RAQUEL ARNAUD EXIBE SILVIA MECOZZI

12/ago

Após um período sem expor na cidade, a última individual foi em 2005, na Pinacoteca do Estado, Silvia Mecozzi exibe na galeria Raquel Arnaud, Vila Madalena, a exposição “Branco de Si“. A exposição reúne uma instalação com placas em mármore que revestem o piso, uma escultura de cerca de 3 metros presa ao chão e outra com 70 cm fixa na parede, ambas produzidas no mesmo material. Em 2011 a artista realizou a série de fotografias “deserto das p_almas”, na qual retratava palmas das mãos de pessoas do seu círculo afetivo. Na série atual, a artista tratou de ampliar estes registros e esculpir no mármore as linhas das mãos fotografadas, criando relevos na pedra.

 

A plasticidade característica do mármore permitiu à artista gravar linhas e criar planícies e depressões, como numa mão. Em formato circular, a instalação deve ser sentida pelo público, que pode andar sobre as placas. Segundo Yuri Quevedo, que assina o texto sobre o trabalho de Silvia Mecozzi, o branco e o cinza do mármore e os sulcos que o trabalho fez nele, tornam-se matéria etérea e sensual, e intrigam pela luz. “Esses elementos guardam em si seu próprio segredo, e a relação entre eles parece ocultar uma história de relações que se expressa no relevo de um deserto […Espaço do afeto e não da história. Fronteira daquilo que cada corpo sabe de si mesmo]”, conclui.

 

 

Sobre a artista

 

Filha e neta de pintores, Silvia Mecozzi estudou com Carlos Fajardo e Sergio Fingermann e foi assistente de Luiz Paulo Baravelli. Em sua primeira individual, organizada na Pinacoteca do Estado de São Paulo em 1994, recebeu o Prêmio Revelação de Pintura da Associação Paulista de Críticos de Arte. Desde 2000, destacam-se as individuais “Mera Esfera Espera Espinho”, apresentada no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador; Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli, Porto Alegre, RS, e no Espaço Cultural dos Correios, Rio de Janeiro, RJ, em 2003, e na Galeria Raquel Arnaud, em 2004. Em 2005, apresentou “Ouriças” na Estação Pinacoteca, São Paulo, SP, e em 2007, realizou individual na Galeria Sycomore Art, Paris. Em 2009, apresentou a obra “Libérer l’horizon, réinventer l’espace”, na Cité Internationale des Arts, Paris, e a videoinstalação “Olódòdó”, no Museu de Arte Moderna da Bahia, Salvador. Participou também de importantes exposições coletivas desde a década de 1990: “O Traje como Objeto de Arte”, no Palácio das Artes, Belo Horizonte, MG, e na Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, Portugal, ambas em 1990; 5ª Bienal de Santos e 23º Salão de Arte Contemporânea de Santo André, em 1995, obtendo neste o Prêmio Aquisição; “Temporada de Projetos”, no Paço das Artes, São Paulo, SP, 1997 e “Viagens e Identidades”, United Artists V, na Casa das Rosas, São Paulo, 1999. Entre 2000 e 2008, além de exposições coletivas, como “Ópera Aberta”, na Casa das Rosas, 2002, e “Natureza-morta/Still Life”, na Galeria de Arte do Sesi e no Museu de Arte Contemporânea de Niterói, RJ, 2004, integrou “Arte Contemporânea: uma história em aberto”, 2004, “Transparências”, 2007, e “Entre o plano e o espaço”, 2008, organizadas pela Galeria Raquel Arnaud, que representa a artista desde 2002.

Paralelamente, no piso térreo da galeria, é exibida a coletiva “Em Movimento” com obras dos artistas cinéticos Carlos Cruz-Diez, Dario Pérez-Flores, Elias Crespin, Luis Tomasello e Jesús Soto.

 

 

De 15 de agosto a 14 de setembro.

 

 

NOVÍSSIMOS!!!

07/ago


A Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a exposição “Novíssimos 2013”, em sua 43ª edição, onde as inquietações comuns a artistas de diversas gerações e localidades estão reunidas em um mesmo espaço expositivo. O objetivo de ” NOVÍSSIMOS” é reconhecer e estimular a produção desses novos artistas, e com isso apresentar um recorte do que vem sendo produzido no campo da arte contemporânea brasileira.

