Os africanos, cinco exposições

16/abr

O Museu Afro Brasil, Portão 10, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, inaugura cinco exposições e homenageia Mestre Didi e Frans Krajcberg. Nova geração de artistas africanos e o olhar europeu na fotografia contemporânea também estão entre os destaques das mostras. Instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo em parceria com a Associação Museu Afro Brasil – organização social de cultura, abre simultaneamente no sábado, 21 de abril, às 11h00, cinco novas exposições: “Um Frans, a natureza – Exposição em memória de Krajcberg: Esculturas, relevos e fotografias”; “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade”; “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea”; “África Contemporânea” e “África e a presença dos espíritos”.


Com curadoria de Emanoel Araújo, os destaques das exposições ficam por conta das homenagens póstumas a dois nomes fundamentais das artes visuais no Brasil no século 20, ambos, coincidentemente, com íntima relação com a natureza: o pintor, escultor, gravurista e fotógrafo Frans Krajcberg (1921-2017), falecido no ano passado, e Mestre Didi (1917-2013), cujo centenário de nascimento foi celebrado no último dia 2 de dezembro.


Um Frans

Conhecido por dedicar sua vida e obra à defesa da natureza brasileira, a mostra individual “Um Frans”, a natureza reúne esculturas, relevos e fotografias de Krjacberg que revelam a revolta do artista contra a destruição do planeta.  A exposição destaca o modo criativo com que utilizava troncos de árvores, folhas e cipós como matéria-prima e fonte de inspiração para suas criações, que o próprio artista costumava chamar de “um grito da natureza por socorro”. “Frans foi um eterno encantado e um defensor da natureza que trazia dentro de sua alma peregrina as matas e florestas do Brasil. Em sua longa vida artística, Frans esteve intrinsicamente ligado as terras do país, nos convidando a fazer mais forte o seu eco irradiador em defesa das nossas matas, das florestas que ainda nos sobram, como a esperança e a beleza que emanam da sua obra”, ressalta o curador.

 

 

 

Um Deoscóredes  

 

 

A exposição “Um Deoscóredes – 100 anos do Alapini Deoscóredes Maximiliano dos Santos: Arte e Religiosidade” é uma homenagem ao centenário de nascimento de Mestre Didi (1917-2013), Alapini do Ilê Asipa e filho de Mãe Senhora (1890-1967) – iyalorixá do Ilê Axé Opô Afonjá. A mostra celebra a obra de fôlego inesgotável e as tradicionais e potentes esculturas do artista, produzidas com materiais naturais como búzios, sementes, couro, nervuras e folhas de palmeira.

 

Repleta de elementos da cultura afro-brasileira, a produção artística de Mestre Didi “é como a união da antiga sabedoria, a expressão viva da continuidade e da permanência histórica da criação de uma nova estética que une o presente ao passado, o antigo ao contemporâneo, a abstração à figuração, formas compostas ora como totens, ora como entrelaçadas curvas. Suas esculturas, em sua interioridade, são uma relação entre o homem e o sacerdote que detém o espírito íntimo das coisas e de como elas se entrelaçam entre a sabedoria do sagrado e do profano”, define Emanoel Araújo. Dentro da exposição, será exibido pela primeira vez em São Paulo o documentário “Alapini: A Herança Ancestral do Mestre Didi Asipá”, de Silvana Moura, Emilio Le Roux e Hans Herold.

 

 

 

Os africanos

 

Muitos foram os fotógrafos que fizeram extraordinários registros dos povos e das manifestações culturais África afora. “Os Africanos – O olhar europeu da fotografia contemporânea” reúne trabalhos de quatro fotógrafos do chamado velho continente que conseguiram contribuir, com profundo requinte estético, para uma melhor compreensão artística da África atual. São eles: Hans Silvester (Alemanha), Isabel Muñoz (Espanha), Alfred Weidinger (Áustria) e Manuel Correia (Portugal).

África Contemporânea

 

A exposição “África Contemporânea” apresenta trabalhos de artistas de países como Moçambique, Benin, Senegal, Angola e Gana, tais como Dominique Zinkpè, Aston, Soly Cissé, Yonamine, Gérard Quenun, Owusu-Ankomah, Oswald, Celestino Mudaulane, Edwige Aplogan, Francisco Vidal e Cyprien Tokoudagba, criadores conhecidos por exporem as próprias feridas e acumulações por meio de pinturas, esculturas, instalações, desenhos e colagens. Sobre a atual produção artística em África, Emanoel destaca o compromisso das novas gerações com temas da atualidade: “A arte contemporânea tem grande comprometimento com seu tempo, fala através de metáforas, é menos contemplativa, no sentido clássico da expressão. A arte fala não só do seu tempo, mas de experiências culturais e políticas, e o artista africano, submetido a grandes impulsos, como diferenças econômicas e sociais, extrai daí sua invenção plástica”.

