Série inédita de Gabriel Wickbold

07/ago

A Galeria Lume, Itaim Bibi, São Paulo, SP, abre a exposição Sans Tache (Sem Marcas), do fotógrafo Gabriel Wickbold e curadoria de Diógenes Moura. A série inédita com 15 fotografias questiona o Homem e sua relação com o envelhecimento, com o intuito de criticar a estética “super manipulada” ditada pela mídia em fotografias que não transmitem a real aparência dos personagens.

 

Inspirado na luz lateral e sombria de Caravaggio e na arte barroca renascentista, Gabriel Wickbold fotografa diversas pessoas que “emprestam” seus corpos para este ensaio, cujo resultado nos deixa com a sensação de estarem embalsamados, submersos ou, em outros momentos em estado de levitação. Livres de toda e qualquer marca ou mancha em suas peles, por meio de tratamento de imagem, as fotografias são impressas e submetidas à “grilagem”. A partir de então, os excrementos e movimentos frenéticos dos insetos passam a agir nos retratos, dando uma aparência de papel envelhecido e revelando a questão corpo/tempo/marcas. Cada foto recebe essa ação à sua maneira, assim como na vida o tempo age de forma distinta para cada um. Em algumas imagens, o corpo se apresenta como em posição fetal, sem formas claras. Em outro momento, em pé, quase como um espelho em tamanho real. Um casal, como Adão e Eva, mostrando que o tempo passou até para quem foi o início da “criação divina”. Em outra fotografia, o menino de cabelo ruivo parece Peter Pan em vôo livre – como na “Terra do Nunca”, onde não se envelhece jamais.

 

Os novos trabalhos de Gabriel Wickbold criticam a estética artificial e distorcida em relação aos corpos exibidos em revistas ou pela Internet que não apresentam manchas ou rugas, como se envelhecer fosse feio, como se fosse errado ou negativo ter os sinais da passagem do tempo impressos na pele das pessoas retratadas. Sobre o questionamento, Diógenes Moura comenta: “Todos nós queremos ser belos, adorados, inesquecíveis, material de consumo. Gabriel Wickbold pensou uma série para entregá-la à passagem do tempo. Sugere, como resultado final para “corpos perfeitos” o destino que só o tempo será capaz de desvendar. Possibilita que sua fotografia corroída invente um outro corpo – dessa vez nada renascentista – diante do espelho/simulacro que enfrentamos diariamente em nossa fragilidade cotidiana”.

 

Nesta série, a intervenção dos grilos se dá ao comerem o papel onde a imagem de um corpo, em tamanho real, aparece de forma sutil. Metaforicamente, o corpo nada mais é do que o homem sendo comido pelo bicho. O fim que todos nós teremos. “Sans Tache trata da relação humana com as marcas das quais nós mesmos queremos fugir, ao invés de acreditar que elas são parte do nosso aprendizado e da forma mais pura do homem, que é ser feito de carne e osso (…)”, nas palavras do fotógrafo.

 

 

De 14 de agosto a 20 de setembro.

Sergio Gonçalves apresenta “Outros Olhares”

06/ago

A Sergio Gonçalves Galeria, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta a mostra de fotografias “Outros Olhares”, na qual serão expostas 23 obras de seis artistas com diferentes pontos de vista: Carlos Vergara, Carmo Dalla Vecchia, EneGoes, Fabio Cançado, Renan Cepeda e Valdir Cruz.

 

Carmo Dalla Vecchia vai apresentar fotos de suas andanças em que retrata tanto o lixo deixado pelos cariocas nas praias quanto o simpático e solitário sitiante na janela de sua casa no interior do país. Já Carlos Vergara vai expor três obras dos anos 1970 retratando o Cacique de Ramos em seu auge, em pleno Carnaval carioca, que fizeram parte da sala especial dedicada ao artista na Bienal de São Paulo em 2010. Renan Cepeda apresentará a inédita série feita pelo artista este ano em viagem pela Toscana, na Itália. O olhar particular da natureza de Valdir Cruz, radicado em Nova York, traz três trabalhos que retratam a exuberância de nossas paisagens. Já o fotógrafo paulista EneGóes, em sua primeira exposição no Rio de Janeiro, mostra sua visão do cotidiano em que cada momento se torna especial sob as lentes do artista, além do mineiro Fábio Cançado e seus elementos velados que estabelecem um diálogo misterioso com o espectador.

