Dois : um dinamarquês, outro sueco

27/abr

A exposição “Veias”, na Caixa Cultural São Paulo, Centro, São Paulo, SP, exibe 105 imagens em preto e branco de dois grandes nomes da fotografia documental mundial – o sueco Anders Petersen, 1944, Estocolmo, e o dinamarquês Jacob Sobol, 1976, Copenhagen, que expõem juntos pela primeira vez. Com curadoria do sueco Imants Gross, os trabalhos têm em  comum um olhar íntimo sobre cenas cotidianas de pessoas marginalizadas na sociedade, como alcoólatras, viciados em drogas, prostitutas, travestis, criminosos e psicopatas. As imagens se tornam ainda mais impactantes com o grande formato das fotografias, que chegam a 2,5 metros de comprimento.

 

Para este trabalho na Caixa Cultural, os dois fotógrafos criaram uma espécie de diário pessoal onde anotaram reflexões pessoais sobre a vida, as pessoas e a forma como se encontra o mundo de hoje. “À primeira vista, as imagens de Petersen e Sobol podem parecer fortes e impiedosas para alguns, mas, indo além da superfície – ou da pele -, é uma representação intensa, quente e não tão semelhante com a realidade, mas que é sentida como real”, observa o curador Imants Gross.

 

Anders Petersen é considerado uma lenda da fotografia, e é conhecido pela capacidade de criar laços com as pessoas fotografadas, gente desconhecida que ganha um ar distinto. "As coisas que eu faço são uma espécie de fotografia documental privada. Esse é o verdadeiro desafio: estar presente, mas manter a distância", explica o sueco. Uma de suas imagens mais famosas foi usada na capa do álbum “Rain Dogs”, de 1976, do artista canadense Tom Waits.

 

Trinta anos mais novo, Jacob Sobol pode ser considerado um sucessor do mestre sueco, com seus registros repletos de imprevisibilidade do cotidiano. Sobol compara o ofício de tirar fotos ao de um caçador: "A relação que os caçadores estabelecem com a natureza ao seu redor é muito importante. É preciso estar interligado ao todo, e este sentimento tem deixado um grande impacto na minha vida e no trabalho.”

 

Artistas de gerações diferentes, possuem afinidades de linguagem, o que justificou esse encontro. Ambos pertencem à mesma escola de fotografia documental, em que o desafio do fotógrafo é estar presente o mais próximo possível de cenas privadas, mas com um distanciamento suficiente para registrá-las com olhos de voyeur. As suas preocupações os fazem observar muitas vezes o terrível, o compulsivo, o incontrolável e o sentimento de autodestruição que existe nas pessoas, mas ambos são fotógrafos, que destacam o “amor” em suas muitas e diferentes manifestações.

 

“As imagens que Petersen e Sobol nos oferecem, todas em preto e branco, podem parecer frias num primeiro momento, mas quando tomamos conhecimento dos universos retratados e dos personagens, conseguimos sentir o calor dos corpos, a intensidade das situações. É possível enxergar verdade e amor no olhar de quem está sendo revelado e também do seu revelador", conclui o produtor Luiz Prado.

 

Promovido pelo Instituto Cultural da Dinamarca, o projeto começou na Letônia, passou pela Rússia e China antes de vir ao Brasil com temporada já realizada também na Caixa Cultural de Curitiba, Salvador e Rio de Janeiro. ”É com grande satisfação que recebemos a arte de Petersen e Sobol, que têm em comum uma linguagem incomum. As imagens expostas trazem uma ausência de respostas, e revelam muitos questionamentos. Como dizem os dois fotógrafos: “Veias” não é sobre fotografia. É um documentário da vida abstrato, expressivo, emocionante e provocador”,explica Anders Hentze, diretor do Instituto Cultural da Dinamarca.

 

 

 

Até 08 de maio.

Verger/Guarnieri no Rio

25/abr

Em parceria com a Fundação Pierre Verger de Salvador, BA, a Galeria Marcelo Guarnieri apresenta a exposição “Pierre Verger” na inauguração de seu espaço expositivo em Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. O local inaugurado exibirá obras produzidas durante toda a trajetória do fotógrafo e etnografista franco-brasileiro. Grande parte do trabalho que ele desenvolveu era dedicado à pesquisa e aos registros ligados às religiões de matriz africana.