África e a Presença dos Espíritos

 

A mostra “África e a Presença dos Espíritos” reúne esculturas, máscaras, asens e moedas produzidas em cobre, madeira, tecido, miçangas e fibra vegetal dos tradicionais povos africanos Guro, Fon, Senufo, Iorubá, entre outras etnias. “A arte tradicional africana foi criada por artistas anônimos, dentro dos dogmas que a situa entre a grande criação: o homem, a natureza e os deuses em comunhão espiritual desses diferentes povos”, explica Emanoel.

 

 

De 21 de abril a 10 de junho.

Emanoel Araújo no MASP

09/abr

O MASP, Avenida Paulista, São Paulo, SP, inaugurou sua terceira exposição de 2018, ano dedicado às histórias afro-atlânticas. “Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” apresenta 70 obras de Emanoel Araújo, um dos nomes mais expressivos do cenário artístico brasileiro, responsável por promover a arte e a cultura negras no país. Além de artista, Araújo é também curador e gestor cultural, tendo sido diretor da Pinacoteca do Estado de São Paulo e fundador do Museu Afro Brasil, que atualmente dirige. A mostra ocupa a galeria do segundo subsolo do Museu, local onde o artista realizou sua primeira individual no MASP, em 1981, que, na época, também ocupou o Vão Livre com esculturas de grandes dimensões.

 


Entre as 70 obras presentes, 40 delas são esculturas e xilogravuras e 30 são cartazes, evidenciando sua aproximação com técnicas que vão além das artes plásticas, como a tipografia e a diagramação. Na mostra, os trabalhos oferecem um panorama dos diferentes períodos da carreira do artista, sem apresentarem, no entanto, um recorte cronológico ou retrospectivo.

 

 

A mostra, assim, dá destaque a um viés pouco explorado da trajetória de Emanoel Araújo, a temática afro-brasileira, afastando-se das interpretações que comumente associaram sua obra ao abstracionismo geométrico e ao construtivismo brasileiro. A temática afro-brasileira, assim, é evidente no uso de simbologias das religiões de matriz africana, em esculturas que aludem a orixás do candomblé, por exemplo; na representação de relações afro-atlânticas, principalmente relacionadas ao tráfico de africanos escravizados, como na série de navios negreiros; e na construção de composições geométricas com formas e paleta de cores inspiradas em padronagens de tecidos tradicionais africanos, a exemplo de suas gravuras.

 

No espaço expositivo, os diferentes conjuntos de obras estão dispostos em quatro núcleos: geometrias; máscaras; orixás; e navios.

 

Muitas das xilogravuras de Araújo são composições abstratas e geométricas, impressas em cores saturadas e contrastantes, baseadas nas cores do pan-africanismo: o preto, o vermelho e o verde. É o caso das gravuras da série “Suíte Afríquia”, de 1977, que marca um momento de virada na obra do artista, a partir de sua participação no 2º Festival Mundial de Arte e Cultura Negra e Africana (FESTAC), realizado no mesmo ano, em Lagos, na Nigéria. Imerso na realidade e vivências africanas, Araujo expandiu suas referências formais e temáticas da cultura africana, bem como seus desdobramentos nas relações com a cultura brasileira.

 

Justapostas às xilogravuras, estão esculturas de máscaras, que aludem aos objetos ritualísticos de religiões de matriz africana. As formas e cores das composições comumente fazem referência a determinados orixás. É o caso de associação a Exu, em uma máscara em preto e vermelho; ou a Oxalá, em uma composição de cor branca.

 

A partir dos anos 2000, Araújo passa a desenvolver de maneira mais direta a temática dos orixás em esculturas verticais de parede, de formato totêmico. A menção aos orixás aparece no título de cada trabalho, junto com símbolos próprios da cosmologia do candomblé, representados por cristais, miçangas, pregos, ferramentas de orixás, correntes de metal, fragmentos de madeira de lei e aço. A obra “Ogum” (2007), por exemplo, é formada por diversos objetos de metal, como correntes e um cutelo, que fazem referência à entidade da metalurgia e da tecnologia; já “Oxóssi” (2007), um arco e uma flecha de metal, insígnias do orixá que dá título ao trabalho.

 

Por fim, o núcleo de navios negreiros exibe uma seleção de esculturas de parede, nas cores preta e vermelha, com pregos cravejados e correntes de ferro, fazendo alusão às embarcações que trouxeram forçadamente africanos para serem escravizados nas Américas e no Caribe. Com essa série, Araújo expõe a violência e a perversidade dessa rede afro-atlântica de tráfico humano, chamando a atenção para o papel perverso do Brasil nesse processo, ao receber o maior número de africanos escravizados – 40% do fluxo migratório, estima-se, desembarcou no país -, além de ter sido a última nação das Américas a abolir a escravidão, com a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, e que, em 2018 completa 130 anos.

