Valeska Soares na Pinacoteca

07/ago

A Pinacoteca de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, museu da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, apresenta, até 22 de outubro, a exposição “Valeska Soares: Entrementes”. Com curadoria de Júlia Rebouças, a mostra ocupa o quarto andar e o espaço de entrada da Pina Estação e expõe uma seleção de 3o anos de produção da mineira, desde o final dos anos 1980, trazendo como temas principais o sujeito e o corpo, a memória e os afetos, e as relações entre espaço, tempo e linguagem.

 

Nascida em Belo Horizonte, em 1957, e radicada em Nova York desde o início da década de 1990, Soares tem a escultura como primeira linguagem e pertence a um grupo internacional de artistas que expandiu as possibilidades da instalação na arte, engajando subjetivamente o espectador. Suas obras, geralmente, recorrem a narrativas ficcionais da literatura para tecer experiências de intimidade e desejo que ultrapassam o campo individual e alcançam a sensibilidade coletiva.

 

Através de materiais evocativos, a artista explora a tensão criada pelas oposições. Suas esculturas e instalações frequentemente apresentam materiais reflexivos, como aço inoxidável e espelhos, em contraste com substâncias orgânicas e sensoriais, como flores, com intuito de ampliar a experiência do visitante no espaço. Neste sentido, Soares se utiliza de diversas técnicas sensoriais, incluindo o som para criar atmosferas e vivências que são tanto convidativas quanto perturbadoras.

 

Para a exposição na Pinacoteca, a curadora selecionou um conjunto de 40 obras provenientes do acervo do museu, de coleções particulares e da própria artista, sendo que algumas dessas últimas são inéditas no Brasil. São pinturas, colagens, objetos, instalações e esculturas que, como o título sugere, apresentam zonas intermediárias de contato: intersecções entre o indivíduo e a sociedade, entre o encoberto/misterioso e o explícito, passado e futuro, etc. “A mostra explora também obras que lançam mão da ideia de coletividade, seja pelo recurso da coleção, explorado em diversos trabalhos por Soares, seja pela constituição de uma experiência compartilhada, como em Epílogo (2016) ou Vagalume(2007)”, define a curadora.

 

“Valeska Soares: Entrementes” trata, de modo geral, de tudo daquilo que, mesmo sendo matéria de foro íntimo, pode ser vivido em comunhão. “Neste sentido, Detour(2002) – inspirado no conto As cidades e o desejo, do escritor italiano Ítalo Calvino – é um trabalho central, pois parte da ideia de um mesmo sonho que é sonhado e narrado por diferentes pessoas”, conta Rebouças. No conto, os sonhadores, na esperança de encontrar o objeto de seu desejo- — uma mulher que corre desnuda — acabam por criar uma cidade que replica os caminhos onde a perderam. A partir da história, Soares constrói um ambiente que, embora confinado, sugere infinitas saídas pelo resultado de espelhamentos.

 

A artista ainda incorpora qualidades arquitetônicas à sua prática, herança da formação acadêmica neste campo. Nesta perspectiva, ela agrega a ideia de ponto de fuga como eixo central e toma o espaço não apenas como ente físico e ilusório, mas um lugar que possibilita ao visitante perceber-se em relação a ele. “A artista não afasta seus trabalhos do público. As obras dão-se a ver, deixam pistas sobre o processo de sua elaboração, estão evidentes em sua constituição material, abrem-se para o jogo do engajamento sensível e da participação”, diz Rebouças.

 

“Parte da força de sua poética está naquilo que evapora, escorre, esmaece, murcha, silencia, rescinde, derrete, quebra”, complementa a curadora. A instalação “Untitled” (From Vanishing Points), de 1998, pertencente ao acervo da Pinacoteca, é um exemplo disso. Nesta, a artista reproduz um conjunto de vasos de plantas tal como estavam dispostos em seu jardim. Replicados em cera, porcelana e alumínio, marcam a ausência da vida como força orgânica, ao passo que são indícios de um outro tempo ou existência que escapa à tentativa de contenção. Replicam assim a estrutura da memória, uma vez que só é possível lembrar a partir do presente, e é da experiência do agora que se preenchem as lacunas do passado.

