Exposição “Caro, Cara”.

14/jul

O MARGS, Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Centro Histórico, Porto Alegre,

RS, apresenta como exposição complementar e em paralelo à mostra individual do artista

Alessando Del Pero, a coletiva temática “CARO, CARA”. Composta de retratos e autorretratos ,

o acervo exibe peças raras como “Retrato de Walmir Ayala”, de Inimá de Paula, “Retrato de

Maria Helena Lopes”, de Glauco Rodrigues A curadoria do evento é de André Venzon.

 

“CARO, CARA”:

 

Artistas participantes: Ado Malagoli, Aldo Locatelli, Alessandro Del Pero,

Alessandro Ruaro, Alexandre Pinto Garcia, Amália Cassullo, Ana Nunes, Arthur

Timótheo da Costa, Bea Balen Susin, Britto Velho, Bruno Goulart Barreto , Carla

Magalhães, Carlos Petrucci, Carlos Scliar, Cláudio Tozzi, Djalma do Alegrete, Edgar

Koetz Eduardo Cruz, Edy Carollo, Elaine Tedesco, Elle de Bernardini, Ernesto

Frederico Scheffel, Ernst Zeuner, Felipe Alonso, Flávio de Carvalho, Flavya Mutran,

Francisco Brilhante, Franz Von Lenbach, Gastão Hofstetter, Gilberto Perin, Gilda

Vogt, Glauco Rodrigues, Guignard, Heloisa Schneiders, Henrique Bernardelli,

Henrique Cavalleiro, Henrique Fuhro, Iberê Camargo, Inimá de Paula, J.C. Reiff

Jacintho Moraes, Jesus Escobar, João Bastista Mottini, João Fahrion, João Faria

Viana, João Otto Klepzig, Jorge Meditsch, José Carlos Moura, José de Souza Pinto,

Juan Uruzzola, Julio Gavronski, Julio Ghiorzi, Kira Luá, Leandro Selister, Leda Flores,

Leo Santana, Lepoldo Gotuzzo, Letícia Remião, Luiz Antônio Felkl, Luiz Carlos

Felizardo, Luiz Zerbini, Magliani, Marcelo Chardosim, Marcos Noronha, Maria

Leontina, Maria Tomaselli, Mariana Riera, Marilice Corona, Mario Agostinelli, Mario

Palermo, Mariza Carpes, Martin Heuser, Miriam Tolpolar, Neca Sparta, Nelson

Wilbert, Patrício Farias, Patrick Rigon Regina Ohlweiler, Ricky Bols, Roberto

Magalhães, Roberto Ploeg, Rochele Zandavali, Rodrigo Plentz, Roosevelt Nina,

Roseli Pretto, Sandra Rey, Sergio Meyer, Silvia Motosi, Sioma Breitmann, Sotero

Cosme, Telmo Lanes, Téti Waldraff, Theo Felizzola, Tiago Coelho, Trindade Leal,

Ubiratã Braga, Vasco Prado, Vitória Cuervo, Walter Karwatzki, Xico Stockinger, ZIP.

 

 

     A palavra do curador

 

O retrato daquele que fica. Dos notáveis e dos anônimos. O

retrato de pompa, da classe dominante, da burguesia.

O retrato do oprimido. O retrato imponente e o impotente. A

rebeldia do retrato. O retrato de família. O nu retratado. O retrato

do ídolo e da criança. O autorretrato.

O retrato imaginário, o anti-retrato.

O retrato como obsessão.

 

 

Caro, Cara…

Retratos correspondentes no acervo MARGS e artistas convidados

 

O retrato enfoca o humano no que possui de mais marcante: o rosto. Seja de perfil, voltado a

três quartos, de corpo inteiro, da cintura ou dos ombros para cima, equestre, de nobres,

militares, políticos ou religiosos; de artistas, personalidades ou marginais, de mulheres e

crianças. O retrato pintado, esculpido em carrara e encarnado − ou cuspido e escarrado como

no popular − desenhado, gravado, fotografado, em preto e branco, colorido, lambe-lambe,

3×4, polaróide, still, grafitado, no Facebook, a selfie…

 

A intensidade e qualidade das obras em retratos e autorretratos do artista italiano Alessandro

Del Pero, serviram de ensejo para a presente exposição Caro, cara, que busca valorizar na

correspondência entre obras do acervo do MARGS e artistas convidados, o que identificam a si

mesmo e ao outro por meio do olhar. Portanto esta é uma curadoria endereçada mais aos

artistas do que às obras, pois seus retratos representam o lugar mais próximo que podemos

estar deles, aonde o Museu também quer estar: ao lado dos artistas.

 

São diversos os exemplos de quanto este tema fascina os artistas. A começar pela literatura,

podemos citar o polêmico “O retrato de Dorian Gray” (1890), de Oscar Wilde, que faz uma

crítica social e cultural da sociedade britânica à sua época; o autobiográfico “O retrato do

artista quando jovem” (1916), de James Joyce, em que recorre a fases da sua vida para

construir o personagem alter ego do autor; o épico “O retrato” (1951), da trilogia “O Tempo e

o Vento”, de Érico Verissimo, cuja atmosfera histórica evoca na passagem do tempo as

gerações que se sucedem; até o romance “O pintor de retratos” (2001), de Luiz Antônio de

Assis Brasil, que expõe os questionamentos e contradições de um pintor frente à sedução da

fotografia.

