AVESSO DO AVESSO

25/jul

A Galeria Movimento, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, recebe o ilustrador, designer e artista gráfico Mateu Velasco com a exposição ” Avesso do avesso”. A mostra reúne uma coleção de obras, editadas pelo marchand Ricardo Kimaid, criadas pelo artista durante o ano. As novas obras envolvem o telespectador na inquietação do artista com o “tempo” e a “vida corrida contemporânea” com a necessidade de pesquisar novos materiais e linguagens. Obcecado pelo universo humano e pelo comportamento urbano, Mateu é conhecido pelos personagens com cabeças pensantes cheias de cabelos e objetos voadores, cores que provocam poesia nas formas leves e delicadas.

 

Em ” Avesso do avesso”, Mateu Velasco expõe uma série de gravuras em metal, pinturas em madeira e telas inéditas. Nas obras criadas em madeira, o artista usa tinta, pastel, lápis de cor e acrílica com spray.

 

Mateu consegue refletir o dia-a-dia e decifrá-lo em suas obras. Daí surgem personagens lúdicos como mulheres nadando, fantasiadas, andando de skate ou simplesmente paradas olhando para o nada. No processo de construção das gravuras, ranhuras e texturas buscam imperfeições que foram deixadas no tempo e suas gravuras ganharam detalhes coloridos de tinta como pingo de chuva, aro de bikes e folhagens delicadas.

 

Durante a exposição e para criar na galeria o vazio do “avesso”, que simbolizam recomeço, repensar, vivenciar, Mateu cria um ambiente novo com elementos da natureza como tronco de árvores, folhas secas e som ambiente.

 

O artista que já criou estampas para marcas cariocas como Ecletic, Cantão,Maria Filó, Nike e Adriana Barra, acabou de desenvolver um mapa ilustrado do Rio de Janeiro com as comunidades pacificadas. O artista vê seu trabalho cada vez mais se distanciar do universo do grafiteiro.

 

“Eu procurava temas para as novas obras. Em como ia conduzir. Primeiro pintei, depois o processo se voltou para gravuras e ficou claro que eu estava falando do avesso do que vivemos hoje… Avessa é a natureza do ser humano. O ser humano é o próprio avesso! … Nao estou apegado a nenhum suporte. O próximo passo é transformar em tridimensional as gravuras em metal. Trabalho antigo, que já tinha retomado e que estou encantado”. Explica o artista.

 

 

De 02 a 31 de agosto.

TRAMAS EXIBE GUEL SILVEIRA

Guel Silveira

Chama-se “Dobras” a primeira exposição individual do artista plástico baiano Guel Silveira na Tramas Galeria de Arte, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Guel recebeu em casa suas primeiras orientações artísticas, pois é filho do também pintor, o sergipano Jenner Augusto, um dos ícones da arte moderna de Sergipe e da Bahia. Desconstruindo sua origem o artista nunca seguiu o estilo de seu pai e desenvolveu sua própria linguagem, criando um tipo de abstração, com formas espontâneas e geométricas ao mesmo tempo. A curadoria é do crítico de arte Geraldo Edson de Andrade, Presidente de Honra da Associação Brasileira de Críticos de Arte.

 

A palavra de Jorge Amado

 

“Num tratamento abstrato, Guel consegue que a forma se materialize em cor, num espaço onde volumes enumerados em sequência matemática buscam o infinito. Busca pesquisa, experiência iniciada, dura vontade de saber, de conhecer e descobrir. Todos os caminhos estão abertos ao moço Guel, a partir desta arte que contemplo, tomado pelo vigor e pela paixão do artista, dessa juventude esplêndida capaz de ser ao mesmo tempo negação e afirmação, o hoje e o amanhã”.

 

De 02 a 18 de agosto.

ERNESTO NETO EM SP

24/jul

O artista plástico Ernesto Neto cada vez mais apresenta e desenvolve instalações monumentais de perfeita interação com o público. O artista segue desenvolvendo pesquisas nessa direção, agora explorada de maneira ainda mais aprofundada e criativa como em “Não Tenha Medo do Seu Corpo” trabalho dividido entre o Galpão, Barra Funda, e a Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP. O artista trabalhou com uma equipe de dezoito assistentes na confecção do material, e os trabalhos possuem títulos bem-humorados, a exemplo de “NósTodosJuntos,VírgulaVirgulina”.

