Marino Marini no Brasil

02/abr

A exposição “Marino Marini: do arcaísmo ao fim da forma” abre a programação 2015 da Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS. Com curadoria de Alberto Salvadori, a entidade gaúcha inaugura a primeira exposição do consagrado artista no Brasil, um nome de projeção internacional.

 

 
Sobre a obra e o artista

 
Do arcaismo ao fim da forma Marino Marini nasce em uma pequena cidade, Pistoia, onde não permanece indiferente às grandes lições giottescas, às de Masaccio e de Pisano e, particularmente, às importantes coleções etrusca e egípcia do museu arqueológico da vizinha Florença. A ligação do artista toscano com a antiguidade faz parte de uma dimensão que pertence ao tempo de seu estudo e de sua formação. As suas esculturas, assim como as egípcias, apresentam-se por assemblage lógica, sem nenhum interesse ilusionístico, introduzindo, assim, outro dado essencial para ler a sua obra: o valor absoluto que ele confere à relação entre arte e arquitetura. Quatro temáticas tiveram particular importância para Marini, três das quais antigas: o retrato, a Pomona e os cavaleiros. A essas deve se somar o tema do circo, com os malabaristas, as bailarinas e os acrobatas. Marino era extremamente fascinado pelo mundo do circo, e a natureza do ofício do malabarista, do palhaço, dos acrobatas intrigava-o. Entreter o público, ser capaz de pertencer a uma tipologia de máscara eterna, tinha tornado esses sujeitos importantes para o seu imaginário. As Pomonas, ao contrário, são a encarnação, segundo Marini, do eterno feminino. A antiga divindade da fertilidade nos é posta como metáfora do nascimento, da plenitude sensual da vida. O cavaleiro e o cavalo estão, desde os anos 30, dentre os temas que mais interessaram a pesquisa de Marino Marini. “As minhas estátuas equestres exprimem o tormento causado pelos eventos deste século. A inquietude do meu cavalo aumenta a cada nova obra. Eu aspiro tornar visível o último estágio da dissolução de um mito, do mito do individualismo heróico e vitorioso do homem de virtudes, dos humanistas”. Convivem história e mito, realidade e fé, testemunhas de que as obras do artista devem ser lidas como passagens que marcam o devir da história. As coisas mudam com o proceder do confronto bélico na Europa, as esculturas se tornam formas seccionadas arquitetonicamente pela grande tragédia. O próprio Marino define as obras do período como arquiteturas de uma enorme tragédia que se liberará, em seguida, no famoso Anjo da cidade, de 1950, que até hoje domina o Canal Grande. A partir dos anos 50 Marini volta a praticar a pintura com maior intensidade. Com cores brilhantes e encorpadas, fechadas em um campo geometrizante que se destaca sobre o fundo plano e com formas sempre mais desagregadas, as obras pictóricas definem, assim como a escultura, uma evidente mudança de chave expressiva. Desenho, gráfica, pintura e escultura vivem em Marini uma simbiose dinâmica, um enredo dificilmente desatável, carregado de tensões e de páthos. O retrato se insere no percurso de Marini como representação dos valores humanos, no qual ele ensaiou o limite mais alto de um criador de formas. A capacidade plástica e a pura invenção são subjugadas à verdade fisionômica do modelo, e os quatro retratos aqui expostos nos colocam diante de tamanha força da representação. O ano de 1950 é decisivo porque o artista decidiu aceitar o convite para ir a Nova York. Em 14 de fevereiro, foi aberta a primeira individual de Marini na cidade americana e iniciou-se um percurso de reconhecimentos internacionais que não mais se encerrou. Estamos na série dos Milagres, eventos ao mesmo tempo terrenos e sobrenaturais, que aludem à morte do homem, ao seu declínio. Dentre as obras presentes nas mostras de 1951 e de 1952, são representadas a dissidência, a ruptura da harmonia entre cavalo e cavaleiro, a ingovernabilidade dos eventos. Tal condição fora de controle constitui o ato final de uma tragédia que encontra no Grito, de 1962, também presente na mostra, sua conclusão. Uma palavra-chave para compreender a escultura de Marino é “tensão”. O artista, mais que sobre o próprio movimento, incide sobre o instante de imobilidade que aparece forçado pela forma na composição e, através do qual, surge o movimento ou a escultura morre. Dentre os oito pequenos bronzes presentes nesta mostra, em Figuras abstratas e Composições, dos anos 60, não é mais perceptível a presença de cavalos e cavaleiros que vivem escondidos nos planos e nos cortes da matéria. Abstração e geometrização não são outra coisa que a ampliação da gama expressiva, da figuração de Marino Marini. Em Uma forma em uma ideia, de 1964, o artista atinge a desagregação e constitui o ato final de uma tragédia interior. Eis então que a série sobre papel Composição, de 1960, e as três grandes têmperas sobre papel – Intensidade (1967), Energias e Vivacidade, ambas de 1968 – colocam-nos de frente a uma pintura íntima e que se esquiva de qualquer construção formal, própria de um artista que não ficou fora de seu tempo. A obra Dois elementos (1971) fecha a narrativa escultural de Marini.

