Brennand por Emanoel Araújo

07/jun

A exposição “Francisco Brennand – Senhor da Várzea, da Argila e do Fogo”, no Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, com curadoria de Emanoel Araújo, nas palavras de Sérgio Rial, presidente da entidade,  servirá de “…motivo de dupla comemoração para o Santander por reunir e trazer para Porto Alegre dois nomes consagrados nos meios cultural e artístico brasileiro. O olhar apurado do curador evidencia a grandiosidade das obras do artista pernambucano e enfrenta com maestria o desafio de colocar um trabalho tão cheio de significados e mitologia, em um espaço com arquitetura eclética e rico em detalhes como o Santander Cultural. Os visitantes poderão viver por alguns momentos o universo mágico criado por Francisco Brennand, a partir de 1971, data em que transforma em ateliê as antigas ruínas da abandonada Cerâmica São João, de propriedade do seu pai. Num terreno de 14 mil metros quadrados, duas mil esculturas se espalham por jardins, pátios e lagos deixando o lugar “prenhe de uma atmosfera profana e ao mesmo tempo quase sagrada”, na sensível visão de Emanoel Araujo. Pela busca de recriar, ou pelo menos se aproximar, desse ambiente tão rico de sentimentos, histórias e mistérios, a exposição foi dividida em quatro vertentes: o teatro das representações mitológicas; o corpo em transmutação interior; os frutos da terra e as vítimas históricas”. Em exibição, esculturas, pinturas e vídeos distribuídos pelas galerias do Santander Cultural. Paralela à mostra, serão apresentados na sala de cinema quatro filmes com o artista como tema central.

 

 

De 07 de junho a 04 de setembro.

Obras de Oswaldo Goeldi

30/mai

A galeria Bergamin & Gomide, Jardins, São Paulo, SP, apresenta a exposição “O Universo de Oswaldo Goeldi”. A obra de Oswaldo Goeldi impressiona pela amplitude e profundidade das questões que apresenta. Homens que vagam pelas superfícies negras da cena urbana, pescadores que trabalham em condições extremas, o mar como cenário frequente, personagens desconhecidos que no fundo não conseguem ocultar um sentimento de mistério e solidão.

 

Serão expostos 35 trabalhos do artista que virou referência mundial no campo da gravura. Ao invés de apresentar a sua obra de forma cronológica, temática ou formalista, o grupo de obras na exposição obedece uma sequência de associações que acontecem de forma fluída e subjetiva. Entre as obras selecionadas (xilogravuras, desenhos e aquarelas) estão aquelas com as temáticas mais marcantes de seu trabalho: a solidão, a vida cotidiana dos pescadores e dos homens urbanos.

 

Nas palavras do próprio artista “os fenômenos da natureza me empolgam – trovoadas, ventanias, nuvens pesadas, céu e mar, sol e chuva torrencial e noites cheias de mistério, pássaros e bichos. Os dramas da alma humana me consomem. Sinto-me bem com os simples e às vezes me confundo com eles.”

 

 

Sobre o artista

 

Gravador, desenhista, ilustrador e professor, Goeldi nasceu no Rio de Janeiro, em 1895, onde faleceu em 1961. Expôs na 25ª Bienal de Veneza em 1950 e ganhou o Prêmio de Gravura da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1951. Sua obra já participou de mais de uma centena de exposições póstumas no Brasil, Argentina, França, Portugal, Suíça e Espanha. Hoje, Goeldi é venerado no meio artístico e suas obras são matérias de referência no campo da gravura no mundo todo. Foi no ano de 1923, que iniciou experimentos com xilogravura com o intuito de “impor uma disciplina às divagações a que o desenho o levava”. Em depoimento ao crítico e poeta Ferreira Gullar conta ter sentido “a necessidade de dar controle a estas divagações”. Goeldi é considerado pelos experts como o Pai da Gravura Nacional.

 

 

De 02 de junho a 02 de julho.

Gilberto Freire, forma e cor

11/mai

Uma paixão quase oculta do mestre Gilberto Freyre, sua relação com as artes visuais, pode ser vista na exposição “Gilberto Freyre: vida, forma e cor” que depois de ser exibida no Recife, chega a Caixa Cultrural São Paulo, Centro, São Paulo, SP. Proposta pela Fundação Gilberto Freyre, não tem o objetivo de atribuir ao autor o título de artista, e sim mostrar a associação entre arte e ciência em sua reflexão, uma dimensão pioneira de sua obra, que o escritor, morto em 1987, demonstra já no prefácio da primeira edição do livro Casa Grande e Senzala, em 1933. Para Freyre a sensibilidade era tão importante quanto a razão na análise da vida social brasileira.

