Inox exibe Burle Marx

04/nov

A galeria Inox de Arte Contemporânea, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, exibe oito nanquins – da série “Erótica”  – de  Roberto Burle Marx. Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes arquitetos paisagistas do século XX, Roberto Burle Marx estudou pintura em Berlim, na Alemanha, no final dos anos 1920. De volta ao Brasil, continuou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Belas Artes. Os jardins planejados por Burle Marx eram comparados a pinturas abstratas, alguns bem curvilíneos, outros de linhas retas, usando plantas nativas brasileiras para criar blocos de cor. Além de paisagista de renome internacional, também foi um pintor notável, além de escultor, tapeceiro, ceramista e designer de jóias.

 

 

Sobre a Inox

 

Sócios da Galeria Inox, os irmãos Carneiro, Gustavo e Guilherme são colecionadores fanáticos de arte e conhecidos por possuírem um olhar apurado, curadoria afinada e bastante seletiva. O gosto pela arte esteve presente desde cedo em suas vidas, trazidas através dos pais, donos de um antiquário. O primeiro contato que tiveram com arte contemporânea, e o início de sua coleção, foi através do artista Palatnik. Os irmãos quando adolescentes comercializavam em feiras de antiguidade os animais em acrílico produzidos em série pelo artista na década de 1970. Já revelavam talento para comercialização desde bem novos. Hoje eles são donos da Galeria Inox, espaço dedicado a exposições de arte contemporânea que existe há 5 anos, no shopping Cassino Atlântico, em Copacabana. Além da galeria, os irmãos cuidam de uma coleção pessoal rica e bem extensa, dividida entre suas casas. O acervo conta com artistas renomados como Oscar Niemeyer, Abraham Palatnik, Burle Marx, Nelson Félix, Angelo Venosa, Tunga, Rodrigo Andrade, Brígida Baltar, Adriana Varejão, Artur Barrio, Beatriz Milhazes, Iole de Freitas, entre muitos outros dos quais são fãs. “Temos esta coleção porque precisamos, é um vício, uma necessidade”. Afirma um dos irmãos.

 

 

De 05 a 22 de novembro.

Dalí no Instituto Tomie Ohtake

09/out

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, responsável pela organização da maior retrospectiva de Salvador Dalí já feita no país, traz agora a mostra para a sua sede. “Salvador Dalí”, em São Paulo, apresenta, no entanto, algumas novidades em relação à temporada carioca: cinco novas obras provenientes da Fundação Gala-Salvador Dalí e outras duas do Museu Reina Sofia, instituições detentoras da maioria dos trabalhos expostos. As obras que foram incluídas substituem alguns dos trabalhos da coleção do Museu Salvador Dalí, da Flórida, EUA.

 

Dentre essas sete obras do mestre do surrealismo está o valioso e pequeno óleo sobre madeira “O espectro do sex-appeal”, de 1934. Do tamanho de meia folha de papel, atribui-se à pequena pintura a forma como Dalí plasmou, de modo concreto, o temor pela sexualidade. “Desnudo”, de 1924, que pertenceu a Federico García Lorca, “Homem com a cabeça cheia de nuvens”, de 1936, de profunda carga simbólica, com referência explícita a René Magritte e “O piano surrealista”, de 1937, fruto de sua colaboração com os Irmãos Marx, estão entre os trabalhos incluídos.

 

Um catálogo especial acompanha a exposição e aborda a totalidade das peças apresentadas, um total de 218, assim como sua recepção crítica entre escritores e especialistas de grande renome, como Eliane Robert Moraes, Paulo Miyada e Veronica Stigger.

 

A retrospectiva de Dalí, com curadoria de Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos da Fundação Gala-Dalí, foi organizada para convidar o público a mergulhar por um universo onírico, simbólico e fantasioso. O conjunto de peças é formado por 24 pinturas, 135 trabalhos entre desenhos e gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes. O espectador terá contato com a produção de Dalí desde os anos 1920 até seus últimos trabalhos, proporcionando ao visitante uma clara percepção de sua evolução, não só técnica, mas de suas influências, recursos temáticos, referências ideológicas e simbolismos.

