Fotografia de Cidades

24/abr

O tradicional workshop de “Fotografia de Cidades”, da Portfolio, Curitiba, PR, segue em 2017 para sua 6ª edição, e desta vez terá como destino a América Central. O curso começa com uma aula teórica na própria escola, em Curitiba, na noite do dia 28 de outubro. O workshop e a viagem serão entre os dias 29 de outubro e 12 de novembro, e passará por três cidades mexicanas que são Patrimônio Histórico da Humanidade: Puebla, Cidade do México e Campeche.

 

Durante quinze dias de viagem, o grupo irá trabalhar em diversos caminhos fotográficos que envolvem uma viagem fotográfica como : retratos de rua, paisagens urbanas, gastronomia, cultura local, história, boemia, diferentes horários de luz, etc. Durante o curso, os alunos recebem temas diários para serem desenvolvidos.Com o decorrer da viagem, os temas ganham mais complexidade.Sempre seguindo os conceitos da liberdade fotográfica. Com público fiel, o workshop já aconteceu em diversas cidades da América do Sul. Além do Uruguai (Montevidéu e Colonia del Sacramento), Argentina (Buenos Aires), Chile (Santiago e Valparaiso) , Colômbia (Bogotá) , Peru (Lima e Cusco), além de uma incursão pelas cidades históricas de Minas Gerais.

 

O curso, bem como toda a viagem, será inteiramente orientado pelo fotógrafo Nilo Biazzetto Neto, diretor da Escola Portfolio e que em 2017 completa 23 anos de fotografia. Desde o início da carreira, desenvolve um trabalho pessoal intenso sobre a rua e as cidades. O conceito da liberdade fotográfica defende a mescla de várias artes e experiências na formação do olhar do fotógrafo. E a cidade, a rua, é onde tudo acontece. Lá estão as artes e os artistas populares, a gastronomia, a música, a pintura, a história, a própria vida. O resultado dessa viagem será apresentado numa bela exposição fotográfica na MURO GALERIA, na Portfolio em Curitiba. O investimento do curso é de quatro parcelas de R$ 320,00 no cartão de crédito. 10% de desconto para alunos e ex-alunos Portfolio. O valor deve ser pago diretamente à Escola Portfolio até outubro de 2017.

Homenagem proustiana

19/abr

O Santander Cultural, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, exibe a exposição-homenagem “Paulo Gasparotto – Certas pequenas loucuras…”, que permite – proustianamente – um mergulho no universo pessoal do jornalista Paulo Raymundo Gasparotto. Os interessados em conhecer mais sobre a vida do profissional poderão visitar a exposição na qual encontrarão uma mescla de textos e imagens, informações e contextualização histórica, obras de arte, antiguidades e objetos do acervo pessoal que retratam a personalidade e a trajetória profissional do homenageado. A curadoria é assinada pela professora, crítica e historiadora de arte Paula Ramos. Em exibição cerca de 150 peças através da quais os 80 anos de vida  – e 50 dedicados ao colunismo social – são revisitados. Em exibição obras (pinturas, desenhos e gravuras) assinadas por Iberê Camargo, Farnese de Andrade, Roberto Magalhães, Magliani, Siron Franco, João Fahrion, Maristany de Trias, Victorio Gheno, Michel Drouillon, Maria Tomaselli, Waldeni Elias, Elizethe Borghetti, Maria di Gesu, André Venzon, Felipe Caldas, Britto Velho, Fernando Baril, João Faria Vianna, Octávio Araújo e fotografias de Roberto Grillo, Tonico Alvares, Liane Neves e Lizette Guerra.

 

Paula Ramos visualiza esta oportunidade como um privilégio:  “Além de ter contato com uma pessoa incrível, apaixonada pela vida e por seu trabalho, bem como por Porto Alegre e seus personagens, Gasparotto é um ícone: de comunicação, de elegância, de humanidade. Sinto-me agraciada por essa oportunidade e tenho certeza de que o público ficará surpreso ao percorrer a exposição”.