 

A mostra de Valeska Soares integra a série de retrospectivas de artistas que iniciaram suas carreiras a partir dos anos 1980, apresentadas sempre no 4º andar da Pina Estação.

 

 

Sobre a artista

 

Valeska Soares nasceu em Belo Horizonte/MG, em 1957, e vive e trabalha em Nova York/EUA. É bacharel em Arquitetura pela Universidade Santa Úrsula, no Rio de Janeiro, e pós-graduada em História da Arte e da Arquitetura pela Pontifícia Universidade Católica (PUC), também no Rio de Janeiro. Após mudar-se para Nova York, em 1992, realizou MFA (Master of Fine Arts) no Pratt Institute, no Brooklyn e, em seguida, começou a frequentar a New York University, School of Education onde se candidata a Doctor of Arts. Sua primeira mostra individual em um museu aconteceu no Portland Institute for Contemporary Art, EUA, em 1998, e sua primeira retrospectiva foi apresentada no Museu de Arte da Pampulha/MG, em 2002. No ano seguinte, uma grande mostra dedicada à sua prática ocorreu no Bronx Museum for the Arts, Nova York/EUA. Soares produziu instalações site-specificpara diversos espaços, incluindo o inSite, em San Diego-Tijuana/EUA (2000); o Museo Tamayo, na Cidade do México (2003) e o Instituto Inhotim, em Brumadinho/MG (2008). Foi uma das indicadas, em 2001, ao Millenium Prize, oferecido pela National Gallery of Canada Foundation. Também participou de diversas bienais, incluindo a de São Paulo (1994, 1998 e 2009); de Veneza/Itália (2005); e a Sharjah Biennial, nos Emirados Árabes (2009).

 

 

Sobre a curadora

 
Júlia Rebouças nasceu em Aracaju/SE, em 1984, e vive entre Belo Horizonte e São Paulo. É curadora, pesquisadora e crítica de arte. Foi cocuradora da 32ª Bienal de São Paulo, Incerteza Viva(2016). De 2007 a 2015, trabalhou no departamento curatorial do Instituto Inhotim/MG. Colaborou com a Associação Cultural Videobrasil, integrando a comissão curadora dos 18º e 19º Festivais Internacionais de Arte Contemporânea SESC Videobrasil, em São Paulo. Foi curadora adjunta da 9ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (Se o clima for favorável), em 2013. Realizou diversos projetos curatoriais independentes, dentre os quais destacam-se a exposição MitoMotim, no Galpão VB, em São Paulo, de abril a julho de 2018, e Zona de Instabilidade, com obras da artista Lais Myrrha, na Caixa Cultural Sé, em São Paulo, em 2013, e na Caixa Cultural Brasília, em 2014. Integrou o corpo de jurados do concurso que selecionou o projeto arquitetônico e curatorial do Pavilhão do Brasil na Expo Milano 2015, realizado em janeiro de 2014, em Brasília. Desenvolve projetos editoriais e escreve textos para catálogos de exposições, livros de artista e colabora com revistas de arte. Graduou-se em Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Federal de Pernambuco (2006). É mestre e doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais da Universidade Federal de Minas Gerais (2017).

 

 

 

Catálogo

 
“Valeska Soares: Entrementes”será complementada com um catálogo que reúne textos de Júlia Rebouças e das curadoras Maria do Carmo Pontes, Melissa Rocha e Isabella Rjeille. Também inclui imagens da exposição e de outras obras, além de uma adaptação da obra “Disclaimer”, especialmente para a publicação.

 

 

Múltiplos da artista

 

Valeska Soares participa do Projeto de Múltiplos, criado pela Pinacoteca, com o objetivo de angariar recursos para a instituição. Para este, a artista concebeu uma tiragem de 20 impressões de 5 gravuras, que misturam processos digitais e de serigrafia a partir de uma nova interpretação da obra Doubleface, de 2017, na qual ela se apropria de retratos pintados a óleo por outros artistas e intervém sobre eles. Para o Múltiplo desenvolvido especialmente para a Pinacoteca, o ponto de partida foram cinco retratos de mulheres pertencentes ao acervo do museu. Os trabalhos podem ser adquiridos de forma avulsa ou em conjunto. Doubleface – 5 trabalhos de 54,4cm x 42 cm
Ed. 20 + 2 P.A. (cada).

