Rosângela Rennó: encontro

19/mar

A Casa do Saber, com o apoio da ArtRio, apresenta a aula “Revelando os arquivos fotográficos de Rosângela Rennó”. O encontro com a artista – que já participou das bienais de Veneza em 1993 e 2003, Berlim em 2001, São Paulo em 1994 e 2010, Havana em 1997 e Istambul em 2011 – aconteceu na sede da instituição, na Lagoa, Rio de Janeiro, RJ.

 

Rosângela Rennó não costuma tirar muitas fotos. No entanto, ela se transformou em uma das principais referências em artes plásticas quando o assunto é fotografia, suas ressignificações e desdobramentos. Ela prefere manipular imagens e negativos feitos por outras pessoas, muitas vezes anônimas, retrabalhando a memória e, sobretudo, as ausências e faltas na memória. Em uma época em que o apelo da fotografia é onipresente, Rosângela conseguiu construir uma obra original com reconhecimento de crítica no Brasil e no exterior. Seus trabalhos estão em alguns dos principais museus de arte no exterior, como o Reina Sofia, em(Madri, a Tate Modern, em Londres, o Arts Institute of Chicago, o Guggenheim, em Nova York e o Stedelijk em Amsterdan.

 

Ela também acaba de ganhar o prêmio de melhor foto-livro do mundo da Paris Photo-Aperture Foundation, na França, com “A01 [COD. 19.1.1.43] – A27 [S|COD.23]”, livro sobre as fotografias de Augusto Malta furtadas do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro. Nesse encontro especial, Rosângela mostrou e comentou seus últimos trabalhos a partir de investigações em arquivos fotográficos e falou de sua dedicação à produção de foto-livros.

Instalação de Miguel Rio Branco

18/mar

Uma instalação com quatro projeções de imagens que transitam pelas temáticas de violência e poder, trabalhada simultaneamente sobre quatro telas de voil, com áudios diferentes, constitui o núcleo central da mostra “Gritos surdos”, de Miguel Rio Branco, que ocupará a Casa França-Brasil, Centro, Rio de Janeiro, RJ. A exposição reúne instalações realizadas pelo artista no início da década de 2000, que nunca foram exibidas no Rio de Janeiro. Além da obra que estará na nave central da Casa França-Brasil, uma das salas laterais exibirá uma projeção com imagem fixa e áudio. A outra vai mostrar um “site specific” em neon‚ no qual vidros de pára-brisas de automóveis, acidentados ou baleados, refletem luzes fluorescentes que piscam de modo intermitente, perfiladas por linhas de neon vermelho, com fotografias em cibachrome. As obras de “Gritos Surdos” foram concebidas originalmente para uma mostra individual do artista no Centro Português de Fotografia, Porto, Portugal, em 2001 e também exibidas na Galeria Millan, São Paulo, SP, em 2004 e em Arles, França, nos “Rencontres d’Arles”, na Église des Frères Prêcheurs, em 2005. Ao lembrar que Miguel Rio Branco não apresenta uma exposição institucional no Rio de Janeiro há muitos anos, Evangelina Seiler, diretora da Casa França-Brasil, diz que “Gritos Surdos” proporciona uma reflexão sobre difíceis aspectos da condição humana. – “A obra de Miguel Rio Branco nos faz pensar sobre o que às vezes não queremos ver”.

 

 

A palavra do artista

 

– “Como artista, trabalhei em cima de imagens fotográficas‚ do cinema digital‚ das luzes de neon e da poética que as artes plásticas me oferecem. Tudo se transforma no resultado da minha obra”, resume Miguel Rio Branco, ao falar sobre o seu processo criativo.

 

“Gritos surdos” é composta por vídeos, fotografias e objetos. No entanto, sobre este tipo de composição, o artista ressalta: – “Cada pedaço na verdade já contém um todo, já pode bastar em si mesmo, fotograficamente falando; porém, poeticamente, ele precisa dos outros pedaços para completar o discurso”.