 

Será possível ver as telas do período de sua formação como pintor – além do já citado “Desnudo”, “Retrato de meu pai e casa de Es Llaner”, de 1920, “Retrato de minha irmã”, de 1925, e “Autorretrato cubista”, de 1926. Tais pinturas, além de marcarem o início da pesquisa de Dalí, também dão mostras de sua vasta e instigante produção de retratos, que, em suas diferentes interpretações e abordagens, acompanham a metamorfose de um trabalho marcado pelo questionamento sobre a realidade.

 

A fase surrealista, que deu fama mundial ao artista catalão, será exibida através de telas que apresentam seu método paranóico-crítico de representação, com obras muito significativas como “O Sentimento de Velocidade”, de 1931, “Monumento imperial à mulher-menina”, de 1929, “Figura e drapeado em uma paisagem”, de 1935 e “Paisagem pagã média”, de 1937.

 

O público também poderá conferir a contribuição de Dalí para a sétima arte. Os filmes “O cão andaluz”, de 1929 e “A idade do ouro”, de 1930, codirigidos por Salvador Dalí e Luís Buñel, e “Quando fala o coração”, de 1945, de Alfred Hitchcock, cujas cenas do sonho foram desenhadas pelo artista, serão exibidos dentro do espaço expositivo, apresentando um pouco mais da diversidade e da linguagem adotada pelo artista. Além disso, duas mostras de cinema acontecem em paralelo à exposição: a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, que exibirá os filmes “O cão andaluz” e “A idade do ouro”, em suas versões integrais, e o Museu da Imagem e do Som (MIS) organizará a mostra “Surrealismo no Cinema”, entre os dias 16 e 21 de dezembro.

 

O acervo, por sua vez, apresenta documentos e livros da biblioteca particular de Dalí, provenientes do arquivo do Centro de Estudos Dalinianos, que dialogam com as pinturas proporcionando ao visitante uma viagem biográfica e artística pela carreira do pintor. É o caso dos títulos “Imaculada Conceição”, de 1930, de André Breton e Paul Eluard, e “Onan”, de 1934, de Georges Hugnet. As raridades tiveram seus frontispícios assinados por Salvador Dalí e retratam as bases do surrealismo na literatura.

 

O conjunto conta ainda com as ilustrações feitas para os clássicos da literatura mundial, como “Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes, e “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol. Merecem destaque os desenhos que ilustram o livro “Cantos de Maldoror”, de 1869, de Isidore Lucien Ducasse (mais conhecido como Conde de Lautréamont), autor de grande referência entre os jovens surrealistas. É possível reconhecer nesses desenhos, por exemplo, as muitas figuras recorrentes na obra de Dalí, como objetos cortantes, muletas, corpos mutilados etc. Eliane Robert Moraes, em texto que acompanha o catálogo da exposição, diz que, movidos por uma crescente revolta pós-guerra, esses artistas “viram na violência poética de Ducasse uma alternativa para seus dilemas estéticos e existenciais”.

 

“Queremos mostrar o Dalí surrealista, mas também aquele que se antecipa ao seu tempo, que é audacioso, que defende a liberdade de imaginação do artista em sua própria criação. Ao mesmo tempo, a mostra passeia pela trajetória artística e pessoal de Salvador Dalí”, explica Montse Aguer, curadora da exposição. “Após a visita, todos entenderão sua importância como artista, não só no surrealismo, mas na história da arte. Isso significa uma importante ligação com a arte contemporânea, enquanto Dalí parte de uma profunda compreensão e respeito pela tradição”, conclui.

 

Para trazer o acervo ao Brasil, o Instituto Tomie Ohtake participou de uma longa negociação com os museus envolvidos. “Foram cinco anos de muitas tentativas e conversas com os detentores das grandes coleções de Dalí, para se concretizar as exposições do artista no Brasil, pela primeira vez com pinturas, e com maior concentração na fase surrealista”, revela Ricardo Ohtake, presidente da instituição.