Exposição de Fernando Campana

06/ago

Fernando Campana abre, pela primeira vez no Rio de Janeiro, seu laboratório individual na mostra “Macacos Robôs Furacões”. Uma imersão do designer no campo das artes, através de pinturas em aquarela, desenhos em grafite, colagens com peças automotivas, entre outras obras. A mostra conta com as séries “Macacos” e “Robôs” e a série “Furacões” que serão apresentadas na galeria Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, a partir do dia 07 de agosto.

 

O designer traz um método dinâmico para se expressar na arte e uma capacidade quase sistemática de coletar informações e conectar-se às histórias. Muitas vezes, ele estabelece uma conexão momentânea a episódios de sua infância para inspirar suas criações. A abordagem para sua série ‘Robôs’ está em sua mente desde pequeno. Fernando queria se tornar astronauta e este alter ego é sua máquina que está em constante produção. A expressão de sua criatividade começa a partir daqui e o caráter dualista do robô é colecionar informações, sensações e memórias. Ele se lembra e esquece, porque a memória volta e se torna uma história histórica, bem como uma sensação futurista. A série se origina a partir de desenhos em grafite, enquadrados em molduras feitas de sobreposições de EVA, e se expande a inéditas colagens com peças automotivas, nunca antes trabalhadas em seus projetos.

 

A série “Macacos” começou a ser criada um pouco antes da verdadeira tragédia da matança, a partir de sua relação ingênua com os macacos na infância. Naquela época, ele trazia consigo a esperança de domesticá-los ou de estabelecer um relacionamento humano, o que acarretou em um aprendizado de tolerar e respeitar o comportamento irracional. Os macacos acusados de transmitir febre amarela já estavam lá no papel em seu ateliê pessoal, exatos e precisos; e os belos retratos da humanidade desses primatas foram desenvolvidos com a intenção de comunicar o conceito sem sentido da diversidade. Esta tragédia foi usada como uma metáfora para ver nos macacos uma crítica social que colocou o dedo na pequena vontade burguesa de punir a diversidade. Os desenhos são feitos em aquarela, enquadrados em um patchwork de pedaços de molduras, desconstruindo o padrão clássico de molduras e propondo um novo DNA a um objeto conhecido.

 

A inédita série “Furacões” surge a partir de um outro processo criativo, mais intuitivo, que é maturado pelo tempo, pelas relações e por seu entorno. Os sentidos tornam-se mais apurados e buscam expressar, inconscientemente, o que está por vir, como seus primeiros desenhos que originaram essa série e que antecederam os recentes furacões que aconteceram nos Estados Unidos. “Arte não se define, mas se decifra de acordo com a evolução mental ou espiritual ou amplitude de visão do observador”, destaca Fernando.

 

 

Sobre o artista

 

Em 1983, Fernando Campana (1961) em parceria com seu irmão Humberto Campana (1953) fundaram o Estúdio Campana em São Paulo. O estúdio se tornou famoso pelo design de mobiliário, por criações de peças intrigantes – como as poltronas Vermelha e Favela – e, também, por ter crescido nas áreas de Design de Interiores, Arquitetura, Paisagismo, Cenografia, Moda, entre outras. O trabalho dos Campana incorpora a ideia de transformação, reinvenção e integração do artesanato na produção em massa; tornando preciosos os materiais do dia-a-dia, pobres ou comuns, que carregam não só a criatividade em seu design, mas também características bem brasileiras – as cores, as misturas, o caos criativo e o triunfo de soluções simples. Os irmãos foram homenageados com o prêmio “Designer do Ano” pela Design Miami, em 2008 e os “Designers do Ano” pela Maison & Objet, em 2012. Neste mesmo ano, eles foram selecionados para o Prêmio Comité Colbert, em Paris; homenageados pela Design Week, em Pequim; receberam a “Ordem do Mérito Cultural”, em Brasília, e foram condecorados com a “Ordem de Artes e Letras” pelo Ministério da Cultura da França. Em 2013, eles foram listados pela revista Forbes entre as 100 personalidades brasileiras mais influentes. Em 2014 e 2015 a Wallpaper os classificou, respectivamente, entre os 100 mais importantes e 200 maiores profissionais do design.

