O Maravilhamento das coisas

28/fev

A Galeria Sancosky, Jardim Paulista, São Paulo, SP, convida para a abertura da exposição “O Maravilhamento das Coisas”, coletiva com curadoria de Julie Dumont – The Bridge Project.  A mostra propõe uma reflexão sobre os desdobramentos da estética do cotidiano na arte contemporânea e reúne trabalhos que borram os limites entre arte erudita e popular, figuração e abstração, original e cópia. Participam os artistas Daniel Barclay, Mariano Barone, Bruno Brito, Leda Catunda, Matheus Chiaratti, Tatiana Dalla Bona, Mayla Goerisch, Martin Lanezan, Mano Penalva e Sergio Pinzón.

 

Através de instalações, esculturas, pinturas e assemblages, a exposição reflete sobre as estratégias de apropriação de referências corriqueiras através da lente subjetiva e afetiva dos artistas, usando objetos e imagens familiares e projetando-os para ou além da parede. Criando novas funções e significados, derrubando fronteiras e transpondo lugares conhecidos para o lugar da arte, a coletiva traz à tona os deslocamentos operados pelos artistas, transformando as coisas do cotidiano e aplicando o paradigma da arte contemporânea na sua relação mais íntima com o público. Neste jogo de possibilidades, de expansão e permeabilidade dos conceitos de obra de arte, beleza e finitude, o visitante é convidado a uma jornada empática no universo pessoal dos artistas, no campo lúdico da arte, o do maravilhamento das coisas.

 

 

Até 31 de março.

Ícone da Arte contemporânea

Baró Galeria, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de apresentar a mostra “ZAZEN”, individual do artista Daniel Arsham, importante ícone da arte norte-americana contemporânea. O ato de sentar e permitir o fluxo livre e contínuo de pensamentos recebe, no budismo, o nome de zazen. “Za” significa “sentar” e “zen” refere-se a um estado de concentração profunda. Zazen existe enquanto estado mental, no qual espaço e tempo são suspensos. Em “ZAZEN”, os trabalhos reunidos propõem uma outra experiência e percepção do fluxo do tempo.

 

Conhecido por trabalhos situados entre arte e arquitetura, nos quais intervém em nossas impressões sobre o espaço, a poética de Arsham também tange a dimensão temporal. Os trabalhos do artista tensionam a temporalidade na qual se inscreve a arquitetura onde se instalam: suas obras apresentam-se, no momento e espaço contemporâneos, como objetos que tem permanência em uma escala temporal quase geológica. O tempo, para o artista, não parece ter início ou fim absoluto, pois ele é percebido como uma longa duração, que atravessa e suspende a espacialidade.

 

Dentre os trabalhos que compõe a mostra, destacam-se “Ash and Rose Quartz Eroded Televisions” e o vídeo “Future Relic”. Tais trabalhos fazem parte da série “Fictional Archeology”, no qual o artista se coloca como um arqueólogo do futuro e convida os espectadores a fazerem o mesmo: objetos do presente são recriados como esculturas e expostos como relíquias. Nessa arqueologia ficcional, os artefatos contemporâneos parecem ter sido petrificados, pois são compostos por uma mistura de materiais rochosos, minerais e cimento. Ao contrário do que são hoje, objetos feitos em escala massiva e industrial, marcados pela rápida obsolescência do mundo do consumo, eles assumem um caráter único. Colocamo-nos diante deles como se estivéssemos diante de preciosidades, que resistiram ao tempo e às intempéries, mas que nos fazem rememorar nosso presente.

