Bruno Borne na Mamute

27/nov

Finalizando o ciclo de mostras individuais de 2015 a Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, inaugura no dia 04 de dezembro a exposição “A E O”, do artista visual Bruno Borne. Sob a curadoria de Luísa Kiefer, a mostra apresenta três videoinstalações inéditas, concebidas especialmente para o espaço da galeria. Trabalhando com site-specific, o artista utiliza o próprio espaço expositivo como objeto central de suas proposições.

 

Em “A E O”, cada vogal deu origem a uma videoinstalação distinta que, por sua natureza, se encontram e se misturam no ambiente. Partindo das formas geométricas correspondentes às letras, o artista desenvolveu três projeções que reproduzem virtualmente o ambiente da sala em que estão instaladas.

 

A experiência do espectador é ainda instigada pelo som que emana de cada obra e toma o ambiente como um todo. Utilizando programas de computação 3D e misturando jogos de espelhos virtuais e reais, o conjunto de obras de Bruno Borne é um convite para adentrar um labirinto no qual a imagem e o espaço expositivos parecem se reproduzir infinitamente, sempre um dentro do outro, sem nos deixar muitas pistas do que é real e o que é virtual.

 

 

 

 

A palavra da curadora Luísa Kiefer

 

A E O, de Bruno Borne

 

Perder-se na contemplação de uma obra de arte é um exercício de escolha. Precisa ser um ato deliberado, uma decisão. Certo é que pressupõe disponibilidade. Para se entregar a este mundo que mistura real e virtual, é preciso estar livre da censura guardiã da lógica. Também não é fácil achar tempo para a contemplação em um mundo que mede o tempo em segundos ou em suas frações. A exposição A E O, de Bruno Borne, é, neste sentido, um convite: pare, olhe, desfrute sem medo de se perder.

 

Com sua obra site-specific, criada para e a partir do ambiente em que é instalada, Borne intima o público a mergulhar em três videoinstalações que retratam o próprio espaço expositivo da galeria, provocando um diálogo complexo e labiríntico entre espaço, obra e imagem. Ele utiliza programas de computação gráfica, que geram modelos 3D, para reconstruir virtualmente as salas da galeria. A partir dessa simulação é que começa o jogo e o convite para perder-se em sua obra. Espelhos reais e virtuais multiplicam o ambiente projetado, criando metaimagens que se reproduzem em looping, sem deixar muitas pistas do que é reflexo e o que é simulação.

 

Partindo das formas geométricas correspondentes às letras que dão nome à mostra, as três projeções, pensadas cada uma como uma obra independente, formam, ao mesmo tempo, um conjunto, misturando-se e complementando-se. Acompanhadas por um som ambiente que se diferencia ao nos aproximarmos de cada trabalho, A E O transforma o ambiente da galeria em obra, incorporando e transformando o entorno – e a própria presença do espectador – em imagem.

 

Diante do conjunto da exposição, cabe ao espectador decidir se aceita, ou não, o convite para perder-se na imagem e, assim, descobrir o seu poder de contemplação.

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Borne nasceu em Porto Alegre, RS, 1979. É mestre em Poéticas Visuais pelo PPGAV/UFRGS e graduado em Artes Visuais e em Arquitetura e Urbanismo pela UFRGS. Realizou exposições individuais no MACRS e Galeria Lunara em Porto Alegre. Em 2014 foi prêmio adquisição no 43º Salão Paranaense. Em 2013 premiado no 2ª Prêmio IEAVI/RS, em 2011 recebeu o VI Prêmio Açorianos de Artes Plásticas na categoria Destaque em Mídias Tecnológicas. Tem obras nos acervos públicos do MACPR, MACRS e das prefeituras de Porto Alegre e Santo André.

