No IMS – Rio

28/fev

Luiza Baldan

O Instituto Moreira Salles, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Lugar nenhum”, com 56 obras, entre pinturas e fotografias, produzidas por oito artistas contemporâneos brasileiros: Ana Prata, Celina Yamauchi, Lina Kim, Luiza Baldan, Marina Rheingantz, Rodrigo Andrade, Rubens Mano e Sofia Borges. A exposição tem curadoria do crítico de arte Lorenzo Mammì e da coordenadora de artes visuais do IMS, Heloisa Espada. No dia da abertura, às 17h, o IMS realiza uma mesa-redonda com os curadores e Sérgio Bruno Martins, crítico de arte e doutor em história da arte pela University College London.

Para compor a mostra, os curadores partiram da constatação de que um número significativo de fotógrafos e pintores contemporâneos brasileiros se interessam por assuntos comuns: lugares quase sempre vazios e anônimos, objetos e situações triviais. Por isso, o título da exposição está diretamente ligado ao conceito de terrain vague (terreno vago) – cunhado pelo arquiteto catalão Ignasi de Solá-Morales –, que são espaços aparentemente esquecidos, vazios, que no presente evidenciam um resquício do passado.

 

“Lugar nenhum” reúne artistas com percursos e referências distintas que, postos lado a lado, sugerem um sentido comum. Os três pintores que participantes – Marina Rheingantz, Ana Prata e Rodrigo Andrade – trabalham a partir de imagens fotográficas retiradas de diversas fontes. Embora a fotografia seja para eles uma potente fonte de ideias, a técnica detona um processo criativo que visa a desafios próprios à pintura. Os fotógrafos, por sua vez, cada um a seu modo, demonstram a mesma liberdade do pintor para interferir na cena registrada, seja modificando o lugar fisicamente, como faz Rubens Mano, seja por manipulações digitais, como fazem Lina Kim, Celina Yamauchi e, em alguns trabalhos, Sofia Borges.

 

Sobre as obras e os artistas

 

Lina Kim: as obras expostas fazem parte da série “Rooms”, 2003-2006, um de seus únicos trabalhos exclusivamente fotográficos. São três imagens de instalações – hoje abandonadas  – do Exército Soviético, na antiga Alemanha Oriental.

 

Luiza Baldan: serão exibidas fotografias das séries “Lagos”, 2004-2007, “De murunduns e fronteiras”, 2010, “Insulares”, 2010, “Pinturinhas”, 2009-2012, “A uma casa de distância da minha”, 2012 e “Diário urbano’, 2004-2012.

 

Rubens Mano apresenta dois dípticos, um deles é “Entre”, que retrata uma construção abandonada já prestes a ser reabsorvida pelo mato. Há em “Lugar nenhum” mais quatro imagens de sua autoria, entre elas “Construção da paisagem”, 2010, que deriva de uma intervenção feita no Museu de Belas Artes de Córdoba, Espanha.

 

Celina Yamauchi adota a fotografia em branco e preto como tema, mais do que como meio. Serão apresentadas 12 imagens produzidas entre os anos de 2011 e 2012, todas com planos muito fechados, com a câmera apontada para o chão para um canto ou para uma parede. A artista fotografa com câmera digital e, posteriormente, elimina as cores da imagem. O resultado são cenas de um colorido tênue e delicado. São as imagens mais intimistas da exposição.

 

Sofia Borges fotografa objetos e lugares, mas também reproduz fotografias de família, imagens de livros, painéis explicativos de museus científicos. Ela apresenta imagens de diferentes naturezas lado a lado, confundindo suas origens e usos. Seu trabalho investiga e questiona a fotografia como representação da realidade.

 

Ana Prata: a artista não pinta as coisas, mas as imagens das coisas: “Sete Lagoas”, 2012, é um cartão postal, “Grande circo”, 2011, é uma transmissão televisiva, “Rua”, 2012, se parece com uma foto tirada de um celular. Seu processo criativo, rápido e diversificado, aproxima sua pintura da versatilidade própria da fotografia.

 

Rodrigo Andrade: o artista trabalha a partir de fotografias retiradas da internet, de mídias impressas ou de seu arquivo pessoal. Em uma das telas apresentadas, ele faz referência a uma fotografia do japonês Daido Moriyama. Rodrigo Andrade transpõe imagens fotográficas para a tela por meio de uma pintura sofisticada e diversa para, em seguida, cobrir parte dessa pintura com camadas espessas de tinta à óleo.

 

Marina Rheingantz: para Lorenzo Mammì, “se há uma pintora do terrain vague, é ela. (…) Os seis óleos sobre tela apresentados nessa exposição não apenas representam terrenos baldios, lugares abandonados em que a história continua correndo, ainda que num ritmo mais lento: eles são um desses lugares, se comportam como eles”.

 

De 02 de março a 02 de junho.

