design. Pintora, escultora, designer e poeta, a artista abre exposição em novo projeto da galeria TNT Arte para comemorar aniversário e seis décadas de arte.

 
Suas reflexões são atemporais onde aborda questões em relação a humanidade com o planeta. Com um ar de denúncia, mas ainda com sensualidade, a artista trata dessa conexão/desconexão ao longo de toda sua trajetória, tendo principalmente o feminino e elementos da natureza presentes em seu trabalho. “O ser humano não só vive e consome o universo, mas ele é parte dele, como a água, o céu, as folhas, flores e tudo que o constituem”, afirma a artista. Em sua obra, pernas e corpos aparecem como formas de montanhas, rosas representam a sensualidade do corpo, da pele, espinhos são dores ou defesas. Tudo em sua obra é homem e natureza.

 

Para essa mostra, a artista apresenta pinturas inéditas tomando partida em uma das séries para assuntos sobre comportamento social, sobre relações na atualidade que figuram ao lado de um recorte da sua produção desde os anos 1970 onde figuram trabalhos das séries; “Rosas”, “Paraíso Tropical”, esculturas em bronze e fibra de vidro como a obra “Eleonor” e objetos de design. “Estou comemorando meu aniversário e seis décadas de produção, nosso desejo foi trazer as obras mais recentes, mas sem deixar de contar um pouco da minha história ” diz a artista sobre o eixo curatorial escolhido ao lado dos diretores da galeria.

 

Produzida em 2016, mas inédita ao público, a artista apresenta a série “Fake” onde revela um viés que gira em torno do empoderamento da mulher. Composta por sete pinturas, Pietrina constrói uma narrativa sequencial, mas que faz sentido mesmo quando separadas. Nas pinturas da série, Checcacci pinta mulheres que possuem uma proporção grandiosa em relação a área da tela, com cabelos esvoaçantes e a sensualidade sutil que trata o feminino em sua produção. Ao percorrer as telas, homens passam a figurar ao lado dessas mulheres, revelando questões em relação a solidão, expectativa, desapego e independência.

 

Sobre o processo criativo a artista revela “ A primeira pintura partiu das mulheres que se montam, aquelas que constroem uma imagem com foco em serem poderosas através de sua aparência, depois introduzi um casal, em seguida homens, e eu não conseguia mais parar, fiquei aficionada pelo desdobramento que encontrava de uma pintura para outra. Agora cada um pode receber as pinturas com seu repertório”, revela Pietrina que gosta de provocar a reflexão.

 

Texto de Denise Mattar.

 

Até 07 de agosto.

Cris Cavalcante, NY/Fortaleza

23/jul

Cris Cavalcante usa sua formação em química para suas pinturas ultracoloridas. A artista cearense Cris Cavalcante usa em suas pinturas uma técnica desenvolvida a partir de sua pesquisa com polímeros, pigmentos e solvente, que ao reagirem criam belas formas ultracoloridas. Antes de cursar arte na School of Arts de Nova York, ela havia se formado em química, e aplica este conhecimento em sua prática no ateliê. Seus trabalhos estão em coleções privadas em Portugal, Luxemburgo, Alemanha, Estados Unidos e China (Xangai), e no Brasil em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Fortaleza, onde também podem ser vistos em seu espaço de arte no bairro de Aldeota. Passou a infância e a juventude no Rio de Janeiro, retornando a Fortaleza aos 25 anos, onde fica baseada. Suas pinturas ocuparão um espaço próprio na Casa Cor Fortaleza 2019, entre 12 de setembro e 22 de outubro.

 

Agora, a partir de 22 de julho, suas pinturas integram a coletiva “4 Elements”, na Van Der Plas Gallery, no Lower East Side em Nova York. Fundada em 1980 pelo austríaco Adriaan Van Der Plas, a galeria é especializada em arte contemporânea. A mostra reúne trabalhos que lidam com os quatro elementos: fogo, ar, água e terra.

