Três artistas no Sesc/Guarulhos

13/mai

A luz natural invade os quadrados de vidro que formam a
cobertura transparente do Sesc Guarulhos, SP. A unidade, erguida
com investimento de 180 milhões de reais, foi inaugurada dia 11.
Em um momento de prováveis cortes de verbas para o Sistema S,
o prédio de 34 200 metros quadrados assinado pelo escritório Dal
Pian Arquitetos finca bandeira em um ponto inédito nos arredores
de São Paulo e, de quebra, passa a atender também a população
da Zona Norte, que contava só com o Sesc Santana.
O novo complexo tem uma das maiores variedades de ambientes.
No saguão de entrada: “Já Estava Assim Quando Cheguei”, de
Carlito Carvalhosa, é um bloco de gesso com mais de 2 toneladas.
Do ladinho, observa-se no 2º piso, “Tintas Polvo”, de Adriana
Varejão, que fala de um tema caro ao Brasil e ao Sesc:
diversidade. No ginásio fica a pintura “Paisagem Desaguando”,
de Janaina Tschäpe.
Fonte: (Veja/SP).

Fotos de Murilo Salles

06/mai

O cineasta e fotógrafo Murilo Salles lança um livro e faz a exposição de um trabalho seu ainda inédito: a fotografia ensaística. Em exposição, ampliações em tamanhos variados, sendo ao todo 18 fotos. A abertura e o lançamento do livro serão no dia 07 de maio, às 19h, na Mul.ti.plo Espaço Arte, Rua Dias Ferreira, 417 – Sala 206, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. A exposição fica em cartaz até 1º de junho. “Murilo Salles Fotografias 1975-1979”, da Numa Editora, apresenta 116 fotografias escolhidas dessa época, feitas entre 1975, no set de “Dona Flor e seus dois maridos”, e 1979, no set de “Cabaré Mineiro”.

Durante cinco anos, após ter fotografado “Dona Flor e seus dois maridos” e já considerado um dos mais talentosos fotógrafos do cinema brasileiro, com apenas 25 anos, Murilo se jogou na estrada com sua Nikon F2 a tiracolo. Ele rodou o mundo, de Nova York a Paris, Roma e Maputo, até voltar ao Brasil para as filmagens de “Cabaré Mineiro”. Nesse tempo, produziu um trabalho de pesquisas e treinamento que revela porque Murilo se torna, tão precocemente, uma referência como fotógrafo de cinema. Murilo ainda fotografou “Eu te amo”, “O beijo no asfalto” e “Tabu” até que passou a se dedicar à direção. Em 1984, lançou o seu primeiro longa-metragem, o premiado “Nunca fomos tão felizes”, seguido de “Faca de dois gumes”, “Como nascem os anjos”, “Nome próprio”, entre outros filmes de ficção e documentários. Voltou à fotografia em grande forma com “Árido Movie”, em 2004.

“As fotografias nesses cinco anos serviram, principalmente, para treinar o árduo caminho no uso da cor, do contraste e nos limites da exposição. Uma experiência que foi intensa e radical”, comenta Murilo no texto do livro, que tem projeto gráfico de Rara Dias, parceira também na escolha das fotos e das composições temáticas entre elas. Mauricio Lissovsky assina o ensaio crítico e o livro conta ainda com uma cronologia do autor. Mas não esperem título, lente e demais informações sobre cada foto. “Não coloco título nem digo onde tirei minhas fotografias porque isso não é importante. O que interessa é a imagem. No título do livro está escrito o período em que elas foram realizadas porque acho importante perspectivar a época que estava fazendo essas fotos. A mais nova tem 40 anos!”

“As fotografias do Murilo são posteriores ao cinema não em virtude da cronologia ou da desconstrução, mas porque vieram depois da condenação da fotografia à imobilidade e em contraposição ao seu confinamento. Suas fotos vieram depois do cinema porque recusam a premissa de que o movimento seja uma prerrogativa do mundo que o cinema apenas imita ou reproduz. Não sai ao encalço dos objetos móveis, como fazem os fotógrafos fascinados pela velocidade, pelo milésimo de segundo; são os próprios movimentos do cinema que sua fotografia busca. Em outras palavras, sua câmera não persegue a imobilidade do mundo, para eventualmente interrompê-lo; ela se alimenta da própria mobilidade do quadro.”, escreveu Mauricio Lissovsky em seu texto no livro.

Homenagem à Bahia 

02/mai

Como parte das comemorações dos seus 15 anos, o Museu Afro Brasil, abre no dia 07 de maio, as exposições “A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também” e “Aberto pela Aduana – Livro de Artista de Eustáquio Neves”, ambas com curadoria de Emanoel Araújo.

 
“Essa exposição (sobre a Bahia) fala de alguns fatos e pessoas, sobretudo dos artistas, dos homens e das mulheres. Mulheres que fizeram da Bahia essa mágica, inusitada e preciosa cidade, de todos os santos, de muita sensualidade e de pouco pudor, que se esvai pelas ladeiras e ruas sinuosas”, declara Emanoel Araújo.

