Faça aqui | Ana Luiza Dias Batista

06/ago

O Ateliê397, Vila Madalena, São Paulo, SP, com apoio da Secretaria de Cultura do Estado de

São Paulo – via ProAC apresenta a exposição “Faça aqui”, em que a artista Ana Luiza Dias

Batista mostra seis trabalhos novos. “Faça aqui” é a nova exposição de Ana Luiza Dias Batista

no Ateliê397, na qual a artista apresenta trabalhos inéditos. O nome da exposição é retirado

de placas que ficam em frente a pequenos estabelecimentos comerciais, anunciando seus

serviços. Um dos referentes importantes para a construção de parte dos trabalhos em exibição

são os chaveiros, esses pequenos comércios, portinhas ou quiosques que, por ocuparem um

espaço reduzido, acabam por criar curiosas estratégias para expandir sua visibilidade no

espaço público.

 

Em um de seus trabalhos a artista se utiliza de chaves descartadas, construindo um chão de

chaveiro (cimento com chaves incrustradas) na calçada em frente ao espaço expositivo e no

corredor externo do Ateliê397. Dentre as chaves presas no chão, está a que abre a porta do

Ateliê. Outros trabalhos integram a mostra: uma instalação sonora, na entrada do galpão; uma

obra feita com um miolo de fechadura colocado diretamente na parede que gira

incessantemente; um trabalho feito com buchas e parafusos – também na parede – formando

um jogo “Resta um”; um cofre cortado de modo a lembrar um cubo-mágico, além de uma

instalação com placas de chaveiros em forma de chaves gigantes.

 

A exposição dá continuidade à investigação da artista, que frequentemente trabalha com

objetos já conhecidos, modificando seus tamanhos, seu funcionamento, seu trajeto, suas

proporções. Tais alterações acrescentam-lhes camadas, criam pequenos enigmas,

interrupções, estabelecem novos significados. Com uma obra na qual a relação estabelecida

entre os objetos de arte e os espectadores tem papel importante, a artista propõe uma

experiência onde a suspensão do entendimento imediato e cotidiano é estendida,

intensificando os efeitos do contato com a arte.

 

 

Sobre a artista

 

Ana Luiza Dias Batista nasceu em São Paulo em 1978. Em 2000 formou-se em artes plásticas na

ECA-USP. Em 2001 fez individuais no Centro Cultural São Paulo e na galeria Adriana Penteado,

São Paulo. No ano seguinte realizou, com Eurico Lopes e Rodrigo Matheus, o Plano Copan,

projeto independente no edifício paulista. Participou das coletivas 20 anos – 20 artistas, 2002,

CCSP, To be political it has to look nice, 2003, Apexart, Nova York, MAM [na] Oca, São Paulo,

2006 e do simpósio São Paulo S.A., Situação n. 2, 2002. Expôs individualmente no Centro Maria

Antônia, São Paulo, 2004. Recebeu a Bolsa Pampulha e, em 2007, apresentou individual no

Museu da Pampulha, Belo Horizonte. No ano seguinte concluiu mestrado em artes visuais na

ECA/USP e, ainda em São Paulo, realizou, com Laura Andreato e João Loureiro, Vistosa, projeto

independente contemplado no Prêmio Conexão Artes Visuais da Funarte. Em 2009,

apresentou a individual Programa na Estação Pinacoteca, São Paulo, e recebeu prêmio da

Secretaria de Cultura de São Paulo. Fez individuais nas galerias Mendes Wood, São Paulo (2010

e 2011), Ybakatu, Curitiba (2010) e Marília Razuk, São Paulo (2015). Em 2013 participou, entre

outras, das exposições Beyond the Library, Frankfurt Buchmesse / Hall 4.1, Frankfurt, e Itochu

Aoyama Art Square, Tokyo, Conversation Pieces, NBK, Berlin, Imagine Brazil / Artist’s Books,

Astrup Fearnley Museet, Oslo, e Économie Domestique, La Maudite, Paris. Em 2014, concluiu

seu doutorado na ECA-USP.

 

 

De 10 de agosto a 04 de setembro.

Silvia Cintra + Box4 mostra Iole de Freitas

05/ago

Em comemoração aos 70 anos da artista e paralela à exposição “O peso de cada um” no MAM-

RJ, abre nesta quinta, o6 de agosto, a segunda individual de Iole de Freitas na galeria Silvia

Cintra + Box4, Gávea, Rio de Janeiro, RJ. A  mostra vai até 03 de setembro.

