Homenagem a Aldemir Martins

19/dez

 

Em cartaz na Choque Cultural, Jardim Paulista, São Paulo, SP, exposição “Aldemir em casa” reúne trabalhos do artista cearense, que completaria 100 anos em 2022.

Através da apresentação de esboços, cadernos de estudo, desenhos sobre papel e uma pintura-desenho em nanquim sobre tela, “Aldemir em casa” traz uma celebração do desenho de Aldemir Martins, que em 1956 recebeu o prêmio máximo da Bienal de Veneza e grande reconhecimento internacional. Em cartaz até 20 de janeiro, a mostra reúne obras que, em sua maioria, datam de 1948 a 1968, entre elas os primeiros esboços de gatos, um caderno da época em que o artista viveu em Roma, retratos de sua esposa, Cora, em casa, e uma parede com sete desenhos que perfazem uma linha cronológica da filha, Mariana Pabst Martins – que assina a curadoria da exposição.

“Através de uma escolha muito pessoal dos desenhos presentes nessa mostra, eu quis iluminar a personalidade  do trabalho do meu pai, expressa na precisão e fluidez do gesto, na intimidade com a pena e o pincel, no rigor do pensamento e no prazer do traço”, explica Mariana. Como o título sugere, “Aldemir em casa” aborda o fazer do artista num contexto de intimidade.

Afirma Mariana Pabst Martins que “…meu pai desenhava todos os dias, o tempo todo, no quarto ou na sala, conversando com amigos ou quieto no seu silêncio pessoal. A imagem dele desenhando vem acompanhada do barulho da pena riscando o papel e do cheiro de nanquim. O gesto elegante e fluido que resultava num traço longo e curvo convivia com a rispidez das hachuras rápidas tracejadas com vigor”.

Marina Pabst Martins procurou colocar lado a lado as nuances gestuais que pode observar cotidianamente com “Aldemir Martins em casa”. Assim, o núcleo principal da mostra traz o exercício do desenho nas mais diversas abordagens, seja em trabalhos de elaboração complexa e densas, seja de mínimos desenhos de pouquíssimos traços. “Não distingui esboços, rabiscos, estudos ou desenhos aparentemente mais bem acabados: para Aldemir não havia nenhuma hierarquia entre os desenhos feitos no papel que forrava a mesa de trabalho daqueles produzidos num papel 100% algodão ou num Schoeller martelado: ambos eram dignos de serem bem emoldurados e expostos”, ela explica.

 

 

Curador da Bienal de Veneza

 

A Bienal de Veneza anunciou que Adriano Pedrosa, diretor artístico do Masp, será o curador da seção de artes visuais da próxima edição da mostra, que acontece na cidade italiana de 20 de abril a 24 de novembro de 2024.

“Sinto-me honrado e grato por esta nominação de prestígio. A Bienal é certamente a plataforma mais importante para a arte contemporânea no mundo, e é um desafio emocionante e uma responsabilidade para mim realizar este projeto”, declarou o curador, que será o primeiro latino-americano a assumir este cargo na antiga e renomada mostra de arte internacional. A indicação veio de Roberto Cicutto, diretor geral da instituição.

 

Sobre o curador

Pedrosa é diretor artístico do Masp desde 2014. Foi curador-adjunto da 24ª Bienal de São Paulo (1998), da Bienal da Antropofagia, que teve como curador-geral Paulo Herkenhoff. Ao lado de Cristina Freire, José Roca, Rosa Martínez, foi cocurador da 27a Bienal de São Paulo, Como viver junto (2006), que teve curadoria geral de Lisette Lagnado. Adriano Pedrosa participou ainda como curador do InSite_05 (San Diego Museum of Art, Centro Cultural Tijuana, 2005), diretor artístico da 2a Trienal de San Juan (2009), curador do 31º Panorama da Arte Brasileira-Mamõyaguara opá mamõ pupé (Museu de Arte Moderna, São Paulo, 2009), co-curador da 12ª Bienal de Istambul, curador do Pavilhão de São Paulo na 9ª Bienal de Xangai (2012), entre outros projetos. Em 2023, foi homenageado com o Prêmio Audrey Irmas de Excelência Curatorial, concedido a ele pela Central de Estudos Curatoriais do Bard College, em Nova York.

