Acervo textual, fotográfico e visual 

23/mar

A CAIXA Cultural Rio de Janeiro apresenta, na Galeria 4, a exposição “À mercê do impossível – Ana Cristina Cesar”, que reúne a obra da poeta carioca tida como uma das principais artistas da geração de poetas que marcou os anos 1970 no Brasil. Serão apresentados escritos, fotografias e vídeos do acervo pessoal de Ana Cristina, visando não só homenagear sua trajetória, mas promover questionamentos e reflexões acerca de sua obra. O projeto tem patrocínio da Caixa Econômica Federal e Governo Federal.

 

A mostra é a primeira no Brasil totalmente dedicada à vida e à obra de Ana Cristina, que completaria 65 anos em 2017. Dividida em quatro diferentes núcleos – textual; fotográfico e videográfico; sonoro e kids – a montagem do espaço se destaca pelas criativas saídas cenográficas utilizadas para expor de modo alternativo a seleção de poemas escolhidos. Com o objetivo de incentivar a leitura, a curadora Ana Hortides fez questão, ainda, de separar um espaço dedicado ao público infantil, com atividades dirigidas e contação de histórias com educadores. A concepção desse espaço é baseada no pequeno conto O conde que tinha o rei na barriga, escrito pela poeta em sua infância.

 

“A exposição “À mercê do impossível – Ana Cristina Cesar” faz um duplo convite ao público da cidade do Rio de Janeiro: por um lado, a entrar em contato com a obra, a biografia e a fortuna crítica a respeito desta que tem se consolidado como uma das maiores poetas brasileiras do século XX; por outro, a mergulhar no prazer de seu texto, e ficar, como diz Ana no verso que dá título à mostra, à mercê do impossível” declara Thiago Grisolia, um dos curadores. “Para tanto, contaremos com peças de seu acervo de fotografias e documentos, as primeiras edições de seus livros, um filme sobre sua poética e ainda realizaremos um seminário com importantes estudiosos de sua obra. Mas, sobretudo, contaremos com seus poemas, que, sendo a parte mais essencial de seu legado, ganharão corpo na galeria da Caixa Cultural Rio de Janeiro”, enumera.

 

 

Seminário e catálogo

 

No dia 1º de abril (sábado), haverá um seminário com três mesas que discutirão diferentes temáticas acerca da obra de Ana Cristina Cesar. A primeira mesa, Biografia/Ficção, terá início às 14h, com a participação de Heloísa Buarque de Hollanda e Armando Freitas Filho. Às 16h, se inicia a mesa Intimidade/Mostração/Confissão, com a presença de Alice Sant’Anna, Italo Moriconi e Luciana diLeone. Em seguida, às 18h, a mesa Corpo/Crítica/Clínica, com Flavia Trocoli e Roberto Corrêa dos Santos, fecha o ciclo de debates. A mediação fica por conta do curador Thiago Grisolia e a entrada é franca, sujeita à lotação da sala. Após a última mesa, será lançado o catálogo da mostra.

 

 

Sobre a artista

 

Ana Cristina Cesar nasceu em 02 de junho de 1952, no Rio de Janeiro. Desde os quatro anos de idade, fazia poemas que, por ainda não saber escrever, eram ditados para sua mãe. Foi licenciada em Letras pela PUC-Rio, mestre em Comunicação pela UFRJ e Master of Arts (M.A.) em Theory and Practice of Literary Translation pela Universidade de Essex, na Inglaterra. Em vida, publicou “Cenas de abril”, de 1979, “Correspondência Completa”, de 1979, Luvas de pelica, de 1980, e A teus pés, de 1982, além de “Literatura não é documento”, de 1980, fruto de sua pesquisa acadêmica. Nos anos 1970, consolidou-se como uma das principais artistas da chamada “geração mimeógrafo”, com uma extensa produção de escritos, diários, correspondência e até mesmo esboços e desenhos. Após sua morte, em 1983, outros textos seus foram lançados em diversas edições, como “Poética”, de 2013. Além de poeta, foi professora, tradutora, ensaísta e pesquisadora, tendo sempre a literatura como principal objeto de trabalho.

 

 

Programação do Seminário:

 

1º de abril (sábado) –  Sala Margot

14h – Biografia/Ficção – Palestrantes: Heloísa Buarque de Hollanda e Armando Freitas Filho

16h – Intimidade/Mostração/Confissão – Palestrantes: Alice Sant’Anna, Italo Moriconi e Luciana diLeone

18h – Corpo/Crítica/Clínica – Palestrantes: Flavia Trocoli e Roberto Corrêa dos Santos;

 

Lançamento do catálogo

 

 

De 21 de março a 07 de maio.

Alfredo Jaar na Luisa Strina

14/mar

A Galeria Luisa Strina, Cerqueira César, São Paulo, SP, apresenta “The Politics of Images”, segunda exposição individual de Alfredo Jaar na galeria. Alfredo Jaar, Chile, 1956, é artista, arquiteto e vídeo maker. Após completar seus estudos no Chile, fixou-se – em 1982 -, Nova York, cidade onde vive e trabalha atualmente. Sua prática artística é focada na criação, distribuição e circulação de imagens na esfera pública.

 

O ponto de partida da exposição é a instalação “The Sound of Silence”, de 2006, “um teatro construído para uma única imagem” (Jacques Rancière). O trabalho conta a história de Kevin Carter (1960 – 1994), fotojornalista sul-africano que se tornou famoso por sua fotografia ganhadora do prêmio Pulitzer. Tirada enquanto Carter se reportava do Sudão em 1993, a fotografia mostra uma criança em estado de inanição se rastejando pelo chão enquanto um abutre a observa. Após o suicídio do autor, a fotografia se tornou propriedade de sua filha Patricia Megan Carter e seus direitos são controlados pela Corbis, a maior agência fotográfica do mundo, a qual controla mais de cem milhões de imagens e é de propriedade de Bill Gates. Usando uma linguagem sucinta, Jaar questiona não só os limites do representável e da possibilidade de observar, mas também trata de questões de responsabilidade tanto do fotógrafo individualmente quanto daqueles que controlam a circulação e a disseminação das imagens, e finalmente, o espectador.