 

Verger começou a fotografar e viajar pelo mundo em 1932, aos 30 anos de idade. Durante os 14 primeiros anos de sua carreira como fotógrafo, suas imagens foram publicadas nas mais importantes revistas francesas e internacionais da época. Em 1946, quando chegou à Bahia, converteu-se ao Candomblé, tornou-se o babalaô Pierre “Fatumbi” Verger e, embora levasse um estilo de vida nômade, Salvador passou a ser sua residência fixa. Hoje, a casa onde vivia abriga fundação homônima dedicada à sua obra, às pesquisas e ao intercâmbio cultural entre Brasil e África.

 

Em 2015, a Galeria Marcelo Guarnieri promoveu duas mostras de Verger em suas unidades de São Paulo e Ribeirão Preto. Para a mostra do Rio, a galeria apresentará um novo recorte dividido em 3 blocos. Um deles é dedicado apenas aos registros com foco em apetrechos musicais clicados em países da América Latina e África – essas imagens foram exibidas no MAM-Bahia em 1992 e mostram tambores, instrumentos de sopro e cordas usados em rituais e celebrações.

 

O outro conjunto apresenta uma série de imagens selecionadas pelos editores da Revue Noire – Jean Loup Pivin e Pascal Martin Saint Léon – e pelo próprio fotógrafo, a partir de 300 negativos que foram expostos ou transformados em cópias de altíssima qualidade e, posteriormente, nos fotolitos do livro “Le Messager”. Apresentada no ano de 1993, pela Revue Noire, no Musée d’Art d’Afrique et d’Océanie, na França e na Suiça, “Pierre Verger, – O Mensageiro” destacou a importância da arte e da cultura africana para o ocidente, com mostras que colocaram, novamente, o público europeu em contato com o trabalho do fotógrafo. Verger esteve presente na abertura desta exposição em Paris, e a Revue Noire conseguiu que ele assinasse uma certa quantidade de cópias. Não era uma prática comum na trajetória de Verger, que privilegiava os negativos, por representarem as suas memórias.

 

Por fim, o último bloco da exposição carioca apresenta um grupo vintage de fotos raras ampliadas pelo próprio Verger em diferentes períodos de sua carreira – a partir dos anos 30. Entre elas, se destaca uma vista panorâmica de Pequim, cenas urbanas de Nova York, Mali e França. Importante ressaltar que essas imagens reunidas pela galeria foram ampliadas manualmente em sais de prata e apresentam a assinatura de Verger ou o carimbo de identificação.

 

Além de abrir esta exposição inaugural, a Galeria Marcelo Guarnieri chega ao Rio de Janeiro representando artistas como: Gabriela Machado, Luiz Paulo Baravelli, Masao Yamamoto e Mario Cravo Neto.

 

 

A palavra de Verger

 

“Nós concordamos em definir fotografia nos seguintes termos: a fotografia permite ver o que não tivemos tempo de ver, porque ela fixa. E mais, ela memoriza, ela é memória. O milagre é que essa emoção sentida diante de uma fotografia muda, testemunha de um fato fixado por um instantâneo, possa ser sentida espontaneamente por outros, revelando um fundo comum de sensibilidade, frequentemente reprimida, mas reveladora de sentimentos profundos, constantemente ignorados.” (Pierre “Fatumbi” Verger, na ocasião da exposição Pierre Verger, Le Messager, realizada pela Reuve Noire, em Paris e na Suíça. Abril de 1993.)

 

De 30 de abril a 11 de junho.

Lugar perdido da memória

08/abr

Gabriel Wickbold Studio & Gallery, Vila Nova Conceição, São Paulo, SP, expõe 32 obras da fotógrafa sérvia Isidora Gajic na mostra “Teias e Tramas”, com curadoria de Miguel Rio Branco. Em suas fotoso tempo é o fio condutor, a conexão entre os elementos e suas construções.. Nesta série, a escrita e as imagens, juntas, criam outros entendimentos, composições fluídas além da descrição, atingindo outra densidade. Na poética presente, o mar vira lâmina de chumbo, a neve transforma-se em luz celestial, permitindo que as portas da imaginação se abram para outras dimensões, além do que consideramos realidade.

 

Em  “Teias e Tramas”, o tempo e suas conexões com os elementos, suas construções, criam ficções e fricções: em ritmos suaves quase melódicos, porém com uma densidade dramática. “Na criação fotográfica atual existem equívocos primários, que limitam a nossa alma, que tentam nos levar a um mundo medíocre de selfies”, conceitua Isidora.