 

 
De 10 de março a 20 de junho.

Volpi, uma homenagem

31/mar

O pintor Alfredo Volpi é o tema de uma exposição panorâmica que leva seu sobrenome: “Volpi, uma homenagem”. A mostra é composta de 23 obras, sendo cinco delas inéditas, cartaz do Paulo Kuczynski Escritório de Arte, Cerqueira César, São Paulo, SP. A exibição apresenta – com seleção de trabalhos feita pelo marchand Paulo Kuczynski -, abriga paisagens, fachadas, figuras de santos e composições abstratas produzidas entre os anos 1930 e 1960. Obras que nunca foram exibidas poderão ser vistas na exposição, fazem parte de três fases do artista: uma marinha de Itanhaém do final da década de 30, uma fachada de casas da década de 50, os santos São Benedito e Santa Luzia do início dos anos 60, e uma composição de bandeirinhas do final dos 1960. A curadoria é de Paulo Venâncio Filho e o projeto expográfico traz a assinatura de Pedro Mendes da Rocha.

 

 

 

A palavra de Paulo Kuczynski

 

 

“Há anos planejo esta mostra. Foquei minha procura por obras que revelassem a linha evolutiva de Volpi, naquele que é considerado o melhor período do artista, que abrange o início dos anos 1930 a 1940, quando ele se concentra em suas notáveis marinhas e paisagens, passando pela década de 1950, com suas famosas fachadas e início do abandono da perspectiva, e os anos 1960, quando, com tão poucos elementos, ele cria uma abstração única na pintura.”.

 

 
Até 08 de maio.

Manzoni em São Paulo

O MAM – Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque Ibirapuera, Portão 3, São Paulo, SP, apresenta exposição significativa de Piero Manzoni, provavelmente o mais importante artista da Itália, e também da Europa, do pós-guerra.

 
Em sua breve trajetória artística de pouco mais de seis anos – Manzoni morreu em Milão em 1963 aos 29 anos -, produziu uma obra radical que ainda continua a surpreender e influenciar a arte e os artistas contemporâneos. Foi também um artista que procurou contatos e conexões com outros artistas e grupos, em especial o Grupo ZERO, buscando rearticular as vanguardas europeias do final dos anos 1950.

 
Fundou revista e galeria, e sua influente presença agiu, na época, além da Itália, na Alemanha, Dinamarca, Holanda e França. Seu agudo conceitualismo irônico que se revela em um trabalho – hoje icônico – como “Merda de Artista”, renovou uma tradição derivada de Marcel Duchamp e do Dadaísmo.

 
O artista foi considerado um pioneiro pesquisador de novos materiais sintéticos que utilizou na sua importante série de trabalhos monocromáticos intitulada de “Achromes”. Manzoni, mais que qualquer outro artista, representa a jovem vitalidade que buscava novas direções para a arte numa Itália e Europa culturalmente traumatizadas pela Segunda Guerra Mundial.

 
Esta breve mostra no Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta um resumo compreensivo da fase “clássica” de sua obra; desde os primeiros “Achromes” até suas últimas obras, passando por aquelas que hoje são consideradas exemplos do espírito radical das vanguardas europeias dos anos 1950/60.

 

 

 

De 08 de abril a 21 de junho.