 

Para a crítica de arte Fernanda Lopes, que assina o texto desta exposição: “Deslocar. Tirar alguém ou alguma coisa (seja um objeto ou ideia) do lugar competente, de seu papel ou função esperados. Esse parece ser o mote dos trabalhos dos 16 artistas selecionados para a 43a edição do Salão de Artes Visuais Novíssimos da Galeria IBEU. Em um contexto geral onde as dúvidas parecem não ter mais espaço, a produção selecionada para esta exposição parece ter como um ponto em comum a tentativa de indicar folgas, revelar falhas, abrir brechas em uma zona de conforto, restituindo ao público, à instituição e ao artista o incômodo e difícil benefício da dúvida.”

 

Em 51 anos de existência, participaram deste Salão artistas como Anna Bella Geiger, Ivens Machado, Ascânio MMM, Ana Holck, Mariana Manhães, Bruno Miguel, Pedro Varela, Gisele Camargo, entre outros. Até 2012, 566 artistas já haviam participado desta coletiva anual.
A edição “Novíssimos 2013″ conta com a participação de 16 artistas que apresentam trabalhos em desenho, pintura, instalação, objeto, vídeo e fotografia. Os artistas selecionados são: André Terayama (São Paulo), Carolina Martinez (Rio de Janeiro), Daniel Frota (Rio de Janeiro), Eduarda Estrella (Rio de Janeiro), Fernanda Furtado (Rio de Janeiro), Frederico Filippi (São Paulo), Íris Helena (Paraíba), Luisa Marques (Rio de Janeiro), Luiza Crosman (Rio de Janeiro), Maíra Dietrich (São Paulo), Marcela Antunes (Rio de Janeiro), Marcelle Manacés (Rio de Janeiro), Mario Grisolli (Rio de Janeiro), Mayra Martins Redin (Rio de Janeiro), René Gaertner (Rio de Janeiro) e Rodrigo Moreira (Rio de Janeiro). O artista em destaque no Salão de Artes Visuais Novíssimos 2013 será contemplado com uma exposição individual na Galeria de Arte Ibeu em 2014.

 

 

Até 30 de agosto.

A pintura de Lucy Citti Ferreira

05/ago

A Pinacoteca de São Paulo, Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Lucy Citti Ferreira”, com cerca de 60 trabalhos realizados entre 1930 e 1990. As obras fazem parte de um conjunto de pinturas, desenhos, gravuras, fotografias, recortes de jornal, manuscritos, correspondências e documentos pessoais, catálogos e convites de exposições, que foram doados por Lucy -São Paulo, SP, 1911 – Paris, França, 2008 – para a Associação Pinacoteca Arte e Cultura-APAC, poucos meses antes de sua morte. A doação foi recebida por Regina Teixeira de Barros, curadora da Pinacoteca que, junto com Rosa Esteves, pesquisadora do Museu Lasar Segall e amiga da artista, ficaram responsáveis por organizar e catalogar todo o conteúdo recebido. “Estimava-se, à primeira vista, que houvesse cerca de 600 obras sobre papel a serem catalogadas (…). Entretanto, após quase três anos chegou-se a um número mais do que cinco vezes maior: foram catalogadas 3219 obras de Lucy”, afirma Regina Teixeira de Barros, curadora da mostra.
Esta exposição é a mais completa já realizada sobre sua obra. É uma rara oportunidade de ver um significativo conjunto da artista reunido num só espaço, pois sua última mostra individual aconteceu em 1988 no Museu Lasar Segall, ocasião em que também doou para a Pinacoteca cinco obras, um desenho e quatro xilogravuras.  A exposição Lucy Citti Ferreira começa com pinturas realizadas no período de formação da artista em Paris e termina com um conjunto de paisagens imaginárias realizadas em aquarela, na década de 1980. Entre os dois extremos estão os desenhos, aquarelas e pinturas que a artista produziu entre 1935 e o final da década de 1950, período mais produtivo de sua carreira. Aí estão contemplados retratos, naturezas-mortas, grupos de figuras, cenas de interiores e, em maior evidência, os autorretratos, que se sobressaem tanto pela  qualidade da pintura quanto pela quantidade de variações sobre o tema. Por meio dessa seleção de obras também é possível acompanhar as sutilezas das transformações formais que se apresentam nesse intervalo: do alinhamento às características do retorno à ordem, às simplificações da figura levemente contaminadas pelas tendências abstracionistas do pós-Guerra.
“A mostra tem como objetivo evidenciar a qualidade da obra de Lucy e reparar, na medida do possível, o apagamento a que foi relegada. Ao mesmo tempo, a ocasião é propícia para explicitar sua singularidade, que muitas vezes foi posta em dúvida devido à (superficial) similaridade de algumas obras com aquelas de Lasar Segall, de quem foi modelo e discípula. Finalmente, essa mostra tem a intenção de saldar um compromisso selado muitos anos antes, de acolher sua obra, estudá-la e divulgá-la com a merecida distinção, de maneira a inseri-la efetivamente na história da arte brasileira”, afirma a curadora Regina Teixeira de Barros.
Sobre a artista

