Danúbio Gonçalves, 90 anos.

30/jan

O artista plástico Danúbio Gonçalves completou 90 anos. Pintor, gravador, desenhista, mosaicista, ilustrador e professor, é o último representante do coletivo de artes visuais  conhecido como “Os Quatro de Bagé”: Carlos Scliar, Glauco Rodrigues e Glênio Bianchetti.  Reuniram-se – nos anos 40 e 50 – em Bagé, cidade fronteiriça do Rio Grande do Sul, com a intenção de criar obras que retratasse os hábitos culturais do estado. O grupo também participou ativamente do Clube de Gravura de Porto Alegre. No ano de 2014 morre Glênio Bianchetti, fixado em Brasília, os demais, Glauco Rodrigues e Carlos Scliar já haviam falecido. Danúbio Gonçalves – embora tenha sido aluno de Portinari no Rio de Janeiro nos anos 50 –  optou por desenvolver sua carreira no Rio Grande do Sul. Danúbio foi determinante na carreira de muitos artistas que o sucederam, pois foi por muitos anos diretor e professor do Atelier Livre da Prefeitura de Porto Alegre. Assinalando a data, podem ser vistas no saguão do MARGS ADO MALAGOLI, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, presta homenagem ao artista exibindo algumas obras de seu acervo.

 

 

Até 29 de março.

Individual de Dino Pazzanese

28/jan

A Galeria Vilanova, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, exibe “Taste Wild Water”, exposição individual do artista plástico Dino Pazzanese, com curadoria de Bianca Boeckel. As 6 telas que compõem a exposição mostram figuras femininas com histórias nada óbvias e traços marcantes, ora em cenários claros, ora escuros, secundários à profundidade dos olhares e sofrimentos retratados.

 

A inspiração de Dino Pazzanese para esta série encontra-se em diversas fontes: desde a natureza e nossa relação com ela, até conflitos entre anseios e necessidades com os nossos instintos; a loucura que a sociedade impõe e subtrai das nossas verdadeiras inclinações e sonhos. Com estilo que acredita ser inerente à individualidade de sua própria alma, em “Taste Wild Water”, o artista pinta mulheres com contornos retilíneos e traços fortes, transmitindo mais que meros sentimentos em suas feições, envolvidas em atmosferas que denotam paz, aprisionamento, melancolia ou até mesmo sensualidade. Caracterizada por suas figuras e histórias de inclinação mitológica, a pintura de Dino Pazzanese pode também representar situações políticas, emocionais e românticas, enquanto persegue a história do mundo. Sobre seu trabalho, o artista comenta: “Em relação às cores, são representações também de elementos geralmente naturais, com bastante vontade de buscar as cores do sol ou da luz da lua, da terra ou das plantas, e as forças e exuberância do corpo e os lampejos da alma.”.

 

Por opção e propositadamente, Dino Pazzanese se desvincula da arte contemporânea, por acreditar e apostar sempre em sua verdade pessoal. Conceitos à parte, eis uma oportunidade única de conhecer este mundo peculiar do artista. Nas palavras de Bianca Boeckel: “Com esta mostra, oferecemos um mergulho em novas sensações visuais e percepções. Um passo ousado para a Galeria Vilanova, que visa sempre surpreender com novas temáticas.”.

 

 

De 07 de fevereiro a 05 de março.

Kandisnky no Brasil

14/nov

Brasília é a primeira cidade fora da Europa a receber uma exposição com obras do criador do abstracionismo, Wassily Kandinsky. Cerca de 150 peças, entre quadros, objetos, fotos, livros e cartas sobre o artista, seus contemporâneos e suas influências podem ser vistos no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). A mostra está dividida em cinco blocos: Kandinsky e as raízes de sua obra em relação com a cultura popular e o folclore russo; Kandinsky e o universo espiritual do xamanismo no Norte da Rússia; Kandinsky na Alemanha e as experiências no grupo Der Blaue Reiter, vida em Murnau; Diálogo entre música e pintura: a amizade entre Kandinsky e Schonberg; Caminhos abertos pela abstração: Kandinsky e seus contemporâneos.