 

 

Sobre a artista

 

Iole de Freitas nasceu em Belo Horizonte, 1945. Uma das mais importantes escultoras

brasileiras, Iole de Freitas faz intervenções espaciais em grandes prédios, sendo seu destaque

na Documenta Kassel de 2007 no prédio Fridericianum Museum. As esculturas são criadas com

arame, tela, aço, cobre e policarbonato modulares. Suas obras pertencem aos acervos do

MAM/Rio de Janeiro, MAM/São Paulo, MAC/Niterói, Pinacoteca do Estado de São Paulo,

Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte,

Museu de Arte Contemporânea, Porto Alegre, e várias fundações e museus do exterior. Entre

as diversas exposições individuais e coletivas em todo o mundo destacam-se: 9ª Bienal de Paris

(1975); 15ª Bienal Internacional de São Paulo (1981); exposição itinerante “Cartographies”

(1993), na Biblioteca Luis Ángel Aranjo (Bogotá, Colômbia), no Museo de Artes Visuales

Alejandro Otero (Caracas, Venezuela), na National Gallery (Ottawa, Canadá), no Bronx

Museum (Nova York, EUA) e na La Caixa (Madri, Espanha); Bienal Brasil Século XX (São Paulo,

1994); a individual “O corpo da escultura: a obra de Iole de Freitas”, curada por Paulo

Venancio Filho, no Museu de Arte Moderna de São Paulo e no Paço Imperial do Rio de Janeiro

(1997); Projeto de instalações permanentes do Museu do Açude, no Rio de Janeiro (1999);

individual no Centro de Arte Hélio Oiticica (Rio de Janeiro, 2000), “Iole de Freitas”, no Museu

Vale (Vila Velha, 2004), e “Iole de Freitas”, no Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro,

2005), todas com curadoria de Sônia Salzstein; 5ª Bienal do Mercosul (Porto Alegre, 2005). Em

2007 Iole foi convidada para realizar um projeto específico para a Documenta 12, de Kassel,

Alemanha, e em 2008 apresentou seu trabalho na Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre.

Em 2009-2010 expôs na Casa França-Brasil (Rio de Janeiro) e na Pinacoteca do Estado (São

Paulo), e participou da mostra “O Desejo da Forma” na Akademie der Kunst, em Berlim,

Alemanha. Na Art Rio 2012 recebeu destaque no Solo Projects com a curadoria de Pablo Leon

de La Barra.

Damián Ortega na Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP, apresenta “Paisagem”, a nova exposição de Damián Ortega. O artista mexicano emprega o isopor em dois novos trabalhos de grande escala. As instalações são um desenvolvimento do seu recente trabalho junto de escultores do carnaval carioca, no MAM do Rio de Janeiro. De um lado, o material de caráter efêmero se solidifica numa alusão à arquitetura modernista de São Paulo. De outro, ele se transforma numa paisagem abstrata onde sobras e desperdício desempenham papel central e revelam a ênfase dada ao processo.

 

Na obra “Abertura”, instalada no alto do saguão da galeria, Ortega recria em isopor e gesso uma secção do teto do terraço do Edifício Bretagne. Esse prédio, construído em 1959 e projetado por João Artacho Jurado, é considerado um marco da arquitetura paulistana. Os característicos círculos vazados do seu teto, que no prédio modernista permitem a passagem de luz e chuva, ecoam o desejo do artista de criar canais que conectem interior e exterior, como se sua obra fosse um exercício de abrir janelas.

 

Essa relação é explorada também em “Paisagem”, a instalação que dá nome à mostra. Ortega furou um cubo de isopor de 2,5 m a partir de seu centro, deixando que todo o pó do material se espalhasse pelo térreo da galeria. A “casca” do cubo permanece no espaço e age como a memória de sua forma, agora fragmentada em inúmeras partículas. Há aí uma certa ironia em fazer uma paisagem nevada para São Paulo, mas também o interessante jogo de trazer o interior do cubo para fora, que por sua vez está dentro de outro cubo, que é a galeria. Ortega enfatiza a experiência e o processo, evocando o interminável ciclo de transformação da matéria.

 

 

Sobre o artista

 

Damián Ortega nasceu na Cidade do México em 1967, e atualmente vive e trabalha entre sua cidade natal e Berlim. Entre suas exposições individuais, destacam-se: Casino, Hangar Bicocca (Milão, 2015); O Fim da Matéria, MAM (Rio de Janeiro, 2015); Cosmogonia Doméstica, Museo Jumex (Cidade do México, 2014); Apestraction, The Freud Museum (Londres, 2013); Do it yourself, Institute of Contemporary Art (Boston, 2009);  Champ de Vision, Centre Pompidou (Paris, 2008); The Uncertainty Principle, Tate Modern (Londres, 2005); Cosmic Thing, Institute of Contemporary Art (Filadélfia, 2002). Destacam-se ainda suas participações nas Bienais de Sharjah (2015), de Veneza (2013 e 2003), de Havana (2012), de São Paulo (2006), de Berlim (2006), de Sydney (2006) e de Gwangju (2002). Sua obra está presente em diversas coleções públicas ao redor do mundo, como MOMA (Nova York), MOCA (Los Angeles), CIFO (Miami), Centre Pompidou (Paris), Fundación Jumex (México) e Inhotim (Brumadinho), entre outras.

 

 

De 04 a 29 de agosto.

Roberto Magalhães em livro

O artista Roberto Magalhães, um dos maiores coloristas de sua geração, e Leonardo Kaz, à frente da editora Aprazível, lançam, em parceria com a Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, o projeto “Sem pé nem cabeça”, que será oficialmente lançado na abertura da Art Rio, no stand da Galeria Marcia Barrozo do Amaral, que acontece de 9 a 13 de setembro, mas que já pode ser visto na Galeria.