 

Em 2010, Ernesto Neto exibiu uma nova fase de sua carreira na mostra “Dengo”, que ganhou espaço no Museu de Arte Moderna de São Paulo. A montagem apresentava camas e estalactites feitas de crochê com corda de poliéster e polipropileno com preenchimento de bolinhas de plástico. Naquele ano a exposição atraiu famílias inteiras e crianças.

 

Na atual exibição, para percorrer os espaços da galeria o visitante tem que tirar os sapatos, pisar num tapete e pode sentar-se em esculturas em forma de balanço. No segundo piso, relevos de parede utilizam utilizam bolas de gude. No galpão da Barra Funda estão as obras de grande porte, uma delas atinge 6 metros de altura.

 

Para Jonas Lopes, da Revista Veja-São Paulo “…ao proporcionar ao espectador não só o entretenimento da interatividade mas também prazer estético nas inúmeras variações cromáticas nas cordas, Neto comprova ser um dos mais talentosos escultores de sua geração”.

 

Até 18 de agosto.

 

ARQUEOLOGIA DA PERDA

A Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Arqueologia da Perda” com obras inéditas da artista carioca Daisy Xavier ocupando todo o espaço expositivo da galeria.

 

No primeiro andar, um conjunto formado por uma instalação com 11 lanças de madeira (uma referência ao tríptico “A Batalha de São Romano” de Paolo Ucello, que data do século XV); 15 esculturas, feitas em madeira e vidro, que incluem uma série de três trabalhos de parede feitos com madeira, lente de aumento e ouro e ainda seis desenhos inéditos em óleo e nanquim sobre papel. No terceiro andar, uma pintura em grande formato, seis pinturas pequenas, desenhos feitos em nanquim e uma escultura de madeira e vidro. No contêiner a artista apresenta o vídeo “Mar sem orla” de 2010. No espaço térreo, com 200 metros quadrados e pé direito de mais de sete metros, Daisy Xavier mostra esculturas inéditas, de chão e de parede, de uma nova pesquisa que começou a desenvolver este ano utilizando partes de móveis antigos, principalmente cadeiras. No mesmo salão, uma serie inédita de três objetos de parede, intitulada ”Simetrias”, feita a partir de pedaços de cadeiras antigas, encurvadas e arredondadas.

 

A palavra da artista

 

“Me interessam os veios, as curvas desses pedaços de móveis. A riqueza com a qual a madeira era esculpida antigamente dá uma ideia de fluidez e de movimento. Aproveito para abstrair o que era um móvel e criar apenas linhas, um desenho em três dimensões” afirma Daysi Xavier. Junto a essas peças de madeira, estão objetos de vidro, todos no mesmo tom de azul, que fazem referência à água, um tema recorrente em trabalhos da artista. Esses vidros aparecem quebrados, mas sempre lembram a forma do objeto perdido. “São pedaços de vidro quebrados, mas não são cacos, eles trazem a memória de algo que se quebrou. Gosto de manter esses pedaços como se fosse um objeto que pode ser remontado. O título da exposição ‘Arqueologia da Perda’ implica nessa possibilidade de reconstrução” explica a artista.

 

 

Até 18 de agosto.

 

PAULO DARZÉ EXIBE RODRIGO FROTA

12/jul

O jovem fotógrafo cearense Rodrigo Frota realiza na Paulo Darzé Galeria de Arte sua primeira exposição individual na Bahia. Nessa exposição individual Rodrigo mostra 25 trabalhos em dimensões variadas. A fotografia de Rodrigo Frota, no dizer do artista e crítico José Guedes tem nesta exposição “alguns momentos com belíssimas paisagens de captura aérea, a eliminação da linha de horizonte (como em Monet) causa um efeito desconcertante que exige do expectador uma aproximação em busca de referências que lhe restitua o equilíbrio no espaço. Em outros, mais formalmente abstratos, a aproximação também se faz necessária para que se capte detalhes que redimensionam e enriquecem a primeira visão. Até mesmo nas fotografias mais claramente figurativas, o desfoque, o movimento e a saturação da cor enfatizam o aspecto pictórico da imagem, a transcendência da realidade. Rodrigo Frota é um profissional inventivo, sensível, e rigoroso em todos os processos  da elaboração de seu trabalho; do ângulo do click ao tipo de impressão das imagens, da temperatura cromática ao emolduramento. Eis um artista de quem temos muito o que esperar”.