Eduardo Berliner no CCBB/Rio

26/fev

O artista Eduardo Berliner é o único brasileiro com obra na Saatchi Collection de Londres, participou da Bienal Internacional de São Paulo de 2012 e esta é a maior individuai de sua carreira. A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe a maior exposição individual de Eduardo Berliner. São cerca de 30 trabalhos figurativos de dimensões variadas, desenhos e aquarelas, pinturas a óleo sobre tela, duas esculturas inéditas e dois vídeos que, pela primeira vez, ele inclui em uma mostra. Segundo Berliner, seu processo escultórico segue o mesmo raciocínio da pintura. Ele sempre trabalhou com esculturas. Algumas vezes, constrói objetos a serviço da pintura. “Faço objetos, aquarelas, desenhos e a pintura é a coluna vertebral. Um alimenta o outro” diz o artista. Um dos vídeos inéditos tem bonecos feitos de massinha como personagens.

 

A construção das cenas é baseada na observação direta, em memórias e situações imaginadas. Paisagem, arquitetura, resíduos da cultura e relações humanas são reconfigurados através de narrativas pessoais e pelo próprio processo de pintura. Quando está fora de seu ateliê, Berliner  desenha e faz anotações em cadernos, usa aquarela e registros fotográficos. Suas obras costumam mostrar narrativas que causam estranhamento, o que parece tangenciar o “surrealismo”. O artista, porém, não considera o termo adequado à sua produção. O desenho ou a pintura pode surgir de algo observado ou representar situações híbridas, afetadas por imagens mentais, de coisas mundanas.

 

A palavra do artista

 

Às vezes imagino cenas complexas e tento materializá-las parcialmente no mundo, articulando objetos, filmando a mim mesmo ou pedindo para alguém posar. Fotografo a cena e faço alguns desenhos para refletir sobre as possibilidades que aquela imagem me oferece como ponto de partida para uma pintura.  Ao tentar materializar essas imagens mentais, o acaso é incorporado ao processo narrativo. A medida que avanço na fatura da pintura, minhas ações passam a ser guiadas pela necessidade do quadro e meu raciocínio torna-se mais abstrato.

 

Associo o aspecto aparentemente fantástico do trabalho a uma tentativa de criar uma analogia visual próxima do arrebatamento que sinto diante do  que minha cabeça deforma e reordena minhas memórias e sua complexidade sensorial, ou como, às vezes, ao observar algo aparentemente banal, meus pensamentos são transportados para lugares estranhos sem que eu saiba o porquê.

 

Em meu trabalho, sou obrigado a confrontar com minhas ansiedades, medos e traumas. Este confronto converte adversidade em potência.  Os animais sempre fizeram parte da minha obra desde meu primeiro trabalho, pois ocupam papel importante em minha memória da infância. Eles não são o assunto, mas parte do meu vocabulário. Às vezes não consigo avaliar se lembro de fato do animal ou se a memória veio de uma foto antiga de um álbum de família, se um coelho era real ou da estampa em um pijama. Creio que, em meu trabalho, situações que envolvem figura humana e animal seja uma tentativa de construir metáforas sobre nossa vulnerabilidade.

 

Sobre o artista

 

Eduardo Berliner nasceu, em 1978, no RJ, onde vive e trabalha. Sua formação em arte foi com Charles Watson, com quem estudou desenho e participou de seu grupo  de estudos. Paralelamente, graduou-se em Desenho Industrial e Comunicação Visual pela PUC, Rio, em 2000, e fez Mestrado em Tipografia na Universidade de Reading, Inglaterra, concluído em 2003. Berliner tem obras na Coleção Gilberto Chateaubriand/ MAM Rio; Museu de Arte Moderna de São Paulo; Coleção Banco Itaú S.A., São Paulo; Coleção Saatchi, Inglaterra; Coleção Cisneros, Nova York-Caracas; Bob and Renee Drake Collection, Wassenaar, Holanda, entre outras. Esta é a quarta individual do artista. Em 2006 e 2012, participou da Bienal Internacional de São Paulo, foi finalista do “Prêmio Pipa 2011″ e foi agraciado com o “Prêmio CNI-SES/ Marcantonio Vilaça”, 2010. Sua obra fez parte de salões e coletivas em algumas capitais brasileiras e em Paris.

 

Até 31 de março.

Agnieszka Kurant no Brasil

22/fev

A galeria Fortes Vilaça, Vila madalena, São Paulo, SP, exibe a primeira exposição individual no Brasil, da artista polonesa Agnieszka Kurant apresentando uma série de trabalhos que tem como fio condutor o seu interesse por elementos fugazes ou imperceptíveis. Estes elementos norteiam as obras que tem suportes diversos e fazem referências à historia, à ciência e à literatura.

 

A idéia de um “capital fantasma” (Phantom Capital), que dá título à exposição, permeia todos os trabalhos na mostra. Este conceito se refere a uma troca de valores simbólicos, de forças intangíveis ou invisíveis que muitas vezes influenciam nossa sociedade sem que necessariamente tenhamos consciência disto.

