Gilvan Nunes volta a expor no Brasil

14/jul

 

 

 

Radicado nos Estados Unidos, Gilvan Nunes abre individual, – até 14 de agosto em exibição -, com curadoria de Fernando Cocchiarale na Galeria Patricia Costa, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ.

 

“O caminho sempre acaba convergindo”, definiu Gilvan Nunes ao falar sobre as pinturas a óleo, desenhos, cerâmicas e porcelanas que apresenta na individual “Hilomorfismos”, após um hiato de cinco anos sem expor no Brasil. As obras são fruto de um processo que aconteceu durante a pandemia, entre 2020 e 2022. Este período se revelou bastante fértil, tendo o artista produzido trinta pinturas em grandes e pequenos formatos, vinte e oito desenhos desenhos e cincoenta cerâmicas, entre vasos e peças de parede. Segundo Gilvan, as cerâmicas ganharam força a cerca de dez anos, quando se transferiu para a Filadélfia, onde adquiriu um forno e pôde evoluir na técnica. “Meu trabalho sempre foi matérico: paisagens e todas as pinturas. De repente, foi como se eu tivesse uma necessidade de retirar um pouco a matéria e organizar em outro lugar. Talvez tenha sido esse o desejo maior: reorganizar a matéria, separando nas telas e nas superfícies. A experiência de morar fora proporcionou mais tempo para pensar, redirecionar as ideias. Esse “hiato” possibilitou uma espécie de recomeço”, diz Gilvan Nunes que já participou de duas exibições coletivas nos Estados Unidos, onde também já tem marcada uma individual para o ano que vem.

 

A palavra do curador

Anotações sobre gosto, demiurgo

 

Esta mostra de Gilvan Nunes reúne obras em pintura, desenho, cerâmica e porcelana por ele recentemente produzidas. Parte considerável das obras expostas pode ser associada ao abstracionismo, posto que são de difícil identificação levando-nos a buscar no título dado pelo artista à exposição maior consistência poética: Hilomorfismo.

 

Tal conceito remete-nos ao pensamento de Aristóteles, há mais de dois mil anos, segundo o qual todos os seres corpóreos são compostos por matéria e forma. A poética de Nunes e o hilomorfismo encaminham-nos a áreas contíguas como a questão do demiurgo, que trabalhava a matéria ou o caos para dar-lhes forma. No pensamento grego, particularmente no de Platão, é um deus ou o princípio organizador do universo que não cria formas, apenas as modela, com base na contemplação do mundo das ideias.

 

A distinção entre matéria e forma observável na dinâmica poética da obra Gilvan Nunes, de outra maneira, parece ser bastante próxima. A partir desse ponto é que a consideramos importante para certos jogos que exercitam, alimentam e produzem a invenção poética.

 

Gosto é o critério ou o cânone usado para julgar os objetos do sentimento. Foi somente a partir do século XVIII que o gosto foi reconhecido como uma faculdade autônoma, distinta da faculdade teorética (filosófica e matemática), posto que possuía um campo e um pensamento técnico próprio, fato percebido por Leonardo da Vinci já no século XVI (“pittura é cosa mentale”) e, progressivamente, por Kant e Baumgarten no século XVIII.

 

Fernando Cocchiarale, julho de 2022.

 

Sobre o artista

 

Gilvan Nunes nasceu em Vermelho Novo, Minas Gerais, em 1966. Sempre foi fascinado pela natureza, suas cores e formas e passava muito tempo desenhando e pintando. Quando ingressou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, em meados dos anos 1980, teve a oportunidade de interagir com outros artistas de sua geração e com professores fundamentais para sua formação. Naquele momento, ocorria o renascimento da Pintura Brasileira e o Parque Lage era o epicentro desse movimento. Gilvan é enormemente conhecido pelas suas pinturas densas, e também trabalha com desenhos, colagens e gravuras de temas invariavelmente relacionados à sua visão da constante transformação da natureza. Esculpir e trabalhar com cerâmica são paixões mais recentes, paralelamente à pintura. Seu trabalho tem sido exibido em diversas mostras coletivas e individuais, além de feiras de arte em diferentes cidades do Brasil, África, Europa e EUA. Em 2017, Gilvan mudou-se para os Estados Unidos, o que inspirou o artista a criar uma nova série de pinturas a óleo e cerâmica esmaltada. Atualmente, é representado por duas galerias: Galeria Patricia Costa no Rio de Janeiro e InLiquid Gallery na Filadélfia, EUA.