 

– “Trabalho como um pesquisador, como um colecionador de momentos e objetos, uma pessoa que vai atrás de marcas deixadas por outros, um pouco como um arqueólogo. Hoje em dia eu me vejo muito como um arqueólogo que vai pegando marcas; o meu trabalho não tem mais o ser humano explícito, mas tem a marca dele, os restos que ele deixa, as maneiras com que ele trabalha as coisas. Não registro a arquitetura que o homem faz num edifício, mas os buracos onde ele vive, os restos que ele larga para trás”, conclui.

 

 

Sobre o artista

 

Um dos mais completos artistas visuais brasileiros, Miguel Rio Branco começou a expor suas pinturas em 1964, mas foi como fotógrafo e diretor de fotografia que conquistou reconhecimento nacional e internacional, a partir dos anos de 1970. Estudou fotografia em Nova Iorque, onde trabalhou por dois anos como fotógrafo e diretor de filmes experimentais.  Nos nove anos seguintes, dirigiu e fotografou filmes em longas e curtas metragens. Desenvolveu, em paralelo, uma fotografia autoral de forte carga poética, que logo o legitimou como um dos melhores fotojornalistas de cor.  A ênfase de Miguel Rio Branco ao olhar pessoal lhe rendeu prêmios importantes, como o francês Kodak de la Critique Photographique, em 1982, e o Grande Prêmio da Primeira Trienal de Fotografia do MAM- SP em 1980, além da presença de seus trabalhos nas revistas mais importantes do mundo, como Stern, National Geographic e muitas outras. Como diretor de fotografia, foi premiado pelos filmes “Memória Viva”, de Otávio Bezerra, e “Abolição”, de Zózimo Bulbul. Seu vídeo “Nada levarei quando morrer, aqueles que me cobrarei no inferno”, 1982, venceu a categoria Melhor Fotografia no Festival de Brasília e foi duplamente premiado no XI Festival Internacional de Documentários e Curtas de Lille, França: levou o Prêmio Especial do Júri e o Prêmio da Crítica Internacional. Publicou os livros “Dulce Sudor Amargo”, Fundo de Cultura Económica, México, 1985; “Nakta”, com um poema de Louis Calaferte , Fundação Cultural de Curitiba, 1996;  “Miguel Rio Branco”, com ensaio de David Levi Strauss, Aperture, 1998; e “Silent Book”, Cosac Naify, 1988. Seguiram-se “Entre os olhos, o deserto”, 2000, também pela Cosac Naify e “Notes on the tides”, 2006. O mais recente de seus livro “Você está feliz”, 2012,  editado pela Cosac Naify, foi indicado ao “Photobook Award 2013”. Miguel Rio Branco possui obras no acervo de coleções públicas e particulares nos EUA, na Europa e no Brasil: MAM-Rio,  MAM-SP, MASP-SP, Centre Georges Pompidou, Paris, San Francisco Museum of Modern Art, USA, Stedelijk Museum, Amsterdan, Museum of Photographic Arts, San Diego, California, USA, e Metropolitan Museum of Art, Nova Iorque, USA. Entre 2000 e 2013, o artista realizou 50 exposições individuais no Brasil, na Europa, Estados Unidos e Japão. Possui espaço especial (individual) no Centro de Arte Contemporânea Inhotim, MG.

 

 

 De 24 de março a 25 de maio.

Monica Piloni na FASS

14/mar

A FASS, Vila Madalena, São Paulo, SP, reconhecida por trabalhar com fotos históricas, amplia suas atividades e cria plataforma voltada a artistas contemporâneos que usam a fotografia como suporte. A galeria inaugura o novo núcleo com “No meu quarto”, a primeira exposição individual de Monica Piloni na cidade. A curadoria é do expert Diógenes Moura.