Retratos na Galeria Bergamin

27/mar

A Galeria Bergamin, Jardins, São Paulo, SP, inaugura a exposição coletiva temática “Retratos: the last headline”. A curadoria é de Ricardo Sardenberg e entre os artistas participantes encontram-se obras assinadas por Nan Goldin, Pancetti, Di Cavalcanti, Lorenzato, Monvoisin, Leonilson, Marcos Chaves, Joaquín Torres-García, Alex Katz, Portinari e Guignard. De acordo com o curador, a mostra apresenta “…aproximadamente 50 obras de mais de 40 artistas do século XIX – época do apogeu do retrato como projeção do poder (no caso, a projeção do Império de D. Pedro II) – até os dias atuais..”

 

 

Retratos: the last headline
Texto de Ricardo Sardenberg

 

Não estamos vivendo a extinção das espécies, mas a extinção da espécie humana. A extinção da história, do prazer, do amor e do tempo. O fim de tudo o que somos por dentro: o ser humano vive um processo de extinção interior, antes mesmo de sua extinção no mundo. Também por isso, esse processo é irrefreável. A partir de agora, devemos prestar homenagens a uma era em que se acreditava que o mundo seria eternamente melhor. Não será.

 

O retrato, hoje, é o mausoléu de si. O museu das coisas mortas e passadas. Parece que estamos esperando o último retrato, a última pose, o último olhar antes da extinção. Nossa transitoriedade torna-se evidente quando olhamos qualquer retrato. Já não existe mais o personagem do retratado, aquele que projeta o que acredita ser por meio do olhar, da pose, da indumentária. Assim como o personagem do retratista, tantas vezes afirmado como quem coloca tudo de si em uma obra, também se tornou, no fluxo de tempo, aquele que busca apenas o prazer instantâneo no registro de uma humanidade que, simplesmente, foi esvaziada pela obsessão do consumo. Hoje, ao observarmos um retrato, notamos que ele pode apenas estar despertando a nostalgia de um tempo em que se acreditava na existência de uma cultura. Cultura, no sentido de permanência das experiências em sociedade. Hoje, sabemos que as pessoas se vão. Outrora, guardávamos imagens para nos recordarmos das pessoas; atualmente, por outro lado, o retrato pode revelar uma autoafirmação, confirmando nossa existência vazia, como um corpo extinto por dentro.

 

Retratos: the last headline não é um exposição milenarista em busca do apocalipse. Mas sim uma homenagem em forma de instalação ao instituto do retrato, que cada vez mais passa a ter um sentido de presente fugaz. A instalação consiste na exposição de aproximadamente 50 obras de mais de 40 artistas do século XIX – época do apogeu do retrato como projeção do poder (no caso, a projeção do Império de D. Pedro II) – até os dias atuais, quando sua existência é irônica e efêmera. Nesse processo de passagem do tempo, percebemos senão um rastro das imagens passadas, das tradições dos álbuns fotográficos, e uma certa projeção de nostalgia por aquilo que as próximas gerações deixarão de reconhecer. O retrato é como um repositório da memória de pessoas e momentos especiais no fluxo da vida.

 

Talvez estejamos entronando a abstração conceitual, provando a vitória dos conceitos diante dos sentimentos. Trata-se de um mundo desromantizado no qual até aqueles que amamos são transformados em representações do presente, ou seja, estão ausentes de imagens passadas que devem ser recordadas. Os arquivos digitais de imagens de nossas pessoas mais queridas logo se transformam em arquivos descomunais compostos por milhares de fotos similares. Tais arquivos assemelham-se ao depósito de fotos policiais provindas dos porões de uma ditadura ou dos desaparecidos na guerra.

 

Guardamos uma vaga lembrança do momento em que registramos essas fotos, mas, ao mesmo tempo, são dezenas de imagens cuja pose é a mesma: uma pequena variação da direção do olhar ou um borrão na imagem, resultado da pressa em registrar o instante que depois ficaria esquecido nos porões de um HD externo. O HD externo, e aqui também acho que a “nuvem” é a sua realização em escala global, é o monumento ao esquecimento. E espero que a montagem dessa exposição faça jus ao que está esquecido dentro da caixinha digital, ou pelo menos torne-o visível. Nesse sentido, o retrato deixou de ser um memento.