 

 

De 07 de agosto a 06 de setembro.

Alan Fontes – Exposição Nacional

Luciana Caravello Arte Contemporânea, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 07 de agosto, a mostra “Exposição Nacional”, do artista Alan Fontes, com obras que abordam as transformações no espaço urbano da cidade do Rio de Janeiro. Para realizar os trabalhos, o artista mergulhou nos relatos documentais da “Exposição Nacional do Rio de Janeiro”, realizada em 1908, em comemoração ao 1º Centenário da Abertura dos Portos do Brasil, que tinha a intenção de mostrar a então nova capital federal – urbanizada pelo prefeito Francisco Pereira Passos e saneada por Oswaldo Cruz – para as autoridades nacionais e estrangeiras.

 

Serão apresentadas nove pinturas, em óleo e encáustica sobre tela, e quatro livros-objetos, em óleo e afresco sobre concreto, em que o artista dá continuidade ao projeto iniciado há três anos, em que pesquisa o espaço urbano do Rio de Janeiro, trabalhando nas lacunas de uma memória em constante mutação. “Uma pesquisa, entretanto, que não tem caráter documental e é aberta ao devaneio poético e o qual a pintura, com toda a imprecisão da mancha encarna com eficácia”, afirma o artista, que apresentou a primeira parte dessa pesquisa no CCBB Rio de Janeiro, em 2016, com o apoio do Prêmio CCBB Contemporâneo.

 

Na Luciana Caravello Arte Contemporânea, Alan Fontes apresentará obras inéditas, que serão divididas em três módulos. No primeiro, estarão pinturas que representam alguns dos palácios e pavilhões que fizeram parte da “Exposição Nacional”, de 1908, e dos quais só existem limitados registros fotográficos. As pinturas expressionistas reconstituem os prédios imersos em ruídos análogos aos que estão envoltos as lembranças e os documentos já desgastados pelo tempo.

 

O segundo módulo reúne pinturas da série “Black Lands”, que “situam os prédios da época em espécies de oceanos negros que simbolizariam um espaço poético da memória. Algo na fronteira da lembrança e do esquecimento”, conta Alan Fontes.  Algumas destas pinturas foram expostas este ano na semana de arte de Nova York, em projeto solo do artista na feira VOLTA.

 

O terceiro módulo é composto por livros-objeto de concreto, que servem como suporte para pequenas pinturas afresco compostas a partir de imagens do evento de 1908. “Tais objetos escultóricos relacionam simbolicamente as pinturas ao peso matérico que compõem as edificações que não existem mais”, ressalta o artista.

 

 

Sobre a Exposição Nacional de 1908

 

A Exposição Nacional foi realizada entre 28 de janeiro e 15 de novembro de 1908, no bairro da Urca, no Rio de Janeiro, foi organizada oficialmente para comemorar os 100 anos do Decreto de Abertura dos Portos às Nações Amigas, e para se fazer um inventário econômico do Brasil na época. Mas, na realidade, a intenção da exposição era mostrar a então nova capital federal – urbanizada pelo prefeito Francisco Pereira Passos e saneada por Oswaldo Cruz – para as autoridades nacionais e estrangeiras que visitavam a cidade.

 

Governos de estados, do Distrito Federal e de associações comerciais, agrícolas e industriais participaram do evento, que teve pavilhões para os estados mostrarem os seus principais produtos nas áreas agricultura, pastoril, indústrias e artes liberais. Além dos estados brasileiros, Portugal participou do evento, sendo a única participação estrangeira.