 

“One Million Points of Light”, de 2005, foi realizado na costa de Angola, em Luanda. A câmera foi posicionada em direção ao oceano, apontando diretamente ao Brasil, em memória e homenagem aos 14 milhões de escravos enviados de Angola para o Brasil. A fotografia é reproduzida numa caixa de luz e em cartões postais que os visitantes são convidados a levar para casa.

 

“Searching for Africa in LIFE”, de 1996, foca na ausência de representação e na ausência da África na revista de notícias LIFE (a LIFE foi uma revista de fotojornalismo, fundada em 1936 por Henry Luce- também fundador da revista Time – e encerrou suas atividades com a edição de maio de 2000). O trabalho consiste em uma coleção de 2128 capas, de 1936 a 1996, mostradas em ordem cronológica e visando refletir a chocante escassez de cobertura do continente africano por uma das mais influentes revistas do mundo.

 

Jaar usa uma fórmula similar no trabalho intitulado “From Time to Time”, de 2006, o qual, outra vez, traz à tona os esteriótipos racistas que governam a percepção da mídia ocidental em relação à África. São nove capas recentes da revista Time dedicadas à África divididas pelos únicos três assuntos geralmente cobertos: doenças, fome e conflito armado.

 

 

Sobre o artista

 

Alfredo Jaar realizou exposições individuais em instituições como o New Museum, Nova York, 1992; White chapel Gallery, Londres, 1992; Museum of  Contemporary Art, Chicago, 1992; Moderna Museet, Estocolmo, 1994; Museum of Contemporary Art, Roma, 2005; Berlinische Galerie, Alte National galerie e Neue Gesellschaft für Bildende Kunst, Berlim, 2012; e Museum  of  Contemporary Art Kiasma, Helsinki, 2014.

 

O trabalho do artista faz parte de coleções tais como a do Museum of Modern Art, Nova York; Tate Collection, Londres; Guggenheim Museum, Nova York; LACMA e MOCA, Los Angeles; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid; Centre Georges Pompidou, Paris; Moderna Museet, Estocolmo; e MASP, São Paulo.O artista participou de algumas das mais estabelecidas exposições coletivas ao redor do mundo, tais como a Bienal de Veneza (1986, 2007, 2009, 2013); Documenta, Kassel (1987, 2002); e Bienal Internacional de São Paulo (1987, 1989, 2010).

 

 

De 14 de março a 29 de abril.

Vera Chaves Barcellos no Paço Imperial

08/mar

Fotografias, manipulações e apropriações

 

O Centro Cultural Paço Imperial – RJ em parceria com a Fundação Vera Chaves Barcellos inaugura em 16 de março, “Fotografias, manipulações e apropriações”, exposição individual fotográfica da artista Vera Chaves Barcellos, importante nome da arte contemporânea brasileira. A seleção de trabalhos, feita pela própria artista, abrange um recorte temporal de mais de quatro décadas de sua produção criativa, ancorada na utilização estética, crítica e reflexiva da imagem fotográfica. O público poderá conferir séries sequenciais de imagens que instigam a percepção do espectador para um exercício de visualidade mais amplo, sistêmico e crítico. A exposição apresenta obras representativas dos diversos modos de utilização do emprego da cor e da imagem fotográfica – entre manipulações e apropriações – experimentados pela artista desde os anos 1970 até a atualidade. Assim, simples registros fotográficos – ora exibidos como tal, ora manipulados – imagens coletadas da mídia impressa, televisiva e da internet, geram séries que, expandidas e reconsideradas pelo pensamento visual da artista, originam e estimulam ângulos inéditos de relacionamento com a fotografia.

 

 
Vera Chaves Barcellos Fotografias, manipulações e apropriações

Por Claudia Giannetti

 

A exposição monográfica de Vera Chaves Barcellos exibe, por primeira vez no Rio de Janeiro, um amplo panorama da obra da artista gaúcha com e em fotografia. Vinte trabalhos, desde 1975, cobrem quatro décadas de criação, nos quais convivem dois tipos de produção: obras híbridas (fotografias manipuladas e imagens apropriadas de registros da mídia) e fotografias autorais. A linguagem serial, amplamente explorada, desencadeia múltiplas associações imagéticas e narrativas.

 

Seis eixos temáticos principais estabelecem diálogos temporais e nexos conceptuais e formais entre as obras. Gestos: “Do aberto e do fechado”, “O grito”, “L’ Intervallo Perduto” e “The Birds”. Expressões faciais e gesticulações comunicam emoções e estados ricos em significados, que, descontextualizados, podem transitar da eloquência para o silêncio. Heróis anônimos: “Os Nadadores”, “Menexéne” e “O Peito do Héroi”. Os desportistas, os prisioneiros e os mitos personificam condições e valores socioculturais e políticos. As intervenções nas imagens reais, apropriadas da mídia, apagam suas identidades, como também acontece com nossas histórias e memória. Despojos: “Manequins de Düsseldorf” e “Caixotes em três tempos”. Os motivos insólitos das fotografias, encontrados por acaso, vinculam a noção de despojamento com a alusão ironica à nossa cultura do consumo e da uniformização. (Des)construções: “Fata Morgana”, “Letrados” e “Casasubu”. Nas sequências fotográficas, a primeira explora superposições gradativas de suas partes e as outras documentam insólitas fachadas frontais de edificações, sendo que na última as manipulações criam simulacros inexistentes na realidade. Retratos: “Meus pés”, “Auto-retrato”, “A filha de Godiva”, “Cão veneziano” e “Retrato”. Para a construção de figuras identitárias, sejam estas as de um carro, uma pessoa ou um animal, a artista recorre a ópticas singulares. Arte sobre arte: “As you like”, “Jogo de damas” e “Zócalo”. As reflexões acerca da arte, características do seu trabalho, ironizam sobre a arbitrariedade dos critérios de valor na arte e questionam os esteticismos de certos tipos de pintura.