 

A obra “Sem pé nem cabeça”, com tiragem de 50 exemplares, é uma moldura / caixa em acrílico (um livro objeto), com designer assinado por Lúcia Bertazzo, e acrílico produzido por Joana Angert. Cada trabalho, com cores de acrílico diferentes, recebe na tela um desenho original e único de Roberto Magalhães, de diversas épocas, como da década de 60, e outros mais recentes, da década de 90. Em uma das duas gavetas laterais está o livro inédito “Sem pé nem cabeça” que reúne todos esses desenhos do artista, com técnicas e tamanhos diferentes, como pastel oleoso, guache, aquarela, lápis de cor, nanquim, ou seja, todos os materiais possíveis de desenho. Na outra gaveta está um pergaminho com desenhos esotéricos de Roberto, da série “Viagem Astral”.

 

Segundo Marcia Barrozo do Amaral, este trabalho oferece várias possibilidades e recebe a proteção do acrílico, material que protege a obra ainda mais que o vidro.

 

Roberto fala das imagens, da quantidade de imagens diferentes que costumam brotar ininterruptamente em seu pensamento. De uma maneira inesgotável, segundo ele, ou melhor: como uma torneira aberta no mundo, sem forma e sem tempo.

 

 

Sobre o artista

 

Roberto Magalhães surgiu na cena artística brasileira no início da década de 1960. É um dos principais integrantes do grupo de jovens pintores que realizaram, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, a exposição “Opinião 65”, iniciativa revolucionária por trazer uma nova linguagem visual para as artes plásticas no Brasil.Ganhou, em 1966, o cobiçado prêmio de viagem ao exterior no XV Salão Nacional de Arte Moderna, no Rio de Janeiro. Fixou residência em Paris entre 1967 e 1969, desfrutando do prêmio recebido na IV Bienal de Paris e participou de exposições no exterior. Depois de oito anos sem expor – suas inquietações e questionamentos o tinham levado ao misticismo -, em 1975, Magalhães recomeçou sua vida artística, expondo e lecionando no Museu de Arte Moderna. Em variadas técnicas, Roberto Magalhães constrói uma longa trajetória, destacando-se como uma das referências nas artes plásticas no Brasil e consolidando-se no circuito internacional, incluindo passagens pela IV Bienal Internacional de Gravura (Tóquio, 1964), “Brazilian Art Today”/Royal Academy (Londres, 1964), “Opinião 65”/Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro, 1965), VII Bienal de São Paulo (1965), Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro, 1966), “Modernidade ― Arte Brasileira do Século XX”/Museu de Arte Moderna (Paris, 1987), Embaixada do Brasil (Londres, 1988), “Exposição Retrospectiva ― 30 anos”/Centro Cultural Banco do Brasil (Rio de Janeiro, 1992), “Xilografia/Xilogravura”/Museu de Las Artes (Guadalajara, Mexico, 1995), “Retrospectiva”/Museu de Arte Moderna (Rio de Janeiro, 1996), “Roberto Magalhães ― Pinturas, Dibujos y Grabados”/Museo de Arte Contemporáneo de Caracas Sofía Imber (Caracas, Venezuela, 1998), Instituto de Cultura Brasil-Colômbia (Bogotá, Colômbia, 2000), “Desenhos”/Instituto Moreira Salles (Rio de Janeiro, 2001), “Otrebor ― A Outra Margem/Caixa Cultural (Rio de Janeiro e Brasília, 2008), “Preto/Branco 1963-1966 ― Xilogravuras e Desenhos”/Parque Lage (Rio de Janeiro, 2011), “Roberto Magalhães ― Pinturas e Desenhos”/Art Museum of Beijing Fine Art (China, 2011).

Lume na SP-Arte/Foto

A Galeria Lume participa da edição 2015 da SP-ARTE/FOTO, levando para seu stand um recorte de seu portfólio, com obras dos fotógrafos brasileiros Claudio Edinger, Gal Oppido e Penna Prearo, e do inglês Martin Parr. Entre as fotografias em exposição, o público encontra trabalhos diversificados como as séries “Rio de Janeiro”, de Claudio Edinger, “As Duas”, de Gal Oppido, a inédita “Celestinas”, de Penna Prearo, e “Amalfi”, uma prévia da individual de Martin Parr, que acontece ainda este ano.

 

Para 2015, a programação da galeria já incluiu as individuais de Alberto Ferreira e Kilian Glasner, a 1ª Coletiva Experimenta, além das feiras SP-Arte, Arte Lima e Paris Photo LA. Ainda estão previstas exposições de Florian Raiss, Claudio Alvarez e Martin Parr para este ano, bem como novas edições dos projetos paralelos Jazz na Lume e Sarau na Lume.

Novos Talentos: Fotografia Contemporânea

Com abertura no dia 12 de agosto, mostra terá a participação de 10 prestigiados artistas:

Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha

Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo Braga e Yuri Firmeza.