 

No cinema, no filme de Giuseppe Tornatore, Stanno tutti bene (1990), Marcello Mastroianni

interpreta um pai que ao sair em viagem para rever os filhos exibe vaidoso pelo caminho uma

foto das suas crianças, fantasiadas como atores de ópera. O diretor ao introduzir esta imagem

do retrato como objeto de construção da sua narrativa visual, além de fazer uma rica menção

ao teatro, coloca-nos no lugar do personagem, que ao sentir saudade recorre ao álbum para

lembrar-se do outro.

 

É claro que nas artes plásticas também são inúmeras as criações que têm o retrato como

assunto central, a começar pelo quadro mais célebre da história da arte a enigmática Mona

Lisa (1503-1517), de Leonardo da Vinci. Ainda, entre as 12 obras de arte mais famosas de

todos os tempos, figuram nove retratos, como o revelador “Retrato do artista sem barba”

(1889) de Vincent van Gogh e o zeloso “O retrato do Dr. Gachet” (1890) do mesmo artista,

além das pinturas “Garota com brinco de pérola” (1665), de Veermer, que revela a intimidade

de uma modelo anônima; a familiar cena “Mulher com sombrinha” (1875), de Monet, cujo

enquadramento mais casual já é uma influência direta da fotografia; assim como o

descontraído “O almoço dos remadores” (1881), de Renoir; ou o angustiante “O grito” (1893),

de Munch; em contraste ao apaixonado “O beijo” (1909), de Klimt; até a inspiradora “Dora

Maar com gato” (1941), musa e amante, do cubista Picasso.

 

Segundo o filósofo francês Merleau-Ponty (1908-1961) “o retrato celebra o enigma da

visibilidade”, pois cada um tem sua própria história e devaneios. Por isto mesmo, o interesse

em revelar o retrato do contemporâneo, a partir do retrospecto deste gênero artístico no

acervo do MARGS, foi desde o início o principal objetivo deste projeto curatorial, que mostra a

diversidade da face do artista e seus pares, ao longo de obras da coleção que recuam há um

século e meio, até chegar à contemporaneidade que faz do retrato, enquanto disfarce sua

faceta mais interessante da liberdade de expressão do nosso tempo.

 

Há que destacar, porém, que o contínuo processo histórico ao longo do século passado de

transformação do sujeito retratado − apesar de representar uma revolução visual, entretanto,

passou por períodos de exceção em que o retrato do indivíduo ficou marcado pela

deformação. Foi desfeito, para não dizer destruído, durante os períodos de guerra e regimes

totalitários, causando a perda da identidade, da voz e da imagem, como representação visual

da humanidade. A ponto de, a multidão prevalecer quase totalmente sobre o indivíduo, que

esteve sem nome, sem título, tornando-se precário, excluído, invisível, não sendo mais capaz

nem de ser associado ao rosto que lhe carrega. Uma verdadeira castração psicológica que

transformou o humano em coisa.

 

Contudo, o modo de lidar com a sociedade de hoje não é ignorando-a. Os novos valores

estabelecidos, as mudanças e a rebeldia atual, nos ensinam cotidianamente ver com olhos

mais perspicazes e críticos este mundo de imagens em que estamos imersos.

 

Então, o que a arte e uma exposição de retratos podem nos levar a pensar e imaginar sobre

nós mesmos e o outro?

 

No mundo super contemporâneo, todos carregamos um pedaço de plástico com uma tela de

vidro na mão o dia inteiro… É quase uma extensão do nosso corpo a produzir imagens mobile

compartilhadas via redes sociais. Este tipo de comportamento − se de forma alienada − investe

contra a imaginação e a potência da visualidade. Na contramão deste movimento, a criação

artística assegura a permanência dos signos visuais e ao suscitar múltiplas possibilidades

perceptivas faz da imagem uma força de resistência contra o arbítrio da padronização.

 

Todavia, no campo da arte os retratos e autorretratos permanecem a ser construções de

exposição absoluta do indivíduo, nas quais os artistas se valem do próprio corpo ou do outro

como objeto de representação e veículo expressivo, pelo qual revelam sutis e sensíveis

verdades. Evidenciando, ao final, que a única coisa que podemos salvar é o olhar do outro, e o

retrato − ou o autorretrato, é a imagem pela qual verdadeiramente nos vemos.

 

 

Até 26 de julho.

Palatnik em Porto Alegre

07/jul

A Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS, exibe a retrospectiva itinerante do mestre

internacional da arte cinética Abraham Palatnik, com curadoria assinada por Pieter Tjabbes e

Felipe Scovino. “A Reinvenção da Pintura” apresenta 78 obras produzidas entre os anos de

1940 e 2000. A exposição composta por pinturas, desenhos, esculturas, móveis, objetos e

estudos do artista brasileiro conhecido por obras que combinam luz e movimento e, em

muitos caso, utilizam instalações elétricas.