 

 

 

Coletiva na Galeria BASE

27/jun

 

 

 

(A) Parte do Todo na Galeria BASE

O todo sem a parte não é todo,

A parte sem o todo não é parte,

Mas se a parte o faz todo, sendo parte,

Não se diga, que é parte, sendo todo.

Gregório de Matos “O todo sem a parte não é todo”

 

A Galeria BASE, Jardim Paulista, São Paulo, SP,  apresenta a coletiva “(A)PARTE DO TODO”, com obras de Andrea Fiamenghi, Anna Bella Geiger, Anna Maria Maiolino, Antonio Dias, Bruno Rios, Christian Cravo, Gilvan Samico, Lucas Länder, Luiz Martins, Lygia Pape, Mario Cravo Neto, Mira Schendel, 32 trabalhos de técnicas e suportes variados: xilogravura, cerâmica, guache, acrílica, nanquim, lápis de cera, aquarela, monotipia, colagem e fotografia. A curadoria é de Daniel Maranhão.

 

(A)PARTE DO TODO, estrofe de um poema de Gregório de Matos, oferece uma reflexão fundamental sobre a importância das “partes” que compõe o todo. Na exposição, com trabalhos criteriosamente selecionados pelo curador, a importância do coletivo está centrada no valor artístico das partes; histórias pessoais se entrelaçam e tecem um “mosaico narrativo” único e harmônico. O conceito criado por Daniel Maranhão propõe “pensar paredes temáticas, de modo a que cada uma estabeleça um diálogo entre artistas, movimentos e momentos da história da arte brasileira, abrindo muitas discussões possíveis e relacionando trabalhos aparentemente apartados”.

 

No primeiro segmento, onde o ponto de convergência é Oswaldo Goeldi, tem-se o diálogo entre as xilogravuras de Gilvan Samico interagindo com obras da mesma técnica de Anna Maria Maiolino, datadas de 1967, época na qual a artista produziu a sua importante série de xilogravuras, obras seminais do Movimento da Nova Figuração que eclodiria no ano de 1970, onde se destaca a antológica obra “Glu, Glu,Glu” uma franca alusão à antropofagia, define Daniel Maranhão. Interessante registrar que por serem ambos aprendizes de Goeldi, de alguma forma faz com que as confluências dos trabalhos excedam o aspecto técnico de produção. Na sequência, tem-se Lygia Pape, artista visual e cineasta, com uma obra da série “Tecelar” e trabalhos de Antonio Dias da série “Nepal”. “Ambos foram artistas contemporâneos brasileiros de peso, e que também tiveram como referência o trabalho do gravurista carioca: Pape produziu um curta metragem intitulado “O Guarda-Chuva Vermelho” a partir de algumas gravuras de Goeldi, e Antônio Dias foi também seu aprendiz”, diz o curador.

 

Um novo recorte, agora com obras únicas feitas por três artistas mulheres durante o século XX, compõe a sala do primeiro andar. Nele temos trabalhos adicionais de Anna Maria Maiolino com obras das séries “Marcas da Gota” e “Cartilhas”, bem como obras de Mira Schendel, em especial da série “toquinhos” e uma ecoline produzida com ouro, assim como trabalhos da multi artista Anna Bella Geiger das séries “Burocracia” e “América Latina”.

 

No segundo pavimento, a fotografia ocupa o lado direito da sala expositiva com simbologias associadas a ritos afro-brasileiros registrados pelas lentes de Mario Cravo Neto e Andrea Fiamenghi, com suas imagens, celebram uma ancestralidade básica, fundamental, que compõe nossa história enquanto povo. Como complemento, uma imagem de Christian Cravo registrada no deserto da Namíbia, sul do continente africano, conclui essa seleção.

 

A parte final que compõe o todo advém de um conjunto de obras que Daniel Maranhão selecionou a partir de alguns trabalhos de artistas, representados pela BASE: Bruno Rios, Lucas Länder e Luiz Martins que desenvolvem suas próprias poéticas através de pesquisas formais em torno dos pigmentos, técnicas e texturas que resultam em belas composições abstratas.

 

De 29 de junho a 12 de agosto.