 

À ocasião da exposição, o MASP lançará um catálogo de 168 páginas, com reprodução dos trabalhos expostos na mostra, texto do curador, Tomás Toledo, que também organiza a publicação, e republicação de textos de Clarival do Prado Valladares e George Nelson Preston e de uma entrevista com Emanoel Araújo feita por Adriano Pedrosa.

 

A exposição “Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” integra o ciclo de 2018 do MASP em torno das histórias afro-atlânticas. O programa está inserido em um projeto mais amplo de exposições, palestras, oficinas, seminários e atividades do Museu, que atenta para histórias plurais, que vão além das narrativas tradicionais, tais como Histórias da loucura (iniciada em 2015), Histórias da infância (em 2016) e Histórias da sexualidade (em 2017). A programação inclui ainda uma série de mostras monográficas de Aleijadinho, Maria Auxiliadora, Melvin Edwards, Rubem Valentim, Sônia Gomes, Pedro Figari e Lucia Laguna.

 

“Emanoel Araújo, a ancestralidade dos símbolos: África-Brasil” tem curadoria de Tomás Toledo, curador do MASP. O escritório de arquitetura METRO Arquitetos Associados assina a expografia da mostra.

 

 

Até 03 de junho.

Exposição protesto na Gamboa

A exposição coletiva “Absurdo é ter medo”, sob curadoria de Marco Antonio Teobaldo, é o próximo cartaz da Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea, Gamboa, Rio de Janeiro, RJ.  Uma convocatória aos artistas foi realizada recentemente pelo Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), Fuso Coletivo e o curador da mostra, e a partir de então, foi desencadeado um movimento com a seguinte pergunta: qual é o papel do seu trabalho como ativismo e manifestação sociopolítica diante deste caos, no Rio de Janeiro?

 

Como ação inicial deste movimento, foi idealizada a exposição coletiva “Absurdo é ter medo”, na qual 20 artistas apresentam trabalhos que ajudam a refletir sobre situações de racismo, feminicídio e outras formas de preconceito, diferenças ideológicas e sociais e sentimento de impotência diante de tantas tragédias que saltam aos olhos diariamente. De acordo com o curador da exposição, Marco Antonio Teobaldo, neste eclético conjunto de obras (sendo que algumas delas foram criadas especialmente para a mostra) são exibidas pinturas, fotografias, desenhos, esculturas, objetos e graffiti, que estarão disponíveis para serem arrematadas em leilão na própria galeria, cuja arrecadação será integralmente destinada à manutenção do IPN, que, desde o ano passado, vem sofrendo sistemática ação de descaso pelo poder público.

 

Não por acaso, a inauguração da exposição coincide com a data de um mês após o assassinato da vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, cuja investigação que se encontra em curso não resultou em nenhuma resposta efetiva.

 

A Galeria Pretos Novos de Arte Contemporânea é um espaço voltado para exposições e experimentações, no qual os artistas são convidados a entrar em contato com o sítio arqueológico do Cemitério dos Pretos Novos e desta forma, trazer o pensamento e a produção artística para o contexto da história que o local abriga.

 

 

Artistas participantes

 

Ana Marta Moura – André Bauduin – Angela Camara Correa – Antonio Sérgio Moreira – Bob N – Cecilia Cipriano – Daniela Dacorso – Estevão Robalo – Fuso Coletivo – Heberth Sobral – Gejo – Geleia da Rocinha – Leila Pugnaloni – Mônica Alencar – Ozi – Patrícia Francisco – Pedro Carneiro – Róger Bens Culturais – Sérgio Adriano H – Smael – Tito Senna – Wilbor – Wolmin

 

 

Abertura: 14 de abril de 2018 ás 16 horas

De 17 de abril a 14 de maio.

 

Leilão de parede: durante o período de visitação, lance final no dia 14 de maio.

 

A condição básica

04/abr

No dia 07 de abril, a Fundação Vera Chaves Barcellos, Viamão, RS, inaugura “A condição básica”, exposição coletiva que reúne trabalhos de mais de 30 artistas, entre brasileiros e estrangeiros, pertencentes ao acervo artístico da FVCB. A mostra conta também com obras dos artistas Elida Tessler e Guilherme Dable, especialmente convidados.

 

Fotografias, vídeos, serigrafias, livros de artista, obras gráficas e objetos, além de pinturas, esculturas e colagens integram a nova mostra com organização da Fundação Vera Chaves Barcellos que problematiza a questão da apropriação no universo das artes visuais na contemporaneidade.

 

 

Artistas participantes

 

Alejandra Andrade, Alfredo Nicolaiewsky, Ana Miguel, Anna Bella Geiger, Antonio Caro, Carlos Asp, Claudio Goulart, Elida Tessler, Enric Maurí, Fernando Alday, Guilherme Dable,  Guglielmo Achille Cavellini, Helena D’Avila, Hudinilson Jr, João Castilho, Julio Plaza, Klaus Gröh, Lenir de Miranda, León Ferrari,  Lia Menna Barreto, Lluís Capçada, Lurdi Blauth, Marlies Ritter, Nino Cais, Noemí Escandell, Patricio Farías, Sandro Ka, Telmo Lanes, Walda Marques, Vera Chaves Barcellos e Vilma Sonaglio.