 

Na obra “Phantom Library”, a artista produz livros imaginários, títulos que nunca foram escritos, lidos ou publicados mas que aparecem em livros reais de autores como Stanislaw Lem, Roberto Bolaño e Jorge Luis Borges, entre outros. Kurant os apresenta como objetos esculturais para os quais ela comprou números de ISBN e adquiriu códigos de barra dando-lhes assim um status no mundo material.

 

Já “MacGuffin” é uma escultura em forma de tapete que se move misteriosamente. O tapete é uma reprodução de um dos tapetes na sala da conferência de Yalta, onde os líderes mundiais definiram a divisão do mundo no pós guerra. O título da obra é um termo de técnica narrativa que define um objeto ou pessoa cuja importância não se define na trama, de certa forma como um fantasma.

 

Em88,2 mhz”, – o título da obra muda de acordo com a frequência de rádio utilizada na exposição -, um toca-fitas com um rádio transmissor, emite o som de pausas silenciosas extraídas de diferentes discursos políticos, intelectuais ou econômicos. O som é captado por uma antena que o retransmite para um rádio em um terceiro espaço da exposição. A fita com a compilação de silêncios é, por sua vez, a concretização de um trabalho fictício existente no conto de Heinrich Boll “Murke’s collected Silences” , de 1955.

 

A exposição também inclui um mapa-mundi retratando ilhas inexistentes, inventadas por exploradores do passado, impresso com tinta termo sensível que faz a imagem desaparecer conforme o calor. E “Uncertainty Principle”, uma escultura em forma de uma ilha que “magicamente” levita no ar, entre outros trabalhos na mostra, aos poucos revela o universo do desconhecido que alimenta a obra conceitual de Agnieszka.

 

Sobre a artista

 

Agnieszka Kurant nasceu em 1978 na Polônia e vive e trabalha em Nova York. Representou seu país natal na Bienal de Veneza em 2010 com um trabalho em colaboração com a arquiteta Aleksandra Wasilkowska. Já participou de exposições individuais e coletivas tais como, CoCA, Torun, PL, 2012; Witte de With, Rotterdam, 2011; Performa Biennial, Nova York, 2009; Athens Biennale, Greece, 2009; Frieze Projects, London 2008, Moscow Biennale, 2007; Tate Modern, London, 2006; Mamco, Geneva, Italy, 2006 and Palais de Tokyo, Paris, 2004; entre outras. Foi artista residente na Location One, Nova York, 2011-2012; Paul Klee Center (Sommerakademie), Bern, 2009; ISCP, New York 2005; e Palais de Tokyo, Paris, 2004. Foi finalista, em 2009, do International Henkel Art Award, MUMOK, Vienna. Sua monografia “Unknown Unknown” foi publicada pela editora Sternberg Press,  2008.

 

Até 23 de março.

Exposição de Verão: 10 anos

19/fev

A Exposição de Verão da Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, chega à 10ª edição, em clima de celebração. O perfil desbravador, com o olhar voltado para o futuro da arte contemporânea brasileira, ganha companhia de um sentimento de reconhecimento. Muitos nomes que passaram pela mostra na última década ganharam projeção no país e no exterior.

 

A curadoria é da crítica de arte Luisa Duarte, contemporânea dessa geração e que acompanhou atentamente seu crescimento. A jovem crítica, em seu diálogo constante com nomes da chamada “Geração 2000″,  como Cinthia Marcelle, Marcius Galan, Laércio Redondo, Pedro Motta, Sara Ramo e Marilá Dardot – que faz a sua estreia – permitiu um trabalho minucioso na escolha das obras.

 

A força motriz do projeto, no entanto, não será deixada de lado. Ao contrário. O processo de busca por novos olhares se materializa em trabalhos de expoentes como Adriano Costa, Clara Ianni, Jimson Vilela e Regina Parra. Nas mãos de Luisa, a missão de integrar isso tudo.

 

“A mão da curadoria é leve, pois já havia um conceito estabelecido. A ideia é promover um diálogo entre esses artistas que alçaram vôos altos e os que começam a trilhar esse caminho. É uma exposição que sempre aponta para o futuro, mas nesta edição vem também atestar o sucesso da iniciativa. Mostrar o passado para reforçar o sucesso do presente, olhando para o futuro”, diz Luisa.

 

Os 10 artistas estão divididos em três categorias: “Representados pela galeria que já fizeram verão”; “Convidados que já fizeram verão, mas não fazem parte do elenco”; e “Artistas novos”. O espírito de diversidade, que já é marca do projeto, estará novamente presente, com trabalhos em técnica de pintura, colagem, fotografias, vídeos e instalações.

 

Uma quarta categoria acabou sendo criada para fazer uma “correção histórica”, como define Juliana Cintra, coordenadora do projeto. Tudo para receber a mineira Marilá Dardot, que participará com os trabalhos “O melhor continua sendo o maior” e “Juventude e Beleza”, obra de 2012, pintura sobre vidro, além de “La Luna Blanda”, também e 2012, tríptico em fotografia, em conjunto com Sara Ramo.

 

Até 22 de março.