 

 

Centelhas em Movimento

16/dez

 

O Instituto Tomie Ohtake, Pinheiros, São Paulo, SP,  visita a Coleção Igor Queiroz Barroso. Em exibição cerca de 190 obras de mais de 55 artistas do acervo cearense.

Esta exposição da Coleção Igor Queiroz Barroso inaugura o programa “Instituto Tomie Ohtake visita”, que busca dar acesso ao grande público a obras de qualidade atestada e pouco exibidas, apresentadas sob diferentes leituras curatoriais. “Ao estar desobrigado de uma coleção permanente, por não ser um museu, o Instituto Tomie Ohtake tem flexibilidade para visitar múltiplos agentes do meio artístico, imergindo em seus repertórios, ações e acervos, e oferecendo aos públicos uma montagem articulada que atravessa a história da arte de modo único e temporário”, afirma Paulo Miyada, que assina a curadoria de “Centelhas em Movimento”, ao lado de Tiago Gualberto, artista e curador convidado para desenvolver a abordagem curatorial da coleção.

Baseada em Fortaleza, CE, a Coleção Igor Queiroz Barroso tem sido formada nos últimos 15 anos, ainda que suas raízes sejam mais antigas. Colecionar arte (em especial, colecionar arte moderna brasileira) é uma dedicação antiga na família de Igor Queiroz Barroso, remontando às iniciativas de seus avós paternos, Parsifal e Olga Barroso, e maternos, Edson e Yolanda Vidal Queiroz, e carregada até ele por seu tio Airton, e sua mãe, Myra Eliane. Essa herança implicou o convívio com a arte, a percepção do sentido do colecionismo e até mesmo a guarda de obras que até hoje estão entre os pilares de sustentação do conjunto que Igor tem reunido. A Coleção Igor Queiroz Barroso conta com cerca de 400 obras e destaca-se por selecionar não apenas artistas de grande relevância histórica, mas por buscar obras de especial significância na trajetória desses artistas.

No recorte realizado para a exposição – de uma coleção que abriga obras produzidas entre os séculos XVIII a XXI de nomes nacionais e estrangeiros – destaca-se a produção de artistas atuantes no Brasil ao longo do século XX, sob a ambivalência do modernismo, movimento tão discutido neste ano em que se comemora os 100 anos da Semana de Arte Moderna paulista.

As esculturas, pinturas e desenhos reunidos indicam a diversidade abarcada pela mostra.  Gualberto destaca obras conhecidas como Ídolo (1919) e Cabeça de Mulato (1934) de Victor Brecheret (1894-1955), Índia e Mulata (1934) de Cândido Portinari (1903-1962), além de trabalhos de Alfredo Volpi (1896-1988), Willys de Castro (1926-1988), Lygia Pape (1927-2004), Mary Vieira (1927-2001), Djanira da Motta e Silva (1914-1979), Chico da Silva (1910-1975) e Rubem Valentim (1922-1991). O curador acrescenta ainda nomes célebres da arte brasileira como Tarsila do Amaral (1886-1973), Anita Malfatti (1889-1964), Maria Martins (1894-1973) e um grande número de obras produzidas entre as décadas de 1950 e 1970. “Esse adensamento de produções também reflete um contingente bastante diverso de artistas, além de nos oferecer privilegiados pontos de observação das maneiras com que os valores modernos foram transformados e multiplicados na metade do século”.

Segundo a dupla de curadores, desde seu primeiro ambiente, a mostra compartilha enigmas sobre a formação da arte brasileira e seus profundos vínculos com o território e a nação. “São convites para que cada visitante encontre seus caminhos e hipóteses por essas montagens, encontrando o modernismo, suas consequências e desvios em estado de ebulição, com sua cronologia embaralhada, suas hierarquias em suspensão e com a constante possibilidade de encontrar retrocessos nos avanços e saltos adiante nos retornos. Uma forma de reacender o calor impregnado na fatura de cada uma das obras”, completam Tiago Gualberto e Paulo Miyada.

