Visões da terra / O mundo planejado. Coleção Luís Paulo Montenegro

15/jan

Visiones de la tierra / El mundo planeado. Colección Luís Paulo Montenegro

 

Entre 20 de fevereiro e 10 de junho de 2018, o Santander Art Room, Madrid, Espanha, acolherá a exposição “Visions of the Earth / The Planned World”, a primeira exposição que mostra as obras do colecionador brasileiro Luís Paulo Montenegro.

 

Luís Paulo Montenegro começou sua coleção em 1999, quando comprou o primeiro trabalho, “La India Carajá” de Cândido Portinari, em um leilão. Hoje, possui uma das mais importantes coleções de Arte Moderna e Contemporânea no Brasil.

 

Rodrigo Moura, ex-diretor de programas artísticos e culturais do Instituto Inhotim, será o curador desta exposição para a qual realizou uma seleção de mais de 200 peças que mostram os gostos artísticos do colecionador, que começou a se interessar pelo Modernismo Brasileiro, posteriormente pela Arte latino-americana e Arte Concreta Brasileira e internacional e, finalmente, para Arte Contemporânea.

 

A exposição mostrará uma seleção de 218 peças de diferentes disciplinas artísticas, com uma representação especial da pintura. Entre os 107 artistas selecionados, destacam-se nomes importantes da arte brasileira moderna, como Alfredo Volpi, Lygia Clark, Lygia Pape, Wifredo Lam, Hélio Oiticica, Cildo Meireles, Ernesto Neto; mas também renomados artistas internacionais como Alexander Calder, Andy Warhol ou Willem de Kooning.

 

 

De 20 de fevereiro a 10 de junho.

Duas mostras no CCBB/Rio

18/dez

O artista austríaco Erwin Wurm produz um deslocamento de elementos do cotidiano para o campo da arte, reconfigurando objetos familiares como casas, carros, roupas e alimentos para um contexto inesperado, engraçado e ao mesmo tempo crítico em relação à sociedade contemporânea. Em suas obras, elementos inanimados ganham vida orgânica – uma residência obesa, um vaso sanitário magro, uma salsicha cheia de personalidade, um carro acima do peso. A exposição apresenta uma série de trabalhos que discute o corpo humano não apenas a partir do físico, mas também de suas camadas psicológicas e espirituais. A curadoria é de Marcello Dantas.

 

 

Até 08 de janeiro.

 

Uma retrospectiva do fotógrafo e cineasta francês Raymond Depardon que reúne 165 obras em cores do artista, feitas entre 1950 e 2013, sendo a maior parte inédita é o atual cartaz do CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição de fotografias “Un moment si doux”  foi apresentada com muito sucesso de público e crítica em 2014/2015, no famoso Le Grand Palais, em Paris, e no museu MUCEM, em Marselha. As fotos selecionadas cobrem Europa, América Latina, África e Brasil, e incluem grandes formatos espetaculares.

 

 

Até 05 de fevereiro de 2018.

Julio Le Parc: da Forma à Ação

13/dez

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta adaptada para seu espaço, a grande retrospectiva de Julio Le Parc, realizada em 2016 no Pérez Art Museum Miami (PAMM). Com a mesma curadoria de Estrellita B. Brodsky e consultoria artística de Yamil Le Parc, a mostra em São Paulo, com patrocínio do Bradesco, apresenta mais de 100 obras que trazem uma centelha de experiências físicas e visuais do consagrado artista. Ao incluir as principais instalações e trabalhos raramente vistos em papel e materiais de arquivo, “Julio Le Parc: da Forma à Ação” é uma exploração da figura central de Le Parc na História da Arte do Século XX.

 

“As investigações de Julio Le Parc sobre as maneiras de engajar e empoderar o público redefiniram e reinterpretaram a experiencia da arte”, afirma a curadora Estrellita B. Brodsky. “Movido por um sólido ethos utópico, Le Parc continua a olhar a arte como um laboratório social, capaz de produzir situações imprevisíveis e de ludicamente engajar o espectador de novas maneiras. Seu posicionamento radical continua cada vez mais relevante após seis décadas”.

 

O artista argentino logo após mudar-se para Paris, tornou-se, em 1960, membro fundador do coletivo de artistas Grupo de Pesquisa de Artes Visuais (GRAV). Ao enfatizar o poder social de objetos e situações de arte não mediados e desorientadores, Le Parc buscou limpar as estruturas e sistemas que separam espectador de obra. Sua inovação no campo da luz, movimento e percepção foi central para os movimentos da arte cinética e ótica da época, servindo suas teorias como veículo de mudança social e política, que continuaram a integrar a vanguarda parisiense de 1960 adiante.