Márcia X no MAM-Rio

14/fev

O MAM-Rio, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Márcia X – Arquivo X”, com cerca de 60 obras da artista emblemática na história da arte brasileira, precursora, visionária e polêmica, que nasceu em 1959 e faleceu em 2005. Com curadoria de Beatriz Lemos, será apresentado um amplo panorama da produção da artista, com trabalhos produzidos entre 1980 e 2005. São instalações, objetos, fotogramas, gravuras, desenhos, registros das performances, documentos em papel – cartas, estudos, relatos escritos à mão, croquis, projetos para trabalhos –, além do acervo fotográfico e de imagens em movimento em diferentes mídias.

 

Este projeto foi contemplado pelo “Prêmio Procultura de Estímulo às Artes Visuais”, Funarte/MinC, e teve inicio em 2010 com a catalogação do acervo da artista. Ao final da mostra, todos os trabalhos serão doados ao Museu. O projeto inclui, ainda, o lançamento de um livro, um inventário completo das obras da artista, com textos de Beatriz Lemos, Luiz Camillo Osorio, Marcelo Campos, Alex Hamburger e Alexandre Sá, além de todos os textos escritos até hoje sobre a artista. Com design de João Modé, o livro terá cerca de 300 páginas e será acompanhado de um DVD com vídeos sobre a artista.

 

A exposição abrange cinco instalações, 11 fotogramas, 17 desenhos em pastel e caneta, uma pintura em guache, dez objetos e esculturas, quatro vídeos, além do vestuário das performances e todo o arquivo documental da artista. “Arquivo X tem como roteiro o arquivo de documentos de Márcia X – desenhos, anotações, referências para trabalhos, fotografias, recortes de jornais, pré-organizado pela artista ao longo de sua vida, e tendo em vista cada trabalho projetado. Neste processo de pesquisa para maturação da obra, Márcia deixa pistas de suas obsessões, dedicação, foco, método, linha e coerência de pensamento visual ou conceitual, entre períodos e assuntos abordados. E é a partir deste arquivo de memórias que suas obras brotam pelo espaço expositivo”, explica a curadora Beatriz Lemos.

 

A cenografia da exposição foi criada com o objetivo de reproduzir o ateliê da artista, no Catete. Haverá, ainda, um mobiliário feito especialmente para a mostra. Dentre os destaques da exposição estão os registros das performances/instalações “Desenhando com terços”, 2000, na qual Márcia X, de camisola branca, usa terços para realizar desenhos de pênis no chão, e “Ação de Graças”, 2001, onde a artista, também de camisola branca, aparece deitada no chão de uma sala. O chão é um gramado natural, bem verde. Em um dos extremos da sala estão duas bacias de louça contendo um líquido branco perolado. Cada um de seus pés está enfiado na cloaca de um galo. Os galos depenados têm o corpo e as cristas cravejados de pérolas. Os pés e as cabeças dos galos são ornados com pequenas coroas douradas. Estas coroas estão ligadas por correntes douradas a uma coroa fixada na parede. A performance termina com a artista se levantando, molhando os pés no líquido das bacias e depois jogando-o em cima dos galos.

 

Márcia X iniciou sua trajetória na década de 1980, pesquisando a linguagem da performance e do happening, em uma época em que a cena de arte voltava-se para o retorno à pintura, movimento que caracterizou a “Geração 80”. Ao lado do artista Alex Hamburger, com quem realizou diversos trabalhos em colaboração neste período, Márcia X foi uma das poucas artistas do período que trilharam caminhos alternativos à prática da pintura em grandes formatos, “levando sua pesquisa ao amadurecimento nos anos 1990 e início dos 2000, o que possibilitou ser considerada um dos nomes de referência na performance brasileira”. Beatriz Lemos observa que, “devido a sua morte prematura em fevereiro de 2005, sua obra, todavia não recebeu a atenção e análise crítica que a convém, em que seus trabalhos estão documentados apenas em catálogos de exposições coletivas, e em textos críticos publicados em periódicos”. “Desta forma”, salienta a curadora, este projeto, que inclui a publicação de um livro completo sobre a obra da artista, vem cobrir essa lacuna”.

 

Até 14 abril.

Paulo Meira e Carolina Martinez

18/jan

Como é de praxe, a galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, apresenta simultaneamente dois artistas. Os escolhidos para a abertura da temporada 2013 são: Paulo Meira e Carolina Martinez.

 

Paulo Meira apresenta sua exposição individual “La cumparsita”, composta de pinturas e um vídeo performance. As pinturas de “La cumparsita” representam diversos personagens, em estilo clássico do gênero “pintura de retrato” (óleo sobre tela em dimensões variadas), em metamorfoses de seres humanos e animais selvagens. O antropomorfismo, nas pinturas de “La cumparsita” decorre inicialmente da exploração exaustiva da própria imagem do homem, num exame cruel de suas possibilidades através da combinação da figura humana com uma infinidade de outros seres.

 

No vídeo “La cumparsita”, um homem dança ao som de “La cumparsita”, tango dos mais conhecidos de Carlos Gardel, tendo como parceria, um compasso de dimensões alteradas (medindo 1,78 metros).

