Um modo de fazer e pensar.

13/mai

O Centro Cultural Correios Rio de Janeiro exibe até 28 de junho, na Galeria C, a exposição individual Denso e Sutil, da artista visual Stella Mariz.

Dois adjetivos à primeira vista contraditórios dão nome à mostra com curadoria de Shannon Botelho. Denso e Sutil aponta para a tensão entre extremos justamente onde reside a essência do trabalho de Stella Mariz. A exposição reúne cerca de 30 obras que exploram os limites entre bidimensionalidade e tridimensionalidade em três séries de trabalhos que atravessam a escultura, a pintura, a fotografia, a costura e o bordado, propondo uma reflexão sobre o desenho e a paisagem na contemporaneidade.

“O escultórico é o eixo em torno do qual orbitam as demais linguagens da artista”, aponta o curador. A tridimensionalidade é um traço que acompanha toda a trajetória de Stella Mariz.

A paisagem como tensão entre plano e espaço.

Na exposição, o público se depara com a série de foto-pinturas em alto-relevo. Iniciada a partir de registros fotográficos de ruínas feitos durante uma viagem a Portugal. “Ao espessar as camadas, ao sobrepor superfícies, Stella rompe a bidimensionalidade da fotografia, criando uma zona ambígua, quase tátil, onde a imagem se desestabiliza e nos convoca ao estranhamento”, escreve Shannon Botelho no texto de apresentação da mostra. “Denso e Sutil é, afinal, um modo de fazer e de pensar”, diz o curador. Na tensão entre opostos – peso e leveza, presença e apagamento – a artista constrói um espaço ambíguo de contemplação e sentido. Um campo em que olhar e pensamento são continuamente convocados a permanecer.

Sobre a artista.

Stella Mariz nasceu no Porto, Portugal. Vive e trabalha no Rio de Janeiro onde desenvolve trabalhos tridimensionais transitando pela escultura figurativa, desenho, foto-pinturas em alto relevo, fotografia, videoinstalações e é cirurgiã plástica. Possui pós-graduação em História da Arte, PUC/Rio, e pós-graduação em Arte e Filosofia, PUC/Rio. Fez residência artística no Art Students Leage, em Nova Iorque e no Atelier Charles Watson, RJ, cursos na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, RJ, recebeu prêmio no Salão Nacional de Arte em Cuba e fez inúmeras exposições coletivas e individuais. Em sua trajetória, criou várias séries com técnicas elaboradas especialmente para diversos resultados formais.

A luta ambiental de Frans Krajcberg.

12/mai

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, Avenida Paulista, Bela Vista, apresenta até 19 de outubro, a exposição “Frans Krajcberg: reencontrar a árvore”. A mostra reúne mais de 50 obras – entre esculturas, relevos, gravuras e pinturas – de grandes dimensões e formatos que desafiam o convencional, refletindo tanto o apreço do artista pela natureza brasileira quanto seu engajamento crescente com a denúncia das agressões ao meio ambiente.

Com curadoria de Adriano Pedrosa, diretor artístico, MASP, e Laura Cosendey, curadora assistente, MASP, a mostra apresenta um panorama abrangente da produção de Frans Krajcberg (Kozienice, Polônia, 1921-2017, Rio de Janeiro, Brasil). Pioneiro na integração entre arte e ecologia, o artista se destacou por evidenciar questões ambientais no Brasil. Ao longo de sua trajetória, desenvolveu pesquisas artísticas ramificadas em eixos temáticos, como samambaias, florações, relevos e sombras. Essas investigações culminaram em obras criadas a partir de cipós, raízes, resquícios de troncos e madeiras calcinadas, além de pigmentos naturais, com os quais ele compõe o corpo de sua obra.

Frans Krajcberg rompeu com a tradição escultórica ao empregar elementos orgânicos e estruturas naturais como matéria-prima e suporte, desafiando os limites entre representação e figuração, além de fundir os campos da pintura, escultura e gravura. A flor do mangue, circa 1970, composta por madeira residual de árvores de manguezal e pigmentada com piche, reflete essa abordagem. Com sua grande escala e forma retorcida, a obra sensibiliza o observador para a vulnerabilidade e a resistência do ecossistema dos manguezais.

