Papa: livro e exposição

10/mar

O Museu de Arte Sacra de São Paulo – MAS/SP, Luz, São Paulo, SP, exibe “O Papa Sorriu”, exposição com curadoria de Rafael Alberto Alves. A mostra conta com caricaturas feitas por 38 cartunistas brasileiros e estrangeiros, e tem como intenção homenagear o Papa Francisco, o qual completa um ano de papado, mostrando simplicidade e bom humor no trato com todas as pessoas, fato evidenciado na ocasião de sua visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013.

 

Impressionados com os sorrisos e abraços distribuídos pelo Papa, especialmente com os jovens, um grupo de cartunistas reuniu diversas obras que retratam o Pontífice e toda sua simpatia para com o povo. O resultado foi a publicação do livro intitulado “O Papa Sorriu”, entregue pessoalmente ao Papa Francisco pelo Arcebispo metropolitano de São Paulo, Dom Odilo Scherer, no início de 2014. Agora, alguns desses trabalhos ocupam as paredes do MAS/SP em exposição inédita: “Para nós, demonstra que fazemos sim arte. É a primeira vez que caricaturas entram em um museu de arte sacra. Parabéns a todos que acreditaram em mais essa empreitada de nossas flash expo”, comenta José Alberto Lovetro, presidente da Associação dos Cartunistas do Brasil.

 

Com traços característicos acentuados, os artistas criam desenhos que provocam todos os tipos de reação nos espectadores, desde a surpresa até a ternura. Nas palavras de José Carlos Marçal de Barros, Diretor Executivo do MAS/SP: “Nas crônicas políticas e sociais, a caricatura constitui uma das mais aguçadas formas de expressão. Nada parece escapar aos olhos do caricaturista, cujo poder de síntese revela um invejável conhecimento sobre a realidade e sobre o ser humano.” Participam os cartunistas Alan Souto Maior, Alex Souza, Ariel Silva, Baptistão, Benjamim Cafalli, Bira Dantas, Bruno Honda Leite, Carlos Amorim, Claudio Duarte, Ed Carlos Joaquim, Eder Santos, Elihu Duayer, Fredson Silva, Gilmar Fraga, Gustavo Paffaro, J. Bosco, Jorge Barreto, José Alberto Lovetro, Junior Lopes, Luiz Carlos Altoé, Luiz Carlos Fernandes, Mello Cartunista, Mônica Fuchshuber, Nei Lima, Omar Figueroa Turcio, Paolino Lombardi, Quinho, Renato Stegun, Ricardo Soares, Rice Araujo, Rodrigo Brum, Sergio Mas, Sergio Raul Morettini, Seri Ribeiro Lemos, Vicente Bernabeu, Wal Alves, William Martins Ribeiro e William Medeiros.

 

 

De 14 de março a 30 de abril.

Galeria Deco: Ukiyo-ê e artistas contemporâneos

02/mar

A Galeria Deco, Boa Vista, São Paulo, SP, apresentara exposição “Ukiyo-ê, e Hoje”, em parceria com a Musashino Art University, de Tóquio, MuseuAfro Brasil e o Ateliê Fidalga. A mostra traz ao Brasil obras criadas por mestres japoneses dos séculos XVIII e XIX, final da era Edo (nome antigo de Tóquio), exibidas ao lado de produções contemporâneas de destacados artistas japoneses e nipobrasileiros, tais como Yayoi Kusama, Kazuo Wakabayashi, Takashi Fukushima e James Kudo, entre outros. Estão presentes na mostra obras históricas de Ukiyo-ê, dos artistas Tsukiyoka Yoshitoshi,1839-1892, Ochiai Yoshiki, discípulo do pintor Utagawa Kuniyoshi, 1797-1861, Kaisai Yoshitoshi, 1839-1892, entre outros com datas e autores desconhecidos, mas presentes em publicações do século XIX, como no livro “Ichiwan Kunichika” publicado em 1863.

 

 

O Ukiyo-ê, cujo significado se traduz como “Imagens do Mundo Flutuante” é a técnica e gênero artístico que retratou os costumes da cultura burguesa do período Edo -1603-1867- que reforçou o conceito da efemeridade da vida. Ao retratarem lutadores de sumô, gueixas, atores do teatro Kabuki e paisagens. O Ukiyo-ê é conhecido no mundo como pintura japonesa gravada no bloco de madeira (similar à xilogravura), ficou conhecido na Europa no final do século XIX, influenciando o modernismo – cubismo, impressionismo e pós-impressionismo, e artistas como Van Gogh, Monet e Degas. Na atualidade segue influenciando segmentos culturais como o mangá moderno, a montagem Korin e o Japão Pop.
A influência do Ukiyo-ê é marcante na produção dos artistas contemporâneos japoneses e nipobrasileiros presentes na mostra: Yayoi Kusama, Kazuo Wakabayashi, Utagawa Kuniyoshi, Takafumi Kijima, Yuichiro Tanaka, Sho Tanaka, Machi Miyamoto, Unno, James Kudo, Roberto Okinaka, Futoshi Yoshizawa, Yasushi Taniguchi, Takashi Fukushima, Kimi Nii e Midori Hatanaka.