 

Segundo Ricardo Ohtake, o Instituto tem se destacado por realizar uma programação múltipla e independente, possível graças ao apoio de empresas que acreditam no poder da cultura e da arte na formação do país. “São parcerias que construímos em cada projeto” afirma. No caso da exposição de Dalí, foi fundamental o patrocínio em São Paulo, da Arteris, do IRB Brasil RE e da Vivo, o co-patrocínio da Atento e do Banco do Brasil e o apoio da BrasilCap, BrasilPrev, dos Correios, do Grupo Segurador BB Mapfre e da Prosegur.

 

 

 

De 18 de outubro 1 de janeiro de 2015.

Portinari: A capela da Nonna

02/out

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, em parceria com o Museu Casa de Portinari, exibe “Capela da Nonna: Fé, Religiosidade e Arte”, uma reprodução em tamanho real do cômodo pintado pelo artista especialmente para que sua avó Pellegrina orar, porque em virtude da idade avançada e pouca saúde, não podia se locomover até a igreja da cidade (Brodowsqui). A obra apresenta os santos de devoção da “Nonna”.

 

Por meio de painéis e recursos cênicos, o espaço original foi recriado com as dimensões e as mesmas pinturas feitas pelo artista: São Francisco de Assis, Santa Luzia, São Pedro, São João Batista, a Sagrada Família, entre outras. As imagens dos santos são reproduzidas com a feição de parentes e amigos do pintor, uma tradição presente na pintura do século XV, principalmente entre artistas flamengos e italianos, e que Portinari retomou.

 

Para Angelica Fabbri, diretora do Museu Casa de Portinari, a presente exposição “leva ao público este conjunto de arte sacra tão significativo e ímpar na obra de Candido Portinari, em forma de capela, feita para a avó num gesto de amor e carinho.”.

 

 

A partir de 07 de outubro.  

​No Museu Afro-Brasil

18/set

A serpente sempre capturou a atenção do homem. Poucos animais possuem uma iconografia tão rica, com a presença de arquétipos contrapostos: o bem e o mal; conhecimento e desrazão; a vida e a morte. O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, envereda pelos caminhos sinuosos das representações artísticas do ofídio, em duas novas exposições simultâneas: “José de Guimarães – O Ritual da Serpente: 10 Guaches inspirados na obra de Aby Warburg” e “A Serpente no Imaginário Artístico”.

 

Na data de abertura, o Museu Afro Brasil lançou seu aplicativo para dispositivos móveis, disponível para Android e IOS, com download gratuito na Google Play e App Store. O aplicativo traz informações sobre o Museu, o Diretor-Curador Emanoel Araujo, seu Acervo, disponibilidade de programação cultural atualizada (exposições temporárias e eventos educativos), geolocalização e funcionalidades de audioguia.

 

 

Sobre a individual de José de Guimarães

 

Um dos mais importantes, entre os atuais artistas plásticos de Portugal, conhecido pelo uso rigoroso das cores, José de Guimarães apresenta seu mais recente trabalho, realizado especialmente para as comemorações dos dez anos do Museu Afro Brasil. Os dez guaches espelham sua interpretação pictórica da obra do historiador da arte Aby Warburg (1866-1929). O estudioso alemão esteve na América do Norte, no final do século XIX, para pesquisar sobre o “Ritual da Serpente” dos índios hopis.

 

“A arte de José de Guimarães é ao mesmo tempo una e múltipla, como o próprio artista que, ao deixar-se contaminar por uma diversidade de culturas, cria uma comunicação e uma identidade mestiças, regenerando padrões e singularidades”, afirma Emanoel Araujo. Ele também assina a curadoria das duas exposições. Essa é a segunda exposição dos trabalhos de Guimarães no Museu Afro Brasil. Em 2006, ele realizou a exposição “África e Africanias”.

 

 

Sobre mostra coletiva

 

Já a mostra “A Serpente no Imaginário Artístico” capta toda a extensa simbologia da serpente nas artes. Ela é encontrada nas máscaras gueledé, e nas variegadas garrafas e bandeiras do vodu haitiano, que integram a mostra. Suas formas tortuosas inspiraram a visão dos artistas: ela se esgueira na escultura de Mestre Didi, e do beninense Kifouli, reverbera na tela de Siron Franco, e se incrusta na gravura de Gilvan Samico. Estarão expostas também obras de Carybé, Juarez Paraíso, Francisco Graciano, Noemisa Batista dos Santos, além de trabalhos do Benim e Haiti. As obras dessa mostra pertencem ao acervo do Museu Afro Brasil.