Foi neste contexto pensada a expografia de “Centelhas em Movimento”, construída com  painéis flutuantes e autoportantes, que colocam em relações de eco e contraste obras de artistas distintos, de momentos e contextos diferentes: retratos e fisionomias, com Ismael Nery, Di Cavalcanti, Brecheret, Da Costa, Segall; evocações cosmogônicas, com Antonio Bandeira e Antonio Dias, em contato com a Piedade barroca de Aleijadinho; paisagens, com Chico da Silva, Beatriz Milhazes, Manabu Mabe, Danilo Di Prete, Teruz; rupturas concretas ao lado de obras figurativas, com Volpi, Da Costa, Lygia Clark, Maria Leontina; parábolas conceituais que tangenciam sintaxes formais, com Sérvulo Esmeraldo, Mira Schendel, Sergio Camargo, Ivan Serpa; e cheios e vazios com Antonio Maluf, Luis Sacilotto, Ligia Pape, Lygia Clark, Hélio Oiticica, Rubem Valentim. Como explica Tiago Gualberto: “Evitou-se a aplicação uniforme de organizações cronológicas dos trabalhos ou sua segmentação por autoria. O que certamente tornará a visita à exposição uma oportunidade de deflagrar nuances ou agitadas centelhas resultantes desses encontros”.

 

Sobre Igor Queiroz Barroso

O empresário Igor Queiroz Barroso é, atualmente, presidente do Conselho de Administração do Grupo Edson Queiroz, do Instituto Myra Eliane e da Junior Achievement do Ceará. Também coordena o Conselho do Lar Torres de Melo. Atuou, ainda, na criação do Memorial Edson Queiroz, em Cascavel, no Ceará.

Até 19 de abril de 2023.

 

 

Mul.ti.plo exibe José Resende

 

“Rotação e Translação” traz esculturas inéditas de um dos nomes de maior destaque da arte contemporânea brasileira. É a primeira mostra do artista paulista no Rio de Janeiro após mais de uma década, quando expôs no MAM, em 2011. Com texto crítico de Ronaldo Brito, exposição vai até 24 de fevereiro de 2023, com obras que conversam com o espaço da galeria.

Aos 77 anos e com mais de 50 anos de uma sólida e exitosa carreira, o artista paulista volta a expor na capital carioca depois de uma década. Em sua última exposição na cidade, em 2011, ele ocupou o saguão monumental do MAM. Dessa vez, o desafio foi criar obras que conversassem com o espaço da galeria no Leblon. Assinando o texto da mostra está um dos mais relevantes pensadores do país, o crítico de arte e professor Ronaldo Brito, que também participou do projeto no MAM. Na Mul.ti.plo, José Resende apresenta 14 obras inéditas em materiais como latão, mola latonada, cobre e cabo de aço. A exposição de José Resende na Mul.ti.plo abre-se em dois tempos. No primeiro, estão obras maiores, que se desdobram delas mesmas, como numa experiência de multiplicação. São cinco esculturas de parede (de cerca de 260 x 80 x 40 cm) e duas de chão (de aproximadamente 45 x 42 x 115 cm), elaboradas a partir de tubos de latão articulados com cabo de aço. “Uma peça sai da outra, mas cada uma tem uma unidade diferente e uma relação de mobilidade com o espaço da galeria”, explica o artista. Em contraponto, estão seis esculturas menores, de cerca de 45 x 42 x 115 cm, que trabalham a questão da tensão e também do movimento a partir de hastes e molas.

O nome da exposição, “Rotação e translação”, partiu do texto crítico de Ronaldo Brito e se refere a uma frase do artista norte-americano Carl Andre. “Em resposta à perplexidade diante de suas peças literais, o escultor minimalista insistia que elas tinham, sim, base: a terra. José Resende pontuaria – a terra, em movimento de rotação e translação”, escreve Ronaldo, que também assinou o texto da exposição no MAM-RJ em 2011. Os dois têm uma parceria profissional de longa data.

Conhecido por suas obras em grande escala, como a monumental instalação com vagões pendurados com cabo de aço, em São Paulo, em 2011, José Resende tem várias obras em locais públicos do Rio. Uma delas é a escultura apelidada de “O passante”, no Largo da Carioca, e “A negona”, no corredor cultural do Centro. “O convite da Mul.ti.plo para expor novamente no Rio me deu muito prazer. Essa ausência de 11 anos estava para ser cortada. Eu estava me cobrando isso e achando que não cabia ficar tão ausente numa cidade onde fui sempre tão bem recebido e também tenho essa presença em espaços públicos que me envaidece muito”, diz o artista, que expõe pela primeira vez na galeria. “José Resende é um criador de exceções. Sua poética, sempre renovada, traz uma potência que se revela a cada novo trabalho”, diz Maneco Müller, que comanda a Mul.ti.plo em parceria com Stella Ramos.