 

Com destaque na exposição, as gravuras de Yayoi Kusama traduzem a sensação alucinante do mundo contemporâneo, refletindo as impressões do Japão pop; já as cinco obras de Utagawa Kuniyoshi representam a beleza de mulher em um diagrama satírico; Kazuo Wakabayashi reflete a influência do Ukiyo-ê imprimindo um padrão arrojado a composição; Takashi Fukushima grava na madeira usando pigmentos próprios; a satírica pintura de Takafumi Kijima utiliza a técnica nihonga aplicada ao Ukiyo-ê; James Kudo incorpora em sua produção o sentido japonês de Ogata Korin, 1658-1716.

 

 
Como parte da exposição, a professora – e presidente do departamento de pintura da Musashino Art University- Aguri Uchida e o professor Takefumi Kijima, realizam nos dias 08 e 09 e março um workshop em duas etapas na Galeria Deco. No primeiro dia, Aguri Uchida apresenta a técnica de sumi no papel washi, no segundo dia, Takafumi Kijima explora os pigmentos tradicionais da pintura japonesa.

 

 
A Musashino Art University, localizada em Tokio, é uma das principais universidades de Arte no Japão. Fundada em outubro de 1929 como Teikoku Art School (escola de arte Imperial) teve sua nomenclatura, alterada para Musashino Art School em dezembro de 1948 e posteriormente, em abril de 1962, para Musashino Art University. Entre os principais cursos figuram: pintura japonesa, escultura, desenho industrial, interiores, cenografia e arquitetura.

 

 

 
Até 25 de março.

Inéditos de Miró

25/fev

Inédita no Brasil, “A magia de Miró, desenhos e gravuras” está em cartaz na Caixa Cultural São Paulo, Centro, São Paulo, SP. A exposição apresenta obras do pintor e gravador catalão e traz fotografias registradas pelo curador Alfredo Melgar. Miró ficou conhecido mundialmente por sua criatividade e capacidade de experimentação, apresentando em suas obras inúmeras possibilidades de formas e de cores, compondo um mundo próprio, de sonhos e de magia.

 

Trata-se de uma exposição do colecionador Alfredo Melgar, que foi galerista e amigo de Miró por muitos anos. Melgar fez uma seleção de 69 obras de Miró e selecionou 23 fotos que ele mesmo fotografou Miró no ambiente de ateliê e produção artística.

 

No dia da inauguração, houve uma palestra com o galerista e curador Alfredo Melgar. O intuito é levar a arte para as ruas através da exibição ao ar livre de um documentário sobre a vida de Miró. Após a temporada em São Paulo, a exposição segue para as unidades da CAIXA Cultural em Curitiba (20 de maio a 20 de julho de 2014), Rio de Janeiro (28 de julho a 28 de setembro de 2014), Recife (7 de outubro a 7 de dezembro de 2014) e Salvador (16 de dezembro de 2014 a 8 de fevereiro de 2015).

 

 

Até 20 de abril.

Acervo MAM-Rio

23/fev

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Acervo MAM – Obras restauradas”, com treze obras pertencentes à coleção do MAM restauradas com recursos no valor de R$ 399.980,50, da Secretaria Municipal de Cultura, via Edital Pró-Artes Visuais 2012.

 

“A mostra apresenta o resultado do esforço do MAM em devolver uma parte da história de uma coleção memorável, que tem crescido e prosperado”, afirma Fátima Noronha, conservadora e restauradora do Departamento de Museologia do MAM. O Museu abriga 6.466 obras em seu acervo próprio, mais 6.400 da Coleção Gilberto Chateaubriand – considerada internacionalmente como uma das mais importantes do modernismo e contemporaneidade brasileiros –, e perto de duas mil fotografias da Coleção Joaquim Paiva, ambas em comodato, totalizando perto de 15 mil obras.

 

Para esta exposição, será apresentado o mais recente conjunto de obras restaurado. Farão parte da mostra obras dos artistas brasileiros Djanira, Ivan Serpa, Lygia Clark, Manabu Mabe, Nelson Leirner, Silvia de Leon Chalreo, e Wega Nery. Dos estrangeiros, estão obras de Alberto Magnelli, Jorge Páez Vilaró, María Luisa de Pacheco, Michel Patrix, Oton Gliha e Serge Poliakoff.