 

Ao entender o ato fotográfico como processo e a fotografia como um campo de possibilidades e uma linguagem a transgredir, Vera Chaves Barcellos avançou no tempo e levou à prática as noções hoje tão em voga de pós-fotografia e meta-fotografia.

 

 
De 16 de março a 21 de maio.

Fotos de Luiza Baldan

A artista Luiza Baldan, realiza sua primeira exposição individual na Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, na qual exibe trabalhos inéditos resultantes de sua intensa pesquisa de quase um ano navegando na Baía de Guanabara observando seu cotidiano e suas paisagens.

 

A exposição “Estofo”,  exibirá fotogravuras e suas matrizes, uma videoinstalação e um texto da artista. “Estofo”, que na linguagem náutica significa intervalo de tempo onde não há corrente de maré, é o desdobramento do projeto “Derivadores”, feito em 2016 em parceria com o artista Jonas Arrabal, dentro da bolsa “Viva a Arte!” (Secretaria Municipal de Cultura), com o apoio da empresa Prooceano e do Projeto Grael, publicado pela Automática Edições.

 

Luiza Baldan iniciou sua trajetória em 2002, e poucos anos depois já era reconhecida na cena contemporânea. Em 2009, fez uma residência no Conjunto Residencial Prefeito Mendes de Moraes (conhecido como Pedregulho), projetado por Affonso Eduardo Reidy, e desde então seus trabalhos envolvem deslocamentos e imersões em residências temporárias diversas. A partir de 2014, com o projeto “Perabé”, realizado entre São Paulo e Santos, seus projetos passaram a ter longa duração.

 

No grande espaço térreo da galeria estará uma série de 22 fotogravuras feitas a partir dos registros fotográficos da artista em câmeras analógicas e celular durante suas incursões pela Baía de Guanabara. Serão expostas as matrizes de fotopolímero originais, uma série de fotogravuras emolduradas e outra disposta em uma caixa para o manuseio do público. O projeto foi produzido no Estúdio Baren, junto com João Sánchez. Em outra parede, o público verá instalado um texto de Luiza Baldan escrito ao longo da realização do projeto, ao lado de uma carta náutica dos terminais da Baía de Guanabara.

 

No andar superior ficará a videoinstalação “Suspiro” (2017, HD, p/b, áudio em 8 canais). Luiza Baldan captou som e imagem do detalhe de um dos pilares da ponte Rio-Niterói, por onde se percebe o movimento das águas dentro da estrutura oca. “Através desses furos, o pilar respira”, destaca a artista. Para este trabalho, ela contou com a câmera de David Pacheco e tratamento de áudio de Nico Espinoza.

 

 

 

Uma profunda imersão, um mergulho, sem nunca ter enfiado o corpo inteiro n’água

 

O contato de Luiza Baldan com a Baía de Guanabara foi poético, e seu interesse abrangeu também sua história, porta de entrada da cidade pelos descobridores portugueses, e o fato de estar presente “na vida de todos, embora talvez sem que tenham noção desta grandeza”. A artista fez “uma profunda imersão, um mergulho, sem nunca ter enfiado o corpo inteiro n’água”.

 

Luiza Baldan navegou pela Baía durante mais de nove meses, a maior parte deles duas vezes por semana, a bordo de um barco com uma equipe que monitora o lixo flutuante. Na primeira etapa do projeto, ela e o artista Jonas Arrabal transformaram um derivador, artefato científico usado para o estudo do comportamento das correntes marítimas, em uma câmera pinhole, para fotografar a deriva na Baía de Guanabara.

 

O projeto “Estofo” é um desdobramento desta pesquisa, uma consequência da observação nos deslocamentos frequentes da artista pela Baía – orla da Urca, Aterro até os portos, cruzando a ponte até a Ilha do Governador, praia do Galeão e canal de Ramos; orla de Niterói até a boca da Baía de volta à Urca – em que percorreu a Baía em toda a sua extensão, incluindo a área que margeia Magé, a APA de Guapimirim, além de diversas ilhas, como Jurubaíba, Paquetá e Pombeba.

 

Ela conta que “foi um privilégio estar na Baía de Guanabara, fora do roteiro habitual das barcas”. “Chorei, quando vi o Rio Macacu desembocar na Baía”, lembra. Luiza Baldan conta que a segunda vez que chorou, por razões opostas, foi quando entrou na Ilha de Pombeba, em frente à região portuária, onde encontrou “uma grande concentração de lixo, tanto o carregado pelas marés quanto o depositado pela a extração de metal pesado”.

 

 

Sobre a artista

 