 

 

Na Casa de Cultura do Parque

05/mai

 

A trajetória e o desenvolvimento do olhar do colecionador – reflexos do tempo e de suas experiências – dão direção à mostra coletiva “Setas e Turmalinas”, uma parceria com o espaço de arte Auroras, em cartaz na Casa de Cultura do Parque, Alto de Pinheiros, São Paulo, SP.

 

 

A escolha curatorial de Gisela Domschke tem como ponto de partida um eixo formado entre uma grande pintura de Francesco Clemente, artista que introduziu Ricardo Kugelmas ao mundo das artes em Nova York, e outra de Laís Amaral, uma de suas mais recentes aquisições. “Pode-se notar neste eixo uma travessia. Busquei absorver essa ideia de passagem, cruzamento e travessia na linha curatorial. No fundo, ao colecionar, você cria uma narrativa de maneira inconsciente e isso tem a ver com suas vivências”, explica Gisela Domschke.

 

 

No texto O Colecionador, o filósofo e ensaísta Walter Benjamin nota como as coisas vão de encontro ao colecionador, ou como ele as busca e as encontra. “Para o colecionador, a ordem do mundo se dá em cada objeto, e no arranjo inesperado com que as organiza – uma percepção quase onírica das coisas”, continua a curadora.

 

 

Ao todo, foram selecionadas mais de 70 obras de arte contemporânea, em tamanhos, técnicas e suportes distintos, como pintura, escultura, desenho, cerâmica e bordado, dos artistas Adriano Costa, Aleta Valente, Alex Katz, Alexandre Wagner, Alvaro Seixas, Ana Claudia Almeida, Ana Prata, Anderson Godinho, Anitta Boa Vida, Antonio Dias, Antonio Oba, Bruno Dunley, Cabelo, Caris Reid, Carolina Cordeiro, Cecily Brown, Cildo Meireles, Cisco Jimenez, Claudio Cretti, Coleraalegria, Dalton Paula, Daniel Albuquerque, David Almeida, David Salle, Eleonore Koch, Emannuel Nassar, Emanoel Araujo, Fabio Miguez, Fernanda Gomes, Flavia Vieira, Flora Rebollo, Francesco Clemente, Gabriela Machado, Gokula Stoffel, Guga Szabzon, Gustavo Prado, Ilê Sartuzi, Jac Leirner, Janaina Tschape, José Bezerra,  Juanli Carrion, Kaya Agari, Kaylin Andres, Laís Amaral, Leda Catunda, Lenora de Barros, Louise Bourgeois, Lucia Koch, Luis Teixeira, Marepe, Marie Carangi, Marina Rheingantz, Mauro Restiffe, Maya Weishof, Melvin Edwards, Moises Patricio, Ouattara Watts, Pablo Accinelli, Paolo Canevari, Paulo Whitaker, Renata de Bonis, Rodrigo Bivar, Santidio Pereira, Sergio Sister, Shizue Sakamoto, Sofia Borges, Sonia Gomes, Sylvia Palacio Whitman, Tadaskia, Tatiana Chalhoub, Thomaz Rosa, Tiago Tebet, Tunga, Valeska Soares, Yhuri Cruz e Yuli Yamagata.

 

 

Em 2019, a exposição “Tensão, relações cordiais”, com curadoria de Tadeu Chiarelli, inaugurou a Casa de Cultura do Parque com uma proposta semelhante: o recorte da coleção da diretora executiva da Casa Regina Pinho de Almeida. Agora, três anos após a abertura, a Casa abre as portas para outro espaço cultural e obras de um colecionador convidado para ocupar a galeria principal. “Esta mostra para a Casa é marcante, pois propõe o encontro de dois espaços, com idealizadores que são colecionadores e têm ideais em comum, como a construção de um espaço plural, com diálogo do público com a arte e a cultura”, pontua o diretor artístico da Casa Claudio Cretti.

 

 

De 09 de abril a 12 de junho.

 

Formas cerâmicas de Rodrigo Torres

28/abr

 

 

A Gentil Carioca, Centro, Rio de Janeito, RJ, apresenta a exposição individual “Livro de Quartzo”, por Rodrigo Torres. A mostra convida a ver de perto uma expansão não apenas técnica, mas também conceitual do corpo de obras que revelam um estado convulsivo e catártico de sua criação. Rodrigo Torres tensiona a dimensão “decorativa” das cerâmicas, exibindo esculturas que evocam formas diversas, nos permitindo, ainda, experienciar suas insuspeitadas potencialidades sonoras e musicais. Feitas de fogo, água, ar e terra, uma a uma, e juntas em um desconcertantemente belo coletivo de seres enigmáticos, parecem não temer a nada nem ninguém.