 

 
Até 30 de abril.

Registro

17/mar

O dia 16 de março constituiu-se num dia muito importante para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, São Paulo, SP:  foi assinado o contrato de comodato de 178 trabalhos da coleção Roger Wright, conhecida pela qualidade de obras dos anos 1960 e 1970.

 

“É para mim uma grande homenagem à memória de meu irmão e de seus filhos, entregar a coleção à Pinacoteca do Estado de São Paulo”, disse Christopher Mouravieff-Apostol, irmão do colecionador Roger Wright. A primeira exposição do conjunto está prevista para maio de 2016.

 

A foto é de Rômulo Fialdini.

Rubem Grilo no Recife

16/mar

A Prefeitura da Cidade do Recife, Secretaria de Cultura, Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães – MAMAM (Rua da Aurora, Boa Vista), Art.Monta Design e Artepadilla apresentam a exposição “RUBEM GRILO 1985 – 2015″. A mostra, já apresentada nas unidades Rio de Janeiro (2009), Salvador e São Paulo (2010), Brasília (2011) e Fortaleza (2012) da CAIXA Cultural, e em João Pessoa, na Estação Cabo Branco – Ciência, Cultura e Artes (2014), chega agora ao Recife, no Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães.

 

A exposição, que tem curadoria do próprio artista, um dos mais importantes xilogravadores brasileiros vivos, é um passeio pelos trabalhos realizados nos últimos 30 anos, com foco na produção realizada desde 2005. Apresenta 172 obras: 127 xilogravuras em diferentes formatos, 6 matrizes e 39 trabalhos realizados com colagens e desenhos.

 

Os desenhos e colagens, realizados entre 2009 a 2015, reúnem importante vertente do trabalho de Rubem Grilo presente na exposição. A mudança de tratamento e de visualidade, bem como o diálogo entre diferentes mídias, estabelecido pela síntese gráfica no pensamento da imagem, motivam o espectador a estabelecer sua própria leitura do universo visual criado pelo artista.

 

 

A palavra do artista

 

Como explica o próprio Rubem Grilo, o componente temporal da mostra reforça a ideia de um processo que inclui a busca de afirmação de identidade e, ao mesmo tempo, transformações em aberto: “Escolhi a xilogravura pelo fato de ela ser simples, direta, quase rudimentar, e me permitir o envolvimento com duas experiências básicas e complementares, o desenho e a gravação. Não se trata de uma escolha nostálgica. Tem a ver com uma visão de mundo, a concentração em mim mesmo, propiciada pela intensidade da prática manual e do olhar, em busca do aprimoramento e autoconhecimento por meio da dilatação da experiência”.

 

 

De 18 de março a 03 de maio.

Inéditos de Fabio Innecco

13/mar

A Galeria Modernistas, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Coleção Urbanidade”, assinada pelo pintor Fabio Innecco. Depois de passar pela Escola de Belas Artes, o artista recebeu o Prêmio Esso de Pintura, e outro concedido pelo Ministério da Educação e Cultura – MEC, Isenção de Júri no Salão de Arte Moderna, além de ter participado de uma coletiva na Alemanha, entre outras individuais no Rio de Janeiro e São Paulo.

 

A exposição trata da idéia de renovação, misturando as linguagens visuais do moderno e contemporâneo. Na mostra atual, o artista apresenta doze trabalhos inéditos baseados em investigações gráficas de tintas e raspas de jornais. Sempre atento às questões referentes à forma, tamanho e geometria, Fabio costuma transparecer em seus trabalhos uma busca incessante da textura e superposição de cores. Fabio coloca seus temas de forma livre. O contexto urbano e ícones colhidos no cotidiano aparecem nesta exposição, que entre suas cores também agrega textos manuscritos, símbolos, signos, números e letras, causando a curiosidade de um discurso estético em uma tela plana.

 

Segundo Wilson Lázaro, diretor artístico da Galeria Modernistas, “…é possível fazer arte com todo e qualquer material, e Fabio consegue demonstrar isso na tela”, afirma.

 

 

De 14 de março a 26 de abril.