 

 

Dobre a curadora

 

Luísa Kiefer nasceu em Porto Alegre, 1986. Doutoranda em história, teoria e crítica de arte pelo Programa de Pós-Graduação em Artes Visuais do Instituto de Artes, UFRGS, é mestre pelo mesmo programa e jornalista pela PUCRS. Em sua tese de doutorado pesquisa a fotografia na arte contemporânea.

 

 

 

Até 05 de fevereiro de 2016.

Fotografia de moda

24/nov

A Luste Editores promove o lançamento do livro “Quadros de Moda – Fotografia Contemporânea na Moda Brasileira”, com curadoria de Graziela Peres, Paulo Martinez e Waldick Jatobá, dia 26 de novembro, quinta-feira, às 19h, na Livraria Cultura, no Shopping Iguatemi São Paulo, Jardim Paulistano. No intuito de criar uma reflexão sobre o tema proposto, a publicação reúne trabalhos de 29 fotógrafos, atuantes e de extrema relevância na construção da indústria de moda no país, e aborda o lado artístico na realização das imagens, destacando o olhar preciso do artista em seu processo criativo.

 

Deixando de lado a sedução dos elaborados editoriais de moda, os profissionais Graziela Peres, Paulo Martinez e Waldick Jatobá se unem para a criação deste projeto pioneiro, um compêndio de fotografia de moda brasileira, sob a perspectiva do fotógrafo como artista. “Artista esse cuja missão primordial, e ao mesmo tempo misteriosa, é a de obter a impressão real do movimento, que está sempre relacionada com a dinâmica cotidiana”, comentam os curadores. Após inúmeras reuniões e uma pesquisa aprofundada e criteriosa em acervos que contemplam mais de 5 mil imagens, surgiu a publicação impar com o padrão de qualidade da Luste Editores. Além das obras mais icônicas de cada fotógrafo, o livro ainda conta suas trajetórias, experiências e “marcas registradas” na hora de capturar as cenas. Citando alguns nomes que compõem este poderoso time de artistas com imagens publicadas: André Schiliró, Bob Wolfenson, Daniel Klajmic, Felipe Morozini, Gui Paganini, Isabel Garcia, Jacques Dequeker, Klaus Mitteldorf, Renato de Cara e Vicente de Paulo, entre vários outros.

 

Ao evidenciar a linguagem artística de cada fotógrafo, “Quadros de Moda – Fotografia Contemporânea na Moda Brasileira” oferece uma gama de imagens que transcende a eficácia de textos e conceitos teóricos, uma vez que tais fotografias relatam, por si só, as mudanças culturais e de comportamento, bem como os momentos históricos e rupturas sociais ocorridos no Brasil – vistos, aqui, sob uma ótica por trás das grandes criações, editoriais e desfiles. Nas palavras de Luciane Fransciscone, gerente geral de marketing das Lojas Renner, apoiadora do projeto: “E qualquer semelhança com a arte não é mera coincidência. O fotógrafo extrai do momento sua própria obra, a partir de um olhar particular e delicado para as muitas possibilidades a sua frente. Escreve sem lápis e papel: basta um clique”.

 

Fotógrafos: Andre Schiliró, André Passos, Bob Wolfenson, Claudia Guimaraes, Cristiano Madureira, Daniel klajmic, J. R. Duran, Fabio Bartelt, Felipe Morozini, Fernado Louza, Gil Inoue, Gui Paganini, Gustavo Zylbersztajn, Henrique Gendre, Isabel Garcia, Jacques Dequeker, Klaus Mitteldorf, Marcelo Gomes, Marcelo Krasilcic, Marcio Simnch, Murillo Meirelles, Nicole Heiniger, Paulo Bega, Paulo Vainer, Renato de Cara, Rogério Cavalcanti, Tiago Molinos, Vavá Ribeiro, Vicente de Paulo.