Passado mitológico

02/abr

A CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, recebe, de 31 de março a 24 de junho, a exposição “Terra em Chamas”, de Vítor Mizael. Sob curadoria de Paulo Gallina, serão apresentadas 51 obras do artista paulista que discutem as origens do momento em que vivemos, a partir de uma representação ficcional da flora e fauna brasileiras.

 

Em ” Terra em Chamas”, Vítor Mizael transita entre desenho, gravura, pintura, escultura, objeto e instalação. Seus trabalhos ficam no limiar entre a familiaridade e a estranheza, a atração e a repulsa, o apuro e a precariedade. Através deles, o artista nos leva a um país primitivo onde os homens não se entendem separados dos animais, onde a cultura não é opositora ou simulacro da natureza e sim uma extensão abstrata do universo natural. Uma terra em chamas que não pode ser habitada, mas na qual a oposição entre os pássaros eternizados pelo empalhamento e os desenhos de homens, animais e plantas eternizados pela arquitetura possam incitar a imaginação do visitante.

 

“O objetivo da mostra é retratar os fundamentos de uma nação profícua, cuja força reside em sua capacidade de adaptar-se: esta pátria”, explica Paulo Gallina. “As imagens criadas por Vítor guardam um passado mitológico, quando o chão eram labaredas e estas paragens eram impedidas às pessoas: um Brasil selvagem, uma natureza imaculada, sem a contaminação decorrente dos víveres humanos”, continua.

 

Ao discutir as origens do Brasil contemporâneo, Vítor Mizael subverte a expectativa historiográfica para apresentar uma época em que os pássaros revoavam em bandos, criando suas comunidades e abandonando-as sem ritos ou burocracias. Suas plantas e animais podem ser diferentes daqueles vistos nos livros de biologia, mas, se este é o caso, cabe ao visitante, auxiliado pelo recorte curatorial, descobrir quais as razões para a nova morfologia do passado mitológico natural brasileiro.

 

A exposição também trata das vidas contemporâneas e do estado das coisas presentes. Por isso, o artista e o curador refletem simbolicamente os signos do estado e as insígnias da nação. Objetos como bandeiras, mastros, prumos e outros materiais são transformados e, elaborando novos significados, Mizael consegue aniquilar conceitos segregacionistas e provocar, não apenas a razão como também, os variados sentidos e sensações humanas, em uma aproximação capaz de comunicar sem a dubiedade que impera pelas palavras.

 

Com patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal, a produção do evento está a cargo de Anderson Eleotério da ADUPLA Produção Cultural, empresa que vem realizando importantes exposições itinerantes pelo Brasil, como: Farnese de Andrade, Athos Bulcão, Milton Dacosta, Antonio Bandeira, Bandeira de Mello, Carlos Scliar, Mário Gruber, Manoel Santiago, Raymundo Colares, Rubem Valentim, entre outras.

Na Casa Benet, Urca

27/mar

Mais de dez artistas nacionais e internacionais compõem a exposição retrospectiva “10 Anos de Arte”, que será inaugurada no dia 08 e até 29 de abril, na Casa Benet Domingo, dando continuidade a programação de aniversário da casa. Sob curadoria de Pilar Domingo, a mostra reúne pintura, gravura, fotografia, escultura e desenhos de artistas que já passaram pela galeria do espaço como Hélio Jesuíno, Rogério Camacho, Pedro Benet, Pilar Domingo, Marina Matina, Marcelo Alram, Kazuo Ilha, Emilio Gonçalves e Nicole Herzog. O cronograma do mês de abril também conta aulas abertas, leitura de poesias, bate-papo com artistas, evento sobre a Índia e bazar beneficente.

 

Desde a sua fundação, em 2008, a Casa Benet Domingo já realizou mais de 50 eventos de artes visuais no Brasil e no mundo, e organizou mais de 30 exposições na galeria que o espaço abriga. Nesta retrospectiva, a fundadora da casa e curadora da exposição, Pilar Domingo, procurou selecionar obras que foram emblemáticas na história do local.

 

“A Casa Benet Domingo, por si, já é uma exposição e expressa arte por todos os ângulos. As diferentes mostras que brilharam durante esta trajetória de dez anos são de pura expressão, sentimento, técnica e personalidade. O conjunto eclético que compõe esta retrospectiva afirma com qualidade a formosura da diferença, que na individualidade comunga com o seu momento e na harmonia da inteligência da obra”, comenta Pilar.