 

Cinquenta trabalhos de dez consagrados artistas brasileiros estarão à disposição do público na

exposição “Novos Talentos: Fotografia Contemporânea no Brasil”, de 12 de agosto a 18 de

outubro, na Galeria 4 da CAIXA Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ. Com curadoria de Vanda

Klabin e coordenação e idealização de Afonso Costa, a mostra apresenta visões fotográficas

variadas, com linguagens e processos de criação únicos que se utilizam de momentos políticos,

da mutabilidade da natureza e até do próprio corpo como experimento. A exposição faz um

interessante recorte de como a imagem vem sendo usada por nomes de diferentes gerações e

caminhos distintos, cujas produções vão muito além de um meio específico. Presente de forma

vibrante no mercado contemporâneo, a fotografia foi a vertente da arte que mais se

desenvolveu nos últimos anos. Diversas galerias se especializaram no assunto, leilões e feiras

passaram a existir com esse foco exclusivo. Diante desse novo cenário, a exposição apresenta a

fotografia compreendida como uma linguagem.

 

Paulo Nazareth apresenta a série Notícias da América, resultado de suas longas peregrinações

a pé e de carona pelo continente americano, onde imagens e acontecimentos mostram as

diversas realidades sociais, com a finalidade de expandir o conceito de pátria. Na série Rosa

Púrpura, Berna Reale, que está representando o Brasil na Bienal de Veneza, contou com a

participação de 50 jovens de Belém para discutir a questão da violência contra a mulher. “Me

incomoda muito o ser humano não se ver no outro e me assusta a violência se tornar íntima”,

explica a artista, que é também perita criminal do Centro de Perícias Científicas do Estado do

Pará.

 

Com um trabalho bastante político, Gustavo Speridião apresenta a série Movimento –

Ayotzinapa Vive!, que registra manifestações e atritos em regiões urbanas do México e do Rio

de Janeiro. “Comecei a ter sentimentos de querer mudar o mundo e procuro imagens que

refletem o processo revolucionário mundial”, diz. A violência, o desencanto, a condição da

miséria humana estão presentes na impactante série Brasil, de Matheus Rocha Pitta. O artista

mistura carnes vermelhas num processo mimético com as areias escaldantes de Brasília.

 

A partir de imagens produzidas em São Paulo e no Chile, Luiza Baldan cria contrapontos para

os espaços solitários, onde a sensação de vazio, aliada ao silêncio, circula livremente em

cenários ora intimistas, ora urbanos. Luiza Baldan participará de outras exposições neste

segundo semestre, no Centro Cultural São Paulo e na galeria Bergamin & Gomide, SP.

 

A parceria entre o homem e a natureza estão presentes nas fotos de Rodrigo Braga, que cria

um documento visual extremamente perturbador. Yuri Firmeza registra as ruínas da cidade

histórica de Alcântara, primeira capital do Maranhão, construída no século XIX na esperança

de hospedar o imperador D. Pedro II. Atualmente o lugar tem um centro espacial, instalado

pela Força Aérea Brasileira. O artista aproveita a paisagem para mostrar o tempo

sedimentado, não linear, não cronológico. A série Ruínas propõe o pensamento crítico à lógica

de crescimento das metrópoles.

 

Já os artistas Alexandre Mury, Arthur Scovino e Raphael Couto utilizam o próprio corpo para

suas práticas artísticas. “As fotografias mergulham em territórios ambíguos, pois lidam com o

campo da performance, testando os limites do corpo em diversas situações estéticas”, diz a

curadora. Erotismo, rituais e mitologias estão presentes na série Nhanderudson – num ponto

equidistante entre o Atlântico e o Pacífico, de Scovino. O artista escolheu uma imagem central

que representa o Caboclo meio-dia, e fotografou, sempre neste horário, na Chapada dos

Guimarães, no Mato Grosso.

 

Alexandre Mury representa os quatro elementos naturais, ar, água, fogo e terra, a partir de

seu próprio corpo. Nos trabalhos, está presente uma poética da turbulência, em que parece

estar vulnerável, num esgotamento de suas forças. “Essa mostra é muito oportuna para reunir

nomes de prestígio da arte contemporânea brasileira e seus trabalhos mais recentes”,

comemora Mury, que recentemente teve sua produção exposta no SESC Glória, em Vitória, e

na Roberto Alban Galeria, em Salvador.

 

Para Raphael Couto, as ações de metamorfose do corpo se dão no detalhe, no fragmento.

Abrir pele, cortar, costurar, colar e rasgar são, segundo o artista, gestos destrutivos que se

tornam construtivos. Ele parte de uma sensibilidade corporal e acrescenta reflexão sobre a

linguagem plástica. “Estou muito feliz com a possibilidade de colocar o meu trabalho em

diálogo com artistas que admiro e que são referências para o meu trabalho”, diz Raphael.