 

Dentre os destaques internacionais da exposição estão trabalhos do artista russo Serge Poliakoff e do italiano Alberto Magnelli, ambos importantes do período do pós-guerra na Europa. Dentre os brasileiros, destacam-se a obra do pintor, gravador e desenhista Ivan Serpa, que também foi professor da escola de artes do MAM e muito ligado à instituição, onde lecionou para crianças e adultos, formando uma geração de artistas. A obra “Forma em evolução” é de 1952, período em que Serpa manifesta seu forte interesse na abstração geométrica e foi uma doação do artista à coleção do museu, em 1953. Há, também, uma pintura de 1960 do artista nipo-brasileiro Manabu Mabe. Medindo 150cm x 184,5cm é a maior tela deste artista pertencente ao Museu. Das treze obras apresentadas – em quase sua totalidade pinturas a óleo sobre tela – apenas quatro (de Serge Poliakoff, Ivan Serpa, Oton Gliha e Nelson Leirner) nunca haviam passado por restauros anteriores e estavam bastante danificadas devido ao incêndio ocorrido no Museu em 1978, que tinha, na época, um acervo de cerca de mil obras. As demais haviam sido restauradas no final da década de 1970, mas precisavam de pequenas recuperações.

 

Carlos Alberto Gouvêa Chateubriand, presidente do MAM Rio, museu criado em 1948, destaca em seu texto que “aos 30 anos de existência, o MAM Rio passou por forte revés com a perda trágica de 90% de sua coleção. Peças significativas puderam ser resgatadas e restauradas; uma pequena parte que não pôde ser recuperada ao longo daquele período foi mantida com zelo e paciência, aguardando uma solução. Hoje esse dia chegou e podemos rever obras de Ivan Serpa, Lygia Clark, Djanira, Manabu Mabe, Wega Nery, Nelson Leirner e Silvia Chalreo, para citar a vertente nacional. Alberto Magnelli, Serge Poliakoff, Oton Gliha, Maria Luisa Pacheco, Michel Patrix e Jorge Páez Vilaró na internacional”.

 

 

NELSON LEIRNER: NOVA OBRA

 

 

A obra de Nelson Leirner, em tecido e zíper, estava bastante danificada e muito frágil estruturalmente para ser restaurada. Por se tratar do único artista vivo da exposição, ele criou uma nova obra, um múltiplo da série “Homenagem à Fontana”, de 1967, baseando-se na original existente no Museu. A restauração das treze obras do acervo do MAM Rio durou um ano e foi coordenada por profissionais especializados contratados pelo Museu: Edson Motta Jr. e Claudio Valério Teixeira, ambos responsáveis pela restauração dos painéis “Guerra e Paz”, de Candido Portinari, pertencentes à ONU, em 2011. A exposição será acompanhada de um livreto, com 76 páginas, formato 21cmx15cm, e textos do presidente do Museu e da conservadora e restauradora do Museu.

 

 

CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO

 

 

O MAM realiza restauros frequentes nas obras de seu acervo, atendendo às necessidades de conservação e também a demandas curatoriais e emergenciais. Quando necessários, restauros de maior magnitude têm sido feitos com apoio de recursos externos. Estão dentro desses grandes restauros os realizados em cerca de 28 obras – pinturas, desenhos e fotografias, e mais 28 estudos de móveis de Joaquim Tenreiro, e ainda a construção de uma mapoteca de grandes dimensões para acondicionamento desses projetos, com o apoio da extinta Fundação Vitae, entre 1999 e 2003. Com o apoio do Banco Opportunity, foram restauradas mais de cinquenta obras em papel e pinturas, de 2000 a 2002. Paralelamente também foram obtidos recursos para a compra de mobiliário próprio para o acervo, como estantes, armários e carrinhos de transporte de obras nas áreas internas do museu.

 

 

 

Até 13 de abril.

 

 

A Cara do Rio 2014

11/fev

Depois de sucessivas edições que ocuparam o Centro Cultural Correios com grande sucesso de público,  a coletiva “A Cara do Rio 2014/Qual é a cara do Rio?” mudou de endereço e inaugurou a Villa Olívia Artes – a primeira Galeria da Zona Portuária, no charmoso Morro da Conceição.