 

 

“Certa noite, após um estrondo desavisado, acordou atônito em meio a um sonho fragmentado, despedaçado em cacos pelo chão de seu ateliê. Limpou seus olhos – em busca de ver o mundo como se o mirasse pela primeira vez, novamente, quem sabe – e mirou o ambiente ao seu redor.

 

 

Não era o apocalipse per se, tampouco se tratava de uma tragédia anunciada.

 

 

Havia fogo e barro, argila em brasa, pedaços robustos de cerâmica espalhados por todo o chão, como que estendido feito um tapete vermelho a encaminhá-lo para um novo mundo”.

 

 

Trecho do texto “O artista, um arqueólogo do futuro”, 2022 por Victor Gorgulho

Até 30 de julho.

 

 

As possibilidades da argila

27/abr

 

 

 

Sob a titulação de “poros e acúmulos”, entra em cartaz a exposição individual de Carla Santana no Aquário, espaço frontal da Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, dedicado a introduzir novas vozes do circuito. A mostra reúne um conjunto de obras inéditas que reforça o interesse da artista carioca pela argila e suas possibilidades. A partir da mistura do barro com pigmentos naturais extraídos da terra, Carla Santana produz uma massa aquosa que ela deposita sobre o papel e trabalha por meio de um processo de subtração e acúmulo, criando um surpreendente vocabulário morfológico.

 

 

“A minha relação com a argila tem uma dimensão de materializar o imaterial. O barro é uma máscara de expurgação de dores internas, uma via para criar uma narrativa sobre o meu corpo”, explica a artista. O papel se transforma em pele sobre o qual ela cria texturas que se assemelham a poros, a veias e a vísceras, uma lupa sobre corpos – humanos e animais – tingidos de tons de mostarda, terracota, branco e preto, com inserções pontuais de azul.

 

 

Formada em teatro, tendo trabalhado nas companhias Terraço Artes Integradas e Mundé, Carla Santana adentra o universo artístico a partir do palco, refletindo acerca da dimensão narrativa do corpo. Referenciando essa fase formativa, ela esgarça a experiência sensorial e faz do elemento tátil peça primordial de sua prática. No início de sua trajetória depositou a argila sobre o próprio corpo; depois, adentrou ao processo de modelagem e escultura, para chegar a uma dimensão instalativa do material e então desmanchá-lo até transformá-lo em tinta. A foto-performance em preto e branco que integra a exposição sintetiza seu trabalho: um corpo imerso de cabeça na argila. “Eu preciso do acúmulo para subtrair e criar uma imagem, a foto também é sobre o acúmulo, uma montanha de argila. Da terra viemos, para a terra voltaremos”, conclui.

 

 

Sobre a artista

 

 

Carla Santana nasceu em São Gonçalo, Rio de Janeiro, 1995. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Dentre suas exposições destacam-se: Vou ao redor de mim, Centro Cultural Paschoal Carlos Magno (Niterói, Brasil, 2019); Submersiva – Ato 1, Auroras (São Paulo, Brasil, 2021); Crônicas cariocas, MAR – Museu de Arte do Rio (Rio de Janeiro, Brasil, 2021); Engraved into the Body, Tanya Bonakdar Gallery (New York, USA, 2021); Escrito no corpo, Carpintaria (Rio de Janeiro, Brasil, 2020) e Sob a Potência da Presença, Museu da República (Rio de Janeiro, Brasil, 2019).

 

 

Até 18 de junho.

 

 

Brennand no Rio, na Carpintaria

11/fev

Brennand - Carpintaria

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, e a Gomide & Co têm o prazer de apresentar “Francisco Brennand: Um primitivo entre os modernos”. Com curadoria de Julieta Gonzalez, a exposição é um desdobramento da mostra homônima ocorrida na Gomide & Co entre 27 de novembro de 2021 e 29 de janeiro de 2022, em São Paulo.

“Brennand optou por trabalhar contra a corrente da abstração geométrica, dedicando-se à exploração de formas primitivas e arcaicas. Ao longo de toda sua vida, desenvolveu uma linguagem pessoal independente das narrativas artísticas dominantes que informavam a arte de seus contemporâneos no Rio de Janeiro e em São Paulo”. – Julieta González.