 

 

 

Até 07 de dezembro.

O Rio de Juarez Machado

16/set

Chama-se “Rio de Outrora e Rio de Agora”, a exposição individual de pinturas que marca o retorno de exposições de Juarez Machado no Brasil. A mostra foi inaugurada na Galeria de Arte Maurício Pontual, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, em Copacabana. Uma visão divertida e peculiar do Rio, retratado em duas épocas pelo artista catarinense, atualmente radicado na França.

 

 

Juarez Machado, um eterno criador de imagens

 

Juarez Machado é um artista que transcende a pintura propriamente dita, com seu humor irreverente, este artista sempre deixou sua marca. Nesta exposição, Juarez Machado escolheu como tema a cidade do Rio de Janeiro, retratando duas épocas com seus traços muito peculiares.

 

Mauricio Pontual

 

 

Até 30 de setembro.

DOIS NA VILANOVA

15/set

A Galeria Vilanova, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Entre Flores e Entrelinhas”, dos artistas plásticos Virgilio Neves e Vitor Azambuja, com curadoria de Bianca Boeckel. Para a mostra, foram selecionadas 11 obras inéditas – entre desenhos e pinturas -, cujo tema principal é a primavera e as sensações que acompanham essa estação, em trabalhos que envolvem todos os nossos sentidos e reproduzem flores, cores e aromas.

 

Em duas telas e quatro desenhos, Virgilio Neves cria linhas que ocupam o campo visual dos suportes e que delimitam imagens de maneira aleatória, entregue ao acaso. Após procurar por diversos tipos de ferramentas, o artista iniciou uma pesquisa com extrato de própolis líquido, utilizando este elemento em seus desenhos juntamente com uma caneta definitiva. O resultado obtido foi surpreendente não apenas pelos valores formais, mas pelas metáforas que surgiram a partir de então: “O aroma do própolis trazia sensações positivas que me devolviam à infância. E o poder de fixação desta substância e do seu aroma sobre o papel também estavam intimamente ligados ao poder de fixação desta memória em minha mente.”, comenta.

 

Por sua vez, Vitor Azambuja apresenta cinco telas com um tema recorrente em sua produção: a exuberância das rosas, em tons de cores inusitados e sempre surpreendentes – sua já conhecida marca. Apesar de sua inspiração na natureza, o artista não pinta pela observação e sim pela imaginação – a harmonia na combinação de suas cores não é fruto da reprodução, mas sim o resultado de um ato criativo autônomo. Formado em música pelo Conservatório Brasileiro de Música, como pianista, “para ele as flores, principalmente, o levam indubitavelmente aos sons que delas exalam”, disse Geraldo Edson de Andrade, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte.

 

Em uma celebração ao início da estação mais florida do ano, a primavera, “Entre Flores e Entrelinhas” propicia ao público uma nova visão sobre um tema corriqueiro, com pinturas e desenhos que não apenas se complementam, mas também estreitam o diálogo com o espectador. Nas palavras de Bianca Boeckel: “As obras dos dois artistas cantam e dançam diante dos nossos olhos”.

 

 

De 20 de setembro a 03 de novembro.

Obras Religiosas de Brecheret

10/set

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, exibe “Brecheret e sua Visão do Sagrado”, com curadoria de Sandra Brecheret Pellegrini e expografia de Haron Cohen. Composta por 35 esculturas, 4 desenhos e 4 fotografias, a mostra nos revela o lugar preponderante que a temática do sagrado ocupou na vida do escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret.