“De certa forma, a escultura é a própria árvore, ainda que resultante da justaposição de diferentes elementos naturais. A arte, para Krajcberg, precisa sair dos limites da moldura e reencontrar a natureza. Ele se afasta progressivamente da ideia de representar o mundo natural para incorporá-lo como corpo da obra. O caráter de denúncia emerge como um desdobramento natural desse processo, conforme Krajcberg percebia o potencial da arte de sensibilizar e comunicar sua luta ambiental”, comenta Laura Cosendey.

Em 1978, durante uma expedição pela Amazônia, Frans Krajcberg experiencia o que chamou de “choque amazônico” diante da exuberância da floresta equatorial. Anos depois, uma nova viagem – desta vez ao Mato Grosso – expõe o artista à devastação provocada pelas queimadas, marcando uma virada em sua trajetória, em que a natureza, além de ser inspiração, se torna causa a ser defendida. A expressão “reencontrar a árvore”, presente em suas reflexões, resume esse retorno da arte à natureza como fonte de criação e consciência ecológica.

“Frans Krajcberg: reencontrar a árvore” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da ecologia. A programação do ano também inclui mostras de Abel Rodríguez, Claude Monet, Clarissa Tossin, Hulda Guzmán, Minerva Cuevas, Mulheres Atingidas por Barragens e a grande coletiva Histórias da Ecologia.

Sobre o artista.

Naturalizado brasileiro, Frans Krajcberg (1921–2017) nasceu na Polônia e, por ser de origem judaica, perdeu toda a sua família durante o Holocausto. Nos anos 1950, estabeleceu-se no Brasil, onde desenvolveu seu trabalho como artista. A partir da década de 1960, passou a viajar à Amazônia e ao Pantanal, coletando resquícios de troncos em áreas devastadas por queimadas. Em uma dessas expedições, redigiu, com Pierre Restany e Sepp Baendereck, o Manifesto do Naturalismo Integral (1978), que consolida seu pensamento socioambiental. Sua experiência ecológica também influenciou suas escolhas de vida, passando a residir em seu sítio em Nova Viçosa, cercado pela Mata Atlântica.

Catálogo.

Por ocasião da mostra, um catálogo amplamente ilustrado será publicado em edição bilíngue, em português e inglês, e em capa dura, reunindo imagens e ensaios comissionados que abordam a trajetória de Frans Krajcberg. O livro tem organização editorial de Adriano Pedrosa e Laura Cosendey, e textos de Cosendey, Felipe Scovino, Malcolm McNee, Paulo Herkenhoff e Patricia Vieira. Frans Krajcberg: reencontrar a árvore é realizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Vivo, apoio de Mattos Filho e apoio cultural da Henry Moore Foundation e do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC).

Exposição do rei da Pop Art.

06/mai

Uma retrospectiva inédita no Museu de Arte Brasileira – MAB FAAP –  com trabalhos de todas as fases da carreira de Andy Warhol, o rei da Pop Art, uma exposição que acontece – simultaneamente – nas salas expositivas da FAAP, Higienópolis, São Paulo, SP, no Salão Cultural e a Sala Annie Alvares Penteado, exibindo mais de 600 trabalhos trazidos diretamente do The Andy Warhol Museum, em Pittsburgh (o maior museu dedicado a um único artista nos EUA).

Obras que influenciaram não apenas a História da Arte, mas seguem influenciando o mundo da moda, a publicidade, o design e a indústria audiovisual em todo o planeta.

A exposição inédita, organizada pelo Instituto Totex e com curadoria de Priscyla Gomes, reúne obras emblemáticas como Campbell’s Soup, Elvis, Marilyn, Michael Jackson e Pelé, além de esculturas, fotografias, instalações e filmes experimentais.

Até 30 de junho.

A situação dos povos indígenas.