 

 

ArtRio, circuito de galerias

A ArtRio realiza em 2019 uma série de edições especiais do – Circuito Integrado de Galerias de Arte. No dia 25 de julho, quinta-feira, acontece a edição focada no bairro de Ipanema. O CIGA, que tem sua edição principal na semana da feira, tem como objetivo aproximar cada vez mais o público carioca e os visitantes do segmento de arte, estimulando a visitação às galerias de arte, além dos museus e centros culturais.

 

A palavra de Brenda Valansi

 

Durante os dias do CIGA, as galerias têm programação especial, uma forma de atrair um novo público e falar sobre arte e sobre o espaço. Muitas pessoas começam o hábito de visitar galerias em eventos como esse, já muito comuns em grandes centros culturais como Barcelona e Nova York. Em 2019 decidimos ampliar a agenda e fazer nos meses que antecedem a ArtRio circuitos por bairros, como forma de valorizar as exposições que estão acontecendo e também já iniciar novas conversas sobre arte, diz Brenda Valansi, presidente da ArtRio.

 

Data: 25 de julho, quinta-feira – Horário: das 19h às 22h

 

CIGA Ipanema

19h / 22h – Recepção

Galeria Luciana Caravello

Rua Barão de Jaguaribe 387

19h – Conversa com Keyna Eleison

Galeria Simone Cadinelli

Rua Aníbal de Mendonça 171

20h – Conversa por Skype com Alexandre Arrechea

Galeria Nara Roesler

Rua Redentor 241

21h – Conversa com Daniel Feingold

Cassia Bomeny Galeria

Rua Garcia D´Ávila 196

 

Entrada Gratuita

 

Sobre a ArtRio

 

Em 2019, a ArtRio acontece na Marina da Glória, de 18 a 22 de setembro. Mais do que uma feira de reconhecimento internacional, a ArtRio é uma grande plataforma de arte, com atividades e projetos que acontecem ao longo de todo o ano para a difusão do conceito de arte no país, solidificar o mercado e estimular o crescimento de um novo público. Em sua nona edição e reforça, entre suas principais metas, a valorização da arte brasileira, como foco na qualidade, inovação e apresentação de novos nomes para possibilitar ao público uma experiência enriquecedora e diferenciada de visitação, possibilitando, também, uma ampliação do colecionismo.

 

Iniciativa pioneira, a ArtRio é a primeira feira de arte do mundo a ter a comercialização das obras pela internet. O site está ativo durante todo o ano, com ações especiais nas datas do calendário de arte, aberturas de mostras e também nas datas do varejo. A Artrio 2019 tem apoio da Audi, Osklen, Rio Galeão, Shopping Leblon, Stella Artois e Green People, além de apoio institucional da Estácio e de Bombay Sapphire. O Belmond Copacabana Palace é o hotel oficial do evento. A realização é da BEX.

 

Serviço ART/Rio 2019

 

Data: 19 a 22 de setembro (quinta-feira a domingo)

Preview – 18 de setembro (quarta-feira)

Local: Marina da Glória – Av. Infante Dom Henrique, S/N – Glória

 

Amador Perez, DVWC

A exposição “Amador Perez DVWC Fotos e Variações”, com curadoria de Marcia Mello, apresenta no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, de 02 de agosto a 27 de outubro, uma série de fotografias, produção inédita que marca em 2019 a trajetória de 45 anos do celebrado artista carioca. A mostra soma um total de 155 obras, com duas séries realizadas entre 2016 e 2019 – fotografias originais e variações gráficas destas imagens – e uma seleção retrospectiva de obras relacionadas ao campo da fotografia.

 

A palavra do artista

 

A partir da minha admiração e constante observação das obras de Dürer, Vermeer, Watteau e Courbet, fotografei com o celular meus dedos brincando com uma reprodução impressa de Gilles, célebre pintura de Watteau, uma instigante representação do personagem Pierrô, e assim originou-se a série “DVWC Fotos e Variações”.