 

Sobre o artista

José Resende nasce em São Paulo, 1945. Vive e trabalha em São Paulo, SP. Formado em arquitetura pela Universidade Mackenzie, São Paulo, cursa gravura na FAAP. Em 1963 estuda com Wesley Duke Lee e, entre 1964 e 1967, é estagiário no escritório do arquiteto Paulo Mendes da Rocha. Em 1966, funda com Nelson Leirner, Wesley Duke Lee, Geraldo de Barros, Carlos Fajardo e Frederico Nasser a Rex Gallery and Sons. Em 1967, ganha o Prêmio de Aquisição da 9ª Bienal de São Paulo. Em 1970, realiza uma individual no MAM-RJ e no MAC-USP. No mesmo ano, funda com Carlos Fajardo, Frederico Nasser e Luís Baravelli o centro de experimentação artística Escola Brasil, onde leciona por quatro anos. Em 1974, realiza exposição individual no MASP, São Paulo. Em 1980, recebe menção honrosa na representação do Brasil na 11ª Biennale de Paris. No mesmo ano, edita a publicação sobre arte “A Parte do Fogo” junto com um grupo de críticos e artistas. Em 1984, recebe bolsa da John Simon Guggenheim Memorial Foundation, residindo em NY até 1985. Em 1988, participa da 43° Bienal de Veneza. Em 1992, Participa da Documenta 9, Kassel, Alemanha. José Resende desenvolveu ao longo de sua carreira uma atuação pungente dentro do debate da arte e da cultura no Brasil, sobretudo entre 1960 e 1980, época da ditadura militar. A partir da década de 1990, desenvolve inúmeros projetos, permanentes e temporários, especialmente para espaços urbanos. Além de expor diversas vezes na Bienal Internacional de São Paulo (9°, 17°, 20ª e 24ª) e em importantes instituições nacionais e internacionais ao longo dos seus mais de 50 anos de carreira. Seus trabalhos figuram em importantes coleções públicas como MoMA (Museum of Modern Art), Museu de Arte Moderna de São Paulo e Pinacoteca do Estado de São Paulo. Sua última exposição foi na Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre, RS.

 

Exposição na Casa Roberto Marinho

15/dez

 

A mostra “Alegria aqui é mato – 10 olhares sobre a Coleção Roberto Marinho” conta com dez salas e ficará aberta até março de 2023. Fernanda Montenegro, Adriana Calcanhotto e Glauco Campello estão entre os nomes convidados a organizarem as salas com peças selecionadas.

Ao longo de seis décadas, a Casa Roberto Marinho, como residência do jornalista carioca, foi palco de manifestações de diversos setores da criação: peças de teatro, apresentações musicais, saraus literários e projeções de filmes. Ao seguir esta tradição festiva, o instituto cultural localizado no Cosme Velho, Zona Sul do Rio de Janeiro, apresenta a exposição “Alegria aqui é mato – 10 olhares sobre a Coleção Roberto Marinho”, com curadoria geral de Lauro Cavalcanti.

Reunindo cerca de 200 obras, a mostra é composta pelo olhar atento de dez personalidades de vertentes variadas, que se dedicaram por meses ao estudo da Coleção Roberto Marinho. A atriz Fernanda Montenegro, os músicos Adriana Calcanhotto e Paulinho da Viola, o cineasta Antonio Carlos da Fontoura, o fotógrafo Walter Carvalho, o arquiteto Glauco Campello, o designer Victor Burton e os artistas plásticos Gabriela Machado, José Damasceno e Marcos Chaves foram convidados a organizar suas salas com peças selecionadas a partir do acervo – que reúne cerca de 1.400 itens – dialogando, por vezes, com trabalhos de sua autoria e/ou de outras coleções particulares.

Lauro Cavalcanti, diretor da Casa, explicou que o título da mostra surgiu no processo de sua feitura. “Na seleção inicial da sala a cargo de Victor Burton, constava uma fotografia do norte-americano Hart Preston: um flagrante do carnaval carioca de 1942 em que um folião exibe um cartaz com a frase “Tristeza aqui é mato”. Ambíguo, ainda que festivo, sobressaía-se nele a palavra “tristeza'”, disse o diretor. “No lugar de “tristeza”, escrevemos “alegria”. Alegria de viver e de criar. “Mato”, na gíria antiga, significava abundância. Pois nesta exposição, pautada pela pluralidade e fortaleza da cultura brasileira, arte é mato”, ele afirma.