Olhares femininos

23/nov

As fotógrafas Ana Araújo, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Márcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto inauguraram a exposição “Se me vejo, me veem”, na Galeria eg2o, na cidade de Paraty, Rio de Janeiro, RJ. A mostra propõe uma discussão sobre a violência contra a mulher, sendo que cada artista aborda o tema em suas diversas manifestações, gerando como resultado um quadro multifacetado de denúncias, esclarecimentos e sensibilizações.

 

Profissionais atuantes e respeitadas, mulheres atentas ao dia-a-dia. Cidadãs responsáveis. Com o lema “olhares de mulheres sobre uma questão de mulheres”, as nove fotógrafas se reúnem para aliar arte à luta contra uma triste realidade: o Brasil está em quinto lugar no ranking mundial de ocorrências de crimes contra a mulher. São agressões físicas, morais, sexuais e psicológicas, sustentadas pelas relações desiguais entre os gêneros. Desigualdade entranhada em nossa sociedade desde a sua formação, e no inconsciente da maioria dos brasileiros. Neste sentido, “Se me vejo, me veem” busca apresentar trabalhos que dialogam com o tema proposto, em um ambiente de liberdade na curadoria e expografia de cada trabalho das fotógrafas, as quais terão uma área individual e específica para mostrar e “denunciar” os aspectos deste assunto. Os suportes são diversificados, mas a imagem, crua e real, é a protagonista.

 

Ana Araújo retrata “Marias Marcadas pela Violência em Recife”. Sua cidade natal, onde reside e trabalha até o presente, segundo o mapa da violência 2012, é a sexta colocada no ranking de feminicídios do Brasil: “Aqui em Pernambuco irei documentar as mulheres sobreviventes, que ficaram marcadas física e emocionalmente por essa terrível cultura de violência contra a mulher”, define a artista.

 

“Para Onde Ir?”, de Eliária Andrade, mostra uma mulher que vive no abrigo Casa de Marta e Maria, espaço que oferece acolhimento para pessoas em situação de vulnerabilidade social, vindas das mais variadas situações de violência vivenciadas nas famílias e nas ruas, com histórico de abandono e maus tratos.

 

“Autoimagem” foi o tema escolhido por Evelyn Ruman, que em registros de um caso da vida real, aplica uma metodologia de intervenção social, por meio da fotografia que desenvolve há 27 anos. “A interferência artística do fotografado em seu próprio retrato amplia a percepção de sua identidade e estimula a recuperação da autoestima”, explica a autora.

 

Luciana Whitaker, com “Cesarianas Desnecessárias”, busca provocar uma reflexão sobre o polêmico assunto. Em sua opinião: “Procedimento feito sem necessidade, apenas com objetivos comerciais, coloca em risco a vida da mulher e do bebê”. Neste ensaio, as cicatrizes contam a história.

 

Luludi Melo, em “Maternidade – Mulheres com Deficiência”, discute a violência “duplamente qualificada” que sofre a mulher portadora de necessidades especiais.

 

Um pequeno recorte do projeto nacional que desenvolveu em parceria com o Museu da Pessoa para o projeto ViraVida – uma iniciativa do SESI na recuperação de crianças e adolescentes em situação de risco –, “Meninas e Adolescentes” é o aspecto levantado por Márcia Zoet. De acordo com a fotógrafa: “o quadro mostra a fragilidade da vitima, que sofreu durante 10 anos abuso paterno”. Um tema autoexplicativo é a escolha da fotógrafa Marlene Bergamo – “BANG BANG”. Imagens fortes que são retratos de fatos diários, hoje corriqueiros mas não menos cruéis, onde a morte é a ocorrência final. “Parto humanizado…?” é a discussão proposta por Mônica Zarattini, com destaque para a situação de uma mulher que, encaminhada para um hospital universitário na hora do parto, é submetida a procedimentos e recebe medicamentos desnecessários (como uma cobaia dos alunos).

