Passagens bíblicas de Carlos Araujo

22/jul

 

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Genesis“, exposição individual de pinturas de Carlos Araujo, que retrata passagens bíblicas em 15 obras em óleo sobre tela. A mostra celebra a Jornada da Juventude e a vinda do Papa Francisco ao Brasil.  Há 30 anos Carlos Araujo trabalha apenas sobre o tema sacro, retratando citações da Bíblia, e reúne um acervo impressionante: já pintou 2 mil telas sobre 750 citações. Na mostra carioca, através de seu estilo o artista exibe obras relativas ao livro do Antigo Testamento.

 

 

Paralelamente à mostra será lançado o terceiro livro do artista, “Gênesis”, com 300 páginas, capa dura e sobrecapa, em tiragem de 3 mil exemplares. Composto por telas dispostas em ordem cronológica, traz títulos que fazem referência direta às passagens retratadas. Carlos Araujo morava em Paris quando um convite mudou sua carreira – e sua vida pessoal. “Em 1989, lancei um livro de litogravuras editado por Claude Draeger para a Édition Anthèse, que abordava a temática da não-espiritualidade como uma das causas da miséria humana. Pesquisando, vi que isso não tinha fim. Neste momento recebi uma encomenda de uma grande editora francesa para um livro sobre o Apocalipse de São João – um livro enorme, com capa de bronze. Foi a grande virada: digo que entrei na Bíblia quase por imposição. Mas nunca mais saí dela”, conta o artista.

 

 

A partir daí, Carlos Araujo entrou “em uma viagem sem fim”, como ele mesmo define. Não sem sacrifício. “À medida que você penetra neste universo, tudo o que você achava sobre as coisas deixa de ser e o que você não percebia passa a existir. Foram três anos de reviravolta pessoal, mas depois tudo passou a fluir mais facilmente. E tive a consciência do que teria de fazer com minha arte dali para a frente”, conta.  O galerista Sergio Gonçalves conhece o artista há bastante tempo, e queria muito trazê-lo para a galeria. “Araujo é o único artista brasileiro que tem um quadro no Museu do Vaticano, o painel “Anunciação”, de 1979, e também o único a expor no Parlamento Europeu”, atesta Gonçalves. A mostra no Vaticano aconteceu em 2009, na Basilica Papale di San Paolo, em decorrência do lançamento de seu primeiro livro, “Bíblia Citações” – uma edição de 685 páginas com  a reprodução de 900 obras, com 50cm de altura e pesando 10 quilos, cujo primeiro exemplar foi entregue ao Papa Bento XVI. A individual no Parlamento Europeu ocorreu em 2012 e denominava-se “Peintures de la Biblie”.

 

 

Araujo já tem dois livros com esta temática: além de “Bíblia Citações”, de 2007, lançou, em 2010, “Araujo – Pinturas do Antigo e Novo Testamento”. Na mostra atual  também será lançado o aplicativo para iPad Bíblia em 1000 imagens, com obras do Gênesis ao Apocalipse, lançado este mês em versão eletrônica em quatro línguas, e que até o fim do ano que vem será lançada em mais oito. “Até agora foram 2 mil quadros retratando 750 passagens. Como a Bíblia tem 35 mil citações, acho que ainda tenho um longo caminho pela frente”, diz o artista. “Além do mais, à medida que me aprofundo no estudo dos textos bíblicos, os quadros vão fluindo mais facilmente. E ao traduzir este ensinamento em imagens, me aproximo mais da igreja primitiva, em que as mensagens eram passadas pictoricamente, já que poucos sabiam ler. É quase uma missão: não sem sacrifício, mas com muito prazer”, finaliza.

 
Sobre o artista

 

Carlos Araujo nasceu em São Paulo, SP, 1950. Entre as principais exposições coletivas e individuais que realizou destacam-se: 1973 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, São Paulo, SP, – integra a exposição “Imagens do Brasil”; 1974 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, São Paulo, SP, – individual; 1979 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, individual, Museu do Vaticano – painel “Anunciação”; 1984 -Museu de Arte Brasileira, MAB, São Paulo, SP, – individual; Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, SP, lançamento, “Araujo”, Monografia – Éditions Anthèse, Claude Draeger, Paris; 1988 – lançamento, “Araujo – Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, livro-objeto – litografias originais – French Art Book Editions, Ariane Lancell, Paris; 1993 -Fundação Danielle Miterrand – painel “As crianças do Brasil”, Paris; 2007 – Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Florença, Sala Especial, Florença, Itália; lançamento, “Araujo – Bíblia – Citações 1028 pinturas” – livro, cujo primeiro exemplar foi entregue ao Papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo; Fundação Casa França-Brasil – individual – Rio de Janeiro, RJ; 2008 – Carroussel du Musée du Louvre – coletiva, Paris; 2009 – Basílica Papal de São Paulo – individual, Vaticano; 2010 – Museu Brasileiro da Escultura, MuBE, – individual – São Paulo; 2012 – Parlamento Europeu – individual – Bruxelas, Bélgica.

 

 

De 23 de julho a 24 de agosto.