 

 

De 09 a 30 de agosto.

Marcelo Tinoco: Dioramas Fotográficos

30/jul

A Caixa Cultural, Centro, Rio de Janeiro, RJ, apresenta, na Galeria 1, a exposição “Histórias Naturais”, individual do fotógrafo paulistano Marcelo Tinoco, vencedor do Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, em 2013. Sob curadoria de Mario Gioia, a mostra reunirá doze obras, construídas em grandes formatos a partir de um sofisticado processo de fotomontagem.

 

Por meio de dioramas fotográficos tridimensionais e hiperrealistas, Marcelo Tinoco apresenta, em “Histórias Naturais”, um universo impressionante de sonhos e utopias, que tem no espírito da colagem um de seus principais motores. Detalhista e refinado colorista, o fotógrafo confere grande beleza, e uma certa dose de humor, às cenas contemporâneas retratadas, criando histórias dentro de uma fotografia de arte.

 

“Para montar “Historias Naturais”, procurei recriar situações utópicas, em que o homem se relaciona com animais e a natureza, mesmo que de forma absurda e saudosa, construindo uma relação afetiva entre as partes”, explica Marcelo Tinoco, que se inspirou na pintura flamenga e renascentista para compor suas obras.

 

As telas misturam moinhos a rodas-gigantes e paredões de prédios. Crianças jogando bola no cemitério, ciprestes, árvores com galhos quebradiços e sem folhagem também aparecem. Assim como perdigueiros, gansos, araras, seriemas, porcos, leões, zebras, girafas são inseridos no ambiente urbano com naturalidade. Desta forma, um mundo hiperreal e utópico é montado.

 

O trabalho de criação de Marcelo Tinoco pode ser dividido em três partes.  A partir do ato fotográfico em si, ele documenta a natureza, animais, pessoas e cidades. Em seguida, ele separa e arquiva as fotografias de acordo com as condições em que foram tiradas. Por último, mediante um processo de montagem digital, ele constrói a natureza ficcional de suas telas fotográficas que se assemelham a quadros. Para a composição de cada obra, Tinoco usa aproximadamente 250 fotografias, e leva até três semanas para montá-la e finalizá-la no computador.

 

Com rigor fotográfico, aliado à alta definição e a um trabalho manual de calibragem da luz, Tinoco cria efeitos de tridimensionalidade e hiperrealismo, próprios dos dioramas, em suas obras. “Consciente das contradições dos nossos dias, Marcelo Tinoco constrói pouco a pouco uma obra que realça os paradoxos e a instabilidade do fotográfico (mais que a fotografia) e traça ligações com a história da pintura”, afirma o curador Mario Gioia.

 

 

Sobre o artista

 

Marcelo Tinoco nasceu em 1967, em São Paulo, onde reside. Formado em Artes Plásticas, possui estúdio fotográfico desde 1995, e atuou nas áreas editorial, publicitária e de livros de arte. A partir de 2009, passou a se dedicar exclusivamente à fotografia autoral e pesquisa para aprimoramento de seu trabalho artístico. Começou a expor em 2010. Entre exposições de que participou estão: individual Fotorama, no Consulado Brasileiro de Frankfurt, Alemanha (2011), individual do projeto Nova Fotografia, no Museu da Imagem e do Som (MIS) de São Paulo (2012), individual Timeless, II Mostra do Programa de Fotografia do CCSP, São Paulo (2012/2013), participação na I Foto Bienal MASP / Pirelli, MASP, São Paulo (2013) e MON, de Curitiba (2013/2014), e a individual  Era uma vez… na Zipper Galeria, com curadoria de Ricardo Resende, São Paulo (2014).