 

Esse espírito da arte como ímpeto social move-se pela mostra em três secções temáticas. A primeira, “Da superfície ao objeto”, reúne trabalhos iniciais em papel e pinturas que mostram o uso de cor como meio de desestabilizar a superfície bidimensional. Estão expostas obras de 1958, com estudos do bidimensional com tinta e guache em papel, assim como pinturas de 1959 até hoje. Também consta nesse segmento, o monumental “A Longa Marcha”, um grupo de 10 pinturas vibrantes que flutuam ao redor de uma parede arredondada.

 

Em “Deslocamento”; “Contorções”; “Relevos”, estão os revolucionários labirintos-instalação, de Le Parc exibidos pela primeira vez como parte da participação da GRAV na Bienal de Paris de 1963, as caixas de luz e obras de contorção. A sequência de três cômodos imbuídos de luz oferece aos espectadores uma experiência sensorial poderosamente desorientadora.

 

Por fim, “Jogo & Política de participação” dissolve os muros físicos e ideológicos que separam espectador, obra de arte e instituição. Precursor do movimento de estética relacional, esse período da carreira de Le Parc considera como a arte pode encorajar uma nova consciência sobre o espaço social do indivíduo.

 

“Acredito que a exposição de Julio Le Parc despertará o mesmo interesse e encantamento do público causado pela mostra de Yayoi Kusama, que realizamos em 2014, por também provocar singular experiência sensorial aos espectadores”, diz Ricardo Ohtake, presidente do Instituto Tomie Ohtake.

 

O trabalho desenvolvido pela curadora Estrellita B. Brodsky é uma pesquisa retrospectiva da abrangente prática de Le Parc e uma análise de seu impacto tanto em seus contemporâneos na América Latina quanto na Europa vanguardista do pós-Guerra e subsequentes gerações de artistas. Apesar do âmbito histórico, a exposição conversa com força com o presente, demandando presença física e perceptiva do público. “Julio Le Parc: da Forma à Ação” apresenta o artista à nova geração, permitindo que cada visitante reaja de forma direta e pessoalmente ao trabalho.

 

 

Até 25 de fevereiro de 2018.

Obra 7 Noites, 365 Dias

11/dez

  1. Pavel Herrera, artista cubano que vive em São Paulo-SP, é representado pela Galeria Sancovsky, Jardim Paulistano, São Paulo, SP. Até o dia 22 de dezembro o público terá a oportunidade de visitar sua primeira exibição individual – “Ponto de Fuga” – na qual apresenta obras desenvolvidas, uma parte em Havana, Cuba, outra em São Paulo. J. Pavel Herrera exibe trabalhos em pintura e desenho, tendo a paisagem como temática que dialoga sobre o fenómeno da insularidade e que traduz o olhar de uma pessoa que nasceu numa ilha.

 

 

Sobre a galeria

 

Localizada na Praça Benedito Calixto em São Paulo sob a direção de Marcos Sancovsky, a galeria tem como objetivo apresentar uma significativa produção de artistas jovens e de artistas já consolidados, que trabalham com diferentes linguagens como pintura, vídeo, escultura, performance, entre outras. Sua programação contempla desde exposições individuais dos artistas representados a coletivas de curadores convidados.

Surround por Michael Drumond

07/dez

Verve Galeria inaugura sua primeira pop-up internacional, em parceria com a Curator’s Voice Art Projects em Wynnwood, distrito das artes de Miami – EUA, exibindo Surround, do artista brasileiro radicado em Nova York Michael Drumondsob curadoria de Milagros BelloComposta por 05 obras da série “Surround – em técnica que combina pintura e fotografia –, a exposição trata da abstração de diferentes estados psicológicos do artistaque revisita momentos originalmente obscuros de sua trajetória, transformando-os em trabalhos caracterizados por sentimentos de beleza e redenção. 