 

As obras “Blue Gradient Teddy Bear” e “Blue Gradient Seated Female Figure” integram uma instalação semelhante a “Blue Garden”, site specific realizado no Aterro do Flamengo, Rio de Janeiro, em 2017, no qual Daniel Arsham recria um jardim zen com areia e duas esculturas.  Na cultura milenar japonesa, tal jardim é um refúgio para concentração e para o fluxo de energia.  As marcas na areia realizadas com um restelo simbolizam, deste modo, o fluxo de água.  No jardim de Arsham, a figura da mulher sentada e de um urso de pelúcia também petrificados substituem as tradicionais pedras como elemento decorativos e criam uma situação de simultaneidade entre o universo tradicional, que se estende temporal e espacialmente, e o mundo contemporâneo fugidio e acelerado. Nos trabalhos que compõem a mostra, Arsham propõe ao espectador a experiência de um tempo que não é concreto – apesar da materialidade dos objetos de suas esculturas e instalações. O tempo, como no budismo, aparece como amplo e cíclico. Ele é, simultaneamente passado, presente e futuro, em um contínuo sem começo, meio e fim.

 

 

De 03 a 31 de março.

 

No Baró Contêiner

Galeria Baró, Jardins, São Paulo, SP, têm o prazer de apresentar “Refôrma”, exposição individual de Amanda Mei, no Baró Contêiner. Nela, as obras expostas giram em torno do conceito da reorganização e reequilíbrio de um modelo, matriz ou molde.

 

Segundo a própria artista: “Refôrma traz a experiência de devolver para a natureza uma geometria falha, um novo uso, um desvio da função original dos materiais por meio da ideia de artificio e camuflagem. A mostra é composta por pinturas e esculturas que tratam do equilíbrio entre elementos de formação do universo, com composições tridimensionais construídas pelo homem ou apropriadas diretamente da natureza. São combinações que se reorganizam de acordo com o meio em que estas se encontram, tal qual uma estrutura molecular ou um planeta.”

 

O conjunto de trabalhos trata da dinâmica dos movimentos de transformação e destruição, a ideia de progresso e sobrevivência. Estes pontos se colocam como um pacto entre o homem e a natureza – seja pelo embate dos diferentes materiais com o espaço físico, da tinta com a parede e dos visitantes com as obras. Os fragmentos de madeira, papelão, argila, tinta se transformam em formas tridimensionais e parecem crescer no espaço como uma arquitetura “não oficial” por um período determinado de tempo. Tais procedimentos refletem a ideia de camuflagem em relação ao deslocamento, função e transformação dos materiais.

 

 

De 03 a 31 de março.

A Cara do Rio 2018 

23/fev

Tudo começou em 2003, quando 25 artistas se reuniram pela primeira vez na mostra “A Cara do Rio”, na galeria Matias Marcier. Agora, em sua 11ª edição, o curador Marcelo Frazão registra a passagem de 323 artistas pela exibição coletiva, com 743 trabalhos realizados ao longo dos anos para o evento. Revelando talentos e dando sequência a trajetórias, depois de quatro verões, a mostra “A Cara do Rio” está de volta ao Centro Cultural dos Correios, Centro, Rio de Janeiro, RJ.

 

A Cara do Rio 2018 vai reunir algumas das varias tribos plásticas espalhadas pela cidade, dialogando com o público e apresentando diversas possibilidades técnicas e estéticas através das obras de 90 artistas dentre eles, Paulo Villela,  Denise Araripe, Edineusa Bezerril, Luiz Behring, Marina Vergara, Umberto França, Solange Palatinik, Newton Lesme,  Clare Caulfield, Diana Doctorovich, Fabio Borges, e a jovem Clara Miller (16 anos), além do próprio curador.

 

Neste ambiente plástico de ampla liberdade, o público vai poder apreciar pinturas, fotografias, esculturas monumentais, instalações, cerâmicas, incluindo a ocupação da área externa, entre o prédio do Centro Culural dos Correios e o da Casa França Brasil, com uma obra da escultora Marina Vergara.

 

Os 90 trabalhos apresentados traduzem no seu cerne a visão metalinguística de uma cidade observada através de si própria, contendo abordagens multifacetadas, onde os artistas convidados expressam críticas, declarações, denúncias, ou o descaso. Com um olhar esperançoso, o curador da mostra, – também gravador e professor -, Marcelo Frazão, comenta alguns dos objetivos da exposição: “tentar resgatar a autoestima do carioca, que há anos vem se desgastando, lembrando que o Rio de Janeiro reflete a aura do pais”.

                   

 

De 28 de fevereiro a 22 de abril.