O núcleo central da mostra é composto pelo modernismo baiano, representado por uma robusta seleção de telas de Carlos Bastos (1925 – 2004), tapeçarias de Genaro de Carvalho (Salvador, Bahia, 1926 – 1971), esculturas em ferro ou “ferramentas de santo”, ligadas à religiosidade afro-brasileira, de José Adário dos Santos (1947), esculturas e gravuras de Rubem Valentim (1922 – 1991), além de jóias de Waldeloir Rego (1930 – 2001).
A representação da baiana está presente na escultura de Noêmia Mourão, nos vestidos de renda Richelieu, além de dezenas de bonecas de cerâmica, madeira e louça. Carmen Miranda, a “pequena notável” que celebrizou a figura da baiana mundo afora, é também homenageada com a exibição de fotografias de revistas, iconografia em porcelana esmaltada, além de um vestido original. A seção inclui ainda fotografias de outras baianas ilustres como Marta Rocha (1936), Miss Brasil em 1954, e Helena Ignez, musa do Cinema Novo.

 
Fotografias e pinturas de personalidades baianas do século XX como o escritor Jorge Amado (1912 – 2001), o compositor Dorival Caymmi, aqui homenageado em painel da artista Regina Silveira, Mãe Menininha do Gantois (1894 – 1986), entre outros, se somam aos bustos em gesso patinado dos alfaiates João de Deus do Nascimento e Luiz Gonzaga das Virgens, e dos soldados Lucas Dantas Amorim Torres e Manoel Faustino dos Santos Lira, realizadas em 2004 pelo artista Herbert Magalhães. Estes são heróis da Revolta dos Alfaiates, também conhecida como Conjuração Baiana ou, ainda, Inconfidência Baiana, revolta social de caráter popular ocorrida em 1798, inspirada pelo ideário da Revolução Francesa.

 
A expressão baiana da arte barroca, que no Brasil diferenciou-se da matriz europeia, não poderia ficar de fora da curadoria. Emanoel Araújo reúne nessa seção fotografias de Silvio Robatto, Davi Glatt, óleos sobre tela de pintores baianos do século XVIII como Joaquim da Rocha (1737 – 1807), Teófilo de Jesus (1758 – 1847) e Veríssimo de Freitas (1758 – 1806), azulejaria, livros e revistas, além de um extenso panorama da cidade de Salvador feito por Floro Freire. A exposição conta ainda com um conjunto de fotografias de Mário Cravo Neto e aquarelas do século XIX da artista inglesa Maria Graham (1785 – 1842), retratando o cotidiano das baianas de Salvador.

“A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também” reserva ao público a projeção de filmes ligados ao imaginário baiano como: “Barravento” (1962), dirigido por Glauber Rocha; “Bahia de Todos os Santos” (1960), com direção de Trigueirinho Neto, além da série de documentários do projeto “Centenário de Alexandre Robatto Filho – Pioneiro do Cinema na Bahia”, que conta com os filmes “Entre o Mar e o Tendal” (1952-1953), “Xaréu” (1954), “Vadiação” (1954), Igreja” (1960), “Desfile dos 4 séculos” (1949), “O Regresso de Marta Rocha” (1955), “Um Milhão de KVA” (1949), “A Marcha das Boiadas” (1949), “Ginkana em Salvador” (1952), e “Os Filmes que Eu Não Fiz” (2013).

 

Paralelamente a abertura da exposição “A cidade da Bahia, das baianas e dos baianos também”, o Museu Afro Brasil apresenta “Aberto pela aduana – Livro de Artista de Eustáquio Neves”, a primeira exposição individual do premiado fotógrafo e artista multimídia mineiro em São Paulo desde 2015, quando exibiu “Cartas ao Mar”, também no Museu Afro Brasil.
“Aberto pela Aduana”, além de ser o título da exposição, é o nome da principal obra da mostra, o “Livro de Artista de Eustáquio Neves”, produzido a partir da manipulação de materiais de arquivo do fotógrafo, desenhos, colagens entre outras técnicas. Apesar de ter uma estrutura geral semelhante a um livro, a obra é na verdade um objeto de arte que fala por si próprio. Segundo Eustáquio, o nome “Aberto pela Aduana” foi escolhido para estimular a discussão em torno das múltiplas violações do corpo negro, desde o tráfego negreiro aos dias atuais.

 
Aduana, vale lembrar, é o nome dado a repartição governamental de controle do movimento de entradas (importações) e saídas (exportações) de mercadorias para o exterior ou dele provenientes. E é justamente neste ponto que as relações envolvendo a objetificação de milhares de corpos negros durante o tráfico atlântico e, na contemporaneidade, com os estratosféricos números de mortes por causas violentas de jovens negros em todo o território nacional, são traçadas. Entre as obras apresentadas ao público pela primeira vez, além do próprio “Livro de Artista”, estão trabalhos da emblemática série “Máscara de Punição”, formada por imagens construídas a partir da apropriação de um retrato da mãe do artista mesclado a uma foto de uma máscara de ferro. Compõe a mostra obras da emblemática série “Encomendador de Almas”, de 2006.

 
Nas palavras de Emanoel Araujo, curador da exposição, “a fotografia encontra em Eustáquio Neves um homem devoto dos dramas que envolveram e envolvem um passado atormentado e atormentador da nossa história. História de um povo que foi conduzido ao degredo humano e de tamanha força que não se apaga, não sai da nossa alma. (…) Por certo o seu desempenho de grande artista manipulador dessas imagens comove, penetra, sangra e une passado e presente”.