 

 

A palavra da curadora

 

“As obras apresentadas servem como um interessante panorama de visualização da produção

da fotografia contemporânea nacional. A ideia da curadoria é tirar partido deste frescor em

uma mostra que reúne as obras mais próximas ao espírito inquieto desses artistas, cada um na

sua dimensão particular, sempre em incessante processo criativo. Eles repensam, rediscutem e

reinventam a extraordinária tradição fotográfica por meio de um pensamento plástico atual,

com desenvoltura artesanal, intelectual e imaginativa inéditas até aqui.”

 

 

A palavra do idealizador

 

“A foto é apenas um recurso do desenvolvimento do trabalho deste grupo. Tanto que seria

possível fazer uma exposição com os mesmos artistas usando outros meios como vídeo,

objeto, pintura, instalação, performance, etc. Tal diversidade de caminhos, seja pelo viés

político, social, estético, construtivo, visceral, performático, ambiental ou corpóreo, entre

tantos outros, delineia e pontua essa dita ‘nova identidade’, que norteia e reflete os rumos da

fotografia no país.”,

 

A mostra Novos Talentos: Fotografia Contemporânea no Brasil é produzida pela R&L

Produtores Associados, dos sócios Rodrigo Andrade e Lucas Lins.

Os percursos nada óbvios de Alair Gomes

03/ago

POR VITOR ANGELO

 
Uma pequena pérola brilha em preto e branco, de forma intensa, no centro da cidade de São

Paulo. Desde sábado, a exposição “Alair Gomes – Percursos”, que fica até o dia 4 de outubro

na Caixa Cultural, na praça da Sé, joga luz não só para questões contemporâneas como o

voyeurismo e o desejo, a releitura do homoerotismo da Grécia clássica como o próprio status

da fotografia.

 

Alair Gomes, que teve seu trabalho reconhecido depois de sua morte, em 1992, utiliza as

contradições em seu jogo dialético de descobrir a essência da fotografia, o denominador

comum de uma imagem e isto só é possível de termos entendimento pela excelente curadoria

e montagem da exposição feita por Eder Chiodetto.

 

Logo na entrada da exposição temos as fotos até então inéditas feitas por Alair na Praça da

República, em São Paulo. É a antítese do que estamos acostumados a conhecer do que seria as

fotos de Gomes. Não estamos na região das praias, nem dos corpos seminus, apreciados à

distância por uma teleobjetiva, como nos seu conhecidíssimo trabalho conhecido como a série

fotográfica Sonatines, Four Feet. Aqui, ele se aproxima de seus objetos como identificação,

não como algo que deseja. Ele encara as pessoas com sua câmera, que sabem que estão sendo

encaradas e muitas vezes olham direto na lente, como reflexo. Elas estão razoavelmente

vestidas, mas aí entra outro um componente que o fotografo aprendeu com Antiguidade

Clássica e seu trabalho de fotografar as estátuas greco-romanas, conseguir extrair erotismo do

que vê.

 

Ele entende que o erotismo é um componente presente no êxtase e ora trabalha no campo da

sexualidade ora da religiosidade as confrontando no que existe de seus opostos e em suas

semelhanças como se fosse a síntese de uma Santa Teresa D’Ávila e um Marquês de Sade. Um

dos pulos do gato da exposição é colocar as Sonatines, de caráter mais terreno e físico com

seus Beach Triptychs que dialoga, à sua maneira (espiritual em carne), com os trípticos

religiosos da arte renascentista.

 

Existe também a questão da narrativa, ou movimento, como algo que se dá no tempo, e aquilo

que é estático, está hibernado de calor carioca e se dá no espaço. O que era um problema para

a pintura, a questão do movimento narrativo, para Alair é solução, está ali o que ele considera

o específico da fotografia, que a diferencia de outras artes visuais e podemos perceber isto de

forma clara nas Sonatines que contam uma história entre uma foto e outra. Mas isto não

invalida os closes estáticos e explícitos de pênis e ânus que encontramos em Symphony of

Erotic Icons, ali ele apreende aquilo que se dá no tempo (o sexo), como algo no espaço (o

desejo voyeur).

 

Os jogos em contradição que Alair cria em sua intensa experiência fotográfica também diz

muito de nós, da nossa vontade inerente de desejar, da solidão do olhar que deseja, da

distância (muitas vezes abissal, muitas vezes não) imaginada entre o que te erotiza e o prazer e

mais do que tudo: que aquilo que alimenta nosso desejo está muito mais em nós ( a tal

erotização) do que no que é desejado.

Na Marcelo Guarnieri/Jardim Paulista

Residente em Londres e São Paulo, a artista brasileira Mariannita Luzzati apresenta, na Galeria

Marcelo Guarnieri, Jardim Paulista, São Paulo, SP, individual de sua recente produção. Com

pinturas e desenhos figurativos, Mariannita Luzzati mostra paisagens naturais do Brasil, com

destaque a apuração das cores, a preocupação com as formas e com os volumes.

 

“As paisagens de Luzzati, embora tomando por base lugares específicos, são suficientemente

abstratas para remeter a inúmeras referências e memórias. Como espectadores, temos a

sensação de “já termos estado ali”, de conhecermos os lugares e, sendo assim, dada a sua falta

de especificidade, eles falam às nossas experiências individuais, nossas lembranças pessoais e,

portanto, nossa constituição psicológica.” Afirma Gabriel Pérez-Barreiro in: Mariannita Luzzati

e a Pintura de Paisagem em Geral.

