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AGENDA CULTURAL

Di Cavalcanti no Farol Santander

O Farol Santander São Paulo, centro de cultura, lazer, turismo e gastronomia, inaugurou a exposição inédita “Di Cavalcanti – 125 anos”. A mostra apresenta um conjunto de obras raras e extraordinárias pertencentes a coleções particulares de São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Fortaleza. Com curadoria de Denise Mattar, a exposição “Di Cavalcanti – 125 anos” permanecerá em exibição até 07 de janeiro de 2024.

O grande destaque fica por conta da excepcional obra Carnaval (1929/30), que foi adquirida na década de 1930 por um colecionador em Paris, lá permanecendo até o ano passado, quando retornou ao Brasil. Trata-se de um trabalho impactante, relativamente desconhecido pelo público e que será exibido pela primeira vez em uma grande exposição.

A criação de Carnaval (1929/30) tem características que o situam na produção realizada entre os anos 1929 e 1931, quando a influência muralista toma corpo na obra de Di Cavalcanti. O artista tinha como proposta criar um muralismo diverso do mexicano, que é marcadamente político, preferindo se debruçar sobre o aspecto humanista. Os sambas, morros, favelas e danças que ele pintou são verdadeiros, quentes, amorosos e carnais – feitos de dentro.

“Partindo de um olhar marcante e afetivo, Emiliano Di Cavalcanti retratou o Brasil utilizando cores vibrantes e formas sinuosas. Sua obra é um registro do cotidiano do povo brasileiro em seus momentos de alegria e tristeza, lazer e trabalho, amores e dores”, comenta Maitê Leite, vice-presidente institucional do Santander Brasil.

A mostra ocupa toda a galeria do 22º andar do Farol Santander São Paulo. São ao todo quarenta e cinco trabalhos, incluindo um álbum com dezesseis gravuras, que traçam um percurso do artista de 1920 a 1970 por meio de seu tema favorito: o povo brasileiro, com suas festas, sambas e carnavais. O conjunto proporciona uma oportunidade única de ver algumas de suas obras-primas e de acompanhar sua trajetória pictórica, pesquisas estéticas, opções construtivas e afinidades eletivas.

Terminando pelo início, a exposição apresenta Fantoches da meia-noite, álbum realizado por Di Cavalcanti em 1921. O conjunto de 16 gravuras, acompanhado de texto do poeta Ribeiro Couto, foi editado por Monteiro Lobato num álbum extremamente moderno para a época e de grande impacto até hoje. Seu lançamento foi um dos pontos de partida da Semana de Arte Moderna de 22, na qual Di Cavalcanti teve um protagonismo às vezes subavaliado pelos estudiosos.

“Di Cavalcanti – 125 anos” vem assim apresentar o artista na sua integridade, um intelectual apaixonado, boêmio, sensual e romântico – autor de algumas das mais belas obras da nossa arte. Obras que têm o cheiro, o sabor e a cor do Brasil”, relata Denise Mattar, curadora da mostra.

Di Cavalcanti – 125 anos no Metrô SP

O Farol Santander São Paulo, em parceria com o Metrô SP, apresenta nas vitrines da estação Trianon-Masp (linha 2 – verde) reproduções das obras Seresta (1925) e Carnaval (1929/30). Assim, os paulistanos e turistas que circulam diariamente por um dos pontos mais tradicionais da cidade, na Avenida Paulista, poderão conferir durante o mesmo período expositivo réplicas de dois dos principais trabalhos exibidos na mostra do Farol Santander São Paulo.

A exposição “Di Cavalcanti – 125 anos” conta com o patrocínio do Santander Brasil, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura.

Destaques das obras

“Seresta”, de 1925 foi criada logo após seu retorno ao Brasil, já exibia elementos característicos da vida carioca que dominariam sua obra posterior. Este trabalho antecipou as escolhas estéticas que ele aplicaria nos painéis decorativos do Teatro João Caetano (SP) em 1929.

A obra “Devaneio”, de 1927, busca pela expressão autêntica da cultura brasileira, Di Cavalcanti escolheu como seu tema as bordas da cidade, as pessoas comuns, os “suburbanos” retratados nas favelas, nos botecos, nas docas e nos bordéis. O título “Devaneio” ganha reforço na postura pensativa e um tanto melancólica da figura principal, uma mulher negra, perdida em sonhos, retratada ao lado de um barraco – um cenário que remete à época em que os morros se tornaram o “berço do samba”.

Seguindo para a obra “Nascimento de Vênus”, de 1940, Di Cavalcanti continuou a produzir no Brasil, mulheres olímpicas, quase clássicas, com toques picassianos, às quais adicionaram uma sensualidade tropical, mestiça e calor. Nessa obra, o artista compõe três mulheres com diversos tipos físicos que unem um olhar cúmplice diante da nudez e da beleza pura da protagonista.

Na criação, “Abigail”, de 1940, o lirismo e uma sensualidade vigorosa tomam conta das telas de Di Cavalcanti. É um período romântico, de retratos imaginados, no qual as mulheres têm olhos doces e os ambientes são cuidadosamente ornamentados. “Abigail” é um registro excepcional dessa fase.

“A espera”, de 1960, o artista é convidado a criar painéis e murais para a nova arquitetura de linhas simples e arrojadas que começava a se implantar no Brasil, encarnando o sonho da modernidade. A obra ilustra bem essa fase na qual os espaços vazios vão desaparecendo até que toda a tela é ocupada por elementos ornamentais, balcões, portas, janelas e vestidos que se mesclam a elementos florais e até animais.

A obra “Colombina, pierrô e arlequim”, de 1960, traz o universo carnavalesco que esteve presente ao longo da produção de Di Cavalcanti, tanto em seu aspecto sensual e debochado, quanto na lembrança das comemorações mais ingênuas dos carnavais antigos. Na obra, o artista empodera “Colombina”, retratada como uma bela mulher, coroada e presenteada com flores.

“Mulata na cadeira”, de 1970 (Coleção Santander Brasil), destaca o reconhecimento do artista. Na década de 1950, ele foi rotulado como o “pintor das mulatas”, o que, na verdade, simplifica muito seu talento. Di Cavalcanti retratou uma variedade de mulheres, independentemente de sua origem étnica, status social ou características físicas, em um contexto lírico e sensual. No entanto, suas obras sempre exalavam um toque de melancolia no ar. A representação das figuras femininas ao longo de sua vida artística acompanha sua evolução como pintor, suas explorações estéticas e suas decisões construtivas. Mesmo enfrentando problemas de saúde nos últimos anos de sua vida, Di Cavalcanti perseverou na criação de obras notáveis, como “Mulata na cadeira”. Esta pintura é um exemplo vívido de sua estética vibrante e colorida, permeada por elementos surrealistas.

Por fim, a obra “Fantoches da meia-noite”, de 1921. Di Cavalcanti era muito amigo de Paulo Barreto, o João do Rio, cronista famoso, tradutor de Oscar Wilde e autor de “A alma encantadora das ruas”. O escritor apresentou o submundo carioca ao artista, o que o levou a produzir a série “Fantoches da meia-noite”. O conjunto de 16 gravuras, acompanhado de um texto do poeta Ribeiro Couto, foi editado por Monteiro Lobato num álbum extremamente moderno para a época e de grande impacto até hoje.

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