Vergara no Rio Open Arte

Criador do pôster oficial do Rio Open 2018, o artista Carlos Vergara apresentou a obra que deu origem ao cartaz, e também a escultura “3D Rio Open”, derivada do seu trabalho de criação. Vergara recebeu convidados no Rio Open Arte, espaço inédito criado para a 5ª edição do maior torneio da América do Sul.

 

Entre os que prestigiaram o evento estavam a curadora Vanda Kablin, o artista plástico Antônio Bokel, Sylvia e Carlos Alberto Gouvêa Chateaubriand, Juliava Silveira e João Vergara, filho do artista.

 

Para conceber o pôster, Vergara se inspirou em mais de 100 fotografias tiradas durante três dias no Jockey Club Brasileiro.

 

“Eu queria uma imagem à altura do torneio e da sua relevância. Que de cara fosse possível identificar o tênis. Por isso usei o saibro. Eu também adoro o “Desafio”, quando conferem se a bola foi dentro ou fora, então procurei retratá-lo. Sem falar que a quadra é abençoada pelo Cristo Redentor, então ele precisava estar presente. Com as sombras e as marcas na rede busquei a realidade da modalidade”, comentou.

 

Carlos Vergara, um dos maiores artistas contemporâneos do Brasil, gostou de ver um espaço de arte no ATP 500 do Rio. “Fiquei contente e orgulhoso com o convite para fazer o pôster, e acho maravilhoso ter um espaço de arte em um torneio desse porte. A arte tem que estar onde as pessoas estão”, disse.

 

O Rio Open Arte recebeu também alguns dos novos artistas que criaram obras exclusivas para a competição. As obras estarão à venda (através de leilão mudo) e o valor arrecadado será destinado aos projetos sociais apoiados pelo Rio Open. A curadoria de arte do foi realizada por Rafael Lacerda, responsável pelo RL Escritório de Arte, galeria cujo foco principal são novos artistas. O espaço tem obras do desenhista Isaias Klein, do artista plástico Luiz D’orey, do fotógrafo Pedro Peracio e do designer Thainan Castro.

Jorge Feitosa na Galeria VilaNova

A Galeria VilaNova, localizada Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, inicia seu calendário expositivo de 2018 com “Lágrimas de Ouro”, do artista visual Jorge Feitosa, sob curadoria de Bianca Boeckel. Por meio de doze fotografias, oito objetos/esculturas, dois vídeos-performance, uma instalação e um painel formado por vinte imagens, a mostra apresenta um mergulho nas emoções mais íntimas do artista e propõe reflexão sobre a memória do corpo, trazendo a tona questões como deslocamento, identidade e morte.

 

“Nasci em Porto Velho (RO) e me mudei para São Paulo ainda adolescente. Desde pequeno, quando saía com meu pai, costumava ficar sempre olhando para o lado de fora do carro para não perder nada do que se passava, e são algumas dessas imagens e paisagens que permanecem na minha memória, mesmo que fragmentadas.” Ao se aprofundar nessas lembranças ou fragmentos de memórias, Jorge Feitosa extrai de si tudo que há de mais íntimo e pessoal, como afetividades, deslocamentos, informações, emoções e sentimentos, dos quais resultam sua produção artística. Em “Lágrimas de Ouro”, o artista performa frente à câmera cenas advindas de seu próprio subconsciente e as fotografa, criando assim uma forte carga imagética e que, em alguns trabalhos, se aproxima da foto-performance. “Ao interagir com o meio, animais vivos e mortos e matérias orgânicas, suas fotografias e vídeos ganham genuinidade e textura – é como se embarcássemos juntos em suas viagens”, comenta Bianca Boeckel, curadora da exposição.