 

“Mais do que dizer se Freyre era ou não artista – questão secundária inclusive para ele próprio, que se definia como escritor – o que queremos mostrar é como esse pioneirismo de Freyre de misturar arte e ciência – já identificado em seus textos, que são considerados excessivamente literários por alguns cientistas sociais –foi uma característica duradoura e que se espraiou por toda a sua produção, atingindo o ápice na sua parceria com alguns artistas que ilustraram seu livros”, esclarece Clarissa Diniz, que assina a curadoria da mostra, com Fernanda Arêas Peixoto, Jamille Barbosa e Leonardo Borges.

 

A exposição está dividida em quatro módulos: “Mundo de imagens” exibe documentos que ilustram sua relação ordinária, familiar e corriqueira com a imagem, como caricaturas, cadernos de desenhos para os netos, cartas ilustradas e cartões de natal que Freyre fazia com os filhos para o natal da família. Na sequência, “Escritor de formas e cores” procura explorar os sentidos da frase “eu pinto escrevendo e acho que um pouco escrevo pintando”, ao exibir telas e desenhos, além de excertos de textos que tratam de alguns dos principais temas de Freyre, como a cidade e arquitetura, a chamada cultura popular e as relações étnicas-raciais.

 

Em “Contaminações criativas”, por sua vez, é possível observar como a relação de Freyre com os artistas que ilustraram seus livros foi mais do que “serviços prestados”, constituindo antes diálogos profícuos entre formas sensíveis e modos de pensar questões às quais ele e seus parceiros-artistas estiveram dedicados. Neste espaço da mostra, o painel de Cicero Dias para a abertura de Casa Grande e Senzala é tomado como um estudo de caso, sendo exibidas as cartas trocadas entre ambos e o desenho de Freyre que orienta Cícero Dias na feitura da obra. Por fim, em “Ecos” são reunidas reflexões de Gilberto Freyre sobre a arte brasileira, assim como registros dos encontros de seu pensamento com as artes visuais brasileiras de modo mais amplo. Neste núcleo estão contemplados também outros artistas, como Telles Júnior e os irmãos Rego Monteiro que foram objetos da reflexão de Freyre no campo da arte, e não apenas parceiros na elaboração dos livros, como indicado no núcleo anterior.

 

“É importante destacar que não temos a pretensão de esgotar o assunto. Pensador versátil e multifacetado como foi Gilberto Freyre, com um conhecimento vasto e amplo, é lógico que a sua relação com as artes visuais não se encerra nessa mostra. Queremos apenas descortinar esse novo horizonte de análise do pensamento freyreano que, esperamos, repercuta tanto entre os estudiosos de sua obra quanto entre os que tomam contato com ela pela primeira vez”, diz Fernanda Arêas Peixoto, curadora da mostra.

 

 

 

Fundação Gilberto Freyre

 

Gilberto Freyre e sua família resolveram instituir, na Vivenda Santo Antonio de Apipucos, uma Fundação que não apenas reunisse o seu patrimônio cultural, seus bens e acervos, mas que também pudesse estimular a continuidade dos seus estudos e de suas ideias. A Casa de Gilberto Freyre, transformada em Fundação no dia 11 de março de 1987, cumpre, assim, o seu objetivo: contribuir para o desenvolvimento político-social, científico-tecnológico e cultural da sociedade brasileira tendo como referencial a obra freyriana. Visa manter reunido, preservado e à disposição do público o acervo pessoal e intelectual de Gilberto Freyre.

 

 

 

Debates

 

Dia 04 de junho, às 15h. – “Gilberto Freyre, conhecimento entre ciência, arte e arquitetura”, com Fernanda Arêas Peixoto (professora de Antropologia da USP) e José T. Correia de Lira (professor da Faculdade de Arquitetura da USP)

 

Dia 25 de junho, às 15h. – “Gilberto Freyre e as artes visuais”, com Clarissa Diniz (crítica de arte e curadora do Museu de Arte do Rio –MAR) e com o artista Jonathas de Andrade.

 

A mostra acontece de 21 de maio a 10 de julho de 2016 e conta com o patrocínio da Caixa Econômica Federal.