 

Selecionados pela curadora Milagros Bello, os trabalhos ocupam uma sala da galeria em Wynnwood e são impressos em chapas de alumínio de grandes dimensões, no intuito de trazer a experiência imersiva ao espectador, sobre as quais são realizadas as intervenções em tinta esmalte high gloss precisamente pintadas. A série “Surround” explora o grande interesse de Michael Drumond por temas psicológicos, e vem sendo elaborada ao longo dos últimos dois anos, em constante “metamorfose” visual. Nas palavras do artista: “Além da questão conceitual, minhas obras incorporam pesquisas técnicas próprias da nova geração de artistasem que as linguagens se fundem e a tecnologia tem papel fundamental na metodologia e no processo de produção da obra de arte. 

 

O projeto acontece durante a Miami Art Week, que reúne as feiras Art Basel Miami Beach, Untitled, Scope, entre outros eventos paralelos, e atrai pessoas de todas as partes do mundo para a cidade, festejando o fim do calendário do circuito internacional das artes. “Esta iniciativa é o primeiro passo no projeto de internacionalização da galeria, que já representa artistas estrangeiros e propõe o constante intercâmbio de artistas brasileiros em projetos no exterior”, comenta Allann Seabra, que representa Michael Drumond no Brasil pela Verve Galeria.

 

De 08 de dezembro a 06 de janeiro de 2018.

Cartaz na Oscar Cruz

04/dez

Obedecendo ao título geral de “Marron Azul”, a Galeria Oscar Cruz, Itaim-Bibi, São Paulo, SP, apresenta a exposição individual de Ramon Martins. A apresentação é assinada por Débora Lopes.

 

A força bruta das mulheres negras na exposição Marrom Azul, de Ramon Martins

 

 

Por Débora Lopes

 

A cabeça pende para trás, forçando o músculo do pescoço a demonstrar uma elasticidade mágica, quase aflitiva. Essa força bruta e meramente humana habita as mulheres negras pintadas pelo artista plástico Ramon Martins em sua nova exposição, Marrom Azul. Com as clavículas ressaltadas, uma delas está de sutiã branco, envolta em um xale estampado. Sua beleza extrema e o olhar distraído foram inspirados na modelo angolana Maria Borges. Filho de mãe negra, Ramon retornou às próprias raízes para pesquisar e produzir as obras, compostas por tinta acrílica sobre tela – uma delas alcançando dois metros de altura. Lábios grossos, cabelos crespos, sobrancelhas arqueadas, a cor marrom pulsando na composição do pigmento de pele. A beleza e a força dessas mulheres remetem a um universo orgânico e fértil, tal qual a terra.

 

 

Até 23 de fevereiro de 2018.

Lucio Salvatore no MAM/Rio

30/nov

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com apoio do Istituto Italiano de Cultura, inaugura no próximo dia 9 de dezembro a exposição “Metaelementi”, que reúne trabalhos emblemáticos e inéditos do artista Lucio Salvatore, como instalações, vídeos, fotografias e pinturas, produzidas entre 2004 até os dias de hoje. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, “Metaelementi” (metaelementos, em português) apresenta obras “ontológicas, que partem dos elementos da natureza – identificados pelos filósofos pré-socráticos como princípios do universo – para transcendê-los a partir de contextos socioeconômicos e políticos, sempre centrais nas obras do artista”,palavras do curador. “A poética de Salvatore explora o ‘humanismo’ dos elementos dentro das dinâmicas da produção industrial, tecnológica, da disputa de poder e da própria arte”, explica Fernando Cocchiarale.

 

“A visão curatorial oferece uma oportunidade única de leitura transversal de trabalhos inéditos de Lucio Salvatore, juntando obras do começo de sua pesquisa artística – como as da série “Combustioni”, que usa o fogo – a trabalhos recentes, como a obra “É Pão É Pedra” (2017), que traz seu título inscrito repetidamente sobre uma fôrma de pão recheado de pedras, unindo o visível e o invisível, colocados em referências circulares”, afirma o curador.

 

Incêndios criminosos que devastaram em 2004 o sul da Itália, na região onde o artista tem seu ateliê, foram assunto de vários trabalhos de Lucio Salvatore. O vídeo “The Road Ahead”, de quatro minutos, traz registros desses incêndios. “Essas imagens são representativas das paisagens de todo o sul do mundo que continuam nas mesmas condições de territórios de exploração, e contrastam com a imagem positivista do livro escrito por Bill Gates em 1995, que dá o título à obra, e que propõe uma visão otimista da estrada construída pelas empresas de tecnologia”, diz Cocchiarale.