 

No dia 13 de setembro, às 16h, haverá um encontro com Tinoco, que falará sobre seu processo de criação e concepção artística.

 

 

 

De 04 de a 19 de outubro.

Dois em Ribeirão Preto

A Galeria Marcelo Guarnieri, unidade de Ribeirão Preto, SP,  apresenta as exposições individuais e simultâneas dos artistas Julio Villani e Renata Siqueira Bueno.

 

Sobre Julio Villani e Almost Readymades: Pequenas Madalenas

 

“Se eu usar a geladeira afim de refrigeração, ela é uma mediação prática; não é um objeto, mas um frigorífico. Nesse caso, eu não o possuo. A posse nunca se refere à um utensílio, já que ele é vinculado ao mundo real, mas sempre ao objeto abstraído de sua função, transformado em algo subjetivo ao sujeito”. (Jean Baudrillard, O sistema dos objetos)

 

É por uma breve nota no projeto Passagen-Werk que Walter Benjamin confronta a noção de vestígio à de aura, ambas remetendo às emoções podendo ser despertadas por objetos naquele que os observa. De acordo com o aforismo que o filósofo propõe, “o vestígio é o advento de algo próximo, por mais distante que possa ser o que o deixou; a aura é a manifestação de uma distância, por mais próximo que possa ser o que a evoca.” Os objetos de Julio Villani, são ao mesmo tempo familiares e fantásticos, tributários das duas noções.
A função original dos utensílios desponta sob suas formas, tornando-os – apesar de sua idade – em vestígios de uma memória comum.
O blecaute do destino prático dos antigos apetrechos permite sua apropriação enquanto objetos. As formas domésticas tornam-se então recipientes das projeções imaginárias do artista; elementos que contrariam as exigências da funcionalidade para atender uma experiência de um tipo diferente: viram sonhos, seres com sopro de vida, evasão.
Proporcionando-lhes uma história que os distancia da sua fabricação – transformando os objetos pertencendo à um momento histórico específico em figuras atemporais – Villani os reveste de aura.

 

Esses objetos são, de certa forma, os seus Traumhäuser (casas de sonho). O termo, cunhado por Walter Benjamin, descreve edifícios de formas historicistas – que tem uma “aparência” familiar – reinvestidos de novos usos relacionados com um sonho. Os Traumhäuser surgem à partir de uma prática contraria à da oniromancia surrealista. Ao invés de extrair dos sonhos elementos à serem aplicados à realidade, seu ponto de partida é material: objetos arqueológicos, bibelôs, fragmentos, imagens desbotadas ou utensílios obsoletos, os vestígios se unem para formar um mundo povoado de objetos e seres, criando uma paisagem de sonho, levando a uma experiência fantástica.

 

O olhar que deita Villani sobre os objetos resgatados nos mercados de pulga parisienses é desse tipo: premendo os olhos, ele vê na concha uma garça, a bigorna é tatu.
Os bichos se impõem à visão do artista sem terem sido suscitados por um exercício de memória consciente. Se ele adiciona aqui um rabo, umas asas acolá, é simplesmente para nos dar a ver a sua visão, que se inscreve em seguida no espectador como a revelação de uma realidade nunca percebida – e no entanto presente – no objeto de origem.
Nesse sentido, os almost readymades de Villani materializam o estado de espírito descrito por Proust quando do memorável episódio da madalena: de repente, o que fora perdido é reencontrado. (texto por Betina Zalcberg)

 

 

Sobre o artista

 

Julio Villani, nasceu em 1956, em Marília, São Paulo, Brasil. Vive e trabalha em Paris, França. Cursou Artes Plásticas na FAAP – Fundação Armando Álvares Penteado, na Watford School of Arts de Londres e na École Nationale Supérieure des Beaux Arts de Paris. Participou de diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacam-se nas seguintes instituições: Pinacoteca do Estado de São Paulo; Paço Imperial, Rio de Janeiro; Museo del Barrio, Nova York, EUA; Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, Espanha; MAM – Museu de Arte de São Paulo; MAM – Museu de Arte do Rio de Janeiro; Musée d’Art Moderne de la Ville de Paris, França.