 

“A obra de Palatnik caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só observar as

passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer uma das

primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais presente a

partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da escultura

modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos cinecromáticos, nos

Objetos cinéticos e em suas pinturas, quando passou a promover experiências que implicam

uma nova consciência do corpo”, pontuam os curadores no texto de abertura do catálogo da

exposição.

 

Segundo os curadores, a singular contribuição de Palatnik para a história da arte não se dá

apenas por sua posição como um dos precursores da chamada arte cinética — caracterizada

pelo uso da energia, presente em motores e luzes —, mas também pela leitura particular que

faz da pintura e em especial pela articulação que promove entre invenção e experimentação:

“Seu lado ‘inventor’ está presente em uma artesania muito particular que o deixa cercado em

seu ateliê por porcas, parafusos e ferramentas construídas por ele mesmo e não pelas tintas,

imagem característica de um pintor. O crítico de arte Mário Pedrosa e o escritor Rubem Braga

já afirmavam, na década de 1950, que Palatnik pintava com a luz”.

 

“Palatnik dinamizou a arte concreta expandindo-a para além de seu campo usual e integrou-a

à vida cotidiana por intermédio do design. Ao longo de sua trajetória, o artista produziu

cadeiras, poltronas, ferramentas, jogos e sofás, entre outros objetos. Sua obra habita o mundo

de distintas maneiras, apontando para uma formação incessante de novas paisagens e leituras

à medida que diminui, desacelera e molda o tempo. Nesta exposição reunimos todos esses

momentos da obra extraordinária de Abraham Palatnik. Uma obra que oferece ao público

experiências marcantes e solicita, em troca, uma entrega total”, concluem os curadores.

 

 

A palavra da curadoria

 

A obra de Abraham Palatnik (1928) caracteriza-se por uma qualidade inegável: permite não só

observar as passagens do moderno ao contemporâneo, mas também estudar e reconhecer

uma das primeiras associações entre arte e tecnologia no mundo, um diálogo cada vez mais

presente a partir da metade do século XX. Esta exposição ultrapassa os limites da pintura e da

escultura modernas, intenção que o artista manifestou claramente nos Aparelhos

Cinecromáticos, nos Objetos Cinéticos e em suas pinturas.

 

A retrospectiva  Abraham Palatnik — A Reinvenção da Pintura começa pelas obras nas quais se

vê a técnica acadêmica com a qual ele romperia no final da década de 1940 para dedicar-se à

arte cinética, caracterizada pelo uso da energia, presente em motores e luzes, com as séries

Aparelhos Cinecromáticos e Objetos Cinéticos.

 

Essa mudança de rumos na produção de Palatnik ocorreu em um momento decisivo para a

arte nacional. Nascia a Bienal de São Paulo, um dos marcos na entrada do país no circuito da

arte internacional. Palatnik participou da Bienal de 1951 com um Aparelho Cinecromático, uma

invenção — tão artesanal quanto engenhosa — de uma pintura feita de luz e movimento.

 

Se os Aparelhos Cinecromáticos criaram uma nova forma de pintar, os Objetos Cinéticos

podem ser vistos como uma renovação na forma de ocupar o espaço. No lugar dos volumes da

escultura, esses aparelhos lúdicos, coloridos e quase sempre motorizados ocupam o espaço

com movimento, aproximando a pesquisa de Palatnik das proposições de Alexander Calder e

Soto. Palatnik foi um dos precursores da arte cinética e da arte concreta. Mas também

dinamizou a arte concreta, expandindo-a para além de seu campo usual, e integrou-a à vida

cotidiana por intermédio do design. O experimentalismo e a organicidade sobrevoam a sua

trajetória — em particular na série de obras que utilizam a madeira como suporte e meio,

aproveitando os desenhos naturais dos veios dos troncos de jacarandá.

 

Na década de 1980, o artista inicia outra pesquisa com cor: a criação de telas com cordas

coladas para dar volume, e novamente a exploração das cores com a tinta. Na série W, o

artista estuda os jogos óticos resultantes do corte (que hoje realiza com laser) e subsequente

reagrupamento de tiras de madeira pintada, técnica que teve origem na série Relevos

Progressivos (feitos com papel cartão) iniciada na década de 1960. Palatnik movimenta as

varetas do ‘quadro fatiado’ no sentido vertical, ‘desenhando’ o futuro trabalho, construindo

um ritmo progressivo da forma, conjugando expansão e dinâmica visual e “explorando o

potencial expressivo de cada material”. A produção de Palatnik, apresentada nesta

retrospectiva em todas as suas facetas, intriga e encanta: suas obras vão construindo uma

narrativa visual marcante e profundamente elaborada sobre os horizontes alargados por ele.

 

 

Até 25 de novembro.

Efrain Almeida no Paço Imperial

25/jun

Uma pausa em pleno voo é a individual que Efrain Almeida apresenta no Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, com abertura no dia 02 de julho, sob curadoria do professor-doutor Marcelo Campos. O artista exibe pela primeira vez no Rio de Janeiro, trabalhos em bronze, ao invés da madeira, matéria-prima marcante na sua produção anterior. Agora, a madeira é usada como molde para a fundição em metal. Um conjunto de esculturas em instalação ou isoladas, aquarelas, porcelana e bordado, datados de 2012 a 2015, compõem esta mostra do artista cearense, radicado no Rio de Janeiro, onde não expõe há seis anos.