 

Abertura : 19 de fevereiro.

Lidia Lisbôa na Galeria Millan

03/fev

 

 

A Galeria Millan, São Paulo, SP, apresenta até o dia 19 de fevereiro, “Acordelados”, primeira individual de Lidia Lisbôa, Guaíra, PR, 1970, na galeria, abrindo o programa institucional de 2022. A artista ganha mostra antológica, com curadoria assinada por Thiago de Paula Souza. A exposição repassa a trajetória da artista desde o final dos anos 1990 até suas investigações mais recentes.

 

A primeira sala da mostra na Galeria Millan contará com as obras da série intitulada “Tetas que deram de mamar ao mundo”, cuja produção foi iniciada em 2011. Tratam-se de esculturas têxteis de grandes dimensões que são alçadas ao teto e caem próximas ao chão, numa forma que remete aos seios femininos. A exposição contará também com trabalhos inéditos, como as esculturas moldadas ora em cerâmica, ora em porcelana, junto a pedaços de vidro fundido que tomam a forma de elementos naturais em “Costelas de Adão” ou antropomórficos, na série intitulada “Alienígenas”. A exposição apresenta ainda desenhos da artista cujas formas reportam aos seus trabalhos escultóricos, em especial, à série “Cupinzeiros”. Nesta série, também presente na exposição, as esculturas em cerâmica estabelecem relações formais e materiais com os cupinzeiros que ocupam a paisagem do campo brasileiro e que remetem às memórias da infância de Lidia Lsbôa.

 

A artista trabalha com diversos materiais e técnicas, como desenho, arte têxtil, crochê, performance e esculturas em cerâmica, argila, porcelana e botões. Segundo afirma, “meu trabalho busca evocar a força e o poder do feminino, a potência da mulher como força motriz da significação de sua própria existência no mundo.” Suas obras se relacionam com a memória e as experiências que a artista vivenciou em sua infância no campo. Assim como abordam as formas do corpo feminino, o processo da maternidade e as relações que os modos de vida estabelecem com a territorialidade. Ao reportar-se à sua produção, ela afirma que “(…) em meus trabalhos quero tecer e moldar para desestruturar, para desfazer o que deve ser desfeito e dar vistas a modos de vida e expressões que muitos anos de ocultação quiseram lançar ao esquecimento”.

 

Sobre a artista

 

Após ter se mudado para São Paulo, em 1986, Lidia Lisbôa trabalhou em ateliê de alta costura e, em 1991, iniciou sua produção artística. Obteve formação de Gravura em Metal pelo Museu Lasar Segall, escultura contemporânea e cerâmica no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e no Liceu de Artes e Ofícios. Em 1997, participou da exposição coletiva “Tridimensional”, no Museu Brasileiro da Escultura e Ecologia (MuBE) e, neste mesmo ano, realizou sua primeira exposição individual no Instituto Goethe, em São Paulo. Em 1998, a artista recebeu o Prêmio Maimeri – 75 anos, concedido pelo Liceu de Artes e Ofícios. Em 2020, Lisbôa expôs no Centro Cultural São Paulo e na 12ª Bienal do Mercosul, em 2021, integrou as exposições coletivas “Enciclopédia Negra”, na Pinacoteca de São Paulo; “Carolina Maria de Jesus: um Brasil para brasileiros”, no Instituto Moreira Salles; e a mostra “A Substância da Terra: O Sertão”, com curadoria de Simon Watson, que ocorreu primeiro no Museu Nacional da República com itinerância na Slag Galery em Nova York.

 

Oficina Brennand, 50 anos

26/out

 

Foi em 11 de novembro de 1971 que Francisco Brennand (1927-2019) iniciou a reforma das ruínas da antiga Cerâmica São João, transformando-a em seu ateliê. Ao longo de décadas, aquele foi seu espaço de criação, ao passo em que ocupava os jardins e galpões com instalações de suas obras, ganhando contornos de museu.

A Bergamin & Gomide e o Instituto Brennand convidam para a celebração dos 50 anos da Oficina Brennand e abertura da exposição “Devolver a terra à pedra que era”, com curadoria de Julieta González e Júlia Rebouças, que integra um programa comemorativo do cinquentenário e marca um novo momento institucional.

Devolver a terra à pedra que era
20 de novembro 2021
Reserve esta data e junte-se a nós nessa comemoração.