 

A inédita “Apagões – Amnésias” consiste em dois conjuntos de oito fotografias com tamanho de 31cm x 41cm cada, com intervenções de tinta a óleo, pintura usada pelo artista como anulação, negação da imagem e da matéria. Sobre fotografias dos incêndios de 2004, Salvatore apagou com tinta as imagens das chamas. Desta maneira, buscou “anular simbolicamente os efeitos devastadores de atos criminosos, causados por ‘amnésias’, por ignorância, cuja cura pode ser inspirada pela arte”, explica. “Diante do recorrente fenômeno dos incêndios ficamos impotentes, assustados, aterrorizados e ao mesmo tempo fascinados, atraídos, como se o instinto de morte se reencontrasse na visão da destruição que é também transformação”, observa o artista.

 

 

Rituais de fogo

 

“Combustioni” Top of Form é uma das primeiras séries de trabalhos do artista relacionados aos processos de transformação dos elementos. Depois dos vídeos e fotografias que registraram incêndios que devastaram o sul da Itália no verão de 2004, Salvatore começou a experimentar o fogo em seu estúdio, ao ar livre. Usado por Salvatore como agente de transformação no trabalho artístico, o fogo foi produzido para queimar os elementos fundamentais da pintura tradicional, como tábuas, pincéis, e especialmente a pintura, em forma de pigmentos, que foi retratada pelo artista durante o processo de combustão. Esses rituais da queima de matéria pictórica e orgânica, todos criados entre 2004 e 2007 na Itália, resultaram em vários trabalhos, como “Sem Título”, uma impressão sobre tela de 2m x 4m. O momento da criação, a origem das coisas, é o que fascinou o artista. “Esta série contém toda a força material e movimento do Início”. O processo foi registrado no vídeo “Sem Título”. Lucio Salvatore cita o filósofo Heráclito (535 a.C. – 475 a.C.): “Este cosmos não foi criado por nenhum dos deuses ou dos homens, mas sempre foi, é e será um fogo eternamente vivo”.

 

Em “Post-Ar”, Salvatore deslocou ar de Florença para o Rio de Janeiro através do correio internacional. O artista explica que pretendeu “separar o elemento inseparável, identificando o elemento elusivo, embalando o elemento livre e que por essência não conhece fronteiras”. Dessa maneira, inscreveu este elemento “no sistema burocrático surreal da sociedade global contemporânea”.

 

“Quadrado Preto” integra uma série de obras desenvolvidas dentro de pedreiras, em uma combinação de processos que envolvem performance, escultura e pintura. O artista pintou um quadrado preto na parede de uma pedreira, e depois escavou esta parede com uma lagarta mecânica, própria para mineração, reduzindo-a a centenas de fragmentos de rocha com as marcas pretas da pintura. Depois, Salvatore costurou esses fragmentos na tela demarcada previamente com acrílico preto com a forma da parede antes de ser escavada. “A tensão ontológica (parte da metafísica que trata da natureza, realidade e existência dos seres) entre unidade e multiplicidade se manifesta em relíquias fragmentadas do quadrado preto que ainda carregam sua essência unitária, assim como a multiplicidade fragmentária das identidades contemporâneas são costuradas formando a ideia de indivíduo. O quadrado preto é reduzido a mil peças pela máquina, mas continua existindo nos fragmentos que mantêm sua ideia viva”, destaca Salvatore

 

O vídeo “O Fim do Quadrado Preto” traz todo o processo da obra “Quadrado Preto”. O vídeo “Ilhado” registra a ação de lagartas mecânicas “criam um fosso entorno de si mesmas que delimita um território circular que as isola e, impedindo a saída, as aprisiona”, diz o artista. “Se o ser humano não nasce sozinho em um lugar separado dos outros, parece que o seu destino seja o de trabalhar duramente para que este isolamento aconteça. O progresso tecnológico idealizado a partir da época moderna, da revolução industrial e agora da informática, parece proporcionar, ao mesmo tempo que melhorias na qualidade de vida material e da produtividade do ser humano, um aumento da alienação e do isolamento do indivíduo”. Usando terra, farinha e cinzas embutidas em intestino animal na obra “Dal Monacato”, Lucio Salvatore faz uma alusão aos elementos fundamentais do sistema econômico de Monacato, aldeia rural na região italiana do Lácio, praticamente inalterado desde a idade média, e que floresce apesar do processo de “tecnoglobalização dominante”.