Maria Martins: metamorfoses

15/jul

 
A exposição “Maria Martins: metamorfoses“, no MAM-SP, Sala Paulo Figueiredo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, acompanha as contínuas transformações na obra de um dos grandes nomes da escultura brasileira. A retrospectiva destaca não apenas as esculturas de Maria Martins, mas também suas pinturas, gravuras e escritos. A obra de Maria Martins é considerada longe da estagnação, da redundância e dos padrões delineados por algum movimento artístico. A vocação metamórfica do trabalho da artista foi investigada a fundo pela pesquisadora e crítica de arte Veronica Stigger, estudiosa do legado da escultora e curadora da mostra.

 

Esta é uma das maiores mostras já realizadas no país sobre a obra da artista. Anteriormente essa tarefa foi assumida, no Rio de Janeiro, pelo conhecido marchand e colecionador Jean Boghicci, em sua galeria de Ipanema. Nascida em Campanha, MG, em 1894, que começou a estudar as técnicas da escultura na Bélgica, na década de 30. São mais de 30 esculturas em exposição, a maioria em bronze, distribuídas em cinco núcleos – “Trópicos”, Lianas”, “Deusas e Monstros”, “Cantos e Esqueletos” -, que são determinados mais pela comunicação formal do que propriamente por uma ordem cronológica. A exposição reúne também livros, artigos, obras bidimensionais em papel e cerâmicas de parede. “É uma artista que não se enquadra em nenhum movimento de arte, ela tem um trabalho muito singular”, descreve a curadora Veronica Stigger, apontando uma das características do trabalho de Maria Martins. Segundo Felipe Chaimovich, curador do MAM-SP, a exposição é uma maneira de o museu lançar um olhar sobre a artista a partir do Brasil. Sem o devido reconhecimento em seu país de origem, Maria Martins consolidou carreira internacional, a ponto de, no ano passado, ganhar postumamente destaque na Documenta de Kassel, Alemanha.

 

“Maria Martins: metamorfoses” exibe as contínuas transformações da forma ao longo do desenvolvimento artístico de Maria Martins, a partir da fase desencadeada pela exposição de 1943, na Valentine Gallery, em Nova York, onde ela inaugurou sua terceira mostra individual, tida como um marco em sua trajetória. Lá, ela assumia, de vez,mudanças significativas – e irreversíveis – na concepção formal de seus trabalhos. Se antes sua representação do humano tendia ao tradicional, com contornos mais nítidos, a partir dali, suas figuras, apesar de ainda reconhecíveis, se entrelaçam a elementos da natureza. Esse encontro do homem com a natureza foi alvo de reverências de artistas surrealistas de seu tempo, como o escritor francês André Breton, autor do “Manifesto Surrealista” de 1924. Na época da exposição individual da artista na Valentine Gallery, ele disse: “Maria conseguiu capturar tão maravilhosamente em sua fonte primitiva não apenas a angústia, a tentação, a febre, mas também a aurora, a felicidade calma, e até mesmo às vezes o puro deleite”. Do desejo de representar a Amazônia, veio a concretização nas esculturas de oito personagens-mitos, batizados de “Amazônia”, “Cobra Grande”, “Boiúna”, “Yara”, “Yemanjá”, “Aiokâ”, “Iacy” e “Boto”. Alguns exemplares dessa série exposta na emblemática mostra de 1943, poderão ser vistos agora na exposição do MAM-SP. Outro destaque de Maria Martins: metamorfoses são os 5 artigos que a artista escreveu para o Correio da Manhã, na década de 60, reunidos sob o título “Poeira da vida”, que voltam a público depois de anos, após serem encontrados por Veronica Stigger na Hemeroteca da Biblioteca Nacional.

 

 

Sobre os núcleos da exposição

 

Trópicos

 

Antes da exposição de 1943, Maria Martins já vinha voltando sua atenção para temas brasileiros, mas ainda moldava seus “Samba”, “Negra”, “Yara” em formas convencionais.Obras como “Yemenjá” e “Iacy” já sinalizam o entrelaçamento do elemento humano ao vegetal, embora as figuras representadas sejam ainda claramente discerníveis.
Lianas

 

Neste segundo conjunto de esculturas, há certa concentração nos elementos que eram secundários no primeiro: as formas enredadas que circundavam as figuras principais. Em “Comme une liane”, é a própria figura feminina que tem seus membros convertidos em algo semelhante a galhos flexíveis ou cipós.

 

Deusas e Monstros

 

Ao longo da carreira, Maria produziu uma série de deusas e monstros, nos quais a figura humana aparece transformada. Em “Impossible”, a escultura mais célebre deste núcleo, o caráter erótico da metamorfose se explicita: dois corpos, um feminino e um masculino, são impedidos de se aproximar totalmente em função das estranhas formas pontiagudas de suas cabeças, ao mesmo tempo em que parecem magneticamente -amorosamente – ligados para sempre.
Cantos

 

Em seu livro sobre Nietzsche, Maria Martins demonstra especial admiração pelos cantos de Zaratustra. Em “O canto da noite”, título que ela toma emprestado para uma de suas esculturas, Nietzsche escreve: “Uma sede está em mim, insaciada e insaciável, que busca erguer a voz”. Em “O canto do mar” e na escultura sem título, as formas se tornam mais arredondadas, mais indefinidas, mais abstratas, numa possível tentativa de dar forma ao que não é palpável, como a voz.
Esqueletos

 

De uma maneira geral, a obra de Maria Martins se voltou sobretudo para as formas orgânicas. No entanto, há um conjunto de trabalhos que tendem à forma do esqueleto, ou seja, que se concentram naquilo que, no organismo, bordeja o inorgânico. “Tamba-tajá” e “Rito dos ritmos” perdem corporalidade, se comparadas com outras esculturas suas, e se reduzem a ossaturas. “Pourquoi toujours”, que pode lembrar a forma de uma planta, é toda pontuada por pequenas caveiras. É como se Maria, barrocamente, nos recordasse que o que resta do humano, ao fim das metamorfoses, são os ossos. Somente a eles corresponde talvez a utopia de uma forma final.