Lucy Citti Ferreira, nasceu em São Paulo, SP, em 1911 e faleceu em Paris, França, em 2008. Foi pintora, desenhista, gravadora e professora. Viveu a infância e adolescência na Itália e na França com a família. Em 1930 frequenta o curso noturno de desenho de modelos clássicos na École Régionale des Beaux- Arts do Havre, França. Inicia seus estudos de pintura com André Chapuy. De 1932 a 1934, freqüenta a École Nationale des Beaux-Arts, em Paris. Aperfeiçoa-se em Pintura com Fernand Sabatté e escultura com Armand Matial. Expõe no Grand Palais e no Salon des Tuilleries. Retorna ao Brasil e instala seu ateliê na Rua Martinico Prado, em Higienópolis, em São Paulo. Conhece o pintor Lasar Segall, de quem se torna aluna e modelo. Volta a morar em Paris em 1947 e, no ano seguinte, expõe na Galerie Jeanne Bucher, em Paris. Em 1954, faz exposição individual no Museu de Arte de São Paulo. Em 1988, realiza a exposição individual “Sombras e luzes” no Museu Lasar Segall. Nessa ocasião, doa cinco obras (um desenho e quatro xilogravuras) para a Pinacoteca do Estado de São Paulo e sete obras (seis pinturas e um desenho) para o Museu da Arte Moderna de São Paulo. Em 2000 participa da exposição “Mostra do redescobrimento: Negro de corpo e alma”, organizada pela Fundação Bienal de São Paulo. Em 2004 participa da exposição “Mulheres pintoras”, na Pinacoteca do Estado, São Paulo e da mostra “O olhar modernista de JK”, no Ministério das Relações Exteriores, Palácio do Itamaraty, Brasília, DF.
Até 19 de outubro.

 

 

Nuno Ramos, Anjo e Boneco

02/ago

Chama-se “Anjo e Boneco” a nova exposição individual de Nuno Ramos na Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, São Paulo, SP.  A mostra traz uma série de desenhos em larga escala, inéditos, todos realizados com guache. O título da exposição é parte de um verso extraído da obra “Elegias de Duíno “, de Ranier Maria Rilke – “Anjo e boneco: haverá espetáculo” (tradução de Dora Ferreira da Silva). Nuno Ramos, ele mesmo também um escritor, inspira-se frequentemente na obra de outros poetas, escritores e compositores. Sua série de desenhos anteriores partia do famoso diário de memórias de Daniel Paul Schreber, e em “Faca só Lâmina”, uma série de desenhos sobre alumínio, Nuno utilizava versos extraídos de um poema de João Cabral de Melo Neto, para citar apenas alguns exemplos.

 

Porém, diferentemente de desenhos anteriores, o artista trabalha com poucos elementos e materiais para compor os trabalhos desta nova série. As composições são todas feitas somente com guache, carvão e pastel seco apresentando em sua maioria apenas uma cor em contraste com o negro do carvão. Há formas geométricas combinadas com linhas gestuais, como em “Anjo e Boneco 18: Compreendemos Facilmente os Criminosos”. O jogo entre as linhas e formas parece estar sempre na beira do desequilíbrio. Há uma expectativa do porvir, a composição não é estática. Nuno também incorpora escorridos e manchas causados pelas tintas, trazendo o acaso para o processo de criação.
Comum a quase a todos os desenhos, além do título da série, são diferentes versos, também extraídos da IV Elegia de Rilke, impressos sobre o papel em letras de forma com carvão. “Como o coração de uma bela maçã” ou “abandonas a serenidade dos mortos” podem ser lidos entre as linhas, semicírculos e tinta, formando a composição. Ao extrair os versos de seu contexto original e incluí-los nos desenhos, Nuno explora a ressonância das palavras em um contexto de abstração. Ao alinhar todos os desenhos, apoiados na parede, bem perto uns dos outros, contornando o espaço da galeria, o artista cria a sua própria narrativa, o seu próprio poema, visual e literário. Há uma beleza latente, da mesma potência de suas esculturas.