 

 

 

Uma pausa em pleno voo

 

 

A exposição marca ainda dez anos de encontro de Efrain com o curador Marcelo Campos. “Uma pausa em pleno voo” era o título do texto que Campos escreveu à época. Segundo Efrain, esta pausa é o momento em que o olhar congela um acontecimento frágil, efêmero. Este foi o ponto de partida para esta mostra, que começou a ser planejada há cinco anos: como o artista potencializa o pequeno gesto em algo poético que é a obra.

 

 

A instalação “Uma coisa linda” tem 150 pássaros [galos-de-campina] em bronze policromado [preto, branco e vermelho], distribuídos pelo piso da galeria em grupos de unidades variáveis, formando uma cartografia determinada pelo artista. Cada peça tem sua singularidade. O conjunto rememora a cena do pouso de um bando desses pássaros, que haviam sumido da região, no quintal da casa dos pais de Efrain, no sertão do Ceará. Eles voltaram, assim como o artista, que retorna com frequência à sua cidade natal.

 

 

“10 Hummingbirds”, outra instalação, é composta por dez beija-flores, também em bronze policromado, com tonalidades diferentes, fincados na parede pelo longo bico.

 

 

Os beija-flores aparecem ainda no bordado e nas quatro aquarelas. O bordado é feito sobre duas camadas de organza de seda, compostas de tiras de cores como se fossem camadas de tinta. As aquarelas têm a mesma lógica do bordado, em tons vermelhos e azuis do entardecer.

 

 

Na escultura de um cisne negro, em bronze pintado com tinta acrílica, Efrain foi buscar na memória fabular dos contos de Andersen o simbolismo do cisne que se transforma em princesa. Em “Platano Bordallo”, o artista reproduz em porcelana um segmento de galho com insetos, que fica perpendicular à parede.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Efrain Almeida nasceu em Boa Viagem, Ceará, 1964, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Entre 1986 e 1990, estudou na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e no Museu de Arte Moderna, no RJ.  Começou a expor em 1987, como integrante do XI Salão Carioca de Arte. Daí em diante, tem mostrado seu trabalho em centenas de cidades brasileiras, da Ásia, Europa e dos EUA. Entre as diversas exposições do seu currículo, destaca-se Marcas, retrospectiva sobre seu trabalho realizada em 2007 na Estação Pinacoteca, em São Paulo, e sua participação na Bienal de São Paulo de 2010. Efrain Almeida faz parte do elenco da Galeria Fortes Vilaça, São Paulo, e da CRG Gallery, Nova York. Sua obra está em importantes coleções públicas, como a do Museu de Arte Moderna de São Paulo; Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães – MAMAM [Recife]; Museu de Arte Contemporânea do Ceará; Centro Galego de Arte Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha; ASU Art Museu, Universidade do Arizona, EUA; Museum of Modern Art – MoMa [Nova York, EUA] e Toyota Municipal Museum of Art, Japão.

 

 

 

Até 13 de setembro.

Pink lemonade de Cezar Sperinde

17/jun

A Galeria Sancovsky, Pinheiros, São Paulo, SP, inaugura a mostra “pink lemonade”, de Cezar Sperinde com curadoria de Bruno Mendonça. Nesta que é sua primeira exibição individual no Brasil, o artista brasileiro-israelense radicado em Tel Aviv apresenta trabalhos desenvolvidos recentemente em São Paulo, junto a trabalhos anteriores. A exposição “pink lemonade” traz obras em diferentes mídias como instalação, video, fotografia, serigrafia e escultura.

 

 

Cezar Sperinde parte do campo da cultura para abordar questões como identidade e gênero, além de temáticas sócio-políticas e econômicas, mas de forma bastante singular, usando de deboche – uma das principais características de sua produção. Faz parte da mostra o vídeo “Pindorama dancing palm trees” de 2014, trabalho em que o artista instalou nove palmeiras infláveis tipo “bonecão do posto” com nove metros de altura cada uma, entre as colunas de uma construção neoclássica em Londres, onde fica situada a biblioteca da University College London – UCL.

 

 

Bastante interessado por arquitetura, Cezar cria também trabalhos que dialogam de forma direta com o espaço arquitetônico, como um rodapé de mangueira de lâmpadas de Led que será instalado ao redor da galeria.

 

 

 

Sobre o artista

 

 

Cezar Sperinde nasceu em Porto Alegre, RS, em 1981. Vive e trabalha entre Tel Aviv, Londres e São Paulo. Em 2005, emigrou para Tel Aviv, Israel, onde obteve o Bacharelado em Artes Visuais com ênfase em Fotografia pela Bezalel Academy of Arts and Design. Em 2011, na graduação, foi laureado com o prêmio Laureen and Mitchell Presser Award for Excellence in Photography. Em 2012 imigrou novamente, desta vez para a Inglaterra, onde concluiu com mérito o Mestrado em Artes Visuais na renomada Slade School of Fine Arts, UCL, em Londres. Foi premiado ao concluir o mestrado com o Laureen and Mitchell Presser, Arts Directed Grant, New York. Participou de mostras coletivas em espaços institucionais e galerias em Buenos Aires, Tel Aviv, Jerusalém, Oxford, Londres e Istambul. Participou recentemente do projeto Décima residência artística no Red Bull Station, em São Paulo. Possui trabalhos na Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM-Rio, RJ.