 

 

“O Universo de Emanoel Araujo, Vida e Obra”

 

Juntamente com a abertura das exposições ocorrerá o lançamento do livro “O Universo de Emanoel Araujo, Vida e Obra”, da Capella Editorial. Com imagens de cartazes, livros, xilogravuras, esculturas em aço, madeira, concreto, fibra de vidro; máscaras, painéis em mármore, concreto e granito; gravuras, totens, relevos, estruturas, biombos, além de textos, entrevistas e pensamentos de Emanoel Araujo, também curador e diretor do Museu Afro Brasil, a obra eterniza o trabalho do artista, cuja produção convida à reflexão sobre a sociedade brasileira – ainda violenta, racista, desigual e injusta. Mais que um livro de arte é um registro histórico da cultura brasileira.

 

 

De 07 de maio a 1º de setembro.

Os perigosos anos 1960

22/abr

Os anos 1960 foram marcados por movimentos de contestação em vários países do mundo, por motivos diversos – sistemas educacionais, costumes, repressão política, contestação de guerras. No Brasil não foi diferente e, a despeito da censura imposta por um regime de exceção, houve no período uma intensa produção artística, que retratou a atmosfera de tensão e riscos da época.

 

Para revisitar esse contexto, especificamente o período de 1965 a 1970, o Museu de Arte Moderna de São Paulo, Parque do Ibirapuera, São Paulo, SP, exibirá, entre 30 de abril e 28 de julho, a exposição “Os anos em que vivemos em perigo”, que traz um recorte da coleção focado na segunda metade da década de 1960, um período plural da arte brasileira, que foi fundamental para o desenvolvimento de nossa produção até os dias atuais. Tal cenário transformou o antropofágico caldeirão cultural do país, no mesmo momento em que acontecia a reestruturação do MAM que, em 1969, teve sua nova sede inaugurada, resistindo aos tempos e chegando até o momento atual em que celebra seus 70 anos de história.

 

Com curadoria de Marcos Moraes, a exposição reúne desde a tendência pop até obras de filiação surrealista, muitas das quais exprimindo as inquietações sociais e comportamentais que marcaram aquela época. São ao todo 50 obras de artistas como Antônio Henrique Amaral, Anna Maria Maiolino, Antônio Manuel, Cláudio Tozzi, Maureen Bisilliat, Wesley Duke Lee, entre outros.

 

Pinturas, xilogravuras, fotografias e objetos foram selecionados para apresentar imagens associadas ao ambiente cultural vigente como as manifestações, greves, censura, utopia, repressão, desejo e identidade brasileira – um apanhado que apresenta a potencialidade da ampliação de horizontes produzida pela vanguarda brasileira nesta época. A ação educacional do museu também contribuirá para oferecer aos espectadores oportunidades de pensar sobre a cultura daquela década, oferecendo atividades estimulantes que complementam a experiência da visita ao MAM.

 

“Para a seleção de obras, considerei o contexto, o ambiente efervescente e os acontecimentos que envolveram esses artistas no período dos anos 60 com atitudes radicais frente ao sistema da arte vigente no país, entre eles as exposições: Nova Objetividade Brasileira (MAM RJ), 1ª JAC Jovem Arte Contemporânea (MAC USP), Exposição-não-exposição (Rex Gallery & Sons) e a 9ª Bienal de São Paulo. A proposta desta mostra será refletir sobre esses complexos momentos vividos, tendo como marcos os anos de 1965 e 1970 rebatendo e rebatidos em 2019, suas atmosferas marcadas pela vida e a presença do perigo e da ameaça”, propõe Marcos Moraes.

 

Sobre o curador

Marcos Moraes é doutor pela FAU-USP e bacharel em Direito e Artes Cênicas pela mesma Universidade, além de especialista em Arte – Educação – Museu e Museologia. Professor de história da arte, é coordenador dos cursos de Artes Visuais da FAAP, da Residência Artística FAAP e do Programa de residência da FAAP, na Cité des Arts, Paris. Integrou o Grupo de Estudo em Curadoria do MAM e o corpo de interlocutores do PIESP. É membro do ICOM Brasil e do Conselho do MAM SP. Curador independente, seus mais recentes projetos curatoriais incluem Jandyra Waters: caminhos e processos; Entretempos e Lotada (MAB Centro, Museu de Arte Brasileira FAAP), além de Imagens Impressas: um percurso histórico pelas gravuras da Coleção Itaú Cultural (São Paulo, Santos, Curitiba, Fortaleza, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Brasília, Florianópolis). É responsável por publicações sobre artistas como Luiz Sacilotto, Adriana Varejão, Rodolpho Parigi, Mauro Piva.

 

De 30 de abril a 28 de julho.

Fotos na Galeria de Arte Ibeu 

15/abr

Cerca de vinte anos depois de inspirar o fotógrafo alemão Andreas Gursky, o Edifício Mouchotte, em Paris, ganha as lentes do artista brasileiro João Paulo Racy na exposição “Montparnasse, vingt ans après” na Galeria de Arte Ibeu, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ. A curadoria traz a assinatura de Cesar Kiraly. Buscando a mesma perspectiva da fachada retratada por Gursky, Racy se “infiltrou” em um edifício desativado do jornal Le Point para obter o mesmo ângulo do fotógrafo alemão. O resultado não poderia ser mais surpreendente, até para ele mesmo, já que registrou também o cenário apocalíptico que encontrou na extinta redação.