 

O calendário de atividades de abril também conta com oficinas abertas de gravura e desenho com modelo vivo, ministradas por Pilar Domingo às segundas. Já no dia 12 de abril, às 20h, acontece a tradicional Tertúlia Poética.

 

No dia 14 de abril, às 14h, a ex-executiva e atual professora de Yoga e Meditação da Casa Benet Domingo, Claudia do Amarante, promove o evento “Cores da Índia”, no qual apresenta um pouco da sua história e das quatro viagens que fez ao país.

 

 

Sobre os artistas

 

Hélio Jesuíno nasceu no Rio de Janeiro em 1947. Sem uma educação acadêmica formal, participou de inúmeras exposições, individuais e coletivas. Recebeu o Prêmio de Aquisição, na III Bienal Internacional de Pintura Contemporânea de Portugal, em 1991.

 

Pedro Benet nascido na Espanha, chegou no Rio de Janeiro em 1952. Artista autodidata, suas obras ocupam os espaços urbanos de maneira interativa com o público e a rua. Realizou instalações artísticas na Central do Brasil, Travessa do Ouvidor, Complexo do Alemão e Ilha Grande (RJ) com talhas pintadas que se mesclavam aos transeuntes. Também desenvolve trabalho com moda e realizou exposições na Alemanha, Itália e Espanha 

 

Pilar Domingo é carioca, formada em pintura na UFRJ. Pilar, tem especial afinidade por obras de grandes dimensões e diferentes linguagens, como pintura, gravura e escultura, impressão digital e video arte. Utilizando diversos materiais, técnicas e texturas. Construiu forte marca pessoal para compor um trabalho singular. Após a conclusão do seu doutorado em História da Arte Contemporânea e Gravura, na Espanha, Pilar seguiu em expedição pelo Pantanal, Papua Nova Guiné, Indonésia e Tailândia. Resultam dessas experiências obras carregadas de força e ancestralidade, buscando referência em sua relação com a natureza e suas raízes. 

 

Maria Matina  é carioca, cresceu vendo o mundo com arte e não pôde evitar destino de vir a ser também artista. Ingressou aos 17 anos na Escola de Belas Artes da UFRJ, onde cursou Gravura, desenvolvendo vários projetos e atividades para o curso. Participou e produziu diversas exposições coletivas e individuais, em galerias como IBEU, UFF, CCJF e MAM. É arte educadora, formada pela Escolinha de Arte do Brasil.

 

Marcelo Alram começou a carreira como assistente de seu pai, o fotógrafo francês Milan Alram, no Rio de Janeiro. Logo compartilharam o serviço de revelações com fotógrafos profissionais, o que os levou à abertura do laboratório Kronokroma, na Glória. Foi convidado a participar com uma fotografia na exposição coletiva VG, no Ateliê da Imagem, na Urca. 

 

Rogério Camacho artista carioca nascido em 1952, graduado pela Escola de Belas Artes da UFRJ em Gravura. Possui uma primorosa competência técnica que somada a um requinte cromático e um perspicaz equilíbrio na composição, conferem à sua pintura um caráter sério e competente.

 

Kazuo Iha nasceu em Okinawa, Japão, em 1950. Bem cedo mudou-se com a família para o Brasil. Graduado pela Escola de Belas Artes da UFRJ, onde de 79 a 84 foi professor de Desenho Artístico e atualmente professor de LItografia. Participou do X ao XVII Festival de Inverno de Ouro Preto (76 a 85). Frequentou de 78 a 80 o curso de Gravura no Museu do Ingá, em Niterói. Participa desde 74 de mostras coletivas onde destacam-se I Salão Universitário – RJ (1° e 2° prêmios); Salão Carioca (2° lugar); Salão da Prefeitura de Belo Horizonte (Prêmio de Aquisição); I, II, III, IV, V Salão Nacional. 

 

Nicole Herzog Verey nascida em Zurich, Suiça, já vive mais da metade da vida trabalhando e vivendo em Madrid. Seu trabalho artístico têm uma forte conexão com os Alpes Suiços e é baseado na fotografia. Desde 2007 trabalha no projeto ‘DESHIELO’ (Desgelo). Com suas obras, quer chamar atenção sobre o aquecimento da terra. Seu trabalho vai mais além da mera documentação e inclusive fotografia, fotografia pintada, digital fine art, instalações e videostill.

 

Igor Gomes  nasceu em Curitiba, é artista visual, principalmente na área da fotografia, vive as imagens desde sempre, iniciando a vida profissional a cerca de 10 anos, culminando com a publicação do livro de fotografias INTERIOR em 2011.

 

Destaque para estudos na EAV, com David Cury, e na NMO Arts, com Lia do Rio. Tem exposições no Rio (Calouste Gulbekian e UFF), em São Paulo (Banco República), no exterior (NY, Estocolmo, Porto/Portugal). Faz parte dos grupos 10 AO CUBO e BIKOO KAI.