 

Histórias pessoais são o formato favorito do trabalho de Isidora Gajic. Ela transforma sentimentos e relacionamentos em fotografias. Usando imagens como uma forma de poesia visual, que desfoca autobiografia e ficção, ela cria livros artesanais, colagens, e diálogos visuais com imagens. Nas obras da artista, os conceitos básicos que se espera de uma fotografia: onde? Quando? O que é? Não são mais necessárias: a leitura é outra, a emoção prende e leva a um lugar perdido da memória, lugar sem referências. Segundo a fotógrafa, “se tentarmos ver nas imagens aqui construídas em grupos, apenas documentos do que ocorreu, estaremos nos diminuindo, caindo no erro das multidões que nem sequer vivenciar o presente sabem mais, apenas o captam para, congelado, servir de troféu”, diz a artista.

 

Sobre seu trabalho, o curador Rubens Fernandes Junior diz: “Isidora Gajic faz suas primeiras incursões em seu arquivo e por sua vez reúne algumas pulsões que provocam sensações diversas. Sua imagens – neve, teias de aranha, tramas irregulares, águas em movimentos aleatórios, entre outras situações – são provocativas. Em quase todas elas encontramos aquilo que o poeta russo Vladmir Maiakowski chamou de “fendas do acaso”, ou seja, situações visuais que promovem não apenas associações e situações inesperadas, mas também, distintas possibilidades poéticas e perceptivas”.

 

Seu colega curador e fotógrafo conceituado, Miguel Rio Branco, sintetiza: “A obviedade dos conceitos que são algo por demais presentes na arte contemporânea, algo que facilita a pseudo compreensão dos objetos de arte, não se encontram aqui: temos sim, caminhos abertos a várias interpretações que é a base da verdadeira poesia”. A coordenação é de Gabriel Wickbold.

 

 

Até 13 de maio.

Rio Colors na New Creatrors

04/abr

Pela primeira vez, a Alpha’a, plataforma que tem à frente Manuela Seve e Renata Thomé, e que possibilita conexões diretas entre artistas e o público, apresenta em São Paulo, na New Creator´s, Cerqueira César, São Paulo, SP, uma exposição de artistas de sua comunidade. Esta mostra trás trabalhos de oito artistas brasileiros que colaboram com o projeto e que já tiveram os seus trabalhos selecionados e reproduzidos como múltiplos.

O grupo tem caráter heterogêneo, reúne indivíduos com formações, estilos e perspectivas diversas, como o advogado Felipe Bretz que participa de sua primeira exposição, até artistas mais experientes como Gabriela Noujaim, que participou da Bienal do Porto, Portugal, no ano passado.  No entanto, o que unifica este grupo é o talento incontestável de cada indivíduo, reconhecido não apenas por aqueles profissionais envolvidos na curadoria da exposição mas também através do voto popular.

 

O evento ocorre através de uma parceria firmada com o espaço conceito New Creators.

 

 

Sobre os artistas

 

Clara Diegues é arquiteta formada. Em 2013 começou a desenvolver outra forma de se expressar para além dos desenhos técnicos.  Com referências do ready-made e da Pop Art, seus registros do “efêmero, mutante e trivial” são a matéria prima de seu ainda recente trabalho, experimentações em constante autodescoberta.

 

Cynthia Dias é fotógrafa e ilustradora. Após passar pelo curso de História da Arte na Universidade de Coimbra, entre 2010 e 2012, se utiliza das bases firmada na artes clássicas e na cultura popular para produzir um imaginário que reflita uma visão de mundo em que o lúdico e o terreno se fundem.

 

Duca Bretz é advogado. Desde 2009 adotou a pintura “…como aparelho para desligar a mente do trabalho, após às 20h”. O dom surgiu nas reuniões de trabalho com “rabiscos” em papel. Hoje são mais de 400 obras de todo o tipo, diversificadas entre aquarela, pinturas com carvão vegetal, canetas e lápis.

 

 
Gabriela Noujaim e uma jovem artista que vem desenvolvendo o seu trabalho paulatinamente, desde o desenho, a gravura e objetos de cunho conceituais até a performance. Imagens, indumentária e força física são alguns ítens para os quais ela aponta e sobre os quais se debruça para reelaborar mensagens e resinificar as ações circenses.

