Bauhaus total no Rio

13/mai

O Instituto Goethe, o Consulado Geral da Alemanha e o Oi Futuro Ipanema promovem no Rio de Janeiro a mostra bauhaus.foto.filme, exposição de fotos e filmes produzidos por professores da Bauhaus, escola superior de design alemã fundada por Walter Gropius, em 1919. A mostra reúne 50 fotos e 20 filmes dos dois acervos mais importantes da Bauhaus: o Arquivo Bauhaus/Museu de Design em Berlim e a Fundação Bauhaus Dessau. Idealizada por Alfons Hug, diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro, bauhaus.foto.filme tem curadoria de  Christian Hiller, Philipp Oswalt e Thomas Tode (da Fundação Bauhaus Dessau) e de Anja Guttenberger (do Arquivo Bauhaus / Museu de Design em Berlim).

 

Para muitas pessoas, Bauhaus é sinônimo de arquitetura e de design, mas a fotografia e o filme tiveram um papel igualmente importante na famosa escola de design e artes alemã, que teve entre seus professores Mies Van Der Rohe, Marcel Breuer, Paul Klee e Wassily Kandinsky. Depois da Primeira Guerra Mundial, essas novas mídias refletiam perfeitamente o espírito da época. A capacidade de captar em imagem a aceleração da vida sob diferentes pontos de vista aguçou a curiosidade de muitos estudantes e docentes da Bauhaus, que passaram a explorar as possibilidades da fotografia e do filme. Apesar de a fotografia ter sido incluída nos currículos somente em 1929, o uso de câmeras fotográficas e as experimentações em audiovisual já faziam parte do cotidiano da escola antes disso.

 

O Arquivo Bauhaus / Museu de Design, em Berlim, possui o maior acervo de imagens da Escola no mundo, com mais de 40 mil registros fotográficos. Na mostra, a instituição apresenta uma seleção com as 50 obras mais representativas da coleção, que inclui fotografias clássicas de Lucia Moholy, László Moholy-Nagy e T.Lux Feininger, entre outros. Os registros variam de instantâneos a documentos históricos e ilustram o manuseio experimental e profissional da mídia fotográfica na Bauhaus. As fotos produzidas na época compõem uma imagem que até hoje é dominante na vida de uma das escolas de arte mais importantes do século XX.

 

A Fundação Bauhaus Dessau, por sua vez, contribui com uma ampla instalação, com projeções de filmes originais raros em grande formato. Os vídeos possibilitam um contato próximo e sensível com a produção histórica da Bauhaus, evidenciando práticas e conceitos que faziam parte do que Walter Gropius chamava de “ciência do olhar”. O filme, na qualidade de mídia técnica por excelência, foi um elemento fundamental desse programa.

 

bauhaus.foto.filme oferece uma visão abrangente do conjunto de atividades praticadas na Bauhaus e ilustra a influência recíproca entre diversas disciplinas aplicadas na instituição. A instalação exibe, no prólogo, a mesma programação de filmes exibida por Walter Gropius na cerimônia de inauguração do novo prédio da Bauhaus, em Dessau, em 4 de dezembro de 1926. Filmes produzidos por “bauhausianos” e outros contemporâneos compartilham o espaço com entrevistas e adaptações posteriores, em filme, de projetos mais antigos de Werner Graeff, Kurt Schwerdtfeger e Kurt Kranz, de modo a compor um panorama geral do repertório cinematográfico da escola alemã.

 

 

O Arquivo Bauhaus/Museu de Design em Berlim

 

O Arquivo Bauhaus/Museu de Design em Berlim se dedica à pesquisa e à apresentação da história e do impacto da Bauhaus (1919-1933) no desenvolvimento das artes, do design e da arquitetura, o que a transformou numa das mais importantes escolas do século XX. No prédio projetado por seu fundador, Walter Gropius, a instituição guarda a maior coleção do mundo sobre a história da Escola e os diversos aspectos de seu trabalho. Além dos temas relacionados ao seu entorno, o arquivo Bauhaus também se dedica a questões atuais sobre arquitetura e design contemporâneos, posicionando-se como Museu de Design no panorama berlinense de museus.

 

 

A Fundação Bauhaus Dessau

 

A Fundação Bauhaus Dessau, instalada em 1994 dentro do prédio da Bauhaus situado em Dessau-Rosslau, por iniciativa dos governos federal, estadual e municipal, dedica-se à preservação desse rico legado, além de contribuir para compor o atual universo de museus sobre a Bauhaus. Com 26.000 objetos, é a segunda maior coleção da Bauhaus em todo o mundo. Em espaços como as casas dos mestres e o gabinete de trabalho de Walter Gropius, o celeiro de Carl Fieger, as casas com arcadas de Hannes Meyer ou a casa de aço de Georg Muche e Richard Paulick, em Dessau-Rosslau podem ser apreciadas obras marcantes da arquitetura internacional da modernidade.

 

 

De 17 de maio a 20 de julho.

