FRANKLIN CASSARO NA LAURA ALVIM

27/jun

Chama-se “Espacial”  e sob a curadoria de Fernando Cocchiarale, a individual que Franklin Cassaro realiza na Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. A exposição (com dezenas de  esculturas de formatos díspares em papel alumínio de diversos tipos), é um resumo do processo criativo de Cassaro e a primeira em que mostra grupos tão distintos de trabalhos, datados de 2001 a 2012, desde os “Infláveis”, pelos quais o artista é mais conhecido, aos “Recicloides”, esculturas híbridas de bichos e robôs. Em comum, os trabalhos têm o papel alumínio como material, em suas diversas aparências. O artista não usa qualquer instrumento na feitura das esculturas, elas são criadas manualmente.

 

Os três “Infláveis” desta mostra são inéditos. O maior, de plástico laminado com alumínio semitransparente, ocupa toda a área de uma das salas da Galeria Laura Alvim, de 24 metros quadrados. Outro trabalho deste grupo é “Cardume venusiano”, sacos voadores soltos no espaço expositivo, submetidos a um vento estudado, formando um fluxo que circula pela sala. Os sacos são envelopes de CD, coloridos por fora e dourados ou prateados por dentro, que com o vento, produzem som. A terceira peça inédita é “Laika meu amor, uma gaiola com a reprodução inflável da cadela Laika, o primeiro ser vivo enviado ao espaço sideral pelos soviéticos no Sputnik -1, em 1957.

 

No “Gabinete de curiosidades alienígenas”, Cassaro monta ambiente com mobiliário e vitrines com dezenas de peças pequenas em  alumínio prateado comum – vermes, pássaros, crânios, pedras e fragmentos de animais.

 

O alumínio colorido aparece nos “Recicloides”, seres que são um misto de bicho e robô. O material é o usado em embalagem de bombons artesanais. Nesse grupo estão cinco fêmeas “fatais”, como adjetiva o artista – mulher mantis [louva-deus], medusa, mulher escorpião, lady joaninha, com grandes garras, e viúva negra – e perereca trepadeira, falsa coral verdadeira e velociraptor cor-de-rosa, entre outros. Os “Recicloides” são minuciosamente detalhados, tanto quanto joias, segundo o artista. Em “Desenhos mordidos”, a imagem é produzida pelas mordidas do artista sobre o papel, que resultam em formas semelhantes a esqueletos.

 

Além do material, papel alumínio de vários tipos, comum a todos os trabalhos, Cassaro faz um paralelo entre a evolução dos seres e a da sua produção. Ele acrescenta, testa, uns desaparecem, alguns são registros fósseis, que não voltam mais a ser feitos, e outros, evoluem.

 

Sobre o artista

 

Franklin Cassaro, Rio de Janeiro, 1962, formado em Administração de Empresas e Analista de Organização e Método, estudou escultura na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Possui trabalhos e nos acervos do MAM Rio, MAM SP, Museu Nacional de Belas Artes e Coleção Gilberto Chateaubriand, entre outros.

 

Suas primeiras exposições individuais foram, em 1988, na Galeria Macunaíma, Funarte, RJ, e no MAC, São Paulo. Desde então, Cassaro realizou exposições individuais em diversas capitais brasileiras e na Alemanha e Austrália. Participou de dezenas de exibições coletivas no Brasil e no exterior, incluindo a Bienal do Mercosul, Porto Alegre, 1999 e a Bienal de Havana, 2000.

 

De 28 de junho a 12 de agosto.

SAMICO NA GALERIA ESTAÇÃO

22/jun

SAMICO inaugura exposição individual na Galeria Estação, Pinheiros, São paulo, SP. O artista apresenta 16 de suas raras xilogravuras, realizadas de 1992 a 2011, e duas matrizes entintadas para que o público aprecie seu apurado processo de trabalho. Criador de uma obra singular, Gilvan Samico no entalhe da madeira faz multiplicar reinados humanos e animais, oníricas composições que, desdobradas em séries de xilogravuras, solidifcaram sua imagem como um dos grandes mestres da arte brasileira.