 

Após a fase de exercício na pintura abstrata e do uso intenso das cores, a artista Mariannita

Luzzati apresenta série inédita de telas e pequenos desenhos. Quatro anos fotografando e

pesquisando as paisagens naturais do Brasil, fizeram com que a artista, nascida e criada em

São Paulo, se reaproximasse dos cenários que compõem a imaginação e a memória do país,

como os balneários litorâneos e as montanhas de lugares como Minas Gerais, Rio de Janeiro e

Espírito Santo. Naquilo que Luzzati intitula de “alerta do olhar”, a visão externa e distanciada

das coisas, – dividir seu tempo entre Londres e SP desde 1994 – fez com que o seu trabalho de

pesquisa na pintura se aproximasse, cada vez mais, do exercício do figurativo, do interesse

pelas formas e pelos volumes, em consonância com a apuração das cores.

 

Intitulando-se como pintora, a artista pertencente à geração dos anos 90, Mariannita Luzzati

busca a aproximação com a dimensão das formas das geologias brasileiras – especialmente a

volumetria das montanhas de estados como o Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo –

na tentativa de retirá-las do estado de deturpação, seja pelo olhar ou pelo Tempo, para

restaurar estas paisagens na pintura e no desenho.

 

Em um processo que integra fotografia, pintura e desenho, com suas técnicas e linguagens

próprias, o trabalho começou a quatro anos fotografando estes espaços; das lentes das

câmeras, as paisagens ganham contornos figurativos, e reaparecem, num outro sentido, em

telas horizontais, verticais e quadradas de dimensões que fogem dos padrões de tamanhos

habituais. Neste momento, o interesse é a captação da dimensão espacial, o apuro do uso de

cores, transitando numa cartela primária e sóbria com brancos, cinzas, esverdeados e pretos.

Não convencionais para uma paisagem e espírito brasileiros, a justificativa na escolha destes

tons, encontra-se na percepção da artista da intensidade da luz no Brasil, em oposição, por

exemplo, à luz de Londres, que revela, no primeiro caso, uma sutileza de tonalidade das cores.

Destaca-se, então, a necessidade pela pintura, que cria universos que adquirem personalidade

e transformam a natureza num espaço monumental.

 

Como exercício da geografia e do espacial nas artes, a etapa seguinte é transformar o olhar das

paisagens, depois da pintura feita, em desenhos de pequenos tamanhos. “Para mim, o

desenho é uma depuração da pintura”, afirma a artista, que, após um hiato de muitos anos

sem desenhar, volta a aproximar o traço do desenho feito com lápis duro como se fosse a

ponta seca da gravura em metal, sem perder o brilho da maior preocupação do seu trabalho: o

rigor e a beleza das formas.

 

 

De 15 de agosto a 15 de setembro.

Fotografias para Imaginar

31/jul

As 16 fotografias de Gilberto Perin, mais os textos de 16 escritores e as obras de 16 artistas convidados pelo fotógrafo para interferirem no seu trabalho integram a exposição de seu projeto autoral “Fotografias para Imaginar” irá até 21 de agosto na Sala Aldo Locatelli na Prefeitura Municipal de Porto Alegre. O  projeto foi financiado pelo Fumproarte.

 
“Fotografias para Imaginar” apresenta fotografias que revelam espaços sem a presença humana, propondo que o limite documental da fotografia seja ultrapassado, rompendo a fronteira do visível, reconstruindo a realidade com outro olhar – além daquele esboçado e recortado pelo fotógrafo.

 
Participação de alguns escritores como: Aldyr Garcia Schlee, Ana Mariano, Carlos Gerbase, Carlos Urbim, Cíntia Moscovich, Ignácio de Loyola Brandão, Luís Artur Nunes, Luiz Ruffato, Martha Medeiros, Paulo Scott, Pedro Gonzaga, Pena Cabreira, Ricardo Silvestrin  e Tailor Diniz.

 
Os artistas participantes dentre outros são: André Venzon, Bebeto Alves, Britto Velho, Carlos Ferreira, Chico Baldini, Denis Siminovich, Eduardo Haesbaert, Felipe Barbosa, Mário Röhnelt, Régis Duarte, Sandro Ka e Zorávia Bettiol.

 

 

Até 21 de agosto.

 

Álbum de família

27/jul


O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição

“Álbum de família”, com cerca de quarenta trabalhos emblemáticos de mais de vinte artistas

brasileiros e estrangeiros, como Adriana Varejão, Anna Bella Geiger, Bill Viola, Candice Breitz,

Charif Benhelima, Fábio Morais, Gillian Wearing, Jonathas de Andrade, Michel Journiac,

Ricardo Basbaum, Rosângela Rennó, Santu Mofokeng, Tracey Rose, Victor Burgin e Zanele

Muholi, que ocuparão todas as salas expositivas da instituição. “Álbum de família” terá

pinturas, objetos, fotografias, desenhos, videoinstalações, instalações sonoras e filmes. A

mostra será acompanhada de um seminário transdisciplinar, nos dias 25, 26 e 27 de agosto.