Nascida no Rio de Janeiro, em 1980, Luiza Baldan graduou-se em belas artes, com foco em Fotografia e time-based media, e história da arte pela Florida International University, Miami, em 2003. Foi aluna e atualmente é professora na EAV Parque Lage. Em 2010 concluiu seu mestrado e hoje é doutoranda em belas artes (linguagens visuais), na EBA/UFRJ. Dentre as exposições individuais recentes, destacam-se “Perabé” (Centro Cultural São Paulo), em 2015; “Build Up” (MdM Gallery, Paris), em 2014; “Corta Luz” (Pivô, São Paulo) e “Índice” (MAM Rio), em 2013; “São Casas” (CCD/Studio-X, Rio), em 2012; “Algumas séries” (MAC Niterói), em 2011;  e “Sobre umbrais e afins” (Plataforma Revólver, Lisboa), e “Luiza Baldan” (Centro Universitário Maria Antonia, São Paulo), em 2010. As mostras coletivas recentes destacadas são “Finalistas PIPA” (MAM Rio), em 2016; “Fotografia Contemporânea Brasileira: Novos Talentos” (Caixa Cultural Rio e Brasília), em 2015; “Cruzamentos: Contemporary Art in Brazil”, The Wexner Center for the Arts (Columbus, EUA) em, 2014; “Lugar Nenhum” (Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro), “Travessias 2: Arte Contemporânea na Maré” (Galpão Bela Maré, Rio de Janeiro); “Rumos Artes Visuais 2012-2013 (Itaú Cultural, São Paulo, MAMAM, Recife, e Paço Imperial, Rio), em 2013; “Collecting Collections and Concepts” (Fábrica ASA, Guimarães, Portugal), em  2012; “Mapas Invisíveis” (Caixa Cultural Rio), 2010; “O Lugar da Linha” (Paço das Artes, São Paulo, MAC, Niterói), em 2010;   “37º Salão de Arte Contemporânea de Santo André”, “Nova Arte Nova” (CCBB Rio de Janeiro e São Paulo), em 2009.Luiza Baldan ganhou diversos prêmios e bolsas de residência artística, está presente em várias publicações, e seu trabalho integra prestigiosas coleções públicas como as do MAM Rio, MAM SP, IPHAN, e as prefeituras de São Paulo e de Santo André.

 

 

De 16 de março a 28 de abril.

Fotos de Christiana Guinle

07/mar

A exposição “Décadence Noire”, da atriz e artista plástica Christiana Guinle, será aberta dia 08 de março na Galeria Aliança Francesa, Botafogo, Rio de Janeiro, RJ. Seu trabalho é feito exclusivamente em Iphone, desde foto a filtros, aplicações e processos criativos, e tem como tema central a mulher. Instiga o público a pensar as nossas questões de forma muito contemporânea. São 18 obras, 15 fotografias e 3 instalações, de referências clássicas às modernas, de olhares sobre a história contemporânea e a sociedade. A mostra foi presentada com sucesso em Paris, na respeitada Maëlle Galerie, e na Normandia, na Semaine de Quilly.

Nesta exposição, Christiana Guinle transpõe sua experiência atuando como narradora, diretora de imagem e fotógrafa. Através da sua arte, a artista constrói uma ponte entre o real e o insondável. Cada filtro é uma marca, índice de traços da alma, de referências clássicas às modernas, de olhares sobre a história contemporânea e a sociedade. As obras respondem e se confrontam para contestar questões modernas e enfatizar os tormentos contemporâneos. Suas obras estão repletas de amor e crítica, violência e sensualidade, escuro e elegante, decadente e irresistível.

 

A artista se alimenta de uma coleção de imagens de mais de 40.000 itens que compõem suas fontes de criação feitas, unicamente, em smartphone, que determina a linguagem deste processo singular. Usa exclusivamente esta técnica, experimentando as possibilidades infinitas oferecidas pelas aplicações digitais.

 
“Telefones celulares atuais alcançam uma qualidade de imagem ideal para o trabalho da artista, ferramenta pessoal de laboratório experimental próprio. Então, Christiana captura, seleciona, modifica, pinta em camadas após camadas, filtros depois de filtros, aplicação após a aplicação, fundindo seu processo criativo com o mecanismo digital”, explica a curadora Nina Sales.

 

 
Sobre a curadora

 

Nina Sales é franco-brasileira. Como diretora artística e curadora, concebeu e realizou quatro exposições individuais (Iris Della Roca, Rudi Sgarbi, Christiana Guinle, Elaine Brand), sete exposições coletivas (Passage(s), Vu DéjàVu PasVu, Enchanté Paris!, Braises d’aujourd’hui, Panor’Almas 1 & 2, Zone Brésil(S), duas conferências (Beatriz Lemos, Cristiana Tejo) e duas residências (Sean Hart, Gilberto de Abreu).

 

 
Sobre a artista

 
Christiana Guinle se iniciou nas artes plásticas através da pintura, fazendo seus primeiros trabalhos sob a influência de seu primo, o famoso pintor Jorge Guinle. Logo ela desiste dos pincéis em favor das Artes Cênicas, tornando-se um ícone do patrimônio audiovisual brasileiro. Durante dez anos, realiza pesquisas no campo da arte digital, questionando as novas tecnologias a serviço da expressão fotográfica. Suas últimas obras são o resultado de um processo técnico único. Ela ‘fabrica’ suas obras a partir de imagens reinterpretadas e modificadas por meio de ferramentas de retoque e pintura digital. A artista explora todos os movimentos da história da arte, inserindo referências clássicas ou modernas, criando um repertório de imagens com acentos “Neo-Pop” fundamentalmente inovadores. Ícone inesperada das redes sociais se tornou um fenômeno social. Ela tem participado em inúmeras exposições coletivas em todo o mundo, como Nova York, Paris e Rio de Janeiro.

 

 

Palestra e Bate-papo com a artista:

10 de março de 2017 – 19h30min. – Palestrante: Angela Ancora da Luz

 

 
De 09 de março a 23 de abril.

Mamute, ano cinco

25/fev

A Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, anuncia a abertura da exposição “Do Abismo e Outras Distâncias”, no dia 09 de março, a partir das 20hs, em comemoração ao seu quinto ano de atividades profissionais. A mostra, tem curadoria de Bruna Fetter e reúne obras dos 18 artistas representados, dentre os quais Antônio Augusto Bueno, Bruno Borne, Claudia Barbisan, Claudia Hamerski, Clovis Martins Costa, Emanuel Monteiro, Fernanda Gassen, Frantz, Hugo Fortes, Marília Bianchini, Pablo Ferretti e Sandra Rey.