 

Com sua obra produzida em sua casa ateliê em Olinda, o integrante do Movimento Armorial, idealizado por Ariano Suassuna, destaca-se ainda no panorama da gravura por ser um dos raros artistas que desenha, grava e imprimi manualmente seu trabalho. “Sonho, delírio e poesia”, como definiu Ferreira Gullar a obra do gravador, são construídos com tamanho rigor técnico que cada cor para ser impressa em apenas um exemplar leva não menos de duas horas. Personagens bíblicos ou provenientes de lendas e narrativas regionais, assim como animais fantásticos e míticos, marcam a produção do artista na qual a erudição provém da cultura popular.

 

Para Weydson Barros Leal, que escreve o texto do catálogo da exposição, as imagens criadas por Samico, minuciosamente gravadas, …”são registros de um mundo particular que ao mesmo tempo é íntimo e universal, e por isso também humano” e mais adiante, completa: “Esse humanismo refletido em símbolos e figuras, será mais claro ou menos distante para aqueles que o reconhecerem com o pensamento sensível, muito antes do mero arcabouço erudito (…) erudição depositada em cada traço do desenho, escondida sob a tinta preta ou nas cores que se abrem como frases sublinhadas para clarear um sentido”.

 

O artista

 

Gilvan Samico, nasceu em 1928, Recife, PE, fundou em 1952 juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife – SAMR, idealizado por Abelardo da Hora. Em 1957 estuda xilogravura com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo – MAM/SP, e, no ano seguinte com Oswaldo Goeldi, na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

 

Em 1965, fixa residência em Olinda. Leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba – UFPA. Em 1968, com o prêmio viagem ao exterior obtido no 17º Salão Nacional de Arte Moderna, permanece por dois anos na Europa. Em 1971, é convidado por Ariano Suassuna a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular nordestina e à literatura de cordel.

 

 

De 26 de junho a 31 de agosto.

PAULO VIVACQUA EM BH

21/jun

A Galeria Murilo Castro, Savassi, Belo Horizonte, MG, apresenta a exposição “kms5n6j6jw6EHkuhuf7ytgEQg4jk46a45h”, individual de Paulo Vivacqua. A mostra reúne esculturas e objetos nos quais os materiais físicos, como o vidro, plástico, metal e granito, cujas formas plásticas e visuais se fundem com o áudio, ou simplesmente com a ideia de um determinado som.

 

Nessas obras – que incluem sete esculturas sonoras, sendo duas de parede – o artista utiliza elementos relacionados funcionalmente com a produção do som, como alto falantes, fios e materiais acústicos, mas totalmente “desfuncionalizados”. Nesta nova perspectiva, os objetos servem apenas como um dispositivo mental para a imaginação de um som, ou ainda, da pura expectativa de qualquer coisa que venha a soar, ou mesmo falar.

 

Como bem explica Felipe Scovino em sua crítica sobre a exposição no texto do catálogo,”A economia da inutilidade”, “… um dos desafios do trabalho de Vivacqua começa na busca por articular dois domínios distintos, o sonoro e o visual. Nessa sinestesia, imagens e situações são formadas revelando paisagens sonoras. Um estranho zumbido, veloz, volátil e circular atravessa o espaço da galeria, mesmo que ele opere no plano da virtualidade”.

 

A mostra foi criada a partir do momento em que Vivacqua percebeu como alguns elementos eram constantes em sua obra. “Certos objetos estavam presentes em praticamente todos os meus trabalhos: alto falantes, fios e materiais diversos como vidro, mármore, metal, etc. Resolvi, então, exercer um trabalho de análise e re-combinação de seus elementos, deslocando-os de sua função inicial, inclusive do próprio som, que está apenas sugerido”, explica o artista.