 

As peças em exposição pertencem ao acervo de nove museus e de coleções particulares vindos da Rússia, Alemanha, Áustria, Inglaterra e França. Alguns dos principais itens são do Museu Estatal Russo de São Petersburgo. A organização da mostra também teve participação da Arte A Produções, responsável pela “Virada Russa”, realizada em 2009, no circuito do CCBB.

 

Mais do que apresentar obras do pintor russo, “Kandinsky – Tudo começa num ponto” oferece ao público a oportunidade de conhecer as referências de sua obra, como a relação entre arte e espiritualidade, a cultura popular no norte da Sibéria, o folclore russo, a música e os rituais xamânicos. As peças em exposição estão divididas em três espaços, um deles interativo. Utilizando óculos especiais, o público pode conferir uma das obras do pintor se desmembrando de acordo com o movimento do visitante e emitindo sons. Também é possível ouvir a descrição das cores e de suas características.

 

Na exposição, há pinturas de todas as fases do pintor, ilustrações de contos populares, símbolos religiosos, séries de paisagens, roupas e tambores utilizados em rituais xamânicos, coleções de objetos de cerâmica e litogravuras. Além de Kandinsky, a mostra traz quadros de artistas contemporâneos, como a ex-mulher Gabriele Münter, Alexej Von Jawlensky , Mikhail Larionov, Pavel Filonov, Nikolai Kulbin e Aristarkh Lentulov.

 

O objetivo dos curadores da mostra, Evgenia Petrova e Joseph Kiblitsky, é fazer com que o espectador entenda vida e obra do pintor e também a relação com outros artistas e com a cultura de sua época. A ideia é compreender o contexto que ajudou na sua formação, dar um “mergulho no mundo que cercou e influenciou Kandinsky”. Para o diretor-geral da exposição, Rodolfo de Athayde, entender o gênio criativo implica compreender a sensibilidade que marcou a história da arte no século XX. “Esta exposição apresenta o prólogo dessa história enriquecida, que é a arte moderna e contemporânea. O modo em que se forjou a passagem para a abstração, os recursos a partir dos quais a figuração deixou de ser a única via possível para representar os estados mais vitais do ser humano, e finalmente o novo caminho desbravado a partir dessa ruptura”.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Moscou, em 16 de dezembro de 1844, Wassaly Kandinsky formou-se em Direito antes de iniciar sua vida como pintor. Uma visita a uma exposição de artistas impressionistas franceses e ao Teatro Bolshoi, onde assistiu à ópera Lohengrin, de Richard Wagner, despertaram o desejo de produzir arte. Em 1896, ele se mudou para Munique, na Alemanha, onde iniciou o curso de pintura. Em 1900, ele ingressou na Academia de Artes de Munique, onde estudou com Franz Stuck. Foi neste período que conheceu a artista Gabriele Münter, com quem passou a viver até o início da 1ª Guerra Mundial. Em 1911, Kandinsky e Franz Marc criaram o grupo Der Blaue Reiter (Cavaleiro Azul).  O período em que viveu na Alemanha é considerado o de maior desenvolvimento da arte abstracionista do pintor. No ano seguinte, ele publicou “Do espiritual na arte”, a primeira fundamentação teórica da arte abstrata. Ele escreveu ainda um livro de memórias e uma coletânea de poesias com 55 litogravuras, ambos em 1913. No início da guerra, voltou para Moscou, já sem Gabriele. Participou de eventos culturais e políticos no período após a Revolução Russa. Casou-se com a filha de um general, em 1917, e cooperou com o comitê popular de educação, ensinando arte e auxiliando na reforma e na criação de museus, entre 1918 e 1921. Kandinsky voltou à Alemanha em 1922. Em seguida, aceitou o convite de Walter Groupiuos e começou a lecionar na escola Bauhaus, onde permaneceu até 1932. Os 159 quadros pintados a óleo e as 300 aquarelas produzidos entre 1926 e 1933 se perderam depois que os nazistas declararam o artista “degenerado”.  Aos 67 anos, o pintor se mudou para a França. Ao lado da mulher, ele passou a viver em Neuilly-sur-Seine, perto de Paris. Foi a última morada de Kadinsky até sua morte, em 13 de dezembro de 1944.