 

 

A palavra da curadoria

 

Do Abismo e Outras Distâncias

 

Em um cenário social e político no qual parece cada vez mais difícil a convivência entre opiniões e crenças distintas, a internet e as redes sociais têm sido um fórum que – mais do que permitir a exposição, a difusão e o amplo debate de ideias – vêm aprofundando as distâncias entre diferentes pontos de vista. Ao invés de ampliar suas visões de mundo através do acesso praticamente irrestrito à informação, as pessoas tendem a viver cada vez mais dentro de seus universos pessoais, ou bolhas, como chamamos comumente. À facilidade de um mero clique, laços virtuais e reais são desfeitos. Familiares deixam de se falar. Colegas de trabalho cortam relações para além das estritamente necessárias. Vizinhos passam a implicar (ainda mais) entre si. Amizades de infância são desfeitas. Com alguns outros cliques fornecemos informações sobre preferências ideológicas à grande matrix que, se valendo de algoritmos, traça nosso perfil e passa a oferecer aquilo que nos é confortável e corrobora nossas verdades. A opinião subjetiva e individual passa a ser a verdade disponível, e não aceitamos nada além dela.
Nesse contexto, no qual ‘pós-verdade’ foi escolhida a palavra do ano de 2016 pelo dicionário Oxford, falta tolerância para com a diferença. Segundo a definição apresentada pelo dicionário, o adjetivo faz referência a ‘circunstâncias em que os fatos objetivos têm menos influência na formação de opinião pública do que apelos emocionais e opiniões pessoais’. Os editores esclarecem: no termo, o prefixo ‘pós’ não é utilizado como referência a um acontecimento passado (como em pós-guerra), mas sim para salientar a rejeição ou irrelevância do conceito precedido. Como no caso em que notícias falaciosas são compartilhadas milhares de vezes mesmo que seus disseminadores estejam cientes de sua carga de inverdade. Para quem viraliza as supostas notícias, não importa que dados concretos e informações comprovadas atestem a não veracidade de tais declarações, apenas que sua reverberação reifique suas próprias crenças. Uma versão de Maquiavel 3.0 para justificar os meios em função dos fins.
Para além da falta de respeito, há uma escassez generalizada de empatia. Em um mundo no qual as minorias estão cada vez mais cientes da relevância de reforçar seu lugar de fala e de garantir que suas vozes sejam amplificadas, irônica e paradoxalmente há uma surdez coletiva para a diferença se aprofundando. Tal surdez possui uma estética própria: a estética dos muros de separação, das barreiras de contenção, das fronteiras que, aos poucos, se convertem em abismos.
Refletindo a respeito dessas questões e do papel da arte em tempos tão conturbados, Do Abismo e outras distâncias celebra os cinco anos de vida, projetos e proposições da galeria Mamute. A partir de uma seleção de trabalhos – em sua grande maioria inéditos -, a mostra se propõe a lidar com a diferença, com o ruído, e a nos fazer olhar para as distâncias existentes, sejam elas realidades ínfimas, ou metáforas abissais. Trazendo obras de todos os artistas representados pela galeria, a mostra questiona os gritos e os silêncios, as tensões e os embates da vida contemporânea, propondo aproximações dialógicas entre obras de poéticas bastante distintas.
Essas aproximações aparecem na mostra calibrando as ‘outras distâncias’ presentes no título, em encontros ora delicados, ora tensos. Como uma corda que, por proximidade física, vibra junto com outra mesmo sem ter sido tocada, a ideia aqui é acionar tensões poéticas que nos permitam fazer conexões simbólicas para além do dito e do desdito. Talvez seja utópico pensar que a arte tenha capacidade para derrubar barreiras e permitir nos aproximarmos uns dos outros com menos defesas. Mas talvez ela possa, pela via do sensível, nos ajudar a reconhecer e experienciar aquilo que mal cabe em palavras, tornando o diferente menos distante.
Bruna Fetter

Arquitetura do Secreto

21/fev

O secreto está aqui. Supostamente revelado. Por que não admitir que a arquitetura mencionada no título desta exposição pode ser também a arquitetura desta galeria?
A Galeria do Ateliê inicia o ano 2017 com a exposição “Arquitetura do Secreto” da artista Monica Barki apresentando de 24 fotografias que registram performances realizadas em motéis do Rio de Janeiro entre 2013 e janeiro de 2017. A artista atua como protagonista revelando temas de histórias pessoais, assim como da esfera existencial coletiva. Monica espreita os bastidores onde são reproduzidos os estereótipos do feminino, tornando visível um erotismo pleno de alegorias, perversões e prazeres. A Galeria do Ateliê fica na Avenida Pasteur, 453 Urca, Rio de Janeiro, RJ.

 

Para o curador Frederico Dalton, “Arquitetura do Secreto” de Monica Barki é uma exposição sobre relações, sobre o olhar do poder e o poder do olhar. São muitos os atores aqui. E no drama destas relações se destacam o dizível e o indizível, o que pensamos saber sobre nós mesmos e os enormes esforços que empreendemos para de alguma forma existir. É um evento sobre o olhar do poder, sobre como o poder se veste, se configura e se organiza para melhor nos enquadrar; e sobre o poder do olhar, sobre como o poderoso olhar do espectador é capaz de nos desnudar”.

 
Sobre a artista

 
Entre as principais mostra individuais realizadas pela carioca Monica Barki destacam-se: Desejo, Galeria, Rio de Janeiro, 2014; Arquivo sensível, Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro, 2011; Lady Pink etsesgarçons, Galeria Anna Maria Niemeyer, Rio de Janeiro, 2010; Collarobjeto, Centro Cultural Recoleta, Buenos Aires, 2001; Colarobjeto, Galeria Nara Roesler, São Paulo, 2000;Paço Imperial, Rio de Janeiro, 2000; Pinturas, Centro Cultural Banco do Brasil, Rio de Janeiro, 1992. Além de mostras coletivas no Brasil e no exterior, a artista destaca: Contemporary Brazilian Printmaking, International Print Center New York, Nova Iorque, 2014; Gravura em campo expandido, Estação Pinacoteca, São Paulo, 2012; Arte em Metrópolis, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, 2006; Museu Oscar Niemeyer, Curitiba, 2006; Arte Brasileira Hoje, Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM-RJ, 2005; 11ª Bienal Ibero-Americana de Arte, México,1998; 21ª Bienal Internacional de São Paulo, 1991. A artista possui obras nos acervos do MAM-RJ; MAM-SP; Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, MG; Coleção IBM, Rio de Janeiro e São Paulo; Museu de Arte Contemporânea do Paraná, Curitiba, PR; Itaú Cultural, São Paulo, SP; Museu de Arte Contemporânea de Niterói, Coleção João Sattamini, RJ, e Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, Fortaleza, CE, entre outras.