 

“No meu quarto” reúne dez fotografias e um vídeo, regidos pela experimentação da artista na linguagem fotográfica, dando continuidade à sua reflexão no campo da escultura.  O conjunto de sua obra ressalta a obsessão pelo corpo, seu próprio corpo, reproduzido em escala natural e de forma hiper-realista. A artista esculpe pernas, braços e reproduz a cabeça e o rosto numa expressão de melancolia com olhos que parecem olhar através dos observadores.

 

“Perturbadores personagens surgem em corpos retalhados e reconfigurados insolitamente, que parecem buscar a integridade que lhes faz falta, a integridade que nos faz falta”, pondera Pablo di Giulio, fotógrafo e diretor da galeria. Segundo ele, ainda, essa é uma das inúmeras questões que sua obra traz à tona – sexualidade, representação e aparência vistas através da desconstrução do corpo no espaço.

 

Em “No Meu Quarto”, as fotografias trazem cenas quase performáticas, nas quais Piloni recria braços, pernas e cabeça no ambiente onde mora e com os elementos próprios desse universo. “Seu corpo desestruturado parece querer ocupar os espaços do cotidiano numa prática narcisista e exibicionista – na cama, no sofá, diante do espelho – na intimidade quase doentia de quem esta no seu pequeno mundo, no seu quarto que é também a sua mente, sua cabeça, a nossa”, destaca o diretor.

 

No dia 1o de abril, às 19h, a FASS promove um coquetel e conversa intimista com a artista, em seu espaço na Vila Madalena. Já, também na galeria, dias 8, 9,15 e 16 de abril, sempre às 19h30, um ciclo de quatro encontros abertos  ao público reunirá artistas e curadores para refletir sobre a questão do corpo como ponto de partida para a criação artística. Entre os participantes estão os curadores Diógenes Moura, Cláudia Fazzolari, Paulo Miyada e Thais Rivitti, além dos artistas Monica Piloni, Márcia Beatriz, Flávia Junqueira e Nino Cais. Informações e inscrições pelo site info@galeriafass.com.br (vagas limitadas).

 

As obras de Monica Piloni fazem parte de importantes coleções como de Bernardo Paz, no espaço cultural Inhotim, no Instituto Figueiredo Ferraz de Ribeirão Preto, e de outras particulares, como Blanca Soto em Madrid, Leon Tovar, em Nova York, Cleusa Garfinkel e Waldick Jatobá no Brasil

 

 

De 20 de março a 19 de abril.

Registro: Franco Terranova Arte/Poesia

Antes de falecer, em dezembro de 2013, o marchand Franco Terranova ainda teve tempo de concluir seu último e um dos mais brilhantes projetos. Reuniu poemas inéditos e antigos com suas impressões de toda uma vida. Conseguiu expressar desde as lembranças de sua longínqua Itália até a paixão por Ipanema, bairro que escolheu para viver em 1950. Todas as memórias estão reunidas no livro “Carma Carnadura”, que a Réptil Editora lançou em fevereiro, na Galeria Marcia Barrozo do Amaral, Copacabana, Rio de Janeiro, RJ. O tempo, elemento perene na obra de Franco, é soberano nas páginas de “Carma Carnadura”. Na sua influência nas relações humanas, na percepção dos afetos e, também, as marcas físicas por ele deixadas.

 

Com fotos feitas pelo filho, o fotógrafo Marco Terranova, o poeta aparece nu, num ensaio que mostra a decomposição do corpo de um homem em plena vida. “Ele ainda estava um pouco reticente e consegui convencê-lo a posar citando o final do filme 2001 – Uma Odisseia no Espaço, em que o personagem vai envelhecendo até que renasce para uma nova vida”, lembrou Marco. Dor, amor, ódio e outros sentimentos são apresentados nos poemas concretos, sem vírgulas ou pontos finais, o que torna a leitura uma experiência emocionante e profunda. “Poeta audacioso e original, Franco Terranova não se ajustava aos padrões usuais de linguagem”, disse dele o também poeta e amigo Ferreira Gullar. Fundador da memorável Petite Galerie, a primeira galeria de arte moderna no Brasil, que funcionou no Rio de Janeiro de 1954 a 1988, Franco apresentou ao país muitos dos artistas hoje renomados.