 

Valeska Soares nos EUA

26/mar

“Valeska Soares: Any moment now” que o Phoenix Art Museum, Arizona, exibe  é uma exposição de pesquisa e trata-se do primeiro trabalho de Valeska Soares em um museu dos EUA desde 2003. A exposição apresenta cerca de 45 trabalhos multimídia, esculturas, vídeos e instalações criadas pela artista brasileira durante as últimas duas décadas. Este projeto representa uma parceria histórica entre o Phoenix e o Museu de Arte de Santa Barbara, como parte da hora padrão Getty-LED do Pacífico: la/la Initiative. 

 

Valeska Soares cria obras de arte polidas e minimalistas que incentivam a participação dos visitantes. Através da instalação e assemblage, ela se envolve com tradições da arte internacional e literatura mundial. Em sua arte multifacetada, ela demonstra um fascínio com o espaço e o tempo, bem como o que ocorre além de seus limites percebidos. Suas obras envolvem diretamente a subjetividade dos visitantes, cultivando a experiência pessoal e o conhecimento universal e como cada um deles afeta o outro. As instalações ambientais de Valeska Soares incorporam os efeitos da reflexão, luz, entropia e até aroma. Tais qualidades experienciais são prestados através da incorporação de espelhos suspensos, luminárias, flores perecendo, e vasos de perfume e licor que evaporam lentamente ao longo da exposição. Muitas vezes ela também cria instalações de páginas de livro, capas e ligações para tecer significados entre textos díspares que os telespectadores que se conectam conceitualmente por associação. Passado e futuro, simultaneamente, permeam suas instalações e objetos, sugerindo uma narrativa subjacente que é muitas vezes cíclico. Tecendo juntos os temas da memória, do tempo e do sensorial, Valeska Soares cria obras poéticas que se fundem e expandem sobre as linguagens do Minimalismo e da Arte conceitual. Como o artista brasileiro Vik Muniz afirmou: “…através de uma gama aparentemente inesgotável de técnicas, temas e estratégias, o trabalho de Soares oscila entre a materialidade e a memória, o desejo e a deterioração, a sensação e a intoxicação”.

 

 

Até 15 de julho.

 

Assemblages de Farnese

16/mar

A Galeria 3 da CAIXA Cultural Rio de Janeiro, apresenta a mostra “Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial”, que reúne um conjunto de 71 assemblages e objetos pertencentes a coleções particulares e a herdeiros do artista plástico mineiro, mapeando sua produção ao longo dos anos 1970 a 1990. A exposição traz também o filme “Farnese”, de 1970, do cineasta e crítico  de arte Olívio Tavares e Araújo, uma entrevista em vídeo com o curador e textos/poemas que ajudam a elucidar a trajetória e fundamentos criativos do artista. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

 

Farnese de Andrade foi um artista múltiplo cuja produção, vida e arte se enlaçam de maneira inseparável dando origem a uma obra densa, de caráter fortemente autoral. Com curadoria de Marcus de Lontra Costa, a mostra apresenta a linguagem única e singular do artista, incorporando aspectos de sua personalidade e trajetória às diferentes fases de sua obra.

 

“As obras de Farnese articulam habilidosamente a tradição, seja barroca, romântica ou simbolista, com elementos regionalistas, populares, pessoais e mesmo com lições oriundas das chamadas vanguardas negativas, como o Dadaísmo e o Surrealismo. São confissões que emergem das profundezas de uma alma que presta devoção a uma realidade artística nacional da qual ela própria foi, por vezes, excomungada, já que a sua essência contrasta com um projeto abstracionista, construtivo e positivista que imbuiu nossa arte durante décadas e que ainda dá forma aos trabalhos de muitos artistas”, comenta o curador.

 

Apontado como dono de uma personalidade difícil e de uma produção marcadamente autobiográfica, Farnese revelou, em seus trabalhos, uma densa trajetória pelas memórias de infância, do pai, da mãe, dos irmãos e da sagrada família mineira, além de um certo aspecto libertário e transgressor, a partir de sua mudança para o Rio de Janeiro. Pautada no inconsciente, a poética de Farnese de Andrade contrasta com as de outras tendências do período, como as da arte construtiva e concreta. Produziu, assim, uma obra na qual o lirismo oscila do concreto ao abstrato e o bruto consegue ser gentil.

 

A exposição “Farnese de Andrade – Arqueologia Existencial” passou, anteriormente, pelas unidades da CAIXA Cultural de Brasília e São Paulo, sendo indicada pelo programa Metrópolis como uma das 10 melhores mostras de 2015; pelo Guia da Folha de São Paulo ao Prêmio Melhores do Ano de 2015, na categoria “Exposições”; e pela revista Veja como a primeira das cinco melhores mostras de 2015, em Brasília. Em 2016, foi apresentada no Palácio das Artes – Fundação Clóvis Salgado, em Belo Horizonte (MG), com versão retrospectiva e ampliada em homenagem ao aniversário de 20 anos de morte do artista mineiro.