 

Sobre o curador

 

O carioca Frederico Dalton formou-se em cinema pela UFF e é mestre em comunicação pela UFRJ. Estudou fotografia e vídeo na Academia de Arte (Kunstakademie) de Düsseldorf (Alemanha) com Nam JunePaik e NanHoover. Professor de Artes na FUNARTE, SESC e no Ateliê da Imagem, Rio de Janeiro. Frederico Dalton também é escritor, tendo publicado o e-book “Minificções” pela Amazon.com.Seu trabalho artístico está documentado no livro intitulado “Fotomecanismos”, editado pelo Oi Futuro, Rio de Janeiro, em 2007 e em outras publicações. Vem produzindo textos para exposições e é o idealizador e curador da Galeria Transparente, uma galeria virtual que também se configura como exposição física e que teve exposições e eventos na Fundição Progresso, Sesc Friburgo e Centro Cultural Justiça Federal, Rio de Janeiro, RJ.

 

 

Até 31 de março.

Acervo do MASP no Rio

09/fev

Exposição leva acervo do MASP, o maior da América Latina, ao CCBB do Rio de Janeiro, de Belo Horizonte e Brasília; parceria entre as instituições tem patrocínio do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre.

 

Ao longo da História da Arte, a representação da figura humana foi um meio de demonstração de poder do Clero e da aristocracia, da adoração de deuses e santos, da mimetização do real, da transformação da sociedade e da própria arte nos séculos 19 e 20. É esta diversidade de formas de representação que a mostra “ENTRE NÓS – A figura humana no acervo do MASP” apresenta ao público carioca, reunindo mais de 100 obras do maior acervo de arte da América Latina. A exposição tem curadoria de Rodrigo Moura e Luciano Migliaccio, da equipe de curadores do MASP, e traz obras dos maiores nomes da arte mundial como Rafael, Goya, Modigliani, Van Gogh, Picasso, Degas- e da arte brasileira: Almeida Júnior, Anita Malfatti, Portinari, Segall e Brecheret, entre outros tantos. Abrangendo um arco histórico que se inicia entre os anos 900-1200 D.C., com as peças pré-colombianas, e vai até os dias de hoje, estabelecendo um recorte cronológico e um diálogo entre as distintas formas de representação e culturas, a exposição abre com peças do acervo que reúnem as mimetizações do sagrado na arte da Europa Medieval, da África e da América pré-colombiana, compondo um diálogo entre os diferentes eixos da coleção do MASP.

 

Da Europa pré-renascentista, a mostra traz a “Nossa Senhora com o Menino” (1310-20), um dos motivos mais presentes na arte do período, esta atribuída ao Maestro de San Martino alla Palma, e Cristo Morto (1480-1500), de Niccoló di Liberatore dito l’Alunno. O jovem Rafael apresenta seu domínio da perspectiva e dos recursos compositivos e narrativos que o fez se destacar entre os artistas de seu tempo com “Ressurreição de Cristo” (1499-1502). As obras estão em diálogo com a escultura “Sant’Ana e a Virgem criança”, criada no século XVIII por um escultor baiano desconhecido, e esculturas da divindade Yorubá, presente em tribos da região do Congo e da Nigéria.

 

O Renascimento é o momento em que a pintura se volta para a busca da do humano na construção de um caráter exemplar, inserido no contexto histórico. Na mostra, esse novo tempo está representado nas obras de artistas holandeses como “Oficial Sentado”, 1631, de Frans Hals, e “Retrato de um desconhecido”, (1638-40), de Anton Van Dyck, obra inspirada na estética de Tizziano, que traz a representação de um ideal individual de nobreza por meio da figura de um melancólico aristocrata inglês.

 

O pintor e gravador espanhol Francisco Goya y Lucientes está presente com” Retrato da condessa de Casa Flores” (1790-1797) em diálogo com “A educação faz tudo” (1775-1780), do francês Jean-Honoré Fragonard. As obras, em composição com dois dos principais nomes da pintura acadêmica brasileira do século 19,“Interior com menina que lê” (1876-1886), de Henrique Bernardelli, e “O pintor Belmiro de Almeida” (século 19), de José Ferraz de Almeida Junior – evocam o surgimento do Iluminismo europeu e a busca por um ideal civilizatório brasileiro durante o Segundo Reinado.

 

A partir dos séculos 19 e 20, a mimetização do humano é o meio pelo qual se trabalham a sensibilidade da cor e da forma, explorando a experiência plástica, como na “Rosa e azul – As meninas Cahen d´Anvers” (1881), de Pierre-Auguste-Renoir, e “O negro Cipião” (1866-1868), de Paul Cézanne, obra que sintetiza os aspectos da pintura moderna.

 

“Nus” (1919), da pintora francesa Suzanne Valadon, tem como referência a concepção da cor puramente decorativa do pós-impressionismo e de Matisse para expressar o desejo de liberdade e comunhão com a natureza como ideal feminino.

 

Pablo Picasso, com “Busto de homem” -(O atleta), 1909, questiona de maneira provocadora os gêneros e limites da tradição pictórica com a figura de um lutador- provavelmente publicada em jornal. Com o formato de um busto, típico da tradição heroica comemorativa, o caráter do personagem em questão é definido a partir de volumes e texturas, como nas culturas grega e africana, que serviram de influência para todos os movimentos artísticos do início do século 20.