 

Vivacqua acrescenta ainda que o próprio nome da exposição é um exemplo desse deslocamento, diz ele: “O título apresenta-se como um desafio de linguagem, pois posiciona-se em um campo híbrido na tensão que estabelece entre palavra, som e objeto”.

 

Pela segunda vez na capital mineira – em 2008 o artista também expôs na Galeria Murilo Castro – Paulo Vivacqua espera que a exposição tenha uma boa recepção pelo público. “A meu ver, uma exposição de arte contemporânea é sempre uma situação inusitada. Para mim o trabalho acontece a partir do momento em que captura o interesse de cada um, seja por um pensamento ou um som, uma imagem. E sempre gostei da introspecção no modo de sentir e perceber o mundo, e acho que isso tem algo a ver com Belo Horizonte. Será?”, finaliza.

 

Sobre o artista

 

Nascido em Vitória, ES, Paulo Vivacqua vive e trabalha no Rio de Janeiro. Reconhecido no meio artístico devido a sua pesquisa em arte sonora, suas produções quase sempre permeiam este cruzamento de linguagens, sonora e plástica. Entre elas, Paisagens Subterrâneas, 2000, Mobile, 2000 e as instalações Sound Field, 2002, Residuu, 2005 e Sentinelas, 2008. Além das exposições, Paulo Vivacqua participou de várias bienais, como a 2ª Bienal de Arte Contemporânea de Praga e a 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, ambas em 2005. Em 2011, esteve novamente na 8a Bienal do Mercosul e, em 2012, irá participar da 30ª Bienal Internacional de São Paulo, entre os 21 artistas brasileiros convidados. A bienal acontece de 07 de setembro a 09 de dezembro, com o tema “A iminência das poéticas”.

 

De 21 de junho a 23 de julho.

RAFAEL ALONSO EM CURITIBA

19/jun

A SIM GALERIA, é um dos mais novos espaços dedicado à arte contemporânea em Curitiba, Paraná. Agora, dando curso na  programação, será a vez de mostrar os trabalhos do jovem Rafael Alonso com a exposição individual de pinturas denominada “Repetidor”. O texto de apresentação é assinado pelo crítico de arte Fernando Cocchiarale. O projeto e a coordenação é de Flávia Simões de Assis e Waldir Simões de Assis Filho.

 

 

Texto de Fernando Cocchiarale:

 

De um ponto de vista histórico a pintura poderia ser mapeada a partir dos diferentes métodos e técnicas de representação do espaço, desenvolvidos ao longo de dezenas de séculos, por diversas civilizações. Um afresco egípcio, mural romano ou tela da Renascença, seriam identificáveis a partir de sistemas de pintura comunitários distintos e claramente manifestos em suas configurações finais. Por conseguinte, nada de arbitrário havia em cada um desses sistemas, posto que expressavam o olhar comunitário, por meio de regras comuns (antes o olhar individual do artista se tornar o fundamento de seu próprio sistema).

 

Não se pode falar de pintura egípcia, sem que se mencione seu sistema. Nele não existiam estilos pessoais; tampouco sutilezas ou evidências de um sujeito-artista que quisesse deixar no mundo suas marcas pessoais. A lei da frontalidade estabelecia padrões de representação espacial tanto de figuras humanas, animais, plantas e objetos, estritamente respeitados por todos os pintores.

 

A pintura renascentista, em que surgiram os primeiros estilos individuais, também possuía um sistema baseado na perspectiva do sombreado. O respeito às características planares objetivas da tela pela arte moderna foi o último sistema de pintura minimamente fundamentado a surgir antes da emergência da produção contemporânea.

 

Tal ausência de sistemas de pintura, atualmente, não favoreceu a produção de um sentido comum (de fundo) que salvaguardasse o arbítrio das diferentes expressões individuais hoje em curso na produção artística. O pintor agora deve inventar seu próprio sistema e torna-lo visível ao olhar público. Esse é o desafio maior não só da pintura, como também da produção contemporânea.