“Estabeleço um diálogo entre o ambiente de renovação e o uso antigo de um aparente escritório, dos recortes ainda na parede, das anotações deixadas para trás, do desconhecido que começará a ser montado. Investigo a questão da habitação nos centros urbanos com o intuito de identificar os efeitos que a gentrificação exerce sobre a configuração das grandes metrópoles. A mostra será apresentada em suportes distintos: objetos, fotografias, impressões em grande escala e em papel de lambe-lambe”, afirma João Paulo Racy.

 

A fotografia de Andreas Gursky impressiona não só pela escala, e neste caso, também pelos inúmeros apartamentos que o prédio possui. Na busca por pelo menos um dos pontos de vista de Gursky, João Paulo Racy encontrou uma nova realidade, um cenário de transição em um bairro que novamente sofre os efeitos do processo de gentrificação. Por cerca de duas semanas, o artista visitou periodicamente o edifício de quatro andares, anexo a um shopping, e que abrigava a sede do jornal francês Le Point. “Esta individual do João Paulo Racy começou a ser gestada no momento em que ele se coloca na posição em que Andreas Gursky, 20 anos antes, fotografara o edifício no bairro de Montparnasse, em Paris. Não se trata mais de simular uma fachada contínua, porém de mostrar, tal como a encontra, a perspectiva interna de uma janela diante de outras tantas, invariavelmente interrompida pela emenda da vidraça”, analisa o curador Cesar Kiraly. “O interesse é registrar, como intruso, que a interioridade não perde sua perspectiva privilegiada sobre o que acontece fora, e que, mesmo repleta de antigos usos, não precisa esconder a si própria”, completa.

 

Sobre o artista

João Paulo Racy nasceu em 1981, no Rio de Janeiro. Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e São Paulo. Artista visual e pesquisador. Graduado em fotografia e mestrando em Artes, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Participou do Programa Práticas Artísticas Contemporâneas da EAV do Parque Lage e do programa de imersão EAVerão (Rio de Janeiro, 2015). Participou do Programa de Residência Artística da FAAP (São Paulo, 2016) e da Residência NUVEM – Estação Rural de Arte e Tecnologia (Rio de Janeiro, 2016). Foi contemplado com o prêmio Aquisição no 15º Salão de Artes de Jataí (2016) e com o prêmio Aquisição no 42º Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto (Santo André, 2014). Realizou as exposições individuais “Impróprio” (Centro Municipal de Artes Hélio Oiticica, Rio de Janeiro, 2018), “Devir Cidade” (Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro, 2017) e das coletivas “São Paulo Não é Uma Cidade, Invenções do Centro” (Sesc 24 de Maio, São Paulo, 2017); 2ª Bienal CAIXA de Novos Artistas (Caixa Cultural, Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador, Recife, Brasília, Fortaleza, 2017-2018); XI Diário Contemporâneo de Fotografia (Museu do Estado do Pará, Belém, 2018), Abre Alas 14 (Galeria A Gentil Carioca, Rio de Janeiro, 2018), entre outras. Seu trabalho integra o acervo do Museu de Arte Contemporânea de Jataí (GO), do MAB-FAAP (SP), a Coleção Joaquim Paiva (MAM-Rio) e o Patrimônio Artístico da cidade de Santo André (SP).

 

De 17 de abril a 10 de maio.

Piti Tomé no Paço Imperial

09/abr

Na próxima quinta-feira, dia 11 de abril, o Paço Imperial, Centro, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “90 tentativas de esquecimento”, com mais de 100 obras inéditas da carioca Piti Tomé, que discutem questões sobre a memória e o esquecimento, em trabalhos que giram em torno da fotografia. Com curadoria de Efrain Almeida, a exposição ocupará dois espaços do Paço Imperial, com obras produzidas entre 2018 e 2019, que dialogam entre si. Esta é a primeira exposição individual da artista em uma instituição, após ter começado sua trajetória em 2012, e já tendo participado de mostras coletivas no MAM Rio, onde possui obras na coleção Gilberto Chateaubriand / MAM Rio; na Casa França-Brasil; no Museu da República; no Parque Lage; no Espaço Cultural BNDES, entre muitos outros. Paralelamente à exposição no Paço Imperial, a artista apresenta mostra na C. Galeria, no Jardim Botânico. 
 
Até 07 de julho.

Natureza-Morta no MAM Rio

03/abr

O MAM RIO, Parque do Flamengo, Rio de janeiro, RJ, apresenta a partir do próximo dia 06 de abril, a exposição “Alegria – A Natureza-Morta nas Coleções MAM Rio”. Com o mesmo título de uma instalação de Adriana Varejão, a exposição investiga este importante gênero da pintura, em obras em diversos suportes pertencentes ao acervo do Museu criadas por 35 artistas de várias gerações. Com curadoria de Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes, a mostra reúne mais de 40 obras – entre pinturas, esculturas, vídeos, fotografias e instalações – produzidas por 39 artistas de diferentes gerações. A exposição dá continuidade às investigações de gêneros da pintura a partir dos acervos do Museu, mostradas em “Constelações – O Retrato nas Coleções MAM Rio” e “Horizontes – A Paisagem nas Coleções MAM Rio”, em cartaz até o próximo dia 12 de maio de 2019.