 

Nair Benedicto participa com o vídeo “Não quero ser a próxima”, uma realização conjunta do Grupo Maria Bonita com a Agência F.4, sendo as integrantes Cecília Simonetti, Lais Tapajós, Nair Benedicto, Silvia Cavasin e Vera Simonetti. Produzido em 1985, versa sobre mulheres espancadas ou assassinadas pelos maridos ou companheiros. As fotografias são das entrevistadas e dos eventos públicos sobre o assunto, resultado das pesquisas em jornais e revistas.

 

 

Citando palavras das participantes do projeto Se me vejo, me veem: “Qualquer iniciativa que esclareça e contribua para que mulheres vítimas de violência reconheçam sua situação e percam a vergonha de pedir ajuda é válida, assim como para que a sociedade esteja alerta e consciente da seriedade da questão”.

 

 

Até 06 de janeiro de 2016.

Talentos da Fotografia

A mostra “Novos Talentos: Fotografia Contemporânea no Brasil” estará em exibição em Brasília, DF, na Caixa Cultural Galerias Piccola I e II, SBS – Quadra 04, Lotes 3/4 – Asa Sul. São cinquenta trabalhos de dez consagrados artistas brasileiros, com curadoria da historiadora Vanda Klabin e coordenação e idealização de Afonso Costa. A mostra apresenta visões fotográficas variadas, com linguagens e processos de criação únicos que se utilizam de momentos políticos, da mutabilidade da natureza e até do próprio corpo como experimento.

 

“As obras apresentadas servem como um interessante panorama de visualização da produção da fotografia contemporânea nacional. A ideia da curadoria é tirar partido deste frescor em uma mostra que reúne as obras mais próximas ao espírito inquieto desses artistas, cada um na sua dimensão particular, sempre em incessante processo criativo. Eles repensam, rediscutem e reinventam a extraordinária tradição fotográfica por meio de um pensamento plástico atual, com desenvoltura artesanal, intelectual e imaginativa inéditas até aqui”, explica a curadora. Essas peculiaridades podem ser conferidas nos trabalhos expostos dos artistas brasileiros Alexandre Mury, Arthur Scovino, Berna Reale, Gustavo Speridião, Luiza Baldan, Matheus Rocha Pitta, Paulo Nazareth, Raphael Couto, Rodrigo Braga e Yuri Firmeza.

 

Paulo Nazareth, por exemplo, apresenta a série Notícias da América, resultado de suas peregrinações a pé e de carona pelo continente americano, onde imagens e acontecimentos mostram as diversas realidades sociais. Na série “Rosa Púrpura”, Berna Reale, que está representando o Brasil na Bienal Internacional de Veneza, contou com a participação de 50 jovens de Belém para discutir a questão da violência contra a mulher.

 

Com um trabalho mais político, Gustavo Speridião apresenta a série Movimento – Ayotzinapa Vive!, em que registra manifestações e atritos em regiões urbanas do México e do Rio de Janeiro. A violência, o desencanto e a condição da miséria humana estão presentes na impactante série Brasil, de Matheus Rocha Pitta. O artista mistura carnes vermelhas em um processo mimético com as areias escaldantes de Brasília.

 

A partir de imagens produzidas em São Paulo e no Chile, Luiza Baldan cria contrapontos para os espaços solitários, onde a sensação de vazio, aliada ao silêncio, circula livremente em cenários ora intimistas, ora urbanos.

A parceria entre o homem e a natureza está presente nas fotos de Rodrigo Braga, que cria um documento visual perturbador. Yuri Firmeza registra as ruínas da cidade histórica de Alcântara, primeira capital do Maranhão, construída no século XIX na esperança de hospedar o imperador D. Pedro II. Atualmente o lugar tem um centro espacial, instalado pela Força Aérea Brasileira. O artista aproveita a paisagem para mostrar o tempo sedimentado, não linear, não cronológico. A série Ruínas propõe o pensamento crítico à lógica de crescimento das metrópoles.