Três do Sul

Percevejo, mostra de Jailton Moreira

 

O Museu do Trabalho, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, apresenta “Percevejo”, exposição individual de Jailton Moreira que reúne uma série de trabalhos recentes e outros realizados na última década. O conjunto de vinte e três obras inclui fotos, vídeos e desenhos. As montagens com fotografias utilizam-se de imagens obtidas pelo artista em viagens pelo mundo que, ao rever este material de arquivo, escolheu-as considerando mais as possibilidades críticas da maneira de expor cada uma delas do que as qualidades formais ou mesmo textuais das mesmas. O grupo de fotografias testa as relações da imagem com o quadro, a moldura e suas potências estruturais. Já os três desenhos exibidos apontam para uma dimensão mental do ato gráfico onde as linhas e as formas são apenas índices para a reconstituição de pensamentos. Os vídeos, por sua vez, indicam direções diversas abrangendo o aspecto conceitual da edição, os limites do discurso artístico e as dimensões temporais da imagem em movimento.

 

 

De 17 de maio a 29 de junho.

Conversa com o artista: dia 31 de maio, sábado, às 16 horas.

 

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Anotações de Eduardo Haesbaert

 

A mostra “Anotações de uma obra depois das cinco”, na Galeria de Arte da Fundação Ecarta, Redenção, Porto Alegre, RS, é composta por uma série de fotografias dos vestígios de uma reforma no atelier do artista: formas, linhas e texturas, que, a partir da visão de Eduardo Haesbaert, adquirem uma surpreendente dimensão pictórica. E, para dialogar com a arquitetura do próprio espaço expositivo, ele faz, também, um desenho nas paredes da galeria.

 

 

De 22 de maio a 13 de julho.

 

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Teresa Poester, o traço das paisagens

 

Em mais de 35 anos de produção, seja no desenho, na pintura, no vídeo, na fotografia ou na gravura, a representação da paisagem – ou pelo menos uma sugestão dela – se faz constante, persistente, no trabalho de Teresa Poester. Em meio a figurações de jardins, pedras, janelas ou mesmo entre abstrações, entre gestos largos ou miúdos, entre linhas e manchas, entre a cor e o preto-e-branco, de repente irrompe uma paisagem. Daí o recorte desta exposição individual de Teresa Poester denominada “Território da Folha – paisagens de Teresa Poester” em cartaz no Museu de Arte Contemporânea do Rio Grande do Sul, MAC-RS, Galeria Sotero Cosme/Casa de Cultura Mario Quintana, Centro Histórico, Porto Alegre, RS.

 

 

Até 15 de junho.

Maio: Arte brasileira em Nova Iorque

09/mai

Com exposições individuais inauguradas em galerias do Chelsea, três dos maiores artistas contemporâneos brasileiros – Adriana Varejão, Tunga  e Vik Muniz – são celebrados no maior centro de arte do mundo, a cidade de Nova Iorque. O início ocorreu com a retrospectiva de Lygia Clark no MoMA, seguido Frieze (feira de arte), com stands das badaladas galerias A Gentil Carioca, Casa Triângulo, Fortes Vilaça, Jaqueline Martins, Mendes Wood e Vermelho.

 

Além do MoMA, outras instituições, como o Godwin-Ternbach Museum of Queens College exibe 40 fotos – em grande escala – de Abdias Nascimento. O Bronx Museum inaugurou a exposição coletiva “Beyond the Supersquare”, nela participando, dentre outros, André Komatsu e Mauro Restiffe. O Institute of Fine Arts da New York University será o anfitrião de Regina Silveira para um diálogo entre as pessoas interessadas. Caio Reisewitz inaugura no dia 16 uma grande individual no International Center of Photography (ICP), que abrigará ainda a coletiva “Urbes Mutantes: Latin American Photography 1941-2013”.
Mas também encontram-se em cartaz, em centros culturais da cidade a seguinte programação: no The Jewish Museum, “Other primary structures” com obras de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape, Sérgio Camargo e Willys de Castro. Já Rivane Neuenschwander apresenta-se com “Thanks for writing” no 601 ArtSpace. E no International Print Center NY, a “Contemporary Brazilian printmaking”, com 22 nomes, dentre os quais Sheila Goloborotko e Mônica Barki.

 

Mais brasileiros: Carlito Carvalhosa, em mostra individual na Sonnabend, na Broadway 1602, a coletiva “Ultrapassado part I” reunindo obras assinadas por Lygia Pape, Lenora de Barros, Lydia Okumura e Paloma Bosque. A Tierney Gardarin exibirá “Geraldo de Barros: The purity of form”,  e a Hauser & Wirth do Upper East Side com uma panorâmica de Anna Maria Maiolino e o coletivo assume vivid astro focus (avaf), criado por Eli Sudbrack, inaugura a mostra de pinturas “Adderall Valium Ativan Focalin (Cantilevering me)” na Suzanne Geiss. E a marchande Luciana Brito fez uma seleção de trabalhos de seus artistas para mostrar na Espasso.