 

O desafio proposto pelo curador Marcelo Frazão aos quarenta expositores foi responder, em linguagem artística,  a  pergunta:  QUAL É A CARA DO RIO? Agora o público vai poder conferir o resultado de todo este processo criativo, englobando  pinturas esculturas, desenhos, fotografias, vidro, cerâmica e gravuras.  Os 40 trabalhos são assinados por Fernando Duval, Solange Palatnik,  Paulo Villela,  Sonia Madruga, Carlomagno, Clare Caulfield, Mauricio Barbato, Paula Erber,  Newton Lesme, Regina Guimmarães, Ana catarina Hallot entre vários outros.

 

O conjunto dos trabalhos expostos na mostra “A Cara do Rio”,  marcada pela diversidade e por ser multifacetada, oferece ao espectador uma pequena mas significativa  representação de ângulos de nossa cidade,  a partir da memória afetiva ou visual  de cada artista.  Já o catálogo da exposição,  reunindo  o perfil dos artistas integrantes da exposição,  vai além de fornecer dados sobre os autores,  funcionando  também como um anuário dos artistas que estão em atividade na cidade e nem sempre tem espaço para levar seus trabalhos ao público,  como explica Frazão.

 

Para esta exibição a artista plástica Marina Vergara, numa ode à mulher,  preparou uma monumental escultura com 4 metros de altura  para a fachada do antigo sobrado da Ladeira João Homem, número 13, onde se localiza a Villa Olivia.

 

Tendo iniciado em 2003,  a mostra “A Cara do Rio” chega a sua décima edição  apostando  na renovação e na continuidade do talento dos artistas.

 

 

Até 03 de abril.

Inos Corradin no Espaço Citi

15/jan

O Espaço Cultural Citi, Paulista, São Paulo, SP, inaugura exposição do pintor Inos Corradin. A curadoria é do crítico de arte Jacob Klintowitz que também assina a apresentação do artista. O artista exibe seu conhecido universo poético e geometrizado povoado de músicos, malabaristas, jogadores, paisagens que ganhou o sugestivo título “Inos Corradin. No percurso da arte, o artista na estrada”.

 

 

A palavra do curador

 

É espantoso como os fios que o pintor Inos Corradin urde criam personagens tão vivos, atuais e dotados do encantamento lírico que quinhentos anos de história agregaram ao nosso psiquismo. Os seus mágicos, equilibristas, músicos, cantores, mímicos, artistas itinerantes sem pouso e que percorrem estradas apenas pressentidas, são quase os mesmos que no século XV andavam pelo interior da Itália e que criaram a lendária Commedia d’ella Arte. Hoje estes artistas ambulantes e a sua arte impregnada de improviso são o emblema da cultura antiacadêmica e o antípoda do naturalismo. O mundo contemporâneo ama e anseia por esta ação artística filha do eterno presente.

 

O nosso espaço é limitado, mas como não recordarmos da “Família de saltimbancos”, de Pablo Picasso, feita em 1905? Ou do casal de artistas ambulantes, na sua carroça, no “Sétimo Selo”, de Ingmar Bergman, no seu confronto com a morte e a fugacidade da vida, onde o símbolo da continuidade é o jovem casal itinerante e o seu bebê? Neste contexto, talvez seja pecado não citar “La Strada”, de Federico Fellini, de 1954, centrado num artista circense e na mais doce e evanescente musa inventada pela arte, Gelsomina- Giulietta Masina. Ou o mito americano do horizonte libertário, núcleo do épico no cinema do faroeste e raiz da literatura on the road. Esses e centenas de outros artistas buscaram os fios no mesmo tear que alimentou Inos Corradin.

 

A produção de Inos Corradin, aos 85 anos, é esfuziante e certamente ele é um exemplar raro do artista que cria por prazer. O seu domínio do ofício é também raro, pois ele pinta à semelhança dos mestres. É curiosa uma época na qual temos que destacar como virtude o que parece a obrigação mínima de qualquer profissional. A iconografia do artista está centrada na figura humana travestida na sua função poética, o que explica a quantidade de trajes característicos, instrumentos musicais, cenas teatrais. A partir desta proposta essencial, o artista se detém nas vilas e casarios e nas paisagens e nelas, antes de tudo, temos o espaço aéreo, o céu, como personagem. De certa maneira, o conceito de elevação simbolizado pela ação artística, pelos artistas, pelos emblemas populares como as bandeiras, os pequenos núcleos de moradia, a paisagem dominada pelo céu, é o que determina a pintura e a escultura de Inos Corradin. Refinamento pela poética da ação artística e o espaço celeste marcante como ascenção.

 

É possível que Inos Corradin, como parte da melhor arte da nossa época, possa ser entendido como um momento anárquico de rejeição de padrões institucionais marmóreos e estáticos, mas é, antes de qualquer outra coisa, um gesto pessoal de fidelidade à arte como poética e a certeza de que a humanização do ser humano não pode prescindir da vivência estética.