 

Sobre a técnica, Jorge Feitosa prefere que ela seja desenhada e utilizada naturalmente, para não limitar as possibilidades de suporte. “Fico sempre aberto e atento, observando cada detalhe de tudo, só ai decido a técnica e suporte.” Para esta nova mostra na Galeria VilaNova, a temática do resgate da memória afetiva e emocional continua sendo sua escolha, mas agora na condição de um indivíduo que sofreu um deslocamento físico – remetendo principalmente a sua mudança de Porto Velho (RO) para São Paulo, quando adolescente. Em suas palavras: “Quando estou com uma imagem na cabeça e quero torná-la física, busco fazer isso no menor espaço de tempo para que ela não se perca. Ganho tempo já na seleção do que levo para minhas locações – duas câmeras, um tripé, três baterias, além e claro de contar com a luz natural do ambiente. Gosto que tudo seja rápido, pois na minha cabeça já tenho toda imagem resolvida. Acredito que isso conserva o frescor e a fidelidade que quero transmitir com um trabalho”.

 

A partir da pesquisa de imagens e fragmentos de memória, o artista dá início a um trabalho, revendo a origem dessas imagens. O próximo passo desse processo é sair a campo, geralmente entre São Paulo e Rondônia, onde tenta tornar física a inspiração estética que seu subconsciente buscou. Nas palavras de Ananda Carvalho, professora, crítica de arte e curadora: “Jorge Feitosa reflete sobre as buscas de uma identidade mestiça. O artista nasceu e cresceu em Porto Velho (Rondônia), mas vive na cidade de São Paulo há mais de 30 anos. Mas, além das referências biográficas, seu trabalho procura discutir uma concepção ampliada entre as forças que interferem na constituição das subjetividades do indivíduo contemporâneo”.

 

 

Sobre o artista

 

Jorge Feitosa nasceu em Porto Velho, RO, 1969. Vive e trabalha em São Paulo. É graduado em Artes Visuais pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2013) e também possui formação em fotografia pelo MAM de São Paulo, onde participou junto ao coletivo de fotógrafos da publicação do livro Luz Marginal Procura Corpo Vago. Pesquisa a performance e sua relação com a fotografia e vídeo, trazendo à tona um imaginário que apresenta questões inerentes ao homem contemporâneo, como por exemplo, a ideia de enraizamento e deslocamento. Entre suas principais exposições destacam-se Foto-Performance, Oficina Cultural Oswald de Andrade, SP (2015), Mappa Dell’arte Nuova – Imago Mundi Art – Fondazione Giorgio Cini, Veneza-Itália (2015), 2ª Bienal de Veneza/Neves, MG, (2015), Das Matizes as matrizes, SP ESTAMPA, Verve Galeria (2015), Performa-Projetos Curados/Curated Projects, SP-Arte – Feira Internacional de Arte de São Paulo (2015), Impressões Impressas, SP ESTAMPA, Verve Galeria (2014), Da Luz ao Inacabado, Galeria 13 – Centro Universitário Belas Artes de São Paulo (2014), Transfigurações – O que precede o corpo, Verve Galeria (2013) e Diálogos e Expressões Gráficas, SP ESTAMPA, no Museu de Belas Artes de São Paulo (2012).

 

 

 

Sobre a Galeria VilaNova

 

Localizada na região do Parque Ibirapuera, a Galeria VilaNova promove artistas em ascensão e consagrados, e tornou-se ponto de encontro para quem aprecia boa arte. Em sua 22ª exposição, a galeria atende a um público exigente, sempre em busca de novidades em fotografia, pinturas, esculturas e diversas mídias. Através de intensa pesquisa e de uma curadoria detalhista, exibe uma grande variedade de arte conceitualmente significativa e visualmente estimulante. Uma combinação de mostras coletivas e solo, além de um acervo eclético e em constante renovação, permitem que colecionadores apreciem trabalhos sempre novos e aprendam sobre as últimas tendências. Bianca Boeckel, proprietária e diretora, atua também como consultora de artistas e clientèle, lançando mão de sua experiência internacional.

 

 

De 1º de março a 07 de abril.