 

 Sobre o artista

 

Rodrigo Frota nasceu em 1984. Começou seus estudos na fotografia quando foi morar na Suíça, em Rolle, uma pequena cidade entre Lausanne e Genebra, onde viveu durante três anos, de 2000 a 2003, cursando o segundo grau no Institut Le Rosey – Suiça – IGCSE Exams – Arts e estudos de extensão no Curso de Fotografia (Básica e Avançada) e na área de técnicas artísticas e história da arte.

 

Seus trabalhos estão publicados em importantes jornais e revistas como O Globo, Diário do Nordeste e revista Bravo!, Vogue, Jornal O Povo, Universidade de Fortaleza, Revista Joyce Pascowitch – Estilo.

 

Realizou exposições coletivas em 2009 na XVI Unifor Plástica – Espaço Cultural UNIFOR, Fortaleza; 2006, Paralelo Vertical – Palácio da Independência, Lisboa, Portugal; Paralelo Vertical – Iguatemi, Fortaleza, Brasil; e 2004, Mostra Universitária – UNIFOR, Fortaleza. Em individuais realizou em 2011 Pictoriais – Museu de Arte Contemporânea – CDMAC; 2009, Fragmentos de Viagem – Centro Cultural Dragão do Mar. Foi premiado com Menção Honrosa – XVI Unifor Plástica – Fotografia e na 1ª Mostra Universitária – UNIFOR.

 

De 14 de julho a 11 de agosto.

DANIEL SENISE, SEIS TRABALHOS INÉDITOS

10/jul

Pisos marcados pelo uso, pela passagem do tempo, e o contraste do ambiente anônimo e do espaço afetivo serviram de inspiração para Daniel Senise em seu mais novo trabalho. O artista, ícone da famosa Geração 80, apresenta seis trabalhos inéditos, na Galeria Silvia Cintra + Box 4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ.

 

Conhecido como um artista que ativa o imaginário do espectador, Senise apresenta duas obras feitas a partir dos tacos do chão da casa de um amigo, mas que, como define o artista: “…poderia ser de qualquer lugar. Utilizei a mesma imagem do espaço, para dar a ideia de ambiente genérico, sem limites”.

 

Para criar as outras obras, ele utilizou mais uma vez o ambiente de seu ateliê como referência e deu o título de “Silvio Romero 34″, endereço do local. “Quero reforçar os dois fundamentos, o meu lugar e o lugar genérico, e mostrar que sempre reconhecemos os dois”, explica o artista.

 

Senise levou um ano para concluir o trabalho, com a técnica de “impressão sobre madeira”. Ele cobre o piso com cola, verniz e pigmentos e depois imprime num tecido fino a memória do local. Em seguida, recorta e organiza as impressões numa estrutura de alumínio, construindo por meio dos claros e escuros a perspectiva da obra.

 

Sobre o artista

 

Formado pela Escola de Artes Visuais do Parque Lage, onde também lecionou, Daniel Senise participou de diversas exposições coletivas, entre elas diversas edições da Bienal Internacional de São Paulo, Bienal de Veneza, Itália, em 1990, e da V Bienal do MERCOSUL, Porto Alegre, em 2005.

 

O artista tem exposto individualmente em museus e galerias no Brasil e no exterior, como o MAM do Rio de Janeiro, o MAC de Niterói, a Casa França-Brasil, também no Rio, a Estação Pinacoteca, em São Paulo, o Museum of Contemporaray Art, em Chicago, e o Museo de Arte Contemporáneo, no México. Atualmente Daniel Senise vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

De 13 de julho a 25 de agosto.

ITALIANOS E BRASILEIROS, MURAIS PARA O RIO

06/jul

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta o projeto coletivo denominado “Mural Itália-Brasil”. Desde o dia 16 de maio, o artista brasileiro Ozi e a dupla italiana Orticanoodles (Wally e Alita) trabalharam juntos no Rio de Janeiro no projeto “Mural Itália-Brasil”, idealizado pelo curador Marco Antonio Teobaldo. Os artistas criaram murais no respirador da estação de metrô da Cinelândia e na comunidade do Vidigal, levando sua arte para os espaços ao ar livre, chamando a atenção também das pessoas que não costumam frequentar os ambientes de exposição de obras de arte.

 

O projeto “Mural Itália-Brasil” é uma ação conjunta entre oito artistas dos dois países, por ocasião das comemorações do “Momento Itália-Brasil”, para a promoção da arte urbana italo-brasileira, nas cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro. Um artista local e convidados italianos, criam murais utilizando as técnicas de grafitti, pôster arte, máscaras de estêncil e adesivos, técnicas que compõem o repertório da street art.