 

 

De 20 de janeiro a 21 de março.

Esculturas de Francisco Brennand

19/nov

A obra escultórica do artista pernambucano Francisco Brennand, 86 anos, encontra-se exposta no Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP. Com a curadoria de Emanoel Araujo, a mostra “O Escultor Francisco Brennand – Milagres da Terra, dos Peixes e do Fogo” apresenta cerca de 80 esculturas: figuras mitológicas, pássaros, peixes, jacarés, lagartos, frutos e objetos nascidos de uma extraordinária técnica de cerâmica vitrificada. Do Recife, foram trazidos um painel inédito de cinco metros e uma série de obras dedicadas às pinturas de natureza morta do italiano Giorgio Morandi. Desde a década de 1970, quando restaurou a antiga olaria de seu pai, num projeto de integração da arte à arquitetura, o trabalho de Brennand conquistou reconhecimento internacional. Situado na Várzea do Recife, seu ateliê ocupa os espaços da fábrica histórica. Aberta à visitação pública, a Oficina Cerâmica Francisco Brennand é um dos principais marcos artísticos do Brasil, com um impressionante conjunto de esculturas e painéis.

 

No título da mostra, Emanoel Araujo ressalta a presença vibrante dos elementos Fogo e Terra no nascimento da arte de Brennand. Além de frutos, aves e peixes, “…há também o fogo, que é como uma bigorna que alisa a massa crespa, deixando espaço para a crosta grossa e uniforme da tinta colorida, de ocres e ferrugens, de onde escapam os azuis e os verdes, ou meios tons leves, foscos e brilhantes. Da cor que se transforma ardida pelo calor do fogo”, descreve o curador. Num poema dedicado ao escultor, o poeta João Cabral de Melo Neto também define o ofício de ceramista: “Prender o barro brando no ovo/ de não sei quantas mil atmosferas/ que o faça fundir no útero fundo/ que devolve à pedra a terra que era”. “Mostrar a escultura de Brennand em outro espaço que não seja o seu próprio, de Pernambuco, será sempre um desafio, diante do complexo diálogo criado por ele entre a escultura e o espaço em que ela se desenvolve, ora com a arquitetura, incluindo os antigos galpões da antiga fábrica de cerâmica, e ora se incorporando às ruínas deixadas pela ação dos anos e do passado da fábrica onde nasceu esse grande cenário”, avalia o curador.

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em 11 de junho de 1927, na casa grande do Engenho São João, no Recife, Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand é um dos mais importantes e premiados escultores do Brasil. Homem de múltiplos talentos (acumula ainda os dons de desenhista, pintor e ilustrador), ele participou de cursos com André Lhote e Fernand Léger em Paris, na década de 50. Autor de murais e painéis – dentre os quais o “Batalha dos Guararapes”, no centro do Recife -, Brennand já foi agraciado com o Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, da Organização dos Estados Americanos (OEA), atribuído por um júri internacional. Numa incursão pela política, integrou a Casa Civil do governo de Miguel Arraes, entre 1963 e 1964, quando o golpe militar depôs e prendeu o governador. À época, a convite de Arraes, assumiu a missão de transformar a antiga Casa da Detenção numa Casa de Cultura. “Pintor, ceramista, escultor, desenhista, designer, todos num só, dentro e fora de toda ortodoxia que define cada técnica dessas múltiplas linguagens, Francisco Brennand é um artista moderno, no sentido mais amplo dessa palavra. Seu universo, exposto nos gigantescos galpões da antiga olaria de seu pai ou, en plein air, no que se convencionou chamar Oficina, na Várzea, em Recife, exibe aí uma relação íntima entre a vida e a obra, seus avanços e recuos”, define Emanoel Araujo. Em 1971, Brennand iniciou as obras de restauro da Cerâmica São João da Várzea – fundada em 1917 -, instalando a partir de então seu ateliê e um arrojado projeto de esculturas cerâmicas. Em 1998, ganhou uma grande retrospectiva na Pinacoteca de São Paulo.

A Nova Mão Afro-Brasileira

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, celebra os 25 anos do lançamento do livro-exposição “A Mão Afro-Brasileira – Significado da Contribuição Artística e Histórica” (de 1988, o ano do Centenário da Abolição da Escravatura) em 20 de novembro, Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra, com a exposição “A Nova Mão Afro-Brasileira”, cuja curadoria traz a assinatura de Emanoel Araujo, com Salas Especiais e Retrospectivas com obras de artistas dos séculos XVIII e XIX, modernos e contemporâneos. Entre os homenageados, obras de Magliani, Maurino de Araújo e Yêdamaria. Além dos artistas expostos em outros momentos pelo Museu (Alex Hornest, Jorge dos Anjos, Rosana Paulino, Sidney Amaral, Tiago Gualberto e Washington Silvera), quinze contemporâneos foram incorporados à exposição: Advânio Lessa, Anderson Santos, Arjan Martins, Ayrson Heráclito, Claudinei Roberto, Eustáquio Neves, Herberth Sobral, Izidorio Cavalcanti, Lippe, Marcos Dutra, Moisés Patrício, Pedro Marighella, Renato Matos, Rener Rama e Sônia Gomes.