 

Dentre os jovens pintores do país Rafael Alonso é um dos que melhor compreenderam a necessidade de produzir e fazer ver suas pinturas a partir de um sistema. Rafael tornou-se conhecido ao pintar sobre quadros de cantos arredondados faixas idênticas às produzidas com fita adesiva marrom para embalagem usada pelos vendedores de bebidas para proteger a tampa do isopor de pancadas.

 

Entre a pintura e o isopor Alonso estabeleceu relações tanto pictóricas (a pincelada que corre horizontal, num gesto manual, mas mecânico, o teor planar da tela e do isopor) quanto semânticas (a relação entre sua pintura – aparentemente abstrata – e situações pictóricas evocadas por objetos reais planos como telas. Nessa transmutação de telas reais com que convivemos diariamente e as pinturas do artista encontra-se o fundamento de seu sistema pictórico.

 

Não há dúvida que Rafael pinta o nosso mundo. Mas não o abstrai como os modernistas o fizeram (já que seus referentes reais se insinuam na configuração das pinturas), nem o representa, tal como os clássicos. Ele faz migrar pela pintura, de modo ilusionista, fragmentos da dimensão planar do cotidiano, para o quadro.

 

As pinturas que Alonso agora apresenta, trabalhadas no último ano e meio, são, conforme suas próprias palavras, “uma tentativa de produzir uma pintura que se relacione com os objetos do design que me cercam, mais especificamente computadores, monitores de TV, tablets. Objetos que hoje mais do que em qualquer outro momento servem como mediadores das imagens, de nosso contato com o mundo.”

 

São, portanto, imagens planas, de objetos planos (mediadores de imagens), feitas manualmente. Trata-se do mesmo sistema de ocupação espacial utilizado nas pinturas das fitas adesivas aplicadas sobre isopores de ambulantes.

 

Seus trabalhos recentes, no entanto, não mais evocam o Brasil precário, mas aquele globalizado pela tecnologia. Rafael Alonso investiga sua configuração mais frequente na vida diária – tabuletas, tablets − com múltiplas e coincidentes funções que povoam-na de luzes. Sua transposição às pinturas consiste na mais recente manifestação do sistema por ele inventado.

 

De 21 de junho a 30 de julho.

 

ERNESTO NETO

18/jun


Aliança - Ernesto Neto

Nova exposição individual de Ernesto Neto no Rio e São Paulo.  A mostra intitulada “Não Tenha Medo do Seu Corpo” acontecerá simultaneamente na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, e no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda,  com trabalhos inéditos feitos em crochê. A exposição terá um formato inovador, apresentando um perfil itinerante: a inusitada inauguração para convidados acontecerá no atelier do artista, no centro do Rio de Janeiro, onde as obras poderão ser apreciadas em seu local de criação original, viajando para São Paulo logo em seguida. Em agosto, haverá novo evento: uma conversa, aberta ao público, entre o artista e o curador Adriano Pedrosa.

 

Depoimento de Ernesto Neto sobre a exposição:

 

“No reino do objeto, do produto, da cultura, a obra propõe o ser vivo, a natureza como  protagonista da vida, da terra, do cosmo. A cultura é uma ferramenta não um objetivo, serve ao corpo que é o lugar da subjetividade, do prazer, da tristeza, da compreensão no mundo, a mente é parte do corpo, a cultura é parte da natureza, somos a natureza. Se nós criamos os objetos, natureza eles são, num computador tem mais natureza que numa caixa de fósforos, tudo que há na terra dela veio, somos só um veículo de nosso desejo e o desejo quer vida, seja num micróbio ou num organismo complexo, a natureza quer vida, o corpo pensa, e expressa o que somos, não há nada fora do corpo a paisagem é corpo a vida é corpo, não tenha medo do seu corpo!”.