 

De acordo com o curador Marco Antonio Teobaldo, “…este projeto vai estimular a arte urbana, promovendo ações educativas para geração de novos talentos, e, propor aos artistas urbanos e à população em geral, uma consciência de preservação do patrimônio público de suas cidades”.

 

O projeto já foi realizado com grande repercussão em Brasília e Salvador, durante o mês de maio. No Rio de Janeiro, foi inaugurada a exposição com o registro dos trabalhos realizados nas três capitais, quando também foi lançado o catálogo do projeto.

 

Texto de Heloisa Buarque de Hollanda

Cruzamentos Possíveis

 

O Brasil, e não apenas São Paulo como se pensa, tem um claro sotaque italiano. Nada mais adequado do que celebrar essa linhagem precisamente num ano em que se comemora oficialmente a presença da cultura italiana no Brasil. O Momento Itália-Brasil foi a oportunidade que o curador Marco Antonio Teobaldo aproveitou para uma das experiências mais interessantes da arte pública atual. Uma exposição simultânea de artistas que trabalham intervenções em muros e fachadas usando técnicas de estêncil, colagem, graffiti, desenho e pintura.

No caso deste projeto Mural Itália-Brasil, a experiência foi expandida numa proposta de criação colaborativa entre artistas italianos e brasileiros. Foram escolhidas as cidades de Brasília, Salvador e Rio de Janeiro como os suportes ou loci das realizações.  E então, os artistas que poderiam continuar distantes pela geografia, língua e pela cultura, mas que conseguiram uma profunda identidade através da criação.

Os artistas tomaram conhecimento do trabalho de seus parceiros e a partir daí começaram uma comunicação virtual cuja probabilidade de acerto era pequena. Mesmo assim, valendo-se de atalhos como o Google Translator, e da identificação por meio de suas linguagens e técnicas artísticas, fluiu um entendimento riquíssimo. Do virtual para o presencial, surgiram alguns aspectos inesperados. Primeiro o trajeto inusitado da criação. Nas três cidades, foram escolhidos locais de alto impacto urbano para a produção dos murais: um espaço institucional, um espaço central de grande circulação e visibilidade e um espaço excluído das cidades, dentro das periferias e comunidades. Para cada local, um público, uma resposta. E para cada um, um novo contato, uma nova descoberta entre culturas.

O encontro profundo entre duas linguagens em busca de uma única obra gerou um resultado surpreendente. Em Brasília, os artistas foram Guga Baygon, cuja marca são figuras que lembram ETs, e o coletivo romano Eikonprojekt, cuja temática são santos católicos e super-heróis. Olhando os murais, feitos a seis mãos, o trabalho criado a partir de universos tão distintos resultou num hibridismo de imaginários cruzados e surrealista.

Em Salvador, os três murais realizados pelo Corexplosion e Lucamaleonte, cujo trabalho é de pintura a partir de desenhos de animais em P&B e ouro, espalharam cor e fantasia sobre a cidade. Animais selvagens em traço fino e estêncil não apenas conviviam, mas ainda pareciam ser interpelados pela cor intensa dos animais estilo toy arte do baiano Core.

No Rio, última etapa do projeto, a surpresa se intensifica. A dupla escolhida foi o paulistano Ozi, precursor da street art no Brasil, e o coletivo de Milão Orticanoodles, retratistas com atuação em galerias e ruas. Mesmo antes do primeiro contato com o parceiro Ozi, o casal italiano elegeu Gilberto Gil como tema do mural gigante na Cinelândia, devido à sua atuação como artista, político e ambientalista. Nesta única vez, durante o projeto, em que os artistas produziram murais independentes, o que se vê é um diálogo sobre cidades e mitos. Ozi, na superfície da coluna que se ergue no meio da praça, faz surgir, num sofisticadíssimo trabalho em estêncil cor, um São Sebastião multicultural rodeado de arcos romanos e pela dramaturgia do mar carioca. No contraplano, Gilberto Gil reina absoluto num trabalho belíssimo feito de máscaras de acetado recortadas à mão.

Itália e Brasil em três experiências que deixarão sua marca nas cidades por onde passou.