 

Desta época, a mostra traz, ainda, obras emblemáticas de Vincent Van Gogh, “A arlesiana” (1890); Paul Gauguin, “Pobre pescador” (1896); Pierre Bonnard, “Nu feminino” (1930-1933); Amadeo Modigliani, com “Retrato de Leopold Zborowski” (1916-1919), e uma série de esculturas de Edgar Degas que mostram a evolução dos movimentos de uma bailarina –“Bailarina que calça sapatilha direita” (1919-1932), “Bailarina descansando com as mãos nos quadris e a perna direita para a frente” (1919-1932) e o feminino, como em “Mulher grávida” (1919-1932) e “Mulher saindo da banheira” (fragmento), 1919-1932.

 

O Modernismo é o momento da instituição de uma nova identidade nacional, por meio do abandono do academicismo que marcou a arte brasileira no período do Império e da Primeira República até 1922, da exploração de novas temáticas, que buscam a composição do caráter nacional, e de técnicas artísticas.

 

Nas obras de Carlos Prado, “Varredores de rua” (Os garis), 1935, Roberto Burle Marx, “Fuzileiro naval” (1938) e “Vendedora de flores” (1947), obra doada ao museu durante a SP-Arte/2015, estão narradas à realidade do povo diante das injustiças do país, assim como Candido Portinari, com “São Francisco” (1941) e Maria Auxiliadora da Silva, com “Capoeira” (1970), que narram traços da cultura popular brasileira.Nomes referenciais do movimento trazem retratos de figuras importantes do mesmo. É o caso do “Retrato de Tarsila”, de Anita Malfatti, e o “Retrato de Assis Chateaubriand”, criador do MASP, por Flávio de Carvalho.

 

As marcas dos intensos conflitos sociais e políticos do início do século 20 estão nas obras do pintor e muralista mexicano Diego Rivera, “O carregador” (Las Ilusiones), 1944, e “Guerra” (1942), de Lasar Segall, imigrante judeu da Lituânia que se muda para o Brasil no início do século 20. Como é o caso também do pintor ítalo-alemão Ernesto de Fiori, que deixa a Alemanha fugindo da repressão nazista e se torna um nome influente do modernismo brasileiro dos anos 1930 e 1940. Do artista, a mostra apresenta a obra “Duas amigas” (1943).Um dos artistas mais importantes do modernismo brasileiro, o escultor de origem italiana Victor Brecheret, criador do “Monumento às Bandeiras”, marco das celebrações do quarto centenário da cidade de São Paulo, está representado por seu “Autorretrato” (1940).

 

A criação de um acervo fotográfico também tem sido uma constante na história do museu, que as sistematizou, entre 1991 e 2012, por meio das doações da coleção Pirelli MASP, com trabalhos de fotógrafos brasileiros ou que possuam ligações com o Brasil. É o caso da fotógrafa de origem suíça Claudia Andujar, cuja série “Yanomami” (1974), feita a partir de longos períodos de imersão nesta cultura indígena, dialoga na mostra com a fotografia de João Musa, Barbara Wagner, Miguel Rio Branco e Luiz Braga.Movimento fundamental para a elevação da fotografia à categoria de arte, o Foto Cine Clube Bandeirante, fundado em 1939, fomentou e divulgou a obra de autores como Geraldo de Barros, “Menina do leite” (1946), e Antonio Ferreira Filho, “Naquele tempo…” (sem data).

 

Os desenhos de Albino Braz, parte do núcleo de 102 obras doadas ao MASP em 1974 pelo psiquiatra Osório César, foram realizados por pacientes do Hospital Psiquiátrico do Juquery, no contexto da Escola Livre de Artes Plásticas. Outrora consideradas “arte dos alienados”, essas obras foram reclassificadas e, enquanto arte brasileira, receberam sua primeira exposição no Museu em “Histórias da Loucura: Desenhos do Juquery”.

 

Artistas contemporâneas também integram a mostra, reforçando o caráter do museu em estar aberto a novas mídias, suportes e linguagens da arte. Uma sala apresenta o vídeo “Nada É” (2014), do artista Yuri Firmeza. Pertencente à série “Ruínas”, o vídeo mostra diferentes momentos da história da cidade de Alcântara, no Maranhão, e a documentação da “Festa do Divino”. Trabalho (2013-16), de Thiago Honório, é uma instalação que se apropria de ferramentas recebidas como presente de operários durante a reforma de um espaço no qual o artista participava de uma residência artística, transformando-as em esculturas que metaforizam o corpo dos trabalhadores.A mostra se encerra com a instalação de Nelson Leirner, “Adoração” (Altar para Roberto Carlos), 1966, que remete a uma nova forma de sagrado nos dias de hoje.

 

 

 

De 08 de fevereiro a 10 de abril.

 

Cores de Robert Capa

08/fev

A exposição “Capa em Cores”, cartaz do Oi Futuro, Praia do Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, apresenta uma faceta menos conhecida do fotógrafo Robert Capa, mas tão fascinante quanto, exibindo uma retrospectiva inédita das imagens coloridas do famoso profissional. Robert Capa foi um dos mais célebres fotojornalistas do século XX. Iniciou sua carreira em 1938, cobrindo na China a guerra contra o Japão. Morreu em 1954 cobrindo a Guerra do Vietnã, ao ser fatalmente atingido.

 

O acervo de cerca de 140 fotografias, feitas com filmes Kodachrome e Ektachrome, inclui retratos de grandes nomes do cinema, da moda e da arte como Picasso, Ava Gardner, Capucine, Humphrey Bogart, Hemingway, Ingrid Bergman e Roberto Rossellini. Ícone da fotografia mundial, o húngaro Robert Capa ganhou fama com seus registros de guerra em preto em branco. A exposição “Capa em Cores”, exibe trabalhos menos divulgados fotógrafo. A partir de 1941, Capa usou regularmente filme colorido, mas ao longo dos anos seu trabalho em cores foi praticamente esquecido. Com curadoria de Cynthia Young, a mostra inclui publicações contextuais e documentos pessoais.