 

Atualmente utilizo a fotografia como mais um meio e extensão do meu trabalho, e em DVWC Fotos e Variações, dou continuidade às questões, materialidade e imaterialidade, singularidade e multiplicidade, que investigo há décadas, estabelecendo relações entre as imagens das obras originais e suas reproduções. Nos anos 1970, baseado em imagens fotográficas publicadas na imprensa, trabalhei com os recursos do desenho a grafite e da xerografia, e a partir dos anos 1980 comecei a experimentar com reproduções de obras de arte que encontrava em livros e cartões postais, e utilizando técnicas manuais e digitais em uma fusão de linguagens, estabeleço um jogo triádico interativo entre as imagens criadas pelos autores das obras originais, as imagens elaboradas por mim, e as imagens geradas pela fantasia do espectador. Nunca limitei meu trabalho a um tipo de técnica apenas e pretendo que a diversidade de meios que uso exprima a coerência das minhas ideias, que os transcendem, e atendam às possibilidades de uma poética.

 

A palavra da curadora

 

DVWC Fotos e Variações, trabalho mais recente de Amador Perez, põe em evidência sua ligação com as reproduções de obras de arte – seu principal campo de pesquisa -, e com as novas tecnologias, frequentemente incorporadas a um arsenal de interesses e habilidades. As fotografias, realizadas com aparelho celular, registram a mão do artista em contato com imagens impressas de obras de Albrecht Dürer, Johannes Vermeer, Jean-Antoine Watteau e Gustave Courbet. Sua retórica poética incorpora, assim, o gesto, traduzido em imagens surpreendentemente impalpáveis e concebe fabulações que oscilam entre o velar e o revelar. No jogo de epidermes, o artista propõe uma fusão de tempos e espaços, num silencioso fluxo amoroso que deflagra suas fantasias, desejos e obsessões. A tensão entre as superfícies – do papel e da pele – acaba por cerzir mundos, aproximando representação e realidade no registro em preto e branco de imagens que se apresentam, ora em versão positiva, ora negativa. A cada narrativa criada no sequenciamento de dezesseis diminutas imagens – e suas variações com intervenções do desenho e cores do processo CMYK versus RGB – ouvimos o sussurrar inaudível de afetos e nos deparamos com sentimentos insuspeitados revelados por algo que não está na aparência das coisas.

 

Sobre o artista

 

Amador Perez nasceu em 1952 no Rio de Janeiro onde reside e mantém ateliê. Iniciou sua carreira como artista visual em 1974 participando da exposição Jovem Arte Contemporânea no Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo. Graduou-se em 1976 em Projeto Gráfico na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1977 realizou sua primeira exposição individual, Vaslav Nijinski a convite do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. A partir de 1981 começou a expor no circuito de galerias de arte do eixo Rio/São Paulo e a participar, como artista representado, em feiras internacionais de arte contemporânea no Brasil, Alemanha e Japão. O desenvolvimento de sua trajetória inclui participação na XXI Bienal Internacional de São Paulo (1991), assim como a realização de diversas exposições individuais convidado por importantes instituições, tais como, Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, 1992), Instituto Moreira Salles (Poços de Caldas, 1993 e 1997, e São Paulo, 1998), Scuola Internazionale di Grafica (Veneza, 1996), Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro, 1998), e Paço Imperial (Rio de Janeiro, 2005). Ao longo de sua carreira tem participado de exposições coletivas no Brasil, Argentina, Colômbia, México, França, Inglaterra e China, e em 2012 integrou “Da Margem ao Limiar: Arte e Design Brasileiros no Século XXI”, na Somerset House, em Londres. Em 2014 comemorou 40 anos de atividades realizando as exposições “Quantos Quadros”, no Centro Cultural Cândido Mendes-Ipanema, e Memorabilia – Amador Perez – 40 Anos, no Centro Cultural Correios Rio de Janeiro. Acervos de renomadas instituições culturais brasileiras e estrangeiras possuem suas obras, tais como, Museu Nacional de Belas Artes, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte do Rio, Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, e Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex (Inglaterra); e também importantes coleções particulares, tais como, Gilberto Chateaubriand e Luis Antonio de Almeida Braga (Rio de Janeiro), Bruno Musatti, Guita e José Mindlin, e Kim Esteves (São Paulo), Harlan Blake (Nova Iorque), e Richard Hedreen (Seattle). Sua trajetória é citada em bibliografias especializadas, tais como, História da Arte Geral no Brasil (Walter Zanini, São Paulo, Instituto Moreira Salles, 1984) e Cronologia das Artes Plásticas no Rio de Janeiro – 1816/1994 (Frederico Morais, Rio de Janeiro, Top Books Editora, 1994). Em 1983 publicou o livro de desenhos Nijinski: imagens (Amador Perez, Rio de Janeiro, edição do autor), em 1999, o livro Coleção do Artista – Amador Perez (Editora Fraiha, Rio de Janeiro), um resumo de sua obra, e em 2014, os “livros de artista”, Vaslav Nijinski: SOU e Nijinski: Imagens (Amador Perez, Edição Holos Arte, Rio de Janeiro). Atuou como professor universitário desde 1981, principalmente na ESDI-UERJ – Escola Superior de Desenho Industrial da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, desde 1984, e desde 1991 no Departamento de Artes e Design da PUC-Rio – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