 

 

Sobre o artista

 

Alan Fontes nasceu em Ponte Nova, MG, 1980. Vive e trabalha em Belo Horizonte, MG. É Mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal de Minas Gerais. Suas últimas exposições individuais foram “The Book of the Wind”, na Galeria Emma Thomas, Nova York (2016); “Poéticas de uma Paisagem – Memória em Mutação”, no Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro (2016); “Sobre Incertas Casas”, na Galeria Emma Thomas, São Paulo (2015); “Desconstruções”, na Baró Galeria, São Paulo (2014); “Sweet Lands” e “La Foule”, ambas na Galeria Laura Marsiaj, Rio de Janeiro (2012); “A Casa”, no Paço das Artes, São Paulo (2008), entre outras. Participou das mostras “Ao Amor do Público I”, no Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro (2016); Mostra Bolsa Pampulha do MAP, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2014); Prêmio FOCO Bradesco/Art Rio, Rio de Janeiro (2013), entre outras. Realizou as residências Pintura Além da Pintura, do CEIA, Belo Horizonte (2006); 5ª Edição do Programa Bolsa Pampulha, Belo Horizonte (2013); e Residência Baró, São Paulo (2014). Dentre as últimas premiações recebidas estão Bolsa Pampulha 5ª edição (2014); 1º Prêmio Foco Bradesco/ArtRio (2013) e o I Prêmio CCBB Contemporâneo.

 

 

De 07 de agosto a 06 de setembro.

A àrvore de Ernesto Neto

03/ago

A Suíça tem um museu especialmente dedicado à arte brasileira e diversas galerias brasileiras tem participação destacada em feiras realizadas no país. A Estação Central de Zurique recebeu recentemente – para exibir – uma escultura de 2 mil metros quadrados do artista brasileiro Ernesto Neto, internacionalmente dono bem sucedida carreira artista entre os nomes de ponta da arte contemporânea brasileira.

 

Desde 2003 em funcionamento na Basileia, a Fundação Brasileia tem como missão apresentar ao público europeu a arte do Brasil. Nomes como o grafiteiro Zezão, o pintor, escultor e fotógrafo Alex Flemming e a artista plástica Christina Oiticica já realizaram exposições.

 

Para curadores e artistas, é a abordagem democrática da arte nacional que atrai os suíços. A árvore gigante de Ernesto Neto, por exemplo, permite ao público utilizar o espaço livremente. “Esse é um espaço público, e essa obra é sobre intimidade”, contou.

Marcelo Ghandi na TATO

A Galeria TATO apresenta, em sua última semana,”Na Fresta”,Vila Madalena, São Paulo, SP, exposição individual do artista visual Marcelo Gandhi, sob curadoria de Nancy Betts. Em “Marcelo Gandhi – de 1500 a 2016″ o artista de Natal, radicado em São Paulo, apresenta ao público obras inéditas, produzidas entre o final de 2017 e 2018.

 
Segundo palavras da curadora, Nancy Betts, o artista cria a começar pelas três telas com assinaturas e datas 1500, 1964 e 2016 – um encadeamento linear de momentos históricos do país. Traz uma fábula autoral acerca do processo de colonização, que como um dispositivo hegemônico, ou seja, um poder “toma de assalto a vida” na voz de Peter Pal Pelbart. Assim, as datas indicam que o domínio perdura até hoje nas mais variadas e sutis versões de controle político, midiático e social. A exposição é eclética e o artista assume a pressuposta incoerência como forma de posição política e estética – a arte é sua maneira de ativismo, e a heterogeneidade o modo de se reinventar.

Nas 14 obras inéditas produzidas pelo artista – entre pinturas, objetos e desenhos – estão presentes as misturas, o ruído, os materiais precários, os símbolos e as metáforas. Uma inquietação positiva e inesgotável é o comprometimento do artista com o seu processo criativo.

 
Em novo endereço, dentro da Aura Arte Contemporânea, na rua Wisard, 397. A proposta atual da Galeria TATO permite a ampliação dos serviços de consultoria para colecionadores, arquitetos e artistas, além de dar continuidade ao trabalho com artistas representados e convidados, desenvolvendo novas parcerias para espaços expositivos, como a recém-inaugurada “Na Fresta”.