Alexandre Mury: “Eu sou a Pintura”

30/abr

Alexandre Mury, artista conhecido pelos seus irreverentes autorretratos, apresentará ao público 12 trabalhos inéditos em sua primeira exposição individual na Galeria Athena Contemporânea, Shopping Cassino Atlântico, Rio de Janeiro, RJ, com curadoria de Elisa Byington. A partir de releituras de ícones da pintura, escultura, cinema, literatura e outras referências da cultura universal, usando a fotografia como suporte, Mury encanta com seus personagens de caráter performáticos, dirigindo e produzindo todo o processo. “A proposta dos trabalhos desta mostra, intitulada Eu sou a Pintura, é um deslocamento de significados no tempo e no espaço, inspirado nas variadas possibilidades de perceber as cores, de uma forma divertida e intrigante”, avalia o artista, que costuma dizer que se multiplica em vários “eus” em seus trabalhos.

 

 
Cada trabalho tem um enigmático jogo de referências que podem revelar surpreendentes conexões de ideias. “Para a nova série de trabalhos, Mury decide se imergir na cor, entregando-se com rigor à limitação monocromática. Em poucos anos, o artista marcou para si um lugar singular e inconfundível no panorama das artes, jogando com a transgressão aos códigos sociais e o desafio à solenidade repressora dos cânones culturais. Adotou no seu trabalho um léxico de elementos corriqueiros, prosaicos e jocosos, com os quais compôs uma linguagem própria que flerta com o kitsch, abusa do nomadismo identitário que caracterizou a cultura Pop e aposta na liberdade fecunda e regeneradora da arte”, afirma Elisa.

 

A maior característica desta série de trabalhos é o foco na cor. “Por serem quase monocromáticos o efeito é praticamente uma camuflagem, onde não só aspectos plásticos são mimetizados mas toda uma provocação com ambiguidades de paradoxos que exigem um olhar atento para cada obra”, avalia Mury.

 

Suas fotografias estão em diversas situações, cenários e personagens de maneira humorada, irônica, debochada e bastante crítica, sempre reinventando o icônico e o pictórico com uma identidade muito improvisada. Entre os destaques desta mostra estão os trabalhos inspirados nas obras Arranjo em cinza e preto, no. 1 (James Whistler), A escala em amarelo (Frantisek Kupka), O bebedor de absinto (fase azul de Pablo Picasso) e Pallas Athena (fase dourada de Gustav Klimt).

 

 

Sobre o artista:

 

Nascido no estado do Rio de Janeiro, e formado em Comunicação Social, desde criança é um artista por devoção, sempre pintando e desenhando. A fotografia como expressão vem legitimá-lo como artista a partir do momento em que começa expor seus trabalhos em galerias e centros institucionais e a ter suas primeiras obras na coleção de renomados colecionadores brasileiros como a de Joaquim Paiva e Gilberto Chateaubriand. Através da livre interpretação recontextualizada, lúdica e intrigante faz ressignificar célebres criações eternizadas e repensar os clássicos. O improviso e a visão alegórica remetem a um contexto contemporâneo mundial de reciclagens e releituras. O caráter performático, a auto-direção, a escolha e produção de figurinos e cenários reafirma a consistência, o estilo e a originalidade do artista no conjunto da obra.

 

 
De 16 de maio a 14 de junho

 

Individual de Bruno Moreschi

25/abr

A Funarte São Paulo, Campos Elíseos, São Paulo, SP, apresenta até 27 de abril a exposição “Sem Título – Técnica Mista, Dimensões Variáveis”, primeira individual do artista paranaense radicado em São Paulo Bruno Moreschi. Com curadoria de Paulo Miyada, a mostra é composta por quatro séries de trabalhos que discutem o funcionamento do sistema das artes visuais e da representação. Questões como originalidade, autenticidade, cópia, autoria e mercado são palavras-chaves para entender a produção do artista.

 

“ART BOOK”, série mais recente do artista é o ponto central da exposição. Baseando-se em conhecidas enciclopédias de artistas, Bruno Moreschi criou uma luxuosa publicação em português, inglês e espanhol que se assemelha a livros encontrados em bibliotecas e livrarias, com biografias, reproduções de obras, comentários de artistas e textos de curadores nacionais e internacionais. Entretanto, diferente das demais, todo o conteúdo desse livro/obra é inteiramente ficcional. Foram cerca de 3 anos criando estereótipos de 50 artistas internacionais e suas mais de 300 obras, entre pinturas, fotografias, desenhos, esculturas, instalações e performances (com atores dirigidos pelo artista), feitas em tamanho real. No centro do espaço expositivo, exemplares da enciclopédia estarão dispostas em mesas e poderão ser folheadas pelo público. A obra, que fez parte do mestrado que o artista realizou no Instituto de Artes Visuais da Unicamp, sob orientação da prof. Lygia Arcuri Eluf, recebeu diversos apoios institucionais para se tornar uma realidade: foi parcialmente financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (Fapesp), foi contemplada em uma residência artística da AUIP (Asociación Universitaria Iberoamericana de Postgrado) para realizar parte da enciclopédia na Universidade de Coimbra, Portugal, e apoios da Funarte, com a Bolsa de Estímulos em Artes Visuais 2013 e Prêmio Funarte de Arte Contemporânea.