O documentário de Zelito Viana sobre Darcy Ribeiro será exibido durante a 16ª edição do Dia dos Povos Indígenas no Museu da República, Palácio do Catete, Rio de Janeiro, RJ.

“Da Terra dos Índios aos Índios sem Terra”, documentário sobre a histórica entrevista realizada em 1977 pelo cineasta Zelito Viana com o indigenista brasileiro Darcy Ribeiro, será exibido, gratuitamente, nos dias, 03 e 04 de maio. Após a sessão, a educadora Vera de Paula, participará de um debate sobre o filme.

O documentário é uma obra que resgata e atualiza uma entrevista realizada com Darcy Ribeiro sobre a situação dos povos indígenas no Brasil. A gravação havia sido considerada perdida, até que, durante a pandemia, Zelito Viana encontrou a transcrição e decidiu transformá-la em um novo projeto cinematográfico.

O filme é estruturado em torno dessa entrevista, na qual Darcy Ribeiro responde a uma única pergunta com uma longa e profunda reflexão sobre a cultura indígena e os desafios enfrentados pelos povos originários. Para dar vida às palavras de Darcy Ribeiro, o ator Marcos Palmeira interpreta suas falas, enquanto o antropólogo indígena Gersem Baniwa contribui com reflexões contemporâneas sobre a cultura e a participação dos povos indígenas na sociedade atual.

A produção é enriquecida com fotografias da coleção Amazônia de Sebastião Salgado e trilha sonora composta por Egberto Gismonti, proporcionando uma experiência visual e auditiva que complementa o conteúdo reflexivo do documentário.

Visão estética e conceitual do corpo humano.

A exposição individual de fotografias de Gilberto Perin – “A Carne” – abre a programação de maio no Espaço Cultural do Hotel Praça da Matriz, Centro Histórico, Porto Alegre, RS. A exibição é composta de 20 imagens inéditas e novos recortes de trabalhos já apresentados pelo artista. A programação inclui duas novas edições do projeto “Roda de Cultura”, com o artista recebendo o público para um bate-papo descontraído sobre sua obra e trajetória nas tardes de duas quartas-feiras – 14 e 28 de maio. É necessário agendamento pelo telefone/whatsapp (51) 98595-5690.

Sobre a obra e o artista.

Com formatos e dimensões variadas, as fotos da série têm por foco estético e conceitual o corpo humano, com seus múltiplos significados e interações, em uma época marcada pelo contraste entre padronização da beleza, sufocamento de sensações, banalização da intimidade e perda de espaço do natural para o artificialismo. O autor acrescenta: “Não se trata de uma crítica conservadora à superexposição ou algo do tipo, mas do convite a um novo olhar sobre a cultura em que o corpo é visto de forma fragmentada, impactando a percepção individual e coletiva. Parte desse trabalho foi inspirada pela conversa que tive com uma amiga sobre os aplicativos de relacionamento, que exploram fetiches e narcisismos, comercialmente ou não, de forma explícita ou insinuada”. Gilberto Perin, 71 anos, tem trajetória consagrada na área cultural, como roteirista, diretor de cena, ator de teatro/cinema e artista visual. Nascido em Guaporé (RS) e radicado em Porto Alegre desde 1972, é formado em Comunicação Social pela PUCRS. Criou e dirigiu premiados curtas-metragens, videoclipes e minisséries para televisão. Suas fotografias já foram expostas em instituições como o Centro Cultural CEEE, Sesc-RS, Casa de Cultura Mário Quintana, MARGS, Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, Espaço IAB, Santander Cultural, Memorial do RS, Fundação Ecarta e Museu Joaquim José Felizardo, além de Portugal, França, Itália, Suíça e Hungria. É também autor dos livros “Camisa Brasileira”, “Fotografias para Imaginar”, e “Theatro São Pedro – 165 anos” (2023),  sem contar a presença de seu trabalho em capas de quase 30 publicações de contos, poesias, romances, biografias e outros gêneros.

Focalizando a preservação da memória negra.