 
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Sobre Renata Siqueira Bueno e Ascensão

 

Dentro do contexto urbano, somos permitidos a nos enxergar apenas como parte de uma multidão, a aglomeração nos impossibilita uma consciência de autonomia total e pela inércia formamos um grupo. Essa consciência pode sofrer variações, estimulada, por exemplo, por ruídos que ativam a coletividade desse grupo: comportamentos duvidosos ou acontecimentos inesperados. A subitez de uma queda provoca uma reação que é, por excelência, coletiva. O indivíduo que cai ganha um rosto e uma qualidade: a fraqueza, atribuída por esse grupo que agora compartilha do mesmo sentimento.

 

As fotografias se propõem a localizar em outra esfera esse indivíduo que cai, talvez na esfera do sagrado ou do absurdo, apesar da queda ele continua anônimo. O instante da fotografia impossibilita que saibamos o que aconteceu depois, não sabemos quem ele é, talvez não interesse: podia ser qualquer um. A cena captada, que poderia ser um still de um filme proibido ou um registro descompromissado, adquire um caráter misterioso e imaculado, se desassociando da qualidade da fraqueza. É como se o corpo tivesse sido acometido por um momento de luz divina, uma força exterior que desestrutura o indivíduo e o obriga a ter a consciência de autonomia em relação ao coletivo ao seu redor.
Aqueles que aparecem caindo nas fotografias são na verdade amigos, atores ou dançarinos convidados para simular a ação. Isso não é algo que deve estar necessariamente explícito ou oculto. A intenção é que nunca possamos ter certeza de nada através da imagem, essa dúvida é da natureza da fotografia.
Percebemos em Ascensão o confronto entre as especificidades da técnica e o conceito do trabalho. Através de uma reflexão sobre o instante fotográfico, Renata se utiliza de aparelhos analógicos que evidenciam o embate entre dois tempos distintos. Talvez seja esse o tempo da fotografia analógica que possibilite à imagem uma força que faz da queda algo da ordem muito mais do poder, que da falência.

 

Os lugares definidos para as tomadas fotográficas são sempre aqueles onde o indivíduo nunca pode se encontrar em solidão: ou por haver uma aglomeração de pessoas ou pela existência de uma arquitetura construída para abrigar esse corpo coletivo ou, em último caso, pela impossibilidade de não haver a subtração dos rastros humanos na cena. Espaços sem a delimitação de serem públicos ou privados, possíveis de serem identificados ou não. Espaços onde seja evidente a construção da cena ou, ainda, onde haja uma casualidade do instante na captura da imagem. (texto por Julia Coelho e Renan Araújo)

 

 

Sobre a artista

 

Renata Siqueira Bueno, nasceu em 1960, em  Anápolis, Goiás, Brasil. Vive e trabalha entre Ribeirão Preto e São Paulo, Brasil. Tem trabalhado com figurino e cenário para teatro desde os anos 80. Atuando entre Brasil e França. Como artista participou de diversas exposições individuais e coletivas, das quais destacam-se os seguintes espaços: OpenScape – ANOA Gallery/Galerie Patrick Mignot, Paris, França; 8º Paraty em Foco – Festival Internacional de Fotografia, Brasil; Arte e Medicina, Museu Histórico Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, Brasil; SESC Santo Amaro, São Paulo, Brasil.

 

 

De 02 a 26 de agosto.