O triunfo da cor

10/mai

A exposição denomina-se “O triunfo da cor”, abordando o pós-impressionismo: obras-primas do Musée d’Orsay e do Musée de l’Orangerie, em cartaz no CCBB, Centro, São Paulo. A mostra é uma realização em parceria com Musée d’Orsay e a Fundación Mapfre, a mostra conta com apoio do MinC, por meio da lei de incentivo à Cultura, e patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, BB DTVM e Banco do Brasil.

 
A exposição ocupa o térreo, subsolo, 1º, 2º, 3º e 4º andares do CCBB e apresenta 75 obras de 32 artistas que, a partir do fim do século XIX, buscaram novos caminhos para a pintura. O grupo formado por ícones do movimento impressionista, como Van Gogh, Gauguin, Toulouse-Lautrec, Cézanne, Seurat, Matisse, recebeu do crítico inglês Roger Fry a designação de pós-impressionista, por promoverem uma nova linguagem estética, baseada no uso intenso da cor, mostrando os caminhos de uma geração de artistas que ficou conhecida como pós-impressionistas, aqueles que promoveram uma revolução estética pelo uso da cor.

 
A exposição está dividida em quatro módulos: “A cor científica”, com uma seleção de obras inspiradas nos estudos de Michel Eugene Chevreul, cuja técnica consistia em aplicar na tela pontos justapostos de cores primárias e que se tornou muito conhecida nas mãos de Van Gogh.

 
O segundo módulo, “No núcleo misterioso do pensamento. Gauguin e a escola de Pont-Aven”, inclui obras de Paul Gauguin e Émile Bernard a partir de uma pintura sintética, com cores simbólicas e a presença de desenhos nos contornos e silhuetas, refletindo um mundo interior e poético.

 
No módulo 3, “Os Nabis, profetas de uma nova arte”, o tema é a ideologia de um grupo de artistas que defendiam a origem espiritual da arte, utilizando a cor como um elemento transmissor dos estados de espírito.

 
Já o quarto e último módulo, chamado “A cor em liberdade”, apresenta obras de artistas do final do século XIX e início do século XX, com inspirações que vão da Provence à natureza tropical. A curadoria é de Guy Cogeval, presidente do Musée d’Orsay, Pablo JimenézBurillo, diretor cultural da Fundación MAPFRE, e Isabelle Cahn, curadora do Musée d’Orsay. As obras expostas oferecem ao público a oportunidade de conhecer alguns ícones de um importante momento da história da arte e de poder ver de perto algumas das obras mais emblemáticas dos últimos tempos.

 
“O triunfo da cor” é mais uma exposição histórica sobre arte moderna, e que ficará em cartaz no CCBB de São Paulo até 07 de julho, e depois irá para o CCBB RJ, podendo ser visitada de 20 de julho até 17 de outubro.

Burle Marx em NY

05/mai

Na sexta-feira (6), o arquiteto-paisagista Roberto Burle Marx (1909-1984) ganha uma retrospectiva em Nova York. Até 18 de setembro, o Jewish Museum (Museu Judaico), com sede no Upper East Side, em Manhattan, exibe quadros, maquetes de jardins, tapeçaria, vitrais, vasos, azulejos, capas de livros, colares e ilustrações do artista. Trata-se de uma produção tão prolífica – e de formas e estilos artísticos tão diversos – que Claudia J. Nahson, co-curadora da exposição, na tarde de segunda (2), um dia antes da exposição ser apresentada à imprensa, recebia telefonemas de colecionadores. “A última ligação foi de uma pessoa que tinha uma jóia desenhada por Burle Marx e queria saber se podíamos inclui-la na mostra”, explicou a curadora, que declinou a oferta. “Tem sido assim, pessoas nos oferecendo os mais variados tipos de trabalhos de Burle Marx”, completa Jens Hoffmann, o outro curador da exposição.

 

Com 200 trabalhos de Burle Marx e três anos de preparativos, a mostra “Roberto Burle Marx: Brazilian Modernist” (modernista brasileiro) do Jewish Museum detem agora o crédito de ser a primeira grande retrospectiva do artista nos Estados Unidos, com direito a um livro-catálogo (US$ 50), escrito e editado pela dupla de curadores e que põe em perspectiva para o público internacional o trabalho de Burle Marx, além de apresentar alguns de seus seguidores. A mesma exposição, patrocinada pelo Deutsche Bank, segue em julho de 2017 para Berlim. Em novembro de 2017 (e até março de 2018), ela será apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio.