A primeira exposição individual de Lázaro Roberto, um dos grandes nomes da fotografia afro-brasileira, encontra-se em exibição até 31 de maio na galeria Nonada, Praça da Bandeira, Centro, São Paulo, SP. “O Lente Negra” apresenta, pela primeira vez, o trabalho autoral do fotógrafo baiano sob sua própria assinatura.

Poucos nomes na fotografia brasileira carregam o peso histórico e a relevância de Lázaro Roberto. Aos quase 70 anos, o fotógrafo que dedicou sua vida a documentar a história do povo negro no Brasil inaugura, enfim, sua primeira exposição individual. Sua presença em exposições sempre se deu através do Zumvi Arquivo Fotográfico, coletivo que ajudou a fundar e que se tornou referência na documentação e preservação da memória negra no Brasil.

Desde os anos 1990, Lázaro Roberto se consolidou como um dos grandes protagonistas da fotografia afro-brasileira. Com um olhar que une fotografia documental e experimental, seu trabalho se transforma em ato político, preservando histórias e expandindo narrativas que o Brasil não pode esquecer. O reconhecimento de sua obra vai muito além do território nacional. Suas fotografias fazem parte de importantes coleções, como as do Instituto Moreira Salles, do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) e do Itaú Cultural, além da prestigiada coleção do The Institute of Chicago. Esses acervos atestam o impacto de sua visão artística, que dialoga com a complexidade da identidade afro-brasileira e sua inserção no patrimônio cultural global.

Para o crítico britânico Oliver Basciano – colaborador de publicações como ArtReview, Frieze, The Guardian e The New York Times -, Lázaro Roberto “é um caso que muda a história”. Seu ensaio crítico reforça a grandiosidade do fotógrafo, destacando como sua trajetória representa um divisor de águas na construção da memória negra no Brasil. Esta exposição não é apenas um marco na trajetória de Lázaro Roberto, mas um momento decisivo em seu reconhecimento enquanto artista autoral. Mais do que um compromisso com a memória coletiva, seu trabalho ganha agora uma nova dimensão, que o coloca no centro da cena artística e lhe restitui o lugar que sempre lhe pertenceu – o de um artista de renome internacional, cujo legado se impõe com a força e a relevância que lhe são devidas.

A fotografia espanhola nos tempos da Movida.

29/abr

O Instituto Cervantes, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ,  apresenta até 30 de maio uma exposição com cerca de 40 registros inéditos no Brasil, sob curadoria de Pablo Sycet.

“A fotografia espanhola nos tempos da Movida”, faz um pequeno recorte do movimento contracultural que surgiu em Madrid, Espanha, nos anos 1970. Entre os registros destacados pelo curador estão: Pedro Almodóvar posando no estúdio do fotógrafo Paco Navarro para uma matéria promocional do filme “Mulheres à beira de um ataque de nervos” (1988); a pintora  surrealista Maruja Mallo, egressa do exílio, retratada por Jaime Gorospe; Andy Warhol, clicado por Antonio Zafra em janeiro de 1983, quando expôs na Galería Fernando Vijande; Javier Porto, famoso por cobrir a noite madrilenha nos anos 1980, pela foto de Pedro Almodóvar & McNamara feita na sala Rock-Ola de Madrid, onde grupos musicais de vanguarda se apresentavam em concerto.

Mesmo sendo uma exposição sobre a fotografia gerada pela disruptiva Movida Madrilenha e, portanto, centrada em seus protagonistas (tanto de um lado da câmera quanto do outro), “A fotografia espanhola nos tempos da Movida” tem como proposta ir além e reunir a obra de outros fotógrafos madrilenhos que coexistiram na mesma época com esse fenômeno social e artístico, mas que não tiveram conexão com ele por razões geracionais ou simplesmente de enfoque e temáticas. Assim, não apenas se enriquece a visão de conjunto daqueles anos, mas também se estabelece um diálogo entre os que viveram de perto a noite madrilena e seus desafios, convertendo-a em matéria-prima de seu trabalho, e aqueles que deram as costas a esse movimento urbano para se concentrar em outros temas.