 

 

Abertura

Atelier Ernesto Neto – Centro – Rio de Janeiro – RJ

30 de junho 2012  – das 20 às 22h

 

Local 1

Na Galeria Fortes Vilaça

Vila Madalena – São Paulo – SP

10 de julho a 18 de agosto

 

Local 2

No Galpão Fortes Vilaça

Barra Funda – São Paulo – SP

10 de julho a 18 de agosto

POLYANNA MORGANA NO IBEU

Convite exposição

A exposição individual “PolyTati Representações LTDA: life in concert, Vol. II”, de POLYANNA MORGANA, faz parte do edital de exposições 2012, do IBEU, Copacabana, Rio de janeiro, RJ. A mostra, que acontece na Galeria de Arte do IBEU, é uma instalação sonora site specific que reflete sobre o cotidiano da artista, que mora em Taguatinga e que faz diariamente o deslocamento para Brasília, DF. O título é uma referência ao ponto de partida para a realização do percurso: o escritório do pai de Polyanna, em Taguatinga, o PolyTati Representações Ltda. (que tem esse nome em homenagem as duas filhas – Polyanna e Tatiana). A instalação é composta por alto-falantes distribuídos em três painéis, que apresentam o som da paisagem sonora de três lugares diferentes do Distrito Federal: Taguatinga, a Estrada Parque e Brasília. Esses locais possuem sonoridades distintas. Em Taguatinga, há o som de comércio popular, buzinas, pessoas falando alto; a Estrada Parque apresenta um som de via expressa e Brasília revela uma paisagem sonora típica, onde se escutam passarinhos, carros ao longe e pessoas conversando à distância.

 

Duas pinturas colorfield traçarão os mapas de Brasília e de Taguatinga. As pinturas fazem uso da paleta de cores própria de cada uma das cidades, ou seja, em Brasília, como parte da herança arquitetônica moderna, a artista usa basicamente as cores branca, concreto, cinza e verde (da natureza). Já Taguatinga, que possui outra relação com o espaço urbano, Polyanna usa uma paleta de cores mais diversificada e vibrante, semelhante às cores das cidades do interior do Brasil.

 

“Quero criar um ambiente onde as pessoas possam caminhar pela Galeria Ibeu, e de alguma forma, construir uma experiência com a paisagem representada ali. Todos os meus trabalhos partem, basicamente, de um mesmo entrelaçamento: o meu corpo e a cidade no dia-a-dia”, diz Polyanna Morgana.

 

Para Fernanda Lopes, curadora convidada para a exposição: A jovem produção de Polyanna é marcada por trabalhos com performances ou por obras, como desenhos e objetos, que resultam de uma ação performática da artista. Em PolyTati Representações LTDA: life in concert, Vol. II o corpo do outro também passa a ser incorporado ao trabalho, quando o público começa a reconstruir suas próprias paisagens a partir dos indícios de som e imagem apresentados pela artista e a partir das informações que chegam diretamente da cidade, através das grandes janelas localizadas no espaço expositivo.

 

Até 29 de junho.

RETROSPECTIVA DE IONE SALDANHA

13/jun

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, apresenta no atrio e em seu 3º andar, a exposição “Ione Saldanha: o tempo e a cor”, retrospectiva da artista que, “situando-se no limiar entre o moderno e o contemporâneo, encontrou sobretudo na cor o lirismo de sua expressão artística”. Com este caráter panorâmico sobre a produção da artista, a exposição apresenta desde suas figuras e fachadas dos anos 1940 e 1950 até o amadurecimento do uso da cor em sua obra, passando pelas aproximações construtivas que inspiraram seu trabalho. “Ione Saldanha: o tempo e a cor” apresenta obras em suportes tradicionais e experimentais, lançando um olhar amplo sobre trajetória da artista. As décadas de 1960 e 1980 ganham foco por tratarem-se de períodos em que a produção de Ione atingiu uma poética madura e particular, materializada pelo uso sensível da cor. A curadoria é de Luiz Camillo Osório.