 

Além das imagens, a mostra apresenta objetos e registros pessoais como cartas, revistas que publicaram as suas fotos e até o áudio de uma entrevista – a única gravação existente da voz dele. Entre as cartas, várias correspondências com a equipe da agência Magnum sobre as suas coberturas fotográficas; com o irmão, que o ajudava a vender as fotos, e, em especial, uma carta para a mãe contando sobre a vida em Londres, que revela o lado bem-humorado e divertido do fotógrafo.

 

“Capa em Cores” foi organizado pelo International Center of Photography se tornou possível graças ao Comitê de Exposições do ICP e graças ao Departamento de Assuntos Culturais da Cidade de Nova Iorque em parceria com sua Câmara Municipal. Inaugurada em janeiro de 2014, em NY, a exposição já foi exibida em Budapeste, Tours, Lille e Madrid, chegando agora ao Rio de Janeiro.

 

 
Até 09 de abril.

Fotos na Marcelo Guarnieri/Rio

03/fev

A Galeria Marcelo Guarnieri, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ, inaugura, no dia 9 de fevereiro, a exposição “Série Azul – Caretas de Maragojipe”, com trinta fotografias sobre o Carnaval feitas por João Farkas, – pesquisador da cultura popular – em Maragojipe, pequena cidade no recôncavo baiano. As obras do artista integram importantes coleções no Brasil e no exterior em instituições como a Maison Européenne de la Photographie, na França; International Center of Photography (ICP), nos EUA; Museu de Arte de São Paulo, MASP;  Museu de Arte do Rio, MAR; Museu de Arte Moderna da Bahia, MAM-BA, e Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto.

 

Esta pesquisa para a série fotográfica desta exposição começou há três anos, quando João Farkas conheceu a tradicional festa de carnaval de Maragojipe, que recebeu o título de Patrimônio Imaterial do Estado, por manter, até hoje, a tradição centenária dos “caretas”, pessoas que se fantasiam com roupas coloridas e máscaras de pano que cobrem todo o rosto, com duas grandes orelhas pontudas para o alto. “Essa era a forma das pessoas curtirem o carnaval incógnitas. Esta maneira de brincar o carnaval acontecia em toda a Bahia, há registros em Salvador, mas com o tempo a tradição foi se perdendo e só se manteve nessa pequena cidade do recôncavo baiano”, conta João Farkas, que em seu trabalho pesquisa a cultura popular, já tendo lançado livros sobre a cidade de Trancoso e sobre a Ocupação da Amazônia.

 

João Farkas ressalta que as fotografias que serão apresentadas na exposição “registram o carnaval popular em toda exuberância criativa, que é própria do brasileiro em geral e dos baianos especialmente”. Nas fotos, os “caretas” aparecem em um fundo azul, que foi descoberto pelo fotógrafo na cidade. O muro, de um azul intenso, virou uma espécie de estúdo fotógrafico, onde ele registrou os “caretas” que passavam durante o carnaval. Por isso, a série foi intitulada “Caretas de Maragojipe – Série Azul”. As fotos, que medem 60 cm X 40 cm cada, são impressões digitais de altíssima qualidade em jato de tinta, sobre alumínio, garantindo sua permanência e conservação.

 

Durante três anos, o fotógrafo frequentou e registrou o carnaval de Maragojipe, até chegar nas fotos que serão apresentadas na exposição. “No inicio registrei toda riqueza e variedade da festa em Maragojipe, mas aos poucos fui percebendo e focando nos ‘caretas’ e, finalmente, no grande insight percebi tratar-se de retratos mascarados, com suas expressões e personalidades, num jogo fascinante de simultaneamente esconder e revelar”, diz.

 

Com um aspecto visual riquíssimo, o que chama a atenção de João Farkas é que “essa tradição é o reconhecimento de que criatividade e arte não são privilégio dos ‘artistas’ mas são características universais latentes em todos os seres humanos”. De acordo com o curador Diógenes Moura: “este trabalho mostra uma tradição popular registrada anteriormente por fotógrafos como Pierre Verger e Marcel Gotherot, mas agora resignificada pelas informações culturais contemporâneas sem perder suas raízes”. O também curador Paulo Herkenhoff considera que “esta Série Azul sintetiza a expressão da cor do século XXI”.

 

 

 

Sobre o artista

 

João Farkas nasceu em São Paulo, em 1955, e vive e trabalha entre São Paulo e Salvador. Formou-se em Filosofia pela Universidade de São Paulo e continuou sua formação como fotógrafo em Nova York, no International Center of Photography e na School of Visual Arts. Seu trabalho-documento “Retratos da Ocupação da Amazônia” recebeu a bolsa Vitae e o Prêmio Aberje, em 1988. Seu trabalho “De Trancoso ao Espelho da Maravilha” que retrata a vida naquele vilarejo bahiano antes da invasão turística, foi objeto de publicação em 3 livros: “Museu Aberto do Descobrimento” e Nativos e Biribandos” e “Trancoso”, publicado pela Editora Cobogó, em 2016. Publicou, ainda, o livro “Amazônia Ocupada” (2015) coeditado e apresentado por Paulo Herkenhoff. Dentre suas exposições mais recentes estão: “A cor do Brasil” (2016), no Museu de Arte do Rio (MAR); “Amazônia”, na Galeria Marcelo Guarnieri, São Paulo, e no Instituto Figueiredo Ferraz, em Ribeirão Preto, ambas em 2015; “Amazônia ocupada”, no SESC Bom Retiro, em São Paulo, também em 2015; “Histórias Mestiças” (2014), no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo; “Órbita” (2014), na Galeria Marcelo Guarnieri, em Ribeirão Preto, entre outras. Em 2015 o fotógrafo doou a sua documentação sobre a Vila de Trancoso onde foi instalado um Memorial do Povo, da Paisagems e da Cultura de Trancoso.

 

 

 

Até 11 de março.