Helio Mello Vianna tem uma formação multidisciplinar. Passou pelas áreas de Relações Internacionais, Produção Cultural, Cinema e é claro, Artes Visuais. Aluno bolsista da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, passou pelos programas de Fundamentação, Concepção e Desenvolvimento, dando ênfase em Pintura e Interfaces Contemporâneas.

 

Ju Martins fotografa por causa do seu desejo de congelar e eternizar momentos incríveis que a vida pode oferecer. Leva a vida sempre conectada a natureza, o que transparece na sua arte através do uso constante da luz natural. Ju Martins se diz”… apaixonada pelo abstrato, pelo movimento das coisas e pessoas e, principalmente, pelas cores fortes e contrastantes do mundo”.

 

Milton Antunes começou a se aprofundar mais e mais na fotografia, uma paixão antiga mas nunca levada a prática, após sofrer uma lesão medular quando tinha 17 anos. Hoje, quase duas décadas depois, usa o seu tempo para contemplar e refletir sobre as coisas ao seu redor, usando a sua arte para ajuda-lo a “construir (seu) castelo com as pedras que eu cat(ou) pelo caminho.”

 

Renato Wrobel é fotografo. Trabalha como freelancer para revistas e grandes empresas. Formado em jornalismo pela Universidade e em fotografia pelo Ateliê da Imagem, Escola da Imagem e London Media Academy.

 

Rodrigo Oliveira conta que é “…nascido e criado na vibrante cidade do Rio de Janeiro, desde pequeno me treinei à estar atento a tudo que acontecia ao meu redor. À partir do momento que adquiri meu primeiro aparelho fotográfico comecei a catalogar tudo que me chamava atenção. Minha missão como fotógrafo é encontrar beleza no despercebido e a compartilhar com o mundo. Aqueles momentos mágicos do dia-à-dia que são ignorados; desde as almas caridosas de pessoas à delicadeza da natureza. Tenho como missão agradecer ao Universo por ser tão generoso comigo eternizando em fotografias a magnificência de sua própria criação”.

 

 

De 02 de abril a 1º de maio.

Subject Matters II

24/mar

A Dream Box, creative lab sediado no Brooklyn, NY, com curadoria de Juliana Leandra e produção de Juliana Moura, realiza a exposição pop up de fotografia “Subject Matters II” no Double 6 Studio, em Greenpoint/ Brooklyn, com 25 registros de diferentes olhares.

 

A segunda edição do projeto, fiel ao formato original com quatro edições previstas para o ano, convida 6 fotógrafos que atuam em cidades diferentes do mundo, a registrar perspectivas, estéticas e temas distintos em seus trabalhos. Felipe Morozini, Mari Juliano, Mariana Maltoni, Shannon Wolf, Tekla Evelina Severin e William Baglione respondem, com criações autorais, a questão apresentada: “Why subject matters?” (“Por que a temática é importante para você?”).

 

Trajetórias e influências únicas fazem com que os artistas, que atuam em diversos segmentos, tais como moda, fotojornalismo, abstrato e outros utilizem estilos e técnicas diferenciadas oferecendo resultado harmônico, mas imprevisível. A abordagem de cada criador à temática de suas obras é documentada em um zine, com design do diretor de arte Paulo Sabatini. Cópias do zine serão distribuídas durante o período da exposição. Após o encerramento, estarão disponíveis no site do Dream Box.

 

Subject Matters II vem consolidar a proposta da Dream Box em solidificar a conexão das cenas artística e cultural entre Brasil e Nova York, “conectando comunidades de artistas e criativos daí e daqui”, como definem as sócias Juliana Leandra e Juliana Moura.

 

A procura pelo próprio elemento, várias interpretações e temáticas individuais são o destaque em mostra “Pop Up” de fotografia

 

Quando:  Local – Double 6 Studio, 66 Green Street – Greenpoint, Brooklyn, NY – 11222 – US/Coquetel – sábado, 26 de março, das 17:00 – 21:00

Individual de Alex Ferro

15/mar

A exposição “O Vale dos Reis”, de Alex Ferro, com curadoria de Marco Antonio Teobaldo, entra em cartaz no Gabinete de Fotografias do Centro Cultural da Justiça Federal, Centro, Rio de Janeiro, RJ. O acervo de vinte obras apresentado na mostra é o resultado de quatro anos de incursões em cerimônias de Candomblé, realizadas pelo artista e o curador.