 

A dança, que ocorre em diversos ambientes, sugere uma íntima relação entre o homem e o “seu” objeto técnico (o compasso gigante). De tal intimidade, emerge a perversão própria desta relação, na qual o dançarino, ao compactuar com o compasso, distorce e reloca o destino que o funda: entre as funções de um compasso, destaca-se a leitura de mapas e cartas náuticas para calcular equivalências entre tempo e espaço de deslocamentos. Ora, em “La cumparsita” a dança executada com esse instrumento de precisão, como se vê no vídeo, compactua antes com a arte, pois desafia a ordem de um mesmo e preciso compasso.

 

Carolina Martinez no Anexo

 

Aproveitando-se do formato de cubo branco e da falta de janelas do Anexo, a exposição de “Às avessas”, individual de Carolina Martinez assume uma engenhosa e delicada operação metafórica: trazer o exterior para dentro de uma casa. Deslocando a imagem do cubo como lugar expositivo para a de um cômodo, a artista confunde a nossa percepção sobre o espaço. É um cômodo/casa às avessas. Suas pinturas alegoricamente transformam-se em fachadas ou janelas, não apenas pelo fato do objeto (pintura) possuir um tamanho aproximado de janela mas pelo que ilustra ou exibe: são persianas, beirais, correspondências imagéticas à ideia de exterioridade. Porém ao mesmo tempo em que “exibe”, a obra de Martinez oculta. São janelas que não se abrem ao exterior mas que mimetizam a ideia de um outro lugar. Não há nada para ser visto, apenas imaginação, especulação. Contudo, há um investimento romântico nesse trabalho que nos leva a acreditar que naquele fragmento, em um pedaço metafórico de paisagem, pode estar o todo, e que essa experiência não pode ser desqualificada por uma racionalidade inibidora.

 

A ilusão óptica que habita suas primeiras pinturas – uma suave combinação entre tinta automotiva e verniz sobre madeira – criando uma dualidade entre a ideia de figura e fundo é transferida para esse ambiente instalativo. Estes trabalhos possuem pontos de contato com os Espaços virtuais: Cantos (1967-68) e os Volumes virtuais (1968-69) de Cildo Meireles. Tal como esses últimos, as obras de Martinez são “desenhos” que utilizam três planos para definir uma figura no espaço. Ademais, cada um dos dois artistas a seu modo, realiza a transição do espaço bidimensional para um ambiente escultórico que se assemelha a uma casa. Paira sobre essas obras uma inversão das escalas. No caso de Martinez, o cubo/quarto/cômodo vira casa; o rodapé deixa de lado a sua insignificância e passa a ser o eixo central constituindo perímetros, áreas ou cantos de sólidos assim como ocorre nos Volumes Virtuais; e, finalmente a natureza é reduzida ou ampliada dependendo de como o espectador investe o seu olhar para o território criado pelas linhas econômicas, suaves e delicadas de suas pinturas.

 

A linha que atravessa a exposição – presentificada no rodapé que perde a sua função utilitária e ganha corpo, volume e massa adquirindo por si só um estatuto escultórico – é aquela presente nas obras pictóricas de Martinez. O rodapé que foge ao controle da racionalidade significa a transposição de sua pesquisa pictórica para a tridimensionalidade. Ao mesmo tempo em que a artista constrói um espaço que ao invés de oferecer a paisagem ao espectador encerra-se nele mesmo (estão ali contidos a casa, a paisagem e a arquitetura), tudo na exposição está em movimento. Não são, portanto, imagens ou objetos estacionários, mas em constante trânsito. Figuram paradoxalmente entre a máxima presença e a máxima ausência.

 

O artificial e o real, o inventado e o concreto, o original e a cópia, a imagem e seu referente não “se dividem mais segundo uma dicotomia serena, mas mantêm relações fluidas” (1), que abrem caminho a um pensamento do verossímil. “Às avessas” nos revela que a realidade não é mais exatamente a mesma: ela é duplicada, confrontada, e reforçada pela ficção.

 

(1) Cauquelin, Anne. A invenção da paisagem. São Paulo: Martins, 2007, p. 109.

 

De 22 de janeiro a 28 de fevereiro.

Adriana Varejão no MAM-Rio

16/jan

Depois de levar mais de 60 mil pessoas ao MAM paulista, a aclamada mostra “Histórias às margens” – a primeira panorâmica da carreira de Adriana Varejão – desembarca no MAM-RIO, Centro, Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ. O curador Adriano Pedrosa assina a seleção de aproximadamente 40 obras concebidas pela artista nos últimos 21 anos, que ocupam o foyer e a sala monumental do museu. Em sua trajetória de pouco mais de duas décadas, a artista carioca construiu uma das mais sólidas carreiras entre os artistas de sua geração, com amplo reconhecimento no circuito internacional. Seus trabalhos integram o acervo de grandes museus e instituições mundiais, frequentam as páginas de cultura de prestigiosas publicações internacionais e já foram exibidos em quase 30 exposições individuais realizadas no Brasil e no exterior. A mostra, viaja em seguida para Buenos Aires, onde faz temporada no Malba – a primeira individual da artista na capital argentina – de 27 de março a 08 de junho de 2013.