 

Conhecido pela sensibilidade e gentileza, deixou muitos amigos. “Era uma pessoa bondosa, muito mais idealista do que marchand. Ele acolhia os artistas”, diz Nelson Leiner. “Ele foi um marchand menos mercador e mais movido pelo afeto”, resume Daniel Senise. “Carma Carnadura” é o segundo livro de Franco Terranova lançado pela Réptil Editora – ele escreveu 14. Em outubro de 2012, a parceria com a editora Luiza Figueira de Mello resultou em “Sombras”, livro-objeto que contou com obras de arte de 73 artistas, entre eles, Tunga, Carlos Vergara, Antonio Dias, Millôr Fernandes, Emanoel Araújo, Avatar Morais, Anna Bella Geiger e Frans Krajcberg, criadas especialmente para ilustrar suas poesias. “O Franco é a pessoa mais íntegra e cheia de amor que conheci. Tenho muito orgulho destes trabalhos, sinto saudades dele todos os dias”, diz Luiza, que de tão amiga virou herdeira de seus direitos autorais.

 

 

SOBRE FRANCO TERRANOVA

 

Vindo da Itália em 1947, depois de lutar na Segunda Guerra Mundial, Franco Terranova criou – no Rio de Janeiro – a Petite Galerie, um diminuto espaço na Avenida Atlântica, em Copacabana. Seu último endereço de atividades, na Barão da Torre, em Ipanema, fechou ao longo de três dias de 1988, com um evento que Terranova batizou de “O eterno é efêmero”, com todos os artistas convidados que haviam trabalhado e exposto na galeria, artistas criando obras nas paredes, em seguida pintadas de branco. A galeria foi berço para muitos dos principais artistas plásticos do Brasil contemporâneo. O marchand também é reconhecido por introduzir no mercado brasileiro técnicas atualizadas de marketing cultural, realizar os primeiros leilões de arte moderna e fomentar a produção cultural no país. Com 14 livros publicados, Franco também dedicou-se a escrever poesias até seu falecimento, em dezembro de 2013.

Sebastião Salgado – Genesis

O renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado apresenta, na Usina do Gasômetro, Porto Alegre, RS, a exposição “Genesis”, que reúne 250 imagens realizadas ao longo de oito anos em viagens por lugares isolados do mundo. Com curadoria de Lélia Wanick Salgado, a mostra faz parte do 7º FestFoto – Festival Internacional de Fotografia de Porto Alegre.

 

 

Aula Magna

 

O projeto chega à capital gaúcha e conta com a presença do fotógrafo, que ministra na sexta, 14, uma Aula Magna, com entrada franca, na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS.

 

 

 

Sobre o fotógrafo e a curadoria

 

 

Radicado na França, Sebastião Salgado trabalha com fotografias em preto e branco baseadas em temáticas sociais. O conhecido fotógrafo já conquistou inúmeros prêmios internacionais. “Genesis” retrata animais, tribos e paisagens clicadas em diferentes lugares do mundo, ao longo de 8 anos de viagens. A curadoria da exposição é da mulher do fotógrafo, Lélia Wanick Salgado. No evento, também será lançado o livro Genesis, editado pela editora alemã Taschen e a biografia “Da Minha Terra à Terra”, edição da Companhia das Letras. Sebastião Salgado tornou-se fotojornalista em 1973, profissão que seguiu desde então. Também estudou Economia na Universidade de São Paulo, USP, e escreveu sua tese sobre o assunto em 1969, na França. Formada em Arquitetura pela École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris e Urbanismo na Universidade de Paris VIII, Lélia também dedicou sua vida à fotografia. O casal vive na França. O fotógrafo receberá título de Cidadão de Porto Alegre e Lélia Wanick o Diploma de Honra ao Mérito.