 

Em agosto de 2012, o fotógrafo teve a oportunidade de realizar o seu primeiro ensaio sobre as celebrações realizadas em um dos terreiros de Candomblé mais tradicionais do Rio de Janeiro, situado em Santa Cruz da Serra. O Ilé Asè Atará Magbá Iyá Omindarewá foi criado em 1973 pela Iyalorixá Gisèle Cossard Binon, nascida no Marrocos e criada na França, com título de doutora em Antropologia pela Universidade Sorbonne.

 

Alex Ferro vem registrando, desde então, diversas celebrações e cultos sagrados e experimentando técnicas e equipamentos capazes de traduzir tamanha riqueza que se colocava diante de seus olhos. Recentemente, suas obras da série “Santo Forte” foram exibidas no Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, IPN, na Região Portuária do Rio de Janeiro, e posteriormente na Firehouse Plaza Art Gallery, em Nova York.

 

Em “O Vale dos Reis”, algumas imagens são ampliadas de modo que estes personagens ganham aspectos de verdadeiras divindades ostentadas pelas grandes dimensões que são apresentadas. Ao passo que outros registros, são dispostos em formatos menores (100 X 80 cm e 80 X 60 cm), convidando o visitante a aproximar-se fisicamente das obras. O recorte curatorial escolhido para esta exposição é sobre as celebrações protagonizadas pelo orixá Xangô, em dois momentos diferentes: na Fogueira Xangô e na Saída de Yawô, por isso, estão agrupadas e dispostas em ambientes distintos. Enquanto na Fogueira encontramos a celebração noturna, em que os orixás demonstram o seu domínio sobre o fogo, na Saída de Yawô a luz do dia revela parte dos bastidores da cerimônia, e a iniciação de uma criança de 3 anos de idade.

 

Flavio Lazarino, artista visual e sonoro foi convido a criar uma instalação com gravações recentes de mensagens de bênçãos enviadas por aplicativo de telefone celular, do terreiro para o grupo de seus filhos, remixadas com sons da natureza e canções em Yorubá.

 

De acordo com o curador, Marco Antonio Teobaldo, este trabalho reverencia a cultura brasileira e suas raízes, a partir da visão do artista sobre uma das manifestações populares mais expressivas no Brasil, no contexto da fé e respeito à ancestralidade, que adquire um impacto ainda maior dentro do Centro Cultural da Justiça Federal. Trata-se também da bravura e a força de um povo, que ainda luta contra o preconceito, a intolerância religiosa e reivindica o direito de exercer livremente a sua fé. E ainda, apresenta-se como a primeira grande homenagem a Iyálorixá Gisèle Cossard Binon, falecida recentemente.

 

Kawó Kabiesielé!!! É a saudação feita a Xangô e significa: venha ver o Rei descer sobre a Terra!

 

 

De 16 de março a 24 de abril.

Gabriel Wickbold registra mulheres

09/mar

O fotógrafo Gabriel Wickbold reuniu mais de 50 mulheres em um ensaio contra o machismo. Intitulado “Antes nua do que sua”, o projeto teve a participação de algumas mulheres famosas, como Didi Wagner, Fernanda Paes Leme e Carol Bittencourt. Esta foi sua forma de homenagear o Dia Internacional da Mulher

 

Os cliques, todos em preto e branco, foram feitos na casa de Gabriel, em São Paulo, com luz natural e sem usar Photoshop. Dessa forma, o fotografo pode encontrar um momento tranquilo para desvendar o universo de cada mulher. A série fotográfica foi divulgada pelo Instagram , ao lado de frases sobre o empoderamento feminino, como “Não se nasce mulher: torna-se”, da escritora francesa Simone de Beauvoir.

 

O fotógrafo explica mais sobre o ensaio: “As fotos falam muito sobre a independência da mulher em relação a sua próprio corpo. As situações abordam a ideia de que homem nenhum pode ter direito sobre o corpo da mulher”.