 

Na Fresta: Chega com a missão de ser um espaço dedicado a projetos temporários de conteúdo transcultural. Nasce da necessidade cada vez maior de modelos flexíveis e inovadores de atuação no mercado de arte.

sp-arte/foto 2018  

03

Na parede externa do stand, durante todos os dias da feira sp-arte/foto 2018, Shopping JK Iguatemi, 3º piso, São Paulo, SP, será apresentada a série “Projeto 59″ de Edu Simões. “Projeto 59″ reúne 59 retratos de jovens negros em algumas das principais capitais do Brasil tendo como plano de fundo o local onde vivem ou frequentam, áreas majoritariamente periféricas. O número faz referência à estatística levantada pelo Mapa da Violência 2014 que apontava que 56.337 pessoas foram mortas por homicídios no Brasil em 2012, sendo que 23.151 eram jovens negros entre 15 e 29 anos e 93% destes eram do sexo masculino. Dividindo o número de jovens negros mortos em 2012 pelos dias do ano, conclui-se que, em média, 59 jovens negros são assassinados por dia no ano. A intenção do projeto é contrapor imagens de jovens saudáveis e cheios de esperança com a ideia de que poderiam não estar mais vivos, como outros 59 que tiveram a má-sorte de participar da terrível estatística.

 

 

Nos dois primeiros dias (quarta e quinta-feira) o stand contará com uma seleção de fotografias assinadas por Verger que fizeram parte da importante exposição “Pierre Verger, Le Messager” organizada pela Revue Noire em 1993 no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie. A Revue Noire foi uma das primeiras revistas a destacar a arte contemporânea africana no mercado ocidental e a exposição, apresentada na Suíça e na França, teve um importante papel para o retorno de Pierre Verger ao cenário da fotografia de seu país de origem. As imagens foram feitas entre os anos de 1930 e 1960 e apresentam cenas de rua, de trabalho, de festa e de descanso em diversos países como Peru, Bolívia, Vietnã, Estados Unidos, Japão, Cuba, Brasil e Nigéria.

 

A partir da sexta-feira o stand contará com a série “Pantanal” de João Farkas. Dando prosseguimento a sua pesquisa no campo da fotografia, que há mais de 30 anos vem se desdobrando em registros da complexa relação homem versus natureza em contextos brasileiros tidos como paradisíacos ou genuínos, como a Amazônia ou o Litoral Sul da Bahia, João Farkas apresenta “Pantanal”. Iniciado em 2014 e desenvolvido em seis expedições, o trabalho pretende retratar a importância e a fragilidade desta que é a maior planície inundável do mundo. Tido como distante e indestrutível pela maioria dos brasileiros, o Pantanal vem sofrendo já há algum tempo uma destruição silenciosa, pondo em risco ecossistemas e populações. Farkas explora a grandiosidade e beleza da paisagem pantaneira para promover, por meio de suas fotografias, uma sensibilização sobre a urgência da luta pela preservação deste patrimônio. Uma parte maior dessa pesquisa será apresentada em novembro na Embaixada Brasileira em Londres.

 

 

Sobre os artistas

 

Pierre Verger/ 1902 – Paris, França – 1996 – Salvador, Bahia. Além de fotógrafo, Pierre Verger era também etnólogo, antropólogo e pesquisador. Durante grande parte de sua vida, esteve profundamente envolvido com as culturas afro-brasileiras e diaspóricas, direcionando uma especial atenção aos aspectos religiosos, como os cultos aos Orixás e aos Voduns. Antes de chegar à Bahia, no Brasil, em 1946, Verger trabalhou por quase quatorze anos viajando pelo mundo como fotógrafo, negociando suas imagens com jornais, agências e centros de pesquisa, e em Paris, mantinha ligações com os surrealistas e antropólogos do Museu do Trocadéro. Nos quatro anos que antecederam sua chegada, passou pela Argentina e pelo Peru, trabalhando por um tempo no Museo Nacional de Lima. Ao chegar no Brasil, colaborou com a revista O Cruzeiro e em Salvador, onde foi viver, pôde registrar, de uma maneira muito particular, o cotidiano de uma cidade essencialmente marcada pela cultura da África Ocidental. Seu fascínio por aquilo ou por aqueles que fotografava ia além da imagem, havia um interesse pelo contexto, suas histórias e tradições, algo que pode ser notado não só em seu trabalho com a fotografia, mas também com a pesquisa. Pierre Verger integra-se de tal maneira à Bahia e sua cultura que em 1951 passa a exercer a função de ogã no terreiro Opô Afonjá de Salvador e no Benin, África, torna-se babalaô.