 

Sobre a curadora

 

Veronica Stigger é escritora, pesquisadora, crítica de arte e professora universitária. Fez doutorado em Teoria e Crítica de Arte pela Universidade de São Paulo, USP, com tese sobre a relação entre arte, mito e rito na modernidade, com ênfase nas obras de Piet Mondrian, Kasimir Malevich, Marcel Duchamp e Kurt Schwitters. Também tem pós-doutorado pela Università degli Studi di Roma “La Sapienza” e Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo, MAC-USP, no qual desenvolveu pesquisa sobre as obras de Maria Martins e Flávio de Carvalho. Atualmente, é coordenadora de escrita criativa na Academia Internacional de Cinema e professora de pós-graduação em História da Arte e Fotografia na Fundação Armando Alvares Penteado, FAAP. É autora de livros como “Gran Cabaret Demenzial” e “Os Anões”, além de ser uma das escritoras de “Maria”, organizado por Charles Cosac.

 

 Até 15 de setembro.

Elizabeth Jobim no MAM-RIO

19/jun

O MAM – Rio, Parque do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Elizabeth Jobim – Blocos”, sua primeira individual no Museu, com 13 obras da inédita série “Blocos”, produzidas este ano. Com curadoria de Luiz Camillo Osorio, a artista exibe blocos de dois metros de altura, com pinturas a óleo sobre tela e madeira. Cada trabalho – ou bloco – está disposto em conjuntos de um, dois ou três elementos, cada qual com uma cor distinta. Além do azu – marca da produção da artista – e cores escuras como o verde musgo e o bordeaux, estão nesta exposição trabalhos em cores vibrantes como amarelo limão, laranja e azul turquesa, ou neutras como cinza e ocre. As obras foram pensadas especialmente para o espaço do Museu.

 

Os primeiros elementos com volume aparecem em sua pintura a partir de 2008, quando as telas, dispostas lado a lado, tinham profundidades diversas e assim ganhavam relevo. Na mostra “Endless Lines”, na Lehman College Art Gallery, em Nova York, as telas recobriam as paredes e formavam um único trabalho, cercando o visitante. Nesta exposição, pela primeira vez na trajetória da artista, as obras ganham o espaço. “Antes, o visitante estava rodeado pelo trabalho, que ocupava as paredes. Agora, no MAM, o espectador é quem vai rodear o trabalho, com o seu corpo. A diferença é que a pintura desta vez não tem a parede para se apoiar”, ressalta Elizabeth Jobim.

 

 

Nestes trabalhos, a artista estabelece relações com o neoconcretismo, em especial com os “Objetos Ativos”, de Willys de Castro e os “Penetráveis” de Hélio Oiticica. Luiz Camillo Osorio, ao escrever sobre a exposição, observa que “…este novo momento da obra, todavia, já vinha amadurecendo há algum tempo, com os planos de cor se avolumando e se deslocando na superfície da pintura. Neste salto dos “Blocos” – que remetem aos objetos ativos de Willys de Castro e também aos objetos específicos de Donald Judd  – a estrutura geométrica fica mais solta, assumindo uma corporalidade mais frágil e menos impositiva. As relações de cor são criadas nos intervalos pelos quais o espectador caminha e a apreensão integral da forma instalada só se dá por partes e de modo fragmentado. Os “Blocos” são arejados, vibram com a presença da cor e deixam o olhar caminhar de modo sereno e sem pressa”.

 

“Esta exposição de Beth Jobim é um momento novo de sua obra, deslocando a pintura e a cor para atuarem diretamente no espaço real do espectador. Os ‘Blocos’ são ao mesmo tempo pintura, escultura e instalação. Eles funcionam isolados, como blocos ativos de cor, mas também podem ser integrados enquanto instalação, dinamizando todo o espaço a sua volta. O espectador deve percorrê-lo livremente, criando sua própria narrativa de apreensão e circulação. Creio, entretanto, que o elemento condutor será a atração cromática de cada bloco que vai puxando o movimento do corpo nesta ou naquela direção”, afirma o curador. Esta é a primeira exposição institucional da artista no Rio de janeiro desde “Aberturas”, realizada no Paço Imperial em 2006. Em 2010, a Pinacoteca do Estado de São Paulo organizou a exposição “Elizabeth Jobim – Em azul”.