 

Já os artistas Alexandre Mury, Arthur Scovino e Raphael Couto utilizam o próprio corpo para suas práticas artísticas. Erotismo, rituais e mitologias estão presentes na série “Nhanderudson” – num ponto equidistante entre o Atlântico e o Pacífico, de Scovino. Alexandre Mury representa os quatro elementos naturais – ar, água, fogo e terra – a partir de seu próprio corpo. Enquanto para Raphael Couto, as ações de metamorfose do corpo se dão no detalhe, no fragmento. Ele parte de uma sensibilidade corporal e acrescenta reflexão sobre a linguagem plástica.

 

 

De 25 de novembro a janeiro de 2016.

Mauricio Nahas no Museu Afro Brasil

10/nov

O Museu Afro Brasil, Parque do Ibirapuera, acesso pelo porão 3, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, recebe a exposição “D​o Pó da Terra”,​ com 50 imagens em preto e branco feitas pelo fotógrafo Mauricio Nahas no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A mostra, que tem curadoria de Diógenes Moura, faz parte de um projeto que envolve o lançamento de um livro de fotografias e de um longa documentário, todos produzidos com um mesmo objetivo: revelar quem são e como vivem os artistas da região, em sua maioria mulheres.

 

O projeto “D​o Pó́ da Terra”,​ idealizado pelo produtor e agente fotográfico Fernando Machado, tem como objetivo lançar um novo olhar – mais verdadeiro e sensível – sobre a produção artística em cerâmica e argila dos moradores da região conhecida por sua realidade miserável. Desemprego, seca, altas taxas de mortalidade, alcoolismo, violência e o solo condenado pela monocultura do eucalipto fizeram com que o Vale do Jequitinhonha recebesse o apelido de Vale da Miséria.

 

No ano que o Museu Afro Brasil comemora 11 anos de história, seu Diretor Curador, Emanoel Araujo comenta: “Por certo a sensibilidade de Mauricio Nahas foi tocada pelas paisagens do magnífico rio Jequitinhonha e por sua gente – rostos, mãos de barro batido, sofrimento, muito sol e nuvens cortando a dureza desse mesmo sol que anuncia um céu estrelado para amenizar a noite desse lugar sagrado e profético, o palco da criação desses magníficos artistas” e complementa: “São homens e mulheres, doces criaturas do sertão, livres nas suas imaginações como o pó da terra. Vive toda essa gente a criar outras gentes, outras formas, outras cenas que muitas vezes se tornam realidade, que transcendem a realidade da própria vida, uma espécie de sonho que se realiza das mãos cheias de barro fazendo nascer as fantasias idealizadas.”

 

Em 2013, Fernando Machado e Mauricio Nahas decidiram percorrer o Vale para documentar em um filme a vida em comum entre a figura humana e a natureza das coisas. “O Vale é como uma joia rara, valiosa, que precisava ser vista, preservada e entendida como tal”, conta Fernando Machado. Foram 3.300 quilômetros rodados em sete cidades: Santana do Araçuaí́, Caraí, Minas Novas, Itinga, Coqueiro do Campo, Itaobim e Ladainha. Lá encontraram mulheres fortes, chefes de família, que convivem com alcoolismo, pobreza, falta de perspectiva e abandono dos companheiros que muitas vezes migram por conta do desemprego. Mulheres que através do trabalho artesanal encontraram a chance de sustento para a família. É o caso de dona Zezinha (Maria José Gomes da Silva), uma das artesãs mais prestigiadas da região, que já́ teve seus trabalhos expostos na sede da ONU, em Nova York, em 2013. Outra personagem marcante – e uma das pioneiras entre as artistas do Vale – é dona Izabel (Izabel Mendes da Cunha), criadora das famosas noivas de cerâmica que hoje caracterizam a arte local. Ela começou o trabalho com a argila quando criança, incentivada pelo desejo de ter uma boneca e por ver sua mãe e sua avó fazerem panelas e potes.