 

 

Até 12 de agosto

21 PINTURAS DE GONÇALO IVO

05/jul

Anita Schwartz Galeria, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, a exposição “Lamento”, do artista plático Gonçalo Ivo e lançamento do livro “Oratório” (Contra Capa Editora, 2012), que traz a produção pictórica de Gonçalo Ivo desde 2009 e inclui as séries que o artista batizou de “Oratório”, “Acorde”, “Fuga” e “Lamento”. Gonçalo Ivo exibe 21 pinturas em óleo sobre tela, produzidas entre 2010 e 2011.

 

Os trabalhos expostos estarão no livro e o titulo da exposição surgiu como alusão a um tipo de música muito usado pelos compositores do barroco alemão, inglês e italiano.

 

A palavra do artista

 

“Mesmo compositores de blues e jazz bem como algumas toadas nordestinas fazem referência a este ‘estilo musical’. Segundo os dicionários, tem a ver com canto de dor, e é neste sentido e também como exaltação da criação e num mergulho cada vez mais radical em minha própria poética – fazer a cor e o que ela engendra enquanto forma – que vejo a necessidade de expressar o que em mim é singular”.

 

“É uma série inédita, indivisível, formando uma só obra. É um poliptico onde cada pintura tem sua autonomia, porém se vincula ora formalmente, ora sob o ponto de vista cromático com o todo bem como com a que lhe precede ou sucede”.

 

 

Até 07 de julho.

ROITMAN: RESPIRAÇÃO/PIRAÇÃO

03/jul

O artista plástico Herton Roitman exibe sua mais recente série de trabalhos, pinturas e objetos, na exposição denominada “Respiração Piração”, Almacén galeria, CasaShopping, Bloco G, lojas F/M, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ. Herton Roitman possui mais de trinta anos de carreira como artista plástico profissional, dedica-se também a experiências gráficas e conceituais. Natural do Rio Grande do Sul, residiu em Minas Gerais e na década de 60 fixou-se na capital paulista onde desenvolve sua carreira artística participando de mostras individuais e coletivas, em espaços privados e institucionais. Na exposição atual, o artista apresenta um dado interessante, faz uma espécie de balanço confessional da vida e da carreira. A coordenação é de Edson Thebaldi e o projeto gráfico do catálogo é assinado por Roger Christian.

 

A palavra do artista

 

Reaprendendo a Respirar

 

Decidi aprender algumas coisas novas, pois percebi muitas outras desnecessárias que tomavam conta da minha vida.

Coisas aparentemente pequenas, que começam a tomar vulto à medida que os dias passam e surgem novas preocupações e necessidades.

Resolví escrever com letra minúscula e usar só Maiúscula para iniciar um texto, um novo parágrafo, citar nomes de pessoas, cidades, do que realmente importa.

São muitos anos escrevendo com letras garrafais. Pra que?

Não há necessidade de escrever aos berros, sou pessoa que ama o silêncio, devo fazer jus a isso.

Foi sempre minha preocupação, dificilmente grito ou falo alto. em situações necessárias ou quando fico puto, bravo, me sinto invadido, agredido. Pessoas que falam muito alto me irritam. Quando os corações estão próximos não é preciso gritar, corações apaixonados sussuram, pessoas que se gostam falam normalmente.

Resolvi transformar minhas escritas em pequenos poemas, mesmo banais, acho que vale fazer da vida uma pequena antologia.

Prozarei se me convidarem, será um prazer.

Se vier acompanhada de um bom vinho e uma comidinha, ainda melhor.

Decidi não ver mais filmes violentos, só os bons. Elegi o Piano, o Violino e o Cello meus instrumentos de devoção, não renegarei os grandes concertos, nem a boa música popular. Também decidi não me meter mais em contendas que não sejam realmente muito importantes.

Resolvi vasculhar o sótão, recuperar coisas que amei e estavam esquecidas ou guardadas.

Quero re-ouvir, re-ler, re-ver, me reavaliar. Saber qual a minha real posição dentro do mundinho em que vivo.

Resolvi aprender a escrever novamente, coisas que há muito desacostumei de fazer. Quero escrever alguma coisa que eu possa deixar entre meus guardados. Vou escrever em pequenos cadernos, pequenas coisas, poesia, reflexões, pensamentos. Um pouco de tudo, até receitas, minhas invenções culinárias. Quero reaprender ou até aprender pra valer a Paciência, a Misericórdia e a Compreensão. Reavaliar as minhas  virtudes, se realmente as tenho, ou se estou precisando praticá-las.