 

Carlos Trevi, coordenador geral da unidade de cultura do Santander em Porto Alegre, destaca que “o Santander Cultural aposta numa programação que fomenta a pluralidade, por meio de iniciativas voltadas para manifestações artísticas contemporâneas, e traz, nas mostras biográficas, personalidades gaúchas que contribuíram para o desenvolvimento da sociedade”.

 

 

Autodefinição

 

“Voluntarioso, teimoso, impaciente, altamente emocional e muito apaixonado, sempre, por tudo e sobretudo. A única razão de eu viver, sempre, foi estar apaixonado por alguma coisa, por algum objeto, por alguma pessoa. Sem emoção não há vida. Hoje, procuro não ter tantas raivas, até porque não vale a pena. E procuro ter mais paixões”, define-se o jornalista.

 

 

Sobre o homenageado

 

Paulo Raymundo Gasparotto é jornalista, colunista, avaliador e leiloeiro. Nasceu no dia 20 de abril de 1937, em Porto Alegre, RS. Homem de múltiplos gostos, de plantas e animais a arte, Antiguidades, Música, Moda e Literatura, começou sua carreira no final dos anos 1950, no jornal “Ele e Ela” e, na sequência, na Revista do Globo. Em 1963, ingressou no jornal Zero Hora e, nos anos seguintes, escreveu sobre moda, arte, elegância e vida social. Manteve coluna nos periódicos Folha da Tarde, Correio do Povo, Zero Hora e O Sul.

 

 

A mostra pode ser visitada até 28 de maio.

Laura Belém no Peru

18/abr

A fotógrafa Laura Belém, artista representada pela galeria Athena Contemporânea, Rio de Janeiro, RJ, é a única brasileira selecionada pela curadora mexicana Daniela Pèrez para os Projetos Solos (Solo Projects), da Peru Arte Contemporânea (PARC), que acontece de 20 a 23 de abril, no MAC Lima, no Peru. A artista apresentará 11 fotografias inéditas da série “Reconstrução”, de 2017, que medem 40 cm X 51 cm cada. Além de Laura Belém, também foram escolhidos os artistas Juanli Carrión (Espanha), Emilia Azcárate (Venezuela), Emanuel Tovar (México), Andrés Marroquín W. (Peru) e Rubela Dávila. Eles concorrem a um prêmio de US$ 5.000 para o primeiro colocado e a uma residência na Mana Contemporary, nos EUA, para o segundo colocado.

Lena Bergstein/Cartas de Odessa

17/abr

Quatro anos após expor no MAM-Rio, Lena Bergstein retorna à cidade para mostrar sua série inédita de trabalhos com fotografia no Midrash Centro Cultural, Leblon, Rio de Janeiro, RJ. Esta é a primeira neste suporte desde que iniciou sua trajetória, em 1980. Em “Cartas de Odessa”, Lena Bergstein visita a história e as origens de sua família na Ucrânia, em que transforma antigos registros em “uma biografia/autobiografia inscrita em fotos impressas em papel e em metal”. Além de recuperar fotos feitas na longínqua Odessa, mostra fotografias que fez de sua casa, em São Paulo, onde reside há alguns anos.

 

“É um trabalho de fotografia feito em camadas, superposições, estratos que se somam, camadas que se justapõem, tempos distintos que se superpõem”, conta Lena Bergstein. Ela comenta que trabalhou as fotografias como um diário, onde as percepções da cidade, de sua vida e de seus sentimentos são mostradas em cenas que compartilha com o público. Fragmentos de cartas, cartas escritas pela artista, cartas recebidas por ela. “Apenas fragmentos, nada muito explícito, escritos na confluência do real e do imaginário”, explica.