 

Ao longo de toda carreira de Victor Brecheret, seu impulso criativo é especialmente refletido em suas esculturas religiosas, sendo a primeira manifestação desse tema, que se tem conhecimento, a obra “Pietá”, por volta da primeira década do século XX. “Embora Brecheret nunca tenha se vinculado exclusivamente a temas religiosos, retornava sempre àquilo que transmitia sua criação interna, trazendo de dentro de si a sua fé.”, comenta Sandra Brecheret Pellegrini. Para a exposição no MAS-SP, foram selecionadas obras da coleção particular da curadora, da qual destacam-se Madonas, Virgens e Pietás confeccionadas em gesso e bronze, entre 1920 e 1940; Virgens com criança e Anjos, cenas bíblicas (Santa Ceia, Senhor dos Passos, Anunciação), crucifixos e santos (São Francisco, São Jerônimo, São Paulo) feitos em gesso, bronze patinado, terracota e madeira, nas décadas de 1940 e 1950; além de imagens masculinas, em sua maior parte dos anos 1940, esculpidas em gesso.

 

Dentro do universo religioso, Victor Brecheret concebeu esculturas que exibem seu cuidado e primor em todos os aspectos, inclusive em relação às características fisionômicas, como podemos observar nos Sacerdotes e Apóstolos, que exibem expressões faciais bem marcadas como se estivessem refletindo a busca de razões internas e meditações espirituais. Em Os Anjos e os Santos, o semblante é de felicidade, de certa forma nostálgico, relembrando o recebimento da luz divina. Já no final de sua vida, produziu esculturas delicadas, em barro cozido (terracota), se aproximando da estética do barroco brasileiro e demonstrando um preciosismo notável. De acordo com Sandra Brecheret Pellegrini, o ponto alto da escultura religiosa de Brecheret é, sem dúvida, a figura de São Francisco: “Explorada sob vários ângulos, tamanhos e formas, nos leva a acreditar que seja o santo de sua preferência, por seu amor à natureza.”

 

A mostra “Brecheret e sua Visão do Sagrado” transmite todo o amor que o escultor sentia pelas artes plásticas, sentimento com o qual se dedicou inteiramente ao ofício. Ressalta seu brilhantismo na trajetória artística de uma obra que teve início no século passado e que permanece hígida, atual, moderna, provocante. Cativa a memória dos paulistanos, por sua presença através de esculturas espalhadas pela cidade, as quais conferiram à capital parte de sua identidade social e cultural.

 

 

De 18 de setembro a 16 de novembro.

Liuba na Marcelo Guarnieri

01/set

Com o objetivo de aproximar o público das obras e do universo da artista, a galeria Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, inaugura a exposição “LIUBA”, que reproduz parte do atelier da artista em São Paulo. A produção artística de Liuba dividiu-se nas três cidades em que residiu e estudou: Paris, Zurique e São Paulo. Na última, o seu atelier no bairro do Jardim Europa, preserva parte das obras de seu acervo, e testemunha a memória do processo de criação e execução de suas esculturas.

 

Para reconstrução do clima e da atmosfera do ambiente, a galeria selecionou 40 obras em bronze, de sua profícua fase dos anos 60 e 70. Com trabalhos que variam entre pequenas e médias peças, as esculturas da artista ganharam notoriedade do público e da crítica especializada, pelas formas e traços que remetem à agressividade de pássaros ou do humano em sua face animalesca. Aproximando-se de sua geração contemporânea, e do grito expressivo dos artistas modernos, suas obras podem ser vistas em museus e coleções ao redor do mundo, e em obras públicas ao redor do rio Sena em Paris, como “Upright Sculpture” de 1977, e “Animal I”, de 1985, ambas no Quai Saint Bernard.

 