 

 

O Que: Série @antesnuadoquesua

Quem: Gabriel Wickbold

Quando: 8  a 28 de março de 2016

Como:  Instagram – @antesnuadoquesua

 

Na Marcelo Guarnieri

A exposição coletiva apresentada na Galeria Marcelo Guarnieri, Jardins, São Paulo, SP, explora os aspectos encontrados na produção de artistas que tratam do gênero “Natureza-morta”. A mostra não se dedica a traçar um compêndio de artistas que trabalham ou trabalharam com o tema, mas em realizar um recorte específico dentro da produção de Ana Sario, Eleonore Koch, Flávia Ribeiro, Gabriela Machado, Iberê Camargo e Masao Yamamoto. Através da interseção de práticas diversas – pintura, desenho, escultura e fotografia – são exibidos alguns caminhos e interpretações a partir da tradição pictórica.

 

 

Sobre os artistas e a exposição

 
A exposição se inicia com Iberê Camargo (1914 – Restinga Seca, RS, Brasil / 1994 – Porto Alegre, RS, Brasil) e seu interesse por objetos prosaicos – carretéis e dados – que aparecem nas obras do artista como o elemento central, tudo gira em torno dessa busca em esgotar a imagem, de trazer para o plano a memória de infância e dar aos objetos um privilégio de existência.

 

No mesmo sentido, Eleonore Koch (1926 – Berlim, Alemanha) toma como assunto prosaicas estruturas contemplativas – vasos, flores, mesas, cadeiras – com as quais, a artista sacraliza tais narrativas, como bem aponta  Theon Spanudis em correspondência com a artista: “(…) Eleonore sacraliza os objetos de uso diário. Contra a nossa mania profana de usar tudo como objeto de imediato consumo, ela reganha para o simples objeto sua dimensão sacral. Os amplos espaços sensíveis (que não são os espaços vazios e mortos dos matemáticos e cientistas), fazem parte integral de sua intenção de ressacralizar o objeto perdido no fluxo constante do consumo mecânico. Uma secreta poesia emana dos seus coloridos, objetos, configurações estranhas e seus espaços amplos e humanos.”

 

Flávia Ribeiro (1954 – São Paulo, Brasil) apresenta esculturas da série “Campos de acontecimentos e aproximações”, onde objetos de madeira e de bronze banhados a ouro são dispostos em cima de mesas de gesso. Uma composição onde a ordenação se dá pelos conjuntos de materiais com pesos, formas e funções díspares, todo o conjunto se aproxima de um desenho concebido no espaço, quase como um campo lunar.

 

Ana Sario (1984 – São Paulo, Brasil) exibe uma série de pequenas pinturas a óleo produzidas nos últimos meses, a escala diminuta do trabalho aproxima o espectador da imagem. A artista retrata com pincelada espessa um universo prosaico e interiorano – pato, árvore, varal, casa – há um embate entre a sutileza da cena retratada e a matéria densa da tinta. As pinturas se apresentam como frames de uma cena panorâmica.

 

Gabriela Machado (1960 – Joinville, SC, Brasil) tem realizado nos últimos anos esculturas em porcelana que, paralelo a produção pictórica, tem exibido seu interesse pela natureza em outras formas de execução. Os mesmos elementos encontrados nas pinturas aparecem nas esculturas – cor, gesto, camada – e principalmente a curiosidade da artista pelas possibilidades do material.

 

Masao Yamamoto (1957 – Gamagori, Japão) tanto na série “A Box of Ku” quanto “Nakazora” coloca em primeiro plano o ordinário, que se revela em sua produção sempre como algo de extrema importância. A partir de um olhar não ocidental o artista capta o que escapa aos olhos, o que sempre esteve lá e nunca foi percebido – penas, pedras, pratos são retratados com sutileza e poesia.

 

 

Até 30 de março.

Visão Fontana no IBEU

02/mar

No dia 08 de março será inaugurada a exposição individual “Visão Fontana”, de Bruno Belo, artista selecionado através do edital do Programa de Exposições Ibeu. A mostra, que acontece na Galeria de Arte Ibeu, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ, tem curadoria de Bruno Miguel.

 

Em “Visão Fontana”, Bruno Belo reúne um recorte da sua produção recente. A mostra apresenta trabalhos em tela e papel, em grandes e pequenas dimensões, executados com tinta a óleo, acrílica, aquarela e pó de grafite, todos inéditos. As obras apresentadas são o resultado de um trabalho desenvolvido a partir das inter-relações e reordenação de fragmentos de imagens, textos, apropriações, referências cinematográficas e da fotomontagem, expondo “camadas” da poética do artista.