 

O curador Paulo Myiada fez da exposição uma espécie de coletiva de artistas, na qual Bruno Moreschi apresenta outras séries de trabalhos como artista convidado: “Procura-se”, “Bruno Moreschi, Autor de Pierre Menard, Autor de D. Quixote” e “Pedras”.

 

Na série “Procura-se”, realizada em coautoria com Camila Regis, o artista localizou os únicos 15 retratistas de polícia que ainda fazem retrato falado a mão no Brasil. Camila foi ao encontro desses profissionais nas mais diversas cidades brasileiras e descreveu o rosto do artista. O discurso apresentado aos retratistas foi sempre o mesmo. O resultado integra a exposição.

 

A série “Bruno Moreschi, Autor de Pierre Menard, Autor de D. Quixote” é uma instalação com com desenhos que simulam as páginas do conto “Pierre Menard, Autor de D. Quixote”, escrito por Jorge Luis Borges (1899-1986). Nesse conto, Borges conta a história de um suposto escritor chamado Pierre Menard disposto a rescrever o “Dom Quixote”, de Miguel de Cervantes (1547- 1616). Trata-se, portanto, de um conto, que discute questões relacionadas a reescrita, copia e autoria. Diante disso, o artista Bruno Moreschi refez a mão com nanquim o conto escrito por Borges. Foram quase quatro meses de tentativas para refazer de maneira mais precisa possível a tipologia e todos os outros elementos visuais/textuais presentes no conto de uma determinada edição. O resultado é uma instalação com pequenos bancos em que as pessoas podem subir e se aproximar das obras enquadradas na parede e, dessa maneira, repararem que não se trata de páginas impressas, mas sim, desenhadas com nanquim.

 

Na série “Pedras”, Bruno Moreschi convidou 8 fotógrafos especializados em registrar obras de arte para fotografarem um mesmo objeto : uma pedra de pequeno porte, espécie escultura primitiva. O artista apenas indicou qual seria a base da pedra e deixou que os fotógrafos fotografassem o objeto seguindo o estilo de fotografia relacionado ao registro de obras de arte. O resultado é um jogo de comparação que discute a fotografia da obra de arte, e mostra como, na maioria das vezes, estudamos arte não a partir do objeto de arte, mas sim, a partir de seu registro fotógrafo. Em outras palavras, a História da Arte é muitas vezes a História da fotografia do objeto de arte.

 

Um catálogo com textos de Paulo Miyada, Victor da Rosa, Camila Regis e Bruno Moreschi, foi lançado dia 05 de abril, seguido de mesa-redonda com presença de artistas, curadores e críticos que já trabalharam questões relacionadas a autoria no campo das artes visuais: Ricardo Resende, Marilá Dardot, Matheus Rocha Pitta, Victor Rosa e Bruno Moreschi.

Antonio Sobral e o desenho expandido

12/abr

O dconcept escritório de arte, Vila Flávio de Carvalho – Jardins, São Paulo, SP, abre a mostra “Força Latente” do artista plástico, desenhista e cineasta Antonio Sobral com 25 obras entre desenhos, colagens, pinturas, backlights e fotografias  que se pretendem anti-ilustrativas buscando a liberdade anterior a um conceito formal: “a experiencia do mundo e a da linguagem no devenir”. Antonio Sobral cloca-se na posição de experimentar e ousar constantemente. Sua abordagem em técnicas previamente utilizadas como a colagem e o desenho, mostra-se distinta em trabalhos recentes onde procura atingir metas de intimismo de forma direta. Ao optar pelos pequenos formatos busca uma escala não sublime e sim humana. “Formas simples e símbolos primeiros balizam a espontaneidade num universo frágil e colorido” define o artista.

 

Seus desenhos se desvincularam de temas permitindo a seu instinto, na repetição dos gestos, criar novos padrões estéticos unindo formas e cores. Nas palavras do artista, “trata-se de mimeticamente desenhar como o cérebro pensa: associativamente, contraditoriamente, auto-referencialmente, e relativamente”. Seu pensamento crítico acerca do mundo que habita faz com que seus recentes trabalhos exibam questionamentos face o inconformismo da padronização do ser humano e busque o instinto e a consciência de sua própria vontade.

 

Nesta exposição individual, “Força Latente” Sobral reúne trabalhos nos quais se mostra “à margem de códigos sociais que condicionam a produção de imagens” mas também remete ao expressionismo abstrato dos anos 1980, sempre mantendo sua abordagem intimista.

 

 

De 23 de abril a 24 de maio.