 

Sobre o artista

 

Nuno Ramos nasceu em 1960, em São Paulo, onde vive e trabalha. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo em 1982. Artista plástico, compositor, cineasta e escritor, participou de diversas exposições coletivas e individuais, destacando-se recentemente: em 2012, “O Globo da morte de tudo” (em parceria com Eduardo Climachauska) na Galeria Anita Schwartz, Rio de Janeiro, “Ai Pareciam Eternas!” na Galeria Celma Albuquerque, Belo Horizonte e “Solidão, Palavra” no Sesc Pompéia, São Paulo; em 2010 “Fruto Estranho” no MAM, Rio de Janeiro; e a 29ª Bienal Internacional de São Paulo. Publicou em 2011 seu oitavo livro, Junco, pela editora Iluminuras, vencedor do prêmio Portugal Telecom de Literatura na categoria poesia. Em 2008, venceu Prêmio Portugal Telecom para melhor livro do ano com Ó, também da Iluminuras.

 

Até 14 de setembro.

Waltercio Caldas na Paulo Darzé

31/jul

A Paulo Darzé Galeria de Arte, Corredor da Vitória, Salvador, Bahia, apresenta série de novos trabalhos de Waltercio Caldas, através da exposição denominada “O que é mundo. O que não é”. Waltercio Caldas é um dos maiores nomes da arte contemporânea brasileira e internacional. Esta é uma frase direta que serve precisamente para afirmar a criação de esculturas, desenhos, objetos, livros e maquetes realizados por Waltercio Caldas, um artista que nas palavras de José Thomaz Brum, constrói “com aço inoxidável traços que circunscrevam o ar, deixando permanecer uma relação de contiguidade entre o desenho e o objeto, dotando estes de pausas, e suas linhas de intervalos, como um músico, concretizando esses anseios e os explorando”.

 

Waltercio Caldas nasceu no Rio de Janeiro, em 1946, e nos anos 60 começa a expor. Em sua trajetória realizou exposições individuais em alguns dos mais conceituados museus e galerias do mundo e participou de eventos como a Bienal de Veneza, Itália, e a Documenta de Kassel, Alemanha, tendo obra, entre outros, no acervo do Museu de Arte Moderna de Nova York. A diversidade de meios com que trabalha e seu absoluto domínio sobre os materiais nos faz pressentir a passagem de uma matéria para a outra, as relações entre pesos, densidades e transparências, e uma obra que se constitui um eterno processo, um fluxo constante que interliga a presença e a ausência, o sólido e o ar, o pleno e o vazio. Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador a lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação, é que fazem a obra de Waltercio Caldas ser considerada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Experimentação e questionamento, o fluir entre as coisas, a ocupação do espaço, a linha e o ar, um desenho do espaço induzindo o espectador à lembrança da figura, e utilizando uma diversidade de materiais, oferecendo a todos um sentido ou as possibilidades do olhar, num convite a imaginação tornaram a obra de Waltercio Caldas destacada pela crítica internacional como uma das mais importantes na arte contemporânea internacional.

 

Até 31 de agosto.

Mario Cravo Neto – Butterflies and Zebras

30/jul

A Pinacoteca do Estado de São Paulo, Luz, Praça da Luz, São Paulo, SP, apresenta a exposição “Butterflies and Zebras” de Mario Cravo Neto, artista falecido em 2009. Considerado um dos mais representativos fotógrafos brasileiros, a mostra reúne 250 fotografias inéditas feitas entre os anos de 1969 e 1970, período em que o artista viveu em Nova Iorque, dedicando-se também aos estudos da escultura e pintura. Nelas podemos notar a procura do fotógrafo por ângulos inusitados, realizados nos apartamentos onde viveu, nas ruas, nas estações e dentro dos vagões do metrô. Muitas delas foram feitas a partir de janelas, numa série em busca de descobertas, nada mental, com planos e cortes realizados ao acaso, o que faz com que o conjunto se torna ainda mais provocante ao descrever movimentos que transitam entre um mundo interior e outro, exterior.