 

 

 

Prêmios e coleções

 

Praticamente esquecido nas últimas décadas, Farnese foi regularmente premiado de 1962 a 1970, como no Salão Nacional de Arte Moderna de 1970 (Prêmio de viagem ao exterior) e, em 1993, com o Prêmio Roquette Pinto de Os Melhores de 1992, pela exposição “Objetos”. Reconhecido como um dos mais valorizados artistas nacionais, suas obras podem ser encontradas nas maiores coleções particulares e museus do Brasil e do mundo, incluindo a Coleção de Arte Latino-Americana da Universidade de Essex, na Inglaterra, o Instituto de Arte Contemporânea de Londres, o MAC Niterói (RJ), o Museu de Arte Moderna de Nova Iorque (MoMA), o MAM RJ, o Museu Nacional de Belas Artes, o MAM SP, entre outros.  Com uma produção ininterrupta participou de diversas Bienais internacionais e nacionais e suas obras hoje são disputadas entre grandes colecionadores.

 

 

 

Sobre o artista

 

Nascido em Araguari, MG, Farnese de Andrade entrou, em 1945, na Escola do Parque de Belo Horizonte, onde foi aluno de Guignard e contemporâneo de artistas como Amilcar de Castro, Mary Vieira e Mário Silésio. Em 1948, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como ilustrador para suplementos literários de diferentes jornais e revistas. Começou sua carreira como desenhista e gravador. Na década de 1950, realizou a primeira exposição individual de seus desenhos e começou a frequentar o ateliê de gravura do MAM RJ, onde estudou gravura em metal com Johnny Friedlaender e Rossini Perez.  A partir de 1964, cria objetos ou assemblages com cabeças e corpos de bonecas, santos de gesso e plásticos, todos corroídos pelo mar, coletados nas praias e nos aterros. Utilizou com frequência velhos retratos de família e postais, e realizou trabalhos com resina de poliéster, sendo considerado um pioneiro da técnica no Brasil. Bolsista do governo brasileiro, viajou em 1970 para Barcelona. Sua volta em 1975 rendeu frutos e a fama de Farnese fortaleceu a paisagem artística brasileira. Mas não é por seu trabalho na gravura, sempre abstrato, nem como desenhista, seja abstrato ou figurativo, que ele é, hoje, conhecido e reconhecido, mas pela criação dos objetos chamados boxforms, cuja matriz explodida e iconoclasta é o barroco de sua infância. Oratórios, pedaços de madeira de igreja, ex-votos e outros constituíram, até a sua morte, um mundo estranho, às vezes mórbido e com fortes referências eróticas. Resultado de uma infância secreta, a obra sempre onírica e poética dá força e senso a um trabalho sem igual.

 

 

 

De 20 de março a 20 de abril.

Obras de Krajcberg

14/mar

A mostra organizada por Márcia Barrozo do Amaral reúne em sua a galeria, no Shopping Cassino Atlântico, Copacabana, Rio e Janeiro, RJ, a partir do dia 15 de março, importantes trabalhos, – muitos deles inéditos -,  de diversas fases artísticas de Frans Krajcberg. São 15 peças produzidas entre os anos 1960 e 1917.

 

A exposição proporciona um rico passeio pela carreira do artista. Entre as raridades, um livro arte de madeira com duas gravuras. Krajcberg produziu apenas 60 destas “caixas”, que hoje estão espalhadas pelo mundo e desmembradas. Um trabalho incomum chama a atenção: uma paleta em tão de azul vai surpreender o público acostumado aos trabalhos do artista em tons terrosos e de vermelho.

 

“Esta exposição é uma forma de homenagear Krajcberg ao apresentar alguns trabalhos nunca antes expostos”, afirma a galerista, que fez questão de apresentar muitas peças da técnica na qual ele era um mestre – relevo em papel. No total, são quatro trabalhos deste tipo, que revelam toda genialidade do artista. O púbico ainda vai poder conferir obras das mais diversas vertentes artísticas, como duas esculturas da famosa série “Sombra”, uma pintura sobre madeira, entre outros trabalhos.

 

“A obra de Frans Krajcberg é tão rica e abrangente, que inclui praticamente todas as técnicas mais conhecidas: escultura, pintura, desenho, litografia e fotografia. Sem contar a que ele desenvolveu e usou ao longo da carreira: o relevo em papel. O exemplo mais impactante desta técnica é quando ele usa a areia, molhada pela água do mar, como matriz destes relevos”, avalia Marcia Barrozo do Amaral.