 

“Histórias às margens” inclui peças nunca antes expostas no Rio de Janeiro, como as obras “O Sedutor”, emprestada pela Fundació “La Caixa” (Barcelona), e “Parede com Incisões à la Fontana”, homônima à pintura da mesma série leiloada no início de 2011, na Christie’s de Londres, além de cinco outras que não fizeram parte da mostra no MAM-SP: “Green sauna”, “Pérola imperfeita”, “Contingente” e “Canibal e nostálgica”.

 

A produção de Adriana Varejão é particularmente rica em referências. Uma das obras mais expressivas de sua trajetória, “Reflexo de sonhos no sonho de outro espelho” (Estudo sobre o Tiradentes de Pedro Américo), de 1998, é um exemplo disso. A instalação, composta por 21 pinturas, constitui uma releitura da pintura “Tiradentes Esquartejado”, de Pedro Américo (1843-1905). O trabalho foi feito para a Bienal Internacional de São Paulo daquele ano (que teve curadoria de Paulo Herkenhoff e segue sendo considerada uma das melhores bienais da história) e desde então nunca mais foi exibido – o que acontecerá agora, ao lado de duas obras da série “Extirpação do Mal”, que estiveram na Bienal de 1994.

 

Esse conjunto ilustra bem o conceito que Pedrosa formatou para a primeira mostra panorâmica da artista. “Histórias às margens”, na definição do curador, são “histórias marginais, muitas vezes esquecidas ou colocadas às margens pela história tradicional, sejam elas histórias do Brasil, de Portugal, da China, da arte, do Barroco, da colonização; histórias que Varejão pesquisa, resgata e entrecruza em suas pinturas”.

 

Bons exemplos desses diálogos estão nas peças preparadas especialmente para a exposição. Em uma delas, uma extensa pintura da Baía de Guanabara num estilo chinês, a artista retoma uma série começada em 1992, quando, impressionada pela influência da arte chinesa no barroco brasileiro, passou três meses no país asiático.

 

Foi também inspirada na cerâmica chinesa, especialmente na da dinastia Song (960-1279), que Varejão começou a se interessar pelas superfícies craqueladas. Efeito presente em muitas de suas fases e bastante visíveis no maior trabalho da mostra, o painel inédito “Carnívoras”, composto por 39 pinturas de um metro quadrado cada. A obra reproduz plantas carnívoras de diversas partes do mundo, pintadas em vermelho sobre telas cujas superfícies remetem à textura de azulejos.

 

Neste políptico, a artista retoma a poética de um trabalho realizado para o Panorama da Arte Brasileira, do próprio MAM-SP, em 2003, no qual criou azulejos decorados com plantas alucinógenas. Estas criações em cerâmica podem atualmente ser vistas, junto com outras obras de sua autoria, no pavilhão permanente que o Instituto de Arte Contemporânea de Inhotim, em Brumadinho, lhe dedicou.

 

Sobre a artista

 

O envolvimento real de Adriana Varejão com o universo das artes começou com os cursos que fez na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, em meados dos anos 80. Nessa época, a artista nascida em Ipanema (RJ), em 1964, ganha o prêmio do 9º Salão Nacional de Artes Plásticas.

 

Em 1988, ela realiza a primeira de muitas exposições individuais. Uma lista que inclui mostras na Holanda, Suécia, Inglaterra, EUA e Japão, e exposições marcantes como Chambre d’échos / Câmara de ecos, que estreou na Fondation Cartier de Paris, em 2005, e itinerou para Portugal e Espanha. Considerando as mostras coletivas mais importantes, a artista já participou de mais de cem exposições, entre elas as Bienais de São Paulo de 1994 e 1998, a de Johanesburgo (1995), de Liverpool (2000 e 2006), Sydney (2001), Praga (2003), Santa Fé (2004), MERCOSUL (2005), Bucareste (2008) e da de Istambul (2011).

 

Seu trabalho pode ser visto no Centro de Arte Contemporânea de Inhotim (Brumadinho, MG), onde têm um pavilhão permanente, e está em coleções como TateModern (Londres), Guggenheim (Nova York), Stedelijk Museum (Amsterdã) e Hara Museum (Tóquio). Além de ter a obra registrada em inúmeros catálogos, e em livros importantes sobre arte contemporânea, como Vitamin P e Fresh Cream (ambos da editora inglesa Phaidon) e Women Artists in the 20th and 21st Century (editora Taschen), Varejão é tema da monografia Entre Mares e Carnes, da editora Cobogó (2009). Mais recentemente, seu trabalho foi tema de um ensaio de oito páginas na edição de janeiro de 2012 da revista ArtForum, escrito por Carol Armstrong.