Por uma decisão curatorial e para que o público tenha uma compreensão maior sobre a obra de Mario Cravo, também serão exibidas 45 imagens em preto e branco, ícones na obra do artista, que originalmente fizeram parte da série “O Fundo Neutro e Seus Personagens” realizada entre 1980 e 1999 que foram o ponto de partida para o livro “The Eternal Now”. Segundo Diógenes Moura, curador da mostra, “Butterflies and Zebras não é apenas uma exposição, um livro. É uma experiência sobre o tempo, sobre o destino, sobre o amor, sobre a vida, sobre a morte e sobre de como se poderá ir do ontem ao muito além”.
A mostra começou a ser pensada pelo artista e pelo curador em 2006. Um trabalho de edição e pesquisa através das centenas de imagens produzidas por ele. A primeira fase do trabalho que foi interrompido em 9 de agosto de 2009 pela morte do artista.

 

 
A palavra do curador
“Mario Cravo Neto me falou e mostrou as fotografias. Falou-me apenas: “São as fotos que fiz em Nova Iorque”. Cada vez que eu olhava cada uma das imagens ficava imaginando de que forma cada uma delas teria sido feita. Juntas, formam uma série. Separadas, cada uma delas representam um instante preciso. São como fotogramas. São ao mesmo tempo fotografia e cinema e fotografia. Revelam personagens anônimos tornados mais anônimos ainda, caminhantes nas ruas da cidade; recortam figuras descendo as escadas ou dentro do metrô e as leva para dentro numa mesma cédula não identificável; aproxima e afasta gente de automóveis por dentro e por fora. Ali, há aproximação e distância. Uma cidade dilatada.”

Sobre o artista

Estudou em Berlim e Nova York, acentuando suas pesquisas sobre escultura e fotografia. Em 1970, publicou sua primeira fotografia fora do Brasil no catálogo da exposição “Information”, do Museum of Modern Art, MoMA, em Nova York. Durante os anos 1970, dedicou-se à criação de projetos in situ, interferindo na natureza do sertão baiano e no perímetro urbano de Salvador. Expôs inúmeras vezes no Brasil e no exterior. Publicou cerca de catorze livros em diversas línguas, assim como matérias em revistas e jornais. Tem obras no acervo de importantes museus e em coleções particulares em todo o mundo. Em 2000, numa busca sempre imersa no mundo mítico e na natureza de seu país, publicou “Laróyè (Áries)”, no qual procura o semelhante junguiano de Exu nas ruas de Salvador, e realizou exposição homônima na Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi realizada na galeria Paulo Darzé, em Salvador, sob o título “A flecha em repouso”.

Até 10 de novembro.

Roberto Alban apresenta Willyams Martins

29/jul

A Roberto Alban Galeria de Arte, Ondina, Salvador, Bahia, apresenta a exposição “Peles do Cárcere“, individual de Willyams Martins, que ocupará o espaço expositivo com 30 obras inéditas. As obras apresentadas fazem parte da série “Peles Grafitadas”, compostas por imagens das superfícies murais das cidades através da técnica de remoção e deslocamento. Desta vez, o artista pesquisou e descolou imagens desgastadas existentes nas paredes da Penitenciária Lemos Brito, onde os presidiários imprimiram suas expressões subjetivas durante anos.

 

Em “Peles do Cárcere”, Willyams Martins expõe todo o trabalho de pesquisa realizado no Complexo Penitenciário. “A parede do presídio torna-se um suporte mediador de onde se retiram signos de referências sociais e artísticas, deslocando uma produção visual, um repertório de identificação”, explica o artista. A arte de Martins traz assim um olhar cuidadoso e com aspectos etnográficos sobre a vida no cárcere, ao mesmo tempo em sintonia e em oposição ao cotidiano estritamente urbano da vida moderna.

 

A mostra “Peles do Cárcere” busca lançar um olhar diferenciado das imagens comuns existentes nas superfícies das paredes internas, externas e do urbanismo. “As imagens que estavam encarceradas formam uma polifonia de significados produzindo uma conexão entre o perto e o longe, o interno e o externo, aquilo que foi extraído da parede encarcerada e que agora está livre”, diz o artista.

 
As imagens que compõem a mostra foram retiradas do presídio através da técnica de remoção, onde se utiliza voille e resina de poliéster aplicado sobre a imagem para remover a “pele” das superfícies.