 

 

Sobre os artistas de “A Nova Mão Afro-Brasileira”.

 

Advânio Lessa

 
Mineiro, nascido em Ouro Preto, desde pequeno aprendeu com o tio e o avô a técnica de cestaria tradicional. Buscando ir além da técnica tradicional, procura na taquara e no cipó a inspiração para produzir suas obras de arte, baseadas na transformação da natureza.  Expôs na Europa e América do Norte, além de inúmeras exposições em Belo Horizonte e uma destacada participação em Mostra no Rio de Janeiro.

 

 

Anderson Santos

 
Pintor e desenhista, nascido em Salvador (BA), formou-se em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes (EBA/UFBA) em 1999, trabalhando desde então de maneira contínua, com as técnicas do óleo sobre tela, cartão ou madeira e desenho (grafite ou carvão sobre papel), realizando pintura figurativa realista. Realizou experimentos em vídeo, cartazes e storyboards para cinema. Atualmente é membro de um coletivo internacional responsável pela publicação da revista online Boardilla.

 

 

Arjan Martins

 
Artista Plástico, nascido no Rio de Janeiro, frequentou diversos cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Desde 1995, participou de exposições nacionais no Rio de Janeiro, São Paulo e na Paraíba, e internacionais no Senegal e no Haiti. Recebeu o Prêmio “Projéteis da Arte Contemporânea” em 2005, no Rio de Janeiro, e foi contemplado com uma bolsa de estudos na Alemanha, através do Instituto Goethe. Dedica-se ao desenho e a pintura, em diferentes tamanhos e diversas superfícies.

 

Ayrson Heráclito

 
Artista visual e curador baiano, vive entre as cidades baianas de Cachoeira e Salvador e São Paulo (SP), onde realiza doutorado em Comunicação e Semiótica na Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Suas obras transitam pela instalação, performance, fotografia e audiovisual, abordando temas como a cultura afro-brasileira, o candomblé e a historia do Estado da Bahia. Realizou exposições individuais no seu estado natal e participou de mostras, festivais e Bienais nacionais e internacionais.

 

 

Claudinei Roberto da Silva

 
Artista plástico, professor e curador independente. É licenciado em Educação Artística pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Entre 1997 e 2002 organizou um projeto de exposições independentes com o grupo Olho SP, oriundo do Departamento de Artes da Escola de Comunicações e Artes da USP, realizando exposições em diversas instituições da cidade de São Paulo. Em 2005 fundou o ateliê OÇO, também na capital paulista, que já realizou de mais de 40 mostras de artes, atividades de arte-educação, debates e encontros desde a sua inauguração.

 

 

Eustáquio Neves

 
Fotógrafo e videoartista autodidata, pesquisa e desenvolve técnicas alternativas e multidisciplinares, manipulando negativos e cópias. Nos últimos três anos tem pesquisado as mídias eletrônicas, incluindo a sequência e o movimento. Seu trabalho vem sendo amplamente divulgado em várias mostras no Brasil e no exterior, onde tem recebido prêmios e a consagração do público e da crítica.

 

 

Herberth Sobral

 
Artista plástico, fotógrafo e designer nascido em Minas Gerais. Como artista plástico, apropria-se de conhecimentos, técnicas e materiais diversos como xilogravuras, pinturas, desenhos, cédulas e bonecos, para construir a sua própria linguagem, sempre voltada para a representação do cotidiano. Em suas obras, o artista aborda a temática do comportamento: pensamentos e atos realizados através de práticas culturais.

 

 

Izidorio Cavalcanti

 
Nascido em Gameleira, Pernambuco, reside e trabalha no Recife, onde se formou em Desenho Arquitetônico no Liceu de Artes e Ofícios. Trabalhando com arte há 20 anos, explora as mais diversas técnicas e utiliza diferentes linguagens, desde o desenho até a performance. Atualmente, integra o Grupo MAMÃE e BO (Branco do Olho). Participou de diversas exposições coletivas e individuais em São Paulo, Ceará, Paraíba, Goiás, Rio de janeiro, Florianópolis, Sergipe, Pernambuco e Valência (Espanha).