 

 

Locais e datas.

Depois de Brasília, a mostra “Kandinsky- Tudo começa num ponto” segue para o Rio de Janeiro, entre 27 de janeiro e 30 de março de 2015. São Paulo receberá o evento entre 18 de abril e 29 de junho de 2015. A exposição se despede do Brasil em Belo Horizonte, entre 21 de julho e 28 de setembro de 2015.

Conchas, caramujos e caracóis

10/nov

Anna Letycia, um dos grandes expoentes da gravura brasileira, acaba de finalizar a nova produção de trabalhos que serão expostos na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, na mostra “Arte em Papel”. São dez gravuras inéditas em técnica mista e colagens; uma nova versão do seu universo de conchas, caramujos e caracóis. Nessa mostra, Anna Letycia exibe peças únicas, já que os diversos elementos têm formas e cores variadas e maneiras distintas de apresentação.

 

 

Sobre a artista

 

Anna Letycia moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, apresentando-se em técnicas diversas como ponta seca, água forte, água tinta, açúcar com guache mas também é conhecida por suas pinturas. Começou estudando pintura com Anna Letycia moldou sua carreira a partir de expressivos e sóbrios traços geométricos, apresentando-se em técnicas diversas como ponta seca, água forte, água tinta, açúcar com guache mas também é conhecida por suas pinturas. Começou estudando pintura com Bustamante Sá e mais tarde, pintura com Ivan Serpa. Participou de cursos de gravura com Goeldi, Iberê Camargo e Darel. Sua gravura passou pelas fases dos caramujos, formigas, verduras e frutas, pássaros, tatus, caixas, caracóis geométricos, até chegar á novas imagens.Sua gravura passou pelas fases dos caramujos, formigas, verduras e frutas, pássaros, tatus, caixas, caracóis geométricos, até chegar á novas imagens.

 

Artista militante e vencedora, Anna Letycia foi premiada na Bienal dos Jovens de Paris, na Bienal de Pequim e no Salão Nacional de Arte Moderna, entre outros eventos. Já realizou mais de 15 mostras individuais e participou de coletivas, como as bienais internacionais de Veneza, Tóquio e Florença, dentre outras no Brasil e no exterior. Em seu longo percurso, ela foi cenógrafa e figurinista do Teatro Tablado, tendo sido parceira da amiga Maria Clara Machado em peças como “O cavalinho azul” e “A bruxinha que era boa”, e trabalhou com Jorge Amado no jornal “Paratodos”. Em 1975, fundou, juntamente com Aloísio Magalhães, Thereza Miranda, Márcia Barroso do Amaral, Bárbara Sparvoli, Dadá Carvalho Brito e Haroldo Barroso, a galeria de arte Gravura Brasileira, em Copacabana, a primeira – no Rio de Janeiro – dedicada à comercialização de gravura e desenho. Também fez a curadoria da exposição “Os inumeráveis estados do ser”, em 1997, para celebrar o Museu de Imagens do Inconsciente, de Nise da Silveira, Anna Letycia chegou a ser presidente da sociedade de amigos do museu. Ainda atuou como carnavalesca da União de Jacarepaguá, onde criou um enredo sobre Mestre Valentim, em 1963; e criou, em 1977, a Oficina de Gravura do Museu do Ingá, em Niterói, RJ.

 

 

De 04 a 20 de dezembro. 