 

 
Sobre o artista

 

O artista visual Willyams Martins vive e trabalha em Salvador, Bahia. É mestre em Artes Visuais, Escola de Belas Artes, Universidade Federal da Bahia. A arte feita por Willyams Martins tem como fonte de inspiração, além do urbanismo, a música e a estética do punk nacional. Martins foi um dos fundadores da banda “Dever de Classe” nos anos 80. Possui ampla experiência em oficinas em diversas instituições culturais, como, por exemplo, as de “laboratório instantâneo” em arte contemporânea apresentada no MAM-BA, relacionados à 29 Bienal de São Paulo – Obras selecionadas. Suas obras transversais são permeadas pela articulação de diversos campos estéticos. Participou do documentário “paredes que hablam”, para a TV do México e da Argentina. Participou de uma exposição coletiva em Bogotá – Colombia. Realizou exposição individual na Estação Central do Metrô de Belo Horizonte – MG. Foi selecionado para a 11ª Bienal Nacional de Santos, e seu trabalho intitulado “peles grafitadas”, foi premiado pelo Braskem de Cultura e Arte, além de ter sido selecionado em diversos editais, etc. Atualmente foi selecionado com a oficina “salinas compartilhada” para o Programa BNB de Cultura – Edição 2012, como também foi citado na tese de doutorado: Enterros: Momentos Específicos, de Rebeca Stumm. Já foi professor de Pintura  e Teoria e Técnica de Pintura, na EBA – UFBA. Atualmente é professor de Desenho VI (murais) e Processos Artísticos pela mesma Escola.

 

 

De 02 a 31 de agosto.

Na Galeria Marcelo Guarnieri

A artista plástica Mariannita Luzzati  apresenta “Panoramas“, série de pinturas na  Galeria Marcelo Guarnieri, Ribeirão Preto, São Paulo, SP. E sua atual exposição serão exibidos trabalhos recentes em grande escala que evocam a natureza na paisagem brasileira. Nessas obras a artista anula todos os vestígios da civilização restabelecendo as condições primárias da paisagem devolvendo suas fisionomias naturais. Em relação a essa sequência criativa da artista, assim se refere Gabriel Perez Barreiro: “Ao observarmos uma tela de Luzzati, vivenciamos a sensação dupla de familiaridade e surpresa. Se por um lado as pinturas são extremamente convincentes ao evocar lugares, climas e atmosferas, por outro lado também estamos simultaneamente cientes de seus artifícios, cores “não-naturais” e contraste. Essa alternância entre a sedução da imagem e nossa consciência de sua construção gera uma fricção produtiva que depende tanto de nossa vontade de acreditar na imagem, quanto da necessidade de compreendermos de que forma ela foi construída. As imagens de fato se alternam entre os dois hemisférios do cérebro, valendo-se de seus recursos. Embora a obra de Luzzati tenha sido amplamente discutida no que se refere ao tema, eu diria que, ainda mais importante, é sua articulação de três conceitos relacionados mas aparentemente contraditórios: conhecimento, crença e desejo”, Gabriel Perez Barreiro.
 

 

Sobre a artista
 

Mariannita Luzzati tem participado de importantes exposições em instituições brasileiras e estrangeiras, destacando: Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museum of London, Haus Der Kulturen Der Welt, em Berlim, Maison Saint Gilles, em Bruxelas, Museu de Arte Moderna de São Paulo, Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, Museu Nacional de Buenos Aires, Machida City Museum, em Tóquio, entre outros. Nascida em São Paulo, realizou sua primeira exposição individual em 1989, no Centro Cultural São Paulo, quando passou a ser representada pela Galeria Subdistrito. No mesmo ano, recebeu o primeiro prêmio do Salão Nacional de Artes Plásticas. Em 1993, recebeu o premio aquisição em mostra de gravura no Machida City Museum, em Tóquio e foi convidada a integrar o Panorama de Arte Atual Brasileira, no MAM, São Paulo. Um ano depois, foi selecionada para representar o Brasil na 22º Bienal Internacional de São Paulo, sendo posteriormente convidada a participar de exposições na Alemanha, França, Espanha, Estados Unidos e Inglaterra, onde vive desde 1994, representada pela Purdy Hicks Gallery.
 

Em 2010 Mariannita Luzzati idealizou o projeto “Cinemusica” junto ao pianista Marcelo Bratke que tem como foco abrir uma janela imaginária para o mundo sensível e contemplativo dentro de penitenciárias brasileiras por meio das artes visuais e música. O projeto foi apresentado em 10 penitenciarias brasileiras ,em 10 teatros do SESI no estado de São Paulo, no Brotfabrik,  Alemanha e no Queen Elizabeth Hall – Southbank,  Londres. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil e Londres.