 

“A exposição vem em um momento em que o conceito de família é revisto, em que se

elaboram novas leis relativas a relações homoafetivas e à adoção, em que aumentam as

denúncias de violência sexual doméstica, em que surgem mais asilos particulares e,

consequentemente, mais idosos são privados do convívio familiar, e em que, paralelamente,

grupos conservadores procuram manter intacto a imagem e o modelo tradicional de família”,

observa a curadora Daniella Géo. Ela conta que ao longo da história da arte “o retrato sempre

ocupou lugar privilegiado na produção artística, e o retrato de família, para além de sua

qualidade plástica, serviu, com freqüência, à afirmação do status social, da linhagem, da

coesão familiar, da hierarquia patriarcal, entre outros valores que, ao mesmo tempo, refletiam

e reforçavam o ideário da família-pilar da sociedade”.

 

A mostra reflete sobre a família e suas questões, como um tema permanente da produção

artística. “Em sua abordagem contemporânea, as obras vêm abarcar perspectivas mais amplas

e íntimas, nas quais a família é pensada e representada em relação a questões de ordens

diversas, sejam elas sociais, políticas, econômicas, psicológicas, afetivas, religiosas, morais

etc”, observa a curadora. Desde diferentes configurações ao ideário matrimonial, passando

pelo abuso de poder e violência doméstica, até a família como construção política, a exposição

aborda ainda laços familiares, amor e noção de coesão à ausência, perda e solidão; espaço

íntimo e dimensão pública; mito e estereótipos, e de como a sociedade afeta e é afetada pelas

famílias.

 

Estão na exposição obras de nove artistas brasileiros – Adriana Varejão, Anna Bella Geiger,

Dias & Riedweg, Fabio Morais, Jonathas de Andrade, Leonora Weissmann, Julian Germain,

Murilo Godoy, Patricia Azevedo e jovens que vivem nas ruas de Belo Horizonte, Ricardo

Basbaum, Rosana Palazian e Rosângela Rennó, e trabalhos dos artistas Bill Viola, Daniel W.

Coburn, Candice Breitz, Charif Benhelima, Gillian Wearing, Michel Journiac, Richard Billingham,

Santu Mofokeng, Sue Williamson, Tracey Rose,  Victor Burgin, Zanele Muholi.

 

 

SOBRE AS OBRAS

 

De Adriana Varejão estarão três pinturas: a pouco conhecida “Em Segredo” (2003), que evoca

amor, gestação, aborto, tabu, perda;e “Filho Bastardo (estudo)”, de 1991, que trata da

construção colonialista da “família brasileira” ou da nação por atos de violência sexual. Anna

Bella Geiger participa com o díptico “Brasil Nativo – Brasil Alienígena” (1977), que coloca em

questão a noção de origem e identidade nacional, e evoca noções de domesticidade e o lugar

da mulher na família; e com o livro de artista “Encontros” (1974), uma espécie de diário sobre

encontros marcantes em sua vida, reais e imaginários, em que aparece com membros de sua

família direta ou com artistas de referência. O emocionante vídeo de Bill Viola, “The Passing”

(1991, 56’), um dos marcos da narrativa visual do século 20, trata da existência, do ciclo de

vida e morte, e inclui imagens do filho recém-nascido, e da mãe, em suas últimas horas de

vida. A videoinstalação “Mother” (2005, 13’30), de Candice Breitz, em seis canais, é composta

de imagens apropriadas de filmes hollywoodianos, e põe em questão estereótipos. De Charif

Benhelima estarão quatro fotografias e seis pequenos textos da série “Welcome to Belgium”

(1990-1999), e o livro de artista “Semites: The Album” (2003-2005), que evocam sua posição

social de órfão de mãe belga e pai de origem marroquina sefardita, em uma sociedade em que

a discriminação é institucionalizada. Em “Semites, ele combina fotografias de álbuns de família

(sua e de outros), fotografias de arquivo e de documentos de identidade, de pessoas de

origem semita – tanto judeus quanto árabes – fazendo alusão não somente a sua própria

origem, como a noções de identidade cultural, e de memória ou esquecimento. Daniel W.

Coburn mostra nove fotografias de 2014 encenadas por membros de sua família, como forma

de representar os altos e baixos da convivência afetiva. Na videoinstalação “Os Raimundos, os