 

Para a artista, foi um processo natural “suplementar essas fotos com textos e frases criando sequências narrativas”, como se quisesse “aprisionar/fixar um momento, um sentimento”. Com os grafismos, ela deseja acrescentar um toque de humor para a seriedade de certas fotos. “Experimentar uma alegria ingênua na superposição de desenhos de estrelas, pontos luminosos, luas, nas intervenções de riscos e traços. Uma grafia de vida através de imagens, palavras, textos poéticos e líricos, uma história de amor”, destaca.

 

Márcio Seligmann-Silva, ensaísta e professor de Teoria Literária na Unicamp, observa que na série “Cartas de Odessa”, Lena Bergstein “substitui o azul-horizonte pela paisagem que captou de sua varanda com um iPad. Sobre essa paisagem (indefinida, mas que inscreve o presente de Lena em sua obra), ela sobrepõe em camadas, cartas de amor, fotografias de álbuns de família (com parentes de Odessa) e intervenções gráficas (arquidesescrituras)”. “Do arquitraço fundador da cultura ao traço fotográfico, nessas topografias anímicas, Lena comemora seu presente em um arquivo múltiplo que nos lança no trabalho feliz da leitura infinita”, afirma.

 

 

A Arte e a Escrita, um relato do contemporâneo

 

Durante a exposição, Lena Bergstein dará um curso de três aulas, às quartas-feiras, às 20hs, nos dias 26 de abril, 3 e 10 de maio, em que fará uma reflexão sobre a relação entre a arte e a escrita pelo viés das cinco civilizações escriturais da Antiguidade: Mesopotâmia, Egito, China, Islamismo e Judaísmo.  Nesses encontros, será demonstrado como a relação entre a arte e a escrita não-fonética dessas culturas orientais influencia e marca os movimentos artísticos dos séculos 20 e 21.  O preço de cada aula é de R$20,00.

 

 

Sobre a artista

 

Lena Bergstein é artista plástica e professora de arte. Trabalha com telas, livros de artista e fotografias. Uma obra cuja poética é centrada nas questões da pintura e da escrita.  Nasceu no Rio de Janeiro em 1946. Cursou a Escola de Artes Visuais e o atelier de Gravura do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Participou de importantes bienais de gravura nacionais e internacionais, como em Ljubliana, Miami, Curitiba, Fredrikstad, Bradford e Taiwan. Atualmente mora em São Paulo, onde trabalha, expõe e dá aulas. Em 1989, passou a pesquisar os textos do filósofo francês Jacques Derrida, fazendo leituras poéticas e plásticas de seu pensamento, conferências e seminários em Paris.  Essa relação ficou evidente na “Tenda”, instalação montada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1992. Em 1998, ambos editaram um livro em parceria. O filósofo lhe ofereceu o texto “Forcener le Subjectile”, que deu origem à publicação “Enlouquecer o Subjétil”, livro vencedor do Prêmio Jabuti em 1999. Junto com o lançamento do livro Enlouquecer o Súbjétil, inaugurou a exposição “Toiles Récentes”, na Galerie Debret, Paris, e no Paço Imperial, Rio, em 1998.

 

Recentemente, Lena Bergstein participou, em 2015 e 2016, da SP Foto/Arte, com a Galeria ArtE Edições. Em 2015, expôs “Narrações”, no Museu Brasileiro de Escultura de São Paulo. Em 2013, fez uma individual no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Em 2012, fez a exposição “Livros”, no Centro Cultural Midrash. Dentre outras mostras individuais da artista estão“Relatos”, no Largo das Artes, no Rio de Janeiro, em 2009; “Marcas da Memória”, no Paço Imperial, no Rio de Janeiro, em 2007; “A Escrita do Silêncio”, no Solar Grandjean de Montigny, na PUC-RJ; no Instituto Ítalo Latino-Americano, em Roma, na Itália, e na Scuola Internazionale di Grafica, em Veneza, na Itália, ambas em 2004; “Amarelo Cromo”, no Museu da Chácara do Céu, no Rio de Janeiro, em 2003; “Telas e Gravuras”, no Centro Internazionale di Grafica, em Veneza, na Itália, e “Gravuras, Monotipias”, no Centro Internazionale di Grafica, em Roma, na Itália, em 1990. Dentre as principais exposições coletivas estão: “Gravure Extreme”, na Europalia, na Bélgica“, em 2011; Manobras Radicais”, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, em 2006; “Quatro artistas brasileiros”, em Veneza, na Itália, em 1988; “Velha Mania, Desenho Brasileiro”, na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, em 1985; “Do Moderno ao Contemporâneo, Coleção Gilberto Chateaubriand”, no MAM Rio, em 1982; “Panorama Atual da Arte Brasileira, Gravura e Desenho MAM, em São Paulo, em 1981, entre outras.