Fotografias de Renan Cepeda

09/abr

A Galeria Tempo, Copacabana (ao lado do Copacabana Palace Hotel), Rio de Janeiro, RJ, exibirá paisagens do Rio de Janeiro, através de “Wave”, exposição individual de Renan Cepeda. O artista é considerado um dos grandes nomes da fotografia brasileira contemporânea e apresentará nove imagens em grandes formatos.A exposição traz um extrato da nova experiência de Renan Cepeda com a fotografia infravermelha obtida por câmera digital. Algumas fotografias digitais, mais recentes, em que o autor teve que fazer opção de cores no computador. Como este tipo de luz é invisível obviamente não possui cor. É quando a fotografia digital realizada por uma câmera modificada em laboratório deixa a critério do fotógrafo a escolha da matiz de cada imagem, multiplicando suas possibilidades criativas. O livro “Rio Infravermelho”, lançado pelo artista há quatro meses, pela editora Casa da Palavra foi também um fator motivador para esta exposição que exibirá algumas imagens que não foram publicadas na apurada edição.

 

 

A palavra do artista

 

“Considero o Rio de Janeiro uma cidade feia encravada num dos mais belos sítios do Mundo. As paisagens tomadas de longe, a partir das montanhas, do mar ou da outra margem da baía, contrastam radicalmente com a visão de quem está ao pés de um prédio em Copacabana (que deve ter sido a mais linda praia do planeta até um século atrás), ou no fluxo de algum engarrafamento na Paulo de Frontin.  Nos incomoda nesta cidade a total falta de personalidade arquitetônica e a trágica ausência de planejamento urbano. Desde sua fundação foi porto das riquezas arrastadas do interior profundo do Brasil, e desta maneira o caráter de seu povo foi forjado pela violência e leviandade de oportunistas e aventureiros que não tinham compromisso nenhum com a terra. Este espírito ainda está em voga por aqui, como uma herança maldita de exploradores, colonizadores e desterrados.  E é, por outro lado, tão grande a beleza e a generosidade da natureza que jamais nos forçou para uma postura mais moderada e racional com nosso espaço, ao contrário: é como se ainda houvesse muito a ser explorado e arrancado de suas florestas e rios e os primeiros a chegarem serão os beneficiados, enquanto que aqueles que clamam por preservá-los ficam de ingênuos e sonhadores. É preciso dizer que o carioca está para o Rio, neste sentido, como está o brasileiro para seu riquíssimo e vasto país. Em mais um aspecto o povo da Guanabara é caixa de ressonância da mentalidade dos de Pindorama.  Imaginem se as considerações de D. João VI vigorassem: de Botafogo para oeste, todo o litoral seria um parque protegido… porque não restaurar este sonho?

 

“Decidi separar a cidade de seu panorama natural. Sem manipular as imagens, princípio que mantenho em todos os meus trabalhos como fotógrafo, o filme infravermelho camufla o concreto sobre as bordas das montanhas e pedras. Quando isso não é possível, recorro ao filme infravermelho colorido (que também não se fabrica mais), que interpreta como vermelho as matas luxuriantes das florestas, relegando a uma massa branca a cidade que macula a paisagem. Não poderia haver melhor recurso para isso, sem falar na magia em se registrar algo que não se vê  a olho nú e que o fotógrafo, em sua razão de existir, descortina para seu público. Um pequeno orgulho que tenho de minha profissão”.

 

 

Um recorte do depoimento de Arthur Dapieve

 

“A ideia de viver num paraíso perdido marca o imaginário dos habitantes do Rio mais do que o de qualquer outro brasileiro graças à espetacular paisagem natural de sua cidade. Entre seus habitantes, sobrevive um sentimento que se assemelha a uma imaginária memória coletiva: o de que a cidade era ainda mais bela, e decerto bem mais pura, antes que a ação do homem, ao menos a ação do homem branco, lhe oferecesse a maçã do pecado, que os seres humanos começassem a se reproduzir sem controle, e que construções começassem a ser erguidas sem ordenamento algum. Este, claro, é um sentimento paradoxal: a cidade seria melhor quando ainda não existia cidade. Portanto, os cariocas vivem sobre os escombros desse paraíso, nostálgicos de alguma data antes de 1555, ano da fundação do primeiro forte francês numa ilha da Baía de Guanabara, dez anos antes da fundação oficial da cidade pelo português Estácio de Sá. Assim sendo, além do banho de mar e do jogging no calçadão, há um exercício bastante familiar ao morador do Rio. Consiste em contemplar a paisagem e limpá-la das interferências humanas numa espécie de Photoshop mental. Saem o Cristo Redentor do alto do Corcovado, as antenas de TV do Sumaré, os bondinhos do Pão de Açúcar, o caos arquitetônico do paredão de prédios à beira-mar, as favelas perigosamente encarapitadas nos morros, o trânsito infernal, a massa de gente a vagar pelas ruas. Sobra tão somente a cidade ideal, ou melhor, sobra a natureza exuberante que é o seu traço distintivo entre as metrópoles do mundo. Nenhuma delas – nem sua “gêmea” do outro lado do Atlântico Sul, a Cidade do Cabo – tem aquelas montanhas e toda uma floresta dentro de si. Mesmo a Floresta da Tijuca, porém, faz parte do esforço de recuperar parte daquele paraíso terreal: ela nasceu de um projeto de reflorestamento empreendido à época do imperador D. Pedro II pelo major Manoel Gomes Archer. O desmatamento causado pelas fazendas de café que cobriam quase todas as encostas da região ameaçava o suprimento de água para a então capital do Brasil.”