A mostra ficará aberta para visitação até o dia 19 de março de 2023.

 

Poteiro em exposição panorâmica

 

Exposição sobre Antonio Poteiro reúne trabalhos que contam a trajetória do pintor. O português filho e neto de ceramistas, nascido e criado em olarias, construiu um mundo de mitos e fantasias inspirados em questões sérias e reais, uma mistura cuja dimensão pode ser acompanhada com detalhes em “As matérias vivas de Antonio Poteiro: Barro, cor e poesia”. Em cartaz no Museu Nacional da República, Brasília, DF, a partir de 15 de dezembro, a exposição tem curadoria do também artista Divino Sobral e traz um percurso bastante completo sobre a trajetória do português que era também goiano e ganhou o Brasil com pinturas e esculturas naifs.

Antonio Poteiro morreu há 10 anos. Se estivesse vivo, estaria prestes a completar 97 anos. Pensando nessa trajetória que se estende por praticamente todo o século 20, Divino Sobral foi atrás de obras capazes de sintetizar os percursos do artista e contextualizá-lo em um tempo, em uma região e na própria família. “O grande volume de obras são do Poteiro, mas tem três gerações da família, que são três peças do pai, que era português e chegou ao Brasil um ano depois do nascimento de Poteiro. Ele era de uma família de ceramistas da região de Braga. Para mim, Poteiro carrega no sangue essa herança de arte, embora ele, durante grande parte da vida, não quisesse ser poteiro”, diz o curador.

Fonte: Correio Braziliense

 

Daniel Lannes – novo artista representado

13/dez

 

A Galatea, Jardins, São Paulo, SP, tem o prazer de anunciar a representação do artista Daniel Lannes.

 

Sobre o artista

Daniel Lannes (Niterói, RJ, 1981) vive e trabalha em São Paulo. O artista se formou em Comunicação Social pela PUC-Rio (2006), tendo mestrado em Linguagens Visuais pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2012). Pintando desde a sua infância, Lannes passou a se dedicar profissionalmente à produção artística em 2003, ano em que começou a cursar pintura com Chico Cunha e João Magalhães na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro. Na mesma instituição também foi aluno de Fernando Cocchiarale, Anna Bella Geiger, José Maria Dias da Cruz, Reynaldo Roels e Viviane Matesco.

A pintura de Daniel Lannes se debruça sobre o corpo físico, cultural e histórico, sendo a tríade sexo, poder e violência assunto fundamental para a sua poética. Transitando na fronteira entre o figurativo e o abstrato, suas composições podem trazer ora um nítido retrato de uma figura histórica, ora manchas difusas que sugerem um evento a ser completado pela nossa imaginação. Seu colorismo, fatura e composição, construídos através de pinceladas largas, constituem uma produção que demonstra apuro técnico e vigor experimental na mesma medida. Segundo Daniel Lannes, “…uma pintura bem sucedida é aquela na qual o acidente processual e a intenção narrativa intercalam-se na construção da imagem”. Revela-se, então, o leitmotiv de sua obra: narrar, não explicar.

Daniel Lannes foi ganhador do Prêmio Marcantonio Vilaça 2017/18, selecionado para a residência artística do programa LIA – Leipzig International Art Programme 2016/17, em Leipzig, na Alemanha; e para a residência Sommer Frische Kunst 2015, em Bad Gastein, na Áustria. Em 2013, foi indicado à 10ª edição do Programa de prêmios e Comissões da Cisneros-Fontanals Art Foundation (CIFO). Por duas vezes foi indicado ao Prêmio PIPA, em 2011 e 2013. Entre as suas principais exposições estão as individuais Jaula, Paço Imperial, Rio de Janeiro (2022); A Luz do Fogo, Magic Beans Gallery, Berlim (2017); República, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio (2011); e as coletivas Contramemória, Theatro Municipal de São Paulo (2022); Male Nudes: a salon from 1800 to 2021, Mendes Wood DM, São Paulo (2021); Perspectives on contemporary Brazilian Art (2018); Art Berlin, Berlim; e Höhenrausch (2016), Eigen + Art Gallery, Berlim (2016). Suas obras fazem parte de diversas coleções privadas e públicas, entre elas: Instituto Inhotim, Brumadinho, Minas Gerais; Museu de Arte do Rio – MAR, Rio de Janeiro; Coleção Gilberto Chateaubriand, Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM Rio; e Pinacoteca do Estado de São Paulo.