Preciso aprender um pouco mais sobre Gentileza, amor e piedade. Ser mais Cordial, mais sincero.

Preciso demonstrar meu amor pelas pessoas, enquanto estou por aqui e elas também. Ver a vida com mais otimismo. Confiar mais em mim e nos outros. Preciso aprender que não estou só, que minha solidão é só aparência, que sempre tem alguém pensando ou torcendo por mim.

Quero dar mais oportunidade aos meus talentos, à capacidade de riar, aprender a me fazer reconhecer, valorizar mais a mim e aos outros. Desenhar é uma paixão, mas preciso me apaixonar ainda mais. Pintar é uma necessidade da alma e meu sustento. Preciso trabalhar mais, viajar mais, simplificar, respirar melhor e com atençao. Mais ação.

Essa nova exposição é um reflexo de tudo isso. É muito mais que uma simples exposição…tem um pouco do meu mundo particular. Aqui, hoje, eu me exponho mais que tudo.

 

De 03 a 22 de julho.

FRANKLIN CASSARO NA LAURA ALVIM

27/jun

Chama-se “Espacial”  e sob a curadoria de Fernando Cocchiarale, a individual que Franklin Cassaro realiza na Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A exposição (com dezenas de  esculturas de formatos díspares em papel alumínio de diversos tipos), é um resumo do processo criativo de Cassaro e a primeira em que mostra grupos tão distintos de trabalhos, datados de 2001 a 2012, desde os “Infláveis”, pelos quais o artista é mais conhecido, aos “Recicloides”, esculturas híbridas de bichos e robôs. Em comum, os trabalhos têm o papel alumínio como material, em suas diversas aparências. O artista não usa qualquer instrumento na feitura das esculturas, elas são criadas manualmente.

 

Os três “Infláveis” desta mostra são inéditos. O maior, de plástico laminado com alumínio semitransparente, ocupa toda a área de uma das salas da Galeria Laura Alvim, de 24 metros quadrados. Outro trabalho deste grupo é “Cardume venusiano”, sacos voadores soltos no espaço expositivo, submetidos a um vento estudado, formando um fluxo que circula pela sala. Os sacos são envelopes de CD, coloridos por fora e dourados ou prateados por dentro, que com o vento, produzem som. A terceira peça inédita é “Laika meu amor, uma gaiola com a reprodução inflável da cadela Laika, o primeiro ser vivo enviado ao espaço sideral pelos soviéticos no Sputnik -1, em 1957.

 

No “Gabinete de curiosidades alienígenas”, Cassaro monta ambiente com mobiliário e vitrines com dezenas de peças pequenas em  alumínio prateado comum – vermes, pássaros, crânios, pedras e fragmentos de animais.

 

O alumínio colorido aparece nos “Recicloides”, seres que são um misto de bicho e robô. O material é o usado em embalagem de bombons artesanais. Nesse grupo estão cinco fêmeas “fatais”, como adjetiva o artista – mulher mantis [louva-deus], medusa, mulher escorpião, lady joaninha, com grandes garras, e viúva negra – e perereca trepadeira, falsa coral verdadeira e velociraptor cor-de-rosa, entre outros. Os “Recicloides” são minuciosamente detalhados, tanto quanto joias, segundo o artista. Em “Desenhos mordidos”, a imagem é produzida pelas mordidas do artista sobre o papel, que resultam em formas semelhantes a esqueletos.

 

Além do material, papel alumínio de vários tipos, comum a todos os trabalhos, Cassaro faz um paralelo entre a evolução dos seres e a da sua produção. Ele acrescenta, testa, uns desaparecem, alguns são registros fósseis, que não voltam mais a ser feitos, e outros, evoluem.

 

Sobre o artista

 

Franklin Cassaro, Rio de Janeiro, 1962, formado em Administração de Empresas e Analista de Organização e Método, estudou escultura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Possui trabalhos e nos acervos do MAM Rio, MAM SP, Museu Nacional de Belas Artes e Coleção Gilberto Chateaubriand, entre outros.

 

Suas primeiras exposições individuais foram, em 1988, na Galeria Macunaíma, Funarte, RJ, e no MAC, São Paulo. Desde então, Cassaro realizou exposições individuais em diversas capitais brasileiras e na Alemanha e Austrália. Participou de dezenas de exibições coletivas no Brasil e no exterior, incluindo a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 1999 e a Bienal de Havana, 2000.

 

De 28 de junho a 12 de agosto.