Bechara no MAM Rio

01/fev

 

A exposição “Fluxo Bruto”, no MAM Rio, com trabalhos inéditos do artista José Bechara foi prorrogada até o dia 06 de maio. A curadoria é de Beate Reifenscheid, diretora do Ludwig Museum, Koblenz, Alemanha. A mostra reúne trabalhos tridimensionais inéditos do artista, em grande escala, finalizados no próprio local,  em diversos materiais: vidros planos, mármore maciço, alumínio e madeira. “Fluxo Bruto” tem ainda duas pinturas inéditas sobre lona, e outras três pinturas pertencentes às coleções Dulce e João Carlos Figueiredo Ferraz e Gilberto Chateaubriand/MAM Rio.

 

Mestre dos Sonhos

09/jan

A CAIXA Cultural, Galeria 1, Centro, Rio de Janeiro, RJ, recebe, de 13 de janeiro a 11 de março, a exposição inédita “Francisco Brennand – Mestre dos Sonhos”, que reúne cerâmicas, pinturas e desenhos criados pelo artista pernambucano aclamado mundialmente por sua arte sincrética, ancestral e extremamente peculiar. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

 

Com curadoria e projeto expográfico assinados por Rose Lima, a exposição conta com 31 obras do acervo original do artista, criadas em diversas fases da sua carreira. Seus trabalhos evidenciam temas como reprodução, mitologia, sexualidade, fauna e flora, personagens históricos e divindades, tudo permeado por signos da tradição popular do Nordeste, bastante valorizados em suas criações. A mostra reflete parte do universo místico e fantástico criado pelo artista na Oficina Cerâmica Francisco Brennand e no Parque das Esculturas, dois importantes espaços culturais mantidos em Recife (PE) e que reúnem mais de duas mil obras de arte.

 

“O público vai conhecer o homem Brennand e a riqueza da sua arte. A exposição pontuará seu timbre nordestino com referências diversas à sua família, à literatura, às vivências adquiridas e interações com outros artistas como Abelardo da Hora e Cícero Dias, seus tutores, e os amigos de sua geração que se influenciavam mutuamente, como Ariano Suassuna e Lina Bo Bardi”, destaca Rose Lima.

 

Com realização da Via Press Comunicação, a exposição estreou em Salvador, passou pela CAIXA Cultural São Paulo e agora chega ao Rio de Janeiro. Além de oportunizar o público a conhecer a arte de Brennand, a mostra presta homenagem ao trabalho de um dos artistas plásticos mais importantes do país na atualidade.

 

 

Arte Superlativa

 

Dispostas em quatro alas, as obras em exposição são organizadas cronológica e criativamente, costuradas por uma linha do tempo que perpassa os 90 anos de vida de Brennand. Em cada visita, o público será convidado a uma viagem centenária que começa em 1927, no bairro da Várzea, subúrbio de Recife (PE), no local onde hoje está a Oficina Cerâmica Francisco BrennandSerão exibidas peças representativas que vão desde o começo de sua carreira, a exemplo do quadro “Autorretrato aos 19 anos“, de 1947, até outras mais recentes, como a pintura “Toques”, da série “O Castigo”, de 2013. Além dos quadros e desenhos, a mostra dá destaque às cerâmicas, obras que o notabilizaram internacionalmente. Entre elas, as cerâmicas vitrificadas “La tour de Babel“, de 1975, “Antígona“, de 1978) e “Pelicano“, de 1988.

 

Na ambientação da galeria, a proposta busca uma experiência de imersão visual e sonora que remete o público à Oficina, onde está a maior parte do acervo monumental de Brennand. Grandes painéis fotográficos – reproduções em profundidade de ambientes do local – são somados à sonorização de cantos gregorianos, som marcante do museu-ateliê em Pernambuco e, juntos, transportam o público por um passeio sensorial. A curadora mescla aos trabalhos de Brennand fotos do arquivo pessoal do artista em que aparece com seus pais, esposa e amigos, como Abelardo da Hora e Ariano Suassuna. A mostra apresenta ainda conteúdo audiovisual composto pela exibição do filme documentário “Francisco Brennand“, de 2012, dirigido por Mariana Brennand Fortes, sobrinha-neta do artista. Em outro espaço, a combinação entre tela e “parabólica” sonora, uma instalação de áudio, apresentam as suas intervenções artísticas na Bahia.