 

Embora Burle Marx tenha criado e supervisionado mais de 2 mil projetos de paisagismo internacionais, outras facetas da versatilidade artística dele ainda continuam totalmente desconhecidas nos Estados Unidos, sendo raramente discutidas na mídia. “Ainda tendemos a ser míopes em se tratando da arte moderna que vem de fora”, explica Hoffmann. “Mas existe atualmente uma maior seriedade em explorar o modernismo fora da América do Norte ou da Europa, sem aquela ênfase total no fetichismo e exotismo pelo quais o movimento costuma ser visto”. Nos últimos meses, o Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, confirmou essa tendência, organizando duas exposições que “linkavam” também o trabalho de Burle Marx: “Lygia Clark: The Abandonment of Art, 1948–1988″ (organizada em 2014) e “Latin America in Construction: Architecture 1955–1980″ (exibida no ano passado).

 

A curadora Claudia descreve os diversos estilos de Burle Marx como “um planeta dentro de si próprio”. Exemplos desses mundos do paisagista estão por todos os lados do museu. São fotos do calçadão da praia de Copacabana; desenhos do Arco da Lapa; um auto-retrato, retratos do pai (o judeu alemão Wilhelm Marx) e da mãe (a católica Cecília) e telas inspiradas por Henri Matisse, Cândido Portinari e pelo movimento Cubista.

 

Também expostas estão maquetes para o Ministério da Saúde e Justiça, do Rio de Janeiro, desenhos com a perspectiva do Parque do Flamengo, do jardim suspenso da sede do Banco Safra, em São Paulo, do Parque Del Este, em Caracas, e o design de um mural que Burle Marx criou para o lobby do prédio (projeto do arquiteto austro-americano Richard Neutra) Amalgamated Clothing Workers of America, em Los Angeles. Boa parte dos itens expostos na retrospectiva vieram do sítio do artista em Guaratiba, no Rio.

 

A maior obra da exposição ocupa toda a grande parede do amplo salão do Jewish Museum. Trata-se de um item de tapeçaria em lã, de 26,38 m de largura por 3,27m de altura, comissionado pela prefeitura da cidade de Santo André. Permanentemente exposta no Salão Nobre do Paço andreense, na região do ABC Paulista, a obra agora está fazendo sua segunda viagem internacional (a primeira foi para Paris) desde sua criação em 1969. “Trata-se de uma de minhas peças favoritas. Não somente pelo tamanho colossal, mas pela concentração harmoniosa de estilos de Burle Marx, como o design, pintura e arquitetura”, diz Hoffmann.

 

Os diversos estágios do mais importante projeto de Burle Marx nos Estados Unidos, o calçadão e jardins do Biscayne Boulevard, em Miami Beach, estão documentados na exposição. Há também curiosidades como os projetos não executados do jardim da Organização dos Estados Americanos, na capital americana de Washington D.C., em parceria com o paisagista nascido na Itália e criado na Suíça e Brasil Conrad Hamerman.

 

A homenagem à religião do pai ganha destaque na exposição, com itens nunca antes exibidos. Uma maquete de quatro pilares da sinagoga Congregação Judaica do Brasil, no Rio, foi o derradeiro projeto do artista, em 1994. O Jewish Museum apresenta os desenhos de oito vitrais (não executados) da sinagoga Beit Yaakov, no Guarujá, 1985, e os esboços do projeto para o “Jardim da Árvore da Vida”, inspirado nos ensinamentos da Cabala, que seria construído em Jerusalém.

 

Jens Hoffman credita sua introdução ao “riquíssimo universo de Burle Marx” à artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster, em 1999, época em que trabalharam juntos em uma exposição apresentada em Barcelona. Quando os curadores do Jewish Museum bateram o martelo a respeito da retrospectiva de Burle Marx e começaram a fazer visitas ao Brasil, se depararam com a influência do paisagista na obra de artistas contemporâneos e de diversas mídias. A exposição analisa sete deles, incluindo a francesa Dominique.