 

Foi a artista convidada para participar do colóquio internacional, “Jacques Derrida, Pensar a Desconstrução”, em 2004, no Rio de Janeiro. Ministrou uma série de conferências, “Imagem e Texto na História da Arte”, na Escola de Magistratura do Rio de Janeiro, EMERJ, em 2007, e, em 2015, no Departamento de Artes da Unicamp, Campinas. Escreveu para a revista TRIEB, para a revista do IPHAM, Patrimônio Histórico, e para os Cadernos da Memória do Museu da República.

 

De 19 de abril  a 29 de maio.

Projeto POMARIUM

12/abr

A Allegro Produções e AstraZeneca Brasil inauguram a mostra “POMARIUM”, com desenhos de Paulo von Poser, fotografias de Silvestre Silva, reproduções do acervo da “Coleção Brasiliana” do Banco Itaú e cenografia de Fabio Delduque. O curador Ivor Carvalho, ao deparar-se com a possível extinção de diversas espécies de frutas nativas brasileiras, desenvolveu um conceito de mostra cultural por meio de experiências sensoriais e diversas linguagens artísticas, reunindo cerca de 50 obras de arte que mostram sua importância na história e desenvolvimento do país.

 

Realizada na Praça da Matriz em Cotia, SP, a exposição tem seu espaço criado para possibilitar as mais diversas relações sensoriais. Um pórtico de entrada conduz a uma estrutura climatizada com sons, cheiros, texturas e “surpresas”, onde o público vivencia experiências sinestésicas, em ambiente com representação de espécimes da flora brasileira, por meio de suas centenas de frutas nativas distribuídas pelos biomas nacionais. A exposição nos recebe com uma bela maquete “natural” e obras históricas dos primeiros registros dessas frutas tipicamente brasileiras, num cenário clássico; ao adentrar, o visitante percorre um corredor intitulado decadência, que retrata a atual situação de devastação da natureza pelo ser humano, o mal-uso dos recursos naturais, agrotóxicos, aquecimento global e outras maledicências. Ao sair deste corredor, encontra uma floresta em tamanho natural que ativa os sentidos do visitante, repleta de obras de arte, onde é celebrada a esperança e que ações semelhantes ocorram, a fim de conscientizar as pessoas para mudanças em seus hábitos de consumo e comportamentos frente à natureza.

 

O conceito central e primeiro de “POMARIUM”, como define seu curador e idealizador Ivor Carvalho, é amplo, plural e desprovido de vaidades. O propósito é coletivo:Quando soube que havia centenas de espécies frutíferas nativas que quase ninguém conhece e que muitas delas estão em perigo de extinção, percebi que havia ali uma grande oportunidade de transmitir uma mensagem de reconexão com a natureza por meio de linguagens artísticas diversas, numa rica exposição de arte que combinasse elementos naturais, obras de arte clássicas com cenografia lúdica e sensorial, acompanhada de ações efetivas de preservação ambiental e reflorestamento”.

 

A personagem central de “POMARIUM” são as “Frutas”, mas a equipe que a torna possível uniu-se ao projeto por inúmeras razões. Douglas Bello, do Sítio do Bello, vê o projeto com propósitos de futuro: “Imagine poder restaurar o sentimento profundo de pertencimento à natureza.  Seus ritmos, suas cores, seus sabores, seus aromas. Transformar isso em ações, em arte, em realização”. Fabio Delduque que “pensou” o espaço expositivo, define que “de uma forma lúdica, com a expografia criada para transportar o espectador em viagem pelo fabuloso universo das frutas brasileiras e suas interpretações artísticas, esperamos contribuir para que as crianças, jovens e adultos possam aprender um pouco mais sobre ecologia, alimentação saudável e as nossas frutas nativas”.