RSVP até 29 de outubro

Mais informações em 50anos@oficinabrennand.org.br

O Museu do Pontual, reinventado

08/out

 

 

 

A partir deste sábado, dia 9 de outubro, estará aberto à visitação pública o novo espaço do Museu do Pontal, próximo ao Bosque da Barra, com atividades voltadas para as crianças, como espetáculos de teatro de mamulengos, de palhaços, perna de pau, diversas oficinas – uma especializada para bebês, e outra com o artista Getúlio Damado, de Santa Teresa, conhecido pelos bondinhos que cria – além de contação de histórias e experiências sensoriais. A capacidade é limitada para cada atividade, e as senhas serão distribuídas por ordem de chegada. Instalado em um terreno de 14 mil metros quadrados, próximo ao Bosque da Barra e ao lado do condomínio Alphaville Residências, o Museu do Pontal possui dez mil metros quadrados de área verde, onde estão plantadas dezenas de milhares de mudas de 73 espécies nativas brasileiras. Esta inauguração é resultado de uma grande colaboração coletiva que envolveu mais de mil pessoas e empresas como BNDES, Instituto Cultural Vale, Itaú Cultural, entre outras, a partir da Lei de Incentivo à Cultura do Governo Federal. E ainda, especialmente, o IBRAM (Instituto Brasileiro de Museus) e a Prefeitura do Rio de Janeiro. Referência internacional em arte popular brasileira, com mais de nove mil obras de 300 artistas – o maior acervo do gênero -, e de relevância reconhecida pela Unesco, o Museu do Pontal inaugura sua nova sede com o conjunto de seis exposições “Novos ares: Pontal reinventado”, que mostram a riqueza e a diversidade do Brasil, marcando este importante momento na história do Museu. A curadoria é de Angela Mascelani, diretora artística do Museu do Pontal, e de Lucas Van de Beuque, diretor executivo, com a colaboração da designer Roberta Barros e do arquiteto Raphael Secchin no desenho expositivo, pesquisa Moana Van de Beuque e coordenação de conteúdo de Fabiana Comparato. Com coordenação de Cecília Einsfeld, a programação educativa deste fim de semana, em torno de uma hora de duração por cada atividade, é a seguinte:

 

 

09 de outubro

10h – Oficina Bebê – Brincadeiras Musicais, com Bebel Nicioli – Para bebês e crianças até 3 anos, com duração de 1h.

11h, 14h30 e 16h30 – Visita Musicada, com os arte-educadores Beatriz Bessa e Pedro Cavalcante, com duração de aproximada de 1h30, classificação livre.

14h30 – Oficina Fazer Brinquedos, com Getúlio Damado, criador de maquetes do bondinho de Santa Teresa – A partir de oito anos de idade, vagas ilimitadas.

15h30 – Espetáculo Solo Protocolo, com Ricardo Gadelha – Classificação livre, com duração de 40 minutos.

10 de outubro

10h e às 15h30 – Teatro de Mamulengo com o espetáculo “A Sambada de Simão nas Terras de São Saruê”, de Adiel Luna – Classificação livre, com duração de 1h.

11h, 14h30 e 16h30 – Visita Musicada, com os arte-educadores Beatriz Bessa e Pedro Cavalcante, com duração de aproximada de 1h30, classificação livre.

14h30 – Oficina Fazer Brinquedos, com Getúlio Damado, criador de maquetes do bondinho de Santa Teresa – A partir de oito anos de idade, vagas ilimitadas.

 

 

O conjunto das exposições inaugurais se chama “Novos ares: Pontal reinventado”, marcando este importante momento na história do Museu. São seis exposições, uma de longa duração, e cinco temporárias, que reúnem 700 conjuntos de obras, com um total de cerca de duas mil peças. O Museu do Pontal terá um café/restaurante, uma loja, e uma extensa programação para todos os públicos.

 

 

Em meio às exposições, o público verá a riqueza da arte popular através de vídeos e textos poéticos, e em depoimentos de personalidades como Gilberto Gil, Dona Isabel, Ailton Krenak e José Saramago. O percurso expositivo de mil metros quadrados terá cores e aberturas em suas paredes, que permitem vislumbrar uma perspectiva do amplo espaço, de modo a revestir de magia e encantamento o mergulho do público no universo da arte popular.