Fotos inéditas na Anita Schwartz

22/jul

Anita Schwartz Galeria de Arte, Gávea, Rio de Janeiro, RJ, inaugurou exposição do consagrado fotógrafo alemão Thomas Florschuetz, que exibe nesta primeira exposição individual no Rio de Janeiro, 12 fotografias inéditas, em grandes formatos, produzidas entre 2008 e 2014. O artista, que se divide entre Berlim e o Rio de Janeiro, passou a integrar recentemente o time de artistas da galeria. Thomas Florschetz possui obras em importantes coleções, como MoMA, em Nova York; Maison Europeénne de la Photographie, em Paris; Museum of Fine Arts, em Boston e em Houston; National Museum of Photography, em Copenhagen; Museum of Contemporary Art, em Oslo; Staatliche Museen zu Berlin, entre muitas outras. Conhecido pela série “Early Bodyfigures”, na qual fez montagens de imagens de seu corpo, documentando uma espécie de performance em que revela várias partes de si mesmo, Thomas Florschuetz atualmente tem se concentrado em capturar uma experiência fragmentada de formas e espaços arquitetônicos e naturais. Na Anita Schwartz Galeria de Arte serão apresentadas 12 fotografias com tamanhos que chegam a 180cm x 225cm, e que ocuparão todo o espaço expositivo da galeria. As obras são de duas séries distintas: “Enclosure”, de fotografias relacionadas à arquitetura, com a qual o artista vem trabalhando desde 2001, e “Sem título”, com imagens tiradas na Índia, do torso de pessoas na rua.

 

 

Até 23 de agosto.

Marcelo Campos/Piti Tomé bate-papo na MUV Gallery

A artista Piti Tomé e Marcelo Campos, que assina a curadoria da mostra “entre uma e outra coisa todos os dias são meus”, participarão de um bate-papo na MUV Gallery, Ipanema, Rio de Janeiro, RJ. Piti Tomé é artista visual e trabalha com fotografia, vídeo e instalação. Sua pesquisa abrange questões sobre a memória: a infância e o tempo. Na mostra, ma qual apresenta seis obras inéditas, Piti aborda a infância, o desaparecimento e a luta contra o esquecimento da memória. A artista trabalhou em cima de fotos que vem de diversos lugares e feiras de antiguidades, dando para este material um novo significado. São impressões sobre as folhas, com folhas desmembradas de livros médicos, dicionários estrangeiros, fazendo um jogo de palavras com as imagens, introduzindo objetos tridimencionais, sempre lembrando ausência e memória, ou a falta dela nas pessoas.

 

Dia: 31 de julho, quinta-feira, às 19h30.

 
A exposição continuará aberta para visitação até o dia 08 de agosto.

Babilônia 1500

27/jun

A 1500 Babilônia, Leme, de Alex Bueno de Moraes, inaugura seu espaço no Rio de Janeiro, abrindo com a exposição “Algumas Coisas São Perdidas Para Nunca Mais Serem Encontradas”, do fotógrafo Julio Bittencourt, com curadoria de Ilana Bessler. Composta por 16 imagens, esta série é resultado da imersão do artista em locais abandonados – uma fábrica no centro de São Paulo e uma ilha no sul do Japão, onde pessoas viveram ou criaram negócios – com a intenção de registrar a passagem do tempo, o que levamos conosco e o que deixamos para trás.

 

Ao longo de dois anos e meio, Julio Bittencourt passou algumas noites nas duas locações escolhidas, clicando sempre à noite, no escuro, produzindo a maioria das imagens com longas exposições. As fotografias mostram cenas mínimas, indícios ou vestígios que captam a essência dos espaços, como objetos muito antigos, cobertos de resíduos deixados pelo tempo – uma máquina de costura, uma banqueta, uma TV, retratos familiares – ou janelas que mostram, além da passagem do tempo, resquícios da paisagem. “São imagens residuais às avessas, que se depositam em nossa mente não pela incidência luminosa, mas pela intensidade do escuro”, comenta Illana Bessler. Os objetos e espaços recriam histórias, memórias e cicatrizes impressas pelo tempo e pelas pessoas que os vivenciaram, e acabam nos levando ao questionamento universal: “Para onde vamos?”.