 

 

Sobre a artista

 

 

Elizabeth Jobim nasceu em 1957 no Rio de Janeiro, onde estudou desenho e pintura com Anna Bella Geiger, Aluísio Carvão e Eduardo Sued. Formou-se em Comunicação Visual na PUC/RJ, em 1981. Cursou especialização em História da Arte e da Arquitetura Brasileira em 1988-1989. De 1990 a 1992, fez mestrado em Fine Arts, MFA, na School of Visual Arts de Nova York. Lecionou no Ateliê de Desenho e Pintura da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro), em 1994 e 2010. Entre as exposições que participou, destacam-se: Salão Nacional de Artes Plásticas, no Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro, 1982/1983; Como vai você Geração 80?, no Parque Lage, Rio de Janeiro, 1984; Rio hoje, no MAM-RIO, 1989; Panorama da arte atual brasileira, no MAM – SP, 1990); Influência poética: dez desenhistas contemporâneos, Amilcar de Castro e Mira Schendel, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 1996; Brasil arte contemporânea brasileira, na Galeria Nacional de Belas Artes, Pequim, China, 2001; O espírito de nossa época: coleção Dulce e João Carlos de Figueiredo Ferraz, no MAMA – Rio e MAM – SP, 2001; Caminhos do contemporâneo – 1952/2002, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2002  e 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS, 2005; Aberturas, no Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2006;  Endless lines, na Lehman College Art Gallery, Nova York, 2008  exposta concomitantemente à instalação Sem fim, na Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro; Voluminous, na Frederico Sève Gallery, Nova York, 2009; Em azul, na Estação Pinacoteca, São Paulo, 2010; Art in Brasil 1950-2011 – Europalia 2011, no Palais des Beaux-Arts, Bruxelas, Bélgica, 2011; Mineral, na Lurixs Arte Contemporânea, Rio de Janeiro, 2012 e Forma e Presença, na Simões Assis Galeria de Arte Curitiba, PR, 2013) e Aproximações Contemporâneas, na Roberto Alban Galeria de Arte, Salvador, BA, 2013. Elizabeth Jobim é filha do famoso compositor Tom Jobim.

 

 

De 20 de junho a 18 de agosto.

Mulheres no CCBB

14/jun

“ELLES: Mulheres artistas na coleção do Centro Pompidou” é um dos cartazes do Centro Cultural Banco do Brasil, CCBB, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Trata-se de uma exposição de obras de artistas mulheres da coleção do Centro Georges Pompidou/ Musée National d’Art Moderne, Paris, França, que abriga a maior coleção de arte contemporânea da Europa. O recorte apresenta desenhos, instalações, pinturas, esculturas, fotografias e vídeos de mais de sessenta artistas pioneiras que revolucionaram, cada uma a seu modo, os conceitos artísticos de seu tempo. Com humor, desprezo, sensualidade e ambigüidade, essas mulheres representam os principais movimentos de Arte Moderna, desde a abstração às questões contemporâneas mais prementes. A curadoria é assinada por Emma Lavigne e Cécile Debray e a organização geral é do próprio Centro Pompidou.

“ELLES” percorre a trajetória da arte contemporânea produzida por mulheres e oferece ao espectador diferentes ângulos de visão – oportunidades para explorar distintas visões e perspectivas a partir do universo de cada criadora. Muitas delas, inclusive, estão representadas em mais de uma seção, devido às características de determinadas obras.

 

As seções e as artistas

 

A primeira seção, “Tornar-se uma artista”, homenageia a pioneira Sonia Delaunay e está subdividida em três subseções: Pioneiras (obras das homenageadas e da portuguesa Maria Helena Vieira da Silva), “A parte do inconsciente” apresenta as surrealistas, com obras de Marie Laurencin, Dorothea Thanning e Germaine Dulac, entre outras e “Questionando o gênero”, trabalhos de Valérie Belin, Suzanne Valadon, Pipilotti Rist e outras.

 

“Abstração colorida/abstração excêntrica”, a segunda seção, também é dividida em três partes. Na primeira, “Excêntrica”, obras de Louise Bourgeois, Joan Mitchell e Maria Helena Vieira da Silva; “Colorida” abriga trabalhos de Marthe Wéry e Aurélie Nemours; e “Espaços infinitos”, a terceira subseção, contempla as artistas Geneviève Asse e Vera Molnar.

 

A terceira seção, “Feminismo e a crítica do poder”, talvez a mais provocativa e polêmica,  reúne a maior parte das obras. A subseção “Pânico genital”, subdividida em “Espaço doméstico” e “Reflexão”, apresenta trabalhos de Orlan, Nikki de Saint Phalle, Sonia Andrade, Hanna Wilke e outras. Na subseção “Enfrentando a história”, as brasileiras Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino e Letícia Parente dividem a cena com Sigalit Landau e Marta Minujin.

“Musas contra o museu”, a terceira subseção, reúne ainda o vídeo “Museum Highlights: a gallery talk”, de Andrea Fraser, de 1989, o painel “Guerrilla Girls” (que será produzido no Brasil) e trabalhos das artistas Agnès Thurnauer e Sherrie Levine.
Na quarta seção, “O corpo”, o público pode conferir os trabalhos de artistas como Nan Goldin, Eleanor Antin e Carolee Schneemann, entre outras.

 

Em “Narrativas”, a quinta e última seção, figuram obras de Sophie Calle, Annette Messager e das brasileiras Rosângela Rennó e Rivane Neuenschwander, entre outras.

 

Sucesso desde o lançamento em Paris, em 2009, a exposição “ELLES: Mulheres Artistas na coleção do Centro Pompidou” foi exibida em Seattle, EUA, entre outras cidades.

 

 

Até 14 de julho.

Coleção Roberto Marinho no Paço Imperial

O Centro Cultural Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou a exposição “Um outro olhar: Coleção Roberto Marinho”, reunindo 200 obras da coleção do jornalista Roberto Marinho. Serão apresentadas cerca de cem peças inéditas e será uma oportunidade de ver, pela primeira vez, telas como as que compõem a “Via Sacra”, de Emeric Marcier, a “Santa Cecília”, de Portinari, além de imagens religiosas dos séculos XVIII e XIX.