 

“Controvalori” é um desdobramento da série de trabalhos realizados por Salvatore sobre o valor da arte, apresentados na exposição “Arte Capital”, realizada em 2016, no Centro Cultural Correios do Rio de Janeiro. Salvatore trabalhou sobre lâminas de ouro usadas como reservas de valor certificadas pelas autoridades, cobrindo suas superfícies e o seu brilho com óleo. Anulando o característico brilho símbolo de riqueza e poder com aplicações monocromáticas minimalistas, Salvatore usou a arte para negar a aparência e ao mesmo tempo criar um lugar onde o olho pudesse encontrar “novas possibilidades metafísicas de contemplação”, conta o artista. Respiro é uma obra sonora que consiste na gravação do som de uma sessão de meditação do artista realizada com máscara de gás.

 

 

Obras interativas 

 

A exposição terá obras interativas, como “Escreva Algo!”, em que o público é convidado a escrever um pensamento sobre uma tira de papel que é enrolada e colocada na obra de arte, que se transforma na memória temporal do pensamento comunitário. Da série “Escreva Algo!”, será apresentada também uma versão em que o visitante poderá escrever frases ou desenhos com caneta indelével preta sobre um quadrado de madeira pintado também de preto, de modo a que a escrita não seja decifrável. “Autoesquemas” propõe que o público crie uma composição geométrica feita de quadrados de papel a serem colados dentro de uma grelha desenhada pelo artista, em uma tipologia de autorretrato neoconcreto.

 

 

Sobre o artista

 

Lucio Salvatore nasceu em 3 de maio de 1975, em Cassino, Itália, e vive e trabalha na cidade italiana de Sant’Elia Fiumerapido e no Rio de Janeiro. Artista conceitual, multidisciplinar, trabalha com fotografia, texto, pintura, escultura, performance e apropriação de processos. Suas obras lidam com os jogos de significados nas obras de arte, metáforas da vida, desde a sua criação e relacionamento com o público até a posse de colecionadores e instituições. Depois de se formar em economia na Universidade Bocconi de Milão, Salvatore estudou filosofia na Università Statale, na mesma cidade. Estudou fotografia em Nova York, para onde viajou seguidamente entre 1998 e 2010. Depois de visitar em 1999 a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, Salvatore ficou ali suas raízes e passou a estudar na instituição. Salvatore tem participado de exposições em três continentes, em particular nas cidades de Roma (Palazzo Pamphilj, Galleria Cortona e Galleria Portinari, 2017), Nova York (Grant Gallery, 2007 e 2009), Berlim (Potsdamer Platz, 2007), Milão (Superstudio, 2008), São Paulo (Museu Brasileiro de Escultura – MuBE, 2011) e Rio de Janeiro (Centro Cultural Correios, 2010, 2014, 2015, 2017), onde seus trabalhos foram vistos por mais de 70 mil pessoas.

 

 

De 09 de dezembro a 25 de fevereiro de 2018.

Diálogos na Carpintaria 

29/nov

Dando continuidade ao programa experimental da Carpintaria, espaço da Fortes D’Aloia & Gabriel, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, a exposição “Opening Night” propõe um diálogo entre três artistas de diferentes gerações cujas práticas orbitam majoritariamente em torno da escultura. A norte-americana Lynda Benglis, a brasileira Erika Verzutti e o inglês Jesse Wine apresentam, em conjunto, quinze obras de suas produções recentes. A “noite de abertura” sugerida no título refere-se livremente ao filme homônimo do diretor norte-americano John Cassavetes de 1977, lançado no Brasil como “Noite de Estreia”. Na trama, uma atriz de meia-idade – vivida por Gena Rowlands – enfrenta uma crise de identidade enquanto ensaia sua nova peça de teatro. A exposição alude ao palco em que se desenrola a história ao apresentar uma única base para dispor todo o conjunto de trabalhos do trio. A plataforma transforma as esculturas em veículos análogos aos atores, ao mesmo em que borra o gap geográfico e geracional dos três artistas para sublinhar suas afinidades. Relacionando-se entre si, os trabalhos de Lynda, Erika e Jesse transmutam-se em poderosas alegorias da condição da escultura na contemporaneidade – munidas, nesta reflexão, de artifícios como a ironia, o experimentalismo na manipulação dos materiais e um vasto léxico de referências, diretas e indiretas, à história da arte.