A Coleção MAM/Rio

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, com patrocínio da PwC, apresenta, a exposição “Poucas e Boas…! Obras da coleção internacional do MAM”, com cerca de 70 obras de artistas estrangeiros pertencentes ao acervo internacional do MAM Rio, selecionadas pelos curadores Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre.

 

A mostra, que ocupará um espaço de cerca de 1.800 metros quadrados no segundo andar do Museu, terá pinturas, esculturas, fotografias, serigrafias e desenhos de artistas como Auguste Rodin, Constantin Brancusi, Joan Miró, Le Corbusier, Alexander Calder, Lucio Fontana, Alberto Giacometti, Serge Poliakoff, Ansel Adams, Jackson Pollock, Carlos Cruz-Diez, Andy Warhol, Keith Haring, entre outros.

 

Como o título sugere, este é um recorte circunscrito, mas ilustrativo, do universo de cerca de 2.200 obras da coleção internacional iniciada em 1946, através da doação de Nelson Rockefeller, do óleo sobre tela “Oceano para pássaros” (1946), de Yves Tanguy.

 

“A mostra é um recorte de trabalhos da Coleção que remontam, sem nenhuma pretensão totalizante, à história da arte do século XX, e nos parece interessante ser vista em articulação com a exposição permanente do museu, ‘Genealogias do contemporâneo’, no andar de cima, em que o foco dessa história é a arte brasileira”, dizem os curadores Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre.

 

Os curadores lembram que, desde o inicio, a coleção do MAM teve um perfil internacional. “A ideia de arte moderna tinha na sua origem uma perspectiva universal, de construção de um vocabulário visual e poético no qual as variações locais, os muitos idiomas específicos, se integrariam e se comunicariam, constituindo uma linguagem comum e cosmopolita”. “No Brasil, apesar de sua preocupação com a identidade brasileira, no fundo o que se pretendia, a partir daí, de uma mítica brasilidade, era a participação no concerto das nações civilizadas, como dizia Mário de Andrade. O MAM, criado no final da década de 1940, partilhou de um momento especial da cultura brasileira, quando essa abertura cosmopolita foi determinante”, ressaltam.

 

A exposição terá obras como as esculturas em bronze “Quatre femmes sur socle” (1950), de Giacometti, “Mlle. Pogany II” (1920), de Brancusi, “Masque de l’homme au nez casse” (1864/1979), de Rodin, e “Helmet Head n. 6” (1975), de Henry Moore; as pinturas “Concetto spaziale” (1958), de Lucio Fontana, “Sem título” (1984), de Keith Haring, “El beso que me dabas en Odesa” (1984), de Guillermo Kuitca, “Abstract Composition” (1954), de Serge Poliakoff; a pintura a óleo sobre aglomerado “N. 16” (1950), de Pollock; uma série de cinco serigrafias da série “didactica y dialectica del color”, de Cruz-Diez; duas serigrafias “Sem título” (1975), de Andy Warhol; a litografia “Sem título” (1950), de Miró; a fotografia de Marilyn Monroe, na década de 1980, feita por Patrick Demarchelier, e a foto “El Capitan, Winter” (1950), de Ansel Adams, entre outras.

 

As obras internacionais da coleção do MAM Rio são de extrema importância. Um recorte pode ser visto nesta exposição e as obras completas no catálogo “Coleção MAM Internacional” (Editora Barléu), lançado em novembro de 2014, com 240 páginas, formato 26cm x 26cm, bilíngue (português/ inglês).

 

 

Até 17 de maio.

Homenagem a Henrique Oswald

03/mar

Nome fundamental das artes plásticas brasileiras no século XX, Henrique Oswald será homenageado com a exposição “Um Gravador, um Desenhista, um Pintor: Uma Obra em Transmutação” no Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP.  A mostra revela as múltiplas facetas do artista cujo falecimento completa 50 anos em 2015.