 

 

Sobre o artista

 

Falecido em novembro de 2017, Frans Krajcberg chegou ao Brasil em 1948, com 27 anos, após ter lutado na 2° Guerra Mundial por acaso.  Chegou ao país sem ter amigos e sem conhecer a língua. E aqui renasceu. “Nasci deste mundo que se chama “natureza”. O grande impacto da natureza foi no Brasil que senti. Aqui eu nasci uma segunda vez. Aqui eu tive a consciência de ser homem e de participar da vida com minha sensibilidade, meu trabalho, meu pensamento. Aqui me sinto bem”, afirmou o artista. Frans Krajcberg viveu em Monte Alegre, no Paraná, onde produziu a série de pinturas denominadas “Samambaias”, em São Paulo, no Rio, sempre trabalhando, sempre criando. Morou em Paris, onde manteve um atelier. Viveu em Ibiza, ali iniciou a série de relevos sobre pedra que lhe valeram o Prêmio de Pintura, na IV Bienal de São Paulo (1957) e na Bienal de Veneza (1964). De volta ao Brasil, Krajcberg se estabeleceu em Minas Gerais, na região de Itabirito e travou conhecimento com os pigmentos naturais de origem ferrosa, que se tornaram marca registrada em seus trabalhos. Foi a época dos relevos em papel, das esculturas em madeira lavada, entre outros trabalhos. Em 1972, mudou-se para Nova Viçosa e construiu a sua “Casa na Árvore” pousada num pequizeiro. Dali partiu inúmeras vezes para Amazônia, para o Pantanal, Marajó, São Luiz, sempre registrando a beleza destas regiões do Brasil, sua grande paixão. Mas, principalmente, denunciando a destruição da natureza, as queimadas, a extinção das tribos indígenas. Como consequência destas viagens, Krajcberg introduziu o fogo na sua obra – é a época das esculturas queimadas, que tanto impacto causaram no público que visitou a exposição de Bagatelle, ponto alto do ano Brasil-França. Frans Krajcberg, além de artista plástico mundialmente renomado, com obras nos mais importantes museus, é excelente fotógrafo.

 

Em suas viagens à Amazônia, ao interior de Minas Gerais e ao Pantanal assistiu cenas chocantes de destruição ambiental. Esses registros feriram tal maneira sua sensibilidade, que estão sempre presentes em suas obras, principalmente nas “esculturas queimadas”. A importância de sua obra no contexto da ecologia mundial é indiscutível. A viagem que fez ao Alto Amazonas com o crítico e filósofo Pierre Restany, quando redigiram e lançaram o “Manifesto Rio Negro”, foi um marco fundamental em seu trabalho: toda sua atenção se voltou para a preservação da natureza. Outro aspecto deste protesto são as fotos – registro vivo da tragédia – cujo impacto é extraordinário. Assim, grande defensor das causas ecológicas, acumulou, ao longo de décadas, um importante acervo de fotografias, reunindo não só imagens da riqueza da flora brasileira, como das agressões por ela sofrida.

 

 

De 15 de março a 06 de abril.

Rocha Pitta no MAM-Rio

01/mar

O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro inaugura – foyer térreo -, no próximo dia 03 de março, às 15h, a exposição “memória menor”, de Matheus Rocha Pitta, artista mineiro, nascido em 1980, e radicado no Rio de Janeiro. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a exposição é composta por três estelas, termo usado na arqueologia para definir elementos pré-históricos como lajes ou colunas de pedra, que portam inscrições, sejam elas comemorativas, territoriais ou funerais. As três lápides verticais, encostadas na parede de fundo do foyer, trazem, como inscrições, notícias de jornais sobre três acontecimentos ocorridos no Rio nos últimos cinco anos: o caso Amarildo (2013), o adolescente acorrentado a um poste (2014), e um rapaz vestindo farda policial, depois de detido – que o artista está produzindo especialmente para a exposição. Com 1,80m de altura e cerca de 1 metro de largura, as lápides “são três peças bem simétricas e bem silenciosas, medidativas, e contêm uma violência muito forte dentro delas”, comenta o artista.

 

O processo de construção do trabalho, que permite que as notícias de jornais estejam visíveis para o público, foi aprimorado por Rocha Pitta a partir de um procedimento que ele viu em um cemitério de Belo Horizonte, durante o restauro de uma sepultura danificada: as famílias que não podem arcar com lápides de granito ou mármore encomendam tampas de concreto. Jornais são usados como a base onde será jogado o cimento. Após secar, uma das faces, a que ficará virada para baixo, mantém, como gravura, o jornal que recebeu o concreto. “Pode-se dizer então que usei um procedimento que nasceu de um contexto funerário, arqueológico. Trata-se de um monumento-funerário”, diz Matheus Rocha Pitta.

 

No texto curatorial que acompanha a exposição, Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, destacam que ao contrário das estelas pré-históricas, feitas em pedra ou bronze, as que Rocha Pitta “realiza, ao contrário, são precárias, material e simbolicamente” “Retiradas de sua circulação diária, essas imagens, amareladas e frágeis, surgem como fragmentos difíceis de apagar”.

 

 

Até 22 de abril.