Inox exibe Burle Marx

04/nov

A galeria Inox de Arte Contemporânea, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, exibe oito nanquins – da série “Erótica”  – de  Roberto Burle Marx. Conhecido internacionalmente como um dos mais importantes arquitetos paisagistas do século XX, Roberto Burle Marx estudou pintura em Berlim, na Alemanha, no final dos anos 1920. De volta ao Brasil, continuou seus estudos no Rio de Janeiro, na Escola de Belas Artes. Os jardins planejados por Burle Marx eram comparados a pinturas abstratas, alguns bem curvilíneos, outros de linhas retas, usando plantas nativas brasileiras para criar blocos de cor. Além de paisagista de renome internacional, também foi um pintor notável, além de escultor, tapeceiro, ceramista e designer de jóias.

 

 

Sobre a Inox

 

Sócios da Galeria Inox, os irmãos Carneiro, Gustavo e Guilherme são colecionadores fanáticos de arte e conhecidos por possuírem um olhar apurado, curadoria afinada e bastante seletiva. O gosto pela arte esteve presente desde cedo em suas vidas, trazidas através dos pais, donos de um antiquário. O primeiro contato que tiveram com arte contemporânea, e o início de sua coleção, foi através do artista Palatnik. Os irmãos quando adolescentes comercializavam em feiras de antiguidade os animais em acrílico produzidos em série pelo artista na década de 1970. Já revelavam talento para comercialização desde bem novos. Hoje eles são donos da Galeria Inox, espaço dedicado a exposições de arte contemporânea que existe há 5 anos, no shopping Cassino Atlântico, em Copacabana. Além da galeria, os irmãos cuidam de uma coleção pessoal rica e bem extensa, dividida entre suas casas. O acervo conta com artistas renomados como Oscar Niemeyer, Abraham Palatnik, Burle Marx, Nelson Félix, Angelo Venosa, Tunga, Rodrigo Andrade, Brígida Baltar, Adriana Varejão, Artur Barrio, Beatriz Milhazes, Iole de Freitas, entre muitos outros dos quais são fãs. “Temos esta coleção porque precisamos, é um vício, uma necessidade”. Afirma um dos irmãos.

 

 

De 05 a 22 de novembro.

Dalí no Instituto Tomie Ohtake

09/out

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, responsável pela organização da maior retrospectiva de Salvador Dalí já feita no país, traz agora a mostra para a sua sede. “Salvador Dalí”, em São Paulo, apresenta, no entanto, algumas novidades em relação à temporada carioca: cinco novas obras provenientes da Fundação Gala-Salvador Dalí e outras duas do Museu Reina Sofia, instituições detentoras da maioria dos trabalhos expostos. As obras que foram incluídas substituem alguns dos trabalhos da coleção do Museu Salvador Dalí, da Flórida, EUA.

 

Dentre essas sete obras do mestre do surrealismo está o valioso e pequeno óleo sobre madeira “O espectro do sex-appeal”, de 1934. Do tamanho de meia folha de papel, atribui-se à pequena pintura a forma como Dalí plasmou, de modo concreto, o temor pela sexualidade. “Desnudo”, de 1924, que pertenceu a Federico García Lorca, “Homem com a cabeça cheia de nuvens”, de 1936, de profunda carga simbólica, com referência explícita a René Magritte e “O piano surrealista”, de 1937, fruto de sua colaboração com os Irmãos Marx, estão entre os trabalhos incluídos.

 

Um catálogo especial acompanha a exposição e aborda a totalidade das peças apresentadas, um total de 218, assim como sua recepção crítica entre escritores e especialistas de grande renome, como Eliane Robert Moraes, Paulo Miyada e Veronica Stigger.

 

A retrospectiva de Dalí, com curadoria de Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos da Fundação Gala-Dalí, foi organizada para convidar o público a mergulhar por um universo onírico, simbólico e fantasioso. O conjunto de peças é formado por 24 pinturas, 135 trabalhos entre desenhos e gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes. O espectador terá contato com a produção de Dalí desde os anos 1920 até seus últimos trabalhos, proporcionando ao visitante uma clara percepção de sua evolução, não só técnica, mas de suas influências, recursos temáticos, referências ideológicas e simbolismos.