 

 

Lippe

 
Artista e poeta que vive e trabalha entre as cidades de Rio de Janeiro e Berlim. Em sua produção, aproxima diversas linguagens artísticas visuais e a literatura, para problematizar temas de emergência humana tais como a memória, a utopia, a morte e o trauma histórico. Criando obras repletas de narrativas e referências históricas, o artista busca expor as fraquezas do homem, seus dilemas, glórias e tragédias, ao logo da história.

 

 

Marcos Ricardo Dutra

 
Natural de Pequizeiro (TO) e radicado em Palmas, capital do estado. Sua formação artística se deu através de leituras, experimentações, participação em oficinas e seminários. Desde 1992 participou de diversas exposições coletivas e individuais no Brasil. Foi artista convidado de uma exposição em Paris em 2005, quando representou o Estado do Tocantins no projeto “Ano do Brasil na França”. Em 2009, participou com a exposição “O Pão Nosso de cada dia” do projeto SESC Amazônia das Artes, percorrendo as capitais dos Estados que constituem a Amazônia Legal. Sua produção artística abrange esculturas, instalações, pintura e intervenções urbanas.

 

 

Moisés Patrício

 
Artista multimídia e arte-educador, Moisés Patrício nasceu no bairro de Santo Amaro, de São Paulo, em 22 de outubro de 1984. Aos 10 anos, inscreveu-se na oficina de pintura e grafite dos Meninos de Arte de Santo André. Durante todo o período em que durou a oficina, chegou a trabalhar como assistente do professor e a participar de várias exposições e eventos. Hoje, trabalha e vive como artista e educador em São Paulo. É membro-fundador do Atelier Coletivo DES (Dialéticas Sensoriais), que, desde 2006, realiza ações coletivas estéticas, produzindo exposições, instalações dialéticas sobre arte contemporânea e urbanidade nas periferias de Santo André e São Paulo.

 

 

Pedro Marighella

 
Artista visual nascido em Salvador (BA), graduado em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (2011). Desde 2004, desenvolve projetos na área de criação, design, ilustração, animação, vídeo, artes visuais e cenografia. Integrou o coletivo GIA (Grupo de Interferência Ambiental) entre 2003 e 2009. Tem como principais interesses o olhar sobre processos culturais, sociais e históricos, com destaque para o potencial crítico da diversão. Ganhador da Bienal do Recôncavo de 2011.

 

 

Renato Matos

 
Músico, ator e artista plástico baiano, radicado em Brasília desde 1974. Na Capital Federal, participou do “Concerto Cabeças”, em 1977, considerado um marco cultural da cidade. Frequentou cursos livres de música na Universidade de Berkeley, EUA, e apresentou-se na Europa. Atuante na cena musical de Brasília, liderou a banda Acarajazz. Sua composição Um telefone é muito pouco foi gravada por Leo Jaime com sucesso e é considerada uma das canções mais representativas da cidade de Brasília. Gravou quatro álbuns independentes, além de ter atuado em filmes nacionais.

 

 

 

Rener Rama

 
Artista baiano, formado em Artes Plásticas e mestre em Artes Visuais pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), com ênfase em pintura e processos criativos. Embora utilize diferentes linguagens artísticas, como fotografia, vídeo e objeto; dedica-se especialmente e há mais de 25 anos, em desenvolver pesquisas e trabalhos explorando as possibilidades e linguagens da pintura, suas técnicas e caminhos expressivos. Realizou exposições individuais em São Paulo e Salvador e se fez presente em exposições coletivas Brasil afora.

 

 

Sônia Gomes

 
Nascida em Caetanópolis, Minas Gerais, um importante centro da indústria têxtil brasileira, a artista utiliza tecidos, linhas e objetos encontrados para compor esculturas e estruturas. É autodidata e tem como principal inspiração as suas experiências de vida, produzindo a partir de seus sentimentos internos, percepções e observações do cotidiano. Expôs em mostras individuais e coletivas, em galerias no Brasil e no exterior, com destaque.

 

A partir de 20 de novembro.

Alcides na Galeria Estação

12/nov

 

obras nos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo, do Museu Afro Brasil, do Pavilhão das Culturas Brasileiras e do MAM do Rio de Janeiro, Alcides realizou a sua primeira exposição individual na Galeria Estação, com o apoio do Instituto do Imaginário do Povo Brasileiro, em 2007. Foi nesta ocasião que o crítico Paulo Sergio Duarte entrou em contato com a obra do artista e agora assina a curadoria desta mostra que joga luz sobre como o artista, ao romper com os limites do folclórico e artesanal, nos coloca diante de trabalhos de inesperada e original composição formal.