 

Silvestre Silva, fotógrafo especialista em registrar frutas brasileiras deste os anos de 1980, dedica-se à fotografia e pesquisas de campo sobre o tema: “a câmera fotográfica passou a ser uma extensão de meu olhar, com o objetivo de compartilhar conhecimento botânico, visando gerações atuais e futuras. O Brasil possui imensa e única diversidade de flora, por isso é fundamental democratizar este conhecimento”. O artista plástico Paulo von Poser, grande entusiasta da natureza e ativista ambiental, criou um projeto de imagens para instalação imersiva – “O abc das frutas brasileiras” – uma série de 23 desenhos inéditos representativos da extrema diversidade e variedade das frutas brasileiras desconhecidas pelo nosso paladar olfato culinária e arte. “Tem sido uma oportunidade importante de apresentar meu desenho na sua maior potência educativa e de arte, nas várias dimensões da diversidade de nossa mais autêntica expressão de abundância: nossos biomas de flora e fauna…”, define o artista.

 

Intervenções artísticas e culturais como músicas, workshops, palestras, compõem a agenda do “POMARIUM”, sempre com o tema principal da exposição como linha guia. Cada uma das espécies será devidamente identificada com as características que a formam e contam mais sobre sua história.

 

Após a conclusão do projeto, os pomares serão doados para a cidade de Cotia, por meio de uma parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, caracterizando uma ação de preservação ambiental efetiva, objetivo principal da mostra que quer trazer o sentimento de pertencimento à natureza às pessoas que a vistam e que, em função das interferências urbanas de um país como o Brasil, se afastaram de tais características.

 

 

De 19 de abril a 21 de maio.

Conversa aberta

11/abr

Na próxima segunda-feira, dia 17 de abril, às 18hs, Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, realiza em meio à exposição “Estofo” uma conversa aberta e gratuita com a artista Luiza Baldan e Ana Kiffer, professora no curso Cadernos do Corpo do Departamento de Letras, da PUC-Rio. A exposição reúne trabalhos inéditos de Luiza Baldan, resultantes de intensa pesquisa de quase um ano navegando na Baía de Guanabara, onde observou seu cotidiano e suas paisagens. Estão na exposição fotogravuras e suas matrizes, uma videoinstalação e um texto da artista.

 

“Estofo”, que na linguagem náutica significa intervalo de tempo onde não há corrente de maré, é o desdobramento do projeto “Derivadores”, em parceria com o artista Jonas Arrabal, publicado pela Automática Edições em 2016, dentro da bolsa “Viva a Arte!” (Secretaria Municipal de Cultura), com o apoio da empresa Prooceano e do Projeto Grael. A artista teve Ana Kiffer como professora no curso Cadernos do Corpo (Departamento de Letras, PUC-Rio), quando desenvolveu o projeto. Para “Estofo”, Luiza Baldan reeditou o texto, que está instalado com grandes dimensões em uma das paredes do espaço expositivo.

Fotos de Andréa Bernardelli

“Estado Misto”, exposição da fotógrafa Andréa Bernardelli, na Galeria do Ateliê, Avenida Pasteur, 453, Urca, Rio de Janeiro, RJ, é o resultado de uma parceria com o Ateliê Fotô de SP. A curadoria de Eder Chiodetto. A série é composta de 57 fotografias redondas e uma retangular com um círculo cortado, que a artista chamou de “OCO” como espécie de ser em potencial – todas, com a intenção de tangenciar a própria ideia de foco e margem e de aparição e desaparição no mundo do visível, as imagens-átomos de Andréa Bernardelli.