 

Será possível ver as telas do período de sua formação como pintor – além do já citado “Desnudo”, “Retrato de meu pai e casa de Es Llaner”, de 1920, “Retrato de minha irmã”, de 1925, e “Autorretrato cubista”, de 1926. Tais pinturas, além de marcarem o início da pesquisa de Dalí, também dão mostras de sua vasta e instigante produção de retratos, que, em suas diferentes interpretações e abordagens, acompanham a metamorfose de um trabalho marcado pelo questionamento sobre a realidade.

 

A fase surrealista, que deu fama mundial ao artista catalão, será exibida através de telas que apresentam seu método paranóico-crítico de representação, com obras muito significativas como “O Sentimento de Velocidade”, de 1931, “Monumento imperial à mulher-menina”, de 1929, “Figura e drapeado em uma paisagem”, de 1935 e “Paisagem pagã média”, de 1937.

 

O público também poderá conferir a contribuição de Dalí para a sétima arte. Os filmes “O cão andaluz”, de 1929 e “A idade do ouro”, de 1930, codirigidos por Salvador Dalí e Luís Buñel, e “Quando fala o coração”, de 1945, de Alfred Hitchcock, cujas cenas do sonho foram desenhadas pelo artista, serão exibidos dentro do espaço expositivo, apresentando um pouco mais da diversidade e da linguagem adotada pelo artista. Além disso, duas mostras de cinema acontecem em paralelo à exposição: a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, que exibirá os filmes “O cão andaluz” e “A idade do ouro”, em suas versões integrais, e o Museu da Imagem e do Som (MIS) organizará a mostra “Surrealismo no Cinema”, entre os dias 16 e 21 de dezembro.

 

O acervo, por sua vez, apresenta documentos e livros da biblioteca particular de Dalí, provenientes do arquivo do Centro de Estudos Dalinianos, que dialogam com as pinturas proporcionando ao visitante uma viagem biográfica e artística pela carreira do pintor. É o caso dos títulos “Imaculada Conceição”, de 1930, de André Breton e Paul Eluard, e “Onan”, de 1934, de Georges Hugnet. As raridades tiveram seus frontispícios assinados por Salvador Dalí e retratam as bases do surrealismo na literatura.

 

O conjunto conta ainda com as ilustrações feitas para os clássicos da literatura mundial, como “Dom Quixote de La Mancha”, de Miguel de Cervantes, e “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carrol. Merecem destaque os desenhos que ilustram o livro “Cantos de Maldoror”, de 1869, de Isidore Lucien Ducasse (mais conhecido como Conde de Lautréamont), autor de grande referência entre os jovens surrealistas. É possível reconhecer nesses desenhos, por exemplo, as muitas figuras recorrentes na obra de Dalí, como objetos cortantes, muletas, corpos mutilados etc. Eliane Robert Moraes, em texto que acompanha o catálogo da exposição, diz que, movidos por uma crescente revolta pós-guerra, esses artistas “viram na violência poética de Ducasse uma alternativa para seus dilemas estéticos e existenciais”.

 

“Queremos mostrar o Dalí surrealista, mas também aquele que se antecipa ao seu tempo, que é audacioso, que defende a liberdade de imaginação do artista em sua própria criação. Ao mesmo tempo, a mostra passeia pela trajetória artística e pessoal de Salvador Dalí”, explica Montse Aguer, curadora da exposição. “Após a visita, todos entenderão sua importância como artista, não só no surrealismo, mas na história da arte. Isso significa uma importante ligação com a arte contemporânea, enquanto Dalí parte de uma profunda compreensão e respeito pela tradição”, conclui.

 

Para trazer o acervo ao Brasil, o Instituto Tomie Ohtake participou de uma longa negociação com os museus envolvidos. “Foram cinco anos de muitas tentativas e conversas com os detentores das grandes coleções de Dalí, para se concretizar as exposições do artista no Brasil, pela primeira vez com pinturas, e com maior concentração na fase surrealista”, revela Ricardo Ohtake, presidente da instituição.