 

 

A exposição divide-se em cinco núcleos geográficos:

 

Planeta Sul – Da Antártica e da Patagônia, há paisagens de geleiras e animais como pinguins, leões-marinhos e baleias. Outras fotos mostram a fauna e a flora das Ilhas Malvinas, Argentina, das Ilhas Diego Ramírez, Chile e das Ilhas Sandwich, território britânico, pertencente às ilhas da Geórgia do Sul.

 

 

Santuários – Paisagens vulcânicas e a fauna do arquipélago Galápagos, Equador, além de povos isolados e da vida selvagem na Nova Guiné, na Guiné Oeste, em Sumatra, ilha da Indonésia e na ilha de Madagascar.

 

 

África – Nos desertos da Namíbia e do Saara, lugares pouco visitados. Da vida selvagem, há os gorilas encontrados nas fronteiras de Ruanda, Congo e Uganda. Entre as tribos, estão os Himba da Namíbia, os Dinkas do Sudão e os Omo Sul da Etiópia, além de povos do Deserto Kalahari, em Botswana, e de ancestrais comunidades do norte da Etiópia.

 

 

Terras do Norte – Paisagens raras do Alasca, do Colorado, EUA, e do Parque e Reserva Nacional Kluane, Canadá. Há também cenas do extremo norte da Rússia, incluindo o local de reprodução do urso polar, na Ilha Wrangel, e a península de Kamchatka, na ponta mais oriental do país. O núcleo ainda mostra a população indígena Nenet do norte da Sibéria.

 

 

Amazônia e Pantanal – Na Floresta Amazônica, flagra povos indígenas como os Zo’e do Pará, que até os anos 1980 estavam isolados. Na Venezuela, apresenta o Tepui, as formações geológicas consideradas as mais antigas da Terra. E do Pantanal apresenta a vida selvagem.

 

 

Até 12 de maio.

 

Inéditos de Miró

25/fev

Inédita no Brasil, “A magia de Miró, desenhos e gravuras” está em cartaz na Caixa Cultural São Paulo, Centro, São Paulo, SP. A exposição apresenta obras do pintor e gravador catalão e traz fotografias registradas pelo curador Alfredo Melgar. Miró ficou conhecido mundialmente por sua criatividade e capacidade de experimentação, apresentando em suas obras inúmeras possibilidades de formas e de cores, compondo um mundo próprio, de sonhos e de magia.

 

Trata-se de uma exposição do colecionador Alfredo Melgar, que foi galerista e amigo de Miró por muitos anos. Melgar fez uma seleção de 69 obras de Miró e selecionou 23 fotos que ele mesmo fotografou Miró no ambiente de ateliê e produção artística.

 

No dia da inauguração, houve uma palestra com o galerista e curador Alfredo Melgar. O intuito é levar a arte para as ruas através da exibição ao ar livre de um documentário sobre a vida de Miró. Após a temporada em São Paulo, a exposição segue para as unidades da CAIXA Cultural em Curitiba (20 de maio a 20 de julho de 2014), Rio de Janeiro (28 de julho a 28 de setembro de 2014), Recife (7 de outubro a 7 de dezembro de 2014) e Salvador (16 de dezembro de 2014 a 8 de fevereiro de 2015).

 

 

Até 20 de abril.

​Paisagem Carioca

21/fev

A artista plástica Lucia Laguna trabalha intensamente com a paisagem urbana do Rio de Janeiro. Pensada exclusivamente para o “Projeto Technô”, a obra “Paisagem” transmuta a vitrine do espaço expositivo do Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, em janela processual que apresenta os caminhos de uma poética. Através da sobreposição de fotografias e fitas, o público identifica e, por vezes desvenda, fundamentos básicos presentes em sua singular obra pictórica. A curadoria é de Alberto Saraiva.

 

 

Até 06 de abril.