 

Nascida em Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 1919, Ione ainda criança viu a família envolvida no movimento de 1923, que marcou a história do estado pelo conflito entre chimangos e maragatos. Devido às ligações políticas, o pai da artista integrou o governo de Getúlio Vargas em 1930, o que determinou a ida da famíçia para o Rio de Janeiro – cidade onde Ione Saldanha residiu até seu falecimento, em 2001. O flerte com a arte se deu desde cedo, através dos primeiros estudos com Pedro Corrêa de Araújo e das viagens a Florença e Paris para realizar cursos de afresco. Durante os anos 1950 e 1960, participou de exposições em diversas cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Santiago do Chile, Roma, Berna e Houston. No início de sua trajetória, as obras são marcadas por um figurativismo de cores escuras que aos poucos deram lugar à geometria lírica, conferindo também outro ritmo cromático para as pinturas. O protagonismo da cor, do pigmento, vai assumindo diferentes faces no decorrer do desenvolvimento da poética da artista.

 

Foi no ano de 1968 que ela expôs pela primeira vez os característicos bambus e ripas pintadas. A partir do uso de suportes experimentais, Ione incorporou algumas das características da contemporaneidade para dentro de sua produção, sem distanciar-se de certo caráter formal do concretismo e do uso da cor. Transitou, assim, entre o moderno e o contemporâneo, como bem observou o curador Luiz Camillo Osório.

 

Texto do curador Luiz Camillo Osório:

 

A obra da artista Ione Saldanha segue ainda desconhecida do grande público e à margem da história da arte brasileira recente. Nascida em Alegrete no Rio Grande do Sul, mas tendo vivido grande parte de sua vida no Rio de Janeiro, teve sua formação marcada pela sensibilidade cromática de Volpi e pela desconstrução figurativa de Vieira da Silva. Passados dez anos de sua morte, está na hora de rever seu percurso artístico.

 

A exposição, tendo caráter retrospectivo, procurará realizar um recorte panorâmico em sua trajetória, desde suas figuras e fachadas das décadas de 1940 e 1950, desdobrando-se pelo flerte construtivo no começo da década seguinte, até sua grande aventura de liberação da cor do final dos anos 1960 até a década de 1990.

 

Sua obra consegue combinar o rigor formal da tradição concreta com a experimentação constante de novos materiais e suportes, sem abrir mão, entretanto, da dimensão lírica da cor. Trata-se, portanto, de uma artista que viveu de dentro a passagem do período moderno para o contemporâneo.

 

Apesar da concentração nas décadas de 1960 e 1980, quando sua obra atinge maturidade poética, procuraremos nesta exposição traçar o seu desenvolvimento desde a década de 1940, mostrando seu período formativo e a longa maturação de sua sensibilidade para a cor. Combinando desenhos, estudos, pinturas e a experimentação com os mais variados suportes – ripas, bambus, bobinas e empilhados. Sua obra está presente nas principais instituições e coleções brasileiras, predominantemente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

De 14 de junho 12 de agosto.

ANIMAIS CAPTURADOS

12/jun

A exposição “Captura”, de René Machado, nas galerias do primeiro andar do Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ, mistura ficção e realidade. Se em um primeiro momento suas obras despertam o sentimento de bom humor, por meio dos coloridos personagens de cartoon, por outro, denunciam um comportamento violento e repulsivo do homem contra a natureza. O tema  justifica a inclusão da mostra na programação oficial da Rio+20.