 

“Os artesãos do Vale do Jequitinhonha (também naïfs) se apropriam de um instante para em seguida imortalizá-lo em suas obras: o barro, a química da água, a percepção de tudo o que está entre as mãos, a vida/corpo como um filtro. Uma espécie de espelho íntimo onde estão representados os desejos e as esperanças de ir do ontem e do hoje ao muito além. Trata-se de um ato de perpetuação. Da construção de um mundo que surge do interior profundo” explica o curador, Diógenes Moura.

 

As imagens do documentário, que será́ lançado no primeiro semestre de 2016 e que tem produção da Notorious Films e direção de Mauricio Nahas, f​oram captadas em 2013. Já as fotografias que estão no livro e na exposição foram produzidas no começo de 2015 em uma segunda viagem ao Vale, com o objetivo de fotografar as paisagens e personagens mais marcantes. O livro “D​o Pó da Terra” (Edições Notorious Films/208 páginas) tem imagens de Mauricio Nahas e textos de Diógenes Moura, Emanoel Araújo e Fernando Machado, e será́ lançado no mesmo dia da abertura da mostra.

 

 

De 12 de novembro a 03 de janeiro de 2016.

 

No studio 512

O Studio 512, Jardim Botânico, Rio de Janeiro, RJ, exibe “Por acaso…”, exposição individual de fotos dos anos 70 assinadas por Chico Mascarenhas. Inicia sua carreira de fotógrafo em 1970 como free lancer da revista Manchete em Portugal e, a partir de 1971, integra a equipe da sucursal da revista em Paris, até 1975. Neste ano cobre a Revolução dos Cravos para a agência Sipa Press. De volta ao Rio em 1976, trabalha novamente como fotógrafo free lancer para diversas publicações, dedicando-se também à fotografia de Arquitetura. Em 1981, deixa a fotografia profissional e funda o restaurante Guimas. A curadoria é de Milton Guran.

 

 

Dias 12, 13 e 14 de novembro.

Reconhecimento de Padrões

A  BOSSA Gallery, Design District, Miami, Florida, USA, abre “Pattern Recognition”, exposição individual do artista multimídia Fernando Velázquez. O artoista apresenta nove trabalhos autorais com uma instalação, dois vídeos, um objeto de luz e cinco imagens fotográficas com interferências digitais. Velásquez demonstra que as novas tecnologias, antes restritas aos laboratórios de informática, uma vez que conquistam o espaço exterior, necessitam de estruturas novas de pensamento e ação.

 

“Pattern Recognition”, obra principal da mostra que domina o espaço expositivo da galeria, é um instalação interativa de Fernando Velázquez, em 12 canais de vídeo, que possibilita escapar das limitações da memória. Em doze cenas que preenchem o campo de visão, temos uma experiência de imersão, de sequestro dos sentidos. Ao movimentar-se pelo espaço o publico modifica o vídeo que é transmitido nas telas através do sensor Kinect.

 

As imagens base, em sincronismo oscilante, são captadas por um drone, que estende o olhar por ângulos sedutores em uma floresta. Captadas a partir da parte mais elevada, simulando uma câmera de segurança vigiando a floresta, as imagens são modificadas pela presença do público que, ao passar em frente aos monitores, fazem aparecer um vídeo em fast motion com imagens de natureza em tempo acelerado. Ou seja: temos o contraponto do tempo cronológico da natureza, ou natural, versus o tempo acelerado da ação humana atuando junto ao meio ambiente. Versão semelhante da obra foi apresentada pelo artista em exposição no Rio de Janeiro em 2015.

 

Para Lucas Bambozzi, “ o que vemos é um sistema de visão. Temos um enigma, que não precisa ser decifrado, mas percebido, observado”. O trabalho de Fernando Velázquez, para estar completo, além de solicitar, necessita da participação do espectador. A coordenação é de Liliana Beltran.