 
Nietzsche formulou o conceito do eterno retorno como um desafio para o pensamento: e se tivéssemos que “viver mais uma vez e por incontáveis vezes”? Um conceito para pensar a potência do presente, os ciclos. Como um trânsito de gestos que orbitam as existências. A artista investiga como a vida se organiza a partir do entrelaçamento entre o visível e o invisível. Utilizando-se da metáfora de um átomo, Andréa trabalha com a produção de fotografias redondas – um formato completamente atípico para o mundo retangular das imagens ocidentais.

 

O título do trabalho nasce da metáfora deste estado do visível que habitamos – e que é, também, o da vida das imagens – é um “Estado Misto” entre o aparecer e o desaparecer. “O visível abarca a presença e a ausência e nos instiga à percepção. E é a imagem quem revida o nosso olhar”, diz a fotógrafa.
Como dar conta de todas as imagens que nos habitam e que habitamos? Como entender a dimensão interior e sua aparição no mundo exterior? Entre o claro e o escuro, o que pode uma imagem, repetidas vezes nos dar a ver? Da imagem vazada, qual é a potência do olhar?

 

 

Sobre a artista

 

Andréa Bernardelli participou de diversos cursos no Internacional Center of Photography de Nova York, MAN-SP, Estúdio Madalena e, atualmente, integra o grupo de estudo e criação em fotografia no Ateliê Fotô com Eder Chiodetto e Fabiana Bruno. Em sua jornada utiliza a fotografia como instrumento de investigação de transitoriedade, da perplexidade existencial, dos intervalos de sentido. Foi vencedora do Prêmio Porto Seguro Brasil 2009, com a série “Maré de rio”.

 

 

Até de 10 de junho.

Raros, Vintages & Inéditos 2

07/abr

O projeto “Raros, Vintages & Inéditos” inaugura na Galeria Virgílio, São Paulo, SP, sua segunda ação com as exposições “É Tudo História” e “Movimento Contínuo”. “É Tudo História”, em que a seleção das obras enfatiza as técnicas de construção da imagem, exibe 48 fotografias de autoria de 20 profissionais. Com a curadoria de Guilherme Maranhão, a ênfase aos trabalhos não é necessariamente ao tema exibido, mas sim, a maneira como foi elaborada a imagem, ou seja, os procedimentos executados para se chegar àquele resultado. Em “Movimento Contínuo”, o curador Fausto Chermont selecionou 18 trabalhos de diferentes suportes e técnicas de autoria de 11 artistas em que o conceito principal está baseado na influência do concretismo brasileiro também na fotografia e no design

 

 

É Tudo História

 

Diferente do que é comumente retratado em exposições fotográficas, a pesquisa norteia e conecta os artistas convidados. Pesquisar é base para realizar tarefas; técnicas apuradas são contempladas, o que resulta em uma detalhada e cuidadosa produção de imagem fotográfica. E, para a constituição de cada um dos temas há uma história, pensada não só durante o seu registro, mas anterior e posteriormente.

 

O curador ainda questiona a postura do artista em relação a dificuldade do fazer o trabalho e o quão importante é ter liberdade para fazer escolhas, que mesmo não sendo as mais simples e comuns, são as que podem de fato solucionar alguma questão. Interligando esses itens, é possível compreender o embasamento da exposição, que destaca o conceito de se fazer uma imagem, a procura e o encontro pelas técnicas fotográficas utilizadas.

 

Fotógrafos brasileiros, com trajetória estabelecida e com reconhecimento internacional, exibem seu comprometimento com o conteúdo da imagem. São eles: Ana Angélica Costa, Ana Helena Lima, Bruna Queiroga, Cris Bierrenbach, Daniel Malva, Daniela Picoral, Danilo Valentini, Elizabeth Lee, Fatima Roque, Gabriela Gusmão, Juliana Bittencourt, Karina Rampazzo, Kenji Ota, Leka Mendes, Neide Jallageas, Patrícia Yamamoto, Paulo Angerami, Raquel Moliterno, Tatiana Altberg e Tiana Chinelli.