 

São eles: o pintor venezuelano baseado em Lisboa Juan Araujo, a escultura paulista Paloma Bosquê, a fotógrafa italiana Luisa Lambri, o artista nova-iorquino Nick Mauss, o músico americano Arto Lindsay (que criou três composições musicais especialmente para a exposição) e a artista carioca Beatriz Milhazes, esta última com a instalação “Gamboa”, série de cinco esculturas suspensas e comissionadas para o lobby do museu, apresentada concomitantemente com a exposição do paisagista até 18 de setembro. “O mais importante legado deixado por Burle Marx foi o que ele fez para proteger a natureza com seus designs e arte, e que seres humanos podem comunicar-se com a natureza sem destruí-la”, diz Milhazes em entrevista para o livro da exposição. Texto e fotos por Marcelo Bernardes/Fonte: baixomanhattan.blogfolha.uol.com.br

Verger/Guarnieri no Rio

25/abr

Em parceria com a Fundação Pierre Verger de Salvador, BA, a Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a exposição “Pierre Verger” na inauguração de seu espaço expositivo em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. O local inaugurado exibirá obras produzidas durante toda a trajetória do fotógrafo e etnografista franco-brasileiro. Grande parte do trabalho que ele desenvolveu era dedicado à pesquisa e aos registros ligados às religiões de matriz africana.

 

Verger começou a fotografar e viajar pelo mundo em 1932, aos 30 anos de idade. Durante os 14 primeiros anos de sua carreira como fotógrafo, suas imagens foram publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época. Em 1946, quando chegou à Bahia, converteu-se ao Candomblé, tornou-se o babalaô Pierre “Fatumbi” Verger e, embora levasse um estilo de vida nômade, Salvador passou a ser sua residência fixa. Hoje, a casa onde vivia abriga fundação homônima dedicada à sua obra, às pesquisas e ao intercâmbio cultural entre Brasil e África.

 

Em 2015, a Galeria Marcelo Guarnieri promoveu duas mostras de Verger em suas unidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Para a mostra do Rio, a galeria apresentará um novo recorte dividido em 3 blocos. Um deles é dedicado apenas aos registros com foco em apetrechos musicais clicados em países da América Latina e África – essas imagens foram exibidas no MAM-Bahia em 1992 e mostram tambores, instrumentos de sopro e cordas usados em rituais e celebrações.

 

O outro conjunto apresenta uma série de imagens selecionadas pelos editores da Revue Noire – Jean Loup Pivin e Pascal Martin Saint Léon – e pelo próprio fotógrafo, a partir de 300 negativos que foram expostos ou transformados em cópias de altíssima qualidade e, posteriormente, nos fotolitos do livro “Le Messager”. Apresentada no ano de 1993, pela Revue Noire, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie, na França e na Suiça, “Pierre Verger, – O Mensageiro” destacou a importância da arte e da cultura africana para o ocidente, com mostras que colocaram, novamente, o público europeu em contato com o trabalho do fotógrafo. Verger esteve presente na abertura desta exposição em Paris, e a Revue Noire conseguiu que ele assinasse uma certa quantidade de cópias. Não era uma prática comum na trajetória de Verger, que privilegiava os negativos, por representarem as suas memórias.

 

Por fim, o último bloco da exposição carioca apresenta um grupo vintage de fotos raras ampliadas pelo próprio Verger em diferentes períodos de sua carreira – a partir dos anos 30. Entre elas, se destaca uma vista panorâmica de Pequim, cenas urbanas de Nova York, Mali e França. Importante ressaltar que essas imagens reunidas pela galeria foram ampliadas manualmente em sais de prata e apresentam a assinatura de Verger ou o carimbo de identificação.

 

Além de abrir esta exposição inaugural, a Galeria Marcelo Guarnieri chega ao Rio de Janeiro representando artistas como: Gabriela Machado, Luiz Paulo Baravelli, Masao Yamamoto e Mario Cravo Neto.

 

 

A palavra de Verger

 

“Nós concordamos em definir fotografia nos seguintes termos: a fotografia permite ver o que não tivemos tempo de ver, porque ela fixa. E mais, ela memoriza, ela é memória. O milagre é que essa emoção sentida diante de uma fotografia muda, testemunha de um fato fixado por um instantâneo, possa ser sentida espontaneamente por outros, revelando um fundo comum de sensibilidade, frequentemente reprimida, mas reveladora de sentimentos profundos, constantemente ignorados.” (Pierre “Fatumbi” Verger, na ocasião da exposição Pierre Verger, Le Messager, realizada pela Reuve Noire, em Paris e na Suíça. Abril de 1993.)