 

Interessado pela necessidade de apropriação de objetos por pessoas e, conseqüentemente, pelas histórias e vidas que tais coisas carregam, Julio Bittencourt se entrega à busca dessas energias “ancestrais”, fotografando dentro de ambientes escuros, abandonados, em um silencioso laboratório solitário, onde pôde testar limites técnicos e psicológicos. “Talvez eu tenha levado a solidão e o silêncio ao extremo neste projeto, no âmbito pessoal, mas com certeza não deixei de fotografar pessoas – elas só não estavam mais lá”.

 

A individual de Julio Bittencourt foi escolhida para inaugurar a 1500 Babilônia, galeria de Alex Bueno de Moraes que foi transferida de Nova York para o Rio de Janeiro. O projeto – especialmente desenvolvido para abrigar a galeria – vem inovar em localização (no Morro Babilônia) e relacionamento com clientes, artistas, colecionadores e amigos das artes, com uma vista arrebatadora, acrescentando essa paisagem como um extra a seus visitantes. Após forte atuação no mercado cultural norte-americano, com a 1500 Gallery, a 1500 Babilônia representa importantes nomes da fotografia nacional, bem como expoentes do mercado europeu, norte-americano e asiático, como Julio Bittencourt, Beatriz Franco, Bruno Cals, Robert Polidori, Hirosuke Kitamura (Oske), entre outros.

 

 

A partir de 28 de junho.

Intercâmbio cultural

18/jun

À convite de Thelma Innecco e Lorena Coutinho, da Modernistas Hospedagem e Arte, Santa Teresa, Rio de Janeiro, RJ, e da diretora de arte Betty Prado, o curador Renato De Cara, fez uma seleção especial no acervo da Galeria Mezanino, São Paulo, SP, para apresentar seus artistas ao Rio de Janeiro. O objetivo é promover um intercâmbio cultural entre galerias de outros estados. Esta é a segunda exposição entre galerias de fora na Anexo, a primeira foi a Art Cycling, com curadoria de Alessandra Clark. Com um casting de artistas brasileiros contemporâneos, a Galeria Mezanino procura mostrar ousadia, técnica e experimentação no cruzamento das linguagens artísticas.

 

Na Galeria Anexo, na Modernistas, serão apresentadas doze artistas, que trabalham com pintura, fotografias e gravuras. Entre os artistas do acervo estão nomes como o gravurista e pintor Francisco Maringelli; Jaime Prades, um dos pioneiros da urban art em São Paulo; as pinturas de Sergio Niculitcheff, Sergio Lucena e Mauricio Parra; gravuras e pinturas de Ulysses Bôscolo; André Albuquerque; os desenhos homoeróticos de Francisco Hurtz; as fotografias adulteradas de Leo Sombra; as ilustrações de Filipe Jardim; Thelma Vilas Boas e Christiano Whitaker.

 

 

Sobre as galerias

 

O espaço ao lado da Modernistas Hospedagem e Arte, em Santa Teresa,  acolhe outro empreendimento: a Anexo Galeria de Arte. A proposta do novo espaço é trabalhar com artistas brasileiros e estrangeiros, que desenvolvam trabalhos nas mais diversas mídias, como pintura, desenho, escultura, fotografia e arte urbana. Uma mistura de estilos e propostas, que é uma consequência natural da diversidade tão característica do Rio de Janeiro.

 

A Galeria Mezanino é um espaço idealizado pelo jornalista, fotógrafo e curador Renato De Cara. Voltada ao pensamento e reflexão sobre arte, atua como observatório do que é tendência na produção artística contemporânea brasileira. Desde 2006, realiza exposições regulares e promove conversas e encontros com curadores e profissionais de arte, além de oficinas com pintores, escultores, fotógrafos e gravadores buscando, a partir do diálogo entre várias linguagens, dimensionar e dar visibilidade ao trabalho dos criadores.