 

“O fotógrafo Renan Cepeda – carioca nascido em 1966, em um dos bairros mais tradicionais da cidade, Santa Teresa, onde ainda reside – faz mais ou menos o que o heroico major fez na Floresta da Tijuca e o que cada um dos seus conterrâneos faz quase todo dia, andando na rua ou da janela de um carro preso num engarrafamento. Graças a registros feitos em infravermelho, ele “refloresta” áreas para sempre perdidas à cidade, além de fixar imagens que de outro modo se perderiam em devaneios individuais. Nesse sentido, o presente livro é como uma viagem no tempo. Por conta do efeito criado pelo reflexo da luz infravermelha em áreas do Rio hoje ocupadas por prédios ou barracos, as construções surgem como ruínas de uma civilização perdida. Difícil dizer, porém, se Cepeda retrocede ou avança, se ele flagra um Rio arqueológico ou se ele antecipa um Rio apocalíptico, depois que seus despojos forem engolfados pela natureza vigilante. Para o próprio Cepeda, a fotografia infravermelha foi uma tábua de salvação. Tendo feito um registro “normal” e casual de uma manifestação de moradores em Copacabana, no final dos anos 1980, ele foi levado para o Jornal do Brasil – então um dos quatro periódicos mais importantes do país – por Carlos Hungria. Lá, Cepeda se profissionalizou na dureza e na diversidade das pautas diárias e na convivência com colegas experientes, como o próprio Hungria, Orlando Brito, Geraldo Viola, Alberto Ferreira, Evandro Teixeira e Chiquito Chaves. Sua técnica se aprimorou no trabalho como repórter fotográfico, para o qual uma jornada poderia incluir partida de futebol, vítimas de chacina e retrato de artista. No entanto, faltava algo para Cepeda, faltava a possibilidade de se expressar de maneira autoral. Ele não queria ser apenas “mais um” e passou a nutrir uma certa ojeriza pela fotografia que se contenta em reproduzir algo que já está à vista de todos. Não que desejasse manipular imagens, alterando-as após a captação, como hoje também é tão comum. De jeito nenhum. A influência do fotojornalismo persistia. Cepeda queria era revelar aspectos ocultos em seus objetos”.

 

“Filmes em infravermelho deixados por seu pai – um fotógrafo amador que tinha um laboratório em casa – serviram para dar vazão a esse desejo de imprimir uma marca distinta ao próprio trabalho. Cepeda utilizou as horas vagas, que em um jornal nunca são muitas, para começar a registrar uma das cidades mais fotografadas do mundo sob uma outra luz. Literalmente. A infravermelha. Nunca mais parou, embora, a princípio, ainda não soubesse direito qual o propósito. A crise vocacional se agravou no decorrer dos anos 1990. O jornalismo já não lhe dizia nada, e por pouco Cepeda não desistiu da fotografia em prol do cinema depois de ser correspondente da agência francesa Sipa-Presse na cidade. Então, em 2002, quando a galerista Anita Schwartz convidou-o a montar a primeira exposição individual, Cepeda lançou mão das fotos infravermelhas. O sucesso da mostra Invisíveis provou-lhe que o seu lado B poderia se transformar no seu lado A. A partir dali, ele percebeu que conseguiria viver da fotografia de arte. Embora paralelamente tenha desenvolvido outras linhas de trabalho, como o light painting, na qual a iluminação manual e/ou o movimento de câmera criam desenhos de luz, Cepeda desde então transformou as fotografias infravermelhas em sua marca registrada. A fotografia infravermelha permite a Cepeda revelar, mesmo ao mais observador dos cariocas, aspectos desconhecidos de sua cidade, além de materializar aquela visão paradisíaca. Não se trata, porém, apenas de uma questão físico-química. O que realmente valoriza o seu trabalho é como escolhe os ângulos que, aliados à luz tornada visível pela fotografia infravermelha, criam estranheza onde antes havia apenas uma familiaridadeblasée. Pegue-se uma fotografia da pista de atletismo na altura de um dos extremos do Parque do Flamengo, próximo de onde fica o pequeno obelisco em memória de Estácio de Sá, fundador da cidade. O monumento não aparece na foto, encoberto que está pelos ipês-rosas (que fazem pensar na temporada de floração das cerejeiras no Japão). A coloração e a ausência de gente transmite uma sensação de paz cada vez menos compatível com o Rio. A “assinatura” da cidade está em segundo plano e é, nada mais, nada menos, que metade do Morro do Pão do Açúcar, com estação de bondinho e tudo, destituído da majestade quase onipresente nos registros turísticos e publicitários. Ali, com Cepeda, o Pão de Açúcar se torna quase incongruente.”