 

 

 

Até 18 de julho.

Visita guiada e catálogo

09/jun

O artista Eduardo Coimbra lança, 17 de junho, às 19h, o catálogo de sua exposição individual “Uma escultura na sala”, na Galeria Laura Alvim, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Haverá distribuição de exemplares aos presentes e visita guiada à exposição, junto com a curadora Glória Ferreira.

 

A mostra reúne 29 cubos de ferro em preto e branco, empilhados ou justapostos, que compõem uma única escultura que ocupa todo o espaço expositivo e cria novas áreas e percursos no circuito da galeria. De dimensões diversas e vazadas em duas faces, as peças podem ser ocupadas pelo visitante. A proposta do artista é que o visitante suba, sente e entre na obra.

 

“Uma escultura na sala” encerra o período da curadora Glória Ferreira, à frente da Galeria Laura Alvim desde 2013.

 

 

A exposição fica em cartaz até 28 de junho.

Contaminação (+ que) cromática

21/mai

A dualidade de interpretações – uma matérica, real, e a outra metafórica –, assim como a multiplicidade de referências, são caraterísticas das pesquisas dos artistas contemporâneos. Essa tendência se manifesta na composição de “Contaminação cromática”, exposição do artista Fernando Limberger na Praça Victor Civita, São Paulo, SP. As formas concretas concebidas nos canteiros promovem a abalroação da fisiologia do olhar contra as leis morfológicas de estruturação da matéria, dos precedentes da arte contra os da natureza. Provoca-se uma tensão óptico-espacial nas sugestões de movimento, mesmo que despontem os contrastes entre os elementos construídos e os orgânicos, a dualidade entre artifício e meio natural. Uma cartografia sensorial posta em prática a partir de um sistema de estratégias aprendidas para tornar as representações cada vez mais adequadas. É uma nova e transitória arquitetura do espaço.

 

 
A palavra do curador

 
Essa nova contaminação se expande além da referência à função original do recinto expositivo – um antigo incinerador de lixo cujos espaços o artista provê de novas funções/tarefas –, assim como a posição do público perante essas alterações. A estrutura se dilata espacial e funcionalmente a partir das grades plásticas que constrói.

 

Limberger traslada a arte para o real ao colocar areia pigmentada em algumas áreas dos canteiros já existentes na Praça, provocando assim alterações cromáticas e compositivas na estrutura rotineira do espaço público e modificando as particularidades morfológicas do ente vegetal já existente. Já as obras das séries “Um” e “Ação”, da década de 1990, constituem esboços dos projetos de ocupação posteriores, tanto pela questão espacial como pela cromática. Ao acrescer a matéria pictórica em blocos alternados de composição e cromatismo, o artista estabelece uma relação estrutural com a pintura e rejeita qualquer relação ou tradução superficial ou literal das formas da natureza para a arte e vice-versa. O “novo adubo” nos canteiros e a nova matéria na parte inferior da chaminé, onde desta vez a variação cromática é contaminante, contaminam as possibilidades sensórias que oferecem ao articular os elementos plásticos da arquitetura com as obras numa concepção de arte total. Nos desenhos e maquetes – como no múltiplo “Sem retorno”, de 2002/2013 –, evidencia-se a provocação ao inacabado e ao efêmero executado, aos sonhos e desejos. Nas instalações, a inutilidade do utilitário comum e, ao mesmo tempo, as combinações (im)possíveis. Nos canteiros, a absorção do inovador/novo/similar. Efeitos estéticos manifestam-se, assim, na estruturação de processos plásticos que afloram a constante inquietude da pesquisa do artista e constroem um itinerário circular para o espectador.

 
Nas salas do espaço interno da Praça, Limberger mostra várias instalações, esculturas, 1 Espaço público único em São Paulo, a Praça Victor Civita foi construída em uma área anteriormente degradada e agora oferece ao público, gratuitamente, ampla programação cultural, esportiva e de lazer, além de educação ambiental. Com um projeto arquitetônico inovador, a praça dispõe de palco e arquibancada para 290 pessoas, diversos equipamentos, e do prédio do antigo incinerador Pinheiros, também recuperado, aberto para receber exposições e eventos. O incinerador Pinheiros funcionou entre 1949 e 1989. A praça foi construída em 2008.