Dois bustos, um retrato em bronze do marido Ernesto Wolf, e o outro do irmão, em gesso, que ficavam virados de costas no atelier da artista, denotavam a mudança de linguagem de sua produção. Se na década de 60, Liuba esculpia cabeças tradicionais, nos anos 70, após exercitar as suas formas-pássaros, a artista retoma o imaginário dos bustos, conferindo uma linguagem própria e autoral. Os bustos sugerem, por sua vez, uma aproximação zoomórfica, na qual o humano equilibra-se com o animal.  Além das esculturas, três desenhos de estudos, as bases originais em gesso das peças em bronze e instrumentos de trabalho, serão expostos na galeria. Complementa-se à exposição, a exibição inédita do ensaio visual “LIUBA”, realizado por Luana Capobianco, com imagens das obras, dos materiais utilizados na execução das peças e seus ateliês de São Paulo e Paris.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida em 1923 na Bulgária, Liuba Wolf ingressa na Escola de Belas Artes de Genebra em 1943. Em 1944 começa a estudar escultura com Germaine Richier, a princípio na Suiça, depois em Paris, em 1946, onde passa a viver e trabalhar em seu atelier. Em 1949, ainda vivendo em Paris, monta atelier também em São Paulo. Casa-se com Ernesto Wolf em 1958 no Brasil, e passa a dividir seu tempo entre os  ateliers de São Paulo e Paris. A partir de 1989 estabelece atelier também na Suiça. Morre em São Paulo em 2005. Liuba Wolf participou anualmente do Salon de la Jeune Sculpture de Paris no período entre 1964 e 1979, e em inúmeros salões de arte no Brasil entre eles o Salão Nacional de Arte Moderna do Rio de Janeiro em 1962 e 1963 como também a participação sistemática do Panorama de Arte Atual Brasileira no MAM de São Paulo no período de 1970 a 1985. Realizou diversas exposições individuais, destacando-se a no MAM-Rio em 1965, no Museu de Saint Paul de Vence na França em 1968, na Galeria Achim Moeller em Londres em 1972, no Hakone Open Air Museum no Japão em 1985 e na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1996. Suas participações em exposições coletivas incluem também as mostras: Bienal de Carrara em 1962, 12º e 13ª Biennale Internazionale del Bronzetto na Itália (1979 e 1981), Artistas Latino Americanos no Museu Nacional de Arte Moderna de Paris (1967), 7ª/ 8ª/9ª e 12ª Bienal Internacional de São Paulo (1963/1965/1967 e 1973). Foi premiada no Salon d´Automne em Paris em 1947 e 1957, no Salão Nacional de Arte Moderna no Rio de Janeiro em 1962 e na 7º Bienal Internacional de São Paulo em 1963. Suas obras intregram importantes coleções públicas internacionais como a do Fond National d’Art Contemporain de Paris, do Museu de Saint Paul de Vence na França, do Kunsthelle de Nuremberg na  Alemanha, do Hakone Open Air Museum no Japão e do Musée de la Sculpture en Plein Air de la Ville de Paris; e integram também importantes coleções públicas nacionais como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, da Coleção da Bienal de São Paulo e do Museu do Artista Brasileiro em Brasília. A artista também possui obras em importantes coleções privadas em diversos países tais como Brasil, Argentina, Canadá, Inglaterra, França, Alemanha, Japão, Suíça e Estados Unidos.

 

 

Comentário sobre a sua obra

 

A partir da década de 50 Liuba Wolf afasta-se da expressão essencialmente figurativa que até então caracteriza seus trabalhos e passando a produzir uma obra situada na fronteira entre a figuração e a abstração, a representação geométrica e o mundo orgânico. Utilizou principalmente o bronze para as suas esculturas, ainda que eventualmente tenha se utilizado de outros materiais, como nas composições do início dos anos 70, produzidas em poliéster. Realizou diversos desenhos e esboços de suas obras. Dedicou-se também à criação de joias.

 

 

De 06 de setembro a 18 de outubro.

Ranulpho: Arte em Estilos, a exposição

Uma das galerias mais antigas e atuantes do país, a Ranulpho galeria de arte, Bairro do Recife, Recife, PE, inaugurou a exposição coletiva “Arte em estilos”.  Em sua nova exposição obras e artistas de tradição na casa exibidora composto por nomes como Juarez Machado, Reynaldo Fonseca, Virgolino, Vicente do Rego Monteiro, Alcides Santos, Romanelli, Claudio Tozzi, Isolda, Mário Nunes e Iracema Arditi. Na divulgação do evento destaca-se a seguinte afirmativa: “…É da maior importância para uma galeria com uma trajetória profissional de 46 anos, revelar um novo e raro talento que estamos apresentando nesta exposição”.  O talento apontado é o jovem pintor Rafael Guerra.