 

Veterana do trio, a produção de Lynda Benglis, está profundamente enraizada na história da arte norte-americana. Seus trabalhos começam a ganhar notoriedade no fim da década de 60, quando sua obra surge como uma resposta à predominância masculina na prática da fusão entre pintura e escultura, oriunda de movimentos como o Minimalismo e o Process art. Marcadas por uma forte fisicalidade, as esculturas da série “Elephant Necklace” criam relações dinâmicas entre massa e superfície, onde a matéria maleável se torna rígida e vice-versa, em um processo de congelamento do gesto. Também integram a exposição duas obras com bronze e pedra da década de 90, “Man/Landscape” e “Landscape II.”

 

Na produção da paulistana Erika Verzutti o gesto também ocupa uma posição elementar. O seu fazer escultórico revela-se na investigação da natureza de objetos mundanos, dentre frutas, vegetais e materiais próprios da prática artística. Repleto de humor, seu exercício de livre associação dá origem a trabalhos que distanciam-se de uma identificação imediata, frequentemente evocando narrativas pessoais e relacionadas à história da arte. “Mulher Fruta”, por exemplo, alude à idealização do corpo em uma escultura de papier machê e isopor, ao passo que “Dieta ” retrata, em bronze, uma curiosa torre com ovos e bananas.

 

A ênfase no material manifesta-se também na obra de Jesse Wine. O jovem artista elege a cerâmica como material predominante e através de técnicas tradicionais desafia noções de composição, forma e narrativa. Trabalhos como “Modern Emotion” e “So Human” , ambos de 2017, fazem alusão crítica à representação do corpo na escultura moderna, enquanto “Santa Fe” e outros da mesma série trazem arranjos que flertam com a paisagem.

 

 

De 28 de novembro a 27 de janeiro de 2018.

Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema

24/nov

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, abre no próximo dia 28 de novembro, às 19h, a exposição “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, marcando a inauguração de sua nova sede em prédio com projeto arquitetônico de Miguel Pinto Guimarães. Dirigida por Luiz Sève e sua filha Luciana Sève, a Galeria de Arte Ipanema passará a ocupar o andar térreo e metade do primeiro andar da construção com quatro andares e dois subsolos, que abriga ainda três unidades destinadas a escritórios empresariais. Ao longo do período de exposição será lançado o livro “Raro Percurso – 52 anos da Galeria de Arte Ipanema”, pela Barléu, com texto do crítico Paulo Sergio Duarte, capa dura, formato de 21cm x 25cm, e 100 páginas. “Espero que um jovem que começa sua coleção, um jovem artista ou, mesmo, crítico possam ter uma ideia, embora tênue, do contexto em que nasce a Galeria de Arte Ipanema”, escreve Paulo Sergio Duarte. Para ele, o percurso de Luiz de Paula Sève no mercado de arte e de sua galeria é “coisa raríssima, para não dizer única no Brasil”.

 

Com atividades ininterruptas, a Galeria de Arte Ipanema volta assim ao seu tradicional endereço no número 27 da Aníbal de Mendonça, onde se instalou em 1972, e mostra nesta exposição inaugural de seu novo espaço sua íntima relação com a história da arte, e a força de seu acervo. Serão exibidas cerca de 60 obras de mais de 50 artistas de várias gerações e diferentes pesquisas, expoentes da Arte Contemporânea e do Modernismo, entre eles grandes mestres da Arte Cinética, do Concretismo e do Neoconcretismo. Junto a pesos-pesados da arte, a exposição também reunirá pinturas de artistas mais jovens, como a norte-americana Sarah Morris, conhecida por suas pinturas geométricas de cores vibrantes, inspiradas principalmente na arquitetura das grandes metrópoles – e os paulistanos Henrique Oliveira e Mariana Palma.

 

Em uma verdadeira festa para o olhar, a exposição se inicia com seis pinturas cinéticas da série “Physichromie” de Cruz-Diez – artista representado pela galeria -, que oferecem três diferentes conjuntos de cores de acordo com a posição do espectador: de frente, caminhando da esquerda para a direita, ou no sentido contrário. Esses trabalhos se juntam a outros grandes nomes da arte cinética, como um óleo sobre tela da década de 1970 e um móbile dos anos 1960 de Julio Le Parc; uma versão em formato de 55 cm da espetacular “Sphère Lutétia” , uma das três obras de Jesús Soto na mostra; uma pintura de mais de 1,60m da série “W” de Abraham Palatnik , entre trabalhos de outros cinéticos, como o relevo de quase três metros de largura de Luis Tomasello.