 

O curador da exposição e diretor do Centro Cultural Paço Imperial, Lauro Cavalcanti, explica que “Um outro olhar procura evidenciar o enfoque diferenciado dado pelo jornalista Roberto Marinho para formar esse conjunto que será desvendado ao público que poderá, assim, ter também um outro olhar sobre a coleção.” A montagem da mostra ocupa integralmente o primeiro e o segundo pavimentos do Paço Imperial, dividindo as obras por temas como abstratos, flores, paisagens, retratos/ figuras, naturezas mortas, religião, esportes, infância, trabalho, fauna, tapeçarias e esculturas. Assim, o público poderá fazer uma leitura comparada e perceber como diversos artistas abordam um mesmo assunto, através da diferença entre suas criações e suas influências. Entre as dezenas de nomes importantes figuram dentre outros obras assinadas por Volpi, Guignard, Djanira, Lasar Segall, Tarsila do Amaral, Iberê Camargo, Di Cavalcanti, Anita Malfatti, Roberto Burle Marx, Antônio Bandeira, Frans Krajcberg e Siron Franco.

 

 

A mostra encerra uma trilogia de exposições com obras do acervo de uma das mais importantes coleções do Brasil – a primeira foi em 1985 e a segunda em 2004.  De acordo com o curador, a mostra permite uma visão global da coleção, fechando coerentemente um ciclo com uma exposição clássica e elegante que explora a qualidade dos trabalhos.

 

De 14 de junho a 11 de agosto.

ART NOUVEAU E ART DÉCO

12/jun

Será celebrada no Espaço Cultural Península, Barra da Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, a entrada do século XX na Modernidade. Patrocinada pela Carvalho Hosken a exposição “Art Nouveau e Art Déco: Estilos de Sedução” vem revelar a criatividade destes estilos. Ocupando 500 m² será um aprofundamento da mostra que inaugurou o Espaço em 2006, “A Casa Art Déco Carioca”. A curadoria é de Márcio Alves Roiter, leia-se Instituto Art Déco Brasil, mostrará – através de mais de 250 esculturas, objetos, móveis, projeções, filmes – como o Art Nouveau, em 1900, e o Art Déco, em 1925 foram definições pontuais do “Estilo Moderno”.

 

Distribuídos nos quatro principais ambientes a exposição apresentará:

 

 

Art Nouveau, uma grande coleção de vasos e luminárias Gallé,  o armário-vitrine com mais de 3 metros de altura da extinta “A Torre Eiffel” à rua do Ouvidor e assinado por Antonio Borsoi, mesmo designer da Confeitaria Colombo, abrigando extensa variedade de objetos em prata WMF, a raríssima escultura-luminária Loïe Fuller em bronze dourado.

 

 

. o momento consagrador do Art Déco – a Exposição Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas, Paris, 1925 – visitada por mais de 15 milhões de pessoas, e que definiu o estilo na sua forma mais conhecida. São interpretações dos temas preferidos do Art Nouveau, tratados de forma geometrizada, inspiradas no cubismo, futurismo e expressionismo Será exibida a maior coleção de esculturas em bronze e marfim até hoje vista no Rio, assinadas pelos grandes mestres Chiparus, Preiss e Colinet, entre muitos outros.

 

 

. a vertente “Streamline” (Aerodinâmica), de design inovador, que tomou emprestada às máquinas uma estética depurada e vanguardista, na arquitetura deixou muitos exemplos no Rio de Janeiro, inspirados nos transatlânticos dos Anos 1920-1950, como os edifícios Embaixador,  à Av. Atlântica, e Ipú, à rua do Russel. Apresentaremos inédita memorabilia do “paquebot” Normandie, o mais luxuoso da época, e que em 1938 e 1939 veio ao Rio em cruzeiros de Carnaval, saindo da sua clássica rota do Atlântico Norte.

 

 

. o Art Déco “Nativista”, genuinamente brasileiro, inspirado nas nossas origens indígenas, sintonizado com a Semana de Arte Moderna de 1922 em São Paulo. “Tupy or not Tupy”, lema de Oswald de Andrade, criador dos manifestos Pau-Brasil e Antropofágico, ambos da década de 1920. Inéditas no Brasil, veremos 40 pranchas em aquarela, guache e nanquim do franco-alemão August Herborth, egressas dos álbuns “Guarany”, criados entre 1920 e 1930, a partir de desenhos indígenas, e procedentes da Coleção Berardo, de Lisboa.