 

“Essa é uma pintura de espessuras. Aliás, de muitas dimensões da espessura. Compreender o corpo da pintura é também compreender a possível dor da pintura e não abdicar de sua sensualidade e de seus fantasmas. A espessura aqui compreende amplamente, não apenas a materialidade, mas também a densidade simbólica do discurso pictórico. A obra de Adriana Varejão é o exercício de uma intrincada cartografia que vai da China a Ouro Preto, entre a imagem de um portulano e os signos da pintura, do corpo à história. É uma coleta de significantes aparentemente dispersos, que recebem uma conexão dentro de uma lógica das cenas construídas pela artista numa teatralização da história.”

Paulo Herkenhoff (trecho de texto do catálogo da mostra “Pintura/Sutura”, 1996).

 

“Trazendo o Barroco para a cena contemporânea, Varejão repõe na ordem do dia uma pintura que não teme o artifício, a ilusão, o jogo delirante e sensual com a aparência”.  

Luiz Camillo Osório (texto do livro “Entre Carnes e Mares”2009, editora Cobogó).

 

“O espaço de representação pictórica proposto por Adriana Varejão visa a angariar o olhar plurívoco do espectador, que o teatro e o cinema costumeiramente exigem dele, a fim de que presencie imagens em movimento que correm à cata, num palco ou tela, duma performance discursiva. No entanto, no caso de Adriana, o processo de encenação torna de tal modo excessivo o peso simultâneo da imagem compósita, que leva esta a deslegitimar a exigência propriamente discursiva das encenações conduzidas pela sucessão temporal de imagens. Há narrativa nas telas de Adriana, embora nelas não haja discurso, no sentido linguístico da palavra.”

Silviano Santiago (do livro Entre Carnes e Mares).

 

 

De 16 de janeiro  a 10 de março.

Na Sala A Contemporânea | CCBB, RJ

14/jan

A Sala A Contemporânea do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, a individual “Zona Temporária”, da artista mineira Cinthia Marcelle, ganhadora dos prêmios Future Generation Art Prize, Ucrânia (2010), Annual Gasworks/TrAIN artist in residency, Inglaterra (2009), International Prize for Performance, Trento, Itália (2006) e V Mostra do Programa de Exposições, CCSP, Brasil (2005).

 

“Zona temporária” reúne dez vitrines de alumínio, de 220 x 150 x 25 cm, vedadas com papéis de cores variadas – branco, cinza, pardo, laranja, rosa, instaladas de forma não linear, ocupando os 150 metros quadrados deste espaço expositivo do CCBB. Individualmente intitulados “Temporário”, os trabalhos foram pensados para serem expostos em conjunto. Esta é a primeira vez que a artista realiza o projeto em sua totalidade.

 

Completa a mostra, centrada na ideia de crise e estagnação econômicas, o vídeo inédito “Automóvel”, de 2012, no qual “o ritmo cotidiano de uma via de trânsito se revela, subitamente, um trabalho de Sísifo”, descreve a artista. Na mitologia grega, Sísifo se tornou conhecido por executar um trabalho rotineiro e cansativo.

 

A inspiração de “Zona temporária” partiu da estética das vitrines provisoriamente desativadas de centros urbanos. O primeiro trabalho desta série data de 2011, mas a artista começou a fotografar fachadas temporárias em 2006, em Havana, quando esteve em Cuba para participar da bienal naquele ano. A partir daí, registrou vitrines cobertas em Londres, Nova York, Rio de Janeiro, São Paulo e Belo Horizonte, sua cidade natal, onde vive e trabalha. As fotos funcionaram como arquivos e objetos de pesquisa.

 

Cinthia Marcelle quis deslocar e transformar esse gesto improvisado das ruas, uma paisagem urbana, para a galeria de arte, convertendo-o em aparência mais plástica, de geometria e cor. As vitrines são cobertas por camadas de papéis superpostos, presos por fitas adesivas camufladas, diferente do que acontece na ruas, onde não há essa estetização e pode-se ver as fitas. Os planos de papel construídos pela artista criam uma relação histórica com a pintura geométrica e o neoconcretismo. Os gestos nunca se repetem. Cada vitrine é única.

 

Sendo uma situação temporária, o material é de baixo custo, tal como nesta mostra. Cinthia Marcelle usa papel kraft, papel manilha, papelão etc, conforme eles são encontrados à venda, às vezes afetados pelo tempo. Ela descreve a colocação do papel como “um malabarismo”, pois a vitrine é fechada, e só através da porta de correr, a artista consegue estruturar as camadas desse material. Na sala de exposição, as peças, que têm luz fluorescente por dentro, viram uma espécie de barreira na relação com o espectador. Não se vê o que há dentro, em razão da opacidade do papel.