Curso no Rio com Walter Firmo

18/fev

Venha ver em preto e branco, pois a vida é colorida. Quer descobrir os segredos do Preto e Branco? São 56 anos de fotografia, de um dos fotógrafos mais premiados e renomados do mundo, ex-diretor do In Foto, Comendador da Fotografia Brasileira, 10 prêmios Nikon, Golfinho de Ouro, citado na Enciclopédia Britânica, Prêmio ESSO de Texto, trabalhou nos principais órgãos de imprensa do país. Há 22 anos, se dedica a ministrar aulas de fotografia. Poucos sabem, mas Walter Firmo, é um ” SEM COR HÍBRIDO DO PRETO E BRANCO”, os segredos desse mestre do olhar estão a partir de março, a disposição de quem deseja conhecer e ter um olhar rebuscado e sagaz. Informações e inscrições: dudafirmo1@gmail.com

BRICS no Oi Futuro

17/fev

O Oi Futuro, Flamengo, Rio de Janeiro, RJ, abre ao público “BRICS”, mostra com a produção de vídeo e fotografia de artistas contemporâneos dos cinco países que formam o bloco com as maiores economias emergentes da atualidade: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A mostra tem curadoria de Alberto Saraiva, curador de Artes Visuais do Oi Futuro, e de Alfons Hug, diretor do Instituto Goethe no Rio de Janeiro, e Co-curadoria de Sarat Maharaj (África do Sul), Gao Shiming (China), Joseph Backstein (Rússia), Bose Krishnamachari (Índia).

 

A mostra foi organizada para responder às expectativas geradas pelas conquistas políticas e econômicas desses cinco países, que hoje representam 40% da população mundial, no campo da arte e da cultura. Obras do brasileiro Silvino Santos (“No paiz das Amazonas”, 1921) trazem visões importantes de questões sociais, já consideradas polêmicas quando foram filmadas e que se mantêm atuais – estão ao lado da produção recente de artistas nacionais como Paulo Nazareth e Juliana Stein, que integraram a Bienal de Veneza em 2013, Cao Guimarães e Romy Pocztaruk.

 

Entre os chineses, estão Ip Yuk-Yiu, Chen Chieh-Jen, Cao Fei, Yang Fudong, e Gao Shiqiang, cujas obras refletem uma nova poética a partir das transformações sociais do país. A Rússia é representada por Haim Sokol, Elena Kovylina e Roman Mokrov. Vivek Vilasini, SarnathBanerjee e Navin Rawanchaikul trazem à cena representações de uma nova Índia. “My Fitzcarraldo”, do cineasta e diretor teatral alemão Christoph Schlingensief, documenta filmagens que realizou em Manaus. Obras dos sul-africanos Donna Kukama e Mikhael Subotzky completam a mostra.

 

Mostra é resultado de dois anos de pesquisa

 

Os curadores Alberto Saraiva e Alfons Hug pesquisaram por dois anos e fizeram várias viagens aos países do BRICS, para conhecer de perto a produção contemporânea recente de vídeo e fotografia e selecionar o material da mostra. Para o co-curador Alberto Saraiva, “a mostra no Oi Futuro é uma oportunidade de o público brasileiro conhecer o trabalho de importantes nomes da arte contemporânea internacional sob um recorte inédito e instigante, que mostra por que esses artistas estão hoje na vanguarda mundial”. Depois da estreia no Oi Futuro no Flamengo, Saraiva pretende levar a exposição para os outros países do bloco emergente. “A meta é que seja uma mostra itinerante, que contribua para o intercâmbio de experiências entre artistas de cada local”, afirma.

“Se, há cem anos, Berlim, Paris e Moscou formavam o epicentro da modernidade e, a partir do século XX, Nova York passou a dar o tom, é possível que os países do BRICS passem a ser os novos indicadores dos caminhos da cultura”, diz Hug. “Essas perspectivas em si já são suficientes para justificar um projeto BRICS. Além disso, este grupo de países também goza de destacada prioridade na política cultural internacional”, completa o co-curador.