 

De acordo com o curador da mostra, Marco Antonio Teobaldo, “o artista  estabelece em sua pintura algumas questões relacionadas à sua produção, como a utilização de recursos tecnológicos para, tal qual numa caçada, capturar no ambiente web imagens fotográficas e de personagens de desenhos animados”. Manipuladas digitalmente em seu computador e impressas sobre telas, o artista cria cenas para a sua primeira exposição individual, que revelam o ser humano como um animal predatório e cruel. A partir desta ideia, foi produzida uma série com obras de proporções variadas, em que a tinta branca reafirma a importância do ponto focal da obra sobre a ação retratada. É nesta área branca que René Machado também impõe o vazio da barbárie humana, com um certo vigor nas pinceladas em camadas. O artista passa para o plano tridimensional com elementos reais e fictícios para criar objetos com a mesma dualidade de suas pinturas. Personagens de pelúcia e borracha são apresentados nas situações mais adversas: enjaulados ou estraçalhados.

 

Ainda misturando os planos da realidade e da fantasia, dois vídeos são exibidos na terceira sala, na qual um deles permite a interatividade do visitante.O salão principal será ocupado por trabalhos em óleo e acrílica sobre tela; em outra sala, objetos que buscam, assim como em suas pinturas, misturar ficção e realidade onde armadilhas aprisionam bichos de pelúcia, enquanto que na terceira sala um video interativo provoca o visitante a poluir o meio ambiente.

 

René Machado é um artista visual com formação em publicidade e que atua na preservação do bioma do Pantanal Matogrosense.

 

De 14 de junho a 22 de julho.

GELEIA DA ROCINHA PRENDE OS BICHOS

O pintor Geleia da Rocinha exibe na galeria Cela, no andar térreo do Centro Cultural Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “É o bicho na cabeca”. A curadoria é de Marco Antonio Teobaldo. Concebida em 2008, a ideia partiu da lista dos vinte e cinco animais do jogo que, apesar de existir na sombra da ilegalidade, segue mobilizando a cultura popular. Cada uma das telas em acrílica, retrata um bicho com o respectivo número, trazendo para o presente a habilidade do pintor letrista que se projetou no circuito das artes. José Jaime Costa, Geléia (como assina em seus trabalhos), elabora um trabalho autobiográfico, em que retrata a sua realidade e a do meio em que vive. Com a exposição “É o bicho na cabeça”, não poderia ser diferente. De acordo com o curador da mostra, “seus animais fogem de qualquer  convenção estabelecida nos livros de Zoologia, uma vez que são constituídos de traços humanos, figurinos e padronagens multicoloridas, ou ainda, adquirem uma morfologia híbrida de outros animais. Exibir este conjunto de obras na galeria Cela, do Centro Cultural Justiça Federal é a oportunidade que o artista encontrou para subverter a ordem do Jogo do Bicho”.

 

Até  15 de julho.

LEILA DANZIGER NA COSMOCOPA

11/jun

Convite exposição

A exposição “Todos os nomes da melancolia”, de Leila Danziger é a primeira individual da artista na Cosmocopa Arte Contemporânea, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. Leila faz parte do elenco da galeria de Alvaro e Maice Figueiredo desde setembro do ano passado e tem mostrado uma altíssima coerência, apuro, sensibilidade e qualidade nos trabalhos que vem apresentando. A exposição apresenta uma escritura da melancolia, realizada a partir de objetos de arquivos pessoais e signos apropriados da História da Arte. O livro “Banzo”, de Coelho Netto, publicado originalmente em 1912, ganha uma terceira edição ao ser apagado seletivamente pela artista, dando origem a uma pequena instalação. Representações da melancolia retiradas de obras de Debret, De Chirico, Domenico Fetti e Tarsila do Amaral são transformadas em carimbos, e assim passeiam por diversos tempos e espaços, como, por exemplo, as páginas do jornal francês “Libération”, da década de 1980, que tratam o tema da memória e do esquecimento, assunto recorrente no trabalho da artista. A mostra reúne duas séries fotográficas, “Vanitas” e “Leituras da melancolia”, uma instalação de mesa, “Banzo, 3ª. Edição”, um vídeo, “Vanitas” e dois objetos de parede, “Balangandãs” e “Amarelinha”. Na mesma ocasião, a Cosmocopa inaugura oficialmente seu novo Acervo Transparente.

 

De 14 de junho a 16 de julho.