 

 

Cronologia resumida do revival Art Nouveau e Art Déco

 

 

Em 1973, a Galeria Bonino, na Rua Barata Ribeiro, em Copacabana, à época uma das mais respeitadas galerias do Rio, apresentava uma exposição com pequenos objetos Art Nouveau e Art Déco. Em 1996, o 1º Seminário Internacional Arquitetura Art Déco na América Latina, promovido por Luiz Paulo Conde e organizado por Jorge Czajkowski reuniu mais de 500 pessoas no Copacabana Palace. Em 2005, surgia o Instituto Art Déco Brasil, a primeira “Art Déco Society” brasileira, preocupada com a preservação, pesquisa e divulgação do patrimônio Art Déco em nosso país. Em 2011, o XI Congresso Mundial de Art Déco aportava no Rio de Janeiro, trazendo especialistas e “Décophiles” do mundo inteiro. Até então, nenhuma cidade da América Latina sediara o evento, bienal, e que começara em Miami, em 1991. Muito em breve, prevista para outubro de 2013, na Cité de l’Architecture et du Patrimoine, no Palais de Chaillot  em Paris, a exposição Art Déco: le style Made in France qui a séduit le monde apresentará o Art Déco Brasileiro, sob curadoria de Márcio Alves Roiter. Um dos maiores conjuntos de prédios no estilo do Rio, à rua da Glória, 122 – os antigos edifícios Londrina, Miritiba e Paranaguá – , e que, após minucioso retrofit, serão o Centro Empresarial Ernesto G. Fontes, demonstra que a iniciativa privada está atenta à preservação de ícones Art Déco. Consultoria do Instituto Art Déco Brasil e do arquiteto Mauricio Prochnik. Felizmente a preocupação com a numerosa e bela herança arquitetural Art Déco em nosso país vem merecendo ações afirmativas dos governos. Prova disto é o recente tombamento federal de um dos ícones Art Déco do Rio de Janeiro, o Edifício A Noite. Definitivamente, tanto o Art Déco quanto o Art Nouveau passaram a participar do cotidiano cultural no mundo inteiro. Quem não se encanta com as entradas do metrô de Paris, ainda hoje existentes, assinadas Hector Guimard, no mais puro “Style Moderne”, ou seja, o Art Nouveau de 1900? O que dizer dos gigantes arranha-céus Art Déco de Manhattan, como o Empire State e o Rockefeller Center?  No Rio de Janeiro basta abrir a janela para apreciar o maior monumento Art Déco do mundo, o Cristo Redentor. Além da quantidade de revisitas aos glamurosos ambientes Art Déco, promovidas por filmes recentes como “O Artista”, “Meia-noite em Paris”, e “Great Gatsby”. São tantos os “fashion designers”, nesses últimos tempos que se serviram do Art Nouveau e do Art Déco como mote inspirador para suas coleções… Um dos maiores, Yves Saint-Laurent, teve sua coleção de peças Art Déco vendida em 2009, batendo todos os recordes mundiais, quando uma simples poltrona atingiu 23 milhões de euros! O Rio de Janeiro, capital cosmopolita, sempre antenada à Modernidade, e que recebeu o Art Nouveau e o Art Déco no inicio do século XX com apetite antropofágico, terá no Espaço Cultural Península um laudo banquete para se deixar seduzir e se deliciar.

 

Sobre o curador

 

 

Márcio Alves Roiter foi assistente, em 1976, da curadora na exposição “Cinquantenaire Paris 1925”, Museu de Artes Decorativas do Louvre, Paris, 1979, inaugura a primeira galeria especializada em Art Nouveau e Art Déco no Rio de Janeiro, 1981, curador do retrofit na Villa Venturoza, Glória, Rio, para Marcos Tamoyo, 1982, curador da exposição “Hommage à René Lalique”, Casa França -Brasil, Rio de Janeiro, RJ, 1996, palestrante no 1º Seminário Internacional Arquitetura Art Déco na América Latina. Entre 2005 e 2012, palestrante nos Congressos Mundiais de Art Déco de Nova Iorque, Melbourne e Montréal, e na Miami Design Preservation League, na Americas Society, Nova Iorque, USA, Colóquio Internacional “Landowski et la Commande Publique”, Museu dos Anos Trinta, Paris, França. Organizou o 11º Congresso Mundial de Art Déco, no Rio de Janeiro, em 2011.Consultor Art Déco nos retrofits da loja Arezzo na antiga Casa Daniel, e nos edifícios Londrina, Miritiba e Paranaguá. Autor dos livros “Rio de Janeiro Art Déco” e “Um Passeio na História”, este em conjunto com Cynthia Garcia. Foi curador brasileiro da exposição “Art Déco: le style made in France qui a séduit le monde”, Paris, França, 2013.



De 21 de junho a 22 de setembro.

Prêmio Marcantonio Vilaça

08/jun

O “Prêmio CNI SESI SENAI Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas” terá edição especial em comemoração a seus dez anos. O lançamento da iniciativa será realizado no próximo dia 12 de junho em cerimônia no Museu Histórico Nacional, Centro, Rio de Janeiro, RJ, o mesmo local que sediará a exposição de 2014. A noite também contará com apresentações dos músicos Leo Gandelman, João Donato e Celso Fonseca.

 

 

Será montada, entre os dias 27 de maio e 29 de julho de 2014, uma exposição com obras dos 90 artistas que venceram as quatro edições do prêmio e também de artistas que ganharam notoriedade internacional a partir do trabalho de Marcantonio Vilaça. Entre esses últimos estão Adriana Varejão, Vik Muniz, Nuno Ramos e Beatriz Milhazes.

 

 

Criado em 2003 pelo Sistema Indústria, o Prêmio Marcantonio Vilaça se destaca no circuito das artes plásticas pelo amplo raio de alcance. Ao longo de sua trajetória, contou com 2.532 inscrições de todos os estados da federação, a mobilização de mais de 25 curadores nacionais e internacionais, a realização de 27 mostras itinerantes em 17 estados e no Distrito Federal, visitadas por público de mais de 300.000 pessoas em todas as regiões do país e com a participação de mais de 85.300 alunos em oficinas de arte-educação. Além disso, mais de 24.974 professores foram capacitados no projeto educativo que é oferecido por ocasião de cada mostra itinerante. Foram ainda realizadas palestras, oficinas educativas para alunos e professores de todos os locais onde as exposições foram realizadas, aproximando a arte da educação. Ao final de cada edição, foram doadas para museus públicos obras de cada um dos artistas vencedores.