 

Para essa exposição o curador escolheu 19 pinturas que retratam veículos a motor (caminhões, motos, aviões, trens), figuras que substituíram as paisagens rurais do Mato-Grosso, quando o artista se mudou para São Paulo. Segundo Duarte, são telas planas, com uma sofisticada estrutura geométrica que afasta qualquer aspecto naïf do trabalho. “A monumentalidade que adquirem as máquinas de Alcides é inédita, e não encontramos ocorrências semelhantes seja na arte popular, seja na erudita”, completa.

 

Duarte destaca, ainda, que, mesmo acreditando na arte como um dom de Deus, instigada a partir da consciência do embate do homem com a natureza, a pintura de Alcides exercita uma inventividade que extrapola as necessidades tradicionais da simbologia religiosa. “Suas máquinas revelam modelos técnicos  absolutamente estáticos que ocupam todo o espaço da tela dando um aspecto secundário ao cenário, que recebe um “tratamento pictórico contrastante”, explica.

 

 

Sobre o artista

 

Alcides Pereira dos Santos nasceu na Bahia em 1932 e faleceu em 2007 em São Paulo. Radicou-se no Mato Grosso em 1950, com 18 anos. Desenvolveu, antes da pintura, os ofícios de sapateiro, pedreiro, barbeiro, e plaqueiro – onde aprendeu a desenvolver a representação e comunicabilidade de imagens a partir de técnica simples e poucos elementos. Segundo Aline Figueiredo, empreendedora do livre atelier do qual o artista fez parte em meados da década de setenta, é apenas com 19 anos que Alcides “alcança as maiores revelações da sua vida: a religião e a pintura”. Neste espaço, Alcides teve orientação didática da pintora Dalva de Barros, e fomento junto a uma geração de artistas regionais de grande personalidade, como Adir Sodré e Nilson Pimenta.

 

Além de pertencer a importantes acervos, suas pinturas já participaram de importantes coletivas como Histoire de voir, na Fundação Cartier, Paris, em 2012; Pop Brasil – A arte popular e o popular na arte, no CCBB-SP, 2002; Mostra do Redescobrimento, no Pavilhão Manoel da Nóbrega, SP 2000; Os Herdeiros da Noite, na Pinacoteca do Estado, SP 1994; Pintura Cabloca, no MAM/RJ, 1981; Arte Brasileira: além do sistema, Galeria Estação, 2010; Brasileiro, Brasileiros, no Museu Afrobrasil, SP 2005; assim como uma exposição coletiva na Andrew Edlin Gallery, em Nova Iorque.

 

 

Até 20 de dezembro.

Raridades com Ranulpho

04/nov

No ano em que comemora 45 anos de atividades, a Galeria Ranulpho, Bairro do Recife, Recife, PE, iniciou com um dos fatos mais importantes da sua existência, o lançamento do livro sobre o pintor Vicente do Rego Monteiro “Um olhar sobre a década de 60”. Além da sólida trajetória vinculada aos grandes pintores da tradição Modernista, a galeria decidiu cobrir suas paredes, pela primeira vez, com duas exposições de importantes artistas da Arte Contemporânea de Pernambuco. A garimpagem correu paralela aos eventos significativos realizados ao longo do ano. Entre as preciosidades, constam três telas de Lula Cardoso Ayres, uma delas raríssima, da década de 1940. Recentemente adquirido da família de Vicente do Rego Monteiro, da década de 1960 representando um colhedor de cacau. Reynaldo Fonseca, assina a “Anunciação”, datada de 1994. O trabalho de Cícero Dias, que está entre os melhores do artista, foi tirado da coleção particular do marchand Ranulpho. Outro destaque é o conjunto de três pinturas sobre o circo do pintor primitivo Alcides Santos; as obras são da década de 1970, período em que teve uma sala especial na 1ª Bienal Latino Americana, “Mitos e Magia” em São Paulo.

 

Entre outras raridades, uma escultura do Mestre Dezinho, retratando um anjo em madeira maciça de cedro. E de Francisco Brennand, um par de jarrões com 70 centímetros cada, pintados em 1971 em azul e branco, as cores utilizadas em toda azulejaria portuguesa e brasileira. Ainda em destaque, três pinturas representando São Francisco, de autoria de Aldemir Martins, Virgolino e José de Dome. O conjunto exposto apresenta ainda duas antigas obras de Mário Nunes; uma paisagem de Olinda assinada por Rebolo; pinturas de Ado Malagoli; uma ciranda, datada de 1968, de autoria de Orlando Teruz; uma Natureza-Morta de Carlos Scliar e uma pintura de Siron Franco.

 

 

A partir de 07 de novembro.