 
…O paisagismo é assumido pelo artista como acontecimento cultural e, nessa conexão com a arte, ambos são orientados para duas frentes: o entorno e a interlocução. Assim, em todo o conjunto trabalha-se com o papel formativo da arte.   Em todas as obras, os contrastes entre variações cromáticas e texturais intensificam a tensão entre os planos e espaços em múltiplas, singulares formas e estruturas geométricas. Isso se vê já nas séries em que o artista utiliza madeira reciclada com vestígios de fogo, o que evoca e reforça a consciência ecológica de maneira processual, na aparente simplicidade do múltiplo, a partir de uma ação plástica, bem como o compromisso de re-elaboração na própria pesquisa que faz dos elementos da natureza: as ciências e a arte e suas conexões. Essas possíveis incompatibilidades de matérias e referências estão presentes em obras como “Fome, azul” (2002). Já a permanente fertilidade nas relações de contraposição de formas e cores, das obras e do contexto, uma constante na produção do artista, é tangível nas instalações da série Fértil, na Fazenda Serrinha (Bragança Paulista, 2003); em Verde e amarelo, no Centro Cultural São Paulo (2008);

 

Complementares, na exposição Ecológica, MAM-SP (2010); Vermelho-pungente (para Dona Cristina), na Casa M, 8ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2011) e Três canteiros para dois guris, na Fazenda Dois Guris (Sapucaí Mirim, 2012). Verde infinito (2015) faz referência à Coluna sem fim (1938), de Constantin Brancusi (1876-1957), um dos pioneiros da abstração e dos principais nomes da chamada vanguarda moderna. Como o célebre escultor romeno, Limberger nutre a obra de elegância visual. Com a utilização repetida do mesmo objeto/forma, desvenda-se, na peça, a tendência do artista de aproximar o objeto de arte ao objeto de uso cotidiano, tratando ambos como presenças tridimensionais no espaço. Atinge, assim, formas mais despojadas, libertando-as das aparências de superfície para revelar a beleza intrínseca dos próprios materiais utilizados. A partir do uso de materiais sensíveis, ao mesmo tempo o artista elimina a representação clássica da escultura, num questionamento do pedestal a partir da ideia de objeto que media a relação da escultura com a realidade.

 
Na produção de Limberger, a memória é um elemento protagonista. O artista explora a sensorialidade dos suportes tradicionais e a subjetividade da arte. Da expansão e conexão dos canteiros aos desenhos, dos desenhos às maquetes, às instalações, ao público, à arquitetura, na contenção aparente das obras na sala expositiva, na compatibilidade dos materiais reciclados e/ou a reciclar, transformados no mesmo material: o artista reflete e convida o espectador à contemplação, à reflexão, à contenção e à possibilidade de fazer, na mutabilidade permanente em que se faz o olhar, na diferença entre o agora e o ainda há pouco. (Andrés Hernández São Paulo, 2015).

 

 
Até 28 de junho.

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Novas mostras na Pinacoteca Rubem Berta

07/mai

A Pinacoteca Ruben Berta, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibe duas exposições sendo “Princípio & Consequências” a que reúne a produção recente da escultora Joyce Schleiniger. Nascida em Santa Maria, participou ao longo de cinquenta anos de inúmeras exposições coletivas e individuais. Também se dedicou ao ensino, de 1966 a 1985, nas faculdades Palestrina, Feevale e Universidade Federal de Pelotas. Graduada em Escultura pelo Instituto de Artes da UFRGS, fez aperfeiçoamentos em escultura, pintura, cerâmica e educação. A partir da sua emigração para a Califórnia em 1985, Joyce Schleiniger abriu seu próprio atelier, onde além do trabalho artístico, proporciona cursos, consultoria, queimas e restaurações. Também produz painéis cerâmicos para fontes, murais e objetos cerâmicos numa integração do utilitário com a pura forma escultórica. Inspirada pela observação da natureza reinventa formas sob o signo da simetria e da repetição de elementos recorrentes.

 

Em consonância com o fascínio pelo corpo despertado pela obra tridimensional de Joyce Schleiniger, a Pinacoteca Ruben Berta oferece ao visitante a oportunidade de se entregar a um cruzamento de olhares com a produção de vários artistas do seu próprio acervo que escolheram o corpo para plasmar a criatividade no plano bidimensional.

 

A exposição intitulada “O Testemunho do Corpo” reúne trabalhos de brasileiros e estrangeiros, datados entre 1871 e 1965, e que possibilitam perceber diálogos entre diferentes gerações na representação da figura humana. Desta maneira a Pinacoteca persiste no objetivo institucional de vivificar o seu acervo através de um instigante encontro poético das esculturas de Joyce Schleiniger com quadros que trazem as assinaturas de Almeida Júnior, Batista da Costa, Di Cavalcanti, Eliseu Visconti, John Johnstone, José Perissinotto, Judith Fortes, PedroAmérico, Luís Nelson Ganem, Maité D´Elba e Vilma Pasqualini.

 

 

De 7 de maio a 12 de junho.

Show off de Marcelo Stefanovicz

29/abr

O GRIS Escritório de Arte, Pinheiros, São Paulo, SP, abriu a exposição “Show Off”, do artista plástico Marcelo Stefanovicz, com curadoria de Paulo Azeco. A mostra é composta por 22 trabalhos – entre esculturas, fotografias e pinturas – que contam histórias e trazem a força do espontâneo como agente modificador e decisivo na elaboração das narrativas.
Em sua nova individual, Marcelo Stefanovicz constrói uma relação íntima com a imagem, seja ela autoral ou apropriada. “Minha inspiração surge de descobertas. Sendo assim, a própria ideia de descobrir é para mim a narrativa.”, comenta. Seu processo criativo é baseado na experimentação e na intuição, gerando novos significados em sua obra que, ao negar um objeto, o evidencia e enaltece ao mesmo tempo. Nas palavras do curador da mostra: “Sua imagem final é densa, cheia de camadas, induzindo o espectador a uma análise que compreende não só o que ali se apresenta, mas o processo de composição.”.