“De fato, embora a existência da Movida possa ser discutida até à exaustão, embora possa ser negada de um extremo ou de outro, é perfeitamente verificável que naqueles anos houve uma mudança muito importante – radical, poderíamos dizer – no tecido social e cultural de Madrid, e de algumas outras das nossas cidades, e que sem dúvida esse entusiasmo e os traços de uma nova cultura urbana vieram das suas mãos, com a fotografia como uma disciplina então emergente mas predestinada a ocupar um lugar de destaque, não só pela consolidação que a sua entrada massiva representou nas galerias e nos museus, mas também porque se encarregou de documentar todas as mudanças que ocorriam porque era, de todas as disciplinas artísticas, a que estava mais sintonizada com o pulsar das ruas”, avalia o curador Pablo Sycet. Além disso, uma vez que a proliferação de uma nova imprensa, alternativa e muito vinculada aos interesses da Movida, mudou totalmente a correlação de forças entre os meios, e essas novas publicações alternativas se voltaram para opções mais visuais, com muita presença de imagens captadas por esses fotógrafos que atuavam como cronistas da Movida, a exposição é complementada com uma ampla seleção dessas publicações para explicitar o papel do papel – e do trabalho analógico, por sua vez – e poder mostrar os pequenos tesouros sem os quais não teria sido possível o mundo hoje conhecido: Terry, Hélice, Madriz, Kaka de Luxe, La Luna de Madrid, Rockocó, Estricnina, Man, Total, Nigth, Dezine, Sur Exprés, que tiveram uma vida mais efêmera e que, justamente por essa circunstância, acabam por se unir no tempo com o imediato lambe-lambe de cartazes de rua da época, também representado nesta mostra pela notável presença fotográfica nesses cartazes que agora retornam para encontrar seu lugar em nossa memória e diante de nossos olhos. É, portanto, um caleidoscópio de imagens raras que suspenderam no tempo uma época fascinante.

Participam da mostra os fotógrafos Colita, Marisa González, Mariví Ibarrola, Ouka Lele, Teresa Nieto, Alberto García Alix, Alberto Sánchez Laveria, Alejandro Cabrera, Antonio Zafra, Cesar Lucas, Ciuco Gutiérrez, Domingo J. Casas, Eduardo Momeñe, Gorka de Duo, Jaime Gorospe, Jaime Travezan, Javier Campano, Javier Porto, Javier Vallhonrat, Jesús Ugalde, Martin Sampedro, Miguel Oriola, Miguel Trillo, Nine Mínguez, Pablo Juliá, Paco Navarro, Paco Rubio, Pedro Guerrero, Ramón Gato.

A obra de Ivens Machado na França.

25/abr

A primeira exposição institucional da obra de Ivens Machado na França será inaugurada no dia 30 de abril, no Carré d’Art – Musée d’Art Contemporain em Nîmes, apresentando uma visão panorâmica do corpo de trabalho do falecido artista.

Com curadoria de Jean-Marc Prévost, a mostra reúne esculturas, vídeos e fotografias, revelando as dimensões eróticas de sua obra, bem como as características violentas e transgressoras que atravessam seus temas e materiais. Despertando paralelos formais e conceituais entre os procedimentos do artista e o contexto sócio-histórico do Brasil nos anos 1970, a exposição faz uma introdução substancial de Ivens Machado para o público francês.

A exposição “Ivens Machado” integra a programação da Temporada França-Brasil 2025, realizada pelos Ministérios das Relações Exteriores e da Cultura do Brasil e da França.

Até 05 de outubro.

Contradições da contemporaneidade.

24/abr

A Galatea Salvador apresenta Ininteligibilidade, primeira exposição a itinerar de São Paulo para a capital baiana. Nessa exibição individual Isay Weinfeld apresenta obras elaboradas a partir de objetos garimpados em diferentes contextos, como em feirinhas e mercados ao redor do mundo. Em Salvador, a mostra traz seis obras diferentes daquelas que compõem a seleção original, incluindo três inéditas.