Severinos e os Franciscos” (1998, 4’, e fotografia colorida), Dias & Riedweg abordam o universo

dos porteiros que trabalham em edifícios da cidade de São Paulo, e tratam da noção de família

em sua relação com a identidade cultural, regional, e a imigração. Fábio Morais, em seu livro

de artista “Foto… Bio… Grafia…” (2002), traz uma imagem fotográfica de uma criança, junto a

um homem que talvez seja seu pai, escavada livro adentro, sendo esvaziada de sua história e

evocando a noção de ausência e perda. Em seu vídeo “Trauma” (2000, 30’), Gillian Wearing –

vencedora do Turner Prize de 1997, e detentora da Ordem do Império Britânico (OBE) – traz

depoimentos sobre abuso acontecido dentro do núcleo familiar, gravado em uma microssala,

que faz alusão a um confessionário. A fotoinstalação “amor e felicidade no casamento” (2007),

de Jonathas de Andrade, põe em questão a noção conservadora de casamento e sua

representação de amor e felicidade. As pinturas “Eu, Theo e a Gruta” (2012) e “Gruta para

mamãe” /”Série Florestas Encantadas” (2010) de Leonora Weissmann mostram sua mãe junto

a uma gruta e um autorretrato com seu filho, então bebê, também junto a uma gruta, em

alusão à nossa gênese, à existência, ao que nos é primitivo. Michel Journiac, referência da arte

corporal e performática francesa, discute as relações afetivas e suas disfunções na série de

fotoperformances “L’inceste (O Incesto”)/”Mère-amante Fils-garçon-amant Fils-voyeur” (Mãe-

amante Filho-menino-amante Filho-voyeur), de 1975, de 1972. O coletivo No olho da rua 1995

> 2015 (Julian Germain, Murilo Godoy, Patricia Azevedo e jovens que vivem nas ruas de Belo

Horizonte) apresenta, em forma de jornal, parte do projeto que desenvolve há vinte anos, com

pessoas em situação de rua, resultando em uma outra noção de família e suas relações

afetivas. Na instalação sonora inédita, feita especialmente para a mostra, Ricardo Basbaum

coordena uma oficina em que o grupo de participantes discute o familiar e o estrangeiro. Em

sua segunda apresentação pública, e a primeira fora da Inglaterra, o filme “RAY” (2015), feito

originalmente em 16mm e transposto para digital HD, Richard Billingham – artista finalista do

Turner Prize de 2001 – usa atores para revisitar a vida cotidiana de seu pai alcoólatra e sua

mãe violenta. Rosana Palazyan apresenta a série de desenhos “… uma história que você nunca

mais esqueceu?” (2000/2002), compostos a partir de relatos de menores internos em

instituição penal no Rio de Janeiro, que abordam suas famílias e situações de violência

doméstica e urbana.   Rosângela Rennó apresenta uma seleção de trabalhos da série “Corpo da

Alma. O Estado do Mundo” (2003), compostos de fotografias apropriadas da imprensa, com

intervenções suas, que mostram pessoas que perderam entes queridos em atos de violência

urbana, além de retratos das próprias vítimas. Santu Mofokeng faz a projeção da série de

fotografias “The Black Photo Album – Look at me”, apropriadas de álbuns de famílias negras

prósperas na África do Sul, no final do XIX e início do XX. Sue Williamson registra no

videorretrato “Better lives” (2003, 3’05), feito inicialmente em 35mm e transferido depois para

DVD, imagens posadas de imigrantes que buscaram uma vida melhor na África do Sul e

deixaram suas famílias para trás.Tracey Rose realiza o vídeo “Just What Is It That Makes

Today’s Children So Different, So Appealing?” (2005/2007), em que crianças encenam, como

em uma brincadeira, situações familiares que lhes são comuns, mas que tratam de violência

doméstica, abuso, assistência social, entre outros temas. Victor Burgin, em seu livro de artista

de 1977, trata de como o modelo capitalista afetou e transformou a família através das novas

relações de trabalho. Zanele Muholi documenta casais de mulheres negras na África do Sul, na

série “Being”, de 2007.

 

 

SOBRE A CURADORA

 

Daniella Géo é curadora independente e crítica residente entre Antuérpia, Bélgica, e Rio de

Janeiro. Doutora e mestre em Estudos cinematográficos e audiovisuais pela Sorbonne

Nouvelle-Paris III. Atualmente, é co-curadora da 4e Biennale de Lubumbashi, RDCongo (2015).

Foi co-curadora da 5e Biennale internationale de la Photographie et des Arts visuels de Liège.

Curadorias recentes incluem as retrospectivas Roger Ballen: Transfigurações, fotografias 1968-

2012, MAC-USP (até 27 de setembro de 2015),  MON, Curitiba (2013-2014), MAM-Rio (2012);

Charif Benhelima: Polaroid 1998-2012, Museu Oscar Niemeyer, Curitiba (de 05 de dezembro

de 2015 a 20 de março de 2016), MAC de Niterói (2013). É professora da Escola de Artes

Visuais do Parque Lage, Rio de Janeiro, e conferencista convidada do Hoger Instituut voor

Schone Kunsten, Gent, Bélgica. É curadora associada do Artist Pension Trust, NY.

 

 

SEMINÁRIO

 

O seminário, que terá a presença de, propõe gerar um debate sobre as diversas questões

evocadas pelas obras em exposição, sem se limitar às perspectivas do campo das artes visuais.

“Busca, ao contrário, proporcionar um diálogo entre diferentes campos de saber e, assim,

promover um debate amplo sobre problemáticas atuais relativas à família e relacionar

profundamente arte e vida”, explica Daniella Géo.

 

 

De 01 de agosto a 19 de setembro.