 

 

“Novos ares: Pontal reinventado” abrange obras do acervo do Museu e de importantes coleções convidadas. A exposição de longa duração faz uma homenagem à proposta original de apresentação das obras do Museu do Pontal criada por seu idealizador e fundador, Jacques Van de Beuque (1922-2000), que estabeleceu uma maneira própria e inovadora para apresentar o Brasil profundo revelado por seus artistas populares. Esta concepção foi revisitada à luz de 2021, com uma nova compreensão dos ciclos criados por ele, que apontavam as transformações do Brasil com a migração da área rural para a cidade.

 

 

Em torno da exposição central estarão cinco outras exposições nucleares, temporárias, focadas na diversidade da produção artística do país, com esculturas que dialogam com temas fortes da cultura brasileira, a partir dos olhares originais de seus autores.

 

 

 

Agora online | Exposição individual de Ernesto Neto

29/set

 

 

A Carpintaria, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, tem o prazer de apresentar “O beijo Vi de Só e Té Água e Fô e outras tecelã”, uma exposição de Ernesto Neto incluindo trabalhos inéditos que tratam da inter-relação entre o céu e a terra, cerâmica e crochê, escultura e espaço. Juntas, essas novas obras são entremeadas à arquitetura da Carpintaria, onde o chão, a parede e o teto foram integrados na montagem de uma experiência imersiva.

 

 

Carta Serpente para um corpo porvir

por Catarina Duncan

 

 

Peço licença, aos meus mais velhos e aos meus mais novos, de todas as espécies que coabitam o mundo, reconheço a vida que há em tudo. Peço licença para abrir os caminhos dos encontros, para criar essa carta em direção a um organismo que se forma, mas que ainda não existe. Escrevo a partir de vestígios de memórias do que ainda está por vir, uma composição, uma dança, entre muitas vidas, muitas gotas, que formam um corpo só. Seja bem-vinda beijo vida, de terra e sol, e outras tecelagens.

 

Neto percebe a escultura como um organismo vivo e transgressor, que se devora e se transforma constantemente e àqueles que a observam. O ambiente criado pelo artista nesta montagem sugere uma (re)construção do espaço social e do mundo natural, atravessando os limites do corpo escultural em uma paisagem reinventada.

 

 

Um céu de crochê dá suporte a esculturas compostas de formas longilíneas suspensas, como gotas preenchidas por folhas de ervas ou nozes que caem em direção a peças de cerâmica, que por sua vez “brotam” do chão, aludindo a beijos entre corpos distintos. Aqui, o artista propõe uma metáfora de um encontro amoroso entre o céu e a terra.

 

 

No novo corpo de trabalho ‘entidade tecelã’, o artista usa bastidores de MDF em recortes biomórficos e fios de malha de algodão coloridos para manualmente criar tramas, com uma técnica de tecelagem que opera entre a microtensão dos fios entrelaçados e os espaços vazios de respiro.

 

 

Outras obras feitas de galhos secos envoltos por barbantes, explora a relação de tensão e equilíbrio entre diferentes materiais do cotidiano e formas da natureza.

 

 

“Para acompanhar esse nascimento foi convocada uma entidade tecelã, que cria o mundo enquanto se cria, forjando teias que brotam de dentro, conectam e integram nos lembrando que nada existe em isolamento”

 

 

Catarina Duncan

 

 

“Um dos principais saberes que as sociedades indígenas têm e que torna seu pensamento valioso é justamente uma outra maneira de conceber a relação entre a sociedade e a natureza, entre os humanos e os não-humanos, uma outra forma de conceber a relação entre a Humanidade e o restante do cosmos.”

 

 

Cristine Takuá

 

 

Sobre o artista

 

 

Ernesto Neto nasceu no Rio de Janeiro, em 1964, onde vive e trabalha. Outras exposições recentes incluem: Mentre la vita ci respira, Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea di Bergamo (Bergamo, 2021), SunForceOceanLife, The Museum of Fine Arts (Houston, 2021); Sopro, Centro Cultural La Moneda (Santiago, 2021), MALBA (Buenos Aires, 2019), Pinacoteca do Estado de São Paulo, (São Paulo, 2019); GaiaMotherTree, Zurich Main Station, apresentada pela Fondation Beyeler, (Zurich, 2018); The Body that Carries Me, Guggenheim Bilbao (Bilbao, 2014). Seu trabalho integra as coleções do Centre Georges Pompidou (Paris), Guggenheim (New York), MoMA (New York), Museo Reina Sofía (Madrid), Tate (London), entre outras.