 

Edu Simões/ 1935 – Rio de Janeiro, Brasil. Vive e trabalha no Rio de Janeiro, Brasil. Desde meados dos anos 1970 até o fim dos anos 1990, Edu Simões fotografou grandes nomes da cena política, cultural e artística brasileira, quando editor de fotografia de revistas como Bravo, República e fotógrafo dos Cadernos da Literatura Brasileira do Instituto Moreira Salles. Ainda no período de 1970-1980, teve uma forte atuação no campo das hard news, fotografando os movimentos populares que desaguaram no fim da ditadura militar, sobretudo as greves do ABC e de São Paulo, ganhando em 1981, o prêmio Vladmir Herzog de Direitos Humanos. A partir dos anos 2000, Simões assume um trabalho mais independente e autoral, que embora se distancie dos preceitos do fotojornalismo, ainda guarda algumas de suas marcas. O retrato é uma frequente em suas fotografias, agora menos interessado por figuras de grande prestígio e muito mais por aqueles que de alguma forma ocupam posições marginalizadas numa escala local e global: habitantes da floresta Amazônica, de zonas rurais de Angola, de comunidades periféricas como a Rocinha ou de Iepê, um pequeníssimo município do interior de São Paulo. Seus corpos, no entanto, não aparecem como corpos anônimos, pertencem a sujeitos identificados por seus nomes, por vezes sobrenomes e até mesmo pelos seus sonhos. O corpo é um elemento de grande importância nesses retratos, ocupando, com frequência, o centro do enquadramento, em posturas que denotam força e autonomia. Quando fotografa paisagens, plantas, troncos ou raízes, arquiteturas, animais ou suas representações, Simões parece dar-lhes importância parecida, explorando o vigor, a monumentalidade e a subjetividade dessas entidades. Coleções que possuem seus trabalhos: Coleção Pirelli/MASP, São Paulo, Brasil; Museu de Arte Moderna de São Paulo, Brasil; Pinacoteca do Estado de São Paulo, Brasil; Museu da Imagem e do Som, São Paulo, Brasil; MAB/Faap – Museu de Arte Brasileira, São Paulo, Brasil; Centro de La Imagem de México e Maison Europeéenne de la Photographie, Paris, França.

 

 

João Farkas/ 1955 – São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil. Um ávido observador da cultura popular, João Farkas vem registrando há mais de 30 anos a complexa beleza de contextos brasileiros tidos como paradisíacos ou genuínos, como a Amazônia, o Pantanal ou o sul da Bahia. Adepto da fotografia documental, Farkas se utiliza da luz natural e de cores vibrantes para compor imagens que nos convidam a refletir criticamente sobre uma ideia de identidade brasileira. Suas fotografias nos dão acesso a modos diversos, embora igualmente intensos, de relações entre o homem e a natureza, seja da grande conexão e equilíbrio entre ambos, ou de sua exploração desmedida. O interesse, no entanto, quando não é pela própria natureza e sua exuberância, é pelas mulheres e pelos homens que com ela se relacionam e os costumes que inventam para si: pescadores, garimpeiros, trabalhadores rurais ou indígenas; pessoas que carregam na postura e no olhar o peso e a potência de um saber próprio. Coleções que possuem seus trabalhos: Maison Européenne de la Photographie, França; ICP – International Center of Photography, EUA; Pirelli MASP, Brasil; Instituto Figueiredo Ferraz, Ribeirão Preto, Brasil. Publicou os livros Amazônia Ocupada, 2015 e Trancoso, 2016.

 

 

De 22 a 26 de agosto.