 

Utilizando este mesmo princípio estético de construção, alguns trabalhos de Marcelo Stefanovicz miram para o universo do design experimental, no qual objetos do cotidiano, encontrados aleatoriamente, são empregados como suporte ou meio para a execução da obra. Neste sentido, temos a série Parasitas, que trata dessa relação entre o design e a arte com mais evidência: a partir de lâmpadas e circuito elétrico, são criadas obras tridimensionais que, apesar de se valerem da mesma intervenção plástica e gestual de suas pinturas, continuam sendo lâmpadas e mantendo sua função primeira, qual seja a de propagar luz.
O trabalho de Marcelo Stefanovicz, ao ser revelado pelo ocultamento, trava um diálogo com a narrativa contemporânea, que busca seu discurso no questionamento individual, na omissão e negação. “A melhor história a ser contada, em alguns casos, pode ser aquela que é apenas sugerida.”, conclui o curador Paulo Azeco.

 

 
Até 23 de maio.

Coletiva no Castelinho

27/abr

A partir do dia 12 de maio, o Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho – o Castelinho do Flamengo – Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, será ocupado por nove artistas na exposição “Coquetel”.

 

André Renaud, Bernardo Zabalaga, Isabela Sá Roriz, Jeferson Andrade, Joana Traub Csekö, Julia Csekö, Leo Ayres, Mario Grisolli e Zé Carlos Garcia apresentarão trabalhos inéditos, concebidos especialmente para a exposição e em diálogo com a arquitetura eclética que caracteriza o espaço. “Coquetel” pretende reintroduzir este centro cultural da prefeitura do Rio de Janeiro no circuito da arte contemporânea. O local, que já foi cenário de trabalhos de artistas como Marcos Chaves, Ana Miguel, Claudia Bakker e Renato Bezerra de Melo, agora se torna palco de instalações de artistas emergentes.

 

O grupo escolhido para o projeto enfatiza a variedade de mídias e estratégias usadas na arte contemporânea – objeto, escultura, fotografia, apropriações. “Coquetel” trará para o público uma amostragem da diversidade e da maleabilidade com as quais a arte de hoje trabalha, não se intimidando diante de diferentes espaços e situações, mas criando a partir de diversos contextos e suas particularidades.

 

No térreo, Zé Carlos Garcia apresenta uma de suas esculturas aladas, sendo acompanhado na sala ao lado por André Renaud, com duas pilhas de lixo que se espelham.

 

No primeiro andar, Joana Traub Csekö revela um de seus foto-objetos, criado especialmente para o local; Isabela Sá Roriz cria móveis que se desfazem em líquido; e Bernardo Zabalaga mostra o resultado de uma de suas terapias energéticas.

 

No segundo andar, Jeferson Andrade expõe uma pesquisa feita a partir de fotos pessoais de um soldado encontradas na rua; Leo Ayres constrói um viveiro de plantas caseiras; Julia Csekö exibe uma de suas esculturas da série Híbridos; e Mario Grisolli nos provoca com uma máquina construída com o motor de um espremedor de sucos.

 

Na abertura, haverá uma ação-ritual de Bernardo Zabalaga e uma leitura performática de Jeferson Andrade..

 

A exposição contará ainda com duas conversas com curadores, críticos e artistas, nos dias 9 e 30 de junho, quando serão debatidos os temas “arte e magia” e “outros circuitos”.

 

 

De 12 de maio a 12 de julho.

No SESC Santo André

17/abr

O Sesc Santo André, SP, exibe “A Experiência da Arte”, com curadoria de Evandro Salles e nove obras, independentes entre si, dos artistas Cildo Meireles, Eduardo Coimbra, Eleonora Fabião, Ernesto Neto, Waltercio Caldas, Wlademir Dias-Pino e Vik Muniz. Entre esculturas, fotografias, instalações, obras sonoras, performances e poemas visuais, a mostra propõe uma imersão plena no universo poético da arte, ao apresentar peças com diferentes abordagens e estratégias de relação com o público: algumas de total interatividade, outras reflexivas ou inteiramente contemplativas.

 

Concebida no formato de grandes instalações, expostas em aproximadamente 1.700m2 de área interna e externa, “A Experiência da Arte” proporciona ao público a vivência da arte como um acontecimento especial, essencialmente poético, de natureza individual e intransferível. O projeto curatorial repensa o papel da mediação entre obra e espectador, no intuito de incentivar a criação de sistemas próprios de vivência e usufruto da arte. Neste sentido, são evitadas legendas, informações biográficas, discursos comparativos, informações históricas, abordagens sociológicas, antropológicas e demais informações que, segundo Evandro Salles, funcionam como “impedimentos que atravessam e obstruem o caráter essencialmente poético do objeto de arte”.