 

 

Mestre dos Sonhos

 

Há mais de 45 anos em reclusão artística, o pernambucano Francisco Brennand é pintor, ceramista, escultor, desenhista, tapeceiro e ilustrador. Começou na arte em 1942, durante a juventude, ao conhecer o artista plástico Abelardo da Hora. Durante viagens à Europa, conheceu as obras em cerâmica de artistas consagrados como: Picasso, Chagall, Matisse, Braque, Gauguin, Miró e Antoni Gaudí, artista que o influenciou fortemente. De volta ao Brasil, passou a se dedicar verdadeiramente à cerâmica produzindo diversos painéis em cidades daqui e dos Estados Unidos (EUA). No ano de 1971, reformou a antiga fábrica de cerâmica de sua família, antigo Engenho São João, na Várzea, em Recife, transformando-a na Oficina Cerâmica. Juntamente com o Parque das Esculturasconstruído há 17 anos sobre um arrecife natural em frente à Praça do Marco Zero, a Oficina concentra permanentemente grande parte das obras do artista. Em 75 anos de trabalho artístico, Brennand soma mais de 90 exposições entre Alemanha, França, Inglaterra, Itália, Uruguai, EUA, Portugal, Espanha, além de diversas cidades brasileiras. Hoje, aos 90 anos, se dedica exclusivamente à pintura, atividade que iniciou a sua carreira como artista.

Exposição no MNBA

Uma prévia do cenário da nova Galeria de Arte Brasileira Moderna e Contemporânea, que em breve vai ser reformulada, é o que se antecipa na exposição “O Espaço da Arte”, que o Museu Nacional de Belas Artes, Cinelândia, Rio de Janeiro, RJ, vai abrir – com entrada franca – no dia 13 de janeiro.

 

O público vai poder descortinar, dentro das salas Flamengo-Holandesa, Boudin e Lúcio Costa, cerca de 51 obras da coleção do MNBA, incluindo nomes como Iberê Camargo,  Maria Leontina,  Guignard, Ivan Serpa, Candido Portinari,  Flávio de Carvalho, Djanira e Fayga Ostrower, entre outras.

 

Através destes trabalhos, que tiveram impacto na trajetória da arte visual brasileira,  a exposição  se volta para  as transformações da espacialidade da obra de arte, elemento  fundamental para a compreensão da transição da passagem do mundo visual moderno para o contemporâneo.

 

Optando pela abordagem da espacialidade na obra de arte os curadores da exposição “O espaço da Arte” lembram que suas transformações ao longo do século XX são essenciais para se entender as mudanças visuais e conceituais que ocorreram ao longo de mais de cem anos de história, gerando conseqüências no fazer de hoje.

 

No primeiro dos três módulos  nos quais se estrutura a mostra, aborda-se o contato com novos tratamentos da superfície,  ou de características óticas e materiais das obras, anunciando as transformações que viriam depois, com mais radicalidade, ênfase e segurança. Trata-se de um estágio no qual os artistas parecem exibir uma postura de timidez e incerteza sobre os rumos que se abraçariam pelos anos subseqüentes.

 

Posteriormente,  o segundo módulo exibe  algumas experiências artísticas onde as obras assumem a postura investigativa frente o problema histórico que enfrentam diante do espaço da obra, pesquisando soluções diferentes, mas que, de algum modo, ainda estão presos a certos paradigmas, principalmente relacionados à figuração. Neste segmento,  podemos  observar o entre-lugar,  ou seja,  o artista está  abrindo uma campo entre o antes e o depois;

 

Deixando para trás o impasse das fases iniciais, no ultimo módulo, as obras expostas, sem vacilação, assumem seu lugar no mundo real.   Caminham para além  da representação, buscando  se apresentar enquanto si mesmas no espaço real,  construindo uma ponte entre dois mundos, antes separados.  Nesta fase,  a obra de arte não evoca, está presente,  ganhou vida própria,  emerge como um ente tal qual seu observador e, a partir disso, se põe a modificar as relações em seu entorno.