 

A pintura se revela gradativamente em uma imagem pouco referencial. A ideia não é reproduzir o visível, mas entorná-lo neste meio pictórico, de cores lavadas, permitindo que imagens extraídas de fontes dessemelhantes possam se fundir em um processo de sobreposição de camadas e transparências.

 

“A construção do trabalho deriva da ideia de ‘Cut Up’, de W. S. Burroughs, e surge a partir de um processo de constantes projeções de imagens sobre a tela, utilizando um equipamentos antigo de 100mm, e também fotografias extraídas de fontes diversas, gerando assim novas possibilidades e construções ao processo de pintura. Isto revela uma convergência que não é unívoca, não reproduz verdades, mas produz sentidos. As imagens se confundem à essa pintura, na qual ambas não dariam conta da experiência a que se referem”, conta Bruno Belo.

 

Enxergar as coisas por igual “moda ave”, como dizia Manoel de Barros ao falar sobre visão fontana, se aproxima do trabalho do artista através das mudanças de percepção e desconstrução de significados – permitindo que fragmentos e partes se relacionem, mimetismos, contágio… Não é para ilustrar a experiência, mas revelar a nova substância. A “consciência descrita por círculos”, em que a imagem é um desdobramento de camadas – é de outra natureza.

 

“A pesquisa de Bruno é madura, tecnicamente impecável, conceitualmente firme e arriscada ao não tentar se enquadrar nas características mais óbvias de nossa geração”, descreve Bruno Miguel, curador da exposição.

 

 

Sobre o artista

 

Bruno Belo nasceu no Rio de Janeiro, RJ, 1983. Vive e trabalha em Petrópolis/RJ. Artista, graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Santa Úrsula, teve sua formação artística através de cursos livres e pelo acompanhamento e orientação de Luiz Ernesto, João Magalhães, Anna Bella Geiger, Fernando Cocchiarale, Glória Ferreira, Bruno Miguel e Daniela Labra. Foi selecionado para os programas da EAV e do Governo do Estado – Aprofundamento 2011; e Projeto de Pesquisa 2012. Participou de exposições no Brasil e exterior, dentre elas: Bienal do Recôncavo (BA); Declaring Independence (Eric Fischl Gallery, Phoenix, USA); 45º Salão De Arte Contemporânea (Piracicaba,SP); 13º Salão Nacional De Arte (Jataí, GO).

 

De 08 de março a 08 de abril.

Roberto Alban exibe Pedro David

29/fev

O instigante e conceituado trabalho do fotógrafo mineiro Pedro David poderá ser visto em Salvador, bairro Ondina, Bahia, na exposição “Espiral Contínua”, na Roberto Alban Galeria. Integram a exposição 37 fotografias das principais séries desenvolvidas pelo artista em quase 20 anos de carreira. São imagens que tratam da relação do homem com o ambiente, seja natural ou urbano, e o vínculo dessa relação com as vivências pessoais do fotógrafo, um dos mais premiados da nova geração no país.

 

Entre várias conquistas, Pedro David exibe em seu currículo o Prêmio Nacional de Fotografia Pierre Verger, o Prêmio Fundação Conrado Wessel de Arte, o XII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, o Prêmio Itamaraty de Arte Contemporânea do Itamaraty e do Museu da República (duas edições), e o internacional Nexo Photo, da Espanha. Além disso, o fotógrafo realizou inúmeras mostras individuais e coletivas no Brasil e exterior e tem exemplares dos seus trabalhos em importantes coleções, como a do Musée Du Quai Branly (Paris/França), do Museu de Arte Moderna (São Paulo/Brasil)  e do Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul.

 

Na exposição em Salvador, constarão fotografias da série “Madeira de Lei – Sufocamento” que, de tão fortes, receberam inúmeros prêmios, entre os quais o Conrado Wessel, o Poy Latam e o Prêmio Itamaraty de Arte.  Além disso, acabaram de ser selecionadas para a 16ª Bienal Internacional de Fotografia e Mixed Media Arts. O evento acontece no próximo mês de março no Texas (Huston/EUA) e girará em torno do tema “Olhando o futuro do planeta”. Foram escolhidos 32 artistas de nove países. Do Brasil, apenas dois: Pedro David e Vik Muniz (consagrado pelo documentário “Lixo Extraordinário”).

 

 

 

 De 03 de março a 04 de abril.