 

O artista plástico Abraham Palatinik (foto), considerado um dos pioneiros e referência em arte cinética do Brasil, ofereceu uma de suas obras para compor a identidade visual dessa edição especial. Ele explora as relações entre movimento, luz e tempo, associando processos e materiais de origem industrial às questões referentes à sensibilidade e a criatividade artística.

 

 

 

Marcantonio Vilaça

 

 

 

O prêmio presta uma homenagem ao marchand e colecionador brasileiro Marcantonio Vilaça (1962-2000), responsável pela projeção da arte contemporânea brasileira dos anos 1990 no exterior. Com seu espírito empreendedor, contribuiu de forma marcante e decisiva para a cultura nacional, não só por meio de incentivo aos novos talentos como também pela abertura de novos espaços para a projeção da arte brasileira no mercado internacional.

Eduardo Climachauska na Laura Marsiaj

07/jun

 

Chama-se “O fundo do poço” a segunda exposição individual de Eduardo Climachauska na Galeria Laura Marsiaj, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Desta vez, o artista apresenta um conjunto de pinturas inéditas das séries “Rua Belgrado” e “Ilusão à toa” e também algumas esculturas das séries “Ho-ba-la-lá” e “O fundo do poço”. O conjunto de pinturas a óleo, betume e carvão sobre tela em tons bastante rebaixados são também “quadros onde a geometria existe, mas apenas para indicar, paradoxalmente, uma espécie de clareza na escuridão”. Elaborados em parte com materiais incomuns em pintura, aparentemente concordam que “o mais surpreendente em seu trabalho, que parece se mover entre a dormência e a faísca, é uma espécie de coragem para lidar com matéria aparentemente morta – e não à toa Eduardo Climachauska tem predileção por materiais como betume e carvão, que a longuíssima duração do tempo geológico decantou”. Os conjuntos escultóricos construídos a partir de materiais como o mármore, o concreto e a madeira aparecem aqui e ali também como a abrir brechas nesse espaço dominado por um cortinado denso. Particularmente as peças que dão título à exposição são conjuntos duais, onde blocos maciços assumem a função de interromper bruscamente a queda natural de prumos esculpidos em diferentes materiais, como se a representação figurada e tensa desse fundo de poço fosse também (e novamente de forma paradoxal), o motor de uma ação afirmativa, de construção de uma outra ordem, embora ainda instável como de resto em todo o trabalho do artista “marcado por tensões irresolvidas entre forças poderosas”.

 

Sobre o artista

 

 

Eduardo Climachauska é artista plástico, cineasta e compositor. Nascido em 1958 vive e trabalha em São Paulo SP. Formado em cinema pela Escola de Comunicações de Artes da USP, vem realizando exposições em importantes museus, instituições culturais e galerias de arte no Brasil e no exterior. Já realizou exposições no MAM de São Paulo e Rio de Janeiro, MASP, MAC USP, Centro Universitário Mariantonia, Centro Cultural de São Paulo, e em espaço profissionais como a Sycomore Art em Paris, entre outras. Tem produzido filmes e vídeos de curta e média metragem exibidos em mostras e festivais de várias capitais brasileiras, assim como Berlin, Paris, Lima, Cidade do México e Bruxelas, de modo individual ou em parceria com os artistas Nuno Ramos e Gustavo Moura.

 

 

Até 27 de junho.

 

No Galpão Fortes Vilaça

05/jun

Sob o título “Uma hora e mais outra”, Marina Rheingantz realiza exposição individual no Galpão Fortes Vilaça, Barra Funda, São Paulo, SP. A mostra inclui 15 pinturas a óleo, nas quais a artista mescla elementos antagônicos, sejam de imagens, estilos ou cores. Neste novo corpo de trabalho, o lugar de passagem, a paisagem desolada, a memória sublimada ganham a aparência de uma colagem.

 

 

Marina tira o título da exposição de uma poesia de Drummond. Mais do que uma referência ou inspiração para sua produção, o título aponta para o processo de criação da artista. A partir de fotografias ou da própria memória, suas telas são construídas e descontruídas, camada por camada, uma hora após a outra no trabalho do atelier.

 

 

A artista continua a explorar imagens fragmentadas e paisagens insólitas, como na obra “Fisherman”, onde se vê uma vila que parece estar deserta retratada a distância em tons verdes e laranjas, ou na obra “Crossroads”, onde o esboço de uma malha viária cobre em tons cinza azulados a paisagem que estava por baixo. A mostra também traz alguns trabalhos onde o processo de apagamento adentra a abstração. Nas telas “Chuvisco e Chuvisco II” já não é mais possível identificar qualquer elemento que nos remeta a paisagem ou objeto, as camadas de tinta se sobrepõem formando grandes campos de cor, guardando apenas a memória do real.

 

 

O jogo com a abstração se estende à “Romã”, a maior obra da exposição, que desvela um padrão vermelho abstrato suspenso no centro da tela, flutuando sobre paisagem campestre, onde se inserem ainda esboços de lustres. Esta tela revela o desejo de experimentação da artista que agrega elementos díspares, sobreposições insólitas, ambientes interiores e exteriores em composição ousadas.