 

 

Construtivismo e Neoconcretismo

 

De Sérgio Camargo estarão três significativos relevos em madeira pintada, e um deles, “Relief 13-83”, participou da Bienal de Veneza em 1966, onde o artista tinha uma sala especial com 22 obras. De Waltercio Caldas, integrará a mostra a escultura “Fuga”, esmalte sobre aço inox e lã. Um núcleo da exposição é composto por uma gravura de Richard Serra, pela obra “Maquete para interior”, de Lygia Clark, uma escultura em aço pintado de Franz Weissmann, uma escultura e uma pintura de Amilcar de Castro, duas pinturas de Aluísio Carvão e dois trabalhos de Ivan Serpa. A “Pintura nº 355”, do argentino Juan Melé , também integrará a mostra.

 

 

Mais pinturas – Abstracionismo, Expressionismo, Nova Figuração

 

Quatro pinturas de Alfredo Volpi – uma dos anos 1960 e três da década seguinte – também estarão na exposição, bem como conjuntos das famosas séries “Ripa” e “Bambu”, dos anos 1970, de Ione Saldanha, em têmpera sobre madeira. “52 anos – Um raro percurso” mostrará óleos sobre tela dos anos 1960 e 1950 de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, dois artistas que participaram da exposição inaugural da Galeria Ipanema, em 1965. Arcangelo Ianelli, Abelardo Zaluar e Paulo Pasta também terão obras na mostra. A exposição apresentará pinturas de Iberê Camargo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Jorge Guinle e Beatriz Milhazes. Raymundo Colares, artista que fez sua primeira individual na Galeria de Arte Ipanema, estará representado pela pintura “Midnaite Rambler”, em tinta automotiva sobre madeira. Wesley Duke Lee terá na exposição três pinturas em nanquim, guache e xerox sobre papel: “Nike descansa ”, “O Alce (Sapato com fita amarrando), e “Os mascarados”. “Tô Fora SP”, de Rubens Gerchmann, e duas pinturas de Wanda Pimentel, das décadas de 1970 e 90, se somam a quatro obras de Paulo Roberto Leal, artista que também teve sua primeira individual realizada pela Galeria Ipanema. Outros grandes nomes da arte contemporânea que integrarão a mostra são Frans Krajcberg, Cildo Meireles, Nelson Félix, Antonio Manuel e Vik Muniz.

 

 

Modernismo

 

Luiz Sève teve um contato privilegiado com grandes artistas, entre eles sem dúvida está Di Cavalcanti, de quem serão exibidas três óleos sobre tela. Outros grandes nomes do modernismo que estarão na exposição são Portinari, com a pintura “Favela”, Djanira, com “Sala de Leitura”, e Pancetti , com “Farol de Itapoan”.

 

 

Breve história de um raro percurso

 

A história da Galeria Ipanema se mistura à da arte moderna e sua passagem para a arte contemporânea, e seu precioso acervo é fruto de seu conhecimento privilegiado de grandes nomes que marcaram sua trajetória. Fundada por Luiz Sève, a mais longeva galeria brasileira iniciou sua bem-sucedida trajetória em novembro de 1965, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, com a exposição de Tomie Ohtake e Manabu Mabe, entre outros. Até chegar à casa da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, em 1972, passou por outros endereços, como o Hotel Leme Palace e a Rua Farme de Amoedo.

 

 

Presença em São Paulo

 

De 1967 a 2002, Frederico Sève – irmão de Luiz – foi sócio da Galeria Ipanema, onde idealizou e dirigiu de 1972 a 1989 uma expansão em São Paulo, inicialmente na Rua Oscar Freire, em uma casa construída e especialmente projetada pelo arquiteto Ruy Ohtake. A Galeria Ipanema foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, e representou, entre outros, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti , realizando as primeiras exposições de Paulo Roberto Leal e Raymundo Colares. Nascido em uma família amante da arte, Luiz Sève aos 24 anos, cursando o último ano de engenharia na PUC, decidiu em 1965 se associar à tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro na criação de uma galeria de arte. Na família amante de arte, outro tio, o pneumologista Aloysio de Paula, médico de Pancetti, havia sido diretor do MAM. Luiz Sève destaca que é na galeria que encontra sua “fonte de prazer”. Uma característica de sua atuação no espaço de arte é “jamais ter discriminado ou julgado qualquer pessoa pela aparência”. “Há o componente sorte também”, ele ressalta, dizendo que já teve acesso a obras preciosas por puro acaso. A Galeria Ipanema mantém em sua clientela colecionadores no Brasil e no exterior, e já atendeu, entre muitas outras, personalidades como o mecenas da arte David Rockefeller, Robert McNamara – Secretário de Defesa do Governo Kennedy -, e o escritor Gabriel Garcia Marquez.