 

 

De 25 de junho a 30 de julho.

Experimentos em Narrativas

16/jun

Galeria Mamute, Centro Histórico, Porto Alegre, RS, abriu a exposição “Sobre Tempos e Narrativas”, individual de Marcelo Gobatto. A mostra “Sobre tempos e Narrativas” apresenta o produto de investigação do artista visual Marcelo Gobatto sobre o tempo, cujo ponto de partida é o filme-ensaio produzido durante sua pesquisa de doutorado. Ao lado de produções mais recentes, são apresentados fragmentos de narrativas e imagens de algumas produções realizadas entre 2000 e 2008 junto com cenas de filmes emblemáticos dos diretores do cinema moderno como Michelangelo Antonioni, Alain Resnais, Robert  Bresson, Ingmar Bergman e Yazujiro Ozu.

 

Ao explorar o uso de fotografias, relatos e paisagens sonoras, Marcelo Gobatto cria ficções sobre nossas relações com a memória, o afeto e o real. A disposição das obras no espaço da Galeria Mamute e algumas estratégias de difusão utilizadas pretendem que a exibição,  em seu conjunto, proponha um questionamento (talvez político, mas sempre poético e filosófico) sobre nossa percepção do tempo e do espaço.

 

 

Até 05 de julho.

Livro: As Donas da Bola

13/jun

A editora Sýn Criativa lança o livro “As Donas da Bola”, com curadoria e edição de Diógenes Moura, reunindo 11 dos mais representativos nomes da fotografia brasileira: Ana Araújo, Ana Carolina Fernandes, Bel Pedrosa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto. O livro acompanha a exposição homônima inaugurada em maio deste ano, no Centro Cultural São Paulo, e traz um conjunto de 110 imagens, cor/ preto e branco, as quais retratam a presença da mulher e suas relações com a cultura do futebol, esporte tão característico do universo masculino.

 

Especialmente neste momento em que tudo parece girar em torno da bola, é preciso desconcentrar o futebol do mundo masculino e intensificar a participação da mulher neste espaço, exibindo a diversidade das suas experiências e realidades. Superados os preconceitos e desigualdades de gêneros, a atenção se volta ao olhar feminino, aos detalhes que sua sensibilidade aguçada lhe permite captar. Para este projeto, as imagens foram feitas em diversos locais do país – como São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Amapá e Bahia, entre outros -, mostrando, além das peculiaridades de cada região, que o fanatismo e o amor pelo time também pertencem ao universo feminino.

 

As Donas da Bola reúne fotógrafas profissionais com grande experiência no fotojornalismo, seja em trabalhos autorais ou em ensaios, e mostra o lado delas acerca desta tradição, por meio de um modo de ver especial, sensível, de um ponto de vista interior – sem a pretensão de considerá-lo material de consumo. “Essa iniciativa pretende preencher uma lacuna importante ao aplicar a percepção e a consciência social sobre a importância da mulher no futebol enquanto esporte, dentro de uma cultura nacional ainda em formação.”, comenta Diógenes Moura.

 

Evento: Lançamento do livro As Donas da Bola

Data: 14 de junho de 2014, sábado, às 16h

Local: Centro Cultural São Paulo

Endereço: Rua Vergueiro, 1.000 – São Paulo, SP

 

* Na ocasião, haverá uma conversa aberta com o curador e as fotógrafas do projeto.

 

 

LIVRO: As Donas da Bola

 

Fotógrafas: Ana Araújo, Ana Carolina Fernandes, Bel Pedrosa, Eliária Andrade, Evelyn Ruman, Luciana Whitaker, Luludi Melo, Marcia Zoet, Marlene Bergamo, Mônica Zarattini e Nair Benedicto

Curadoria e edição: Diógenes Moura

Editora: Sýn Criativa

Patrocínio: Petrobrás e Caixa Econômica Federal

Número de páginas: 192

Dimensão: 28 x 28 cm

Preço de venda: R$ 60,00