 

 

Sobre o artista

 

Carioca praticante, de família portuguesa, Renan Cepeda é formado em Mecânica Industrial pelo CEFET-RJ. Começou a fotografar em preto e branco com 11 anos de idade, influenciado por seu pai, um fotógrafo amador. Escolado na experiência do fotojornalismo no Jornal do Brasil dos anos 1980, colaborou também para as maiores publicações do país, e foi correspondente da agência francesa SIPA-Presse no Rio. Dedicando-se hoje integralmente à fotografia de arte, Renan Cepeda é reconhecido pelas pesquisas sobre técnicas fotográficas incomuns, como a fotografia infravermelha e o light painting, tendo sido contemplado por vários prêmios no Brasil e exterior. Em 2010 fundou o Ateliê Oriente com os fotógrafos Kitty Paranaguá e Thiago Barros, seu local de trabalho no bairro de Santa Teresa.

 

 

De 16 de abril a 07 de julho.

Nazareno apresenta obras inéditas

07/abr

O Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, exibe a exposição “Somos Iguais” do artista Nazareno, sob a curadoria de Tainá Azeredo. No primeiro nível, o artista apresentará instalação composta por 18 instrumentos musicais infantis restaurados, acompanhados de fotografias em grandes formatos registrando o estado em que foram encontrados. Uma trilha sonora criada pelo músico Paulo Beto a partir dos próprios instrumentos de brinquedo, especialmente para a mostra, completa a ambientação. O arranjo parte da tentativa de reprodução de músicas infantis e melodias harmônicas, mas acaba por criar sons inusitados produzidos pelos instrumentos defeituosos. Os pequenos instrumentos exibidos foram pinçados da coleção particular de Nazareno, formada desde o final dos anos 1990. O artista começou a restaurá-los no ano 2000 e enfrenta dificuldades em conseguir peças para completar os reparos. Para exibir sua visão sobre homens e instrumentos, as obras serão expostas com suas particularidades moldadas pelo tempo. Alguns foram completamente restaurados, outros apresentam mazelas e os danos causados pelo uso e o passar dos anos.

 

“Alguns foram fabricados há mais de 60 anos e as peças já não são mais produzidas”, conta Nazareno. “Este trabalho tem relação direta com os sentimentos humanos. A impossibilidade de consertar os danos se mostrou como uma metáfora: assim como os brinquedos, alguns sentimentos, depois de danificados, não podem ser reparados. Nesse ponto, acredito que nós ‘Somos Iguais’ aos instrumentos”, conclui.

 

No nível térreo, serão exibidas fotos autobiográficas inéditas da série de “De Onde (eu) Venho”, que ilustram o processo criativo do artista, registrando seu local de trabalho. Completam a mostra três vídeos do artista feitos especialmente para a ocasião. Munido de uma câmera, Nazareno foi a casas de amigos registrar particularidades de seus ambientes. Os vídeos foram designados pelos nomes dos proprietários das residências. A produção está a cargo de Anderson Eleotério e Izabel Ferreira – ADUPLA Produção Cultural.

 

 

Sobre o artista

 

Nazareno nasceu em São Paulo e passou sua infância e adolescência em Fortaleza. Em 1987, mudou-se para o Distrito Federal, onde concluiu bacharelado em Artes Visuais pela Universidade de Brasília em 1998. A partir do ano seguinte, participou de diversas exposições de destaque pelo Brasil e exterior e foi premiado no Salão de Artes Visuais de Brasília de 2001. Em 2004, lançou o livro “São as Coisas que Você Não Vê que nos Separam” e em 2013 o livro “Num lugar não longe de você”. Possui obras em diversas coleções públicas e privadas. Nazareno é reconhecido por explorar aspectos relativos a memórias, perdas e superações. Também trabalha questões como a impossibilidade de transformação do sujeito frente ao mundo contemporâneo. “Entrar no trabalho de Nazareno é como abrir um álbum de família, em que cada página e cada imagem vem acompanhada de uma narrativa pessoal, transformada pelo tempo e pela memória. Buscando nas raízes profundas de sua própria história e escavando um passado familiar, o artista fala sobre a impossibilidade da recuperação de emoções que pertencem a um tempo antigo”, explica a curadora, Tainá Azeredo.

 

 

Sobre o Oi Futuro

 

O Oi Futuro é o instituto de responsabilidade social da Oi, que desenvolve e apoia programas e projetos nas áreas de educação, cultura e sustentabilidade. O Oi Futuro tem um compromisso com a transformação e com a inclusão social, tendo como missão promover o desenvolvimento humano por meio das tecnologias da informação e da comunicação. Desde 2001, suas ações visam democratizar o acesso ao conhecimento e reduzir distâncias geográficas e sociais, com especial atenção à população jovem.

 

Na educação, os programas NAVE e Oi Kabum! usam as tecnologias da informação e da comunicação, capacitando jovens para profissões na área digital e criativa, fornecendo conteúdo pedagógico para a formação de educadores da rede pública e fomentando o desenvolvimento de modelos inovadores. Já na área cultural, o Oi Futuro mantém dois espaços culturais no Rio de Janeiro (RJ) e um em Belo Horizonte (MG), com programação nacional e internacional de qualidade reconhecida e a preços acessíveis, e o Museu das Telecomunicações nas duas cidades, além de apoiar festivais e projetos em todas as regiões Brasil por meio do Programa Oi de Patrocínios Culturais Incentivados.