 

De 30 de abril a 11 de junho.

Galeria Ipanema: 50 anos

15/abr

A Galeria de Arte Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, dá continuidade à celebração de seus 50 anos de atividades com a exposição “50 anos de arte”, com cerca de quarenta trabalhos de artistas emblemáticos do espaço de arte aberto em 1965, como Portinari, Raymundo Colares, Milton Dacosta, Djanira, Iberê Camargo, Guignard, Volpi, Bandeira, Beatriz Milhazes, Cruz-Diez, Di Cavalcanti, Krajcberg, Weissmann, Ione Saldanha, Jesus Soto, Pancetti, Luis Tomasello, Lygia Clark, Lygia Pape, Mabe, Maria Leontina, e Sergio Camargo.

 

Grande parte das obras não é vista pelo público há muitos anos, pertencentes a coleções privadas e sem participar de exposições. Há várias raridades, como o óleo sobre tela “Paisagem de Brodowski”, de 1940, de Portinari, que passou a integrar nos anos 1980 a Coleção Gilberto Chateaubriand pelas mãos da galeria. Esta tela havia pertencido inicialmente a Assis Chateaubriand, que a mantinha na sala de jantar de sua casa na Avenida Atlântica, em Copacabana, e estava em posse de outro colecionador. Sergio Camargo está representado com duas obras de parede: “Relief 13-83”, de 1965, que esteve na Bienal de Veneza de 1966, e “Untitled (Nº 462)”, de 1978, de 2m de comprimento, a maior de uma série que só tem outras duas no mundo, ambas em coleções nos EUA.

 

Ao longo de seus 50 anos de história, a Galeria Ipanema teve um contato privilegiado com grandes artistas modernos e com a nova geração emergente. Realizou as primeiras exposições individuais de Raymundo Colares, em 1969, e de Paulo Roberto Leal, em 1971, ainda no Hotel Copacabana Palace, espaço que ocupou desde sua inauguração em 1965, até 1973. A colaboração com diversas coleções privadas, sempre trabalhando com grandes nomes da arte, é outra característica da Galeria Ipanema.

 

Quando foi inaugurada, em um espaço do Hotel Copacabana Palace, em 1965, a Galeria Ipanema – então “Galeria Copacabana Palace” – viu surgir suas companheiras de atividade na época: a Petite Galerie, de Franco Terranova, a Bonino, de Alfredo e Giovanna Bonino, e a Relevo, de Jean Boghici. Luiz Sève, sócio-fundador que está à frente da Galeria Ipanema até hoje, teve contato com todos os artistas trabalhados pela galeria, apenas Portinari (1903-1962) e Guignard (1896-1962) já haviam falecido antes de sua inauguração. A galeria foi uma das precursoras a dar visibilidade ao modernismo, representando por muitos anos, com uma estreita relação, os artistas Volpi e Di Cavalcanti. O venezuelano Cruz-Diez é representado pela galeria, que mantém um precioso acervo, fruto de seu conhecimento de grandes nomes como Hélio Oiticica, Ivan Serpa, Lygia Clark, Sérgio Camargo, Jesús Soto, Mira Schendel, Guignard, Pancetti, Portinari, Di Cavalcanti, Cícero Dias, Iberê Camargo, Tomie Ohtake, Lygia Pape, Amelia Toledo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Dionísio del Santo, Antônio Bandeira, Heitor dos Prazeres, Vasarely, Rubens Gerchmann, Nelson Leirner, Waltercio Caldas, Franz Weissmann, Ângelo de Aquino, Geraldo de Barros,  Heitor dos Prazeres, Joaquim Tenreiro e Frans Krajcberg.

 

A exposição “50 anos de arte” reunirá obras pertencentes a coleções particulares e de seu próprio acervo, que dão um panorama da abrangência da atuação da galeria.

 

 

Breve histórico

 

Fundada por Luiz Sève, aos 24 anos, que cursava o último ano de engenharia na PUC, e sua tia Maria Luiza (Marilu) de Paula Ribeiro, a Galeria de Arte Ipanema teve como terceiro sócio Luiz Eduardo Guinle, e se instalou em 1965 em um dos salões do Copacabana Palace, passando depois para o térreo do Hotel, na Avenida Atlântica, onde permaneceu até 1973. Em 1968, Frederico Sève, irmão mais moço de Luiz Sève, entrou na sociedade no lugar de Luiz Eduardo Guinle. Com direção de Frederico Sève, a Galeria de Arte Ipanema manteve também um espaço em São Paulo, entre 1972 e 1989, na Rua Oscar Freire, em uma casa projetada por Ruy Ohtake especialmente para este fim, e depois na Rua da Consolação. Frederico permaneceu na sociedade até 2002.