 

Para Alfons Hug, a contraproposta dos artistas tem início, não raramente, na busca de um material “orgânico, não-espetacular, quase precário”. “Se o marketing das cidades do BRICS revela as reluzentes superfícies das novas metrópoles como o mais amplo panorama da renovação urbana, a arte dedica-se à morfologia da alma e ao destino de cada um”, diz. Na visão de Hug, raramente, no modernismo, e apenas em poucos locais fora deste grupo de países, as pessoas são conduzidas para tão perto dos limites do que se pode suportar física e psiquicamente. “No turbilhão de concreto, vidro, fuligem e barulho que transforma o homem em pequenina peça anônima em meio à massa, a arte é capaz, com sua imperturbável percepção da diferença, de dar forma e voz ao indivíduo.

 

 

De 17 de fevereiro a 06 de abril.

Janaina Tschäpe na Fortes Vilaça

A Galeria Fortes Vilaça, Vila Madalena, apresenta a exposição “The Ghost in Between”, na qual Janaina Tschäpe, artista residente em NY, mostra seu mais recente filme. Produzida na Amazônia e apresentada em forma de dupla projeção, a obra enfoca o olhar romântico sobre um mundo a desbravar das viagens científico-exploratórias do século XVIII e XIX. A prática do vídeo e da fotografia é paralela à pintura e ao desenho no desenvolvimento da poética de Tschäpe. As diferentes mídias se influenciam permanentemente. Dentro destes quatro campos, ao longo dos anos, a artista recorreu diversas vezes à mitologia e à literatura em contraponto às descobertas da ciência para criar seres fantásticos, células e plantas fictícias, em um universo onde o real e o imaginário coabitam. O título do filme alude a um costume brincalhão dos habitantes do alto Amazonas de procurarem fantasmas em fotografias. Segundo eles o fantasma fica no limite entre o começo da vegetação ribeirinha e o seu próprio reflexo no rio. Para os povos indígenas que formam a base da população local, o mundo invisível é tão real quanto o visível e isto informa a rica e híbrida mitologia amazônica.

 

“The Ghost in Between” propõe uma viagem subjetiva ao flertar com a ideia romântica da busca pelo desconhecido. Vemos uma mulher navegando pela paisagem, refletida num Rio Negro imóvel e espelhado. A imagem vai se tornando abstrata, como as manchas simétricas do teste psicológico de Rorschach, e assim o mundo conhecido abre espaço para a existência de seres místicos. A mulher se metamorfoseia em menina e em criatura e volta a ser mulher. Há cenas povoadas por crianças e seres antropomórficos que ora permanecem imóveis, como em documentos etnográficos, e ora interagem com a natureza em cenas justapostas às sequências de paisagem. Em narrativa ambígua, por vezes beirando a exploração do exótico, a artista subverte e questiona precisamente o lugar de quem observa e é observado. O mundo imaginário e fantasioso, embebido de um velado romantismo ingênuo  nos leva a um lugar onde nada pode ser definido de fato, o lugar onde fantasmas habitam.

 

 

Sobre a artista

 

Janaina Tschäpe nasceu em Munich, Alemanha em 1973. Entre suas exposições individuais destacam-se Quimera no IMMA – Irish Museum of Modern Art, 2008; em 2009 a Trienal do Centro Internacional de Fotografia, Nova York e Museu de Arte Kasama Nichido, Japão. Já participou de exposições coletivas no MAC USP, São Paulo; MAM, Rio de Janeiro; LiShui Museum of Photography, China; New Museum, Nova York; Guggenheim Museum, New York entre outras.  Sua obra está em importantes coleções tais como Itaú Cultural, São Paulo, Brasil; Moderna Museet, Stockholm, Suécia; Inhotim Centro de Arte Contemporânea, Minas Gerais, Brasil; Centre Pompidou, Paris, França Museu Nacional Centro de Arte Reina Sophia, Madrid, Espanha.

 

Até 15 de março.