 

Sobre a curadoria

 

Marcia Mello é bacharel em Letras pela UFRJ, pesquisadora, curadora e conservadora de fotografia. Participou da implantação do Departamento de Fotografia do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, onde foi curadora entre 1988 e 1997. Prestou serviços para instituições públicas e privadas como o Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da FUNARTE e o Arquivo Nacional. Sua formação se completou em estágio no Atelier de Conservation et Restauration de Photographie de la Ville de Paris. Participou dos projetos de conservação dos acervos fotográficos da família do fotógrafo Marc Ferrez, do artista plástico Rubens Gerchman e do crítico de arte Mário Pedrosa. Entre 2006 e 2015 foi diretora-curadora da Galeria Tempo (RJ). Nesse período, além de organizar inúmeras exposições, participou como expositora das feiras SP/ARTE e ART/RIO. No Centro Cultural da Justiça Federal curou a mostra “Tempos de Chumbo, Tempo de Bossa – os anos 60 pelas lentes de Evandro Teixeira” (2014) e na Galeria do Espaço SESC, “Deveria ser cego o homem invisível?”, fotografias de Renan Cepeda (2015). Entre suas atividades mais recentes, destacam-se a co-curadoria das exposições “Kurt Klagsbrunn, um fotógrafo humanista no Rio (1940-1960)”, “Rossini Perez, entre o morro da Saúde e a África” e “Ângulos da notícia, 90 anos de fotojornalismo em O Globo” no Museu de Arte do Rio, todas em 2015. Foi curadora da exposição “Artesania fotográfica – a construção e a desconstrução da imagem” no Espaço Cultural BNDES (RJ, 2017), além de “Hiléia” de Antonio Saggese, “Retraço | Vestígios” de Walter Carvalho e “Fluxos” de Luiz Baltar no Paço Imperial em 2018/19. Como pesquisadora, participou das exposições e livros: “Alair Gomes – A new sentimental journey”, (Cosac Naify, 2009), e “Caixa-preta – fotografias de Celso Brandão” (Estúdio Madalena, 2016), ambas com curadoria de Miguel Rio Branco e exibidas na Maison Européenne de la Photographie em Paris. Realizou a pesquisa e a edição de imagens do livro “Milan Alram” (Edições de Janeiro e Bazar do Tempo, 2015) de Joaquim Marçal. Autora dos livros “Só existe um Rio” (Andrea Jakobsson Estúdio, 2008) e “Refúgio do olhar, a fotografia de Kurt Klagsbrunn no Brasil dos anos 1940”, (Casa da Palavra, 2013) em parceria com Mauricio Lissovsky. Tem participado regularmente como leitora de portfólio nos diversos festivais de fotografia realizados no Brasil e organizado debates em torno da fotografia.

 

Até 27 de outubro.