 

 

Até 23 de dezembro.

Charles Watson, curso no MAM-SP

16/nov

Pesquisas das últimas décadas tem modificado expressivamente o que entendemos como criatividade e inovação, e sugerem que talento (a habilidade inata para uma atividade), se é que existe, não é um fator significante na construção de uma vida de contribuições criativas. Ao contrário do que o senso comum afirma, criatividade não é uma qualidade livre e autônoma, pois não pode ser dissociada do investimento vertical em uma atividade ou linguagem específica. Pessoas são potencialmente criativas, mas para desenvolverem conhecimento tácito são necessários fatores como uma relação passional com o assunto, intensa curiosidade, persistência e a coragem necessária para identificar e enfrentar as dificuldades que sempre vão surgir ao longo de um processo. No mundo real, não é a inspiração que produz o trabalho, é o trabalho o que produz inspiração. Ter uma ideia na cabeça não é o suficiente, é preciso concretizá-la: “Poesia não é feita de ideias, é feita de palavras”, diz Mallarmé a Degas.

 

 

Metodogia

 

Investigando fatores culturais, históricos, psicológicos e neurocientíficos, os encontros mostram como novas tecnologias de pesquisa nestas áreas estão esclarecendo os mecanismos envolvidos em processos de inovação e pensamento criativo. Amplamente ilustrado com textos, imagens e entrevistas, o workshop traça a relação entre altos níveis de motivação e desempenho criativo otimizado. O “MasterClass Sol na Barriga” consiste em 5 palestras escolhidas a partir de um repertório de 14 temas disponíveis neste módulo – esta escolha será efetuada de acordo com as particularidades da composição do grupo.

 

 

Temas

  1. Criatividade Definição: convergent / divergent, tolerância a ambiguidade, sim e não
  2. Criatividade e Limites: o campo semântico / necessidade da restrição no sistema
  3. O Mentor: Os Ombros de Gigantes
  4. Paixão, Motivação Intrínseca: O Sol na Barriga
  5. Talento/Trabalho Intenso
  6. A Regra de 10: 10anos / 10.000 horas
  7. Um Leão Por Dia: Prática Deliberada
  8. Processo Puro: O melhor lugar no mundo / Síndrome do segundo produto
  9. Curiosidade: Mistério e Espanto
  10. Persistência: Penso, logo desisto
  11. A Plateia: Um mal necessário?
  12. Abdicação do “Eu”: Flow
  13. A Crack In Everything: a engenharia do erro / risco, erro, medo de errar
  14. Dinheiro, Sucesso, Ética Criativa: Sucesso como fracasso

 

 

Dia 24 de novembro das 19h às 22h30 / Dias 25 e 26 de novembro das 14h às 18h

Carga horária: 12 horas divididas em 3 dias intensos

Público: publicitários, designers, artistas, estudantes, professores e demais interessados no processo criativo.

Investimento: 5 parcelas de R$ 130,00.

 

 

Sobre Charles Watson

 

Charles Watson é educador e palestrante, especializado no Processo Criativo / Problem Solving e Desempenho Otimizado. Formado em Arte e Literatura pela Bath Academy / Bath University na Inglaterra, leciona na Escola de Artes Visuais do Parque Lage desde 1982. Suas numerosas conversas e entrevistas filmadas com criadores dentro e fora do Brasil deram início a uma extensa pesquisa sobre o processo criativo que hoje abrange várias disciplinas – ciência, negócios, literatura, música, filosofia e arte – focando nas similaridades encontradas na formulação de conceitos inovadores. Realiza palestras em empresas desde a década de 80, quando foi convidado a expor suas ideias para empresas como Coca-Cola, Shell, Deloitte Touche Tohmatsu e Arthur Andersen entre outras. Além dessas atividades acadêmicas e educacionais, Charles é um entusiasmado construtor de veleiros. A abrangência de suas experiências tem resultado em palestras únicas, provocativas e às vezes desconcertantes, abordando temas aparentemente tão distintos quanto sistemas complexos, física, música, arte contemporânea e esportes radicais, sempre com uma pitada de humor britânico.

 

Informação e inscrição cursos@mam.org.br ou 5085-1314 / Sócios do MAM têm 20% de desconto.