 

Os curadores da exposição “O Espaço da Arte” ressaltam, “ainda que se desenhe no tempo, a história da espacialidade,  enquanto percurso,  está  repleta de fraturas, desvios, descontinuidades”.  Isso explica,  porque dentro da dinâmica da história da arte,  “o passado pode conter distantes anúncios de um porvir a ser trabalhado como a também permanência de certos modelos criados dentro da sua trajetória,  fazendo com que as noções de espacialidade reverberem continuamente,  umas sobre as outras, num fluxo contínuo do fazer e refazer”.

 

 

Até 27 de maio.

Tunga no MASP

20/dez

A exposição “Tunga: o corpo em obras” encerra o programa anual de 2017 do MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, em torno das histórias da sexualidade, que incluiu mostras individuais dos artistas Teresinha Soares, Wanda Pimentel, Miguel Rio Branco, Toulouse-Lautrec, Tracey Moffatt, Guerrilla Girls, Pedro Correia de Araújo e a exposição coletiva “Histórias da sexualidade”. O MASP agradece muito especialmente ao Acervo Tunga pela doação de uma escultura da série “Morfológicas” exposta nesta mostra. A exposição tem curadoria de Isabella Rjeille, assistente curatorial e Tomás Toledo, curador, MASP. A expografia é da Metro Arquitetos Associados.

 

A sexualidade e o erotismo são temas centrais na produção de Tunga (Palmares, Pernambuco 1952 – Rio de Janeiro, 2016) desde sua primeira exposição individual, intitulada “Museu da masturbação infantil”, realizada em 1974 no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Essa mostra de 1974 incluiu desenhos abstratos que, posteriormente, pautariam o raciocínio acerca desses temas na produção do artista. Eram obras cujas formas evocavam imagens eróticas ou processos de gozo, elementos que reaparecem expostos em desenhos daquele mesmo ano.

 

Nesta exposição, a sexualidade não constitui apenas um tema da produção do artista, mas um modo de compreender relações, vínculos, transformações e criações entre corpos, matérias e linguagens. A escolha dos trabalhos e sua disposição no espaço foram definidas a fim de potencializar essas relações e promover diálogos entre obras de diferentes períodos e técnicas, em detrimento de uma organização cronológica. O título da mostra “Tunga: o corpo em obras” tem duplo sentido: alude tanto ao corpo como assunto das obras do artista, como propõe um olhar sobre sua produção como um corpo continuamente em obras, ou seja, em constante transformação. Essa leitura surgiu da natureza diversa e circular da obra de Tunga, cujos trabalhos não se encerram em categorias estanques. Referências ao corpo, à sexualidade e ao erotismo podem ser observadas em todas as obras expostas: o nu (Vê-nus e Eixos exógenos), a pele e a maquiagem (em desenhos ou sobre as esculturas na série Lábios), os cabelos (Tranças e Escalpes), dedos, vulvas e falos (Morfológicas e A cada doze dias e uma carta), o masculino e o feminino (Tacapes e Tranças) e o magnetismo do desejo (com os ímãs em Tacapes, Lezart e Palíndromo incesto).

 

 

Sobre o artista

 

Antônio José de Barros Carvalho e Mello Mourão, conhecido como Tunga, foi o primeiro artista contemporâneo e o primeiro brasileiro a ter uma obra exposta no Museu do Louvre, em  Paris. Obras suas estão em acervos permanentes de museus como o Guggenheim de Veneza, além do Instituto Inhotim, em Brumadinho, Minas Gerais. Nascido em Palmares, Pernambuco, Tunga mudou-se para o Rio de Janeiro, onde cursou Arquitetura e Urbanismo. O filho do escritor Gerardo de Mello Mourão iniciou a carreira no começo dos anos 1970. Arquiteto de formação, Tunga transitou por diferentes linguagens, das artes visuais à literatura, incluindo a escultura, a instalação, o desenho, a aquarela, gravura, vídeo, texto e a instauração. Frequentemente, suas obras se alimentam de um repertório que provém de distintos campos do conhecimento, como a psicanálise, a filosofia, a química, a alquimia, bem como as memórias e as ficções.

 

 

Até 09 de março de 2018.