 

Com o mesmo título de um backlight fotográfico de Adriana Varejão, de 1999, a exposição busca revelar não só a dimensão mais histórica do gênero natureza-morta, mas também “possibilidades de releituras contemporâneas desse conceito”, como informam os curadores. O conjunto de obras não foi reunido “somente com base no enquadramento estrito das obras nas características evidentes deste gênero, mas também na livre correlação dos trabalhos com o sentido mais geral da exposição”, explicam. “Sob tal licença, “Alegria” também transborda do âmbito da pintura, da gravura, do desenho e da fotografia, para aquele, expandido, da escultura, do vídeo e de instalações para traçar um panorama aberto desse gênero da pintura no Brasil no exterior”, contam Fernando Cocchiarale e Fernanda Lopes.

 

Os artistas que integram a exposição são de várias gerações, como Volpi, Guignard, Dacosta, Vicente do Rego Monteiro, a portuguesa Lourdes Castro, Wilma Martins, Adriana Varejão, Ivens Machado, Karin Lambrecht, Artur Barrio e Raul Mourão.

 

 

Natureza-Morta

 

A natureza-morta, da mesma forma que o retrato e a paisagem, foi um dos grandes gêneros da pintura europeia, entre os séculos XV e XVI, na Renascença. “Esses gêneros ganharam corpo como alternativa às pinturas de cenas religiosas, proibidas nos países que aderiram à reforma protestante, como a Holanda, que viu nascer o primeiro mercado de arte de que se tem notícia”, dizem os curadores. “As naturezas-mortas podem ser caracterizadas pela representação de objetos inanimados, vistos de uma curta distância. Sua escala intimista, somada à composição feita com base em motivos banais, mas agradáveis – frutas, flores, alimentos e objetos familiares ao olhar burguês – não significava, porém, que tais pinturas tivessem um teor laico-secular, apenas contemplativo, função que somente se consolidaria no começo do modernismo. Ainda que tratassem de cenas domésticas, essas pinturas, a despeito de sua fatura naturalista, tinham um teor simbólico então acessível a todos: evocavam o agradecimento pelo pão nosso de cada dia, conquistado pelo trabalho humano, sob a bênção divina”. O gênero atravessou os tempos, e na segunda metade do século XIX as naturezas-mortas já haviam se libertado de sua simbologia protestante inicial, e se tornaram “fundamentais para a revolução que permitiu à pintura superar a ênfase no tema que a havia marcado no romantismo e no neoclassicismo – batalhas, coroações, funerais e casamentos reais, pintados em formatos grandiosos que direcionavam o olhar para a narrativa e não para a própria pintura”. Os curadores complementam: “A banalidade temática das naturezas-mortas abriu caminho para a contemplação exclusiva de elementos cromáticos, formais, espaciais e compositivos, que não só se tornaram essenciais para a fruição modernista, como abriram caminho para a arte abstrata com Wassily Kandinsky, em 1910”.

 

 

Artistas expositores

 

Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi, Vicente do Rego Monteiro, Aldo Bonadei, Iberê Camargo, Milton Dacosta, Maria Leontina, Glauco Rodrigues, Lourdes Castro, Anna Bella Geiger, Wilma Martins, Luis Humberto, Eduardo Costa, Ivens Machado, Wanda Pimentel, Artur Barrio, Waltercio Caldas, Vilma Slomp,Claudia Jaguaribe, Karin Lambrecht, Brígida Baltar, Jorge Barrão,Roberto Huarcaya, Marcos Chaves, Edgard de Souza, Franklin Cassaro, Katia Maciel, Adriana Varejão, Efrain Almeida, Raul Mourão, José Damasceno, Julio Bernardes, Pedro Calheiros, Rodrigo Braga e Felipe Barbosa.

 

 

De 06 de abril a 07 de julho.

Fotografias na Simões de Assis/SP

28/mar

Denominada “Eixo-Êxtase | A Fotografia no Ambiente Modernista” e sob a curadoria de Eder Chiodetto, a Simões de Assis Galeria de Arte, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta obras assinadas por Alexander Calder , Eduardo Salvatore, Gaspar Gasparian, Geraldo de Barros, German Lorca, Gertrudes Altschul,  M. Laert Dias, Marcel Giró, Maria Martins, Moussia, Paulo Pires, Paulo Suzuki, Thomaz Farkas e Willys de Castro .

 

 

Eixo-Êxtase

A Fotografia No Ambiente Modernista 

Os ecos dos movimentos dadaísta e surrealista que abalaram e modificaram por completo o status da arte nas primeiras décadas do século XX, conferindo a mesma uma maior complexidade na forma de entender as vicissitudes humanas, os labirintos do inconsciente e, por conseguinte, a forma de pensar o papel da arte, demoraram cerca de 25 anos para criar abalos significativos na fotografia brasileira.