 

 

Sobre a artista

 

 

Marina Rheingantz nasceu em Araraquara, São Paulo, em 1983. Graduou-se em Artes Plásticas pela FAAP em 2007. Integrou o grupo da nova pintura paulistana “2000e8”, cuja entrada no circuito profissional teve forte presença na mídia especializada. Já teve individual no Centro Cultural São Paulo, 2012; e no Centro Universitário Maria Antônia, 2011. Dentre suas exposições coletivas recentes destacam-se: “Lugar Nenhum”, Instituto Moreira Salles, Rio de janeiro, 2013); “Os dez primeiros anos”, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2012; 6ª Bienal de Curitiba, 2011; entre outras. Seu trabalho está em coleções como a Pinacoteca do Estado de São Paulo e Instituto Cultural Itaú.

 

 

Até 27 de julho.

Exposição de Noguchi em São Paulo

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Isamu Noguchi”. A extensa obra de Isamu Noguchi (1904-1988) pode não ser muito conhecida no Brasil, mas ao mostrar suas luminárias em papel, dificilmente alguém deixará de reconhecê-las, pois são objetos familiares em residências do mundo todo. O artista de pai japonês e mãe americana, que viveu a maior parte da vida nos Estados Unidos, notabilizou-se por sua produção multidisciplinar, assunto que hoje mobiliza o mundo.

“Em busca por uma redefinição da escultura, a obra de Isamu Noguchi percorreu caminhos entre a confecção de objetos, desenho industrial, planejamento urbano, cenografia para teatro e dança, esculturas públicas e Land art”, explicam os curadores da exposição que o Instituto Tomie Ohtake traz ao Brasil, Matt Kirsch e Dakin Hart.

Organizada pelo Noguchi Museum, localizado em Long Island, Nova York, no antigo ateliê do artista, e de onde todas as 44 obras são provenientes, a exposição faz uma introdução das várias facetas de um criador que nunca pertenceu a um movimento em particular, mas soube introduzir e antecipar pautas contemporâneas a conceitos modernistas em sua vigorosa produção. Além de suas famosas luminárias em papel que se espalharam pelo mundo, Isamu Noguchi ficou conhecido também pelo mobiliário, ao desenhar móveis escultóricos. A mostra reúne desenhos, peças de design e esculturas em vários materiais como, cerâmica, mármore, madeira, granito, bronze, etc.

Isamu Noguchi tem uma produção extensa em escultura, com peças brutas retiradas da natureza, ou em outros materiais com sofisticadas formas, próximas a Brancusi, com quem trabalhou. Expandiu sua atividade para o campo do paisagismo, no qual suas peças se tornaram monumentos referenciais para os espaços. “Diversas amizades e colaborações – relacionadas especialmente ao visionário Buckminster Fuller, à coreógrafa Martha Graham e a uma série de arquitetos e designers do pós-guerra, entre eles Louis Kahn – contribuíram para aprofundar seu pensamento sobre o papel desempenhado pela escultura no mundo”, afirmam os curadores.

De 06 de junho a 21 de julho.

 

 

Pinturas de Célia Euvaldo
Paralelamente, Célia Euvaldo, apresenta “Sobre Parede”, sua primeira individual no Instituto Tomie Ohtake, em uma das salas do mezanino. Acostumada a pintar telas de grandes dimensões, a artista encarou o desafio de extrapolar esse limite, realizando uma intervenção diretamente nas paredes do espaço expositivo. De escala expansiva, o site-specific segue a proposta pictórica da artista, conhecida pela produção de desenhos e pinturas sempre em preto sobre o branco ou somente com uma das duas cores.

 

No lugar de pincéis, Célia Euvaldo utiliza vassoura e rodo, dando dimensão ao gesto e produzindo diferentes relevos. Suas “varreduras’ levam o tempo da tinta, que vai rareando até se extinguir o traço, muitas vezes utilizando a força de seu corpo inteiro. Em texto de 2009 sobre o trabalho da artista, o crítico Ronaldo Brito diz: “…a tinta se concentra, quase uniforme, ou se dispersa, aqui e ali se acumula. A ação da vassoura e do rodo se alternam, contrapõem-se, sob o comando de uma lei formal que só legisla no prazo desse exercício sem protocolos”. Para a realização dessa intervenção, Célia mandou produzir uma vassoura de 120 cm, ideal para preencher os espaços da grande sala que a exposição ocupa.

 

Sobre a artista

 

Célia Euvaldo nasceu em São Paulo, em 1955,. A artista expõe regularmente desde meados da década de 80, tendo obtido o 1º prêmio – Viagem ao Exterior – no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas em 1989. Entre 1988 e 1997, seu trabalho consistiu basicamente em desenho sobre papel, explorando e estirando os limites dessa categoria. A partir de então a pintura tem sido seu foco principal. Entre as mostras mais recentes, realizou individuais em 2011 no Museu da Gravura Cidade de Curitiba, e na Lemos de Sá Galeria, Belo Horizonte, bem como a mostra “Poeminhas” no Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo. Em 2006 apresentou a exposição “Brancos” na Estação Pinacoteca, São Paulo. Participou, em 2005, da 5ª Bienal do Mercosul, Porto Alegre, RS.

 

De 06 de junho a 28 de julho.