 

 

Sobre Rafael Guerra

 

Rafael Guerra, nascido no Recife, PE, o jovem de 27 anos seguiu sua paixão pela natureza e formou-se em Biologia na UFPE. Entretanto, seu desejo de estudar e observar a mesma natureza pelo viés artístico o levou a explorar suas habilidades na pintura, algo que até então era um mero passa tempo em sua vida. Assim, em 2009, ele se mudou para Itália, onde começou seus estudos em desenho e pintura na Florence Academy of Art (FAA), deixando a biologia para trás. Durante seu tempo na Academia, Rafael recebeu prêmios pelo seu desempenho estudantil, incluindo uma bolsa de estudos, que lhe garantiu uma estada de mais um ano na instituição de ensino. Durante este quarto ano na FAA, Guerra trabalhou com o Diretor do local, Daniel Graves, em seu estúdio em Florença. Paralelo a isso, o artista assumiu o papel de professor assistente no Programa Intensivo de Desenho da FAA durante um ano. Atualmente o pernambucano trabalha como pintor em Florença ao passo que está montando um estúdio pessoal no Sul da Finlândia e outro no Brasil, locais onde pretende dedicar seu tempo à pintura.

 

 

Até 12 de setembro.

Quase figura, Quase forma

19/ago

Dando sequência às comemorações de seus 10 anos, a Galeria Estação, Pinheiros, São Paulo, SP, dessa vez em parceria com a Galeria Millan, realiza a exposição coletiva Quase figura, Quase forma, com curadoria do crítico Lorenzo Mammì. A união das duas galerias, que trabalham com grupos de artistas distintos, reforça a efervescente tese de que não há território que separe a produção reconhecida como popular da temática contemporânea.

 

Alcides Pereira dos Santos, Ana Prata, Aurelino dos Santos, Cícero Alves dos Santos, Felipe Cohen, João Cosmo Felix, João Francisco da Silva, José Bezerra, Neves Torres, Paulo Pasta, Sebastião Theodoro Paulino, e Tatiana Blass são os nomes representados pelas duas galerias. Contudo o curador selecionou também artistas que fazem parte de outros elencos, como Marina Rheingantz (Galeria Fortes Vilaça), Fabio Miguez e Sergio Sister (Galeria Nara Roesler) e Paulo Monteiro (Galeria Mendes Wood).

 

Para Lorenzo Mammì, enquanto muitos artistas contemporâneos estão se reaproximando de questões ligadas à representação ou encarando o problema do suporte de maneira mais individualizada e menos conceitual, a arte popular está gradativamente assumindo uma relação formalmente mais livre com seu repertório tradicional.

 

Ainda segundo Lorenzo Mammì, uma análise criteriosa da produção de arte contemporânea e da popular dos últimos trinta anos revela possíveis convergências a serem exploradas.  Para o curador, o final da década de 70 marca o início de uma valorização da figuração em relação à abstração na pintura contemporânea. “Talvez se possa dizer que, se o século XX foi tendencialmente um século de abstração, o XXI começa como século figurativo”, completa.

 

Paralelamente, Mammì defende que a arte popular brasileira – sempre enraizada nos conceitos de imagem, figura e signo – ampliou seu repertório ao permitir que a vocação autoral de seus representantes ganhasse cada vez mais espaço. “Certo apagamento da imagem, certa dissolução de estruturas narrativas tradicionais e simbologias já constituídas, podem ser identificados também, a meu ver, na arte popular mais recente”, diz o crítico.

 

Mammì ressalta que a arte popular no Brasil, “…nunca foi estritamente folclórica, no sentido de repetir, sem pretensão de singularidade, um repertório comunitário herdado”. Segundo ele, com exceção da arte indígena, este repertório praticamente não existia, ou era de importação muito recente. Mammì destaca ainda que o fato de o artesanato se desenvolver desde o começo perto dos centros urbanos ou dentro deles, onde o comércio era mais intenso, favoreceu uma produção com características individuais mais marcadas. “As fronteiras nunca foram rígidas: artistas de origem popular, como Emygdio de Souza, Agnaldo dos Santos, Djanira e Heitor dos Prazeres, circularam em ambiente culto, enquanto pintores de formação erudita (Guignard, Volpi, Pancetti) se aproximaram da linguagem popular”, completa.

 

 

 

De 21 de agosto a 10 de outubro.