 

 
De 02 de agosto a 09 de setembro.

 

Passagens bíblicas de Carlos Araujo

22/jul

 

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta “Genesis“, exposição individual de pinturas de Carlos Araujo, que retrata passagens bíblicas em 15 obras em óleo sobre tela. A mostra celebra a Jornada da Juventude e a vinda do Papa Francisco ao Brasil.  Há 30 anos Carlos Araujo trabalha apenas sobre o tema sacro, retratando citações da Bíblia, e reúne um acervo impressionante: já pintou 2 mil telas sobre 750 citações. Na mostra carioca, através de seu estilo o artista exibe obras relativas ao livro do Antigo Testamento.

 

 

Paralelamente à mostra será lançado o terceiro livro do artista, “Gênesis”, com 300 páginas, capa dura e sobrecapa, em tiragem de 3 mil exemplares. Composto por telas dispostas em ordem cronológica, traz títulos que fazem referência direta às passagens retratadas. Carlos Araujo morava em Paris quando um convite mudou sua carreira – e sua vida pessoal. “Em 1989, lancei um livro de litogravuras editado por Claude Draeger para a Édition Anthèse, que abordava a temática da não-espiritualidade como uma das causas da miséria humana. Pesquisando, vi que isso não tinha fim. Neste momento recebi uma encomenda de uma grande editora francesa para um livro sobre o Apocalipse de São João – um livro enorme, com capa de bronze. Foi a grande virada: digo que entrei na Bíblia quase por imposição. Mas nunca mais saí dela”, conta o artista.

 

 

A partir daí, Carlos Araujo entrou “em uma viagem sem fim”, como ele mesmo define. Não sem sacrifício. “À medida que você penetra neste universo, tudo o que você achava sobre as coisas deixa de ser e o que você não percebia passa a existir. Foram três anos de reviravolta pessoal, mas depois tudo passou a fluir mais facilmente. E tive a consciência do que teria de fazer com minha arte dali para a frente”, conta.  O galerista Sergio Gonçalves conhece o artista há bastante tempo, e queria muito trazê-lo para a galeria. “Araujo é o único artista brasileiro que tem um quadro no Museu do Vaticano, o painel “Anunciação”, de 1979, e também o único a expor no Parlamento Europeu”, atesta Gonçalves. A mostra no Vaticano aconteceu em 2009, na Basilica Papale di San Paolo, em decorrência do lançamento de seu primeiro livro, “Bíblia Citações” – uma edição de 685 páginas com  a reprodução de 900 obras, com 50cm de altura e pesando 10 quilos, cujo primeiro exemplar foi entregue ao Papa Bento XVI. A individual no Parlamento Europeu ocorreu em 2012 e denominava-se “Peintures de la Biblie”.

 

 

Araujo já tem dois livros com esta temática: além de “Bíblia Citações”, de 2007, lançou, em 2010, “Araujo – Pinturas do Antigo e Novo Testamento”. Na mostra atual  também será lançado o aplicativo para iPad Bíblia em 1000 imagens, com obras do Gênesis ao Apocalipse, lançado este mês em versão eletrônica em quatro línguas, e que até o fim do ano que vem será lançada em mais oito. “Até agora foram 2 mil quadros retratando 750 passagens. Como a Bíblia tem 35 mil citações, acho que ainda tenho um longo caminho pela frente”, diz o artista. “Além do mais, à medida que me aprofundo no estudo dos textos bíblicos, os quadros vão fluindo mais facilmente. E ao traduzir este ensinamento em imagens, me aproximo mais da igreja primitiva, em que as mensagens eram passadas pictoricamente, já que poucos sabiam ler. É quase uma missão: não sem sacrifício, mas com muito prazer”, finaliza.