 

 

De 09 de novembro a 14 de dezembro.

Encontro com o artista – 19 de Novembro, às 18hs.

Coletiva sobre o Tempo

04/nov

Situada na Vila Mariana, São Paulo, SP, a  Fauna Galeria, em parceria com a Kamara Kó, exibe “Para Ver Se o Tempo Volta”, exibição coletiva dos artistas Alberto Bitar, Ionaldo Rodrigues,Keyla Sobral e Octavio Cardoso, com curadoria de Mariano Klautau Filho. Não obstante a conterraneidade dos artistas – todos de Belém do Pará -, o elemento que reúne os 20 trabalhos desta mostra é a convergência de suas poéticas em torno do tempo, não no sentido de cultivar nostalgias, mas de exercer certo domínio sobre ele.

 

Ao misturar suportes, estabelecendo diálogos entre a fotografia com outros materiais, a proposta de Mariano Klautau Filho é exaltar a experiência com o tempo na construção da imagem fotográfica como exercício de ficção. Em todos os trabalhos expostos, pode ser observado o domínio sobre o tempo e suas “velocidades”, sendo este o fio condutor para abordar a temática e outras questões levantadas em “Para Ver Se o Tempo Passa”. Mariano Klautau Filho, curador, ainda destaca a constatação da irreversibilidade do tempo e seu efeito devastador em experiências pessoais, “Algo com o qual não se pode combater, mas se pode jogar, iludir, negacear”, comenta.

 

Neste sentido, Octavio Cardoso apresenta 3 imagens de sua produção mais recente, nas quais desfia a trama entre tempo e espaço, dissimulando a quietude de uma natureza obscura. O tempo parece imobilizado, seja no conforto uterino de uma cama ou no rigor frontal da árvore à contraluz.Ionaldo Rodrigues, por sua vez, trabalha com diversas câmeras de pequeno formato, celulares e imagens precárias. Nas 3 fotografias que exibe, perfaz um recorte sofisticado de sua produção em cor, somado ao conjunto de imagens realizadas em Cianótipo e Papel Salgado.

Alberto Bitar cria uma velocidade do tempo alterada, num misto de aceleração e recuo construídos a partir da experiência espaço-tempo. Em 5 fotografias e 1 vídeo, o artista desvenda sua obra essencialmente urbana, se valendo de recortes da memória pessoal, de casas onde habitou e de resquícios de experiência familiar. Funcionando como uma espécie de arremate da exposição, Keyla Sobral apresenta seus desenhos, palavras, objetos e imagens escondidas, em um universo bastante pessoal, sutil e aparentemente frágil. Tal delicadeza, entretanto, oculta um leve amargor em alguns momentos, e em outros uma ironia pontual diante das perdas.

 

Extraído de um neon de Keyla Sobral – “Ando de costas para ver se o tempo volta” -, o título da mostra reitera um pouco da dimensão e da intenção desta pequena reunião de trabalhos, como define Mariano Klautau Filho: “superar o imponderável; recuar, se for necessário, e saber matar o tempo”.

 

 

 

De 05 de novembro a 19 de dezembro.

Sete artistas na Anita Schwartz

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugura a exposição “Silêncio impuro”, com 16 obras dos artistas Artur Lescher, Cadu, Carla Guagliardi, Nuno Ramos, Otavio Schipper, Tatiana Blass e Waltercio Caldas. Com curadoria de Felipe Scovino, serão apresentadas esculturas, instalações, fotografias e vídeos, onde “o som é um índice, pois as obras operam com o seu lado negativo no qual ele (som) é silenciado. O que existe, ou melhor, aquilo que se expande pelo espaço é a imagem do som, isto é, as mais distintas suposições que podemos ter sobre qual som poderia ser ouvido se finalmente aquilo que o impede (uma amarra, uma solda, ou ainda o livre entendimento de que a obra possa ser compreendida também como uma partitura) fosse revelado ou reinterpretado”, explica o curador.