 

Segundo Ricardo Ohtake, o Instituto tem se destacado por realizar uma programação múltipla e independente, possível graças ao apoio de empresas que acreditam no poder da cultura e da arte na formação do país. “São parcerias que construímos em cada projeto” afirma. No caso da exposição de Dalí, foi fundamental o patrocínio em São Paulo, da Arteris, do IRB Brasil RE e da Vivo, o co-patrocínio da Atento e do Banco do Brasil e o apoio da BrasilCap, BrasilPrev, dos Correios, do Grupo Segurador BB Mapfre e da Prosegur.

 

 

 

De 18 de outubro 1 de janeiro de 2015.

Portinari: A capela da Nonna

02/out

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS-SP, equipamento da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, em parceria com o Museu Casa de Portinari, exibe “Capela da Nonna: Fé, Religiosidade e Arte”, uma reprodução em tamanho real do cômodo pintado pelo artista especialmente para que sua avó Pellegrina orar, porque em virtude da idade avançada e pouca saúde, não podia se locomover até a igreja da cidade (Brodowsqui). A obra apresenta os santos de devoção da “Nonna”.

 

Por meio de painéis e recursos cênicos, o espaço original foi recriado com as dimensões e as mesmas pinturas feitas pelo artista: São Francisco de Assis, Santa Luzia, São Pedro, São João Batista, a Sagrada Família, entre outras. As imagens dos santos são reproduzidas com a feição de parentes e amigos do pintor, uma tradição presente na pintura do século XV, principalmente entre artistas flamengos e italianos, e que Portinari retomou.

 

Para Angelica Fabbri, diretora do Museu Casa de Portinari, a presente exposição “leva ao público este conjunto de arte sacra tão significativo e ímpar na obra de Candido Portinari, em forma de capela, feita para a avó num gesto de amor e carinho.”.

 

 

A partir de 07 de outubro.  

​No Museu Afro-Brasil

18/set

A serpente sempre capturou a atenção do homem. Poucos animais possuem uma iconografia tão rica, com a presença de arquétipos contrapostos: o bem e o mal; conhecimento e desrazão; a vida e a morte. O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, Portão 10, São Paulo, SP, instituição da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, envereda pelos caminhos sinuosos das representações artísticas do ofídio, em duas novas exposições simultâneas: “José de Guimarães – O Ritual da Serpente: 10 Guaches inspirados na obra de Aby Warburg” e “A Serpente no Imaginário Artístico”.

 

Na data de abertura, o Museu Afro Brasil lançou seu aplicativo para dispositivos móveis, disponível para Android e IOS, com download gratuito na Google Play e App Store. O aplicativo traz informações sobre o Museu, o Diretor-Curador Emanoel Araujo, seu Acervo, disponibilidade de programação cultural atualizada (exposições temporárias e eventos educativos), geolocalização e funcionalidades de audioguia.

 

 

Sobre a individual de José de Guimarães

 

Um dos mais importantes, entre os atuais artistas plásticos de Portugal, conhecido pelo uso rigoroso das cores, José de Guimarães apresenta seu mais recente trabalho, realizado especialmente para as comemorações dos dez anos do Museu Afro Brasil. Os dez guaches espelham sua interpretação pictórica da obra do historiador da arte Aby Warburg (1866-1929). O estudioso alemão esteve na América do Norte, no final do século XIX, para pesquisar sobre o “Ritual da Serpente” dos índios hopis.

 

“A arte de José de Guimarães é ao mesmo tempo una e múltipla, como o próprio artista que, ao deixar-se contaminar por uma diversidade de culturas, cria uma comunicação e uma identidade mestiças, regenerando padrões e singularidades”, afirma Emanoel Araujo. Ele também assina a curadoria das duas exposições. Essa é a segunda exposição dos trabalhos de Guimarães no Museu Afro Brasil. Em 2006, ele realizou a exposição “África e Africanias”.