 
Sobre o artista

 

Carlos Araujo nasceu em São Paulo, SP, 1950. Entre as principais exposições coletivas e individuais que realizou destacam-se: 1973 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, São Paulo, SP, – integra a exposição “Imagens do Brasil”; 1974 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, São Paulo, SP, – individual; 1979 – Museu de Arte de São Paulo, MASP, individual, Museu do Vaticano – painel “Anunciação”; 1984 -Museu de Arte Brasileira, MAB, São Paulo, SP, – individual; Fundação Armando Álvares Penteado, São Paulo, SP, lançamento, “Araujo”, Monografia – Éditions Anthèse, Claude Draeger, Paris; 1988 – lançamento, “Araujo – Os Quatro Cavaleiros do Apocalipse”, livro-objeto – litografias originais – French Art Book Editions, Ariane Lancell, Paris; 1993 -Fundação Danielle Miterrand – painel “As crianças do Brasil”, Paris; 2007 – Bienal Internacional de Arte Contemporânea de Florença, Sala Especial, Florença, Itália; lançamento, “Araujo – Bíblia – Citações 1028 pinturas” – livro, cujo primeiro exemplar foi entregue ao Papa Bento XVI pelo Governo do Estado de São Paulo; Fundação Casa França-Brasil – individual – Rio de Janeiro, RJ; 2008 – Carroussel du Musée du Louvre – coletiva, Paris; 2009 – Basílica Papal de São Paulo – individual, Vaticano; 2010 – Museu Brasileiro da Escultura, MuBE, – individual – São Paulo; 2012 – Parlamento Europeu – individual – Bruxelas, Bélgica.

 

 

De 23 de julho a 24 de agosto.

Alexandre Mury, Fricções históricas

19/jul

 

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, exibe em sua Galeria 1, a exposição“Fricções históricas”, mostra individual do artista plástico Alexandre Mury, com curadoria de Vanda Klabin e coordenação geral do marchand Afonso Costa. Nessa que será a primeira mostra institucional individual do artista, o espectador terá a oportunidade de conferir um panorama de imagens que, muito mais que se prestarem ao julgamento estético, instigam e provocam a reflexão sobre temas extremamente presentes. Os trabalhos de Mury evocam questões antropofágicas de autoria, tais como cópia, citação, releitura, recriação, crítica, apropriação, paródia, pastiche, já que ele trabalha a partir de obras consagradas, canônicas, portanto, de rápido reconhecimento. Sua proposta faz, assim, a discussão enveredar pelo questionamento do próprio papel da obra de arte em nossa sociedade.

 

A exposição “Alexandre Mury | Fricções históricas” apresenta um vídeo e 42 fotografias em grandes formatos, metade delas inéditas, todas protagonizadas pelo próprio artista, com provocativas releituras de obras consagradas da história da arte, ícones da cultura e do imaginário coletivo. São releituras do olhar único de Mury, que desenvolve um estudo não linear da história da arte, percorrendo do renascentista ao contemporâneo, passando pela Antiguidade e indo ao moderno. Uma das obras inéditas bastante esperadas para esta exposição é a versão de Mona Lisa, de Leonardo da Vinci. Para aparecer em sua leitura da obra renascentista, Mury raspou o cabelo, a barba e as sobrancelhas.
A alquimia poética que envolve os trabalhos de Alexandre Mury tem a capacidade de nos trazer questionamentos, inquietações, provocações e até um insistente desconforto aliado às ambiguidades de um prazer libidinoso. Desdobrar-se e despersonalizar-se ao estabelecer o seu eu como centro de todas as suas obras, por meio de um procedimento descontínuo e lacunar, gerado ao transformar a própria imagem constantemente e introduzir o seu ser como agente de suas investigações históricas, é exatamente a junção de acontecimentos que o torna portador de uma experiência artística bastante singular, diz a historiadora de arte e curadora da exposição, Vanda Klabin.

 

 

Sobre o artista

 

Alexandre Mury nasceu em São Fidélis, RJ, 1976, onde reside. Artista por vocação, desde criança desenhou e pintou e aos 16 anos começou a fotografar. Em 1997, ingressa na Faculdade de Filosofia de Campos cursando Publicidade e Propaganda, que conclui em 2001. Lecionou em algumas faculdades entre 2003 e 2006, nos cursos de Comunicação Social e Design Gráfico. Atuou profissionalmente como diretor de arte em agências de publicidade de 2001 até 2010. Desde então, dedica-se exclusivamente ao trabalho de fotografia, participando de importantes coleções, como as de Gilberto Chateaubriand e Joaquim Paiva.

 

 

Sobre a curadora

 

Vanda Klabin é historiadora de arte, curadora de diversas exposições de arte e autora de artigos e ensaios sobre arte contemporânea. É formada em Ciências Políticas e Sociais, pela PUC-Rio e em História da Arte e Arquitetura pela Uerj. Fez pós-graduação em Filosofia e História da Arte, PUC-Rio. Nasceu, vive e trabalha no Rio de Janeiro.

 

 

De 20 de julho a 8 de setembro.