 

Segundo o curador Guilherme Maranhão “Independente do passado, da condição de aluno ou de professor, da idade e da experiência, todos recorreram a procedimentos rudimentares para produzir seus trabalhos. Isso não é incomum, uma solução política para seguir trabalhando, uma contingência prática que implica em mais pesquisa e que eventualmente devolve um conteúdo estético ou uma solução de linguagem que fala desse percurso alternativo. ”

 

 

Movimento Contínuo

 

Parte de uma pesquisa recorrente do curador Fausto Chermont, “Movimento Continuo” busca preencher uma lacuna nos registros de influencias de diversos movimentos na arte contemporânea. Muito já foi dito e exposto sobre as influencias dos movimentos Concretistas e Neoconcretista Brasileiro de forma a sedimentar essas teorias, mas a fotografia esteve fora dos arranjos propostos por historiadores, curadores na apresentação destes relatos.

 

Para a fotografia, este movimento no Brasil é tardio e leva o nome de Modernismo fotográfico, referenciado nas experimentações iniciadas pelo futurismo, criando uma dupla interpretação: coloca a produção de imagens como retardatária no processo histórico evolutivo mundial e não vincula ao processo pelo qual passava o Brasil no âmbito cultural, sobretudo das artes plásticas e da arquitetura, denominados corretamente de concretismo e neoconcretismo. Ancar Barcalla, Duda Rosa, Flávio Samelo, Frank Dantas, Guto Lacaz, Iatã Cannabrava, Joyce Camargo, Juan Esteves, German Lorca, Lucas Lenci e Volpi, autores clássicos e contemporâneos, exibem obras onde se utilizam de várias técnicas e linguagens em seus processos de trabalho onde o curador busca, além do resgate da sua essência, complementar a parte da história ainda não contada,mostrando as relações entre estes movimentos e apresentando a intrínseca relação entre as diversas linguagens.

 

 

“Educativa no conteúdo e cheia de surpresas no percurso, na exposição seguimos garantindo novas moradas para os nossos criativos. ”

Fausto Chermont – 2017

 

 

 Até 13 de maio.

Retratos de Assis Horta

24/mar

O Espaço Cultural BNDES, Centro, Rio de Janeiro, RJ, abriu ao público a exposição “Assis Horta: Retratos”, com mais de 200 fotografias em preto e branco em diversos formatos, do fotógrafo mineiro Assis Alves Horta, que se tornou uma referência ao registrar os primeiros retratos de operários legalmente registrados no Brasil, pela recém-criada carteira de trabalho, em 1943.

 

Assis Horta tem 99 anos e possui um acervo que contempla também cenas do patrimônio histórico nacional. A curadoria é do pesquisador Guilherme Rebello Horta, que revelou a raridade e importância deste acervo fotográfico em uma série de exposições já apresentadas em Ouro Preto, Diamantina, Tiradentes e Belo Horizonte, e em Brasília. A exposição, que chega agora ao Rio de Janeiro, é o desdobramento do projeto vencedor do XII Prêmio Marc Ferrez de Fotografia da FUNARTE – “Assis Horta: A Democratização do Retrato Fotográfico através da CLT”.

 

Guilherme Horta, que apesar do sobrenome, não é parente de Assis Horta, conta que a partir de 1° de maio de 1943, com a criação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), milhares de trabalhadores precisaram tirar seus retratos para a carteira profissional – talvez em seu primeiro contato com uma câmera fotográfica. “A fotografia, que até então se destinava a retratar a sociedade burguesa, começou a ser descoberta pela classe operária. O retrato entrou na vida do trabalhador: realizou sonhos, dignificou, atenuou a saudade, eternizou esse ser humano, mostrou sua face”, destaca o curador. Assis Horta manteve estúdio fotográfico em Diamantina entre as décadas de 1940 e 1970, registrando em chapas de vidro praticamente toda a sociedade diamantinense da época. Seu acervo fotográfico de retratos da classe operária brasileira representa um corte nessa nova possibilidade da fotografia no Brasil e é o objeto dessa exposição, que decifra a gênese do trabalhador brasileiro legalmente registrado.