 

Sobre a artista

 

Cinthia Marcelle nasceu em Belo Horizonte, em 1974. É formada em Belas Artes pela Universidade Federal de Minas Gerais. Entre as mostras de que participou destacam-se a do Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2005), a Bienal de Havana de 2006, Bienal de Lyon, França (2007), Panorama da Arte Brasileira, São Paulo e Madri (2007-2008), 29ª Bienal Internacional de São Paulo (2010), Pinchuk Art Center, Kiev, Ucrânia (2011), Tate Modern, Londres (2012), Trienal do New Museum (2012), Dundee Contemporary Art, Escócia (2012), “Prelúdio: O interior está no exterior”, Casa de Vidro, São Paulo, (2012). A produção da artista transita por linguagens diversas, como o desenho, a fotografia, o vídeo e a performance. De setembro a dezembro de 2012, teve individual com cinco de seus vídeos no projeto “High Line Art”, em Nova York.

 

De 15 de janeiro a 17 de fevereiro.

Presença de Rubens Mano

07/jan

 

Na exposição “corte e retenção”, em cartaz na Casa da Imagem, São Paulo, SP, Rubens Mano apresenta uma instalação no Beco do Pinto, 13 fotografias e um vídeo de curta duração. O material foi criado a partir de uma ação comandada pela prefeitura, que destruiu grande parte das caixas de madeira usadas para o transporte de hortifrutis no Ceasa, em São Paulo. A partir desse episódio, o artista aborda questões referentes às dinâmicas visíveis e e invisíveis presentes na produção do espaço físico da cidade.

 

A palavra de Guilherme Wisnik

 

Apropriando-se poeticamente dessas caixas como ready-mades urbanos, Rubens Mano cria uma grande montanha que obstaculiza a passagem. E se as pilhas originais, tal como vemos nas fotos, se escoravam em espaços estreitos de calçadas contra muros descascados, envolvendo postes e árvores, no Beco do Pinto o artista cria um volume profundo e impenetrável, e autônomo enquanto forma geométrica e cargas portantes. Assim, enquanto o corte no primeiro caso está associado à destruição e remoção das caixas, no segundo ele reaparece como interrupção de um fluxo através das mesmas caixas, em uma espécie de retorno simbólico do reprimido, para falar em termos psicanalíticos. Sendo o trabalho de arte uma ação física real, é como se a dinâmica de transformação de uma parte da cidade ativasse involuntariamente processos em outros locais, reaparecendo então como enigma, e sem deixar de trazer também, nela inscrita, uma componente de violência surda.

 

Quase no pé do antigo Colégio dos Jesuítas, o Beco do Pinto é uma das vielas íngremes construídas para conectar a colina histórica da cidade à baixada do rio Tamaduateí, onde se situa, significativamente, a primeira Zona Cerealista de São Paulo. Fechado por um portão, o Beco já está hoje interditado ao livre trânsito entre essas áreas, deixando de ser um espaço público. Assim, ao edificar uma rigorosa trama de caixas entre a antiga Casa no 1 da cidade e o Solar da Marquesa de Santos, Rubens Mano conecta discursivamente elos invisíveis da metrópole, ainda que na forma física de uma obstrução. Um bloqueio que também funciona como elemento de conexão.

 

Até 31 de maio.

Abre Alas 9

23/dez

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a 9ª edição do “Abre Alas”. O projeto nasceu ao final do primeiro ano de vida da galeria quando Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto, diretores do espaço, perceberam que tinham um tesouro em mãos: cerca de 200 portfólios recebidos de artistas de toda parte. Resolveram então aproveitar todo esse material em uma exposição que acontece desde 2005, próxima ao carnaval. Assim como o nome “Abre Alas” remete ao carro que inaugura o desfile das escolas de Samba, o projeto “Abre Alas” é uma exposição que abre espaço para jovens artistas de todo o Brasil. Com o tempo, a exposição passou a ser internacional. Ao longo desses 9 anos, mais de 100 novos nomes participaram do projeto que acaba funcionando como uma vitrine.

 

Sabendo da importância de dar continuidade ao projeto para sedimentar seu pensamento, Marcio Botner, Laura Lima e Ernesto Neto buscam incentivar a produção desses jovens artistas, abrindo oportunidades e contribuindo para uma potencialização das redes e trocas entre artistas, galerias, colecionadores e público. Desde 2010 dois curadores e um artista são convidados para realizar a seleção dos expositores,  esse ano fizeram parte do comitê de seleção, Daniela Castro e os artistas e professores João Modé e Alexandre Sá.

 

Participam da 9ª edição os artistas Bet Katona, Bruno Baptistelli, Bruno Senise, Camila Soato, Fábia Schnoor, Frederico Filippi, Gabriel Secchin, Gustavo Torezan, Ícaro Lira, Jaime Lauriano, Juan Parada, Leonardo Akio, Oscar Barbery, Patricio Gil Flood, Rafael Perpétuo, RG Faleiros e Silvio de Camilis Borges

 

Em 2011 foi realizado o primeiro concurso de fantasia durante abertura do Abre-Alas. Dando continuidade a essa ideia, o 3° concurso será na abertura do Abre-Alas, pois é quando a galeria convida a todos a se fantasiarem e desfilarem na encruzilhada em frente A Gentil Carioca. A melhor fantasia ganha o prêmio e a saudação de todos os artistas foliões.

 

De 26 de janeiro  a 16 de março.