 

Da artista Carla Guagliardi estarão as esculturas “O lugar do ar” (2015), e “Partitura” (2012), em que “tudo parece ruir ou estar prestes a desabar, mas por outro lado as obras evidenciam uma dinâmica que é própria da natureza do som: querem o ar”, diz o curador, que vê uma ligação direta desses trabalhos com as fotografias da série “Partitura” (2010), de Artur Lescher: “Estão lá o ruído, o som, a música, mas acima de tudo o silêncio como vibração”. Ele vê esta mesma ligação com o trabalho “Hemisférios” (2015), de Cadu, onde “a condição de partitura também se faz presente”. Esta situação é semelhante à obra da série “Pagão” (2010), de Nuno Ramos, em que objetos musicais estão fixados no meio de uma pedra-sabão. Também estará na exposição o relevo sobre papel “Für Elise” (2006), de Cadu. Da artista Tatiana Blass estará o vídeo “Metade da fala no chão – Piano surdo” (2010), no qual o piano é coberto por uma mistura de cera e vaselina que vai impedindo, progressivamente, que ele produza sons. Já a instalação “Lá dentro” (2010), de Waltercio Caldas, feita com aço inox, granito, vinil e fios de lã. “Como os intervalos de uma partitura, ele constrói silêncios, dita ritmos, auxilia na compreensão da vibração”. Do artista Otavio Schipper estarão quatro trabalhos em bronze da série “Empty Voices” (2011). “A obra de Schipper, em especial, assim como a de Guagliardi, pertencem ao ar, porque é nesse lugar que se constrói uma superfície vibrátil, virtual e potente. As obras da exposição revelam uma potência sem igual: um inesperado sussurro que não para de vibrar em suas estruturas”, diz o curador.

 

 

Até 06 de fevereiro de 2016.

A História da Imagem

Os artistas Ana Elisa Egreja, Bruno Dunley, Mirian Alfonso, Pedro Caetano, Ricardo Alcaide, Tiago Tebet e Tony Camargo integram o grupo de expositores da mostra “A História da Imagem”, uma produção da SIM Galeria, Curitiba, Paraná. A curadoria traz a assinatura da artista plástica Leda Catunda.

 

 

A palavra da curadora

A História da Imagem

 

A exposição foi pensada para evidenciar a completa guinada que artistas de todas as partes puderam dar, e agora desfrutar, sobre a natureza da criação em pintura. Dizer que, no retorno da pintura nos anos 80, depois de sua suposta morte nos anos 70, todas as vertentes modernas foram pulverizadas em suas certezas e seus “ismos” já não é suficiente para compreender a complexidade das modificações, bem como a ampliação da possibilidade de alcance de novos sentidos, que vem sendo possível verificar nesse campo hoje.

 

Criar é extrair do nada, algo que não existia antes. Interessa a criação em si. Seja ela resultado de um poder inerente da espécie, ou ainda, resultado de um poder especial, autoatribuído pelo sujeito denominado artista. Em cada caso, poderá envolver tanto sonho como pesadelo, desejo, devaneio, lembrança, sublimação, redenção, purificação, resgate ou mesmo salvação, dependendo do histórico psíquico ou emocional gerador da necessidade de criar. De toda forma, não importa o motivo, sempre caberá ao artista a tarefa de realizar síntese, concentrar conteúdo e transformar, alterando, assim, as noções comuns para além dos valores padronizados.

 

Uma vez soltas das paredes do ateliê, inicia-se a etapa final, que é a da comunicação. As pinturas saem para o mundo, onde serão relacionadas, possivelmente contextualizadas, encontrando maior ou menor grau de aderência. Passando, desse modo, a pertencer ao imaginário das pessoas e a fazer parte do singular universo das coisas inventadas.  Leda Catunda, São Paulo, 2015.

 

 

De 10 de novembro a 23 de dezembro.