 

Para que o público conheça a potência da obra de Assis Horta, a exposição conterá três módulos. O primeiro módulo é representado pelo Decreto Lei que instituiu o uso da Carteira de Trabalho (CTPS), e os primeiros retratos 3×4 com data. As fotografias são impressas em papel fine art, e montadas em molduras de madeira sem vidro. Em seguida, o visitante encontrará um confronto entre a fotografia de identidade civil e o retrato como gênero artístico. Por fim, na terceira parte, serão apresentadas imagens do trabalhador no estúdio fotográfico. Sozinho, com os amigos ou com a família, o operário brasileiro, que já havia ganhado sua identidade de cidadão, adquiriu sua dignidade e imortalidade por meio do retrato fotográfico.

 

A mostra terá uma parte interativa: uma reprodução do antigo estúdio fotográfico “Foto Assis” permitirá ao visitante interagir com a exposição, fazendo suas próprias imagens (ou selfies) nos mesmos moldes das antigas, revivendo todo o cenário e o clima das fotografias de Assis Horta. Ao lado, vitrines com materiais do estúdio original: filmes, câmera e materiais de laboratório vão mostrar o processo de trabalho de Assis Horta. Por fim, haverá uma fotografia em grande formato, mostrando em 360 graus a cidade mineira de Diamantina, onde ficava o estúdio do fotógrafo.

 

 

Até 05 de maio.

Arte contemporânea angolana

A Caixa Cultural Rio de Janeiro, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, na Galeria 3, a exposição “Daqui pra frente – Arte contemporânea em Angola”, com obras de três artistas da novíssima geração do país: Délio Jasse, Mónica de Miranda e Yonamine. Com a curadoria de Michelle Sales, a mostra exibe fotografias, vídeos e instalações, fazendo um mapeamento da fronteira estética entre a Angola de hoje e as imagens submersas e muitas vezes escondidas de um passado colonial recente. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal.

 

“A representação da fronteira, excessivamente recorrente no pensamento atual, discute as trocas culturais que ocorrem na situação de pós-independência que muitas das ex-colônias vivem hoje. “Na maioria das vezes, tais territórios são encarados como esquecidos, vigiados e vazios”, comenta a curadora Michelle Sales.

 

É justamente essa perspectiva que o trabalho dos artistas busca problematizar e questionar sob diferentes óticas. As obras de DélioJasse, por exemplo, consistem, num embate direto de referências que fazem alusão à crise de todo o modelo colonial e seus desdobramentos contemporâneos: guerra, exílio, perdas. Através do retrato de rostos escavados numa antiga feira de antiguidades de Lisboa, Délio nos coloca frente a frente com aquilo que mais as práticas coloniais se ocuparam de apagar: as identidades.

 

Já Mónica de Miranda mostra os pedaços de uma memória coletiva que resiste no tempo. Angolana da diáspora, seu trabalho atravessa diversas fronteiras e esboça uma paisagem de identidades plurais inspiradas pela própria existência e vivência de uma artista itinerante. Sua poética autoral e autorreferencial, inerente a uma geração que cresceu longe de casa, já lhe rendeu diversos prêmios internacionais.

 

E o trabalho de Yonamine remete à arte urbana, usando referências que vêm do grafite, da serigrafia e da pintura, num embate violento com o acúmulo cultural do caótico cenário político-econômico de Angola. A alusão ao tempo presente é recorrente na utilização de jornais como suporte. São muitas camadas históricas que se somam, produzindo imagens profundamente perturbadoras e desestabilizadoras. O artista fala de um país cujo passado foi sistematicamente apagado, seja pela Guerra Civil, pela ocupação russa, cubana e agora chinesa e coreana.

 

 

Até 14 de maio.