 
A exposição é composta por cerca de 60 pinturas, desenhos e gravuras. As obras integram os acervos particulares da família do artista e do diretor curatorial do Museu Afro Brasil, Emanoel Araújo. Ele frequentou as aulas de gravura ministradas por Henrique Oswald na Escola de Belas Artes, na Salvador dos anos 1960. “Como mestre ele era calmo e sereno. Suas palavras concentravam uma sabedoria e um conhecimento das muitas e diferentes técnicas da gravura, da xilogravura”, afirma Araújo, que atesta a forte influência de Henrique Oswald sobre os artistas locais durante o período de professorado na Bahia. “Nos desenhos e nas gravuras explodia o drama do nosso tempo, protesto contra a opressão, a guerra, a tristeza, o avassalamento do homem. Nos óleos, porém, triunfava a Bahia, o mistério dos casarões”, afirmou o escritor Jorge Amado.

 
Na opinião de Emanoel Araújo as gravuras foram realizadas com grande maestria. “As gravuras em metal correspondiam a uma fase dramática, expressionista de temas ora sacro, ora humanístico. Depois vieram as xilogravuras cheias de tons de cinza, delicadas, e contrárias a tudo que se preconizava da gravura sobre madeira, de finas texturas naquelas formas entrelaçadas de muitos pretos”, comenta.

 
A obra de Henrique Oswald é extensa: quadros abstratos, murais religiosos, pinturas (óleo sobre madeira, tela, duratex). Sobre suas pinturas o crítico de arte José Roberto Teixeira Leite apontou as seguintes características: o predomínio do tectônico; desprezo pelas leias da perspectiva aérea e linear; interesse cromático, com a obtenção de cores de valores e cromas verdadeiramente pessoais; uso de deformação expressiva; além de poder expressivo evidente, contrastando com não menos patente sensibilidade.

 
Seus desenhos também representam parte significativa no conjunto da sua obra. “A qualidade plástica e a dramaticidade quase cósmica dos últimos desenhos de Oswald lhe conferem um nível internacional de primeira ordem. Representam o ponto mais alto de sua evolução artística”, afirmou o físico e critico de arte Mário Schenberg.

 

 
Sobre o artista

 
Henrique Carlos Bicalho Oswald nasceu no Rio de Janeiro em uma família de artistas. Era filho do Carlos Oswald (1882-1971), pintor e introdutor da gravura pura no Brasil; e neto do pianista e compositor Henrique Oswald (1852-1931) de quem herdou o nome. O início da sua formação artística se dá com seu pai, a quem substitui, no ano de 1947, na cadeira de gravura no Liceu de Artes e Ofícios do Rio de Janeiro.

 

No ano de 1952 foi aluno do pintor francês o curso de André Lhote (1885 – 1962). Ao receber o prêmio de viagem ao exterior do Salão Nacional de Belas Artes de 1954, vive na Europa entre os anos 1955 e 1959. Nesse período estuda gravura no ateliê de Johnny Friedlaender (1912 – 1992), um dos mais influentes artistas do século passado. De volta ao Brasil, em 1959, passa a residir em Salvador e torna-se professor da Escola de Belas Artes da Universidade da Bahia. Morreu na cidade natal, em dezembro de 1965.

 

 

De 05 de março a 10 de maio.

Pierre Verger: dos anos 30 aos 50

24/fev

Em parceria com a Fundação Pierre Verger de Salvador, BA, a  Galeria Marcelo Guanieri, São Paulo, SP, inaugura a programação para o ano de 2015, com a retrospectiva “Pierre Verger, o Mensageiro”. A partir do próximo dia 28 de fevereiro, o público pode conferir 40 imagens, que compreendem a fase de produção da fotografia etnográfica dos anos 1933-1950, do fotógrafo franco-brasileiro. Anterior às pesquisas de Verger sobre a diáspora negra na América, a exposição que retrata países de continentes, como América, África, Asia, recebe, pela primeira vez, no mercado brasileiro, ampliações assinadas em 1993 pelo “mensageiro”.

 

Com residência fixa em Salvador, desde 1946, o então nascido Pierre Verger tornara-se o babalaô Pierre “Fatumbi” Verger, após a conversão ao Candomblé, e os estudos sobre as religiões de matrizes africanas. Foi nesta ocasião, em visita à Bahia, que os editores da Revue Noire, Jean Loup Pivin e Pascal Martin Saint Léon, e o próprio fotógrafo, selecionaram, após minucioso trabalho, 300 negativos, que se transformaram em copias de altíssimas qualidades, e, posteriormente, nos fotolitos do livro “Le Messager” e/ou expostas.