 

 

Sobre mostra coletiva

 

Já a mostra “A Serpente no Imaginário Artístico” capta toda a extensa simbologia da serpente nas artes. Ela é encontrada nas máscaras gueledé, e nas variegadas garrafas e bandeiras do vodu haitiano, que integram a mostra. Suas formas tortuosas inspiraram a visão dos artistas: ela se esgueira na escultura de Mestre Didi, e do beninense Kifouli, reverbera na tela de Siron Franco, e se incrusta na gravura de Gilvan Samico. Estarão expostas também obras de Carybé, Juarez Paraíso, Francisco Graciano, Noemisa Batista dos Santos, além de trabalhos do Benim e Haiti. As obras dessa mostra pertencem ao acervo do Museu Afro Brasil.

 

 

 

Até 07 de dezembro.

O Rio de Juarez Machado

16/set

Chama-se “Rio de Outrora e Rio de Agora”, a exposição individual de pinturas que marca o retorno de exposições de Juarez Machado no Brasil. A mostra foi inaugurada na Galeria de Arte Maurício Pontual, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, em Copacabana. Uma visão divertida e peculiar do Rio, retratado em duas épocas pelo artista catarinense, atualmente radicado na França.

 

 

Juarez Machado, um eterno criador de imagens

 

Juarez Machado é um artista que transcende a pintura propriamente dita, com seu humor irreverente, este artista sempre deixou sua marca. Nesta exposição, Juarez Machado escolheu como tema a cidade do Rio de Janeiro, retratando duas épocas com seus traços muito peculiares.

 

Mauricio Pontual

 

 

Até 30 de setembro.

DOIS NA VILANOVA

15/set

A Galeria Vilanova, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inaugura a exposição “Entre Flores e Entrelinhas”, dos artistas plásticos Virgilio Neves e Vitor Azambuja, com curadoria de Bianca Boeckel. Para a mostra, foram selecionadas 11 obras inéditas – entre desenhos e pinturas -, cujo tema principal é a primavera e as sensações que acompanham essa estação, em trabalhos que envolvem todos os nossos sentidos e reproduzem flores, cores e aromas.

 

Em duas telas e quatro desenhos, Virgilio Neves cria linhas que ocupam o campo visual dos suportes e que delimitam imagens de maneira aleatória, entregue ao acaso. Após procurar por diversos tipos de ferramentas, o artista iniciou uma pesquisa com extrato de própolis líquido, utilizando este elemento em seus desenhos juntamente com uma caneta definitiva. O resultado obtido foi surpreendente não apenas pelos valores formais, mas pelas metáforas que surgiram a partir de então: “O aroma do própolis trazia sensações positivas que me devolviam à infância. E o poder de fixação desta substância e do seu aroma sobre o papel também estavam intimamente ligados ao poder de fixação desta memória em minha mente.”, comenta.

 

Por sua vez, Vitor Azambuja apresenta cinco telas com um tema recorrente em sua produção: a exuberância das rosas, em tons de cores inusitados e sempre surpreendentes – sua já conhecida marca. Apesar de sua inspiração na natureza, o artista não pinta pela observação e sim pela imaginação – a harmonia na combinação de suas cores não é fruto da reprodução, mas sim o resultado de um ato criativo autônomo. Formado em música pelo Conservatório Brasileiro de Música, como pianista, “para ele as flores, principalmente, o levam indubitavelmente aos sons que delas exalam”, disse Geraldo Edson de Andrade, membro da Associação Brasileira de Críticos de Arte.

 

Em uma celebração ao início da estação mais florida do ano, a primavera, “Entre Flores e Entrelinhas” propicia ao público uma nova visão sobre um tema corriqueiro, com pinturas e desenhos que não apenas se complementam, mas também estreitam o diálogo com o espectador. Nas palavras de Bianca Boeckel: “As obras dos dois artistas cantam e dançam diante dos nossos olhos”.

 

 

De 20 de setembro a 03 de novembro.