 

Entre os trabalhos expostos, Cildo Meireles apresenta “RIO OIR” e “Malhas da Liberdade – versão nº 4″. O primeiro, uma obra sonora criada pelo artista em 2012 e que acabou se transformando em longa-metragem, CD e instalação. A obra reúne o som gravado nos principais rios da enorme rede fluvial brasileira, do Amazonas ao São Francisco. “RIO OIR – Ouvir o Rio” convida o público a pensar a água como elemento fundamental da vida no planeta. Por sua vez, “Malhas da Liberdade – versão nº 4″ representa uma estrutura de plástico, feita de maneira que as peças podem se encaixar umas às outras indefinidamente, gerando uma variedade incontável de formas e configurações. Apesar da estrutura criar grades que limitam e, de alguma maneira, cerceiam o fluxo, seu desenho permite um inesperado espaço de ultrapassagem, de liberdade de articulação, onde o público interfere e opera um subversivo encontro de saídas e alternativas de caminho.

 

Eduardo Coimbra exibe “Escultura V”, um conjunto escultórico-arquitetônico composto por módulos em estrutura de ferro pintado, com formato de cubos em três tamanhos distintos. Essas peças, de forte inclinação construtivista, são empilhadas criando uma enorme estrutura, que pode ser escalada, ocupada e utilizada pelos visitantes de infinitas maneiras.

 

Por sua vez, a artista Eleonora Fabião traz um conjunto de trabalhos que denominou “Ações Andeenses”, sendo a obra central a performance “Converso Sobre Qualquer Assunto”, na qual se disponibiliza para conversar sobre qualquer coisa, com qualquer pessoa que reaja ao convite da artista. Esta ação ocorrerá uma vez por mês, durante os seis meses de duração da mostra.

 

“Riogiboia” é o título da obra de Ernesto Neto, também concebida especialmente para a exposição. Grande escultura penetrável, de forte impacto visual, tem o formato de uma cobra-labirinto com 122 metros de extensão, podendo ser percorrida em seu interior. Seu piso é feito de madeira, com incrustações de pedra que formam desenhos de signos indígenas tradicionais. Em torno dessa estrutura, grandes painéis são cobertos por fotografias da selva amazônica, justapostas à selva de edifícios que São Paulo configura. Entre esses dois blocos de imagens, as nuvens definem um fluxo do mais precioso líquido: a água. A oposição Urbe-Floresta se apresenta como fonte de reflexão sobre os mitos culturais brasileiros, a necessidade de sua preservação e, ao mesmo tempo, sua projeção no universo urbano.

 

Waltercio Caldas expõe as obras “Camuflagem” e “Inflamáveis”. A primeira, um corredor feito por espelhos, onde algumas poucas palavras problematizam a passagem do público pela estrutura, fazendo com que o olhar do visitante torne-se o objeto central da própria obra. Inflamáveis trata de linguagem e suas codificações. Um carrinho de bombeiro, colocado provocativamente dentro de uma grande vitrine, não possui sua cor característica – o vermelho –, cor esta que “escorrega” literalmente para a parede localizada em frente à vitrine. Significado e significante se descolam um do outro, fazendo com que o carrinho, totalmente branco, revele-se de forma imprevista e inusitada ao olhar do público.

 

Wlademir Dias-Pino, um dos fundadores dos movimentos de poesia construtivista no Brasil e do Poema Processo, apresenta uma nova versão de seu clássico livro “A Ave”. O poeta, hoje aos 88 anos de idade, propõe uma instalação na qual o público, usando o mesmo universo de palavras do poema e seu sistema de leitura, pode produzir novas articulações da obra em uma enorme superfície, coberta com tinta magnética. Assim, os vocábulos e linhas do poema, impressos em forma de imãs, podem ser manipulados em infindáveis possibilidades.

 

Vik Muniz apresenta quatro grandes trabalhos fotográficos em metacrilato, e oferece ao público o seu “Estúdio Vik Muniz”. Neste espaço interativo, seu método de trabalho e de criação fotográfica é disponibilizado, para que qualquer pessoa produza suas próprias imagens, as quais são impressas e também postas em exposição.

 

A mostra, que não tem nenhum roteiro de visitação pré-fixado ou trajetória pré-estabelecida, tem entretanto como seu espaço introdutório a “Sala de Encontro”, usada tanto para receber o público em seus primeiros momentos na área expositiva como para prepará-lo para percorrer um dos trajetos possíveis da mostra. Esta sala funciona como uma espécie de “passagem” entre o mundo cotidiano e o mundo da arte, onde o visitante se preparar para percorrer um universo de natureza mais sensível e complexa.

 

“A Experiência da Arte” não tem um tema central, nem busca a uniformidade de leitura entre estilos e técnicas artísticas. Elimina ao máximo todo tipo de mediação, em prol da livre absorção da poética do objeto de arte. Nas palavras do curador, “Uma exposição de arte é um lugar para ver e experimentar objetos totalmente diferentes daqueles do mundo cotidiano. Eles funcionam para o pensamento, para o olhar e para o coração.”.

 

 

De 21 de abril a 25 de outubro.