 

Atualmente, Luiz Sève dirige a galeria ao lado de sua filha Luciana, no número 173 da Rua Aníbal de Mendonça, em Ipanema, até finalizar a construção do espaço que tem projeto arquitetônico assinado por Miguel Pinto Guimarães, previsto para 2017.

 

 

De 19 de abril a 19 de maio.

Acontece no Paraná

12/abr

Encontra-se em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Paraná  -MAC-PR-, a mostra “A cor no espaço, o espaço na cor”, com obras de 62 artistas, e “Alumbramento”, do artista Luis Lopes, com cerca de 20 pinturas.

 

Com curadoria de Ronald Simon, a exposição “A cor no espaço, o espaço na cor” tem origem em um segmento de obras do acervo na qual a cor e o espaço conduzem a organização das obras, sua composição, sem levar em conta a dicotomia figuração/abstração. Mesmo não se atendo à história da arte contemporânea, a exposição registra passagens importantes de alguns movimentos da arte como a pop-art brasileira, o abstracionismo geométrico, o expressionismo abstrato, etc. Entre os artistas em exposição estão: Alfredo Volpi, Amilcar de Castro, Andréia Las, Bia Wouk, Cristina Mendes, Domicio Pedroso, Fernando Bini, Fernando Burjato, Fernando Velloso, Guilmar Silva, Helena Wong, Henrique Leo Fuhro, Leila Pugnaloni, Luiz Áquila, Marcus André, Mário Rubinski, Pietrina Checcacci, Samico, Sérgio Rabinovitz, Uiara Bartira, Werner Jehring.

 

A mostra apresenta ainda uma sala especial com pinturas de Osmar Chromiec – importante artista para a história da arte paranaense – e uma série de esboços e estudos de obras, recentemente doados ao museu.

 

Na exposição “Alumbramento”, Luis Lopes abre mão do figurativismo e faz da luz corpo e espírito. Pinta a memória e para isso se vale da sombra para prestigiar a luz. Sua pintura se apresenta de imediato, mas não se entrega por inteiro à primeira vista em sua narrativa poética. Há uma dança de cores a ser desvendada.

 

 

Até 12 de junho.

SP-Arte

06/abr

A 12ª SP-Arte sedimentou seu lugar como uma das mais importantes feiras da América do Sul, trazendo neste ano cerca de 120 galerias ao deslumbrante Pavilhão da Bienal desenhado por Oscar Niemeyer no Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.

 

A Feira reúne mais de 120 das principais galerias de arte do Brasil e do mundo, além do novo setor dedicado ao Design e a continuidade de projetos curatoriais consagrados.

 

Chegou a semana das artes mais badalada do ano. Em paralelo, diversas galerias e museus da cidade inauguram exposições e promovem eventos que tornam o calendário artístico da cidade ainda mais agitado.

 

A feira começa na quinta-feira , dia 07,  e vai até 10 de abril. De visitas noturnas a apresentações de performances, o evento também inspira uma movimentada agenda pela capital.

Paisagem nas Américas

23/fev

A exposição “Paisagem nas Américas: Pinturas da Terra do Fogo ao Ártico” entra em exibição na Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, neste final de mês. A mostra esteve recentemente em cartaz na Art Gallery of Ontario, em Toronto, Canadá, e no Crystal Bridges Museum of American Art, de Bentonville, nos EUA. Essa exposição nasceu de uma parceria inédita firmada em 2010 entre a Pinacoteca de São Paulo, a Art Gallery of Ontario e a Terra Foundation for American Art (Chicago, EUA) e trará ao Brasil obras de grandes artistas do continente americano, como os brasileiros Tarsila do Amaral e Pedro Américo, os americanos Frederic Church e Georgia O’Keeffe, os mexicanos José Maria Velasco e Gerardo Murillo, Dr. Atl, além dos canadenses Lawren Harris e David Milne, do venezuelano Armando Reverón, e dos uruguaios Pedro Figari e Torres-Garcia, entre outros.

 

 

De 27 de fevereiro a 29 de maio.