 

Na década de 1920 a fotografia havia experimentado na Europa, por intermédio de artistas como Man Ray (1890-1976) e Lázló Moholy-Nagy (1895-1946), entre outros, um voo libertário a partir do qual deixara definitivamente de se ater somente à sua vocação documental. Essa nova fotografia passou a representar o sensorial e as parcelas não visíveis da psique humana. Aqui no Brasil a linguagem, quando muito, seguia a cartilha que pregava uma mimese entre fotografia e a pintura acadêmica de temas românticos.

 

No final da década de 1940, no entanto, os fotoclubistas brasileiros, capitaneados por Geraldo de Barros, investiram na experimentação, privilegiando a forma ao referente. Por meio de justaposições, cortes, uso exacerbado dos contrastes entre o preto-e-branco, solarizações e ataques físicos aos negativos, entre outras estratégias, esses pioneiros ampliaram o repertório semântico da fotografia.

 

Essa releitura tropical do que ocorrera no contexto da arte fotográfica europeia, passaria por uma digestão antropofágica, como sugeria o poeta Oswald de Andrade (1890-1954) em seus manifestos.

 

Em 1924, Oswald de Andrade, figura central da Semana de Arte Moderna de 1922, escreveu em tom crítico e jocoso o Manifesto Pau-Brasil e, em 1928, o Manifesto Antropófago. Em linhas gerais, esses textos propunham não renegar a cultura estrangeira, mas “devorá-la” para digeri-la fazendo-a passar por um filtro – “o estômago” – de referências nacionais. Ao final desse processo deveriam surgir obras e conceitos a partir da somatória do “nós + eles”, ou seja, um saber e uma cultura híbridos.

 

Num trecho do Manifesto Pau-Brasil, Oswald conclama os artistas a pensar o mundo e a representação dentro do campo da arte a partir das “novas formas da indústria, da viação, da aviação. Postes. Gasômetros Rails. Laboratórios e oficinas técnicas. Vozes e tics de fios e ondas e fulgurações. Estrelas familiarizadas com negativos fotográficos. O correspondente da surpresa física em arte…”.

 

É curioso que a fotografia surja de passagem num dos mais importantes momentos da arte brasileira. Essa citação atesta, de certa forma, que a fotografia brasileira estava ainda distante de perceber suas possibilidades narrativas e poéticas. Os “negativos fotográficos” até a metade da década de 1940 permaneciam focados na objetividade do registro e da documentação do entorno realista e não na potência lúdica contida na irradiação da luz das estrelas. Oswald conclamava, assim, um olhar de viés para a realidade circundante, um mergulho no sensorial em contraponto a arte de caráter figurativo.

 

Os primeiros passos nessa direção foram dados pelo artista Geraldo de Barros (1923-1998), que havia estudado desenho e pintura e, como a maioria dos artistas da época, se empenhava no figurativismo. Após experiências com a pintura expressionista, Geraldo adquiriu uma câmera Rolleiflex e começou a investigar as possibilidades expressivas da fotografia.

 

Ao ingressar, em 1949, no Foto Cine Clube Bandeirante, Geraldo chocou-se com o estágio da fotografia. Imitações de naturezas mortas, paradoxalmente, ocupavam o lugar da representação da cidade dinâmica e veloz que as máquinas e os carros imprimiam no Brasil desenvolvimentista da metade do século XX.

 

Influenciado pelas teorias da Gestalt, ramo da psicologia que se aprofunda no estudo de como os indivíduos percebem as formas elementares da geometria, Barros radicalizava, para espanto dos fotógrafos mais puristas, na síntese dos volumes e dos jogos de luz e sombra em suas experimentações fotográficas.

 

As experiências de Barros – grande parte delas realizadas no laboratório fotográfico na casa do amigo German Lorca – incluíam fotomontagens, colagens e intervenções no negativo fotográfico que resultavam em abstrações e num pulsante elogio das formas. Linhas e volumes se redesenham em suas Fotoformas, gerando matizes em preto, branco e cinzas. Essa série influenciou vários outros artistas que se dedicavam a fotografia e pensavam em ecoar no Brasil aquilo que havia sido gestado nas vanguardas européias duas décadas atrás.

 

Hoje, olhando retrospectivamente, é possível perceber que o espírito iconoclasta que marcou o modernismo brasileiro e operou mudanças substanciais na nossa fotografia, colocando-a definitivamente no eixo das experimentações artísticas foi nutrido em grande parte pelo ambiente artístico que transbordava além dos limites do fotográfico.

 

A geração que revolucionaria a fotografia brasileira, tinha nesse primeiro momento artistas como Geraldo de Barros, Thomaz Farkas, German Lorca, Gaspar Gasparian, José Yalenti, Marcel Giró, Gertrudes Altschul e Eduardo Salvatore, entre outros. Contribui fortemente para a criação de um ambiente que ajudava a pensar o fotográfico fora dos cânones, as obras e os artistas que chegaram para a primeira grande mostra de arte moderna realizada fora das instituições europeias e norte-amerricanas: a 1a  Bienal de São Paulo, ocorrida em 1951. O pintor e escultor suíço Max Bill (1908-1994), premiado no evento, influenciou fortemente o movimento concretista brasileiro, que teve em Geraldo de Barros um de seus principais articuladores.