KubikGallery e Emanuel Nassar

02/ago

A Kubik Gallery (Porto, Portugal e São Paulo, SP) comunica período de férias e anuncia a abertura da exposição “Trapiocas”, individual de Emmanuel Nassar no dia 22 de setembro.

 

Sobre o artista

 

Emmanuel Nassar nasceu em 1949, em Capanema, Brasil, vive e trabalha em Belém e São Paulo. Trabalha com elementos associados à tradição popular brasileira, influenciado pelo pop e pela arte construtiva.

 

O artista exibiu seus trabalhos nas 20ª e 24ª Bienal Internacional de São Paulo, ganhou o grande prêmio da 6ª Bienal de Cuenca e participou da 45 ª Bienal de Veneza. Seu trabalho está nas coleções do Museu da Universidade de Essex (Inglaterra), Fundação Cisneros – Coleção Patricia Phelps de Cisneros (Nova York/Caracas), Marcantonio Vilaça, MAM-Museu de Arte Moderna de São Paulo, MAM – Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu do Estado do Pará, Pinacoteca do Estado de São Paulo, entre outros.

Conversas na Nara Roesler

31/jul

Na ocasião das exposições “Fragmentos do Real [Atalhos]”, de Fabio Miguez e “No Meio”, de Bruno Dunley, a Galeria Nara Roesler, Jardim Europa, São Paulo, SP, convida para uma conversa aberta ao público com o professor, curador e crítico Tadeu Chiarelli, acompanhado dos artistas Bruno Dunley e Fabio Miguez, ambos pertencentes a gerações marcadas pela retomada da pintura, e que compartilham referências históricas do universo pictórico.

 

 

Conversas na galeria
Sábado, 04 de agosto 11h

Iole de Freitas na Silvia Cintra + Box 4

26/jul

Inaugura dia 09 de agosto a nova individual da artista Iole de Freitas na Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. O título da mostra é “Papel de aço”. Em exibição nove esculturas brancas, de pequeno e médio porte, que ocuparão  o espaço da galeria da mesma forma como ficaram no atelier da artista – apoiadas em compensados de madeira simples – durante todo o processo de pesquisa.

 

Esta nova série é um desdobramento da exposição “O peso de cada um”, realizada em maio no MAM do Rio de Janeiro, quando a artista deixa o emprego das chapas de poliuretano com que vinha trabalhando há anos e se concentrou apenas no aço inox. O desafio da mostra na galeria foi o de realizar esculturas em uma escala bem menor do que as que foram exibidas no museu, e propor uma nova relação com elas. Agora a obra não mais se relaciona com o espaço e com a arquitetura e sim com o próprio corpo da obra.

 

O começo dessa pesquisa foi feito com papéis vulgares, cartolinas, que Iole recortava e dobrava explorando as possibilidades do côncavo e do convexo. O passo seguinte foi transpor esse resultado para o alumínio, que já é um material mais grosso e pesado e posteriormente, já na calandra, reproduzir isso no aço, o material final da obra.

 

Mas ainda faltava um elemento, a cor, que apareceu da necessidade da artista em trazer luminosidade e transparência para as esculturas. Com inúmeras camadas de pintura branca e lixa, Iole consegue reproduzir nas peças a luz, a sombra e a rugosidade do papel.

 

Faz parte da mostra ainda um vídeo no qual o espectador terá a oportunidade de ver a própria artista falando sobre seu processo criativo.

 

 

Até 15 de setembro.

Na Gentil Carioca

25/jul

Maxwell Alexandre – O Batismo de Maxwell Alexandre. No dia de abertura da exposição, em ato de peregrinação, o artista e os membros “d’A Noiva Igreja do Reino da Arte”, levaram a pé da Rocinha as pinturas-mãe, pinturas apelidadas carinhosamente pelo artista, numa jornada religiosa de quatro horas, onde todas,  foram enroladas e carregadas nos ombros até o centro do Rio de Janeiro. Em formato de grande escala, as telas, ao chegarem na A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, foram içadas nas salas expositivas. Todo o ato foi filmado e transmitido ao vivo num telão na galeria.

 

 

Até 12 de setembro.