 

Apresentada no ano de 1993, pela Revue Noire, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie, na França e na Suiça, “Pierre Verger, o Mensageiro” destacou a importância da arte e da cultura africana para o ocidente, com mostras que colocaram, novamente, o público europeu com o trabalho do fotógrafo. Até a Segunda Grande Guerra – portanto, antes de fixar moradia em Salvador – Verger era um reconhecido artista, com fotografias publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época, como Life, Vu, Regards e Arts et Métier Graphiques. 53 anos depois,  com a abertura de“Le Messager”, o nome de Verger recebia a merecida atenção do público, da crítica e da imprensa especializada da Europa.

 

Com a presença do fotógrafo na ocasião da abertura da exposição em Paris, a Revue Noire conseguiu que ele assinasse uma certa quantidade de cópias dos negativos. Não era uma prática comum na trajetória de “Fatumbi” Verger, que privilegiava os negativos, por representarem as suas memórias. Três anos depois, em 1996, no dia 11 de fevereiro, Verger faleceria, na cidade de Salvador, logo após a reedição de seu livro preferido, “Deuses da África”, pela Revue Noire e a publicação, no Brasil, de “Ewe, O uso das plantas na Sociedade Iorubá”, pela Companha das Letras. Até os anos 2000, a Revue Noire comercializou as cópias de “Le Messager” na França, que foram readquiridas pela Fundação Pierre Verger.

 

 

Texto da Fundação Pierre Verger

 

Antes de chegar ao Brasil, antes de se debruçar sobre a cultura afro-brasileira, antes de se tornar babalaô, Pierre Verger era, essencialmente, fotógrafo. Um fotógrafo já reconhecido desde antes da Segunda Guerra Mundial e com fotografias publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época, como “Life”, “Vu”, “Regards” e “Arts et Métier Graphiques”. Quando sua vida e sua obra caminharam em direção às questões afro-brasileiras, tornou-se um homem do candomblé, publicou intensamente sobre essa temática – notadamente sobre sua matriz religiosa -, fixou residência na Bahia e mergulhou tão profundamente nesse novo viver que foi aos poucos desaparecendo da memória de seus contemporâneos franceses e europeus, ao menos como fotógrafo.Em 1993, a Revue Noire, das primeiras a destacar a arte africana no mercado ocidental, realizou a grande exposição Pierre Verger, Le Messager, com mostras na Suíça e na França, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie. Amplamente divulgadas nos meios de comunicação franceses, esse grande evento cultural recolocou Verger no cenário da fotografia em seu país de origem.No processo de construção dessa exposição e com o objetivo de selecionar imagens para a mostra e para o livro-catálogo, os diretores da Revue Noire vieram até a casa de Verger, na Bahia.  Após um minucioso trabalho, desenvolvido em conjunto com o fotógrafo, levaram mais de 300 negativos para Paris, onde realizaram, pela primeira vez, cópias de excelente qualidade. A maioria dessas ampliações foram, então, utilizadas para fazer os fotolitos do livro Le Messager e/ou expostas.Nessa época, os donos da Revue Noire, aproveitando a presença de Verger em Paris, conseguiram que ele assinasse uma certa quantidade dessas cópias, o que Verger aceitou fazer, embora normalmente não se submetesse a esse tipo de cerimonial.  O que realmente importava para Verger – ao contrário de muitos fotógrafos – eram seus negativos, por representarem suas memórias.  Na verdade, ele dava pouca importância às ampliações, que não costumava vender e que podia reproduzir quando se fizesse necessário.Poucos anos depois, em fevereiro de 1996, Verger faleceu na Bahia, deixando esse conjunto único de imagens, que continuou em poder da Revue Noire, em Paris.  Essas imagens foram comercializadas na França, até o final do ano de 2000, quando a Fundação adquiriu sua quase totalidade.

 

Nesse momento, através da Galeria de Marcelo Guarnieri, com sede em São Paulo, a Fundação coloca à venda, pela primeira vez no mercado brasileiro, essas cópias assinadas por Pierre Fatumbi Verger, em Paris.

 

 

De 28 de fevereiro a 28 de março.