Pequenos objetos como bonecos de porcelana, flores e molduras, que à primeira vista transmitem delicadeza, conduzem o público em uma experiência estética em que o artista utiliza do humor e da ironia para evidenciar contradições da contemporaneidade, utilizando signos e símbolos até então tidos como rotineiros e convencionais. Ao exercitar sua faceta artística, Isay Weinfeld não busca criar discursos, mas desmontá-los com chiste.

Na ocasião da abertura, Isay Weinfeld lançará os catálogos Isay Weinfeld Works – Rizzoli New York e ISAY W – WEINFELD, ISAY, anteriormente lançados em São Paulo, e que apresentam de forma aprofundada a sua produção na Arquitetura e na Fotografia.

Até 31 de maio.

A valorização de narrativas plurais.

15/abr

O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, inaugurou três novas exposições que reforçam seu compromisso com a valorização de narrativas plurais e a articulação entre arte, memória, cultura e presença afro-diaspóricas. As mostras – que ocupam diferentes espaços do museu – dão continuidade ao trabalho de reestruturação curatorial iniciado sob a gestão de Hélio Menezes, atual diretor da instituição, e se inscrevem em um projeto museológico voltado à escuta, à experimentação e ao tensionamento de fronteiras.

Entre os destaques está a exposição “Proteção”, da artista visual e fotógrafa Rafaela Kennedy. A partir de uma série de retratos íntimos e simbólicos, o projeto apresenta um olhar sensível e potente sobre as relações de cuidado, afeto e acolhimento dentro da comunidade trans e da espiritualidade afro-brasileira. Através da fotografia, a série ressignifica a presença de corpos travestis em espaços de benção e proteção, destacando as diferentes formas pelas quais mães – biológicas, de criação ou espirituais – ancoram e legitimam a existência de suas filhas. A exposição, que acontece na Marquise do Museu Afro Brasil, um espaço aberto e acessível mesmo após o horário de funcionamento do museu, amplia esse diálogo ao levar a temática para um público diverso, fomentando o reconhecimento das múltiplas formas de maternidade e proteção dentro das comunidades afro-indígenas e LGBTQIA+. A série reforça a potência das relações que sustentam a existência trans no Brasil, promovendo um espaço de reflexão e visibilidade.

A exibição de “Acervo em Perspectiva: M’barek Bouhchichi, Nen Cardim, Washington Silvera”, é uma proposta que busca estabelecer conexões entre obras e artistas do acervo do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo. O programa expositivo propõe novos arranjos a partir das peças já presentes na coleção, incorporando também aquisições e doações recentes. Nesta edição, entram em diálogo os trabalhos de Washington Silvera, Nen e M’barek Bouhchichi – dois artistas brasileiros e um marroquino -, que exploram materiais como madeira, vidro e terra, estabelecendo conexões entre matéria, território e experiência. Embora utilizem elementos semelhantes, cada artista imprime sua própria linguagem, atravessando as fronteiras entre escultura e instalação. “Os três artistas em diálogo nesta primeira edição do Acervo em Perspectiva deixam transparecer ao público a riqueza de nosso acervo, colocando em diálogo instalações substancialmente diferentes, que partem de materiais semelhantes, ressaltando as múltiplas formas de se interpretar, narrar e exibir as artes africanas e afro-brasileiras”, conforme destaca Hélio Menezes.

E, ainda houve a inauguração da Sala de Projeção, novo espaço do museu voltado à exibição de videoinstalações, filmes e obras em movimento. Para abrir a programação, entra em exibição “Thinya”, da diretora Lia Letícia, que propõe um instigante jogo de narrativas e deslocamentos: a partir de álbuns de família encontrados num mercado de pulgas em Berlim, imagens de uma mulher chamada Inge passam a ilustrar relatos de viajantes europeus no Brasil entre os séculos XVI e XVIII – todos narrados em yathee, a língua do povo Fulni-ô. O resultado é uma obra que desmonta os regimes coloniais de representação, construindo novas camadas de leitura para o passado.

As três estreias se somam aos esforços do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, em promover exposições que desafiem os limites formais e ativem múltiplas vozes no campo da arte contemporânea e da cultura afro-brasileira.