 

Participaram também dessa Bienal e da seguinte, o escultor e pintor estadunidense Alexander Calder (1898-1976), a pintora e escultora russa, radicada no Brasil, Moussia Pinto Alvez (1910-1986) e a escultora brasileira Maria Martins, agora reunidos com a geração de fotógrafos modernistas nessa mostra.

 

Entre as duas primeiras Bienais, em 1952, ocorreu a mostra Ruptura, no MAM-SP, marco inaugural da arte concreta brasileira, da qual Geraldo foi um dos artistas participantes ao lado de Waldemar Cordeiro e Luiz Sacilotto, entre outros. No mesmo ano de 1952, Calder ganhou o prêmio principal da Bienal de Veneza com um de seus icônicos móbiles.

 

O pensamento sobre o ritmo, a geometria, o movimento, a perda da gravidade, o ataque ao figurativismo e a dissolução do referente, somados à manifestação do inconsciente como nas obras de vocação surrealista da escultora brasileira Maria Martins (1894-1973) -, ajudariam a parcela mais irreverente dos fotógrafos brasileiros a repensar por completo as possibilidades semânticas do jogo fotográfico.

 

Eixo-Êxtase incita o público a perceber pontos de contato formais e ideológicos que marcam a produção fotográfica brasileira pós final dos anos 1940 com as esculturas e pinturas de artistas icônicos que expuseram por aqui a partir da 1Bienal de São Paulo. Esse espelhamento entre linguagens distintas, que apontam para uma nova forma de percepção do mundo, evidencia-se quando observamos a têmpera e o óleo realizados em 1944 e 1945, por Alexander Calder, com as séries “Fotoformas” e “Sobras”, de Geraldo de Barros, as edificações fotografadas por Thomaz Farkas e os jogos formais de Paulo Suzuki e M. Laerte Dias.

 

As formas orgânicas e expressivas das esculturas de Maria Martins e de Moussia, dialogam com imagens de Gertrudes Altschul, Eduardo Salvatore, Marcel Giró e Nelson Kojranski. A pintura “Pierrot”, 1953, de Wyllis de Castro, contém o mesmo jogo hipnótico de planos e justaposições que inspiram boa parte dos fotógrafos do período, como Gaspar Gasparian.

 

O móbile “Ensigne de Lunettes”, 1976, de Alexander Calder, é o epicentro de “Eixo-Êxtase”. Ao desafiar a gravidade, privilegiar a leveza, incorporar o movimento casual e um ritmo inesperado para o volume escultórico, o artista serviu de farol para as novas gerações a partir dos anos 1930. Suas passagens pelo Brasil foram decisivas para impulsionar as linguagens construtivas das décadas de 1950 e 1960.

 

Essas reverberações estéticas que visavam rever o eixo construtivo a partir do ideário modernista, criaram um ambiente de êxtase formal que foram incorporados nas pesquisas dos fotógrafos brasileiros, gerando um novo patamar para a fotografia de arte por aqui.

 

As “lunettes” do mobile de Calder constelam na Simões de Assis Galeria como as estrelas no firmamento do modernismo brasileiro, definitivamente “familiarizadas com negativos fotográficos”, como pedia Oswald de Andrade.

Eder Chiodetto

 

 

De 30 de março a 11 de maio.

Alfredo Volpi e Bruno Giorgi

22/mar

Foram dez anos de pesquisas para construir uma exposição sobre a amizade entre dois grandes mestres da arte brasileira do século XX. “Estética de uma Amizade”, será exibida na Pinakotheke, Morumbi, São Paulo, SP, procura pontuar com memórias e produção artística os 50 anos de estreita convivência entre – o pintor Alfredo Volpi e o escultor Bruno Giorgi.

 

A mostra reúne cerca de 100 obras – a maioria apresentada ao público pela primeira vez, entre pinturas, desenhos e esculturas provenientes, da Coleção Leontina e Bruno Giorgi e colecionadores particulares. Os trabalhos são entremeados por fotografias, documentos, depoimentos e gravações com saborosas narrativas sobre esta amizade que perdurou de 1936 até a morte de Volpi em 1988.

 

No raro conjunto de numerosas pinturas de Volpi, esculturas, desenhos e telas de Bruno Giorgi, sobrepõem-se as obras surgidas de relações de amizades ou familiares, como os retratos de Mira Engelhardt e Gilda Vieira, feitos por Volpi, além de Judith, sua mulher, retratada por ele, e um desenho dedicado à sua única aluna Lore Koch; o retrato de Leontina Giorgi, as joias/esculturas projetadas por Giorgi; nus femininos assinados pelos dois artistas; retrato de Giorgi por Volpi e as cabeças de Volpi e Mario de Andrade esculpidas por Giorgi; as interpretações discordantes do poema “Balada de Santa Maria Egipcíaca” de Manuel Bandeira, que ambos fizeram em pintura; e até uma série de trabalhos concebidos na convivência da dupla. Há também as maquetes das obras de Brasília, quando os afrescos de Alfredo Volpi e as esculturas de Bruno Giorgi sublinharam a arquitetura de Oscar Niemeyer.