 

O programa Oi Novos Brasis reafirma o compromisso do Instituto no campo da sustentabilidade, com o apoio e o desenvolvimento de parcerias com organizações sem fins lucrativos para a viabilização de ideias inovadoras que utilizem a tecnologia da informação e comunicação para acelerar o desenvolvimento humano. O esporte completa o seu escopo de atuação apoiando projetos aprovados pelas Leis de Incentivo ao Esporte, tendo sido a Oi a primeira companhia de telecomunicações a apostar nos projetos socioeducativos inseridos na Lei Federal.

 

 

De 14 de abril até 1º de junho.

A NY de Ivan Pinheiro Machado

01/abr

Ivan Pinheiro Machado, pintor, arquiteto e fotógrafo, abre a exposição “O Mundo Como Ele Não É”, no Espaço Cultural Citi, Avenida Paulista, São Paulo, SP, com curadoria de Jacob Klintowitz. A mostra conta com 28 telas que reproduzem cenas da cidade de Nova York com exatidão e realismo.

 

A precisão da fotografia e o fascínio pessoal por grandes centros urbanos representam as maiores inspirações de Ivan, levando-o a recriar, em suas pinturas, todos os “cacos” cotidianos que se manifestam em placas, avenidas, becos, sinais, etc. “É tão forte o realismo das cenas urbanas de Ivan Pinheiro Machado que podemos não sentir que se trata de ficção. A sua obra tem a particularidade de uma delicada luz que a percorre e é quase despercebida.”, comenta o curador da exposição. Com o tema urbano, o artista registra uma existência visível em detalhes da megacidade: “Gosto dos contrastes, como dos “yellow cab” novaiorquinos contra o cinza da cidade. Curto os outdoors, as pontes, os edifícios, os engarrafamentos, os semáforos agrupados…”, nas palavras do artista.

 

Resultado de um desenvolvimento técnico que vive há quase 40 anos, Ivan Pinheiro Machado usa fotografias como ponto de partida para suas pinturas, seguindo uma estética realista, pautada em grafismos, e demonstrando domínio técnico singular. A temática de seu trabalho pode variar, mas sempre possui uma grande cidade como fundo, evidenciando as surpresas que as ruas e esquinas lhe oferecem. O essencial, para ele, são os detalhes da metrópole: a cor, a luz, o estranho, o inusitado, onde o ser humano atua como “presença ausente” na maioria das telas. “Eu gosto de partir de uma foto e transformá-la, propondo um ângulo intrigante, curioso e até dramático. Aí então o pintor é gratificado, pois as pessoas olham com espanto, como se fosse a primeira vez que estivessem vendo aquilo.”, conclui.

 

 

De 07 de abril a 06 de junho.  

Inéditas de Rogério Reis

31/mar

Fotografar na praia já foi fácil. Nos anos 70, 80, um fotógrafo era recebido de braços abertos pelas tribos que frequentavam as areias cariocas. O tempo passou e o que ficou difícil nos anos 90 virou quase impossível nos dias de hoje. Sacar uma Canon no calçadão é promessa de confusão. O direito de imagem é levado tão a sério atualmente que a solução do fotógrafo Rogério Reis, um apaixonado por personagens que habitam este cenário tão democrático da cidade, foi distribuir tarjas e formas geométricas coloridas sobre o rosto das pessoas. Portanto, da dificuldade surge o trabalho “Ninguém é de Ninguém”, um projeto iniciado há três anos, e que agora chega à Galeria da Gávea, Alto Gávea, Rio de Janeiro, RJ, com 20 fotografias, seis delas em série inédita, intitulada “Paisagens Humanas”.

 

Será a primeira oportunidade de apreciar, de forma panorâmica, este trabalho que encantou a Maison Européenne de la Photographie, a MEP, a ponto da instituição francesa comprar todas as 34 fotos, quando exibidas no “FotoRio 2011″. Ou seja, a fase com o nome de “Paparazzi do Anônimo” faz parte do acervo francês e o carioca pouco viu ao vivo este trabalho. No momento, algumas fotos estão em cartaz no CCBB-Rio, na mostra “Amor, Amor, Amor”.

 

A novidade em “Paisagens Humanas” é que Rogério Reis recorre a imagens mais abertas, com menos closes e mais pessoas, mas sempre com suas tarjas coloridas, criando harmonia entre personagens e a luz obtida nas fotografias. Rogério Reis sempre se interessou por temas urbanos. Investiu tempo e olhar sobre a violência em trabalhos como “Microondas” e “Travesseiros Vermelhos”. Passado este momento, seu assunto agora é a beleza dos beijos, dos corpos em roupa de banho, suor, cadeiras, barracas e tudo o mais que nos remeta ao universo praiano.

 

 

De 16 de abril a 23 de maio.