Em maio de 2023, o artista abrirá a sua exposição individual na Galatea. Em breve, mais detalhes serão compartilhados. É, portanto, com muito entusiasmo que anunciamos Daniel Lannes entre os nossos artistas representados.

 

 

Mostra panorâmica

O Instituto Ling, Porto Alegre, RS, inaugura a exposição “Tomie Ohtake: seis décadas de pintura”. A mostra é uma parceria entre o Instituto Ling, Almeida & Dale Galeria de Arte e Studio Prestes. Até o dia 25 de fevereiro de 2023 – com curadoria de Cézar Prestes – , o público poderá conferir na mostra da galeria do centro cultural 12 obras a óleo e tinta acrílica sobre tela.

 

Sobre a artista

Japonesa naturalizada brasileira Tomie Ohtake (1913-2015), é reconhecida como um dos principais expoentes do abstracionismo no Brasil. Nascida em Kyoto, Japão, Tomie Ohtake chegou ao Brasil em 1936 e, impedida de voltar devido ao início da Guerra do Pacífico, acabou permanecendo no país. Começou a pintar com quase 40 anos, incentivada pelo artista japonês Keiya Sugano. Participou de 20 Bienais Internacionais, 120 exposições individuais e quase 40 mostras coletivas, entre o Brasil e o exterior, além de receber 28 prêmios. A abertura será nesta quarta-feira, 14 de dezembro, com um encontro com o curador para uma visita mediada, às 19h30min.

 

 

Inserções na Galeria Patrícia Costa

08/dez

 

Adriano Mangiavacchi completa mais de 40 anos de trajetória e exibe novas obras. Em 1982, o artista italiano Adriano Mangiavacchi fazia sua primeira individual no Parque Lage. Quatro décadas depois, ele apresenta obras recentes e inéditas na mostra “Inserções”, na Galeria Patrícia Costa, Copacabana, Av. Atlântica, 4.240/lojas 224 e 225 e no dia 17, na Casa de Petrópolis, na Serra Fluminense. Sob a curadoria de Claudia Saldanha, a exposição reúne mais de 18 trabalhos produzidos entre 2018 e 2022. Utilizando o processo de “seripintura” – termo concebido pelo artista que reúne as qualidades da pintura e da serigrafia -, ele produz telas de formatos diversos aglutinadas, como se fossem peças de outdoors, compondo uma única obra.

“Porque ‘Inserções’? Inserir é incluir! Inclusão de várias partes diferentes para criar uma união harmoniosa. Inserir é entrar, é pertencer, é entregar-se, é mergulhar, é aprofundar. Enfim, In-ser-ção é o ato de “ser” in!”, define o artista.

São inserções casuais, que resgatam paisagens com o colorido de amarelos, laranjas e verdes, presentes na natureza brasileira que Mangiavacchi tanto admira. As cores resultam da mistura de tintas acrílicas, depois numeradas, meticulosamente, para dar origem à sua própria paleta. Em alguns quadros, usa tintas iridescentes, resultando em reflexos metalizados.

“Adriano apropria-se da paisagem do Rio como alguém que conhece profundamente a cidade. Um observador assíduo, que de tanto testemunhar a vida de seus habitantes e a própria paisagem, acaba por apaixonar-se por seu objeto de desejo”, diz a curadora, Claudia Saldanha.

 

O fascínio que a arte urbana exerceu sobre Mangiavacchi

Aos sete anos de idade, Adriano Mangiavacchi já reproduzia a textura aveludada das flores com seus lápis de cor. Na década de 1970, vem para o Brasil e conhece Luiz Aquila, quando passa a frequentar o seu curso de pintura, em Petrópolis. Em 1980, Adriano assume de fato a vocação pela arte, ingressando no grupo de Paulo Garcez, com quem aprende a disciplina de trabalho, a procura da linguagem, a postura crítica. Retoma seu fascínio pela poesia urbana. Em 1986, véspera de eleições, documentou os restos de propagandas que cobriam os muros da cidade. A dramaticidade e espontaneidade dessas intervenções acabaram por influenciar uma fase marcante de sua carreira, em um momento de grande potencial pictórico. “A cidade é uma fonte de inspiração extraordinária”, afirma.

 

Até 14 de janeiro de 2023.