 

A exposição revela como o pintor, que se mudou com a família para o Brasil com apenas um ano de idade, e o escultor, ambos originários da mesma região italiana, a Toscana, compartilharam a fraterna relação e o saber artístico com igual intensidade. Não foram poucas as vezes que, com um esboço debaixo do braço, Volpi saiu de São Paulo e foi ao Rio de Janeiro discutir uma pintura com o amigo. Leontina, viúva de Bruno Giorgi, que muito contribuiu para a realização desta exposição, disponibilizando obras e arquivo, testemunhou muitas das longas conversas ou silêncios que os dois amigos gostavam de dividir. Ao mesmo tempo foram artistas que puderam comemorar juntos e reciprocamente virtuosas trajetórias: ambos participaram de prestigiosas exposições nacionais e internacionais, entre as quais em edições, às vezes coincidentes, como a Bienal de Veneza e a Bienal Internacional de São Paulo, além de conquistar vários prêmios no Brasil no exterior.

 

O projeto foi possível graças ao empenho dos curadores da exposição Max Perlingeiro e Pedro Mastrobuono, Leontina Ribeiro Giorgi, Instituto Volpi de Arte Moderna e à equipe da Pinakotheke. Com os arquivos do marido, Leontina Ribeiro Giorgi, gravou longas entrevistas, rememorando fatos históricos e pessoais. Nas suas pesquisas, Pedro, que é filho de Marco Antonio Mastrobuono, um dos primeiros colecionadores e amigo pessoal de Volpi, teve a oportunidade de encontrar informações preciosas, sobretudo entrevistas de Bruno Giorgi em Brasília, onde o pintor ítalo-brasileiro era constantemente mencionado.

 

Durante a exposição será lançada a publicação “Estética da Amizade – Alfredo Volpi e Bruno Giorgi” que, além do material da mostra, contém textos de David Léo Levisky, Rodrigo Naves e Mario de Andrade e dos curadores Max Perlingeiro e Pedro Mastrobuono, os quais destacam as personalidades que conviveram com a dupla, como Mário Schenberg, Lasar Segall, Sergio Milliet, e apresentam uma inédita biografia em ordem cronológica entrelaçada dos dois artistas, na qual é possível constatar como arte e amizade pulsavam em particular sintonia.

 

 

Até 25 de maio.

Cidade descortinada

19/mar

Arquitetos, fotógrafos e inquietos. Essas são algumas características que aproximam Cristiano Mascaro, de 74 anos, e Gal Oppido, de 66. Referência na fotografia documental urbana, como explica Rubens Fernandes Júnior, curador da exposição “O Que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro”, o fotógrafo posiciona suas lentes para cidades ao redor do globo. Essa característica é presente desde o início da carreira: seu primeiro grande ensaio teve como cenário a metrópole de São Paulo. “Fotografou o Brás, descobriu o centro histórico e foi ampliando seu olhar para as cidades em geral, incluindo seus habitantes e paisagem”, contextualiza Fernandes.

 

Neste mesmo cenário concreto e humano, Gal Oppido segue os passos do fotojornalista francês Henri Cartier-Bresson, que não tirava sua Leica (marca de máquina fotográfica portátil) do pescoço. Por isso, desde 1975, Oppido imprime crônicas e ensaios urbanos em seus registros. No entanto, tempo e tecnologia se encarregam de agregar ao trabalho do fotógrafo outro diferencial: o smartphone. Instrumento que tem como fim a captação audiovisual “… e que, por sua maleabilidade, me permite registros instantâneos e agrega a outras câmeras mais uma ferramenta ao ato fotográfico”, explica Oppido.

 

Urbanidades diversas e seus habitantes

 

 

Mascaro desbravou espaços urbanos diversos, em vários países, e se expressa em registros clicados em diferentes tempos. Nesse sentido, “… as periferias urbanas convivem harmoniosamente com as referências urbanas mais icônicas”, analisa Fernandes. Ao caminhar por esses espaços, Mascaro privilegia as experiências que surpreendem.

 

De acordo com o curador, ao captar os arranjos casuais dos interiores das casas brasileiras nas periferias, o fotógrafo estabelece quase sempre uma relação afetiva com seus retratados. “Não existe tensão, muito menos o drama ou a denúncia”, acrescenta.

 

Em uma análise sobre as periferias urbanas, Oppido relembra seu trabalho de graduação interdisciplinar em Arquitetura, uma leitura gráfico-visual do “… centro da cidade até a borda da Represa de Guarapiranga onde projetei um conjunto residencial popular”. Atento em explorar a relação entre corpo e cidade em seus projetos, Oppido circula do espaço doméstico íntimo até as macropaisagens urbanas. “Tudo nos motiva a refletir e expressar”, conclui.

 

 

Imagens em dobro

 

Exposições individuais de Cristiano Mascaro e Gal Oppido. A exposição O Que os Olhos Alcançam – Cristiano Mascaro traça um panorama da produção do fotógrafo e abrange seu percurso técnico e estético. Um recorte de sua longeva carreira – Mascaro está em atividade profissional há 50 anos – pode ser visto até 23 de junho no Sesc Pinheiros, São Paulo, SP.

 

O Sesc Campo Limpo recebe, ainda no primeiro semestre, “Campo do Olhar”, do artista Gal Oppido.

 

A exposição é composta de uma série de registros feitos com celular pelas imediações da unidade, acompanhado de moradores do bairro. Somadas à exposição, estão previstas atividades como cursos e oficinas sobre fotografia e território.